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VITIMOLOGIA

AMBIENTAL
Especialização Psicologia Jurídica
e Psicanálise

Rodrigo Pinto

1
O maior trem do mundo
Leva minha terra
Para a Alemanha
Leva minha terra
Para o Canadá
Leva minha terra
Para o Japão
O maior trem do mundo
Puxado por cinco locomotivas a óleo diesel
Engatadas geminadas desembestadas
Leva meu tempo, minha infância, minha vida
Triturada em 163 vagões de minério e destruição
O maior trem do mundo
Transporta a coisa mínima do mundo
Meu coração itabirano
Lá vai o trem maior do mundo
Vai serpenteando, vai sumindo
E um dia, eu sei não voltará
Pois nem terra nem coração existem mais.
Carlos Drummond de Andrade
Crime
O que é de acordo com a lei, como se violou a lei, como
responder a tal ato.
Quem comete o crime tem que saber que está se
cometendo um crime.
Deve-se observar quais são as populações atingidas e
quais são as preservadas de uma ação.

Polícia – Ministério Público – Defensoria Pública –


Judiciário – Execução da pena – perseguição ao
criminoso e na sua punição. Deixa-se fora a vítima, o
lesado, o agredido, o que sofreu a ofensa.
Para refletir…
Conceitos de compensação, reparação, restituição. E as dimensões culturais, divisões raciais e
preconceitos étnicos. Pode-se devolver à vítima as condições anteriores?

Vítimas de abuso de poder. Todos temos o direito à vida e à qualidade de vida, condizente com a
riqueza do ambiente e do contexto.

Justiça ambiental, ecológica e a das espécies: consequências biofísicas e socioeconômicas das


diversas fontes de danos ambientais, tais como poluição, deterioração de recursos, a perda da
biodiversidade e as alterações climáticas.

Crimes cometidos por instituições ponderosas (governos, corporações transnacionais e aparatos


militares) como também pessoas comuns.

Criminologia ecoglobal, Criminologia de conservação, Criminologia ambiental, Criminologia verde


construtivista ou cultural e a Criminologia especista (ou animal)
Crimes cometidos por instituições poderosas (governos, corporações
transnacionais e aparatos militares) como também pessoas comuns.
Falta à investigação da vitimização ambiental a mesma profundidade teórica
e metodológica aplicadas às vítimas da criminalidade clássica.

Impactos sobre a saúde, econômicos e culturais e sobre a segurança.

Danos sociais ou lesões sociais e Impactos nas populações vitimizadas pela


degradação de ambientes

Os mais graves danos à humanidade, ao meio ambiente e aos animais não


humanos não são objeto do sistema de controle penal e não são
prioritariamente estudados pela criminologia.

Deve-se sinalizar um vazio normativo e a_ausência de regulamentação clara


aplicável a esta área específica de ofensa

A ganância, a sede de acumulação obriga as empresas a romper com todas


as regras em algum momento. O benefício é colocado à frente da saúde
humana e dos interesses coletivos.
Danos sociais massivos

envolvimento do crime organizado e de oficiais corruptos -


_na eliminação ilegal de resíduos tóxicos;
_especismo, no abuso animal e no tráfico de animais
selvagens;
_na influência da aplicação da lei e das operações
militares sobre as paisagens, no abastecimento de água,
na qualidade do ar;
_na saúde e na segurança no local de trabalho, onde as
violações terão consequências de violação de
regulamentos em matéria de rotulagem, transporte e
conservação de alimentos;
_na política em relação aos alimentos geneticamente
modificados;
_na exploração e comercialização (i)legal de ouro e
outros minérios;
_no aquecimento global causado pela
(des)regulamentação das atividades da indústria
automotiva, de combustíveis fósseis e multinacionais
produtoras de carbono
Danos sociais:

Danos físicos
Danos financeiros/econômicos
Danos emocionais e psicológicos
Danos sociais relativos à segurança cultural
Barragem do Fundão –
Mariana - MG
Miguel Burnier
• No passado: 3 mil moradores.
• DECRETO Nº 57.991, DE 14 DE MARÇO DE 1966.
Autoriza a Siderúrgica Barra Mansa S.A., a pesquisar minério de ferro no município de Ouro Preto, Estado de Minas Gerais.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 87, nº I, da Constituição e nos têrmos do Decreto-lei nº
1.985, de 29 de janeiro de 1940 (código de Minas)

• Trabalhando na siderúrgica Barra Mansa(atual Grupo Votorantim): 1500


• Dois cinemas, um grande carnaval, teatro, dois clubes de futebol (Estrela Azul e o
Siderantim), banda de música, vale para compras, bailes e horas dançantes, festas
religiosas, grupos de Congado, médico, dentista, escola privada, fazenda e armazém
Cobal da siderúrgica.
• Todo o trabalho, vida e lazer estavam ligados à siderúrgica (em sistema fordista).
• Compensava mais comprar o ferro-gusa para fazer o aço em Barra Mansa no RJ do
que extrair em Miguel Burnier.
• A siderúrgica foi embora em 13/01/1996, deixando só 21 funcionários.
• Gerdau (que adquiriu a Cia Fábrica de Pregos Pontas de Paris em Porto
Alegre em 1901) compra as terras do Grupo Votorantim e inicia sua
operação em 2006 e propõe em 2010 o carregamento de minério ao lado
da estação ferroviária: início do êxodo da população.
• Se instala entre a Igreja Sagrado Coração de Jesus e o cemitério. Quando
se enterra alguém, as operações próximas ao loca têm que ser paradas. O
campo de futebol vira almoxarifado, compra o seminário que hoje é seu
escritório.
• População não teve emprego, pouco qualificada.
• 70% da receita de Ouro Preto vem da mineração. 20% da engenharia civil
e 8% do turismo. Dos 70%, cerca de 60% vem de Miguel Burnier.
• Empresas: Gerdau, Vale, Namisa (CSN), Maciço Mineração e Ferro+.
• A comunidade está entre 75 a 96 pessoas.
Miguel Burnier -
OP

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