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Características da alimentação indígena

Podemos dizer que a alimentação indígena é natural, pois eles consomem


alimentos retirados diretamente da natureza. Desta forma, conseguem obter
alimentos isentos de agrotóxicos ou de outros produtos químicos. A alimentação
indígena é saudável e rica em vitaminas, sais minerais e outros nutrientes.

Como os índios não consumem produtos industrializados, ficam livres dos efeitos
nocivos dos conservantes, corantes artificiais, realçadores de sabor e outros
aditivos artificiais usados na indústria alimentícia.

Somada a uma intensa atividade física, a alimentação indígena proporciona aos


integrantes da tribo uma vida saudável. Logo, podemos observar nas aldeias
isoladas (sem contatos com o homem branco), indivíduos fortes, saudáveis e
felizes. Obesidade, estresse, depressão e outros males encontrados facilmente nas
grandes cidades passam longe das tribos.

Numa aldeia indígena, o preparo dos alimentos é de responsabilidade das


mulheres. Aos homens, cabe a função de caçar e pescar.

Principais alimentos consumidos pelos índios brasileiros:

- Frutas
- Verduras
- Legumes
- Raízes
- Carne de animais caçados na floresta (capivara, porco-do-mato, macaco, etc).
- Peixes
- Cereais
- Castanhas

Pratos típicos da culinária indígena:

- Tapioca (espécie de pão fino feito com fécula de mandioca)


- Pirão (caldo grosso feito de farinha de mandioca e caldo de peixe).
- Pipoca
- Beiju (espécie de bolo de formato enrolado feito com massa de farinha de
mandioca fina)

* Este texto refere-se aos índios que não possuem muito contato com os homens
brancos e que ainda seguem sua cultura. Infelizmente, muitas tribos deixaram de
lado a alimentação saudável quando entraram em contato com o homem branco.

http://www.suapesquisa.com/indios/alimentacao_indios.htm
No Dia do Índio, aprenda a fazer pratos típicos da
cozinha indígena
G1
foto: G1
Dia do índio - Segundo Funai, beiju é
refeição muito comum nas comunidades
indígenas brasileiras

Com base principalmente na pesca,


caça e raízes, a culinária indígena é
grande influenciadora da cozinha
brasileira. Os produtos naturais e os
temperos típicos, como o gengibre e
o cominho, por exemplo, dão um tom
diferente aos pratos que hoje
inspiram restaurantes por todo o
país. Neste domingo (19), Dia do Índio, o G1 ensina a preparar alguns pratos
tradicionais da culinária indígena.

O restaurante Oca dos Tapuias, em Belo Horizonte, foi inaugurado há menos de


dois anos e serve, diariamente, cerca de 300 almoços e 140 jantares. "Não tenho
família indígena, mas a ideia de criar um restaurante surgiu durante uma viagem a
Porto Seguro, na Bahia. Além disso, aqui no bairro Floresta, onde está localizado o
restaurante, muitas ruas têm nomes indígenas", diz o chef de cozinha e proprietário,
Marco Costa. Ele afirma que os pratos que mais saem são de carnes exóticas como
coelho, codorna e galinha da angola. O chef ensina ao G1 o preparo do coelho
Ietyca.

Em Brasília, o restaurante Oca da Tribo foi fundado pelo angolano Vitor Pontes.
Segundo sua filha, Ritamel Pontes, o gosto da família pelo universo indígena
começou com a arquitetura e arte e se estendeu à culinária. "Meu pai passou um
tempo visitando algumas aldeias e notou que a base da alimentação dos índios é,
em geral, peixe assado e beiju de mandioca fresca. Ele se apaixonou pelo dia-a-dia
dos índios e decidiu incluir pratos típicos no cardápio do restaurante", diz. A chef de
cozinha da Oca das Tribos, Maria Aparecida da Silva, ensina a preparar uma
moqueca de banana picante.

Já a Fundação Nacional do Índio (Funai) passou uma receita fácil e rápida para
fazer o famoso beiju, uma refeição muito comum nas comunidades indígenas
brasileiras.

Confira as receitas

Beiju com moqueado

Ingredientes
- 100g de goma de mandioca peneirada
- 1 peixe pequeno de sua preferência
- pimenta a gosto
- sal a gosto

Modo de fazer

Coloque a goma em uma panela e leve a panela ao fogo para fazer o beiju. Asse o
peixe para fazer o moqueado misturando-o com bastante pimenta e um pouco de
sal (os índios socam o tempero em um pilão). O moqueado é o recheio do beiju.

