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Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Engenharia Mecânica


Grupo de Análise e Projeto Mecânico

CURSO DE PROJETO ESTRUTURAL COM MATERIAIS COMPOSTOS

Prof. José Carlos Pereira

Florianópolis, agosto de 2003


SUMÁRIO

1 – ASPECTOS GERAIS DOS MATERIAIS COMPOSTOS ______________________ 1


1.1– Definição _________________________________________________________ 1
1.2– Componentes constituintes de um material composto ______________________ 1
1.2.1 – Fibras ________________________________________________________ 1
1.2.2 – Matrizes ______________________________________________________ 1
1.3 – Interesse dos materiais compostos_____________________________________ 3
1.4 – Aplicações dos materiais compostos ___________________________________ 3
1.5 – Propriedades físicas principais ________________________________________ 7
1.6 – Características da mistura reforço-matriz ________________________________ 9
1.7 – Processos de fabricação ____________________________________________ 11
1.7.1 – Moldagem sem pressão_________________________________________ 12
1.7.2 – Moldagem por projeção simultânea ________________________________ 13
1.7.3 – Moldagem a vácuo_____________________________________________ 14
1.7.4 – Moldagem por compressão a frio _________________________________ 14
1.7.5 – Moldagem por injeção __________________________________________ 14
1.7.6 – Moldagem em contínuo _________________________________________ 15
1.7.7 – Moldagem por centrifugação _____________________________________ 16
1.7.8 – Bobinamento circunferencial _____________________________________ 17
1.7.9 – Bobinamento helicoidal _________________________________________ 18
1.7.10 – Bobinamento polar ____________________________________________ 19
1.8 – Arquitetura dos materiais compostos __________________________________ 20
1.8.1 – Laminados ___________________________________________________ 20
1.8.2 – Sanduíche ___________________________________________________ 21
1.9 – Determinação experimental das constantes elásticas de uma lâmina _________ 22
2 – CONSTANTES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS _______________ 25
2.1 – Equações constitutivas para materiais compostos ________________________ 25
2.2 – Efeito da temperatura ______________________________________________ 29
3 – CONSTANTES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS NUMA DIREÇÃO
QUALQUER __________________________________________________________ 31
3.1 – Equações constitutivas dos materiais compostos numa direção qualquer ______ 31
3.2 - Efeito da temperatura ______________________________________________ 37
4 – COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PLACAS LAMINADAS ________________ 38
4.1 – Teoria clássica de laminados ________________________________________ 38
4.1.1 – Comportamento em membrana ___________________________________ 38
4.1.2 – Comportamento em flexão_______________________________________ 45
4.1.3 – Efeito da temperatura __________________________________________ 54
5 – CRITÉRIOS DE RUPTURA ___________________________________________ 58
5.1 – Critério de tensão máxima __________________________________________ 58
5.2 – Critério de deformação máxima ______________________________________ 59
5.3 – Comparação entre os critérios de tensão máxima e de deformação máxima ___ 60
5.4 – Critérios interativos ________________________________________________ 62
5.4.1 – Revisão do critério de von Mises __________________________________ 62
5.4.2 – Critério de Hill ________________________________________________ 66
5.4.3 – Critério de Tsai-Hill ____________________________________________ 67
5.4.4 – Critério de Hoffman ____________________________________________ 68
5.4.5 – Critério de Tsai-Wu ____________________________________________ 69
5.4 – Método de degradação _____________________________________________ 78
6 – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADO AOS MATERIAIS
COMPOSTOS ________________________________________________________ 88
6.1 – Campo de deslocamentos __________________________________________ 88
6.2 – Energia de deformação elementar ____________________________________ 92
6.3 – Energia cinética elementar __________________________________________ 95
6.4 – Trabalho realizado pelas forças externas _______________________________ 97
6.5 – Problema estático – princípio dos trabalhos virtuais _______________________ 98
6.5.1 – Determinação das tensões ______________________________________ 98
6.6 – Problema dinâmico – equações de lagrange ___________________________ 103
6.6.1 – Freqüências naturais e modos de vibração _________________________ 103
6.6.2 – Resposta no tempo ___________________________________________ 104
6.7 – Exemplos de aplicação ____________________________________________ 104
6.7.1 – Chassi de kart _______________________________________________ 104
6.7.2 – Chassi de side-car ____________________________________________ 105
6.7.3 – Quadro de bicicleta (a)_________________________________________ 106
6.7.4 – Raquete de tênis _____________________________________________ 106
6.7.5 – Carroceria de caminhão baú ____________________________________ 107
6.7.6 – Casco de catamaran __________________________________________ 107
6.7.7 – Quadro de bicicleta (b)_________________________________________ 108
6.7.8 – Chassi de um caminhão leve ____________________________________ 108
7 – FLAMBAGEM DE PLACAS LAMINADAS _______________________________ 109
7.1 – Equações diferencias de placas _____________________________________ 109
7.2 – Equações de placa considerando a flambagem _________________________ 111
7.3 – Método da perturbação aplicado à flambagem __________________________ 114
REFERÊNCIAS ______________________________________________________ 122
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 1

1 – ASPECTOS GERAIS DOS MATERIAIS COMPOSTOS

1.1– Definição

Um material composto é formado pela união de dois materiais de naturezas


diferentes, resultando em um material de performance superior àquela de seus
componentes tomados separadamente. O material resultante é um arranjo de fibras,
contínuas ou não, de um material resistente (reforço) que são impregnados em uma
matriz de resistência mecânica inferior as fibras.

1.2– Componentes constituintes de um material composto

1.2.1 – Fibras

A(s) fibra(s) é o elemento constituinte que confere ao material composto suas


características mecânicas: rigidez, resistência à ruptura, etc. As fibras podem ser curtas
de alguns centímetros que são injetadas no momento da moldagem da peça, ou longas
e que são cortadas após a fabricação da peça.
Os tipos mais comuns de fibras são: de vidro, de aramida (kevlar), carbono, boro,
etc. As fibras podem ser definidas como sendo unidirecionais, quando orientadas
segundo uma mesma direção; bidimensionais, com as fibras orientadas segundo duas
direções ortogonais (tecidos), Figura 1.1 e Figura 1.2, ou com as fibras orientadas
aleatoriamente (esteiras), Figura 1.3; e tridimensionais, quando as fibras são orientadas
no espaço tridimensional (tecidos multidimensionais).

