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NEO‐ATEÍSMO – A NOVA FACE DOS INIMIGOS DE DEUS.
Por Fabio Marchiori Machado
Tão antigo quanto o conhecimento de Deus é a negação da existência Dele. Isto é o
ateísmo.
Estou extasiado em escrever este estudo. O que poucos sabem é que antes da minha
conversão, quando tinha 18 anos de idade, eu era um feroz defensor das teorias ateístas. Sim,
sou um ex‐ateu, renovado pelo sangue de Jesus. Lembro daquela época com certa dose de
tristeza, contudo sou convicto que todas as coisas que passei, falei e construí colaboraram
muito para que hoje eu tenha uma fé extremamente fortalecida.
Não tenho a pretensão de contar minha história neste estudo, mas sim mostrar o quão
perigoso é o movimento dos novos ateístas para o futuro da crença religiosa no nosso país e no
mundo.
Sei que a ameaça do ateísmo é algo que parece estar longe, pelo menos para a maioria
dos cristãos brasileiros. Vivemos atualmente uma explosão da prática religiosa, tanto
evangélica, como de católicos carismáticos. Infelizmente este crescimento não afasta o perigo
em si. O ateísmo é algo crescente no Brasil, da maneira mais perigosa possível, ou seja, a
implícita. Como um câncer não detectado, que vai matando a pessoa silenciosamente, assim é
o ateísmo implícito incutido, principalmente, na mente de jovens universitários. Muitos hoje
são os que têm pensamento ateísta, de maneira tácita. Só não se deram conta que são ateístas
de fato. Esta é a obra de maestria que o neo‐ateísmo produz nos dias de hoje.
1. DEFINIÇÃO.
O ateísmo é uma posição ideológica em relação à crença em divindades de qualquer
espécie. A palavra “ateu” origina‐se do grego atheos (ἄθεος), que na sua formação apresenta o
prefixo “a”, indicando a “ausência de”, mais a palavra “theos”, com o significado generalista de
“deus”. “Ausência de deus” é o sentido literal para “ateu”. Entretanto, o mais usualmente
aceito é que o termo “ateu” denote um “sem deus”.
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Por não ser uma filosofia, o ateísmo não deve ser confundido com outras correntes. Não
podemos considerá‐lo como filosofia em decorrência de algumas pressuposições relacionadas:
‐ a ausência de dogmas.
‐ a falta de um comportamento padrão dos seus adeptos.
‐ e por fim, a não inexistência de regras para gostos, posições políticas, conceitos
morais e etc.
Nesta confusão entre filosofia e ideologia, muitos são os que colocam o ateísmo
intimamente relacionado ao budismo e ao satanismo. Isto pode ser considerada uma falha
terrível. No caso do budismo, mesmo não existindo a figura de deuses, não podemos dizer que
todo budista é um ateísta. O budismo apresenta‐se como uma filosofia, com seus dogmas
religiosos e regras comportamentais. Muitas vezes o budista se vê como um próprio deus.
Concordo, no entanto, que uma linha tênue separa as duas correntes.
Agora, no caso do satanismo não há como pairar nenhuma dúvida. Não é por que um
satanista adora a Satã (diabo), e este é inimigo declarado de Deus, que podemos afirmar que tal
é ateísta. No satanismo existe a concordância em relação a existência de um ser espiritual, um
deus (Satã), e isto logo coloca o satanismo em oposição ao ateísmo.
2. A HISTÓRIA DO ATEÍSMO
Muito pouco se conhece da história do ateísmo, e as razões são óbvias. Durante muitos e
muitos séculos, os ateístas foram vistos como um mal na sociedade, uma moléstia que deveria
ser aniquilada. Tanto é verdade que muitos reformadores cristãos, como Calvino, condenaram
vários ateus à morte. Muitos deles morreram queimados em fogueiras, devido a sua falta de fé
em Deus.
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Definição feita por Thomas Henry Huxley numa reunião da Sociedade Metafísica Britânica, em 1876.
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Os primeiros registros explícitos de comportamentos ateístas datam do século V a.C.
Já na Bíblia, temos a primeira nuance da existência de pessoas que não acreditavam em
Deus no livro Salmos, nos textos de 10.4, 14.1 e 53.1. O salmista apresenta o ateu como um
insensato. Veja o texto:
Salmos 14:1
1
Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem‐se e praticam abominação; já não há
quem faça o bem.
