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ESQUIVA E O SISTEMA

SOCIAL
HENRIQUE VALLE BELO RIBEIRO ANGELO
ESQUIVA

• Esquiva sinalizada
• A esquiva acontece diante de sinais relacionados com o
estímulo aversivo que entrou em contato no passado

• Esquiva não-sinalizada
• A esquiva acontece sempre, não há sinais de aviso, altas taxas
de resposta
ESQUIVA NÃO-SINALIZADA

• Experimento
• A cada 20 segundos um choque é ligado, se pressionar a barra,
um rato evita o choque por mais 30 segundos.
• O rato pressiona a barra continuamente, evita a maior parte dos
choques.
• Não faz mais nada a não ser pressionar a barra
E FORA DO LABORATÓRIO?

• Repertórios variados de esquiva tem evitado o contato


com estímulos aversivos
• Ocasionalmente entramos em contato com o estímulo
aversivo, que é quando a esquiva falha
• Algumas vezes existem sinais relacionados com
estímulos aversivos e agimos nos esquivando
• Algumas vezes não existem sinais
AMEAÇAS

• Muitas vezes ameaçamos


• Ameaças geram esquiva (“Faça o que eu digo ou...”; “Faça do meu
jeito, ou...”; “Mantenha-se na linha, ou...”).
• Professores
• Militares
• Pais
• Amigos
• Companheiros
• Chefes
• Líderes políticos
ESQUIVA SINALIZADA

• “Avisos explícitos dão ao sujeito mais liberdade; entre


sinais ele pode deixar a barra e fazer outras coisas em
segurança, desde que ele não se afaste para muito longe.
Entretanto, o sinal interrompe tudo o mais, puxando o
animal de volta para a barra como por um elástico” (p.
149)
• Exemplo: deixamos tudo de lado quando temos problemas
num relacionamento
ENRIJECIMENTO DO
REPERTÓRIO
• Ameaças como forma de ensino:
• Pessoas só aprendem a se esquivar, e nada além disso.
• Fazem o trabalho eficientemente, ficam no seguro e no previsível,
arriscam pouco, não aproveitam oportunidades
• Governos repressivos  ataque aos lugares onde se formam
pensadores, ataques às formas diferentes de agir
• “Regras não foram feitas para serem quebradas”
• Dizer não às novidades é mais seguro que dizer sim
• Se não fazemos nada não podemos ser culpados
ENRIJECIMENTO DO
REPERTÓRIO
• “Podemos criar novas maneiras de esquivar da censura,
mas, ao aprendermos novas maneiras de atingirmos nossos
objetivos de trabalho não seremos reconhecidos ou seremos
rotulados como causadores de problemas” (p. 151)
• “os esquivadores mais bem-sucedidos tornam-se chefes (...)
funcionários de instituições públicas e privadas que
conseguem escapar dos conflitos também chegam ao topo.
O sistema é autoperpetuador” (p. 151)
DESIGUALDADE SOCIAL

• “Hoje a rápida difusão de informação permite a todos, em todo


lugar, ver todas as variedades de existência humana, em todas as
partes do mundo. Pessoas extremamente pobres, vítimas das mais
severas coações sociais, políticas, religiosas recebem imagens
televisionadas de lazer, conforto e riqueza inimagináveis. Elas
vêem terras onde a simples sobrevivência raramente está em
questão. Elas vêem culturas nas quais a coerção consiste, mais
comumente, na ameaça da privação da propriedade, segurança,
conveniência ou liberdade” (p. 151)
DESIGUALDADE SOCIAL

• “Quando recorremos à coerção social para manter na


linha aqueles empobrecidos pela coerção natural,
empobrecemos a nós mesmos; ninguém ganha” (p. 152)
• Todo mundo passa a maior parte do tempo se esquivando
• Pobres e ricos
PREVENÇÃO X REMEDIAÇÃO

• Pessoas remediam (fuga) mais do que previnem


(esquiva)
• A imediaticidade da fuga controla mais que a esquiva
• “Avisos verbais são frequentemente inefetivos, refletindo
a lenta aprendizagem da esquiva que ocorre quando
choques, reais ou ameaçados, vêm apenas pouco
frequentemente” (p. 154)
ESQUIVA SEM CONTATO COM A
REALIDADE