1.2.2 – Matrizes

As matrizes têm como função principal, transferir as solicitações mecânicas as


fibras e protegê-las do ambiente externo. As matrizes podem ser resinosas (poliéster,
epóxi, etc), minerais (carbono) e metálicas (ligas de alumínio).
2 Aspectos gerais dos materiais compostos

Figura 1.1 – Tecido - padrão 1

Figura 1.2 – Tecido - padrão 2

Figura 1.3 – Esteira (fibras contínuas ou cortadas)


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 3

A escolha entre um tipo de fibra e uma matriz depende fundamentalmente da


aplicação ao qual será dado o material composto: características mecânicas elevadas,
resistência a alta temperatura, resistência a corrosão, etc. O custo em muitos casos
pode também ser um fator de escolha entre um ou outro componente. Deve ser
observada também a compatibilidade entre as fibras e as matrizes.

1.3 – Interesse dos materiais compostos

O interesse dos materiais compostos está ligado a dois fatores: econômico e


performance. O fator econômico vem do fato do material composto ser muito mais leve
que os materiais metálicos, o que implica numa economia de combustível e
conseqüentemente, num aumento de carga útil (aeronáutica e aeroespacial). A redução
na massa total do produto pode chegar a 30 % ou mais, em função da aplicação dada
ao material composto. O custo de fabricação de algumas peças em material composto
pode ser também sensivelmente menor se comparado com os materiais metálicos.
O fator performance está ligado a procura por um melhor desempenho de componentes
estruturais, sobretudo no que diz respeito às características mecânicas (resistência a
ruptura, resistência à ambientes agressivos, etc.). O caráter anisotrópico dos materiais
compostos é o fator primordial para a obtenção das propriedades mecânicas requeridas
pelo componente.
A leveza juntamente com as excelentes características mecânicas faz com que
os materiais compostos sejam cada vez mais utilizados dentro de atividades esportivas.

1.4 – Aplicações dos materiais compostos

A aplicação dos materiais compostos surgiu inicialmente na área aeronáutica


devido a necessidade de diminuição de peso, preservando a robustez dos
componentes estruturais. Atualmente uma grande variedade de peças em materiais
compostos podem ser encontradas nos aviões em substituição aos materiais metálicos:
fuselagem, spoilers, portas de trem de aterrissagem, portas internas, etc., Figura 1.4.
Em muitos destes componentes, sua concepção foge da definição dada
4 Aspectos gerais dos materiais compostos

inicialmente para materiais compostos, pois nestes casos os componentes são


fabricados normalmente em placas de baixa densidade, contra-placadas por placas
finas de alta resistência. Esta configuração normalmente é dita sanduíche. De uma
forma mais ampla, estas configurações são também consideradas “materiais
compostos”, pois combinam diferentes materiais.

Figura 1.4 – Componentes em material composto em aviões-caça

Dentro da área aeronáutica, os helicópteros possuem também vários


componentes em material composto: pás da hélice principal, hélice traseira, árvore de
transmissão, fuselagem, etc, Figura 1.5.

Figura 1.5 – Componentes em material composto em helicópteros


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 5

A utilização dos materiais compostos dentro da industria automobilística é bem


mais recente do que na área aeronáutica. Inicialmente, eram produzidos somente pára-
choques e tetos de automóveis. Atualmente, o material composto é utilizado para a
fabricação de capôs, carters de óleo, colunas de direção, árvores de transmissão,
molas laminadas, painéis, etc., Figura 1.6.
Uma das grandes vantagens trazidas para o meio automobilístico pelos materiais
compostos é, além da redução do peso, a facilidade em confeccionar peças com
superfícies complexas.

Figura 1.6 – Componentes em material composto em automóveis

Uma atividade esportiva notória que emprega material composto é a Fórmula 1,


que pode ser considerada como um laboratório para as inovações tecnológicas. Em
muitos casos, o que se emprega dentro dos carros de Fórmula 1, será utilizado
futuramente nos carros de passeio. Neste caso, o aumento da relação potência/peso é
fundamental para um bom desempenho do carro nas pistas. A configuração mais
freqüentemente utilizada nestes carros é do tipo sanduíche que é utilizada para a
confecção da carroceria.
Em praticamente todas as atividades esportivas, a redução do peso está
diretamente ligada a redução do tempo de execução de uma prova esportiva. Como
exemplo disto, podemos citar: barcos a vela, skis, bicicletas, etc. Em alguns casos, o
que se procura é a agilidade, e a perfeição de alguns golpes, como no tênis, com suas
raquetes; no golfe, com seus tacos; e no surf, com suas pranchas.
6 Aspectos gerais dos materiais compostos

Figura 1.7 – Barcos a vela Figura 1.8 – Ski

Uma aplicação bem recente dos materiais compostos na área aeroespacial são
os painéis solares de satélites, confeccionados em uma configuração sanduíche, Figura
1.9, e os motores de último estágio dos lançadores de satélites, confeccionados a partir
do bobinamento das fibras sobre um mandril, Figura 1.10.

Figura 1.9 – Painéis solares de satélite


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 7

Figura 1.10 – Propulsor de último estágio de lançador de satélite

1.5 – Propriedades físicas principais


Tensão de ruptura

limite de utilização
dilatação térmica
Alongamento à
à tração (MPa)
Coeficiente de

Coeficiente de
cisalhamento

Temperatura
elasticidade
volumétrica

ruptura (%)
Módulo de

Módulo de

poisson
Metais

Massa

1
3

ρ E G ν σ ε α Tmax
aços 7800 205000 79000 0,3 400 a 1,8 a 1,3.10-5 800
1600 10
ligas de 2800 75000 29000 0,3 450 10 2,2.10-5 350
alumínio
ligas de 4400 105000 40300 0,3 1200 14 0,8.10-5 700
titânio
Cobre 8800 125000 48000 0,3 200 a 1,7.10-5 650
500
8 Aspectos gerais dos materiais compostos

Tensão de ruptura

limite de utilização
dilatação térmica
Alongamento à
à tração (MPa)

