jornal cana 171:_ 3/17/2008 2:49 AM
44 TECNOLOGIA INDUSTRIAL
Fornecedores oferecem
um tipo de
equipamento extrator
para cada necessidade
RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS
FREE LANCE PARA O JORNALCANA
E
ntre a produção de moenda e
difusor para a extração do
caldo de cana-de-açúcar, fabri-
cantes e fornecedores de equipamen-
tos para plantas industriais de usinas
e destilarias estão adotando uma po-
sição que tem a finalidade de atender
ao exigente e cada vez mais competi-
tivo mercado sucroalcooleiro. Apesar
de ser uma decisão difícil, algumas
empresas do ramo já encontraram,
porém, uma saída.
Entre os dois equipamentos, resol-
veram sem vacilar: vão disponibilizar
aos seus clientes somente a tecnologia
que é mais indicada – e desperta maior
interesse – para cada caso. Por isso,
“gigantes” do mercado, como a Dedini
e o Grupo Zanini, devido às demandas
do setor, decidiram – sem combinar – a
mesma coisa. Não fizeram isto, sem
avaliar quais são as vantagens e des-
vantagens de cada equipamento.
Mas, afinal: qual é a tecnologia
para extração de caldo que detém a
preferência de grandes fabricantes de
equipamentos para as unidades su-
Page 44
Março/2008
croalcooleiras? Seria a antiga, “expe-
riente” e renovada moenda? Ou o
moderno e eficiente difusor? O dire-
tor superintendente de açúcar e eta-
nol da Dedini S/A Indústrias de Base
– com sede em Piracicaba, SP -, Sér-
gio Barreira, observa que a empresa
“sempre pautou por oferecer aos seus
clientes opções de processo e equipa-
mentos, em equivalentes condições
de qualidade, eficiência e custos, pos-
sibilitando uma aplicação mais espe-
cífica e atendendo a demanda do
mercado.”
Para buscar soluções que satisfa-
çam seus clientes na área de tecnolo-
gia industrial, os fabricantes estão
atentos também à questão da eficiên-
cia energética – que é uma das maio-
res exigências do setor sucroalcoo-
leiro que tem investido na cogeração.
Neste caso, o engenheiro de apli-
cação da Sermatec (Grupo Zanini), de
Sertãozinho, SP, Eber Tostes, destaca
que o consumo total de energia do
difusor é igual ao de um terno de
moenda.
Na avaliação de Sérgio Barreira,
da Dedini, observando-se somente o
processo de extração, o difusor apre-
senta-se mesmo mais eficiente que as
MOENDA, EXPERIENTE E
moendas. “Numa análise mais am-
pliada, ou seja, olhando o processo
como um todo, a extração por meio
RENOVADA versus DIFUSOR,
da difusão é menos eficiente energe-
ticamente falando, em especial pela MODERNO E EFICIENTE
menor concentração do caldo misto”,
opina.
jornal cana 171:_ 3/17/2008 2:49 AM Page 45

