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HISTÓRIA DE ARQUITECTURA I

2º Ano Iº Semestre

Departamento de Ensino e Investigação de Arquitectura e Urbanismo – DEIAU | HISTÓRIA DE ARQUITECTURA – 2º ANO – 2023/2024 | Prof. Ndimba Neto
ARQUITECTURA ROMÂNICA E GÓTICA

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A ARQUITECTURA ROMÂNICA

Analogamente ao termo «Romanço» para as línguas derivadas do latim, ROMÂNICO

designa a forma arquitectónica derivada da Arquitectura Romana, em particular da

arquitectura tardo-antiga ou paleocristã.

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A ARQUITECTURA ROMÂNICA
É dado o nome de arquitectura românica para aquela desenvolvida no final do séc. XI e XII
na Europa medieval. O edifício mais típico dessa arquitectura eram as igrejas.

“Igreja é um templo cristão consagrado ao culto”


A igreja nasceu no mundo cristão para acolher os fieis.

As primeiras adotaram a planta rectangulares das basílicas romanas, com acesso ao lado
curto e uma abside que fechava o presbitério. Nesta zona desenvolveu-se posteriormente o
coro, o altar e a cátedra. A inserção de um transepto perpendicular à planta da basílica
levou à de cruz latina, com óbvias referências simbólicas.
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BASÍLICA DE SÃO
PEDRO, ROMA

Na antiguidade clássica,
edifício público, local de
reunão de tribunais,
comerciantes e cidadãos.

A partir do século IV, templo


da igreja cristã, de planta
longitudnal, dedicado ao
culto.

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Basílica Paleocristã

A arquitectura cristã primitiva significa o


período mais antigo da arquitectura cristã, que se
desenvolveu no Império Romano no final da
antiguidade.
O exemplo de igreja, deriva da basílica
paleocristã.

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A basílica românica

A basílica românica constitui uma dupla fundação, na natureza e no espírito; funda uma
capital de província e introduzi-la na constelação dos lugares sagrados, apoiada na geografia,
mas indiferente aos seus valores naturais, fazendo encruzilhada dos itinerários sagrados,
caminhos de peregrinação de que ligam o universo dos fieis orientados para os lugares santos.

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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ARQUITECTURA ROMÂNICA (i)

Combinando características de antigos edifícios romanos e bizantinos e outras tradições


locais, a ARQUITECTURA ROMÂNICA é conhecida pela sua enorme qualidade, paredes
grossas, janelas em forma de seteiras, arcos redondos ou de volta perfeita, pilares resistentes e
pilastras, abóbadas de berço, grandes torres, arcadas decorativas e planta de cruz latina.

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USO DE PAREDE ESPESSA

A parede numa primeira fase feita de pedras ligadas por espessa capa de argamassa, em
seguida de tijolos e só mais tarde em pedra de corte, é de facto muito espessa, mas por
necessidades estéticas do que de defesa.

A espessura é interpretada como apoio de diversas camadas que contribuem para uma
sustentação recíproca. Por isso, em correspondência com as aberturas cada camada tem o seu
arco, mais estreito no interior e mais largo no exterior.

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ABÓBODAS DE BERÇO
E DE ARESTAS
abóbodas de berço abóboda de arestas
As abóbodas de berço eram mais
simplificadas, baseavam-se em uma
estrutura em semicírculo chamada
arco pleno. Por conta de algumas
desvantagens tipo
nesse construção, a
como luminosidade riscos de
foie criado um pouca
novo
desabamento,
estilo, a abóboda de arestas. de

Nela, duas abóbodas de berço eram


apoiadas sobre pilares, em ângulos
rectos. Dessa forma, conseguiram
criar ambientes melhor iluminados e

Abobada – Estrutura arqueada que cobre o espaço entre dois apoios e forma o teto ou a mais seguros.

cobertura de um edifício.
Estrutura do Arco
de volta perfeita

1 – Chave
2 – Aduela
3 – Extradorso
4 – Imposta
5 – Intradorso
6 – Flecha
7 – Luz
8 – Contraforte
Pilastra – membro vertical adossado à parede e de secção quadrada ou
rectangular que embora possa contribuir para a resistência de uma parede, a sua
principal função é decorativa.

 A sua composição, a proporção e aparência são similares às da coluna, com a

qual partilha elementos como a base, o fuste e o capitel ou a submissão aos


cânones das ordens clássicas.