No texto do Novo Testamento, conseguimos ver mais vezes apresentadas o combate a
ideologia ateísta. Um trecho muito importante neste sentido encontra‐se em Rm 1.18‐27.
Nesta pequena porção bíblica, Paulo discorre sobre um ateísmo implícito, travestido de
idolatria. Afirmamos isso por causa da estrutura do seu discurso. Era muito comum na retórica
grega uma argumentação ser composta de antítese e síntese, concluindo com uma tese. Na
retórica grega Paulo foi instruído e fez uso sua vida toda, bem como todos os pensadores de
sua época, gregos ou não.
Paulo começa este trecho com a defesa da existência de Deus (antítese), mesmo que no
segundo plano ele diga que os homens são idólatras (síntese). Podemos crer que Paulo
considera idólatras aqueles que não acreditam em Deus, pensando estes ser a humanidade o
centro da existência. Acredito que só se defende algo na ocorrência de uma oposição direta, ou
seja, o autor de Romanos refuta o pensamento da não existência de Deus, mostrando os
atributos incontestáveis Dele através da criação. Por fim, expõe qual o destino daqueles que
não acreditam nesse Deus (tese).
Um dos pontos chaves aparece quando Paulo aponta o comportamento humanista de
seus opositores dizendo: “...inculcando‐se por sábios, tornaram‐se loucos e mudaram a glória
do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível...” (Rm 1.22‐23a). O
humanismo, que é o movimento ideológico que coloca o homem com centro e razão de todo
universo, é uma das caracterísitica mais marcante do ateísmo.
O ateísmo manteve‐se em silêncio em boa parte da história. Ele só desponta como
conceito em 1568, em decorrência da publicação do dicionário Oxford, que traz consigo a
definição de ateu. Ganha força com o Iluminismo e começa a fazer parte da vida das pessoas
com o comunismo e socialismo do seculo XX. Os regimes comunistas, principalmente a extinta
União Soviética, procuram eliminar qualquer prática religiosa por entendê‐las como algo
prejudicial ao sistema socialista. Este pensamento vem em decorrência dos escritos de Karl
Marx, que acreditava que a crença em Deus era o “ópio do povo”.
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A partir de meados da década de 60, do século XX, a visão que as pessoas tinham acerca
do ateísmo passa por uma imensa transformação. O ateísmo começam a usufruir de uma áurea
de agrababilidade cultural e intelectual, com a popularização dos escritos de Nietzche, e
também, devido a crescente secularização dos meios políticos e acadêmicos no mundo. Desta
atmosfera favorável surge o que conhecemos hoje como os neo‐ateístas.
3. QUEM SÃO OS NEO‐ATEÍSTAS
Nós vivemos em um contexto histórico muito diferente dos nossos antepassados na fé.
No tempo de Martinho Lutero, na conhecida Idade Média, a relação Homem X Deus e Homem
X Eternidade era bem diferente da ocorrida nos nossos dias. Uma pessoa comum na Idade
Média tinha seus pensamentos ocupados o dia inteiro pela questão da eternidade. Neste
período, ninguém tinha a garantia se terminaria o dia vivo, ou se depois de dormir acordaria no
céu ou no inferno. Sabemos que para morrer, basta estar vivo, mas hoje temos muito mais
garantias. Na Idade Média a expectativa de vida de uma pessoa não passava dos 30 anos.
Muitos morriam em decorrência de saques, guerras, doenças contagiosas e outras coisas
semelhantes.
Com os avanços socioeconômicos e tecnológicos, a humanidade teve a soberba apoiada
na sua autosuficiência elevada. Atualmente, temos uma medicina desenvolvida que nos garante
uma vida longínqua, uma certa garantia de que ninguém vai nos matar por besteira, controles
sanitários e etc. Esta suposta segurança foi o ambiente perfeito para o surgimento do
movimento neo‐ateísta.
Como já vimos anteriormente, ser ateu era algo muito mal visto pela sociedade.
Entretanto, a pós‐modernidade destruiu este estigma do ateísmo. A partir deste ponto, o
ateísmo tornou‐se algo tolerado e até mesmo valorizado.
Graças a esta tolerância, os novos ateístas começam a ter mais liberdade para expor seus
pensamentos através de livros, revistas, jornais, programas de televisão, documentários e etc.
Os neo‐ateístas apresentam mais pontos de objeção à fé do que os ateístas do passado.
Os precursores do ateísmo tinham sua batalha focada na não existência de nenhuma divindade.