Moqueca de banana picante

Ingredientes

- 1 pimentão verde picado


- 1 pimentão vermelho picado
- 1 pimenta dedo de moça
- 1 cebola picada
- 1 tomate picado sem semente e sem pele
- 1 litro de leite de coco
- Banana da terra picada (quantidade a escolher)
- Farinha de trigo
- 1 colher de azeite
- 1 colher de azeite-de-dendê
- Sal a gosto
- Alho picado a gosto

Modo de fazer

Aqueça o azeite e o azeite de dendê em uma panela e refogue os pimentões, a


pimenta, a cebola, o alho e o tomate. Depois de refogada a mistura, acrescente 1
litro de leite de coco e deixe apurar. Corte a banana da terra em rodelas, passe os
pedaços na farinha de trigo e frite em uma panela separada. Em seguida, seque as
bananas com papel toalha e coloque os pedaços na panela com o refogado. O
prato pode ser servido com purê de mandioca.

Coelho Ietyca

Ingredientes

- 400g de coelho em pedaços


- 1/3 de xícara de farinha de trigo
- 1 colher de sopa de azeite
- 1 colher de sopa rasa de manteiga
- 1 cebola média picada
- 350 ml de leite integral
- 1 folha de louro
- ½ colher de chá de alecrim
- Pimenta-do-reino a gosto
- Sal a gosto

Modo de fazer
Passe os pedaços de coelho na farinha de trigo e tire o excesso da farinha.
Reserve. Em uma panela média aqueça o azeite, a manteiga e frite a cebola até
ficar transparente. Acrescente os pedaços de coelho, despeje leite fervendo sobre a
mistura e junte os outros ingredientes. Tampe a panela e deixe cozinhando por até
duas horas, até que o coelho fique bem macio. Caso a água da mistura acabe e o
coelho ainda não esteja macio, acrescente mais leite pouco a pouco.

Montagem

Coloque folhas de taioba no centro do prato onde será colocado o coelho em


pedaços. Coloque o coelho. Em um dos lados, ponha cebolas. Do outro lado,
batatas-doces fritas. Elas devem ser pré-cozidas e cortadas em rodelas grandes
antes de serem fritas em óleo quente.

http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2009/04/78533-
no+dia+do+ndio+aprenda+a+fazer+pratos+tipicos+da+cozinha+indigena.html

O papel dos grupos indígenas na formação da cozinha


brasileira

Este artigo aborda a contribuição dos grupos indígenas no processo


de formação da culinária brasileira a partir das obras de Gilberto Freyre e Luiz da Câmara Cascudo, autores das
obras mais significativas sobre a temática e referências obrigatórias para pesquisas na área.

A leitura desses autores passa a impressão de que a contribuição indígena para a cozinha brasileira se resume ao
fornecimento de ingredientes, deixando de aportar ao saber-fazer e demais elementos dos sistemas culinários. No
entanto, o curioso é que justamente nas obras desses autores encontramos informações que contrariam essa
noção.

Assim é que este artigo pretende pensar a contribuição indígena à culinária brasileira a partir das entrelinhas de
Gilberto Freyre e Câmara Cascudo.

Freyre destaca a participação das três raças (índios, negros e brancos) na formação da cozinha brasileira. Os
portugueses, ao ancorar no Brasil, teriam se apropriado das comidas indígenas, conseguindo, assim, se estabelecer
nestas terras. Logo após, as portuguesas e africanas, valendo-se também de ingredientes indígenas,
teriam criado os pratos da culinária brasileira. A criação é atribuída às portuguesas e africanas, enquanto que parte
dos ingredientes é indígena. Essa idéia fica ainda mais evidente na análise dos doces brasileiros desenvolvida por
esse autor (Freyre, 1966 e 1997).
Cascudo é mais radical. Esse autor afirma não tratar da escassez e da fome, mas
sim da comida e do paladar. No entanto, não é assim que age no que tange aos grupos indígenas. Seu discurso em
referência a eles é justamente o da escassez e da fome. Analisando os escritos de Cascudo, notamos que para ele
o paladar inexiste nos indígenas: tudo o que é consumido serve apenas para o sustento. Aos indígenas, falta tudo.
Falta óleo, doces, sal, acompanhamentos, ovos, leite, frituras, comensalidade etc. A interação culinária, como em
Freyre, teria se dado tão somente via troca de ingredientes. O descaso com as cozinhas indígenas é tal que
Cascudo afirma que foi a mulher branca quem ensinou as indígenas a cozinhar (Cascudo, 1967 e 1972).