Preço/kg 1985
Coeficiente de

Coeficiente de
cisalhamento

Temperatura
elasticidade
volumétrica

ruptura (%)
Módulo de

Módulo de
poisson
Massa
Fibras

(°C-1)
3

ρ E G ν σ ε α Tmax $US
Vidro 2500 86000 0,2 3200 4 0,3.10-5 700 12
“R”
Vidro 2600 74000 30000 0,25 2500 3,5 0,5.10-5 700 2,8
“E”
Kevlar 1450 130000 12000 0,4 2900 2,3 -0,2.10-5 70
49
Grafite 1750 230000 50000 0,3 3200 1,3 0,02.10-5 >1500 70 a
“HR” 140
Grafite 1800 390000 20000 0,35 2500 0,6 0,08.10-5 >1500 70 a
“HM” 140
-5
Boro 2600 400000 3400 0,8 0,4.10 500 500
Tensão de ruptura à
cisalhamento (MPa)
Massa volumétrica

Temperatura limite
elasticidade (MPa)

de utilização (°C)
dilatação térmica
Alongamento à

Preço/kg 1985
Coeficiente de

Coeficiente de
tração (MPa)

ruptura (%)
Módulo de

Módulo de
Matrizes

poisson
(kg/m3)

(°C-1)

ρ E G ν σ ε α Tmax $US
TERMORESISTENTES
Epóxi 1200 4500 1600 0,4 130 2 a 6 11.10-5 90 a 200 6 a 20
-5
Fenólica 1300 3000 1100 0,4 70 2,5 1.10 120 a
200
Poliéster 1200 4000 1400 0,4 80 2,5 8.10-5 60 a 200 2,4
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 9

Poli 1200 2400 60 6.10-5 120


carbonato
Termoplásticas
Poli 900 1200 30 20 a 9.10-5 70 a 140
propileno 400
Poliamida 1100 4000 70 200 8.10-5 170 6

1.6 – Características da mistura reforço-matriz

As propriedades da lâmina (reforço+matriz) são obtidas em função das


percentagens de cada componente na mistura.
a) Percentagem em massa do reforço.
massa de reforço
Mf =
massa total
b) Percentagem em massa da matriz.
massa da matriz
Mm = ou Mm = 1 - Mf
massa total
c) Percentagem em volume do reforço.
volume de reforço
Vf =
volume total
d) Percentagem em volume da matriz.
volume da matriz
Vm = ou Vm = 1 - Vf
volume total
e) Massa volumétrica da lâmina.
massa total
ρ=
volume total
ou:
massa do reforço massa da matriz
ρ= +
volume total volume total

volume do reforço volume da matriz


ρ= ρf + ρm
volume total volume total
10 Aspectos gerais dos materiais compostos

ρ = ρf . Vf + ρm . Vm
onde ρf e ρm são as massas volumétricas do reforço e da matriz, respectivamente.
f) Módulo de elasticidade longitudinal El ou E1 (propriedades estimadas).
E1 = Ef . Vf + Em . Vm
ou:
E1 = Ef . Vf + Em . (1 – Vf)
g) Módulo de elasticidade transversal Et ou E2.
 
 1 
E2 = Em  
 (1 − V ) + Em V 
 f
Eft
f


onde Eft representa o módulo de elasticidade do reforço na direção transversal.


h) Módulo de cisalhamento Glt ou G12.
 
 1 
G12 = Gm  
 (1 − V ) + Gm V 
 f
Gft
f


onde Gft representa o módulo de cisalhamento do reforço.


i) Coeficiente de poisson νlt ou ν12.
ν12 = νf . Vf + νm . Vm
j) Resistência a ruptura da lâmina.
 E 
σ1ruptura = σf ruptura  Vf + (1 − Vf ) m 
 Ef 

ou:
σ1ruptura = σf ruptura .Vf

k) Propriedades mecânicas de algumas misturas mais comumente utilizadas.

As propriedades na tabela abaixo correspondem a uma mistura de fibras


unidirecionais+resina epóxi com 60 % do volume em fibras.
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 11

vidro kevlar carbono


3
Massa volumétrica (kg/m ) 2080 1350 1530
σruptura em tração na direção 1 (Xt) (MPa) 1250 1410 1270
σruptura em compressão na direção 1 (Xc) (MPa) 600 280 1130
σruptura em tração na direção 2 (Yt) (MPa) 35 28 42

σruptura em compressão na direção 2 (Yc) (MPa) 141 141 141


τ12 ruptura em cisalhamento (S12) (MPa) 63 45 63
τruptura em cisalhamento interlaminar (MPa) 80 60 90
módulo de elasticidade longitudinal E1 (MPa) 45000 85000 134000
módulo de elasticidade transversal E2 (MPa) 12000 5600 7000
módulo de cisalhamento G12 (MPa) 4500 2100 4200
coeficiente de poisson ν12 0,3 0,34 0,25
Coef. de dilatação térmica longitudinal α1 (°C-1) 0,4 a -0,4.10-5 -0,12.10-
0,7.10-5 5

Coef. de dilatação térmica transversal α2 (°C-1) 1,6 a 5,8.10-5 3,4.10-5


2.10-5

1.7 – Processos de fabricação


Muitas peças ou estruturas em material composto são geralmente produzidas por
uma composição de lâminas sucessivas, chamadas de estruturas estratificadas. Os
processos de fabricação são inúmeros e devem ser selecionadas segundo requisitos
como: dimensões, forma, qualidade, produtividade (capacidade de produção), etc.
As operações básicas para a obtenção da peça final têm a seguinte seqüência:
12 Aspectos gerais dos materiais compostos

Fibras Resina

Impregnação (mistura)

Colocação da mistura sobre o


molde/mandril

Polimerização (estufa)