Os neo‐ateístas, por sua vez, alargaram as fronteiras do pensamento. Suas ponderações vão
além da existência de Deus ou não. Dois novos aspectos são englobados no portfólio ateísta:
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‐ O combate ao teísmo religioso – Os neo‐ateístas têm toda a sua artilharia mirada não
somente na existência de Deus, mas também nas religiões.
Além disso, acreditam que toda fé em Deus é má e que leva as pessoas aos atos mais
absurdos. Ainda mais, crêem que o teísmo (a fé em um deus) levará o mundo como
conhecemos hoje a destruição. O filme “O Livro de Eli” mostra bem o que acontecerá com o
mundo se os neo‐ateístas estiverem certos. No filme a sociedade como conhecemos hoje é
destruída por causa de guerras religiosas. Os sobreviventes enxergam que todo mau veio ao
mundo por causa da fé. Em decorrência disso, queimam todos os exemplares da Bíblia
existentes no mundo. Veja mais no artigo “Assista ao filme O Livro de Eli” no BereiaBlog2.
Por fim, devemos dizer que o centro do discurso neo‐ateísta está fundamentado em três
pilares principais:
Para os materialistas, os fenômenos devem ser explicados não por mitos
religiosos, mas pela observação da realidade. A matéria é a substância de
todas as coisas4.
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Assista ao filme “O Livro de Eli” – Fabio Marchiori Machado ‐ http://lombel.com.br/bereiablog/?p=428
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Site Brasil Escola ‐ http://www.brasilescola.com/literatura/o‐naturalismo.htm ‐ acessado em 06/10/2010
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Site Algo Sobre ‐ http://www.algosobre.com.br/sociofilosofia/materialismo.html ‐ acessado em 06/10/2010
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Com as definições acima, é fácil perceber que para os neo‐ateístas não há a menor
necessidade de uma divindade que seja responsável pela vida terrena.
4. A SUA MISSÃO
A relação dos neo‐ateístas com o mundo está atrelada ao que eles denominam por
“crença”. Para os novos ateístas, a sua grande missão é libertar o mundo da opressão da
religião, por causa da existência da crença. Para tal, utilizam estratégias “evangelísticas” para
propagar a sua mensagem ao mundo. Eles, sabiamente, atacam em duas frentes.
A primeira delas é destruir a fé daqueles que crêem em Deus. É importante ressaltar que
os neo‐ateístas, ao contrário dos ateístas históricos, toleram certo tipo de espiritualidade, como
o budismo, algumas doutrinas espíritas, esoterismo e outros. No entanto, apresentam
tolerância zero com o que eles chamam de “eixo do mal”, a saber, a três grandes religiões
monoteístas: ‐ O judaísmo, o islamismo e, principalmente, o cristianismo.
A sua estratégia é muito bem elaborada e com uma grande porção de verdade,
infelizmente. O novo ateísmo prega que exterminar a crença hoje será muito mais fácil do que
no passado. Com o advento da Reforma Protestante e o desenvolvimento do islamismo, os
crentes passaram a ter a sua relação de fé direta com Deus, ou seja, a crença da pessoa estava
fundamentada em Deus. Com o surgimento do radicalismo islâmico (xiitismo) e das
proliferações de inúmeras denominações evangélicas, os neo‐ateístas perceberam uma
mudança no foco da fé. Hoje eles acreditam que as pessoas têm mais relação com a sua religião
do que com o seu Deus. É o que eles intitulam de “crença na crença”. Não podemos dizer que
eles estão totalmente errados na sua análise. Olhemos para o nosso “arraial”. Perceberemos
que é muito corriqueiro encontrar evangélicos que seguem cegamente o que o seu pastor
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Site Sua Pesquisa ‐ http://www.suapesquisa.com/o_que_e/humanismo.htm ‐ acessado em 07/10/2010
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prega, mesmo que o discurso seja totalmente o contrário do que a Bíblia diz. Acreditar mais no
pastor, ou na igreja, do que na Palavra de Deus é ter sua fé colocada “na crença”.
A segunda frente de batalha que nos referimos está no incentivo para que o ateu “saia
do casulo”. Eles desejam que os próprios ateus confessem publicamente a sua incredulidade.