Entretanto, esses mesmos autores apresentam outras informações, contraditórias com as sintetizadas acima.
Freyre destaca que uma das estratégias dos portugueses na colonização do Brasil foi o casamento com índias.
Assim, ainda que com um número reduzido de indivíduos, conseguiram se estabelecer no território. Desde os
primórdios, formou-se no Brasil uma sociedade híbrida de índio. As índias foram as esposas e mães dos
colonizadores nos dois primeiros séculos após o descobrimento, período em que faltaram européias no Brasil
(Freyre, 1966). Assim, além de se valerem dos alimentos indígenas, os portugueses também se valeram das
cozinheiras indígenas. Em outras palavras, nos primeiros dois séculos, a cozinha brasileira era indígena.

Mas, além do alimento em si, pode-se presumir que os casamentos


com índias proporcionaram aos brancos a inserção nas redes de parentesco indígenas e o correspondente
compartilhamento de direitos e deveres. A partilha dos meios e formas de produção, a inserção na rede de
distribuição dos alimentos, a reciprocidade, os mutirões, aspectos característicos das sociedades indígenas, em
muito facilitaram a sobrevivência dos portugueses no Brasil. Assim, pode-se sugerir que cada uma das etapas
(obtenção, armazenamento, processamento, preparação, consumo etc) da alimentação dos colonizadores se dava,
em boa medida, no modelo indígena.

Freyre (1966, p.220) afirma que, diante do contato, "do indígena se salvaria a parte por assim dizer feminina de sua
cultura".

Inserindo-se na vida dos colonizadores como esposas legítimas, concubinas, mães de família, amas-de-leite, cozinheiras,puderam
as mulheres exprimir-se em atividadesagradáveis ao seu sexo e à sua tendência para aestabilidade (Freyre, 1966, p.203 - grifos
meus).

Quanto aos homens indígenas, a imposição ao trabalho - escravidão - tornou muito mais difícil a convivência com o
branco. Daí pode-se intuir que, sendo os afazeres culinários tarefa feminina, a alimentação se encontra na parte da
cultura indígena que se salvou. Por outro lado, pode-se deduzir que o estereótipo do índio como arredio e indolente
aplica-se, no período, apenas aos homens.

Freyre (1966, p.53) destaca a falta de ingredientes europeus no Brasil. "Tudo faltava: carne fresca de boi, aves,
leite, legumes, frutas; e o que aparecia era da pior qualidade ou quase em estado de putrefação". Isso significa que,
depois, quando as portuguesas passam a tomar conta das cozinhas, a dieta européia não podia ser posta em
prática, restando como alternativa a culinária indígena. Tal escassez de ingredientes europeus, somada à tradição
indígena vigente, teria proporcionado a miscigenação culinária. A cozinha tornou-se híbrida, tal qual o povo
brasileiro. Das 108 receitas apresentadas por Freyre em Açúcar, 95 contêm ingredientes e/ou técnicas indígenas
(Freyre, 1997).

Freyre, advogando em favor da preservação da culinária brasileira, defende que doce tradicional tem que ser feito
com utensílios tradicionais. O uso de um outro utensílio, que não o tradicional, seria suficiente para alterar o gosto, já
não sendo mais o mesmo doce. O interessante é que, dentre os utensílios listados por Freyre (1997), encontramos
pilões de pau, colheres de pau, peneiras de taquara, folhas de bananeira, palhas de milho, panelas de barro,
utensílios empregados pelos grupos indígenas.

Já Câmara Cascudo (1967, p.31) destaca que entre os índios as


panelas estavam sempre no fogo. "A comida tinha outro sabor pela continuidade com que os alimentos sofriam a
ebulição incessante". Tal característica também se percebe na alimentação colonial, com uma série de receitas que
ficam "dias cozinhando". Característica presente ainda hoje, até mesmo em pratos tidos como típicos.

Cascudo também chama atenção para a nomenclatura de comidas brasileiras, muitas delas oriundas de línguas
indígenas. Moqueca, caruru, paçoca, tapioca, beiju, mingau não são nomes de simples ingredientes, são nomes de
pratos que envolvem todo um saber-fazer. Acredito ser esse mais um indício de que a contribuição indígena à
culinária brasileira não se resume aos ingredientes. Ou portuguesas e negras teriam criado pratos e os batizado com
nomes indígenas? Os pratos têm nomes indígenas porque são indígenas.