• “É característica da esquiva que o sucesso origina


fracasso. À medida que passamos mais e mais tempo sem
um choque, a esquiva automaticamente parece menos e
menos necessária. Se formos continuar a pressionar
nossa barra de esquiva, devemos ter ocasionalmente algo
mais que um lembrete verbal de que o choque está por
vir” (p. 154)
O PARADOXO DA ESQUIVA

• “Uma vez aprendida, a esquiva é inerentemente cíclica. Depois


de receber um choque, trabalhamos assiduamente para manter
choques distantes. Então, gradualmente nos tornamos mais
descuidados, esperando mais e mais antes de pressionar a nossa
barra; eficientemente. Os intervalos entre choques podem se
tornar bastante longos particularmente, se antes evitamos
choques por longos períodos com sucesso, mas falhas ocasionais
no esquivar são necessárias para manter a esquiva funcionando”
(p. 158)
ESQUIVA SEM CONTATO COM A
RELIDADE

• Desastre nuclear
• Superstições
ESQUIVA E EFEITOS COLATERAIS
DA COERÇÃO

• “(...) tal controle, também produz todos os efeitos


colaterais da punição. Uma vez que nossos prisioneiros,
alunos, pacientes ou filhos tenham aprendido a esquivar
de punição severa, a fuga automaticamente ainda se
torna mais reforçadora que a esquiva. Se for possível
para eles ir embora, eles irão” (p. 162)
IMPLICAÇÕES PARA A
RESPONSABILIDADE SOCIAL
• Não é problema meu
• Esquivamos de ter que participar de qualquer decisão da vida
pública
• Evitamos participar em júris ou procurar órgãos legais
• Olhamos para o lado ao ver um roubo, um assalto, assédio sexual,
corrupção
• Esses são desistentes?
• Enquanto desistimos passivamente da vida pública, “estes espaços são
inevitavelmente preenchidos pelos incompetentes, pelos sem-
princípios, pelos venais e pelos criminosos” (p. 170)
IMPLICAÇÕES PARA A
RESPONSABILIDADE SOCIAL
• “Se quisermos reverter as tendências atuais que vão em direção
ao egocentrismo, ao isolamento em relação ao envolvimento
ativo e evasão de responsabilidade, mantendo-nos
desinformados e fingindo que não existem problemas, então
temos de olhar mais de perto para os determinantes da conduta.
O que cria o não envolvimento? O que o mantém? Quando
examinadas de perto, descobriremos que quase todas as formas
de inação via desengajamento contêm fortes componentes de
esquiva” (p. 171)
CONSEQUÊNCIAS AVERSIVAS EM
LONGO PRAZO
• “Costumávamos concordar em pagar impostos voluntariamente e em
contribuir privadamente para a manutenção de serviços cuja integridade
necessitava independência de considerações de lucratividade. Agora,
esquivando-nos de envolvimento, deixamos o livre mercado determinar
a sobrevivência de instituições que surgiram de necessidades públicas e
que, portanto, exigem manutenção pública. Estamos permitindo que o
controle coercitivo, orientado apenas em direção à sobrevivência
financeira, substitua a apreciação e o suporte positivo para o
cumprimento de objetivos públicos. O livre mercado é cruelmente
coercitivo. Seus critérios de sobrevivência e seus frutos – riqueza,
prestígio, privilégio e lazer – estão em conflito fundamental com os
objetivos do serviço público” (p. 178)
CONSEQUÊNCIAS AVERSIVAS EM
LONGO PRAZO

• “Não deveria causar surpresa que sobrevivência imediata


controlasse a conduta mais poderosamente do que o
fazem consequências a longo prazo (...) as consequências
financeiras são imediatas e as consequências
educacionais atrasadas. Nas estruturas administrativas
modernas as pressões coercitivas reprimem quaisquer
ações que ameacem aumentar a qualidade às custas da
lucratividades” (p. 178)

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