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JUNG ,

SINCRONICIDADE E
DESTINO HUMANO
IRA PROGOFF
Uma complexidade de um universo infinito pode
requerer vários princípios de interpretação nos
níveis básicos que precisam ser aprendidos. [...] É
nessa perspectiva ampla e geral que analisamos os
princípios alternativos à causalidade,
especificamente a hipótese proposta por Jung do
princípio de sincronicidade como subsídio e
complemento às leis de causa e efeito.
(p. 7-8)
Nesse espírito, com base numa forte intuição de que
existe uma correspondência, ou pelo menos, um
paralelo, entre a atividade da física teórica e suas
pesquisas em psicologia profunda, Jung começou a
formular, no final dos anos 20, o princípio de
relação “acausal”, a que deu o nome de
sincronicidade
(p. 9)
[...] O conceito de sincronicidade lhe foi originalmente
sugerido pelas observações que ele fez ao estudar as
camadas mais profundas do self... [...] Jung percebeu o
átomo como a unidade básica do mundo físico e a psique do
ser humano. Essa correspondência se acentua mais com se
compara o átomo com a concepção da psique que Jung
desenvolveu como método característico de sondagem das
profundezas do ser humano. [...] Jung imaginou-se que se
grandes quantidades de energia podiam ser liberadas
rompendo-se a unidade elementar do átomo, quantidades
equivalentes de energia poderiam ser produzidas se
abrissem de igual maneira as profundezas da psique.
(p.9)
Interação: ciência (racional) – esoterismo (não
racional)
Ciência esoterismo podem parecer

contraditórias, mas não são opostas.


Quando Jung começou a apresentar a ideia de


sincronicidade em seus escritos, queria indicar a
relação dela com diversas tradições esotéricas.
De outro lado a formação do princípio da
sincronicidade fornece um instrumento
específico com o qual é possível penetrar e
compreender mais a sabedoria intuitiva de
muitos textos esotéricos.
(p.18)
Assim sendo, a sincronicidade é importante
para nós em dois níveis. No nível teórico, ela
abre uma dimensão complementar de
consciência, no que concerne à natureza da
experiência humana no universo em
expansão. No nível prático, aponta caminhos
para o estudo factual de alguns dos mais
difíceis aspectos da vida e do destino humano
(p. 23)
Jung está dando uma contribuição espacial para
que através da hipótese da sincronicidade por
ele desenvolvida, se torne possível para incluir a
causalidade no contexto de uma visão mais
abrangente do universo.
(p.47)


Quando Jung começou a desenvolver o
conceito de sincronicidade na década de 20,
a maior flexibilidade de atitudes ainda não
emergira. Ele foi muito estimulado e
encorajado pela obra de físicos do porte de
Nils Bohr e Wolfgang Pauli, mas quando
publicou a primeira versão na alemanha em
1952, o pensamento racionalista causal ainda
predominava
(p. 49-50)
À primeira vista, a sincronicidade pode parecer
uma concepção racional, distanciada do
pensamento ocidental. Mas, na realidade, é
um resultado da história desse pensamento,
ao longo do qual tanto o conhecimento de
religiões antigas, quanto o conhecimento da
ciência moderna, vêm sendo incorporados.
(p.51)
É perfeitamente correto dizer que trata de uma
coincidência. No entanto, deve-se
acrescentar, para exato que se trata de uma
coincidência significativa, porquanto a ligação
cruzada dos eventos possui um significado
definido. [...] A significância destas
coincidências – isto é, a qualidade especial de
significado que faz delas não apenas eventos
não relacionados, mas sim coincidências
verdadeiras – não deriva, de modo algum,
dos fatos circunstanciais que podem ser
reconstituídos em termos de causalidade
(p. 55)
Durante séculos, questões como acaso,
coincidência, realização de desejo, cognição
através de sonhos, preces e atendimento
delas, milagres e curas através da fé,
précognição e outros fenômenos semelhantes
têm sido explicadas como formas diversas de
magia espiritual ou tem sido ao contrário,
rejeitadas como supertições.
(p.55-56)
O acaso parece desempenhar um papel
inerente na origem de cada indivíduo. Tem de
ser, no entanto, um acaso significativo, aquilo
que Jung domina de “uma coincidência
significativa” O encontro aparentemente
acidental de fatores que não estão ligados
por um elo causal, mas que apesar disso,
demonstram estar significativamente
relacionados, ocorre no próprio âmago do
processo através do qual o propósito da vida
e de cada indivíduo se desenvolve e se torna
o seu “destino”.
(p.62)