Algumas ações são tomadas neste sentido como, por exemplo, uma maciça campanha
publicitária na Inglaterra, com outdoors, panfletos e outros meios de mídia (abordamos este
assunto no artigo “A Triste Secularização na Europa”, no BereiaBlog6). Outro meio adotado são
palestras e debates em universidades, principalmente nos Estados Unidos. O You Tube está
recheado de vídeos de palestras e debates promovidos, por exemplo, por Christopher Hitchens.
Existem, no entanto, alguns movimentos curiosos. Um deles é o promovido por Edwin
Kagin, um autointitulado líder ateísta, que “desbatiza” pessoas batizadas na infância. Para isso
usa um secador de cabelos para eliminar, simbolicamente, a água derramada no ato de
batismo. Os participantes da cerimônia ganham ainda uma “certidão de desbatismo”. Além de
propagar a cerimônia de desbatismo, Kagin, que é formado em direito, busca conseguir a
criminalização da educação religiosa infantil. Ironicamente, um dos filhos de Edwin Kagin, é um
pastor cristão fundamentalista.
5. OS 4 CAVALEIROS DO APOCALIPSE NEO‐ATEÍSTA
São muitos os nomes proeminentes dentro do universo neo‐ateísta. Entanto, existem
quatro senhores que se destacam dentro os demais, principalmente devido aos seus livros e
artigos em revistas e jornais. São eles Richard Dawkins, Sam Harris, Christopher Hitchens e
Daniel Dannett. Eles são conhecidos no meio teológico como Os Quatro Cavaleiros do
Apocalipse Neo‐Ateísta.
Richard Dawkins é certamente o mais famoso de todos. Nascido em Nairobi, Quênia,
em 26 de março de 1941, é um notável biólogo evolucionista e conhecido escritor de
divulgação científica. Dawkins é professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ele é
conhecido principalmente pela sua visão evolucionista centrada no gene, exposta em seu livro
O Gene Egoísta, publicado em 1976. O livro também introduz o termo "meme", o que ajudou
na criação da memética. Este livro é considerado a bíblia de todo estudante de ciência ateísta.
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http://lombel.com.br/bereiablog/?p=314
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No entanto, o livro de maior expressão de R. Dawkins é Deus, um Delírio, obra que tenta
divulgar correntes como o ateísmo, ceticismo e humanismo. O livro já vendeu mais de 110
milhões de exemplares em todo o mundo. É reconhecido como um dos maiores intelectuais da
atualidade. Em enquete realizada pela revista Prospect em 2005, Richard Dawkins ficou com a
terceira posição de maior pensador mundial, atrás somente de Umberto Eco e Noam Chomsky.
Por sua intransigente defesa à teoria de Darwin, recebeu o apelido de "rottweiler de Darwin".
Sam Harris nasceu em 1967, nos EUA. É um escritor, filósofo, e neurocientista
americano. É o autor de A Morte da Fé, coroado com o prêmio PEN/Martha Albrand em 2005.
Este livro é uma crítica aberta e sarcástica a fé em Deus. Escreveu, também, o livro Carta a Uma
Nação Cristã como resposta elaborada às críticas que o livro anterior recebeu. Em 2009, ele
completou o seu doutorado em neurociência na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
Harris afirma que Deus é um monstro, principalmente o Deus da Bíblia, e que seria uma
insensatez colocar sua fé Nele e, muito menos, amar um Deus assim. Ele defende que este tipo
de comportamento corrompe o homem. Harris preocupa‐se que muitas áreas da cultura
americana estão danificadas pelas opiniões que são guiadas pelo dogma religioso. Conhece‐se
pouco a cerca da vida de Harris. O mesmo protege suas informações pessoais, alegando
questões de segurança, já que se diz constantemente ameaçado de morte por
fundamentalistas cristãos.
Christopher Hitchens nasceu em 1943, na Inglaterra. Atualmente vive em Washington,
EUA. Como Dawkins, teve formação religiosa quando criança na igreja anglicana. Fez fama
como comentarista político e social, escrevendo para revistas de grande renome mundial como
Vanity Fair, The Nation, Harper's, e The New Yorker. No Brasil, Hitchens é colunista da Revista
Época. Depois dos ataques terroristas de 11/09, Hitchens teve a sua vida impactada. Começou a
enxergar a religião como um mal mundial, principalmente o islamismo. A partir destes
acontecimentos, tornou‐se um dos mais proeminentes defensores do moderno ateísmo. Em
2007 lança a sua obra ateísta mais famosa, Deus não é Grande – como as religiões envenenam
tudo. Ele é humanista e anti‐teísta, e descreve‐se como um crente nos valores filosóficos do
Iluminismo. Seu principal argumento é o de que o conceito de Deus, ou de um ser supremo, é
uma crença totalitária que destrói a liberdade individual, acreditando que a livre expressão e a
investigação científica deveriam substituir a religião como um meio de ensinar ética e definir a
civilização humana. Christopher tem um irmão, Peter Hitchens, que é considerado um grande
nome nos meios de comunicações cristãos.