Em Paula Pinto e Silva (2005), encontramos outros dois aspectos interessantes sobre o uso das práticas
alimentares indígenas pelos colonizadores. O primeiro se refere à forma de ingerir os alimentos, muito semelhante
aos indígenas:

Mesmo em casas abastadas não havia mesa, nem bufete, nem aparadores. A comida era então servida sobre esteiras indígenas
colocadas no chão, a cuia de farinha ao centro, cada comensal com seu prato de barro, comendo com as mãos, aos bocados (Silva,
2005, p. 32).

Esteira, farinha, cuia, panela de barro, comer com as mãos: tudo indígena.

O outro aspecto se refere à presença de duas cozinhas nas casas dos colonizadores, a de dentro e a de fora. Na
cozinha de dentro, em ocasiões especiais, as sinhás preparavam receitas finas. Na cozinha de fora eram preparadas
as comidas do dia-a-dia, não pelas sinhás. A cozinha de fora, podemos supor, tem influência dos grupos indígenas.
Por fim, procurei reunir alguns argumentos que contrariam a
impressão de que a contribuição indígena à culinária brasileira se resume a simples ingredientes. Advogo o
contrário: os indígenas contribuíram com verdadeiros sistemas culinários.

Essa noção ainda pode ser ampliada se considerarmos as centenas de etnias indígenas existentes no Brasil, cada
qual com práticas e simbologias singulares, cada qual contribuindo a seu modo para a formação da cozinha
brasileira. A cozinha brasileira não surgiu em uma única região e num determinado espaço de tempo. Ao contrário,
trata-se de uma confluência das diversas regiões e de uma lenta e contínua construção histórica. Dessa forma, em
cada região, em cada período, diferentes povos indígenas estiveram em contato com portugueses e negros (sem
falar nos demais imigrantes), produzindo interações específicas. Mapear a contribuição de cada grupo indígena, nos
diferentes períodos, é uma tarefa quase impossível. Mas é possível afirmar que, de conjunto, a contribuição indígena
para a alimentação brasileira é mais complexa do que se tem noticiado.

REFERÊNCIAS

CASCUDO, Luis da Câmara. História da alimentação no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967.

______. Seleta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.

FREYRE, Gilberto. Casa-Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1966.

______. Açúcar: uma sociologia do doce, com receitas de bolos e doces do Nordeste do Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997.

SILVA, Paula Pinto e. Farinha, feijão e carne seca: um tripé culinário no Brasil colonial. São Paulo: Senac, 2005.

* Mártin César Tempass é antropólogo, doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS).

Nota da Editora - se você quer ler mais sobre a alimentação e cultura em grupos indígenas, vale a pena conferir
outros dois trabalhos de Mártin, disponíveis na internet:

* Orerémbiú: a relação das práticas alimentares e seus significados com a identidade étnica e a cosmologia
Mbyá-Guarani

* O belo discreto: a estética alimentar Mbyá-Guarani

http://www.slowfoodbrasil.com/content/view/197/95/

Culinária brasileira tem fortes traços da África

Fabiana diz que é difícil caracterizar uma única tendência da culinária africana, pois o continente é enorme.

- Cada região tem um tempero diferente. Ao norte, consomem muito cordeiro, açafrão, cúrcuma etc. Já no
Egito a comida é diferente, à base de leguminosas.

Para se ter uma ideia do que é típico do continente, é só pensar na culinária baiana. Assim como os países da
Europa, a África exerceu um papel muito importante na formação da gastronomia brasileira. De todas as
regiões, a Bahia foi a que mais cultivou e manteve as receitas e costumes africanos. O acarajé, o vatapá e o
caruru também são típicos da África. Essas receitas eram usadas como oferendas a entidades africanas.

Segundo o livro Gastronomia no Brasil e no Mundo, um costume africano da época colonial conservado até
hoje em Salvador é o tabuleiro da baiana. Na colonização, as negras escravas que trabalhavam para as "sinhás"
vendiam salgados e doces em tabuleiros.

