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Téc. bruços e mariposa: S. Soares e Vilas-Boas, J.P. (2001). título. Rev. Mundo da Natação (No prelo).

Sequência
metodológica para
Soares, S.;
aprendizagem das Vilas-Boas, J.P.

técnicas de bruços e Faculdade de Ciências


do Desporto e de

mariposa Educação Física,


Universidade do Porto.

INTRODUÇÃO Comentário final


O bruços e a mariposa são as técnicas de aprendizagem mais complexa Não queremos deixar de
no seio da natação pura desportiva. Tal facto parece consubstanciar-se salientar que o trabalho
na elevada exigência coordenativa da técnica de bruços e na exigência, que aqui apresentamos não
mais condicional do que coordenativa, da técnica de mariposa. é mais que uma proposta
No ensino de qualquer técnica de nado, mas principalmente de técnicas metodológica para o ensino
coordenativamente mais exigentes, é fundamental realizar um trabalho das técnicas simultâneas.
sequencialmente correcto, partindo dos elementos constituintes da Não se trata de uma
técnica que são mais simples e ir realizando pequenos acréscimos até unidade didáctica e, muito
chegar à técnica global. É muito importante, nas progressões pedagógicas, menos, de um possível
trabalhar as partes sem nunca perder a noção do todo. É exactamente plano de aula. Sugerimos
o que propomos com este trabalho. Apresentamos um conjunto de uma rota que levará à
sugestões orientadoras do ensino das técnicas de bruços e de mariposa, aquisição da coordenação
a par das quais apontamos os erros que encontramos mais comunmente global (grosseira) da técnica
no desempenho dos alunos das escolas de natação, bem como os de bruços e de mariposa,
respectivos feedbacks prescritivos. ou seja, da aquisição da
Queremos salientar que não pretendemos referir os erros típicos do capacidade de coordenar a
nado do bruços e da mariposa referenciados ao nadador de competição, acção dos membros
como acontece com a maioria das obras subjacentes à temática da superiores, inferiores e
didáctica da natação. É disso exemplo a ausência de referências a erros respiração. O passo seguinte
relacionados com as fases subaquáticas da braçada da técnica de mariposa, é o aprimoramento do
dado que preconizamos que o seu aprimoramento só deve ocorrer após desenho subaquático da
a aquisição da coordenação global do nado. Realizamos, ainda, uma braçada de mariposa.
série de pequenos apontamentos referentes a aspectos muito práticos
do ensino, decorrentes daquelas que consideramos serem as faltas mais design/fotografia
comuns na leccionação dos conteúdos da natação. armando vilas boas
1 PERNADA DE BRUÇOS

Realizar a pernada de bruços, com apoio dos membros superiores numa placa, colocando os pés, n
final da recuperação, dorsalmente flectidos e numa posição de maior afastamento que a dos joelh

Feedback

- “pés virados
para fora”

- “pés afastados
e joelhos
juntos”

Pernada assimétrica Pernada assimétrica «Pernada de rã»


Incorrecta dorsiflexão dos pés no Incorrecta colocação dos joelhos Afastamento exagerado dos
final da recuperação durante a recuperação joelhos durante a recuperação

Iniciar o ensino da pernada de bruços com exercícios simples como, por exemplo, realizar a pernada sentado
no bordo, em posição vertical, em posição dorsal, ...
Estar atento às assimetrias.
Para corrigir pernadas de rã, usar um pull-buoy ou um elástico colocado entre os joelhos ou entre as coxas,
consoante o nível de flexibilidade do aluno.
2 PERNADA COORDENADA COM A RESPIRAÇÃO

Realizar a pernada de bruços, com apoio dos membros superiores numa placa, elevando
a cabeça para inspirar quando os membros inferiores dobram para recuperar.

Feedback

- “respira rápido”

- “pernada para o
fundo da piscina”

Inspiração muito longa Pernada superficial

Depois dos alunos dominarem o gesto, privilegiar, na exercitação, a colocação dos membros superiores ao longo do corpo
ou unidos ao nível dos glúteos (com ou sem placa), o que obriga a bacia a afundar e facilita a elevação da cabeça.
3 PERNADA COORDENADA COM
BRAÇADA UNILATERAL E RESPIRAÇÃO
Realizar a pernada de bruços coordenada com braçada unilateral e respiração,
iniciando o afastamento do membro superior após a junção dos pés.

Nota: assim que o aluno tenha assimilado o movimento do membro superior, introduzir a braçada completa.

Feedback

-“pára a mão à frente


e conta até três”
(bruços descontínuo
ou bruços 1,2,3).

-“afasta mais o braço”

-“não afastes tanto o


braço”

Paragem do movimento da Acção lateral exterior dos Demasiado afastamento dos


braçada sob o peito membros superiores curta membros superiores na
acção lateral exterior

Antes de iniciar a coordenação da braçada com a pernada e a respiração, ensinar o movimento da braçada e da braçada
coordenada com a respiração com exercícios estáticos, em que o aluno está em posição vertical, observando o movimento
que realiza sob a orientação do professor.
Evitar exercícios de braçada com o pull-buoy colocado entre os membros inferiores. Estes exercícios são muito exigentes,
dado que os braços terão de realizar muita força para deslocar todo o corpo pela água. O esforço dispendido pelo
aluno para se propulsionar vai ter como consequência o desvio da atenção da técnica correcta de execução da braçada.
4 TÉCNICA DE BRUÇOS COMPLETA

Nadar bruços, coordenando as acções dos membros superiores, inferiores e respiração.

