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FACULDADE IDEAL
CURSO DE DIREITO

MARCO AURÉLIO OLIVEIRA DA SILVA


VERENA CERQUEIRA DOS SANTOS CARDOSO

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Belém
2010
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MARCO AURÉLIO OLIVEIRA DA SILVA


VERENA CERQUEIRA DOS SANTOS CARDOSO

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Trabalho apresentado à Faculdade Ideal como


requisito para aplicação da 1ª Avaliação da
disciplina Mediação e Arbitragem, ministrada
pela Professora Camile Nunes.

Belém
2010
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I.c INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------- 3
II.c VANTAGENS --------------------------------------------------------------------------- 4
III.c DESVANATGENS --------------------------------------------------------------------- 8
IV.c CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------- 10
V.c BIBLIOGRAFIA ----------------------------------------------------------------------- 11
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A expansão da economia mundial, como parte do processo de globalização, encontrou
nas fronteiras das nações vizinhas, um elemento que dificulta o comércio internacional e seu
desenvolvimento.
Para eliminar as dificuldades e impedimentos à expansão do capital, em favor dessa
economia mundial, globalizada, optou-se por unificar as tarifas de alfândegas, os tributos
internos, bem como as práticas de competição empresarial.
Nesse contexto, a arbitragem (além de outros métodos alternativos ao Poder
Judiciário, como a mediação) toma ênfase pela viabilidade de compor os diversos interesses
multinacionais, nos foros de diversas nações, para a busca de soluções de conflitos entre
pessoas de países distintos através de um meio não-estatal.
Ora, com a globalização da economia, as relações entre pessoas de diferentes países
não se restringem mais a meros contratos de compra e venda, tornando-se, no dia a dia de um
mundo globalizado, mais complexos e diversificados, provocando em conseqüência, a
ampliação dos conflitos entre essas pessoas, e em especial, entre as empresas das quais fazem
parte, que não querem nem podem esperar, dado o fator econômico, por longas e demoradas
demandas judiciais, sujeitas a várias e distintas visões legais, em especial pelo fator
financeiro.
Observa-se, portanto, que é cada vez mais necessária uma forma de solução segura de
conflitos como imposição ou exigência do processo de globalização da economia, sendo a
arbitragem comercial, o meio de maior uso na solução de controvérsias nas questões
comerciais internacionais.
No Brasil, há muito se esperava, na área do comércio internacional, por uma legislação
adequada, hábil, própria às dinâmicas relações entre empresas e pessoas de países diferentes,
em especial pelo crescimento acelerado da globalização e a Lei nº 9.307/96 introduziu
importantes mudanças na estrutura de solução de conflitos até então adotada.
Entretanto, o Brasil ainda se ressente com a falta de uma legislação própria para a
mediação, a exemplo do que já acontece com a arbitragem. Por essa razão, ao nos referirmos
ao longo desse trabalho, à Arbitragem, estamos, pela similaridade, nos referindo também à
mediação, mantidas as devidas proporções em razão das diferenças legais entre uma e outra
forma de solução alternativa de conflitos.

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Inúmeras são as vantagens da arbitragem para a solução de conflitos, principalmente


ao compararmos com os tribunais judiciais. Fatores como, autonomia da vontade das partes,
rapidez, especialização do árbitro nas questões que se manifesta, do menor custo relativo, e do
sigilo nas questões em debate, fazem da arbitragem um meio mais vantajoso para a busca da
pacificação dos conflitos.

Outra vantagem da arbitragem se baseia na possibilidade do árbitro tomar decisões


baseadas na equidade, ou seja, fora do direito positivado, ou melhor, quando autorizado pelas
partes, pode decidir seja pelo direito positivado pátrio ou estrangeiro, seja pela equidade, seja
pelos usos e costumes, e até mesmo pelas práticas internacionais de comércio.

Atualmente, tem-se como uma das grandes vantagens da sentença arbitral o fato desta
ser definitiva, não mais sendo alvo de homologação judicial. Além de definitiva, é também
condenatória, pois assumiu natureza de título executivo. Portanto, quanto ao mérito da
decisão, não mais há possibilidade de recurso junto ao Poder Judiciário, exceto quanto aos
seus aspectos formais, uma vez que, se não atendidos os requisitos previstos na lei de
arbitragem, ou no compromisso arbitral, a sentença arbitral será nula.

