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PORTUGAL NO PRIMEIRO PÓS-GUERRA

TENDÊNCIAS CULTURAIS: ENTRE O


NATURALISMO E AS VANGUARDAS
Início do século - Naturalismo de Oitocentos
Início do século XX, Portugal – prevalência do
naturalismo de oitocentos / academismo
• Pintura:
– obedecia a regras criteriosamente aprendidas nas
academias de Belas-Artes;
– comprazia-se com as cenas de costumes e as minúcias
realistas da vida popular;
– destacam-se José Malhoa e Manuel Columbano, Carlos
Reis e Alberto de Sousa. José Malhoa, Milho ao sol, 1927, óleo sobre
• Literatura: madeira, 34,5 x 41 cm (Museu Grão Vasco,
Viseu)
– revelava aversão ao urbanismo e ao cosmopolitismo;
– mostrava apego aos valores, modos e paisagens
tipicamente portugueses;
– insistia na valorização da tradição;
– destaca-se Teixeira de Pascoais.

 Busca desesperada da identidade nacional


 Gosto oficial e o aplauso do público - uma burguesia
nostálgica das vivências tradicionais.

Manuel Henrique Pinto, O Almoço, 1902, óleo


sobre tela,
Manuel Henrique Pinto, O Almoço, 1902, óleo
sobre tela,

1. Características do naturalismo presentes:


– temática relacionada com os costumes
populares OU com a vida quotidiana OU José Malhoa, Milho ao sol, 1927, óleo sobre madeira, 34,5 x 41 cm
(Museu Grão Vasco, Viseu)
temática campestre;
– pintura de ar livre;
– pormenores realistas.
O naturalismo:
• temas
• pintores
• modo como era visto
no final do século XIX
no início do século XX (pelos
jovens)

2. O êxito e a permanência da estética


naturalista explica-se pela necessidade
moral de vincar a identidade rural do
país.
“Dominador e castrador”, impediu a
afirmação das iniciativas vanguardistas
e modernistas.
República – 1910-1926

PODER REPUBLICANO

Patriota, nacionalista e eleitoralista, Instável e crítico,


• Vai apreciar e acarinhar estas • Vai criar as condições de debate
tendências estéticas e culturais; ideológico;
• Considera o povo analfabeto e rude • Cria as condições de mudança nos
mas autêntico - a essência do gostos e padrões estéticos -
portuguesismo. Modernismo
Modernismo Português
• Protagonistas
– Mário de Sá Carneiro, Fernando Pessoa, Cristiano Cruz, Santa Rita Pintor, Amadeo de Sousa-
Cardoso, Almada Negreiros, Eduardo Viana, Bernardo Marques, Abel Manta, Dórdio Gomes,
Mário Eloy, Júlio Reis Pereira…

• Características gerais
– Contrariam:
• o academismo dos “botas de elástico” - a iconografia rústica, melancólica, saudosa;
• os alicerces da sociedade burguesa;

– Defendem:
• o cosmopolitismo e o mundanismo boémio;
• a originalidade e a experimentação:
• a esquematização em vez do pormenor;
• a estilização em vez da volumetria;
• o plano em vez da perspetiva.

– São cubistas, impressionistas, futuristas,


abstracionistas, expressionistas, “de tudo
um pouco”. Almada Negreiros, Autorretrato num Grupo, 1925, óleo
sobre tela, 130 x 197 cm (integrava a decoração da
Brasileira do Chiado)
Modernismo Português
• Reações
– Indignação e sarcasmo
– Afastamento/marginalização dos certames e publicações oficiais
• Meios de afirmação
– Exposições independentes;
– Publicações periódicas;
– Espaços públicos como a Brasileira do Chiado, o Bristol Club
• Duas gerações – primeiro modernismo (1911-1918) e segundo modernismo (anos 20 e 30)
PRIMEIRO MODERNISMO (1911-1918)
O MOVIMENTO DAS EXPOSIÇÕES
• Exposição Livre de 1911, Lisboa:
– Manuel Bentes, Francis Smith, Emmérico Nunes, Francisco Álvares Cabral, Domingos
Rebelo, Alberto Cardoso, Roberto Colin
– Expõem retratos, naturezas-mortas, paisagens, desenhos humoristas e caricaturas
que
não primam pelo vanguardismo nem pela superior qualidade estética;
– No entanto, suscitam um enorme escândalo, cabendo a um dos seus participantes,
Manuel Bentes, a defesa de uma nova maneira de conceber a arte. [Doc. 81 B e C ]