 A pilastra saliente pode chegar ao tecto e até ligar-se a ele por meio de um arco.

No romanico quase desaparecem, ainda que se considere que os pilares cruciformes medievais
possuíam adossados a cada lado uma pilastra.

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Arcada. Série de arcos isolados
ou adossados a uma construção
que cumprem uma função
estrutural e decorativa.

Arcadas que separam a nave


central das lateral seguem o
ritmo:

A-B-B-A

Pilares (A)
Alternados por duas colunas (B)

Distribuição de pilares e colunas no interior da Igreja de São Miguel de Hildesheim (1010-


1033)

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Exemplo de planta com cruz latina
PLANTA DA
BASÍLICA ROMÂNICA

A arquitetura românica
adotou a planta basilical com
cruz latina como principal tipo
de planta para as igrejas, porém
há um outro tipo, menos
utilizada, que é a planta
centralizada de cruz grega,
influência oriental, que podia ser
hexagonal, octogonal ou circular
Planta longitudinal

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• Absides – Parte de uma
igreja situada na sua
cabeceira e que sobressai da
sua fachada posterior.
• Transepto – Nave transversal
que junto da nave principal,
origina uma igreja de cruz
latina.
• Nave – Espaço coberto por
uma sucessão de tramos de
abobada.
• Tramo – cada elemento
individual de uma abobada
maior constituída pela
sucessão de outros menores.
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Igreja de São Miguel de Hildesheim (1010-33)

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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ARQUITECTURA ROMÂNICA (ii)

Cada prédio tem formas claramente definidas, frequentemente de plano simétrico muito
regular;
a aparência geral é de simplicidade quando comparada com os edifícios góticos que se
seguiriam.

O estilo pode ser identificado em toda a Europa, apesar das características regionais e materiais
diferentes.

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ESPECÍFICO DA ARQUITECTURA ROMÂNICA

O princípio de expor tudo para «educar mostrando», os materiais e a sua textura na


construção. Assim dos alicerces aos telhados é possível seguir a conexão: das pedras e tijolos
às pilastras e muros, aos arcos e nervuras, as abobadas e coberturas.

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Diferença entre a Arquitectura Românica e a Romana
Os detalhes que diferem essas igrejas da arquitectura romana são vários. Tipicamente ela
possui três naves, raramente cinco, todas cobertas por abóbadas; a nave central possui altura
superior em relação as outras. Seu telhado é de duas águas e possui formato triangular.

Na fachada há a presença de arcadas; do pórtico com uma função catequética, ele é


extremamente ornamentado e no seu tímpano há a presença do Cristo Pantrocrator, envolto em
uma mandorla, para destacar sua imagem. Outro elemento presente na fachada é a rosácea, que
pode possuir vitrais ou não.

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O Sistema abacial (i)

A forma exemplar de associação à residência, a que apresenta características mais


distintamente utópicas, é a abadia, tipo original da arquitectura românica, união da igreja ao
claustro, habitação total segundo uma disciplina rígida. Edificada poderosamente no coração
dos territórios ainda não civilizados.

Claustro – Pátio de uma planta quadrada rodeado por uma galeria de arcos apoiados em colunas ou colunas
duplas, geralmente anexo a um edifício religioso e desde o qual se acede a diversos compartimentos

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O sistema abacial (ii)

A abadio é a instituição privilegiada do papado e do império, designa um território constituído


pelo papa (e pelo imperador) como diocese sob a jurisdição de um abade-bispo.

As abadias surgem em qualquer lugar, independentemente da autoridade que detém o território,


sejam reinos, impérios ou comunas livres. E ligam-se entre si num sistema abacial que articula
itinerários de peregrinação assinalando as suas metas.

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Igreja de São Pantaleão (i)

Igreja de São Pantaleão em Colónia, fachada com Westbau característico com frente de
castelo-palácio.
Quanto ao seu carácter peculiar é o Westbau, uma reedição original da invenção carolíngia. A
Westbau era um verdadeiro edifício com diversos pisos, contendo a tribuna do imperador,
adossado à nave principal do lado da entrada, oposto ao presbitério e também com função de
imponência.