A publicação também conta que os coqueiros que embelezam nossas praias e nos dão a água de coco são uma
contribuição africana. A fruta agradou tanto que, desde os tempos da colonização, o coco virou ingrediente
indispensável em muitos pratos.
Assim como os povos indígenas, os africanos não conheciam a fritura e tinham por costume preparar assados,
cozidos e guisados.
De acordo com o livro Um Mundo de Receitas, vários pratos africanos levam batata-doce, inhame e banana-da-
terra. Nos países ao sul banhados pelo litoral, como a África do Sul e a Nigéria, o peixe é bastante consumido.

http://entretenimento.r7.com/receitas-e-dietas/noticias/conheca-um-pouco-mais-
sobre-a-culinaria-africana-20100611.html

A cozinha africana, ainda bastante desconhecida, oferece um leque muito amplo de pratos de
grande sabor e variedade. Em África, as refeições, mais do que a satisfação de uma necessidade
fisiológica, traduzem um momento de encontro, de celebração, de festa, de homenagem.

Saborear as iguarias típicas de um país é entrar na sua cultura, na sua história e na sua tradição
através do paladar, do olfacto, e até do tacto, uma vez que a maioria dos petiscos africanos se
comem com a mão. Além disso, partilhar a mesa é a maneira mais usual de brindar a generosa
hospitalidade africana, sempre disposta a repartir do que há com os convidados, os peregrinos, os
estrangeiros.

A tradição culinária da África Ocidental assenta em produtos básicos, que incluem a mandioca, o
milho e as especiarias, e no uso abundante de pimentão. Em toda a região está muito difundido o
maffè, típico do Mali, que consta de carne picada com verdura e molho de amendoim.

No Senegal, o prato tradicional é o tieboudienne, elaborado com peixe, arroz e verduras. Também a
yassa (manjar à base de frango com molho de cebola, limão e pimentos e servido com arroz
fervido) é típica do Senegal, da Costa do Marfim, do Burkina Faso e do Mali. Nos mercados é assaz
comum o cheiro a manteiga de karité, utilizada para fritar e temperar.

O boarake, pitéu preparado com peixe, folha de mandioca e óleo de palma, é outro dos pratos
amplamente disseminados em toda a África Ocidental.

No Togo, come-se bastante a mutsella, que mais não é que peixe com verdura e especiarias, e o
yekumé (frango picante).

Na África Central, a base da alimentação é a mandioca. Com ela faz-se o famoso fufú (mandioca
fermentada e moída em farinha, para ser misturada com água a ferver, numa perspectiva de a
transformar numa massa compacta). Costuma acompanhar-se a mandioca com verduras cortadas
e trituradas, temperadas com azeite, molho de tomate e cebola.

A cozinha da região costeira da África Oriental caracteriza-se pela influência recebida do Oriente,
principalmente o Quénia, a Tanzânia, a África do Sul e o Madagáscar, onde inúmeros pratos
tradicionais são enriquecidos com molhos e especiarias importados da Índia, da China, da Arábia,
do Iémen e do Líbano.

Um dos aperitivos mais habituais nesta região é o sambusa, um triângulo de massa


frita recheado de carne picada e aromatizada.

Na Etiópia há um prato nacional e exclusivo: a enjerá, um género de crepe ou


massa de pizza, de cor cinza e consistência esponjosa e cujo sabor é um pouco
ácido, produzido a partir de farinha de tef, um cereal cultivado quase unicamente
neste país. O wet é a guarnição que melhor combina com a enjerá. Pode ser de
frango, borrego ou vaca, com um molho picante (berberé) composto por pimentão
picante, ervas e especiarias várias, ou de verduras, batatas, tomates, favas ou
pimentos. O wet mais apreciado é o de borrego (sega wet), reservado a
celebrações especiais.

http://www.ruadireita.com/alimentacao/info/cozinha-africana-variedade-e-sabor/

HERANÇA AFRICANA NA CULINÁRIA BAIANA


1 FEVEREIRO 2003 | PUBLICADO POR FIRMA PRODUÇÕES 11 COMENTARIOS
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A culinária baiana é umas das mais diversificadas . De origem mesclada entre o afro, o português e o indígena, a
comida tem sua dose exótica.

A herenaça predominante é a africana, que emprega o azeite de dendê para colorir e temperar mariscos e peixes,
abundantes na costa baiana. As famosas moquecas, vatapá, caruru, os derivados de mandioca são de influência
indígena.
A cada esquina encontram-se quitutes, como acarajés, abarás, cocadas e bolinhos de estudante, servidos por
baianas trajadas tipicamente.
Típicas são, também, as comidas tradicionais do sertão da Bahia, como carne-de-sol com pirão de leite, feijão verde
com manteiga de garrafa, queijo coalho derretido na brasa e bode assado.