A Exposição Livre de 1911 é criticada com base nos


argumentos de que os autores das obras que nela
figuram são dados a extravagâncias, são “malucos”,
e não sabem pintar, limitando-se a apresentar uma
“mixórdia de tintas”.
Primeiro modernismo (1911-1918)

O MOVIMENTO DAS EXPOSIÇÕES (continuação)

• Outras exposições:
– 1ª Exposição de Humoristas, 1912, Lisboa
– Exposição de Humoristas e Modernistas, 1915, Porto …
• Protagonistas:
– Almada Negreiros; Cristiano Cruz; Jorge Barradas; António Soares; Eduardo Viana…
• Temática:
– sátira política, social e anticlerical;
– enquadramentos boémios e urbanos;
– cenas elegantes de café alternam com cenas populares com as suas figuras típicas.
• Aspetos formais:
– estilização formal dos motivos;
– esbatimento da perspetiva;
– utilização de cores claras e contrastantes.

Doc. 81 e 82
Manuel Bentes chama ignorantes e desmiolados aos críticos de
arte; afirma a liberdade de criação artística, negando os princípios
académicos (“dogmas”) ensinados pelos mestres nas academias
(rejeição do academismo). Não são malucos, são livres!

As obras de CC apresentam características


modernistas - desenho simplificado, estilizado;
pinceladas planas; esbatimento da perspetiva;
fisionomia sarcástica (Rei Tenista) e amargurada
/angustiada/desanimada (Autorretrato) a lembrar a
emoção expressionista.
Christiano Cruz
O filho diz ao pai: «Estudar mais? Não
quero! É uma estopada que dispõe muito
mal. Sempre as lições, o risco da chamada,
Quando afinal não tenho jeito algum para
fazer nada.: Perante tal confissão, como
homem burguês mais velho e experiente,
o pai resolve o problema, respondendo:
«Filho, escuta! O sacrifício que eu fiz não
ficará baldado, O ato eleitoral está por um
triz, propõe-te deputado, Vais a S. Bento e
salvas o País.»

Christiano Cruz, Problema Resolvido, 1911,


Carvão e guache sobre papel, 31,5 x 21,5 cm
Primeiro modernismo (1911-1918)
OS ANOS DA GUERRA
• Regresso ao país do núcleo mais talentoso dos pintores portugueses que estudavam em
Paris: Amadeo de Souza-Cardoso, Guilherme Santa-Rita, Eduardo Viana, José Pacheco…
• Formação de dois pólos ativos e inovadores:
– Lisboa – liderado por Almada Negreiros e Santa-Rita, que se juntaram a Fernando
Pessoa e Mário de Sá Carneiro, ligado ao lançamento das revistas:
• Orpheu (1915)
• Portugal Futurista (1917)
– Norte - em torno do casal Delaunay, de Eduardo Viana e de Amadeo de Sousa
Cardoso
• Exposição de Amadeo de Sousa Cardoso no Porto 1916, e depois em Lisboa…
Futurista porque:
– glorifica a tecnologia contemporânea (a
eletricidade, as rodas e engrenagens, o
maquinismo de uma forma geral), que
considera bela e inovadora (“ beleza…
desconhecida dos antigos”);
– expressa dinamismo, pelo movimento e
ruído associados ao maquinismo;
– faz o autor assemelhar-se a um engenho
/máquina (“giro, rodeio-me, engenho-
me”, “sou o calor mecânico” )
Orpheu 1915
• “Fez o encontro das letras e da pintura”;
• Revelou a faceta mais inovadora, polémica e emblemática do
modernismo português – o futurismo;
• Contou com a colaboração de Mário de Sá Carneiro, Fernando
Pessoa, Almada Negreiros, Santa-Rita, José Pacheco…
• Causou grande escândalo e polémica:
– crítica de Júlio Dantas - «Poetas Paranoicos»
• “rapazes, com muita mocidade e muito bom humor, publicaram, há dias, uma revista
literária em Lisboa ”

– resposta de Almada Negreiros – “Manifesto Anti-Dantas”


• “Morra o Dantas, morra! Pim! O Dantas é o escárnio da consciência! […] O Dantas é a
vergonha da intelectualidade portuguesa!”