Nesse sentido decidiu a Suprema Corte no caso º 


  
, quando afirmou:

                        


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Semelhantemente, no caso *  +,, a Suprema Corte interpretou e decidiu


que as cortes judiciárias não estão autorizadas a reconsiderar as decisões arbitrais quanto aos
seus méritos, ainda que alguma das partes sustente, e até mesmo demonstre, que tenha havido
  ou     . Nesse caso, a sentença arbitral proferida no
exterior submeter-se-á à homologação do Supremo Tribunal Federal que somente não o fará
quando aquela sentença haja ferido a ordem pública nacional ou, ainda, quando o objeto do
litígio não for alcançável por decisões arbitrais no Brasil.
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A livre escolha pelas partes, para a eleição do árbitro, é uma das grandes vantagens do
sistema arbitral. Assim como, também é reconhecida como vantagem, a possibilidade que as
partes têm de deferir ao árbitro o uso daquela alternativa de decidir o conflito através de
opções fora do direito positivado, desde, como já citamos, que não haja violação da ordem
pública e dos bons costumes, e sejam respeitados os princípios materialmente constitucionais
protegidos pelo arcabouço jurídico pátrio em suas várias instâncias.
São, portanto, grandes vantagens do sistema arbitral o poder das partes para efetivar o
controle dos procedimentos, podendo inclusive adaptá-los às suas conveniências em comum,
antes mesmo do surgimento de qualquer conflito de interesses. As partes livremente podem
escolher qual árbitro, quantos árbitros, o tipo de árbitros, que idioma será usado durante o
processo, e os objetos que serão submetidos ao sistema. Assim, também, realça a vantagem do
sistema quando é analisada a segurança jurídica do sistema, quanto à privacidade dos
procedimentos e a neutralidade das decisões tomadas por árbitros que são profissionais
ligados ao assunto em litígio, e, em especial, a liberdade de distribuição das despesas.
Como cada vez mais, as disputas internacionais frequentemente lançam mão do uso do
processo arbitral, a familiaridade é cada vez maior, levando as empresas multinacionais a
ficarem mais interessadas em adotar o método arbitral como uma alternativa para solução de
seus conflitos.
Os prazos, também, fazem do sistema arbitral uma opção bastante utilizada nas
relações internacionais, uma vez que o procedimento sumarizado, eliminando atos
desnecessários, tem como consequência a redução dos prazos.
Outra vantagem é o fato de não haver previsão de recurso da decisão arbitral que
encerre o conflito, ou seja, o procedimento se conclui com a decisão arbitral e, as partes, não
ficam sujeitas a outros períodos de tempo aguardando novas decisões por conta de eventuais
recursos.
Diante do até então exposto fica flagrante as diversas vantagens do procedimento
arbitral em relação aos tribunais judiciais, especialmente quanto a autonomia de vontade das
partes, da celeridade processual, da especialização do árbitro nas questões sob sua apreciação,
dos menores custos processuais e da privacidade e sigilo das questões relativas ao conflito.
Aliás, essa característica da confidencialidade nos procedimentos arbitrais, se reveste
de maior importância quando o conflito se dá em questões comerciais internacionais. Como
destaca Rechsteiner (2001, p.27):
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Notadamente, fica evidenciada a característica de democracia e legitimidade quando
lembramos que no sistema arbitral o árbitro (ou corte arbitral) é escolhido de forma livre e
responsável pelas partes, que da mesma forma definem a estrutura dos procedimentos a ser
adotada.

Por conseguinte, a economia processual, alcança não só as partes, mas toda a


sociedade, uma vez que a estrutura jurídica não é acionada em questões controversas que se
limitam a alguns poucos particulares.

Como diz Furtado Bulos (1997, p.12) o motivo principal para a adoção do sistema
arbitral )              /
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Inclui-se, portanto, como grande vantagem sobre a jurisdição estatal, a neutralidade


dos árbitros, uma vez que estes foram escolhidos livre e democraticamente pelas partes,
conservando-se a lisura da análise dos árbitros em relação às partes em conflito, garantindo,
portanto, pela imparcialidade, maior justiça na decisão arbitrada.

Por outro lado, essa liberdade de escolha dos árbitros, permite que as partes elejam
pessoas com maior domínio e conhecimento sobre as questões em litígio, o que permite que
questões de maior complexidade, seja no aspecto econômico, jurídico e/ou técnico, sejam
tratadas com o necessário entendimento, por estarem sendo conduzidos por '0 no
assunto, guiando a decisão arbitral a um maior senso de estabelecimento da justiça.