Feedback

-“só afastas os braços


depois de juntar as
pernas”.

- “estica bem os braços”

Sincronização sobreposta Membros superiores Flexão acentuada da coxa


(”posição de aranhiço”) afastados na recuperação sobre o tronco

Nas fases iniciais do ensino da técnica de bruços, privilegiar o deslize, por forma a evitar a
sobreposição das acções propulsivas dos membros superiores e inferiores.
1 MOVIMENTO ONDULATÓRIO

Realizar o movimento ondulatório, com os membros superiores colocados


ao longo do corpo, acentuando a acção da cabeça e da anca.

Feedback

-“faz ondas exageradas


com todo o corpo”.

Rigidez ao nível do pescoço, ombros anca e/ou joelhos

Não utilizar placa nos membros superiores ou pull-buoy nos membros inferiores, uma vez que estes materiais, por flutuarem
e não afundarem com facilidade, vão bloquear o movimento ondulatório do corpo.
Exercícios realizados com apoio das mãos no bordo da piscina também induzem bloqueio do movimento ondulatório.
Evitar o uso de barbatanas, porque auxiliam demasiado o aluno na realização das ondas corporais.
2 PERNADA DE MARIPOSA

Realizar a pernada de mariposa, com os membros superiores


colocados ao longo do corpo, acentuando a acção descendente.

Feedback

-“estica as pernas”

-“estica os pés”

-“junta bem os pés”

Joelhos demasiado flectidos Pés flectidos Colocação assimétrica dos pés

Nas fases iniciais podem-se realizar exercícios com uma placa colocada no membro superior livre, mas assim que possível,
privilegiar a colocação dos membros superiores ao longo do corpo, por forma a favorecer o movimento ondulatório.
Fazer com que o aluno perceba que o movimento descendente da pernada é a acção responsável pela ondulação do corpo
e não o movimento da cabeça (ninguém se consegue propulsionar dando cabeçadas na água!).
3 PERNADA COORDENADA COM A RESPIRAÇÃO

Realizar ciclos contínuos de quatro pernadas de mariposa, com os membros superiores colocados a
longo do corpo, emergindo a cabeça para inspirar ao quarto batimento e imergindo-a ao primeiro

Feedback

-“a cabeça sai à 4


e entra à 1”

Inspiração demasiado longa, Inspiração demasiado Entrada da cabeça sem


coordenada com 2º batimento longa, sem batimento dos batimento dos membros
dos membros inferiores membros inferiores inferiores

Nas fases iniciais, pode-se ensinar o aluno a respirar em todas as pernadas (1 batimento a cabeça sai e inspira, 1 batimento a cabe
entra e expira), dado que a coordenação de uma inspiração por cada quatro pernadas é bastante complexa. No entanto, não
introduzir a braçada antes do aluno ter percebido o esquema rítmico de uma respiração por cada quatro pernadas.
4 PERNADA COORDENADA COM
BRAÇADA UNILATERAL
Realizar a pernada de mariposa coordenada com braçada unilateral, realizando
uma pernada durante a entrada da mão na água e uma pernada durante a saída.

Feedback

-“uma pernada à
entrada dos braços,
outra à saída”

-“braço esticado. A
mão passa longe do
corpo”

Assincronía da 2º pernada com a saída dos membros superiores

Ausência do 2º batimento e recuperação com os membros superiores flectidos

Não ensinar a braçada isolada, com um pull-buoy colocado entre os membros inferiores, uma vez que a exigência condicional é
muito grande e perde-se o movimento ondulatório.
No início pode-se colocar uma placa no membro superior livre, mas assim que possível, privilegiar a colocação ao longo do corp
5 PERNADA COORDENADA COM BRAÇADA
UNILATERAL E RESPIRAÇÃO
Realizar a pernada de mariposa coordenada com braçada unilateral,
elevando a cabeça para inspirar a cada dois ciclos de braços.

Feedback

-“bate as pernas com


mais força quando
respiras”

-“a cabeça só sai


quando as pernas
batem”

-“a cabeça entra na


água antes dos
braços”

-“respira rápido”

Ausência do 2º batimento Saída precoce da cabeça Entrada tardia da cabeça


no ciclo respiratório

Nas fases iniciais do ensino pode-se pedir ao aluno para realizar inspiração lateral, como na técnica de crol. Considerar, no
entanto, a hipótese de ocorrer uma transferência negativa na aprendizagem para a fase de recuperação. A rotação lateral da
cabeça pode induzir a flexão do cotovelo, perdendo-se a lateralização típica da recuperação dos membros superiores na técnica
de mariposa. Assim que possível, senão logo desde início, introduzir a respiração frontal.

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