• Os homens de Orpheu (excêntricos e provocadores, fascinados


pelo mundo da técnica do seu tempo)
– repudiavam o homem contemplativo e exaltavam o homem
de ação;
– propunham-se um corte radical com o passado,
denunciando a morbidez saudosista dos portugueses;
– incitavam a “raça latina” à ação, à aventura e à glória.
• O terceiro número não chegou a sair por falta de financiamento
(os dois primeiros foram financiados por Mário de Sá Carneiro).
Críticas de Júlio Dantas ao primeiro número de
Orpheu:
– revista com trabalhos extravagantes e
incoerentes, de um grupo de “rapazes”;
– insinuação de que os jovens autores que nela
publicam são loucos (“suspeita de alienação
mental… sobre os seus autores”; “Poetas
Paranoicos”, chama-se o título da crítica);
– a revista foi largamente publicitada pela
imprensa diária, o que constitui manifesto
exagero pois , segundo Júlio Dantas, só devia ter
merecido o “silêncio “ ou, quando muito, “duas
linhas indulgentes e discretas”;
– a revista esgotou, teve êxito, o que é injusto
pois premeia quem não tem qualidade,
favorecendo “uma seleção invertida”;
– o público, que acorreu a comprar a revista, fez
figura de alienado.
A polémica que envolveu a revista Orpheu resultou de uma troca de críticas, com carácter
insultuoso até, entre J. Dantas e A. Negreiros.
• Críticas de carácter pessoal:
Júlio Dantas considera loucos (“Poetas Paranóicos”) os jovens que escreveram artigos para
o Orpheu;
destaca sua juventude num tom, no mínimo, condescendente, designando-os
“rapazes (…)com muita mocidade”;
Almada Negreiros ridiculariza a figura física e moral de Júlio Dantas (veste-se mal, é
horroroso nu, cheira mal da boca, é um habilidoso sem escrúpulos).
• Críticas de carácter literário:
Júlio Dantas considera os artigos publicados em Orpheu como “singularidades literárias de
todos os moços”, extravagantes e incoerentes.
Almada Negreiros considera Júlio Dantas um académico sem valor, a vergonha da
intelectualidade portuguesa, claramente sobrevalorizado por um meio social e
cultural, pequeno, fechado, atrasado, que Almada Negreiros também critica
violentamente.
O futurismo está presente no humor violento e
agressivo com que Júlio Dantas é criticado,
revelando um óbvio choque de gerações. Como os
outros futuristas europeus, Almada Negreiros
abomina os padrões e gostos culturais académicos
e conservadores, de que Júlio Dantas e a sua obra
eram exemplo, lamentando que os portugueses
neles se revejam: “Uma geração que consente
deixar-se representar por um Dantas é uma geração
que nunca o foi.”; “O Dantas saberá gramática,
saberá sintaxe… tudo menos escrever que é a única
coisa que faz”.

Está presente ainda na forma – profusão de


exclamações, de apelos, […] exploração dos efeitos
visuais e fónicos das palavras, introdução de
grafismos no poema, pela rutura com a lógica
sintática tradicional: longas enumerações de frases
nominais, uso do verbo no infinitivo, uso aleatório
da pontuação e de maiúsculas. *

* Futurismo. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-11-14].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$futurismo>.
Portugal Futurista 1917

• Divulgava trabalhos de Santa-Rita, Almada, Souza-Cardoso, Pessoa,


Sá Carneiro, Marinetti, Apollinaire, Blaise Cendrars;
• Foi apreendida pela polícia à saída da tipografia – o regime
republicano procurava silenciar as vozes críticas dos modernistas,
tanto no que respeita a gostos e opções culturais, como no que
respeita a posições políticas (os modernistas simpatizavam com
ideias conservadoras e integralistas).

Santa-Rita, Cabeça, 1912, óleo


sobre tela, 65,3 x 46,5 cm
(Museu do Chiado, Lisboa)

Formas geométricas
decompostas em planos;
paleta monocromática; quase
destruição da perspetiva;
dinamismo conferido por
linhas curvas; sentido do
1. Foto de Guilherme de Santa-Rita,
2. Foto de Almada Negreiros na I Conferência Futurista,
absurdo.
Abril de 1917.
Formas geométricas (triângulos) decompostas em planos que se sobrepõem; espaço
bidimensional ou ausência de perspetiva; aplicação livre da cor em manchas largas.
Figurativismo reduzido a
pormenores fragmentados;
espaço bidimensional ou
ausência de perspetiva; cores
aplicadas livremente; colagens;
sentido do absurdo.
Amadeo de Sousa Cardoso, Crime Abismo Azul, Remorso Físico, 1915,
óleo sobre tela, 40x50 cm

