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Volume III
Arte e Cidade
Volume III
Arte e Cidade
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Artistas participantes deste projeto
ALEX FLEMMING
ANDREAS KNITZ
ARY PEREZ
CAO HAMBURGER
DENISE MILAN
HORST HOHEISEL
JOSÉ DE QUADROS
MARCELO BRODSKY
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Introdução
Relações entre arte e cidade no trabalho de artistas contemporâneos é o
tema que articula os folhetins que compõem este material educativo. Estas obras
exploram por um olhar contemporâneo algumas das questões associadas ao viver
nas cidades, não as retratam. Os percursos para conhecer arte, sugeridos em
cada folhetim, procuram destacar as diferentes abordagens destes artistas em
relação ao tema.
Este volume traz logo após as informações sobre os artistas um novo item,
que oferece mais espaço para descrever e comentar as obras selecionadas e
situa dentro do contexto maior de cada trabalho os elementos apresentados nas
reproduções. A maioria das imagens apenas mostra registros que documentam
momentos ou aspectos específicos de cada proposta.
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Folhetim CAO HAMBURGER
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“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, 2006
1. Mauro com Shlomo, Zelador da sinagoga que o acolhe na comunidade do Bom
Retiro
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O DIRETOR
Cao (Carlos Império) Hamburger nasce em São Paulo em 1962. Sua mãe
descende de italianos, católicos, seu pai, de origem judia, vem da Alemanha para
o Brasil ainda criança. É sobrinho do cenógrafo, diretor de teatro e pintor Flávio
Império. Desde a infância, convive com artistas de diversas áreas.
Cao Hamburger cursa o ensino médio no Colégio Equipe, na época, um
ambiente cultural fervilhante, movimentado por shows e eventos organizados pelo
apresentador Serginho Groisman. Deste momento da história desta escola
surgem vários artistas, como o grupo musical Titãs e os artistas plásticos do ateliê
coletivo Casa 7.
Apesar de ingressar em três Faculdades (Filosofia, Geografia e Educação
Artística), não as freqüenta. A partir da experiência de um curso de cinema de
animação no SESC, em São Paulo, envolve-se profundamente com essa
atividade. Paralelo à realização de seus primeiros trabalhos nesta área, ensina
técnicas de animação para crianças e adolescentes em bibliotecas públicas e
escolas de São Paulo.
Em 1987, Cao Hamburger realiza com Eliana Fonseca o curta-metragem de
animação em massinha Frankstein Punk, de grande aceitação. Os Urbanóides,
série infanto-juvenil com bonecos animados é o primeiro de diversos trabalhos
para a TV Cultura, onde se destaca, em meados da década de 1990, com a
premiada série infantil Castelo Rá-Tim-Bum. Imprime seu toque pessoal de
dedicação e qualidade a mais de 200 filmes, de uma campanha do Big Mac para o
McDonald’s a uma série de programas para formação de agentes comunitários
produzida pelo Ministério da Saúde. Recebe em festivais de cinema e televisão
diversos prêmios nacionais e internacionais. Em 1999, estréia seu primeiro
longametragem para o cinema, Castelo Rá-Tim-Bum, O Filme, sucesso de
público e crítica.
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, escolhido como tema deste
folhetim, é seu segundo longametragem e primeiro filme para o público adulto,
onde propõe uma reflexão sobre diversidade e coexistência.
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O filme tem relação com uma história pessoal, mas não é autobiográfico.
Através desta história sobre o aprendizado de como superar as dificuldades que
surgem na vida, o diretor busca representar a infância de sua geração.
Cao Hamburger recorda que, quando criança, na época do regime militar, sua
família hospedou, a pedido de amigos, perseguidos políticos e alunos de seus pais
no curso da USP. Acusado de apoiar militantes de esquerda, o casal Hamburger
foi preso em dezembro de 1970. Sua mãe foi detida por uma semana, o pai por
duas. Os avós e os amigos da família cuidaram dos filhos do casal durante a
detenção.
Cao Hamburger se inspira, para criar O Ano em que Meus Pais Saíram de
Férias, na experiência vivida durante o período que trabalhou em uma produtora
de TV na Inglaterra, entre 2000 e 2001. Sentindo-se estrangeiro, exilado e
saudoso da riqueza cultural de São Paulo, abrigo de tantas nacionalidades, decide
mostrar isso pelo cinema.
Escolhe o bairro do Bom Retiro para local da história por representar a
mistura de culturas característica do Brasil. Na época retratada pelo filme a
comunidade era formada principalmente por judeus, italianos, gregos, árabes,
negros e nordestinos.
Com o filme o diretor tem a intenção de propiciar às pessoas um momento
para refletirem sobre a importância da coexistência: Temos que nos mobilizar para
lutar contra a intolerância. Porque não há nada melhor do que a convivência entre
as diferenças.1
1
Globo Video Chat com Cao Hamburger, 02/11/2006 (disponível na internet).