Desmoldagem

Acabamento

1.7.1 – Moldagem sem pressão

O molde é primeiramente revestido de um desmoldante e posteriormente de uma


resina colorida. A seguir as fibras são depositadas sobre o molde e em seguida
impregnadas com resina e compactadas com um rolo. O processo se segue para as
lâminas sucessivas, Figura 1.11. A polimerização (solidificação) ou cura da resina pode
ser feita com ou sem o molde, isto em função da geometria da peça. A cura da resina
pode ser feita em temperatura ambiente ou ser acelerada se colocada em uma estufa a
uma temperatura entre 80° C e 120° C. Após a cura da resina e a desmoldagem, a
peça é finalizada: retirada de rebarbas, pintura, etc.
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 13

resina
fibras

molde

rolo

Figura 1.11 – Moldagem sem pressão

1.7.2 – Moldagem por projeção simultânea

Este processo consiste em projetar simultaneamente fibras cortadas


impregnadas em resina sobre o molde. A lâmina de fibras impregnadas é em seguida
compactada por um rolo e novas lâminas podem ser sucessivamente depositadas,
Figura 1.12. Um contra-molde pode eventualmente ser utilizado para a obtenção de
faces lisas e para proporcionar uma melhor compactação entre as lâminas. A vantagem
deste processo com relação ao anterior é permitir uma produção em série das peças,
no entanto, as características mecânicas das peças são médias devido ao fato das
fibras serem cortadas.
resina

pistola

fibra
cortada
fibra e resina

Figura 1.12 – Moldagem por projeção simultânea


14 Aspectos gerais dos materiais compostos

1.7.3 – Moldagem a vácuo

Neste processo as fibras podem ser colocadas manualmente como na moldagem


sem pressão, ou automaticamente por projeção simultânea. Neste caso um contra-
molde e uma bomba a vácuo são utilizados para permitir uma melhor compactação e
evitar a formação de bolhas, Figura 1.13.

contra
molde
fibras

Bomba a
resina vácuo

Figura 1.13 – Moldagem a vácuo

1.7.4 – Moldagem por compressão a frio

Neste processo a resina é injetada sob pressão no espaço entre o molde e o


contra-molde. A cura pode ser feita a temperatura ambiente ou em uma estufa. Há
casos onde o molde e o contra-molde são aquecidos, sendo este processo chamado de
compressão a quente. Neste caso a cura da resina é feita no próprio molde, Figura
1.14.

1.7.5 – Moldagem por injeção

O processo por injeção consiste em injetar as fibras impregnadas a partir de um


parafuso sem fim no molde aquecido, Figura 1.15.
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 15

contra-molde

molde
resina

Figura 1.14 – Moldagem por compressão a frio

Fibra
pré-impregnada molde Contra-molde
aquecida aquecido aquecido

Figura 1.15 – Moldagem por injeção

1.7.6 – Moldagem em contínuo

Este processo permite produzir placas e painéis de grande comprimento. As


fibras (unidirecionais, tecidos ou esteira) juntamente com a resina são depositadas
entre dois filmes desmoldantes. A forma da placa e a cura da resina são dadas dentro
da estufa, Figura 1.16 e Figura 1.17.
16 Aspectos gerais dos materiais compostos

fibras
filme
resina desmoldante
estufa

faca

filme rolos
desmoldante

Figura 1.16 – Moldagem de placas contínuas

filme estufa
fibras
resina desmoldante
cortadas

faca

rolos
filme
desmoldante

Figura 1.17 – Moldagem de placas onduladas contínuas

1.7.7 – Moldagem por centrifugação

Este processo é utilizado na produção de peças de revolução. Dentro do molde


em movimento de rotação é injetado as fibras cortadas juntamente com a resina. A
impregnação da resina nas fibras e a compactação é feita pelo efeito de centrifugação.
A cura da resina pode ser feita a temperatura ambiente ou em uma estufa. Este
processo é utilizado em casos onde não se exige homogeneidade das propriedades
mecânicas da peça.
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 17

molde

fibra

Figura 1.18 – Moldagem por centrifugação

Outros processos de fabricação de peças de revolução podem ser empregados


quando se exige homogeneidade das propriedades mecânicas da peça. Nestes
processos fibras são enroladas (bobinadas) sobre um mandril que dará a forma final da
peça. Este processo permite a fabricação industrial de tubos de diversos diâmetros e
grandes comprimentos de alta performance.
Para atender a estas necessidades de projeto, o bobinamento das fibras pode
ser feito da seguinte maneira: bobinamento circunferencial, bobinamento helicoidal e o
bobinamento polar.

1.7.8 – Bobinamento circunferencial

No bobinamento circunferencial, as fibras são depositadas em um mandril


rotativo, com um ângulo de deposição de 90° em relação ao eixo de rotação, Figura
1.19. Este tipo de bobinamento resiste aos esforços circunferenciais.
18 Aspectos gerais dos materiais compostos

Figura 1.19 - Bobinamento circunferencial

1.7.9 – Bobinamento helicoidal

No bobinamento helicoidal, as fibras são depositadas em um mandril rotativo


com um ângulo de deposição α em relação ao eixo de rotação, Figura 1.20. Este tipo de
bobinamento resiste aos esforços circunferenciais e longitudinais.

mandril

fibras

guia
resina

Figura 1.20 - Bobinamento helicoidal


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 19

fibras estufa

fibras
impregnadas

mandril

Figura 1.21 - Bobinamento helicoidal contínuo

1.7.10 – Bobinamento polar

No bobinamento polar, o reforço é depositado no mandril de forma a tangenciar


as duas aberturas dos domos, traseiro e dianteiro, Figura 1.22. O ângulo de deposição
varia de αo, constante na região cilíndrica, até 90° nas duas aberturas dos domos. O
bobinamento polar resiste preferencialmente aos esforços longitudinais.
A fabricação de vasos de pressão bobinados consiste de dois tipos de
bobinamento, como é o caso da Figura 1.10. Nos domos traseiro e dianteiro, o
bobinamento é do tipo polar [(±θ], enquanto que na região cilíndrica, os bobinamentos
circunferencial e polar se intercalam [(90º/±θ].
20 Aspectos gerais dos materiais compostos

Figura 1.22 - Bobinamento polar

1.8 – Arquitetura dos materiais compostos

1.8.1 – Laminados

Os laminados, ou estruturas laminadas, são constituidos de sucessivas lâminas


de fibras impregnadas em resina segundo uma orientação, Figura 1.23. A designação
dos laminados é efetuada segundo a disposição das lâminas e a orientação da lâmina
com relação ao eixo de referência, Figura 1.24.
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 21