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Igreja de São Pantaleão (ii)

Duas torres escadas (do que deriva de uma forma


característica de fachada) fechavam os seus
cantos; frequentemente, uma terceira torre central
conferia ao conjunto o aspecto do triturrium

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Catedral Imperial de Speyer, 1030-1082, Alemanha

Catedral de Speyer, abside. O monumento da arquitectura românica


imperial define o cânone da catedral urbana na versão alemã através da
ordem das partes exactamente caracterizadas e dispostas
ordenadamente em sucessão.
• Pilares adoptam forma de pilastras e meias colunas agrupadas;
• Bandas lombardas nas paredes externas;
• Arcos e pilastras com balanços sucessivos.

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Cripta

No decorrer dos séculos as câmaras funerárias evoluíram para criptas. De pequenas


tumbas, passaram a grandes halls semi-subterraneos, muito bem articulados.
Tornaram-se espaços típicos da arquitectura românica na Alemanha e Itália.

Cripta-Lugar subterrâneo no interior do qual se levavam a cabo Celebrações religiosa e , às vezes , enterros.

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No decorrer dos séculos as câmaras funerárias evoluíram para criptas. De pequenas tumbas,
passaram a grandes halls semi-subterraneos, muito bem articulados. Tornaram-se espaços típicos
da arquitectura românica na Alemanha e Itália.

A cripta da catedral de speyer,


consagrada, em 1041 é a maior cripta
com hall de colunata da europa.

Área=850 m², h=7m.

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ARQUITECTURA GÓTICA

Estilo de transição e o uso continuado de formas românicas


Introdução

Depois da queda do Império Romano, o conceito de cidade estava quase esquecido e tinham-
se formado pequenos burgos ligado ao papado e ao império, baluartes de um poder estático.

No século XII, o renascimento da cidade com a construção das primeiras catedrais põe-se em
contraste com aquele tipo de sociedade, de um ponto de vista quer político quer religioso.

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Catedral

Catedral, templo principal numa diocese cristã, e sede do bispado e do cabido. A insígnia do
império é a catedral. É uma construção infinita porque, para além da edificação da igreja, é
também um instrumento para produzir e reproduzir força-trabalho agregando e emancipando
homens sobre a insígnia da religião, do estudo das artes.

O auge deste tipo de construção produz-se na Europa em meados do século XII, quando o centro
da vida religiosa se move dos grandes mosteiros para as cidades.

Mosteiro – Construção habitada por uma comunidade de monges. Tem a sua origem nos eremitas que
vivem isolados em zonas desérticas ou de difícil acessos e gradualmente formaram comunidades.

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Função da Catedral

Catedral atende tanto a função religiosa e social (ao seu lado são montadas feiras e festivais),

ou mesmo do ensino (catedralícias).

Forma da Catedral
As suas formas são variadas devido a circunstâncias locais e ao grande intervalo de tempo em
que são construídas.

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Saint – Denis: O acto de nascimento do Gótico (i)

No século XII, propriamente em 1122, um monge chamado Suger, foi eleito abade do seu
mosteiro em Saint-Denis, a norte de Paris. Decidido a remodelar a sua igreja, começou pela ala
oriental, dotando o edifício de um novo coro e de sete capelas radiantes dispostas em redor da
ala leste, ostentando cada uma delas duas largas e luminosas janelas com vitrais.

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Saint – Denis: O acto de nascimento do Gótico (ii)

Outras variações que parecem pairar entre o Românico e o


Gótico ocorrem, como a fachada projectada pelo abade Suger na
abadia de Saint-Denis, que conserva muito do românico em sua
aparência, e a fachada da catedral de Laon, que, apesar de seu
estilo gótico. forma, tem arcos redondos.

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Nave central de Saint -
Denis (1129)

Mosteiro de Saint Denis, vista


geral da nave principal, com a
respectiva cobertura em
abobada de cruzaria de ogivas,
e separadas das outras naves
por sucessão de arcos
quebrados; ao fundo a
cabeceira e suas capelas
radiantes foco de onde irradia a
luz sobre todo o espaço.
Imagens interiores

Presença de vitrais e de
mosaíco premiando a harmonia
da luz no interior do edifício.

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Qual o pensamento subjacente à nova técnica construtiva de
Suger?

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Técnica construtiva
de suger
«Construir com luz»

O Abade encomendou,
assim, uma igreja inundada
de luz colorida por amplos
vitrais, cujas janelas eram tão
O Abade tinha enorme apreço por vitrais rasgadas que praticamente
coloridos, relicários ornados de joalharia,
não existiam paredes e tão
cintilantes trabalhos em metal e objectos
análogos. Entendia, porém, que o brilho e
altas que boa parte do
a luminosidade estavam profundamente edifício, desde o chão até o
enraizados na teologia cristã. tecto, era em vidro.