Daniel Dannett nasceu em Boston, EUA, em 1942. Viveu os primeiros anos de sua vida
em Beirute, onde seu pai trabalhava como agente infiltrado. Depois da morte inexplicável de
seu pai, em 1947, retornou aos EUA com sua família. Em 1963 formou‐se em filosofia na
Universidade de Harvard. Em 1965 completou seu doutorado em filosofia em Oxford. A grande
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missão abraçada por Dannet é mostrar que a própria teoria da evolução, sozinha, explica a
formação da consciência humana. Assim como Dawkins, Dennet é totalmente comprometido
com a idéia que o evolucionismo explica tudo na existência. Dennett deu palestras na
Universidade de Oxford, em 1983; em Adelaide, na Austrália, em 1985, e em Michigan, em
1986, entre muitas outras. Em 2001 foi premiado com o Prêmio Jean Nicod. Recebeu duas
bolsas Guggenheim, uma bolsa Fulbright e uma bolsa do Centro de Estudos Avançados em
Ciência Comportamental. Ele foi eleito para a Academia Americana de Artes e Ciências, em
1987. Ele é um humanista premiado da Academia Internacional de Humanismo. A Associação
Humanista Americana outorgou o título de Humanista do Ano 2004. Em 2006 lançou o livro
Quebrando o Encanto: a Religião como Fenômeno Natural, marcando de vez sua entrada para o
grupo dos neo‐ateístas.
6. AS 8 CARACTERÍSTICAS DO NEO‐ATEÍSMO
Depois de uma análise criteriosa na produção literária neo‐ateístas, nós podemos
verificar que boa parte das idéias defendidas pelo grupo apresenta um conjunto de
características similares. Nós vamos elencar oito características que distinguem os novos
ateístas das outras formas de ateísmo histórico. Estes oito pontos são um desafio a cristandade.
São eles:
I. Uma Ousadia Sem Precedentes – Ao contrário dos seus antecessores, os neo‐
ateístas não poupam esforços, e nem voz, para mostrar ao mundo as suas
teorias. Uma das táticas usadas é a de envergonhar as pessoas que professam
algum tipo de fé, principalmente as que não são firmes, com a intenção de
convencê‐la que crer em Deus é uma grande tolice.
II. Uma Rejeição Específica ao Deus da Bíblia – Até meados do século XX, a rejeição
ateísta era a qualquer tipo de teísmo, ou seja, qualquer tipo de crença em um
deus, não especificando nenhum. Atualmente, a rejeição está focalizada no Deus
da Bíblia, principalmente, o oriundo da cosmovisão cristã. Os novos ateístas
defendem a idéia que é perversidade crer no Deus da Bíblia. Argumentam que se
o Deus da Bíblia é o Criador, Ele precisa assumir a responsabilidade e o
gerenciamento desta criação. Dois pontos são fundamentais nesta forma de
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acreditam no Big Bang (teoria evolucionista). Eles enxergam estes números como
uma grande e inexplicável derrota.
V. Não Toleram Formas de Crenças Cristãs Moderadas e Liberais – No século XX, o
mundo cristão experimentou os efeitos do liberalismo teológico que, entre
outras coisas, buscou acomodar as questões dá fé a nova ordem cultural
reinante. Pontos sobrenaturais do cristianismo – milagres, ressurreição,
inspiração das Escrituras, inferno, Diabo – foram suprimidos, criando assim
comunidades cristãs amenas doutrinariamente. Todo este movimento era muito
bem visto, e até mesmo incentivado, pelos antigos ateístas. Eles viam no
liberalismo teológico o enfraquecimento da fé, o que de fato não deixava de ser
verdade. Os novos ateístas romperam significativamente com este paradigma,
pois entedem que esta fé mais moderada cria um aspecto de agradabilidade
perante a sociedade. Em suma, uma comunidade cristã liberal não choca
ninguém com seu discurso. O perigo, dizem os neo‐ateístas, é que esta imagem
de “bom moço” das igrejas liberais acaba por dar coberturas às ações dos
verdadeiros crentes em Deus. Os fundamentalistas passariam despercebidos em
suas ações, sendo ocultados pela popularidade dos grupos moderados. O que
para o antigo grupo era parte da solução, tornou‐se para o novo, uma parte
importante do problema.
