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2255 - PROTOCOLO DE RESÍDUO GÁSTRICO EM TERAPIA INTENSIVA

[1] -sonia R. De O. E S. De Souza


[2] -maria T. C. Gonçalves
[3] -caroline N. Ferreira
[2] -leni F. Hirabae
[3] -claudia A. Silva

Resumo

A verificação do resíduo gástrico é imprescindível para prevenção de regurgitação e aspiração pulmonar


nos pacientes críticos internados em unidade de terapia intensiva. Dessa forma, os enfermeiros
intensivistas, juntamente com os médicos do suporte nutricional de um hospital universitário, decidiram
por implementar um protocolo de mensuração de resíduo gástrico e avaliar as ocorrências em sua
aplicabilidade, entendendo que o rigoroso cuidado da enfermagem na administração da dieta e na
monitorização dos pacientes pode reduzir ou mesmo anular a incidência de aspiração pulmonar. Os
objetivos do estudo foram: Verificar o quantitativo de pacientes que apresentam intolerância digestiva
alta; Descrever a necessidade de alterações no curso da dieta enteral; Identificar o número de pacientes
que necessitaram utilizar o pró-cinético emergencial. Material e Método: estudo exploratório descritivo
com abordagem quantitativa. A amostra foi constituída por 33 pacientes no período de setembro 2003 a
março de 2004, perfazendo um total de 304 dias consecutivos de acompanhamento. A avaliação do
volume de resíduo gástrico deve estar incluída entre os cuidados de prevenção destinados ao paciente
crítico, uma vez que a gastroparesia e suas conseqüências podem ser causadoras de grandes danos para o
paciente grave. Por esta razão, a mensuração regular do resíduo torna-se necessária, sobretudo naqueles
que recebem suporte nutricional. Asseguram-se assim, as precauções associadas a broncoaspiração.
Discorrendo sobre o tema, alguns estudiosos afirmam que a intolerância digestiva alta fica entre 10 e 50
% dos pacientes em suporte enteral na terapia intensiva, e o risco parece não diminuir com o tempo,
justificando a continuidade da vigilância sobre a dieta oferecida. Isto posto, considera-se, fundamental
estar alerta em unidades críticas, a situações em que pacientes graves têm alterações freqüentes e súbitas
no quadro clínico e que, se imediatamente identificadas, auxiliam na recuperação dos mesmos , evitam
seu desconforto e, sua morte. A avaliação da aceitação da nutrição enteral pode ser feita examinando-se a
tolerância gastrintestinal, a distensão abdominal, a diarréia, e o esvaziamento gástrico que, quando estiver
maior que 200 ml a cada 4 horas, indica esvaziamento diminuído. As complicações mais freqüentes da
alimentação enteral são as gastrintestinais. Quando se utilizam técnicas de administração adequadas, as
distensões abdominais e as náuseas aparecem com pouca freqüência. A regurgitação e a aspiração
pulmonar são as complicações mais temidas. Quanto as complicações metabólicas mais freqüentemente
descritas, constatamos a hipercalemia; hiperglicemia; hipofosfatemia. Vale destacar que em nosso estudo
avaliamos apenas as alterações de glicemia. Reconhecendo, que cabe aos enfermeiros o acompanhamento
direto dos cuidados prestados aos pacientes de alta complexidade, no ano de 2002 implementamos o
protocolo de controle residual. Após um período de utilização, foi realizada a validação da eficácia
através dos resultados positivos para os pacientes. O protocolo é uma ajuda à decisão dos profissionais
envolvidos em sua aplicação, o protocolo também é utilizado como base para a elaboração de critérios de
avaliação da qualidade dos cuidados e para a realização de pesquisas na área organizacional. Os
resultados mostraram que prioritariamente os pacientes utilizaram sonda do tipo Dobbhoff, localizada em
nível gástrico. Em relação ao resíduo, 18 ( 54,5 %), pacientes apresentaram intolerância gástrica, sendo