Março/2008 TECNOLOGIA INDUSTRIAL 45

Análise de variáveis ajuda fabricante a não ficar em cima do muro

Empresas encontram a
melhor alternativa e
resolvem o que vão
disponibilizar para os
seus clientes
Um comparativo entre o desempe-
nho de moenda e difusor, além da ques-
tão energética, deve levar em conta
itens como eficiência de extração, in-
vestimento inicial, custo operacional,
flexibilidade, manutenção, entre outros.
Por isso, a partir da avaliação de todas
essas variáveis, fabricantes de equipa-
mentos optaram pelo mesmo caminho.
Entre um e outro, decidiram fabricar e
disponibilizar, para os seus clientes, os
dois equipamentos.
A posição intermediária nada tem a
ver com a postura de quem ficou “em
cima do muro”, apesar de ser esta a im-
pressão inicial. Pelo contrário. O enge-
nheiro de aplicação da Sermatec, Eber
Tostes, explica que o Grupo Zanini for-
nece os dois tipos de equipamentos por-
que é reconhecido por atender diferen-
tes necessidades do mercado. Ele tem,
no entanto, uma posição clara e direta
sobre o assunto: “A opção por uma
moenda ou por um difusor depende da
necessidade e da perspectiva de produ-
ção da usina.”
Segundo ele, a escolha sempre será
o difusor se a usina estiver buscando
extração mais eficiente, menor manu-
tenção – pois dispensa sucessivas des-
montagens -, além de maior exportação
de energia, maior tempo de aproveita-
mento na safra. Ele cita, como outras
vantagens desse equipamento, a maior
confiabilidade mecânica, a melhor uni-
formidade da produção e a maior inde-
pendência em relação ao fornecedor,
pois o difusor não necessita de pós-
venda. Eber Tostes afirma: “Se a uni-
dade estiver buscando tradição, manu-
tenção da cultura existente e dependên-
cia vitalícia dos serviços oferecidos pelo
fornecedor do equipamento, ele deve
manter-se fiel à moenda”. (RA)

Grupo Zanini tem opções para

adeptos dos dois equipamentos
O Grupo Zanini tem opções para os
adeptos dos dois tipos de equipamentos
de extração de caldo. Dos últimos lan-
çamentos, a Sermatec apresentou ao
mercado, no final do ano passado, o di-
fusor Zanini modelo NFZ/2007, que in-
clui avanços no poder de extração da
sacarose, proporcionando maior apro-
veitamento do caldo de cana, de acordo
com Eber Tostes. É fabricado em sete ca-
pacidades diferentes, desenvolvidos
para volumes de produção específicos.
A outra empresa do Grupo, a Renk
Zanini, lançou na última Fenasucro, a
primeira moenda de dois rolos fabricada
no Brasil. “Diferente das demais, esta
novidade é mais leve e competitiva,
consumindo até 30% menos energia.
Além disso, envolve menos equipamen-
tos e peças, não tem flutuação e cabe-
çote hidráulico, não possui o rolo de
saída e não necessita de bagaceira, di-
minuindo a probabilidade de falhas e
permitindo uma menor potência insta-
lada no acionamento”, explica. Devido a
um sistema de controle e de não reab-
sorção de caldo, produz um bagaço me-
nos úmido. (RA)
jornal cana 171:_ 3/17/2008 2:49 AM
46 TECNOLOGIA INDUSTRIAL
Flexibilidade e eficiência da extração são parâmetros importantes
Eficiência da extração e flexibili-
dade operacional. Estes são dois aspec-
tos considerados fundamentais para a
análise da performance de moendas e
difusores. No quesito eficiência, existe
praticamente um consenso entre profis-
sionais da área. “O difusor apresenta
vantagem econômica na extração, pois
enquanto a sua eficiência é de 98%, a
da moenda é de 96%”, compara Eber
Tostes, da Sermatec.
Segundo Sérgio Barreira, da De-
dini, o difusor modular Dedini Bosch –
fornecido pela empresa – tem demons-
trado uma eficiência maior do que as
moendas. “Isto se dá em função da
maior taxa de embebição – 300% con-
tra 250% nas moendas -, bem como,
pelo processo contínuo de lixiviação a
temperaturas mais elevadas. A moenda
desaguadora e a moenda secadora ga-
rantem a adequada secagem do bagaço
e a remoção das últimas porcentagens
de açúcar no megaço”, afirma.
O gerente de engenharia da Uni-
Systems – também localizada em Ser-
tãozinho -, Arnaldo Bastos Neto – um
dos maiores defensores do uso de difu-
sor, no País, em usinas e destilarias –
lembra que a moenda pode até chegar
96,5% de eficiência, mas deve estar,
para isto, funcionando com seis ternos.
“O difusor sempre terá a mesma eficiên-
cia, operando com 40% a 140% da sua
capacidade da extração”, afirma. Esses
Page 46
Março/2008
indicadores servem inclusive para “es-
quentar” a discussão sobre a flexibili-
dade operacional, principalmente le-
vando-se em conta o início de funcio-
namento de uma unidade.
“A usina até pode começar a operar
com uma moenda de 4 ternos. É mais
barato se for considerado o aspecto de
investimento inicial. Mas, este equipa-
mento vai obter uma eficiência de ape-
nas 93%, uma diferença de 5% em rela-
ção ao difusor (que mantém sempre o
mesmo desempenho), o que equivale a
uma perda de 4,5 milhões de dólares em
açúcar, para uma usina com capacidade
de moagem de 2 milhões de toneladas
de cana. Se no segundo ano, passar a
operar com 5 ternos, vai conseguir
95%. Somente, no terceiro ano, com
seis ternos poderá alcançar 96,5%, que
é menor do que os 98% do difusor”,
exemplifica.
Para o diretor superintendente de
açúcar e etanol da Dedini, Sérgio Bar-
reira, dependendo da capacidade ini-
cial, intermediária e final de extração, o
sistema adotado de acionamento das
moendas e o nível de automação, as op-
ções difusor e moenda se alternam em
relação à qual delas se mostra mais
econômica como investimento inicial.
“É preciso considerar também a opção
de expansibilidade trazida pelo difusor
modular Dedini Bosch e por sua auto-
mação dedicada”, ressalta. (RA) Arnaldo Bastos Neto, defensor do difusor
jornal cana 171:_ 3/17/2008 2:49 AM Page 47