VI. Ataque Claro a Tolerância Social – Os adeptos do novo ateísmo acreditam que
toda liberdade ilimitada de expressão e opinião, invariavelmente, acaba
tomando forma de um grande perigo social. Isto porque pensam que a liberdade
de opinião leva a liberdade de culto, o que resulta em um fortalecimento
descabido das religiões. Uma boa parte deles prega o controle severo do estado
nos meios de comunicação. Alguns, como Sam Harris, acreditam que chegou a
hora de acabar com a tolerância religiosa, pois tal trouxe ao mundo experiências
muito custosas.
VII. São Contra a Educação Religiosa por Parte dos Pais – Psicólogos e pedagogos são
quase unanimes em afirmar que o caráter de um ser humano pode ser
solidamente fundamentado até os sete anos de idade. É nos sete primeiros anos
de vida que o ser humano agrupa informações, que fornecerão parâmetros para
a construção da sua maneira de ver, entender e interagir com o mundo na fase
adulta. Os novos ateístas sabem disso, e vêem nesta fase da vida uma
oportunidade de minar por completo o campo de batalha. A melhor maneira de
destruir uma nação é eliminar a identidade da geração futura. É isso que fez o
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reino da Assíria com o povo de Israel, o reino do norte. Obrigaram o povo
israelita a se miscigenar através de casamento com os assírios. Assim em duas
gerações não existia mais a identidade de raça do reino do norte. Neste sentido,
os neo‐ateístas querem transformar o conceito da educação religiosa realizado
pelos pais aos seus filhos, num caráter de abuso infantil. Almejam criar a
singularidade de personalidade na criança. A lógica é que uma criança não
educada nos preceitos religiosos dos seus pais seria mais facilmente convencida
quando adulta nas ideologias ateístas. Eles chamam isso de “liberdade”.
VIII. Pregam a Eliminação Total de Qualquer Religião Institucionalizada – Eles crêem
que a humanidade somente será completamente livre e feliz, a partir do dia que
ela for liberta do julgo opressor de Deus e das religiões. Acreditam que somente
com a inexistência das restrições imposta pela fé é que a humanidade alcançará
o pleno desenvolvimento.
7. OS NEO‐ATEÍSTAS E O MUNDO
O ateísmo tem seu “grande publico” no continente asiático, e uma boa parte disso é
devido ao domínio de filosofias espiritualistas, e pela grande influência e perseguição de
governos comunistas totalitário. O ateísmo vem crescendo muito no mundo inteiro, fruto do
trabalho dos modernos ateístas. O único continente que parece intocado é o Africano. No
entanto, o atual berço de ouro do ateísmo é a Europa.
Ateísmo no mundo – Quanto mais escuro o país, maior o número de ateistas
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Nos últimos 100 anos os ateístas cresceram 7.547 % na Europa. É o maior índice
mundial. Desde janeiro de 2009 os ônibus de Londres estão autorizados a circular com
propaganda cética, como da foto abaixo:
There's probably no God. Now stop worrying and enjoy your life (Provavelmente não existe um deus. Pare de se preocupar e
aproveite a vida — tradução livre)
A França e o Reino Unido são o epicentro deste movimento. Na Inglaterra escolas,
hospitais e locais públicos foram proibidos de ter crucifixos pendurados em suas paredes,
mesmo em instituições particulares cristãs.
Porcentagem de pessoas que acreditam em Deus, por país. Quanto mais claro, menor a crença
A fé na Europa, em números, diz que menos de 5% da população européia vai à igreja, e
dentro deste percentual incluem‐se os católicos. Apenas 3% deste público frequenta cultos
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regularmente. Destes 3% de frequentadores, metade são negros. Note que apenas 5% da
população européia é negra. Ainda mais, somente 1% da população considera Jesus Cristo
como modelo de vida. Até Michael Jackson é mais bem visto7.
Atualmente a popularidade de uma igreja na Europa é medida somente pelo número de
turistas japoneses, e suas máquinas fotográficas, que as visitam.