Figura 1.23 – Constituição de um laminado

30° 90° 90° 45° 0° 45°


45°

45°
90°
90°
30°
[45/0/45/902/30

Figura 1.24 – Designação de um laminado

1.8.2 – Sanduíche

O princípio da técnica de estruturas do tipo sanduíche consiste em colocar um


material leve (geralmente com boas propriedades em compressão) entre duas contra-
placas com alta rigidez. Este princípio concilia leveza e rigidez a estrutura final.
22 Aspectos gerais dos materiais compostos

Placas rígidas (aço,


placas laminadas, etc)

alma de baixo
peso (espuma,
resina, etc)

Alma de madeira

Sentido das fibras da


madeira Placas rígidas (aço,
placas laminadas, etc)

Figura 1.25 – Sanduíche de alma plena

colméia

alma ondulada

Figura 1.26 – Sanduíche de alma “oca”

1.9 – Determinação experimental das constantes elásticas de uma lâmina


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 23

Para a determinação das constantes elásticas de placas unidirecionais em


fibra/resina, é necessário cortar dois corpos de prova padronizados, sobre os quais são
colados dois extensômetros dispostos ortogonalmente como mostrado abaixo.
y
σx

y
σx

20° x

Os corpos de prova são ensaiados numa máquina de tração e as deformações


são medidas pelos extensômetros.
Como exemplo, se for aplicado uma tensão de tração σx = 20 MPa, as
deformações medidas pelos extensômetros no primeiro corpo de prova são: ε1x = 143e-
6 e ε1y = - 36e-6. Assim:
σx σx σx 20
ε1x = = , E1 = = , E1 = 139860 MPa
E x E1 ε1x 143e − 6

ε1y 36e − 6
ε1y = −ν xy ε1x = −ν12 ε1x , ν12 = − , ν12 = , ν12 = 0,25
ε1x 143e − 6

Analogamente, se for aplicado uma tensão de tração σx = 20 MPa, as


deformações medidas pelos extensômetros no segundo corpo de prova, no qual as
fibras formam um ângulo de 20° com o eixo x, são: ε2x = 660e-6 e ε2y = - 250e-6. Assim
de [1], pag. 332:
24 Aspectos gerais dos materiais compostos

σx
ε2x = (1)
Ex

1 c 4 s4  1 ν 
= + + c 2 s2  − 2 12  (2)
E x E1 E2  G12 E1 

 c  1 ν  
4
s4
ε2x =  + + c 2 s2  − 2 12   σ x (3)
 E1 E2  G12 E1  

σx
ε2y = −ν xy (4)
Ex

ν 21 ν12 ν yx ν xy
onde c = cos 20° e s = sen 20°. Como = e = :
E2 E1 Ey Ex

ν xy ν 21 4  1 1 

Ex
=−
E2
( )
c + s 4 + c 2 s2  +
1
− 
 E1 E2 G12 
(5)

Substituindo (5) em (4):

 ν  1 1  
 E1
( )
ε2y = −  12 c 4 + s4 − c 2s2  +
1
−  σx
 E1 E2 G12  
(6)

De (3) e (6) temos:


1 0,1325 1 1
+ = 2,69e − 4 , − = 1,144e − 4
G12 E2 G12 E2

A solução é:
E2 = 7320 MPa , G12 = 3980 MPa e ν21 = 0,013
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 25

2 – CONSTANTES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS

2.1 – Equações constitutivas para materiais compostos

A anisotropia dos materiais compostos é mais facilmente trabalhada do que nos


casos mais gerais de materiais anisotrópicos, como por exemplo a madeira. Para os
materiais compostos, pode-se definir um sistema de eixos ortogonais, dentro do qual as
propriedades mecânicas são identificadas. Um eixo designado 1 (ou l) é colocado
longitudinalmente as fibras, um outro designado 2 (ou t) é colocado transversalmente as
fibras e um outro designado 3 (ou t’) é colocado ortogonalmente aos dois anteriores,
Figura 2.1.

1
Figura 2.1 – Sistema de eixos de ortotropia

A lei de comportamento do material composto que relaciona deformação/tensão


pela matriz de flexibilidade, dentro do sistema de eixos de ortotropia (1, 2, 3), contêm 9
constantes elásticas independentes, e é da seguinte maneira:
26 Constantes elásticas dos materiais compostos

 1 −ν 21 −ν31
0 0 0 
 E1 E2 E3 
 
 ε1   −ν12 −ν32
1 0 0 0   σ1 
ε   E1 E2 E3  σ 
   −ν
2
−ν 23  2 
1
 ε3   0 0 0   σ3 
13
E E2 E3
 = 1   (2.1)
γ
 23   0 τ
0 0 1 0 0   23 
 γ13   G23   τ13 
   1  
 γ12   0 0 0 0
G13
0   τ12 
 
 0 0 0 0 0 1 
 G12 

onde:
εii = deformações normais na direção i
γij = deformações angulares no plano ij
σii = tensões normais na direção i
τij = tensões de cisalhamento no plano ij
νij = coeficiente de poisson (deformação causada na direção j devida uma solicitação na
direção i).
Ei = módulo de elasticidade na direção i
Gij = módulo de cisalhamento no plano ij

Como a matriz de comportamento é simétrica tem-se que:


ν 21 ν12 ν 31 ν13 ν 32 ν 23
= , = , = (2.2)
E2 E1 E3 E1 E3 E2

Para a demonstração da simetria da matriz de comportamento, considere uma


placa unidirecional de dimensões a, b e espessura e:
2

a
1

b
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 27

Deformações devido a σ1 (na direção longitudinal):


∆bl σ1 ∆al σ
( ε1 )l = = , ( ε2 )l = = −ν12 ( ε1 )l = −ν12 1 (2.3)
b E1 a E1

Deformações devido a σ2 (na direção transversal):


∆a2 σ2 ∆b2 σ
( ε 2 )2 = = , ( ε1 )2 = = −ν 21 ( ε2 )2 = −ν 21 2 (2.4)
a E2 b E2

Considerando a energia acumulada devida ao carregamento σ1 e depois a σ2,


mantendo σ1:
1 1
W= (σ1 a e) ∆b1 + (σ2 b e) ∆a2 + (σ1 a e) ∆b2 (2.5)
2 2

Considerando agora a energia acumulada devida ao carregamento σ2 e depois a


σ1, mantendo σ2:
1 1
W' = (σ2 b e) ∆a2 + (σ1 a e) ∆b1 + (σ2 b e) ∆a1 (2.6)
2 2

Sendo a energia final a mesma, W = W’:


 σ   σ 
(σ1 a e) ∆b2 = (σ2 b e) ∆a1 , σ1 a e  −ν 21 2  b = σ2 b e  −ν12 1  a (2.7)
 E2   E1 

ν 21 ν12
= (2.8)
E2 E1

Em alguns casos, é possível considerar que as propriedades mecânicas nas


direções 2 e 3 são idênticas, já que, como mostrado pela Figura 2.1, estas direções são
direções perpendiculares a direção 1. Para este caso de materiais, ditos isotrópicos
transversos, a matriz de comportamento se simplifica, necessitando somente de 5
constantes elásticas independentes:
28 Constantes elásticas dos materiais compostos

 1 −ν 21 −ν 21 0 0 0 
 E1 E2 E2 
 
 ε1   −ν12 1 −ν 2 0 0 0   σ1 
ε   E1 E2 E2  
   −ν12
2
−ν 2   σ2 
 ε3   1 0 0 0   σ 
E E2 E2 3
 = 1
  (2.9)
 γ 23   0 0 0 2(1 + ν 2 ) 0
τ23
0   
 γ13   E2  τ13 
    
 γ12   0 0 0 0 1 0   τ12 
G12
 
 0 0 0 0 0 1 
 G12 

onde:
ν2 = coeficiente de poisson no plano de isotropia transversa
1 2(1 + ν 2 )
Nota-se que, devido a isotropia transversa, = .
G23 E2

A relação tensão/deformação é dada pela matriz constitutiva do material, inversa


da matriz de flexibilidade dada na eq. (2.1):
 σ1   Q11 Q12 Q13 Q14 Q15 Q15   ε1 
 σ  Q Q22 Q23 Q24 Q25 Q26  ε 
 2   21  2
 σ3  Q31 Q32 Q33 Q34 Q35 Q36   ε3 
 =    (2.10)
 τ23  Q41 Q42 Q43 Q44 Q45 Q46   γ 23 
 τ13  Q51 Q52 Q53 Q54 Q55 Q56   γ13 
     
 τ12  Q61 Q62 Q63 Q64 Q65 Q66   γ12 

onde os termos não nulos são:


1 + ν 23 ν32 ν + ν31ν 23
Q11 = Q12 = 21 Q44 = G23
E 2 E3 ∆ E 2 E3 ∆
1 + ν13 ν 31 ν + ν 21ν32
Q22 = Q13 = 31 Q55 = G31 (2.11)
E1 E3 ∆ E 2 E3 ∆
1 + ν12ν 21 ν + ν12ν 31
Q33 = Q23 = 32 Q66 = G12
E1 E2 ∆ E1 E3 ∆
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 29

1 + ν12ν 21 − ν 23 ν 32 − ν13ν 31 − 2 ν 21ν 32ν13


com ∆ =
E1 E2 E3

Considerado somente o estado plano de tensão (placas laminadas com σ33 = 0,


τ23 = 0 e τ13 = 0), a matriz de rigidez do material composto pode ser freqüentemente
encontrada da seguinte forma:
 σ1   Q11 Q12 0   ε1 
    
 σ2  = Q12 Q22 0   ε2  (2.12)
τ   0 0 Q66   γ12 
 12  

onde:

Q11 = E1
(1 − ν12ν 21 )

Q22 = E2
(1 − ν12ν 21 ) (2.13)
ν 21E1
Q12 =
(1 − ν12ν 21 )
Q66 = G12

2.2 – Efeito da temperatura

Quando se deseja levar em consideração os efeitos de variação de temperatura


em estruturas compostas, na lei de comportamento do material deve ser considerada
as deformações devido a este efeito:
 1 −ν 21 −ν31
0 0 0 
 E1 E2 E3 
 
 ε1   −ν12 −ν 32
1 0 0 0   σ1   α1 
ε   E1 E2 E3 σ  α 
 2   −ν −ν 23  2   2
 ε3   13 E 1 0 0 0   σ3  α3 
E2 E3
 = 1    + ∆T   (2.14)
 γ 23   0 0 0 1 0
τ
0   23  0
 γ13   G23   τ13  0
   1    
 γ12   0 0 0 0
G13
0   τ12   0 
 
 0 0 0 0 0 1 
 G12 
30 Constantes elásticas dos materiais compostos

onde α1 é o coeficiente de dilatação térmica das fibras, α2 é o coeficiente de dilatação


térmica da resina e α3 é o coeficiente de dilatação térmica da resina.
A forma inversa da relação anterior colocada de maneira compacta é:
{σ } = [C ] {ε
1 1 1
− ε1t } (2.15)

onde ε1t é a deformação térmica.


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 31

3 – CONSTANTES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS NUMA DIREÇÃO


QUALQUER

3.1 – Equações constitutivas dos materiais compostos numa direção qualquer

Para a análise do comportamento mecânico de placas laminadas é necessário


definir um sistema de eixos de referência (x, y, z) para o conjunto de lâminas e
expressar as constantes elásticas de cada lâmina neste sistema de referência. Para isto
é considerada uma lâmina sobre a qual estão definidos os eixos de ortotropia (1, 2, 3).
O sistema de eixos de referência é girado em torno do eixo 3 do ângulo θ, Figura 3.1.