Portanto, revendo as já citadas vantagens, compreendemos que uma das principais é


a liberdade que as partes têm para nomear e eleger o árbitro que auxiliará na solução do
conflito, para escolher as regras do procedimento a ser adotado, permitindo inclusive que
sejam adotados regramentos estranhos à questão em si sob a análise do árbitro, condicionado
à preservação e respeito aos bons costumes e à ordem pública, além da equidade, dos
princípios gerais do direito, e num contexto globalizado, as regras internacionais de comércio.

Em razão de essas vantagens estarem intimamente interligadas umas às outras, o


sistema arbitral se agrega de qualidades de muita importância para as partes, como a
celeridade, a minimização dos custos processuais, a manutenção das relações entre as partes, a
confiabilidade no sistema, o sigilo e privacidade, a especialização dos árbitros, a eficiência do
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sistema na solução dos conflitos e a consequente segurança e certeza do estabelecimento da


justiça na solução adotada.

Ao analisarmos o aspecto da celeridade, é extraordinário perceber que as partes, ao


estabelecer a estrutura do procedimento, definem o prazo a decorrer pelo processo, no
máximo de seis meses. Ora, essa rapidez é uma dos maiores anseios na jurisdição estatal, e
motivo de muitas desistências de recorrer à defesa de direitos presumidamente desrespeitados.

Nas transações comerciais esse aspecto se reveste da maior importância, pois as


empresas, num mundo globalizado, de alta competitividade, vivendo na máxima de que
³tempo é dinheiro´, preferem os custos do procedimento arbitral à demora na prestação
jurisdicional.

Nesse sentido, sem dúvida, como já analisado, o caráter de título executivo judicial
da sentença arbitral não submisso à homologação pelo Poder Judiciário, sem permissão pêra
recursos, cumprindo um prazo preestabelecido eliminando a demora quase sempre acima do
razoável das decisões judiciais, são condições que sustentam a celeridade do procedimento
arbitral. Ainda que a execução da sentença arbitral se dê pelas vias judiciais, isto acontecerá
apenas se uma das partes não cumpra voluntariamente sua obrigação, o que, dada a forma pela
qual é montada a estrutura arbitral, ocorre em pequena escala.

A sigilosidade se agrega às demais vantagens, como já afirmamos, uma vez que, em


se tratando de relações de comércio internacional, muitas vezes não é interesse de nenhuma
das partes que aquele conflito seja levado à público, o que lhe poderia causar perjuízos e
desvantagens irreparáveis junto aos mercados em que atuam.

Ao rever tais vantagens, reconhecemos como uma das principais a especialização dos
árbitros, o que favorece soluções mais justas e adequadas, uma vez que possue maior
conhecimento para uma decisão rápida e segura.

Notadamente com a crescente globalização, mais e mais direitos surgem e,


conseqüentemente, mais conflitos. A arbitragem traz em seu bojo um notável potencial de
lidar com as mudanças por não se manter ancorado no direito positivado, mas sim com
flexibilidade, conforme o grau de adaptabilidade das partes, podendo satisfazer os interesses,
as exigências modernas e as constantes transformações sociais.
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A arbitragem, no entanto, não é só vantagem, sendo possível o apontar-se algumas