Março/2008 TECNOLOGIA INDUSTRIAL 47

Quanto pesam moenda e difusor no orçamento de usinas?

E o bolso, o que é que diz? De ma-
neira geral, considerando os custos de im-
plantação e operacional, o que é mais
vantajoso: investir em moenda ou difu-
sor? Com as evoluções ocorridas no difu-
sor, Arnaldo Bastos, da Uni-Systems, cal-
cula que o preço deste equipamento já
está se aproximando, em média, de um
valor 15% menor do que o da moenda.
“Houve uma redução em quase a metade
do número de correntes. O eixo do equi-
pamento, que era uma peça só, de mate-
rial fundido, pesando entre 70 a 100 tone-
ladas, é fabricado agora com chapas. Pode
ser subdividido. É mais leve, mais fácil de
transportar e apresenta um custo mais
baixo”, afirma.
Segundo Arnaldo Bastos, o custo de
manutenção de um difusor equivale a
20% do valor total de uma moenda com
seis ternos, que possui várias peças e com-
ponentes intermediários. Na opinião de
Sérgio Barreira, da Dedini, é muito rela-
tivo definir que o custo de manutenção do gastos com insumos, bactericidas, lavagem,
difusor é menor que as moendas. “Temos entre outros itens, além do menor consumo Bagaço e qualidade difusor apresenta melhor qualidade
que considerar os seguintes pontos: o di- de energia. “O difusor utiliza vapor de baixa quando comparado com o das moen-
fusor tem 2 ternos de moendas; o número pressão, deixando o de alta pressão para a do caldo também das, decorrente de sua contínua fil-
de ternos – 4, 5 ou até 7 – utilizado no cogeração de energia”, diz o gerente de en- tração por meio do leito de megaço.
processo de extração por moendas; o sis- genharia da Uni-Systems, que desenvolve são avaliados Entretanto, o bagaço proveniente do
tema adotado para o acionamento das projetos de difusor e tem a Brumazi, como difusor, possui um maior teor de im-
moendas; a idade média do tandem de parceira na fabricação. A Brumazi, de Ser- A qualidade do caldo é outro pa- purezas, sem apresentar, contudo,
moendas e a capacidade de processa- tãozinho, também produz moendas, que râmetro, que entra na análise de de- problemas durante sua queima nas
mento do tandem de moendas”, pondera. são caracterizadas por operações de manu- sempenho entre os dois equipamentos caldeiras”, avalia Sérgio Barreira, da
Em relação ao custo operacional, Ar- tenção ágeis e simples, o que evita longas de extração. “O caldo proveniente do Dedini. (RA)
naldo Bastos observa que o difusor não tem paradas não programadas. (RA)