3, z

θ
1
x
Figura 3.1 – Sistema de eixos de ortotropia e de referência

Uma das maneiras de determinar a matriz de transformação, que relaciona as


tensões dadas no sistema de eixos de referência com as tensões no sistema de eixos
de ortotropia, é através do balanço de forças nas direções x e y sobre um elemento
plano, conforme mostrado na Figura 3.2.
32 Constantes elásticas dos materiais compostos numa direção qualquer

2
y σ2

τ21
B τ12

θ σ1
+θ C x
A


1
y y

x
τxy σx x τxy dA σx dA

θ σ1 dA cosθ θ
σ1

τ12 dA τ12 dA cosθ


τ21 τ21 dA senθ

σ2 dA senθ
σ2

Figura 3.2 – Transformação de tensão no plano x-y

Aplicando as equações de equilíbrio estático:


→ ∑Fx = 0 ,
σ x dA − σ1 dA cos θ cos θ − τ12 dA cos θ sen θ −
(3.1)
σ2 dA sen θ sen θ − τ12 dA sen θ cos θ = 0

σ x = σ1 cos2 θ + σ2 sen2 θ + 2 τ12 cos θ sen θ (3.2)

↑ ∑Fy = 0 ,
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 33

τxy dA + σ1 dA cos θ sen θ − τ12 dA cos θ cos θ −


(3.3)
σ2 dA sen θ cos θ + τ12 dA sen θ sen θ = 0

τxy = − σ1 cos θ sen θ + σ2 sen θ cos θ + τ12 (cos2 θ − sen2 θ) (3.4)

A tensão normal σy é obtida fazendo θ = θ + 90° na equação para σx.


σ y = σ1 sen2 θ + σ2 cos2 θ − 2 τ12 cos θ sen θ (3.5)

Considerando o elemento conforme apresentado pela Figura 3.3, pode-se


determinar a tensão σxz:

z x
dA
y θ 1

τxz

τ13
τ23

Figura 3.3 – Transformação de tensões transversas

↑ ∑Fz = 0 ,
τ xz dA − τ13 dA cos θ −τ23 dA sen θ = 0 (3.6)

τ xz = τ23 sen θ + τ13 cos θ (3.7)

A tensão σyz é obtida fazendo θ = θ + 90° na equação para σxz.


σ yz = σ23 cos θ −σ13 sen θ (3.8)
34 Constantes elásticas dos materiais compostos numa direção qualquer

A matriz de transformação [T], pode então ser escrita da forma:


 σ x   c 2 s2 0 0 2sc   σ1 
0
σ   2  
 y  s c2 0 0 0 − 2sc   σ 2 
 σ z   0 0   σ 3 
 =
0 1 0 0
  ou {σ } = [T ] {σ }
x
σ
1
(3.9)
τ yz   0 0 0 c −s 0  τ 23 
τ xz   0 0 0 s c 0   τ13 
    
τ xy  − sc sc 0 0 0 c 2 − s 2   τ12 

O tensor de deformações medido no sistema de referência tem a mesma forma


que o tensor de tensões dado no sistema de referência (x, y, z), ou seja:
 εx   c2 s2 0 0 0 sc   ε1 
   2  ε 
 εy   s c2 0 0 0 −sc   2
 ε z   0 0   ε3 
 =
0 1 0 0
 { }
  ou ε = [ Tε ] ε
x 1
{ } (3.10)
 γ yz   0 0 0 c s 0   γ 23 
γ     γ13 
0 0 0 −s c 0 
 xz    
 c 2 − s2   γ12 
 γ xy   −2sc 2sc 0 0 0

onde [Tε ] = ( [T ] )
σ
−1 t
ou [Tε ]
−1
= [Tσ ] t

Considerando o comportamento elástico linear, a lei de comportamento do


material composto expressa no sistema de eixos de referência (x, y, z) é da seguinte
forma:

{σ } = [T ] {σ } = [T ] [C ] {ε } = [T ] [C ] [T ] {ε } = [T ] [C ] [T ] {ε }
x
σ
1
σ
1 1
σ
1
ε
−1 x
σ
1
σ
t x
(3.11)

Logo, a matriz de rigidez ou matriz constitutiva [Cx], dada no sistema de eixos de


referência (x, y, z) é:
[C ] = [T ] [C ] [T ]
x
σ
1
σ
t
(3.12)
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 35

Considerado somente o estado plano de tensão (placas laminadas com σ33 = 0,


τ23 = 0 e τ13 = 0), a matriz de rigidez do material composto obtida no sistema de eixos
de referência é freqüentemente encontrada da seguinte forma:
σ  Q Q12 Q16  ε 
 x   11   x
 σ y  =  Q21 Q22 Q26   εy  (3.13)
  Q Q62 Q66   
 τ xy   63  γ xy 

com:
Q11 = c 4Q11 + s4Q22 + 2c 2s2 (Q12 + 2Q66 )
Q22 = s4Q11 + c 4Q22 + 2c 2s2 (Q12 + 2Q66 )
)Q
Q66 = c 2s2 ( Q11 + Q22 − 2Q12 ) + c 2 − s2 ( 66

Q12 = c s ( Q + Q − 4Q
2 2
11 22 + s )Q 66 ) + (c 4 4
12
(3.14)

Q16 = −cs c Q − s Q − ( c − s ) ( Q + 2Q
2 2 2 2
)
 11 22 12 66

Q26 = −cs s Q − c Q + ( c − s ) ( Q + 2Q
2 2 2 2
)
 11 22 12 66

onde Q11, Q22, Q12 e Q66 são dados da eq. (2.13).

A matriz de flexibilidade [S], que relaciona deformação/tensão, dada no sistema


de eixos de referência (x, y, z) é:

{ε } = [T ] {ε } = [T ] [S ] {σ } = [T ] [S ] [T ] {σ }= [T ] [S ] [T ] {σ }
x
ε
1
ε
1 1
ε
1
σ
−1 x
ε
1
ε
t x
(3.15)

ou:
{S }= [T ] [S ] [T ]
x
ε
1
ε
t
(3.16)

Após a multiplicação de matrizes, a matriz de flexibilidade pode ser expressa da


seguinte maneira [1]:
36 Constantes elásticas dos materiais compostos numa direção qualquer

 1 − ν yx − ν zx η xy 
 0 0
Ex Ey Ez G xy 
 
−ν − ν zy µ xy
 ε x   xy 1 0 0  σ 
ε   Ex Ey Ez G xy   x 
 y  − ν xz − ν yz ς xy  σ y 
1 0 0
 ε z   Ex Ey Ez G xy   σ z 
 =   (3.17)
 γ yz   ξ xz
0 0 0 1 0  τ yz 
 γ xz   G yz G xz  τ 
   ξ yz 1
  xz 
γ xy   0 0 0
G yz G xz
0  τ xy 
 