8. A REAÇÃO CRISTÃ AO ATEÍSMO
Outro importante combatente é Alvin Plantinga, um dos maiores filósofos cristãos das
últimas décadas. Plantinga foi um dos grandes responsáveis pelo ressurgimento do teísmo
cristão no âmbito filosófico profissional nos últimos anos. Seus trabalhos em filosofia da religião
e epistemologia causaram verdadeiras revoluções nas respectivas áreas. Lecionou por quase 20
anos em sua alma mater, o Calvin College. Atualmente ocupa a cadeira John A. O'Brien de
filosofia na Universidade de Notre Dame, onde se encontra um dos maiores departamentos de
filosofia dos EUA, e sede do Centro de Filosofia da Religião, o mais importante da América do
Norte. Foi vice‐presidente da Associação Americana de Filosofia, Divisão Central, entre 1980‐81,
e presidente da Sociedade dos Filósofos Cristãos (EUA), de 1983 a 1986.
Seus trabalhos mais importantes giram em torno da epistemologia em geral e
epistemologia da religião cristã. Pressupõe a noção de que o "aparelho" humano de formação
de crenças é basicamente adequado. Plantinga apresenta uma crítica detalhada do
fundacionalismo clássico, das diversas formas de coerentismo e de confiabilismo, e fornece
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Trecho extraído do artigo A Triste Secularização da Europa – Fabio Marchior Machado – BereiaBlog
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uma defesa impressionante da racionalidade do teísmo cristão, incluindo não somente a crença
em Deus como também as doutrinas clássicas do cristianismo. Além disso, apresenta uma
refutação importante do naturalismo filosófico, procurando mostrar que a crença no
Darwinismo pressupõe uma confiança epistemológica coerente com a visão teísta do homem e
dos processos cognitivos (embora o Darwinismo seja considerado contrário ao teísmo), mas
incoerente com as suas pressuposições naturalistas.
Fora dos campos acadêmicos, as agências missionárias do mundo tem se sensibilizado
ao avanço do neo‐ateísmo, principalmente em solo europeu. Muitas delas mantêm projetos
missionários em vários países da Europa. Existem trabalhos instalados em todo o continente,
entretanto, há uma concentração maior de esforços nos países do leste europeu. Acreditamos
que tal comportamento é reflexo de uma abertura maior da população destes países, que
tiveram durante anos de regimes comunistas seus direitos de culto cassados e suas praticas
religiosas perseguidas.
9. CONCLUSÃO
Ao contrário dos grandes temas discutidos na atualidade, como as questões de aborto e
homossexualidade, o ateísmo ainda parece ser um grande tabu na nossa sociedade. Um bom
exemplo é a política. Ninguém ainda consegue se eleger a um cargo público com uma
plataforma ateísta. Muito pelo contrário. O que mais vemos são candidatos que sabemos não
ter nenhuma convicção espiritual, participando de cultos e eventos religiosos. Às vezes, faz 30
anos que o cidadão não põe os pés numa igreja, mas nas eleições torna‐se o mais carola
possível. Isto ocorre porque o ateísmo ainda não é bem visto pela maioria das pessoas, tanto
em nosso país, como em alguns países no exterior.
Este cenário, porém, não deve trazer alívio para nós, cristãos. O ateísmo está se
desenvolvendo, e só tende a crescer cada vez mais nas próximas gerações. Ele será o grande
desafio do século XXI para a fé. Os ateus ascendem cada vez mais em aceitação e notoriedade,
alimentada pelo crescente secularismo social.
O ateísmo nunca foi, e nunca será fácil de combater. Sinceramente, como ex‐ateísta,
creio ser um pouco complicado alguém convencer um ateu que ele está errado. Somente
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conseguimos estabelecer um padrão de reflexão sustentável quando partimos de um mesmo
ponto em comum. Imagine discutirmos o Calvinismo e o Arminianismo. O ponto de partida é o
mesmo: ‐ A Bíblia. Manteremo‐nos numa mesma arena filosófica. Não creio que este seja o
caso da relação fé – ateísmo. Um tem seus argumentos no campo espiritual, no invisível. O
outro, no campo das idéias, na lógica e na prova científica.
Se tentarmos argumentar com um neo‐ateísta usando lógica, perderemos, pois
estaremos no campo dele. Se tentarmos usar questões de fé, perderemos também, pois nunca
conseguiremos trazer um ateísta para este campo. A verdade pura é que somente a
intervenção divina é capaz de mudar o coração de um ateu.
