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Psicopatologia Psicanalítica

Prof. Henrique Riedel Nunes


Neurose e Psicose

 Texto de Freud (1924);

 Localização dos conflitos entre as instâncias psíquicas inerentes à


estrutura neurótica e psicótica;

 Parte dos avanços quanto ao novo modelo de aparelho psíquico


proposto no texto “Eu e o Isso” de 1923;
Neurose e Psicose
Neurose e Psicose

“As questões centrais de O Eu e o Id eram as múltiplas dependências


que o Eu mantém com outros elementos, sua localização entre o
mundo externo e o Id e seu anseio em servir a todos os seus senhores a
um só tempo”. (FREUD, 1924, p. 95)
 Concepção do Eu enquanto escravo de três senhores – tendo que dar
conta das exigências pulsionais advindas do Isso, das condições do
mundo externo e das imposições morais provenientes do Supereu;
Neurose e Psicose

“[...] a neurose seria o resultado de um conflito entre o Eu e o Id, ao


passo que a psicose seria o resultado de uma perturbação nas relações
que o eu mantém com o mundo externo” (FREUD, 1924, p. 95)
 Neurose: Eu x Isso

 Psicose: Eu x mundo externo


Neurose e Psicose

 Neurose:

 Recusa do Eu a acolher uma moção pulsional advinda do Isso;

 Recusa a lhe dar uma resposta motora (inibição);

 Recusa a ceder o objeto de tal pulsão.

 Há aqui a utilização do recalque enquanto defesa de tal moção pulsional;


 Retorno do recalcado – Sintoma enquanto uma formação de compromisso – Neurose como um
todo;
Neurose e Psicose

“Portanto, fica claro que foi o Eu que engendrou e dirigiu o recalque


contra uma parcela do Id. [...] Vemos, assim, que o eu, colocando-se a
serviço do Supra-Eu e da Realidade, acabou entrando em conflito com
o Id. É isso que ocorre em todas as neuroses de transferência”.
(FREUD, 1924, p. 96)
Neurose e Psicose

 Psicose:

 Exemplo da “Amência de Meynert”: total desconhecimento do mundo externo;


 Duas formas de influência do mundo externo em relação ao eu
 Percepções novas;
 Percepções passadas;
“Mas lembremos que esse mundo interno nada mais é do que uma cópia do mundo externo que teria a
função de representar internamente a realidade externa” (FREUD, 1924, p. 96).
Neurose e Psicose

 O Eu, na psicose, criaria onipotentemente um novo mundo


externo e interno;
 Mundo criado em função das exigências do Isso;

 Mundo externo é demolido por apresentar os impedimentos à


satisfação das exigências do Isso;

 Esses impedimentos, ao psicótico, são intoleráveis (lembrar


da não assimilação da castração na psicose);
Neurose e Psicose

 Esquizofrenia e o embotamento afetivo:

 Retraimento da libido – desinteresse no mundo externo;

 Delírio como um “remendo” aplicado justamente onde haveria


uma fenda no mundo externo – mais uma vez Freud defende sua
concepção de que o delírio é uma tentativa de cura;
Neurose e Psicose

 Apesar das diferenças e especificidades, haveria uma origem comum à neurose e


à psicose: “[...] a privação, a não-realização de algum daqueles desejos da
infância, sempre indomáveis e tão profundamente enraizados na nossa
organização psíquica filogeneticamente pré-determinada. Essa privação parte, em
última análise, sempre de uma circunstância externa, mas, em certos casos, ela
também pode partir daquela instância interna (situada no Supra-Eu) que se
incumbiu de assumir a função de reprsentar as exigências da realidade”.
(FREUD, 1924, p. 97).
Neurose e Psicose

 O efeito patogênico de tal privação vai depender do Eu:


 Se permanece fiel ao mundo externo e tenta silenciar o Isso pela via do recalque –
Neurose;

 Se ele se deixa subjugar pelo Isso e dessa forma se desliga da realidade – Psicose;

*Freud se dá conta de que o Supereu influencia o Eu tanto por seu aspecto moral
(herdeiro do complexo de Édipo) quanto para dar vazão às exigências pulsionais do
Isso (pulsões masoquistas que tem o Eu como objeto). Tendo isso em vista, ele nos
diz “[...] deveríamos, em todos os tipos de adoecimento psíquico, sempre levar em
conta o comportamento do Supra-Eu”. (FREUD, 1924, p. 98)
Neurose e Psicose

 Afecção que se configuraria como um conflito entre Eu e Supereu – Melancolia;

 “Neurose Narcísica”;

 O que diferenciaria os sujeitos em que a neurose ou psicose se fazem presentes de forma


patológica daqueles que escapam sem adoecer?
 Questão econômica;
 Cisão do Eu no processo de defesa – perversão (abre-se mão do processo de recalque,
desmentindo-se a castração, isto é, aquela “privação” da qual Freud fala anteriormente);
Neurose e Psicose

 Para finalizar...
“[...] qual o mecanismo, análogo ao recalque, pelo qual o Eu logra se
desprender do mundo externo? Penso que isso não pode ser respondido sem
novas investigações, mas, assim como no recalque, certamente também ocorre
aqui um recolhimento das cargas de investimento anteriormente enviadas pelo
eu em direção aos objetos”. (FREUD, 1924, p. 98)
 Neurose – Recalque;
 Psicose – ??? – Só com Lacan que teremos a formalização da “foraclusão”
(Verwerfung) enquanto esse mecanismo da psicose que Freud se
questionava no presente texto.

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