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Material de apoio de Natação – Secundário

1 - Posição Hidrodinâmica fundamental


Conhecida pelos americanos como "streamline position", a posição hidrodinâmica é sem dúvida uma posição de
extrema importância na Natação, e deve ser trabalhada desde o início da formação do nadador.
Utilizada em todas as saídas e após todas as viragens, tal posição deve ser encarada como uma mais valia no
aumento do rendimento do nadador, seja qual for a sua prova.

A posição hidrodinâmica está presente nas seguintes situações:

- Saltos e partidas (quer do bloco de partida, quer dentro de água na


partida do estilo de Costas);

- Na fase de deslize da Técnica de Bruços;

- No momento da entrada dos membros superiores na Técnica de


Mariposa;

- No trajeto subaquático após a entrada do nadador na água


(salto) ou após cada viragem.

Na posição hidrodinâmica o nadador deverá:

- Mãos sobrepostas, de forma a reduzir a superfície de contacto e


resistência na água;

- Membros superiores em extensão completa, encaixados e


alinhados atrás da cabeça;

- Tronco com uma boa posição horizontal, alinhado com os


membros superiores e inferiores;

- Membros inferiores unidos e em completa extensão.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=U0iNhqZDPpg

2 – Caraterização dos estilos na Natação


Na Natação existem 4 estilos ou técnicas de nado: Crol, Costas, Bruços e Mariposa.

a)Técnicas alternadas VS Técnicas simultâneas


Os primeiros dois (Crol e Costas), são consideradas técnicas alternadas, dado que o movimento propulsivo
quer dos membros superiores, quer dos membros inferiores, ocorre de forma alternada.

Ex: quando o MS direito se encontra a realizar a fase mais propulsiva do estilo de Crol (Fase ascendente), o MS
esquerdo encontra-se fora de água a realizar a recuperação.
Ou

Quando o MI esquerdo se encontra na fase mais propulsiva do batimento de pernas (fase descendente), o MI
direito encontra-se na fase ascendente (menos propulsiva e de recuperação).

As técnicas de Bruços e de Mariposa são consideradas técnicas simultâneas, dado que a ação propulsiva,
quer dos membros superiores, quer dos inferiores ocorre ao mesmo tempo (em simultâneo).

Ex: No movimento propulsivo dos membros superiores da técnica de bruços, quando o MS direito se encontra na
fase descendente),o MS esquerdo encontra-se a realizar a mesma ação, ao mesmo tempo.

Ou

Quando o MI esquerdo se encontra a realizar a fase descendente (+ propulsiva), o MI direito também se encontra
a realizar a mesma ação, na mesma fase.

b) Técnicas ventrais VS técnicas dorsais


As técnicas que são realizadas em decúbito ventral (de barriga para baixo), são designadas por técnicas /
estilos ventrais. A este grupo pertencem as técnicas de Mariposa, Bruços e Crol.

A única técnica dorsal na Natação é o estilo de Costas, dado que se realiza na posição de decúbito dorsal (de
barriga para cima).

3 – Análise da técnica de Crol


O Crol é uma técnica de nado ventral, alternada e simétrica, no curso da qual as ações motoras realizadas pelos
membros superiores e pelos membros inferiores tendem a assegurar uma propulsão / deslocamento contínuo.

Posição do corpo

A posição do corpo deve manter-se, ao longo do ciclo gestual, o mais próxima possível da posição hidrodinâmica
fundamental.
Alinhamento horizontal

O corpo deve manter-se em Crol, muito próximo da horizontal, sendo de evitar todas as tentativas de obter uma
posição “alta” na água, através da elevação forçada dos ombros e da cabeça.

A cabeça deve estar ligeiramente elevada, a linha de água situada entre o topo e o início do couro cabeludo, com
o olhar dirigido para o fundo da piscina, para uma zona localizada uns metros à frente do nadador.

Ação dos membros inferiores

Ação descendente (AD)

É a fase mais propulsiva do batimento dos membros inferiores. O movimento parte da articulação coxo-femural
(flexão da coxa). O joelho guia o movimento, causando uma ação de “chicotada” do membro inferior e do pé. O
pé deve estar descontraído, sendo a pressão da água que o vai colocar na posição mais favorável do ponto de
vista propulsivo: flexão plantar, rotação interna e adução.

Ação ascendente (AA)

É uma fase pouco propulsiva, por muitos técnicos considerada como sendo de recuperação para o trajeto
descendente seguinte. O trajeto ascendente do pé é realizado a partir da elevação da coxa (extensão da coxa
em torno da articulação coxa-femural), sendo este movimento realizado sem exagerada flexão do joelho.

O batimento dos membros inferiores deve ser realizado sem interrupções, começando o joelho o seu trajeto
descendente numa altura em que o pé ainda não acabou o respetivo trajeto ascendente.

Vídeo (Crol) Ação dos MI - https://www.youtube.com/watch?v=timc1AY54pw

Sincronização membros superiores/membros inferiores

A variante básica de sincronização dos membros superiores com os membros inferiores em Crol e aquela que
deve ser ensinada inicialmente é uma em que se realizam seis batimentos dos membros inferiores por cada
ciclo dos membros superiores.

Vídeo (Crol) Ação dos MS - https://www.youtube.com/watch?v=B6xEer4vst4

Sincronização da ação dos membros superiores com o ciclo respiratório

A inspiração faz-se através da rotação lateral da cabeça.

Na fase de inspiração, deve dar-se como referência ao nadador o olhar


dirigido para o lado. Sempre que o nadador dirigir o seu olhar para cima ou
para trás, irá provocar desequilíbrios ao nível do alinhamento lateral ou da
posição horizontal do corpo na água.
4 – Análise da técnica de Costas
Técnica dorsal alternada e simétrica, durante a qual as ações motoras realizadas pelos MS e MI procuram
assegurar uma propulsão contínua.