necessário a redução do volume de infusão 63 vezes. Quanto a administração do pró-cinético emergencial
foi indicado 58 vezes em 18 pacientes. Em relação a distensão abdominal, percebemos no estudo que
apenas 12 vezes essa complicação esteve presente em 04 pacientes. Apenas um paciente precisou alterar o
posicionamento da sonda gástrica para pós- pilórica. Em relação a manter a sonda em sifonagem tivemos
em 06 pacientes a necessidade presente em 13 momentos. Vale ressaltar que 100 % dos pacientes tinham
prescrição regular de pró-cinético. Merece destacar que dos 33 pacientes do estudo apenas 01 evoluiu
para Nutrição Parenteral Total. Constatamos que o trabalho direcionado com um protocolo, define os
cuidados a serem dispensados e as práticas a serem evitadas. Longe de ser normativo, deixa liberdade
para que a terapêutica seja adaptada ao estado de saúde do paciente. Não podemos deixar de mencionar
que inicialmente a aceitação do protocolo pela equipe foi difícil e com muitas contestações por parte da
equipe de enfermagem. Porém, após a implementação e realização de treinamento através da educação
continuada esta resistência foi reduzida e atualmente observa-se uma adesão de 100% dos profissionais
que compreendem a importância deste procedimento para a qualidade da assistência. Em nosso serviço a
mensuração é prescrita pelo enfermeiro e realizada pela equipe de enfermagem a cada 06 horas ou a cada
04 horas de acordo com a avaliação do enfermeiro, sendo registrada em impresso de prescrição de
enfermagem.Quando o resíduo é menor que 100 ml, mantemos a infusão normal e devolvemos para o
paciente o volume aspirado. Em caso de resíduo maior de 100 ml e menor de 150 ml, devolvemos o
volume aspirado; mantemos a infusão planejada, e administramos o pró-cinético. Nos casos de um
volume maior de 150 ml e maior de 300 ml, desprezamos o resíduo, reduzimos a infusão em 50 %;
administramos o pró-cinético e reavaliamos o resíduo em 04 horas. Quando o volume é igual ou maior de
300 ml, desprezamos e interrompemos a infusão por 04 horas. Persistindo o mesmo volume indica-se a
sonda pós-pilórica. Concluímos: que a avaliação do volume de resíduo gástrico deve estar incluída entre
os cuidados de prevenção destinados ao paciente crítico. Sendo de relevância para prevenir regurgitação,
aspiração pulmonar, redução das obstruções e deslocamentos espontâneos das sondas gástricas. Dessa
forma, assegura que é um procedimento simples, porém, eficaz em manter uma taxa de broncoaspiração
em 0 %. Esse trabalho aponta para a prevenção de broncoaspiração como um indicador de qualidade
significativo na redução de hospitalização e possíveis complicações do paciente crítico , merecendo por
parte dos enfermeiros a busca cada vez maior de uma assistência sem risco.

Referências Bibliográficas

BONNERY, A.M. et al. Protocolo Assistencial: Métodos e Estratégias. Rio de Janeiro: 2002
( mimeografado); CUPPARI, L. Guia de Nutrição: Nutrição clínica no adulto,Barueri, SP : Manoele,
2002.

Notas de Rodapé
[1] -Prof. Assistente da Faculdade de Enfermagem da UERJ e Enfermeira Chefe do CTI-Geral do HospitaL Universitário Pedro Ernesto/
UERJ; End. Rua Tomás Lopes, 995/302 –Vila da Penha
Cep. 21221-210
[2] -Enfermeiras do Hospital Universitário Pedro Ernesto/ UERJ;
[3] -Enfermeira Residente do Programa de Enfermagem Intensiva

Creutzberg M, Funck L, Kruse MHL, Mancia JR, organizadores. Livro-Temas do 56º Congresso Brasileiro de Enfermagem; Enfermagem
hoje: coragem de experimentar muitos modos de ser [livro em formato eletrônico]; 2004 Out 24-29 [capturado 09 Dez de 2009]; Gramado
(RS), Brasil. Brasília (DF): ABEn; 2005. Disponível em: http://bstorm.com.br/enfermagem. ISBN 85-87582-23-2

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