desvantagens, como o fato da decisão arbitral se dar em uma única instância, não cabendo
recurso, quanto ao mérito, ao Poder Judiciário.
Considerando-se que o árbitro poderá ser uma pessoa eleita pelas partes sem o
necessário conhecimento jurídico e somente com experiência na matéria de fato envolvida na
disputa, surge a possibilidade de que a eficiência no que tange a análise das questões de
direito, seja acompanhada de erro nos aspectos técnicos que embasam os fatos que originaram
a demanda.
Nesse caso, poderá a parte que se achar em desvantagem por causa do laudo arbitral
vicioso, requerer perante o Poder Judiciário a nulidade do laudo arbitral, mas gerará assim
uma perda de tempo e dinheiro, comprometendo a celeridade do processo.
Outra desvantagem a destacar é que a sentença arbitral faz somente título executivo,
isso quer dizer que a parte que foi prejudicada pelo não cumprimento do acordo, terá que
apelar para o Poder judiciário para o efetivo cumprimento de seu acordo, ou seja, para
executar a decisão, ficando submetida aos procedimentos judiciais ordinários (com direito a
recursos, medidas protelatórias, etc.).
Semelhantemente, dependendo da ótica como se analisa as questões, aquilo que se
avaliou como vantagem, no caso, a celeridade do processo, pode ser analisada como
desvantagem. Senão, vejamos o procedimento arbitrário que, por ser célere, não permite
suficiente tempo para a preparação complexas de evidências e provas, tornando-se, às vezes,
uma decisão superficial. Os árbitros internacionais tendem a permitir um número limitado de
material a ser apresentado, fato que pode ir contra a ampla defesa, princípio primordial do
direito.
Outro item na classificação de desvantagens são os atrasos em razão a
incompatibilidade de horário das partes e dos árbitros para as audiências, o desconhecimento
da língua, das leis e procedimentos a serem utilizados, que podem fazer com que a arbitragem
se prolongue de forma mais extensa do que a resolução do conflito perante uma corte
internacional.
As despesas também podem ser altas neste instituto, já que há honorários advocatícios
e despesas com transportes devido às audiências periódicas. É de se ressaltar, ainda, que, no
juízo arbitral, cada parte indica o seu próprio árbitro. Corre-se o risco, dessa feita, de que cada
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um deles atue em defesa dos interesses daquele que o tenha indicado. A imparcialidade da
arbitragem, nessa esteira de idéias, passa a ser de alguma forma, questionável.
Há um caráter cultural nacional que dificulta a implementação e ampliação do uso da
arbitragem no Brasil. E normalmente esse aspecto cultural se dá sobre os aspectos:
a.c A falta de tradição do instituto no Brasil.
b.c As fracas garantias que tal método de solução de controvérsias efetivamente possa
proporcionar aos envolvidos em controvérsias.
c.c Não-aceitação, por parcela da doutrina e da jurisprudência, da arbitragem como meio
para realizar a diluição de controvérsias.
Ao examinarmos as circunstâncias dificultadoras, sejam culturais, sejam jurídicas, é
percebida uma posição desconfiada por parte, tanto dos operadores de direito quanto dos
empresários, o que dificulta a utilização do processo arbitral para solução das controvérsias
privadas do meio empresarial. Diversos argumentos realçam a insegurança pela arbitragem e,
entre vários questionamentos, está em evidência a parcialidade dos árbitros nomeados pelas
partes.
O Brasil é um país que possui a cultura do litígio, onde um bom advogado é aquele
que, através de vários recursos e artifícios levam os processos até o tribunal e por lá estes
ficam anos sem julgamento. Com isso, a falta da utilização da prática arbitral inibiu a
construção de jurisprudência própria, deixando o instituto disperso no mundo jurídico,
adormecido nos livros e com uma minoria de adeptos.
São, portanto, desvantagens a se analisar, a ausência de uma autoridade forte que seja
capaz de por fim de imediato aos combates processuais, o temor quanto a neutralidade dos
árbitros, a carência de procedimentos rígidos com a necessidade de intervenção estatal em
situações mais extensivas.
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Concluímos, portanto, diante de todos os aspectos mencionados, que a mediação e a


arbitragem, mais especificamente, têm vantagens e desvantagens no mundo globalizado e, no
Brasil, não é diferente. Entretanto, no Brasil, ainda que se reconheçam as vantagens dessas
alternativas de solução de conflitos, ainda se encontram diversas resistências, seja no campo
jurídico, seja no campo das partes, inclusive nos setores comerciais.
Mas cremos que, em razão do crescente e contínuo processo globalizante, a exigência
de alternativas versáteis, céleres e apropriadas às necessidades complexas, em busca de
solução efetiva, o Brasil passará a adotar com menor resistência a prática da mediação e
arbitragem, uma vez que seu posicionamento no mercado internacional tende a se acentuar, e
cuja liderança na região das Américas, o obrigará a adotar instrumentos mais aceitos na
comunidade comercial internacional.
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AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues do,    ! "#


 # , http://www.hottopos.com/harvard4/ton.htm - Acessado em 13.09.2010.

FURTADO, Paulo; BULOS, Uadi Lammêgo.       . São Paulo:
Saraiva, 1997.

INÁCIO, Sandra Regina da Luz,      $%#    &   „'(  
"  ÷#$)  & , http://www.textolivre.com.br/artigos/11729-
as-vantagens-da-pratica-arbitral-para-solucoes-das-controversias-das-micro-e-pequenas-
empresas - Acessado em 13.09.2010

RECHSTEINER, Beat Walter.   $    #    . São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2001.

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