Posição do corpo

Alinhamento corporal: horizontal e dorsal com parte posterior da cabeça imersa. Cintura pélvica ligeiramente
imersa; pés imersos em todo seu movimento. Rotação do corpo (sobre o eixo longitudinal sem exceder 45 graus)

Ação dos membros inferiores

Batimento alternado composto por duas fases:

- Fase ascendente (até perto da superfície, pés em rotação interna), responsável pela propulsão do batimento
dos MI no estilo de Costas.

- Fase descendente (compensação, até ligeiramente abaixo da bacia), fase de “recuperação” e preparação do
batimento seguinte.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=lWR1ahD2Qfs

Ação dos membros superiores

Recuperação: os MS fora de água encontram-se em extensão. A mão rasga a superfície pelo polegar e a entrada
da mão na água, faz-se pelo dedo mindinho. Pelo meio (recuperação), deve ocorrer a rotação externa da mão.

Após a entrada na água, o MS aponta para o fundo em extensão, fletindo posteriormente para realizar o agarre
da água. O movimento dos MS acontece do tronco para os MI, terminando o agarre da água junto às coxas.

Vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=9aEewSacB8s&list=RD9aEewSacB8s&start_radio=1

Sincronização dos membros superiores

Quando um MS se encontra a entrar na água, o MS oposto encontra-se e a terminar a ação mais propulsiva da
braçada (Ação Descendente Final), e a iniciar a saída da água.

Ao nível da sincronização MS – MI, tal como na técnica de Crol, realizam-se 6 batimentos de pernas por cada
ciclo de braçada.
5 – Análise da técnica de Bruços
Técnica ventral, simultânea, “simétrica” e descontínua cujas ações segmentares são realizadas à superfície ou
em imersão total.

Posição do corpo

Podemos considerar duas variantes na técnica de bruços: bruços formal e bruços natural. A
primeira variante consiste num estilo mais deslizante, mais próximo da superfície da água,
enquanto que a segunda variante consiste num bruços mais dinâmico, com menos tempo de
deslize e mais movimento ondulatório do corpo, semelhante ao que acontece no estilo de
Mariposa.

Ação dos membros inferiores

Na pernada de bruços, os MI realizam primeiro uma flexão, aproximando os calcanhares dos


glúteos, de seguida realiza-se uma orientação dos pés para fora (rotação externa), enquanto
que os joelhos se mantém próximos. De seguida as pernas realizam um movimento
combinado de rotação, extensão e união novamente dos MI na parte final da pernada.

Vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=dWS89EMunTQ

Ação dos membros superiores

O movimento dos MS é semelhante à de um círculo na água. Após o final do deslize (provocado pela ação dos
MI) o nadador deverá orientar os seus MS para fora (Ação Lateral Exterior), para baixo (Ação Descendente),
para dentro (Ação Lateral Interior) e para a frente (Recuperação).

Vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=sBcmQI_6Yos

Sincronização dos membros superiores com membros inferiores

Ao nível da sincronização braçada - pernada, deverá ocorrer 1 pernada por ciclo gestual de braçada.

Vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=WVxbgMnp2Cc

6 – Análise da técnica de Mariposa


Definição

Técnica de nado ventral, simultânea, simétrica e descontínua, com o corpo o mais horizontal possível durante as
fases mais propulsivas do ciclo gestual.

Posição do corpo

Posição o mais horizontal possível, cabeça natural no prolongamento do tronco. Movimento ondulatório durante o
nado, fazendo coincidir a posição mais horizontal nas fases mais propulsivas da braçada.
Ação dos membros inferiores

A pernada de Mariposa é caracterizada por 2 fases:

- Fase descendente - Após os pés terem atingido a superfície. Inicia-se com flexão da anca e segue com
extensão vigorosa para baixo dos joelhos e tornozelos. Pés em rotação interna e flexão plantar.

- Fase ascendente - Inicia-se a nível da anca, após a ação descendente, com os pés em posição natural,
até atingir o alinhamento do corpo.

Vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=TmwpzA0EvJQ

Ação dos membros superiores

Após a entrada das mãos na água, elas realizam um movimento para fora (Ação Lateral Exterior), para baixo
(Ação Descendente), para dentro (Ação Lateral interior) e para trás em direção à superfície da água (Ação
Ascendente).

Vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=y3zjePEg4nA

Sincronização MS – MI

Ao nível da sincronização braçada – pernada, ocorrem 2 batimentos por cada braçada. O primeiro batimento
ocorre quando as mãos entram na água à frente da cabeça (Entrada) e o segundo batimento ocorre quando o
nadador se encontra a realizar a puxada da água para trás (Ação Ascendente).

7 – Partidas
As partidas poderão ser classificadas em ventral e dorsal, sendo que ambas são divididas em 5 fases:

- Posição inicial (definida entre o sinal para os nadadores se colocarem em cima do bloco e o sinal de partida)

- Impulsão (reação ao sinal de partida)

- Voo (trajetória aérea do corpo)

- Entrada na água (momento de contacto com o plano de água)

- Deslize (momento de imersão antecedendo o início de nado)

Ventral
Quando a partida se faz da parte superior do bloco de partida.

https://www.youtube.com/watch?v=Bsr8QvaaGso

Dorsal
Quando se verifica uma imersão parcial do corpo, com as mãos nas pegas do bloco e os pés apoiados na
parede testa. O corpo deve estar engrupado, a cabeça em flexão cervical e os MI e MS fletidos.

https://www.youtube.com/watch?v=bji7HtgM_WQ

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