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“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, 2006
2. Mauro sozinho no apartamento de seu avô
Fotos: Beatriz Lefèvre
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REFLEXÃO E DISCUSSÃO
Professor, assistir ao filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias e
discuti-lo com seus alunos pode ser uma oportunidade para estudarem o cinema
como forma de arte que atualmente atinge milhões de pessoas. Considerando a
escala de produção e distribuição e o esforço de criação coletiva desta forma de
arte, muitos se referem a ela como uma indústria.
Apesar de nos referirmos ao filme como uma criação de Cao Hamburger,
em entrevistas, ele sempre se refere ao trabalho como fruto de uma equipe de
criação, citando, entre outros, os roteiristas Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani e
Anna Muylaert, o diretor de arte Cássio Amarante e o diretor de fotografia Adriano
Goldman. Destaca também a importância da escolha do elenco e da “química”
que surge entre os atores para o sucesso de sua criação.
A coexistência entre pessoas e culturas diferentes é um dos temas de que
trata esta história e também um aspecto presente na equipe que o criou. Assistir
ao “making-of” do filme, de 30 minutos , é um modo prazeroso de perceber o
esforço coletivo empregado em sua criação. A leitura do cartaz do filme, dos
créditos finais e de matérias publicadas sobre “O Ano …” são também referências
para conhecer as diversas pessoas empenhadas em sua realização.
Para prosseguir o estudo sobre a importância da coexistência,
recomendamos consultar o material educativo produzido pelo Centro da Cultura
Judaica para a ação educativa da exposição “Coexistence”, disponível no site do
projeto indicado no item “Para saber mais” deste folhetim.
TEMAS
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Brasil; Geografia, com a diversidade cultural e a miscigenação; Português e
Literatura podem discutir as sinopses curta e longa do filme; e Arte, investigar
aspectos como a construção das cenas, a interpretação dos atores ou a
relação entre a trilha sonora e as imagens.
3. Observar o trecho do início do filme onde ao vir para São Paulo o carro
dos pais do menino ultrapassa um caminhão do exército, repetindo este trecho
algumas vezes.
Pedir aos alunos que se imaginem segurando uma câmera e que anotem
quantas vezes teriam que mudar de posição para conseguir filmar todas as
tomadas de cena, desde que o fusca da família se aproxima do veículo até
quando o ultrapassa, momento em que Mauro brinca de atirar com o dedo no
caminhão .
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O ano em que Cao Hamburger emocionou São Paulo in Revista VejaSP. São Paulo: Abril,
16/11/2006.
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consideram importantes, como as ameaças à diversidade cultural e coexistência
entre os seres humanos, propiciando a reflexão e a mobilização para
transformação destas situações.
O filme revela delicadeza e humor ao apresentar o contato entre hábitos
culturais diversos, por exemplo: a maneira como apresenta a tradição judaica de
cobrir os espelhos da casa com panos durante o período de luto; o choque de
Shlomo ao descobrir que Mauro não recebeu a circuncisão, quando este urina em
um vaso porque o único banheiro do apartamento está ocupado; o desrespeito
“involuntário” de Mauro, ao jogar futebol usando o xale cerimonial de Shlomo no
corredor do prédio; Mauro descobrindo que o apelido que recebeu na comunidade
judaica se refere ao pequeno Moisés, abandonado num rio e adotado pela
princesa do Egito, e percebendo que Shlomo é a sua “princesa”...
1. Pedir aos alunos que tragam para a escola relatos de histórias familiares
da década de 1970 e se organizem em grupos para representá-las, combinando
elementos das diversas histórias numa só.
3. Propor que façam um outro cartaz para o filme, esboçando várias idéias
em desenhos pequenos e rápidos onde possam estudar a relação entre imagem e
texto, a sua diagramação. A idéia que considerarem mais interessante pode ser
desenvolvida num esboço em tamanho maior e produzido com mais vagar, para
ser apresentado e discutido com a classe.
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PARA CONHECER MAIS
SITES
http://www.oano.com.br/
http://oano.blogspot.com/
http://www.coexistencia.org.br/
PUBLICAÇÕES
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, Um filme de Cao Hamburger - “Press
release” disponível para download no site do filme (acima indicado).
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Anexo:
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CRÉDITOS DA CAPA E TRANSPARÊNCIA
CAO HAMBURGER
Cartaz de divulgação do filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, 2006
Gullane Filmes
Fotos: Beatriz Lefèvre
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CENTRO DA CULTURA JUDAICA
José Mindlin
Presidente do Conselho Deliberativo
David Feffer
Presidente da Diretoria Executiva
Raul Meyer
Vice- Presidente
Yael Steiner
Diretoria Geral Executiva
Samantha Ciocler
Programação
Rosa Iavelberg
Consultora Pedagógica do Arte-Educação
Luiza Moreira
Coordenação Arte-Educação
Tarcísio Sapienza
Pesquisa e Elaboração do Material
Vicente Emyggio
Revisão de Texto
Jun Jo Sakabe
Projeto Gráfico e Diagramação
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Realização
Apoio Cultural
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