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Rosácea no transepto norte da
Catedral de Notre Dame

O Rosácea do transepto
esvazia a parede e abandona
a penumbra idealmente
penitencial da igreja
românica.

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Técnica construtiva de suger
«Construir com luz»
(ii)

Este deslumbrante efeito foi conseguido através de um novo sistema de construção.

Na geração de igrejas precedente, empregavam-se os arcos semicirculares, isto é, os arcos de


volta perfeita romanos. Mas em Saint-Denis e nas outras igrejas medievais que se lhe
seguiram, os arcos, os topos das janelas e as nervuras das abobadas eram pontiagudos, em
forma de ogiva. Esta técnica conferia verticalidade ao edifício, parecendo eleva-lo aos céus, no
que constituiu um poderoso gesto simbólico.

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Técnica construtiva de suger «Construir com luz»
(iii)

Os arcos em ogiva, ou quebrados, tinham ainda uma vantagem

estrutural. Nos antigos arcos de volta perfeita, a amplitude do vão

correspondia exactamente ao dobro da altura, o que os tornava

extremamente inflexíveis na construção em abobada. Os arcos

quebrados, pelo contrário, podiam ser desenhados em diferentes

relações proporcionais, permitindo abobadar mais facilmente espaços

rectangulares ou de planta irregular.

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Técnica construtiva de suger
«um esqueleto de pedra»

A alvenaria converte-se numa elegante ossatura ogival construída por pilares, fustes, couceiras
de janelas e nervuras. Todos os elementos são ogivais e todos os perfis das molduras condizem,
pelo que a estrutura é um todo harmonioso.

Ao nível das paredes, o espaço entre estes elementos estruturais é na sua maioria preenchido
por vidro.

No tecto, os panos entre as nervuras são em pedra.

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Teto da abóbada na Sainte – Chapelle de Vincennes
Problema com a
estrutura gótica

A leve estrutura de pilares e


fustes não formava um bom
suporte para o tecto
abobadado em pedra. O
peso das pedras da
cobertura criava um impulso
no sentido exterior que tendia
a afastar o topo das paredes
e que, sem outro tipo de
apoio, conduziria ao colapso
de todo o edifício.
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ARCOBOTANTES

São característicos das esbeltas da


arquitectura gótica, nas quais o peso
das abóbadas é deslocado para os
contrafortes.

No Gótico os pilatras desaparecem


em favor de outros elementos de
apoios.

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Como se resolveu o
problema?
A inspirada invenção dos
arcobotantes resolveu esta
questão estrutural.

Arcobotante. Arco localizado no lado de fora de um edifício que desloca o esforço


de uma abobada ou cobertura para um contraforte, estribo ou botaréu. Ou seja uma
construção em forma de meio arco, erguida na parte exterior das catedrais góticas
para repartir o peso da sua cobertura por vários pontos e não sobre toda a parede
lateral.
Quanto a inspiração

Suger via a sua igreja como um reflexo do


reino de Deus.
Mas como reproduzir na Terra um tal lugar, impregnado
da sua presença?

Suger inspirou-se nos escritos cristãos, onde Deus era representado por luz, o livro de Apocalipse
descreve no céu a presença da luz do arco-íris e de um mar cristal.

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OUTRAS CONSTRUÇÕES RELEVANTES DA ARQUITECTURA
GÓTICA

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A catedral como texto petrificado

Catedral de Notre-Dame, em Paris, 1165 - 1345

A Notre-Dame será a catedral mais colossal com os seus 32


metros de altura contra os 24 das outras do mesmo período e
com subtilezas técnicas particularmente ousadas.

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A Catedral como texto petrificado

Mas Notre-Dame é sobretudo o texto petrificado da filosofia escolástica. Um dos traços de base é

representado pelo sistema «trinitário» de que Notre-Dame é um grande exemplo: a planta com ala

única representa a unidade do pensamento; a primeira tripartição encontra-se no volume onde se

distinguem nave, transepto e abside (o índice do texto).

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Gótico implantado em Inglaterra
Em 1175 inicio da reconstrução da Catedral da Cantuária.

