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A (Re) Construção Do Indivíduo: A Sociedade de Consumo Como "Contexto Social" de Produção de Subjetividades
A (Re) Construção Do Indivíduo: A Sociedade de Consumo Como "Contexto Social" de Produção de Subjetividades
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uma forma dissimulada da individualidade, ou mesmo uma pseudoexpresso desta, tal como formulado, por exemplo, no pensamento
de Adorno.
Para Adorno, ao se criar um sistema massificado da cultura
pela mercadificao dos bens culturais, a indstria cultural
produziria, simultaneamente, a padronizao e homogeneizao
do gosto e das escolhas, retirando desse processo qualquer forma
de expresso subjetiva do indivduo. Tal processo, no entanto, no
se apresentaria de forma visvel aos homens. Ao contrrio, sua
realizao real pressupe, dialeticamente, sua negao simblica. E
a exatamente que a meno ao indivduo se tornaria a condio de
sobrevivncia do sistema enquanto mecanismo de ocultamento de
sua real dinmica de padronizao e massificao.10
A questo de fundo, no entanto, e que nos parece central
na compreenso de todo o processo, estaria ligada a uma outra
perspectiva, que remete ao processo de vivenciao simblica da
individualidade.
Parece-nos imprescindvel ter em conta que, antes de tudo,
o indivduo uma construo social da modernidade. E, como
tal, no se refere, de modo ingnuo e trivial, a um sujeito de carne
e osso dotado de uma liberdade total, mondica, gerada por sua
racionalidade. Antes, o indivduo se caracteriza como um ideal
moderno. Sua vivenciao simblica, nos parece, um ato de
sua realizao, talvez mesmo a sua possibilidade mais efetiva de
existncia.
Deste modo, a crtica deflagrada perda da individualidade
ou, ao menos, sua supresso no decorrer do desenvolvimento da
modernidade e de suas macro-estruturas parte de um pressuposto:
a existncia de um indivduo real, de uma subjetividade purificada
e constituda a priori, no limite, uma subjetividade constituda exante, num plano quase transcendente.
Sociedade e Estado, Braslia, v. 23, n. 1, p. 137-160, jan./abr 2008
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Notas
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