A culinária baiana tem sua origem no período da escravidão, quando os senhores juntavam restos da mesa ou do
dia anterior para dar aos escravos. Alguns escravos tinham permissão para pescar e pegar camarão e mariscos. As
mulheres relembravam seu treino em culinária na África, quando juntavam partes de ingredientes na panela com
leite de coco e óleo da palmeira dendê. Com o passar dos anos, essas misturas se transformaram em receitas que
ganharam nomes, tornando-se o que é hoje a comida baiana. Entre alguns de seus delicosos pratos se destacam:

Eis aqui agumas das atrações de deliciosa comida baiana:


Vatapá

Na elaboração desse prato, os camarões são cortados ou moídos junto com pedaços de peixes cozidos no azeite de
dendê, leite de coco e pedaços de pão. O prato é servido com arroz branco.

Sarapatel

O fígado ou coração de porco ou de carneiro é misturado com sangue fresco de um dos animais; tomates, pimentas
e cebolas são adicionados e tudo cozido junto.

Caruru

Constitui-se de camarão salgado, servido com um molho bem picante, feito de pimenta vermelha e quiabos.

http://firmaproducoes.com/2003/02/01/herana-africana-na-culinria-baiana/

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baía, o azeite de dendê, confirmou a excelência da pimenta
malagueta sobre a do reino, deu ao Brasil o feijão preto, o quiabo, ensinou a fazer vatapá, caruru, mungunzá,
acarajé, angu e pamonha.
A l, pequena mas forte, fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. Modificou os pratos
portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha
brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as panelas de
barro e a colher de pau.

MILAGRE PARA O GOVERNADOR TOMAR SOPA

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso. Negros e mulatos (da Guiné e do Cabo Verde)
chegaram aqui em 1549, com o Governador Tomé de Souza, que comia mal e era preconceituoso: entre outras
coisas, não admitia sopa de cabeça de peixe, em honra a São João Batista.

Bem que o Padre Nóbrega tentou convencê-lo de que era bobagem, mas Tomé de Souza resistiu, até que o jesuíta
mandou deitar a rede ao mar e ela veio só cabeça de peixe, bem fresca e o homem deixou a mania, entrou na sopa.

Da guiné vieram, principalmente, fulas e mandingas, islamitas e gente de bem comer. Os fulas eram de cor opaca, o
que resultou no termo “negro fulo” (entrando depois na língua a expressão “fulo de raiva”, para indicar a palidez até
do branco). Os mandingas também entraram na língua como novo sinônimo para encantamentos e artes mágicas.
Mas os iorubanos ou nagôs, os jejes, os tapas e os haussás, todos sudaneses islamitas e da costa oeste também,
fizeram mais pela nossa cozinha porque eram mais aceitos como domésticos do que a gente do sul, o povo de
Angola, a maioria de língua banto, ou do que os negros cambindas do Congo, ou os minas, ou os do Moçambique,
gente mais forte, mais submissa e mais aproveitada para o serviço pesado.

O africano contribuiu com a difusão do inhame, da cana de açúcar e do dendezeiro, do qual se faz o azeite-de-
dendê. O leite de coco, de origem polinésia, foi trazido pelos negros, assim como a pimenta malagueta e a galinha
de Angola.

ABARÁ

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com pimenta, sal, cebola e azeite-de-
dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de
bananeira e cozida em água. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Iansã, Obá e Ibeji).

ABERÉM

Bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou de arroz moído na pedra, macerado em água, salgado e cozido
em folhas de bananeira secas. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Omulu e Oxumaré).

ABRAZÔ

Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de farinha de milho ou de mandioca, apimentado, frito em azeite-de-
dendê.
ACAÇÁ

Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de milho macerado em água fria e depois moído, cozido e envolvido,
ainda morno, em folhas verdes de bananeira. (Acompanha o vatapá ou caruru. Preparado com leite de coco e
açúcar, é chamada acaçá de leite.) [No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Oxalá, Nanã, Ibeji, Iêmanja e
Exu.]

ADO

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moído, misturado com azeite-de-dendê e mel. (No candomblé,
é comida-de-santo, oferecida a Oxum).

ALUÁ

Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar ou rapadura, usada
tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem africana.

QUIBEBE

Prato típico do Nordeste, de origem africana, feito de carne-de-sol ou com charque, refogado e cozido com abóbora.

Tem a consistência de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendê e cheiro verde.

Fonte: www.cdcc.sc.usp.br

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