Formas distorcidas, sem contornos precisos, estruturadas através de


cores contrastantes livremente aplicadas em grandes manchas; quase
ausência de perspetiva; conteúdo angustiante e depressivo.
Christiano Cruz “Este guache terá sido executado em França
durante a guerra para onde o artista havia sido
mobilizado. Pertence já à terceira e última fase
da sua curta obra em que a cor ganha um
substancial acréscimo de participação no
esquema geral da composição, contudo uma
memória gráfica é ainda determinante. O traço
negro e espesso faz participar os escassos
pormenores, as linhas estruturadoras bem como
as de valor rítmico com a mesma intensidade na
composição geral. A sua forma quebrada e
angulosa, recusando a curva, cria uma
agressividade expressionista. As cores
planificadas seguem os espaços delimitados
pelas linhas, construindo um espaço plano e
saturado, para que muito contribui o fundo
branco ritmado numa atitude próxima
do cloisonnisme, característico de algumas
situações do movimento Die Brucke ou
do Jugendstil, e que o próprio tema vem reforçar.
Uma explosão ocupa a margem direita, se bem
que delineada graficamente, permite um
momento de cor mais informe que faz um
explícito aproveitamento do material do suporte
conjugado com algumas cores ácidas, raras na
paleta do artista. O movimento destas cores
traça uma oblíqua importante na composição
geral da cena, cruzada por outra vincada pelos
braços abertos do soldado e extremada por uma
expressiva mão que se recorta sobre o fundo
branco. O corpo, que com a explosão é atirado
para a esquerda, é criador de instabilidade e
tensão, afinal o grande tema desta fase da
Christiano Cruz, Cena de guerra, 1916-18, Guache sobre cartão, 23 × 24 cm pintura de Cristiano Cruz. ”
Amadeo de Souza-Cardoso
HCA 2009 f2 - A pintura reproduzida na figura é
representativa das influências de duas correntes
modernistas na obra de Amadeo de Souza-Cardoso.
Explicite duas características de cada uma dessas
correntes pictóricas, evidenciadas na figura.

Na resposta, devem ser explicitadas as


características seguintes, ou outras consideradas
relevantes:
Cubismo:
̶ evocação do primitivismo das máscaras
africanas (influência de Picasso);
̶ geometrismo do desenho.
Expressionismo:
̶ dramatismo expressivo;
̶ utilização das manchas de cores fortes,
violentas e empastadas.

Amadeo de Souza-Cardoso, A máscara de olho


verde cabeça, 1915, óleo sobre tela, 55x39,5 cm
Amadeo de Souza-Cardoso

Amadeo de Souza-Cardoso, Trou de la serrure PARTO DA Amadeo de Souza-Cardoso, Título desconhecido (BRUT
VIOLA Bon ménage Fraise avant garde, 1916, óleo sobre 300 TSF), 1917, óleo sobre tela com areia, 66x86 cm
tela, 58x70 cm
SEGUNDO MODERNISMO – ANOS 20 E 30
• Revistas:
– Seara Nova (1921-) – “revista de doutrina e crítica”, com fins pedagógicos e políticos contou
entre os seus colaboradores com Jaime Cortesão, Raul Brandão, António Sérgio, Aquilino Ribeiro.
– Contemporânea (1922-26) – “revista feita expressamente para gente civilizada, revista feita
expressamente para civilizar gente”
– Presença (1927-40) – “folha de arte e crítica” luta pela crítica livre e contra o academismo
literário, defende o primado do indivíduo sobre o coletivo, do psicológico sobre o social, da
intuição sobre a razão, contou entre os seus colaboradores com José Régio, Branquinho da
Fonseca, João Gaspar Simões
SEGUNDO MODERNISMO - ANOS 20 E 30 (continuação)

• Segunda geração de escritores e artistas: José Régio, João Gaspar Simões, Adolfo Casais
Monteiro, Dórdio Gomes, Mário Eloy, Sarah Afonso, Carlos Botelho, Bernardo Marques e
Júlio Reis Pereira …

António Soares, No Terrasse do Café des Plaires, Mário Eloy, O Poeta e o Anjo, 1948, óleo sobre tela, 80
1920–30 33 × 36 cm x 100 cm
Exame 2015 F1
SEGUNDO MODERNISMO - ANOS 20 E 30 (continuação)
• Recetividade
– Marginalização dos círculos intelectuais oficiais – 1921, Eduardo Viana vê recusada a
sua participação no Salão de Outono na Sociedade Nacional de Belas Artes
• Espaços de afirmação
– Exposições independentes (individuais ou coletivas)
– Cafés – Brasileira do Chiado e Bristol Club – “Museu de arte contemporânea de Lisboa”
(JAF)
– Revistas – Ilustração Portuguesa, Domingo Ilustrado, ABC, A Ilustração, Sempre Fixe…

Jorge Barradas, capas da ABC, 1920 e 1926


SEGUNDO MODERNISMO - ANOS 20 E 30 (continuação)
• Oficialização do movimento
– 1933 – António Ferro assume a direção do Secretariado da Propaganda Nacional, defende que
“a arte, a literatura e a ciência constituem a grande fachada duma sociedade, aquilo que se vê
lá fora”, conseguindo “capturar” vários artistas que colaboram com o regime.
• Reação dos artistas
– 1936 – António Pedro organiza a exposição dos Artistas Modernos Independentes, onde se
homenageiam os modernistas dos anos 10, símbolo da originalidade e da irreverência.
– grupo surrealista português nasce então como uma oposição à “arte oficial” do Estado Novo.

