PORTUGAL ENTRE O NATURALISMO E AS VANGUARDAS • Nas primeiras décadas do século XX, em Portugal, preferia-se a corrente naturalista;
• A burguesia satisfazia-se com uma arte académica que explorava as cenas
de uma vida popular;
• Embora conservadores, os públicos republicanos deram os sinais de
mudança nos gostos e nos padrões estéticos; • Anos 20 do século XX – Novas propostas estéticas – Modernismo;
• Nestas propostas misturam-se as vanguardas europeias como o Cubismo,
o Futurismo, o Expressionismo e o Abstracionismo; • Distinguem-se duas gerações de modernistas: - 1ª entre 1911 e 1920 - 2ª depois dos anos 20 1º modernismo
Cabeça – atribuída a Santa-Rita Amadeo de Souza-Cardoso, Menina
Pintor, 1912 dos Cravos, 1913 Amadeo de Souza-Cardoso, Pintura, 1913
Amadeo de Souza-Cardoso, A Vida
Amadeo de Souza-Cardoso, A dos Instrumentos, 1915-16. Máscara de Olho Verde, 1915. Amadeo de Souza- Amadeo de Souza- Cardoso, Vaso, Cardoso, Máscara de superposição, 1918. Amadeo de Souza-Cardoso, Aço, 1916 The Rise of Green Square and the Woman's Violin 1916. 1º MODERNISMO • Conjunto de exposições (livres, independentes e de humoristas) realizadas desde 1911, em Lisboa e no Porto: Manuel Bentes, Emmérico Nunes, Almada Negreiros, Cristiano Cruz, Stuart Carvalhais, Jorge Barradas, António Soares e Mily Possoz; • Os desenhos eram geralmente caricaturas que perseguiam objetivos de sátira política, social e anticlerical; • Cristiano Cruz - pág. 91 – doc. 82B – vigor dramático da corrente expressionista – desânimo do artista face à falta de perspetivas da sua geração. • Cenas de cafés ou cenas populares com as suas figuras típicas – Estilizavam-se formalmente os motivos, esbatia-se a perspetiva e usavam-se cores claras e contrastantes; • Este movimento ganhou grande expressão com a chegada a Portugal de artistas que se encontravam em França e regressaram quando deflagrou a 1ª Guerra Mundial: Amadeo de Souza-Cardoso, Guilherme Santa-Rita (Pág. 93 Doc. 85 A – interpenetração cubista de formas decompostas. Também se identificou com o Futurismo), Eduardo Viana, José Pacheco, Casal Robert e Sonia Delaunay; • Dois polos ativos e inovadores: - Lisboa – Almada Negreiros, Santa-Rita, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro – revista Orpheu. Doc. 83 A e B – pág. 92 – Futurismo. - Norte – Casal Delaunay, Eduardo Viana e Amadeo de Souza-Cardoso 1º MODERNISMO • Amadeo e os Delaunay trocavam uma correspondência rica de projetos nunca concretizados - “Corporation Nouvelle” que promovesse exposições europeias e espetáculos envolvendo as várias artes; • Orpheu – 2 números em 1915 – o modernismo português revelou a faceta mais inovadora, polémica e emblemática – Futurismo; • Esta revista teve a colaboração de Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Raul Leal, Luís Montalvão, Ângelo de Lima, Almada Negreiros, Santa-Rita e José Pacheco; • O país ficou chocado com a ousadia dos jovens da revista Orpheu, devido ao seu fascínio pela técnica e pelo homem de ação; • Propunham cortar com o passado e denunciar o saudosismo dos portugueses, incitando à ação – Dinamismo moderno que o futurista Marinetti defendia, em 1909; • Júlio Dantas (escritor e académico) – Manifesto Anti-Dantas – cultura retrógrada que era preciso abater; 1º MODERNISMO • 1916 – Amadeo de Souza-Cardoso realizou duas exposições individuais no Porto em que se aproximou do grupo do Orpheu – influenciado pelo Futurismo; • Almada Negreiros elogiou o pintor e um 3º número da revista (que não chegou a sair) iria incluir reproduções das obras de Amadeo; • Amadeo de Souza-Cardozo – Pág. 93 – Doc. 85 B,C e D – “Sou expressionista, cubista, futurista, abstracionista?” • 1917 – apresentação espalhafatosa do Ultimatum Futurista às gerações portuguesas do século XX, , no Teatro da República, em Lisboa, por Almada Negreiros; • Revista Portugal Futurista – Um único número – Trabalhos de Santa-Rita, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro (falecido). Havia também escritos de Marinetti, Apollinaire e Blaise Cendras – “peça fundamental do movimento futurista português”- A revista foi apreendida quando ia para a tipografia. • Os primeiros modernistas chocaram bastante os republicanos, porque simpatizavam com a monarquia conservadora e criticavam os políticos republicanos. 2º modernismo
Almada Negreiros, Autorretrato num Grupo, 1924-25.
Mário Eloy, Autorretrato, 1936-39.
Carlos Botelho, Lisboa, 1936.
Eduardo Viana, A Revolta das Bonecas, 1916.
Eduardo Viana, Homem das Loiças, 1919.
Eduardo Viana, Nu (Mulher Deitada), 1925. Almada Negreiros, Partida de Emigrantes, Tríptico da Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, 1943-45. 2º MODERNISMO (Anos 20 e 30) • 1º Modernismo Português – encerrou-se com as mortes prematuras de Sá- Carneiro (1916), Santa-Rita e Amadeo (1918), o regresso dos Delaunay a França (1917) e a partida de Almada Negreiros para Paris (1919); • Anos 20 e 30 – novo ciclo que continuou a conciliar as letras com as artes plásticas: - Escritores – José Régio, João Gaspar Simões, e Adolfo Casais Monteiro; - Pintores – Dordio Gomes, Mário Eloy,( pág. 94 – Doc. 86 B – modelação do rosto, influência de Cézanne e vigor expressionista do retrato) Sarah Afonso, Carlos Botelho, Abel Manta, Bernardo Marques, Júlio (Reis Pereira), Vieira da Silva (Maria Helena) • Almada Negreiros regressou ao país e tal como Eduardo Viana(Pág. 95 – Doc. 86 F – decomposição cubista das formas e captação dos círculos órficos de luz e cor, sob influência do casal Delaunay) criaram uma consistente carreira artística; • As revistas assumiram a dinamização literária e artística, sendo de destacar a Contemporânea (1922-1926) e a Presença (1927-1940); • Rejeição pelos organismos oficiais, pelo que era nos cafés, nos clubes, nas exposições independentes e nos periódicos que ilustravam o seu grande 2º MODERNISMO (Anos 20 e 30) • Decoração modernista de A Brasileira do Chiado e logo a do Bristol Club (1925- 1926) – converteram no Museu de Arte Contemporânea de Lisboa; • Revistas - Ilustração Portuguesa – empregava artistas modernistas (afastados um ano depois); Domingo Ilustrado; a ABC; A Ilustração; A Sempre Fixe – figuras estilizadas em enquadramentos de moda, de música e de desporto;
• 1933 – António Ferro – jornalista e simpatizante dos Modernistas assumindo a
direção do Secretariado de Propaganda Nacional – a partir daí, a quase totalidade dos artistas modernos foi utilizada na construção da imagem de “novidade” que o Estado Novo queria criar;
• 1936 – António Pedro organizou uma exposição dos Artistas Modernos
Independentes, onde se homenageou a originalidade dos primeiros modernistas. Nos anos 40, António Pedro dinamizou o Surrealismo, em clara oposição à arte oficial do Estado Novo