Lembro‐me da minha época de ateísmo. Ninguém conseguia me convencer de uma
maneira racional. Só fui “quebrado” quando Deus usou minha esposa, que na época era
somente uma amiga.
Sempre senti uma angústia muito grande dentro de mim. Faltava algo. Procurei este
“algo” em diversos lugares. Não encontrei.
Minha amiga‐futura esposa e eu tínhamos costume de trocar cartas. Em um
determinado dia, recebi uma carta sua. Eu estava muito pra baixo, excessivamente depressivo e
de mal com a vida (como todo ateísta que eu conheço!). Na carta havia mais um convite para
eu ir à igreja, nesta oportunidade para assistir uma orquestra. Ela sabia que eu gostava muito
de música (nos conhecemos em um conservatório musical onde eu dava aulas). Naquele dia eu
aceitei pela primeira vez o seu convite, mas não porque haveria uma orquestra lá, e sim pelo
fato dela ter colocado a seguinte frase na carta – “Em todo homem existe um vazio do tamanho
de Deus, e que somente Ele pode preencher”. Aquela frase, muito batida no meio evangélico,
foi a maneira que Deus usou para me tirar das trevas. Uma frase simples, comparada a todos os
outros discursos sobre fé que eu ouvira por anos, que me fez parar para pensar. E num belo
domingo à tarde estava lá eu dentro de uma igreja evangélica. Louvo a Deus pela vida da minha
esposa e por ela não ter questionado o Senhor sobre se deveria usar uma frase banal.
Existe uma pequena história que exemplifica bem a relação do ateu com Deus. Se eu
bem me lembro, ela é assim:
“Certo dia, um senhor foi a um cabeleireiro novo do seu bairro. Conversa vai, conversa
vem, ambos entraram no assunto “fé”. O senhor, um cristão convertido há mais de 30 anos,
nem teve muitas chances de compartilhar a sua experiência espiritual com o cabeleireiro, um
ateu convicto, que logo interrompeu, indagando‐o:
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‐ Ora, se Deus existe por que há tanta fome no mundo? Por que de tanta violência? Por
que tantos desastres naturais? Se Deus é bom, é amor, por que ele não faz nada a respeito?
Simples! Porque Deus não existe.
O senhor silenciou‐se por um tempo e voltou a conversar, mas desta vez sobre futebol.
Terminado o serviço, o senhor pagou e agradeceu pelo excelente trabalho. Saindo do
salão de cabeleireiro, viu do outro lado da calçada um grupo de jovens muito cabeludos, que
estavam sentados conversando. O senhor deu meia volta, retornou ao salão, abriu a porta e
disse para o cabeleireiro:
‐ Cabeleireiros não existem!
‐ Como assim, eu sou o que, então? – Disse o cabeleireiro intrigado.
‐ Você não está vendo aquele bando de jovens cabeludos do outro lado da rua? – Disse o
senhor – Para eles terem o cabelo daquele tamanho, num calor deste, é por que não deve existir
cabeleireiros! Se você existisse, eles teriam os cabelos bem cortados!
‐ Você está louco – retrucou o cabeleireiro – eu só posso cortar o cabelo deles se eles
vierem até aqui.
O senhor parou por uns instantes, abriu um sorriso e disse: ‐ Está vendo, com Deus é a
mesma coisa!”
Que o Senhor nos use cada vez mais para termos cada vez menos ateístas no mundo.
Deus o abençoe.
Fabio Marchiori Machado.
FICHA TÉCNICA
1. Bíblia de Estudo Genebra
2. Bíblia de Estudo Almeida Atualizada
3. Ateísmo Remix – Um confronto cristão aos novos ateístas – R. Albert Mohler Jr. – Ed. Fiel
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4. Ateísmo & Liberdade – Reflexões sobre o homem, o mundo e o nada ‐ André Díspore Cancian
Ed. Ateus.net – pp. 17‐30
5. Breve História do Ateísmo Ocidental – James Thrower – Edições 70
6. Wikipédia
7. Documentário – Série “Ateísmo: Uma breve história da descrença” – Jonathan Millen
8. Site Brasil Escola ‐ http://www.brasilescola.com/literatura/o‐naturalismo.htm ‐ acessado em
06/10/2010
9. Site Algo Sobre ‐ http://www.algosobre.com.br/sociofilosofia/materialismo.html ‐ acessado em
06/10/2010
10. Artigo ‐ A cruzada do cristão novo – por Luciana Vicária – Revista Época 21/05/2008
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