António Pedro, Sabat – Dança de roda, 1936,


Óleo sobre tela, 93 × 93 cm
1. Aspetos comuns ao primeiro e ao segundo modernismo:
– rutura com a representação académica, realista e naturalista;
– estilização, simplificação de formas;
– geometrização de formas;
– esbatimento da perspetiva;
– aplicação livre da cor.

2. Existe, no primeiro modernismo, uma maior irreverência e experimentação /


inovação / rutura relativamente aos cânones académicos.
A figuração, embora nem sempre objetiva, é recuperada pelo segundo
modernismo.
Eduardo Viana

Eduardo Viana, O Homem das Louças,


1919, óleo sobre tela, 121 x 1 14 cm

Eduardo Viana, A revolta das bonecas,


1916, Óleo sobre tela, 114 × 132 cm
Eduardo Viana
Pinturas para o Bristol Club

Eduardo Viana, Nu, 1925, Óleo sobre


tela, 94 × 145,5 cm

Eduardo Viana, Nu, 1925,


Óleo sobre tela, 96 × 146 cm
Sarah Afonso

• Nascida em 1899, a vida de Sarah Afonso tem uma relação


particular com a sua obra. Nascida em Lisboa numa família
modesta, Sarah Afonso cedo foi /veio viver para Viana do
Castelo, onde ficou até aos 15 anos.
• Parte para Paris em 1924, após concluir os estudos de pintura
da Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde foi aluna de
Columbano Bordalo Pinheiro.
• Na capital francesa expõe no Salon d’Automne, sendo recebida
com sucesso. Integrada no meio artístico português, foi a
primeira mulher a frequentar, contra todas as convenções, o
café Brasileira, no Chiado.
• Aos 35 anos casa-se com Almada Negreiros. Mas se, por um
lado, o tempo em que viveu condicionou o seu percurso
artístico, foram também as suas vivências e memórias que usou
como matéria-prima da sua arte. Foi a partir da sua própria vida
– da infância e dos laços de amizade e amor – que construiu
uma linguagem e uma temática próprias.
Sarah Afonso, Família, 1936, óleo sobre tela,
103,2x86,3 cm
Sarah Afonso, Casamento na Aldeia, 1937,
óleo sobre tela, 103,2x86 cm
Dórdio Gomes, A Família (1937), óleo sobre tela
O seu trabalho distingue-se pela atenção dada aos Prémio Columbano do Secretariado da Propaganda
Nacional (1938) - EE 2012
costumes populares, às festas e às tradições portuguesas,
em composições de tons alegres mas doces, e marcadas
pela aliança entre uma componente erudita da sua
formação como pintora e o claro gosto pela linguagem naïf
inspirada na arte popular.
José de Almada Negreiros; As banhistas
(Pintura para a Brasileira do Chiado); 1925;
Óleo sobre tela, 131 x 166 cm

José de Almada Negreiros

José de Almada Negreiros;


Maternidade; 1935; Óleo sobre tela,
100 x 100 cm
Aurora hiante, 1942
CÂNDIDO COSTA PINTO
Óleo sobre madeira
56 × 48 cm
http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/pt/pecas/ver/72/artist

hi·an·te |adjectivo de dois géneros |


Escancarado, muito aberto.

"hiante", in Dicionário Priberam da


Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2013, https://dicionario.priberam.org/hi
ante [consultado em 23-11-2019].
1. A manutenção, por parte do republicanismo português, do gosto oficial pelos velhos
padrões estéticos, que expressavam o quotidiano da população (documento 1), reflete
a) a defesa do ruralismo e do tradicionalismo, através da trilogia «Deus, Pátria, Família».
b) o apelo a características e a valores da identidade portuguesa, para a renovação do
país.
c) o enaltecimento da coletivização e da mecanização, para o desenvolvimento da
agricultura.
d) a afirmação dos valores do anticlericalismo, que geraram grande hostilidade no país
conservador.

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