Chang Tse: a “visão interior” não necessita de
conhecimento intelectual porque entra em
harmonia com os cosmos quando olha para
dentro de si mesma (p. 74)

Nas suas profundezas, a psique do indivíduo
contém o reflexo do universo mais amplo.
Esses reflexos são imagens simbólicas que
apresentam determinados aspectos do
macrocosmos. As imagens contidas dentro
da psique individual, são portanto, reflexos
em miniaturas. E os movimentos individual,
são, portanto, reflexos do universo em
miniatura.
(p.74)
Jung tinha a visão mais ampla do self como
expressão da totalidade humana. O self
contém todas as realidades impiricas da
personalidade, e é além disso, um substrato
da realidade. É o elo do universo e, quando
assim experenciado, torna-se uma espécie de
continumno nível psíquico.
(p.75)
A experiência de um símbolo arquetípico
resulta num sentido de relação com os
mecanismos internos da vida, numa
participação com o movimento do cosmos.
Em momentos assim, o indivíduo sente que
sua individualidade está exaltada, como se
fosse arrebatada, por um instante, para uma
dimensão mais elevada do ser.
(p.78)

Jung chamava de caráter cósmico, quando
algum arquétipo se torna ativo na vida
humana. (p.79)
A manifestação do macrocosmos no indivíduo
significa que algo da divindade do universo
individualizou-se (p.79). Quando há uma
correspondência entre o micro e o
macrocosmos é alcançado ocorre uma
harmonia entre destes o nível psiquíco e o
indivíduo entra em contato com o universal.
(p.79)
Jung definiu como “tipo intuitivo” a principal

característica que atribuía a esse tipo de pessoa


e que os interesses dela estão compulsivamente
voltados para o futuro e para o planejamento de
atividades futuras (p.87)

Existe no entanto, outro tipo de conhecimento


no inconsciente, de compreensão mais difícil,


que envolve o conhecimento direto de
acontecimentos separados pelo tempo ou
espaço, apesar de não estar ligado a nenhum
meio tangível de comunicação Percepção extra
sensorial -> parapsicologia (xx)
Se pois, a consciência entra em estreita
relação com o inconsciente, de tal maneira
aquele nível da psiquê no qual o mundo é
refletido no indivíduo, a capacidade
consciente do conhecimento, passa a ser um
componente. O self, portanto, pode ser
experenciado em base universal da
personalidade, se estende além de si mesmo
para o mundo, tornando-se o meio pelo qual
o macrocosmos se manifesta no
microcosmos. (p.89)
Já vimos que o princípio sincronísticose
expressa numa ampla variedade de eventos.
Uma pessoa, por exemplo tem um sonho ou
uma série de sonhos que acabam por
coincidir com um acontecimento externo.
Outra pessoa reza, pedindo algum favor
especial, ou deseja que alguém deseja e
espere por ele intensamente e, de alguma
maneira inexplicável, o consegue. Um
terceiro indivíduo acredita numa outra pessoa
ou em algum símbolo particular e, enquanto
está rezando ou meditando a luz dessa
crença, uma cura física ou algum outro
“milagre” vem acontecer. (p.111)
Em todos os eventos desse tipo, há um forte
fator arquetípico atuando de forma numinosa.
Sonhos demonstram um conhecimento além
do do alcance da consciência envolve
necessariamente imagens que jazem do
fundo da psique (p. 112)

É através dos arquétipos que o esquema
universal interligado a um determinado
momento do tempo se combina e é separado
em esquemas menores relacionados com a
vida de cada pessoa em particular (p.121)
Já vimos que Jung partiu a priori dessa dupla
concepção, mas que, não obstante, a foi
desenvolvendo no decorrer do seu trabalho
com a hipótese de sincronicidade. Devemos
recordar que ele desenvolveu a concepção de
sincronicidade enquanto se ocupava de sua
atividade fundamental, ou seja, a
interpretação e o tratamento
psicoterapeuticode seus pacientes. Sua
matéria prima são as experiências de vida do
sujeito, tal como Jung as observou à luz da
psicologia analítica. Este material lhe sugeriu
e o induziu a desenvolver o conceito de
sincronicidade, na medida em que
reconheceu o fato de que o estudo em
profundidade do destino humano individual
requer uma perspectiva complementar, mas

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