Planta da Catedral da Cantuária


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Chartres e os principios construtivos da
Catedral
Esta Catedral Gótica caracteriza-se
pelo pleno de cruz latina, uma grande
abside com absidíolos, abóbadas de
ogiva, vitrais, portais monomentais
com grandes torres e pináculos que
acentuam a verticaidade do edifício.

Em 1194-1220, construção da catedral de


Chartres - França

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É o que melhor representa o
estilo em voga no período
final da Idade Média. Seus
vitrais são incrivelmente
lindos, como de nenhuma
outra igreja. Suas proporções
também impressionam, são
130 metros de comprimento
por 46 de largura – fazendo,
desta, uma das maiores
igrejas do mundo.
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Chartres e os principios construtivos
da Catedral

Em 1194-1220, construção da
Catedral de Chartres – França

Alçado lateral.

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Catedral de Colónia - Alemanhã, 1248-
1880.

Este edifício apresenta uma particularidade


pelo facto de misturar elementos de diferentes
estilos arquitectónicos.

Colonia (1248 – 1880)

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A catedral é o principal cartão-postal de Colônia.
Com 157 metros de altura, suas torres podem ser
vistas de praticamente qualquer ponto da cidade,
que tem um perfil plano. Somente o Portal de São
Pedro, na face norte, ornamentado com estátuas
dos 12 apóstolos, data do século XIV; os demais
arcos são do século XIX.

Colonia (1248 – 1880)

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 A porta principal mostra a passagem do Antigo ao Novo Testamento, de Adão e Eva até Jesus;

a dos Reis Magos traz santos, reis, bispos e missionários; o portal da lateral sul é marcado pelo
estilo neogótico.

 Seu interior tem uma área de 6900 metros quadrados, divididos em cinco naves e sete capelas.

Ele ostenta desde afrescos do século XIV a vitrais no estilo romântico. As duas naves
principais, com 43 metros de altura, estão dispostas em forma de cruz. O coro, com 104
bancos de carvalho esculpido, é o maior da Alemanha.

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Características marcantes do Gótico

• Verticalismo dos edifícios; • Mosaico;


• Paredes mais leve e finas; • Torres ornadas por rosáceas;
• Arcos em ogiva ou quebrados; • Consolidação dos arcos feita por
abobadas de arcos cruzados ou de
• Abobadas em pedra;
ogivas;
• O uso dos Arcobotantes;
• Nas torres (principalmente nas torres
• Rasgadas janelas coloridas; sineiras) os telhados são em forma de
pirâmide.

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Fractura entre a arquitectura românica e a arquitectura gótica

 A pilastra substitui-se à parede portante e sobe até as abobadas esvaziando a parede de

toda a função estática, de modo a poder substitui-la pelos primeiros grandes vitrais
historiados.

 A luz, elemento fundamental da teoria figurativa gótica, toma o lugar da penumbra da igreja

românica, para tornar física e metaforicamente claro cada procedimento lógico mental e
construtivo.

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CRONOLOGIA

Em 1122, Suger é eleito abade de Saint-Denis;

Em 1140 consagrada a ala ocidental de Saint-Denis;

Em 1144, Pomposas cerimónias assinalam a consagração do novo coro de Saint-Denis, um


modelo da nova técnica construtiva do Gótico;

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EXEMPLOS DE EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Românico

O acesso é emoldurado, fazendo Gótico


inclusivamente parte de um átrio. A
decoração com as colunas das jambas em Continuando a profusão de elementos
recuo obliquado, junto ao jogo das decorativos, aumentando a sua grandeza
arquivoltas. com portais triplos que arrancam lado a lado
com arcaturas.
A ornamentação inclui elementos
geométricos e educativos com capitéis com
cenas religiosas.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Benevolo, L. (2005). História da Cidade (4º ed.). São Paulo - SP, Brasil: PERSPECTIVA S.A.
Obtido de www.editoraperspectiva.com.br
Gómez, A. M., Lopez, M. L., Murrilo, J. M., & Escudero, L. d. (2014). Dicionário Visual de
Arquitectura. Rua do Vale Formoso, Lisboa, Portugal: Quimera.
Santana, M. T., Almeida, G. d., Borrás, L., & Bargalló, E. (2006). Atlas Básico de História da
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Wilknson, P. (2010). 50 Ideias de Arquitectura Que Precisa Mesmo de Saber (1ª ed.). Rua da
Cidade de Córdova, Alfragide, Portugal: D. Quixote.

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