 ηx µy ςz 1 
 0 0
 Ex Ex Ez G xy 

Observa-se que surgem termos de acoplamento que relacionam tensões de


cisalhamento com deformações normais: ηxy/Gxy, µxy/Gxy e ζx/Gxy; e termos de
acoplamento que relacionam tensões normais com deformações angulares ηx/Ex, µy/Ex,
e ζz/Ez. Estes termos surgem quando, por exemplo, aplicando uma tensão normal, a
lâmina se deforma da seguinte maneira, Figura 3.4:

Material isotrópico Material ortotrópico


σx σx

σx
σx

Figura 3.4 – Deformação de materiais isotrópico e ortotrópico devido à carga normal


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 37

3.2 - Efeito da temperatura

O efeito da temperatura sobre os materiais compostos considerado em uma


direção qualquer é dado da forma:
{ε } = [T ] {ε }
x
t ε
1
(3.18)

ou seja:
 εx t   c 2 s2 
  
0 0 0 sc  ∆T α1 
  ∆T α 
 εy t   s2 c2 0 0 0 −sc 
   2

 εz t   0 0 1 0 0 0   ∆T α3 
 =    (3.19)
 γ yz t   0 0 0 c s 0   0 
γ   0 0 0 −s c 0   0 
 xz t    
 γ xy t   −2sc 2sc 0 0 0 c 2 − s2   0 

A relação tensão/deformação considerando o efeito da temperatura, dada no


sistema de eixos de referência (x, y, z) pode ser obtida pela eq. (2.19) e utilizando a
matriz de transformação dada pelas eqs. (3.9) ou (3.10):

[Tσ ] {σ1} = [Tσ ] [C1 ] {ε1 − ε1t} = [Tσ ] [C1 ] [Tε ]−1 {ε x − ε tx } = [Tσ ] [C1 ] [Tσ ] t {ε x − ε tx } (3.20)

ou seja:
{σ }= [C ] {ε
x x x
− ε tx } (3.21)

A relação tensão/deformação considerando somente o estado plano de tensão é


do tipo:
 σ x   Q11 Q12 Q16   εx − εx t 
     
 σ y  = Q12 Q22 Q26   εy − εy t  (3.22)
  Q Q26 Q66   
τxy   16  γ xy − γ xy t 
38 Comportamento mecânico de placas laminadas

4 – COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PLACAS LAMINADAS

Os materiais compostos são na maioria dos casos utilizados na forma de


laminados, onde as lâminas são coladas umas sobre as outras com orientações e
espessura das fibras podendo ser diferentes uma das outras. No caso de placas, uma
dimensão é muito pequena com relação as outras duas. Em conseqüência disto, a
tensão normal na direção da espessura da placa é considerada desprezível (σz = 0).
As deformações são determinadas em função do campo de deslocamentos
definido para o laminado. Na teoria clássica de laminados, na definição do campo de
deslocamentos, o cisalhamento transverso é considerado nulo (σxz = σyz = 0). Na teoria
de primeira ordem, na definição do campo de deslocamentos, o cisalhamento
transverso é considerado não nulo (σxz ≠ 0, σyz ≠ 0), porém constante ao longo da
espessura da placa.

4.1 – Teoria clássica de laminados

Da definição do campo de deslocamento na teoria clássica de laminados, o


cisalhamento transverso é considerado nulo, o que resulta num estado plano de tensão,
onde as únicas tensões não nulas são: σx, σy e σxy.

4.1.1 – Comportamento em membrana

No estudo do comportamento em membrana dos materiais compostos, é


considerado um laminado de espessura total h com n lâminas de espessura hk cada
uma. As solicitações no plano do laminado são denotadas Nx, Ny (forças normais por
unidade de comprimento transversal); Nxy e Nyx (forças cortantes por unidade de
comprimento transversal). Os eixos x, y, e z são eixos de referência, conforme visto no
item 3.
Os esforços Nx, Ny, Nxy e Nyx são determinados da seguinte maneira:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 39

h/2 n

∫ σ x (dz .1) = ∑ σ x hk
k
N x .1 =
−h / 2 k =1
h/2 n

∫ σ y (dz .1) = ∑ σ y hk
k
N y .1 = (4.1)
−h / 2 k =1
h/2 n

∫ τ xy (dz .1) = ∑ τ xy hk
k
N yx .1 = N xy .1 =
−h / 2 k =1

dy

dx
Ny dx

Nyx dx

x Nxy dy

Nx dy

z z

hk tensões
deformações

Considerando que os deslocamentos na direção x e y são u e v,


respectivamente, as deformações normais e angulares correspondentes à estas
solicitações são:
40 Comportamento mecânico de placas laminadas

∂u
εx =
∂x
∂v
εy = (4.2)
∂y
∂u ∂v
γ yx = +
∂y ∂x

As tensões σx, σy e σxy são obtidas no sistema de eixos de referência x, y, e z, e


estão relacionadas com as deformações pela matriz de rigidez, eq. (3.13).
Considerando somente os esforços de membrana, os esforços Nx, Ny, e Nxy são
determinados em função das constantes elásticas de cada lâmina:

{ }
n
N x = ∑ Q11
k k
ε x + Q12 k
ε y + Q16 γ xy hk (4.3)
k =1

que de maneira mais compacta pode escrito:


Nx = A11 ε x + A12 ε y + A16 γ xy (4.4)

onde:
n
A 11 = ∑ Q11
k
hk
k =1
n
A 12 = ∑ Q12
k
hk (4.5)
k =1
n
A 16 = ∑ Q16
k
hk
k =1

De maneira análoga:
Ny = A 21 ε x + A 22 ε y + A 26 γ xy (4.6)

com:
n
A 2 j = ∑ Q2k j hk (4.7)
k =1
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 41

N xy = A 61 ε x + A 62 ε y + A 66 γ xy (4.8)

com:
n
A 6 j = ∑ Q6k j hk (4.9)
k =1

Exprimindo os esforços Nx, Ny, e Nxy em forma matricial, temos:


 N x   A 11 A 12 A 16   ε x 
    
 N y  =  A 21 A 22 A 26   ε y  (4.10)
N   A A 62 A 66  γ xy 
 xy   61

com:
n
A ij = ∑ Qijk hk (4.11)
k =1

Observações:
As expressões acima são independentes da ordem de empilhamento das lâminas.
Os termos de acoplamento A16, A26, A61 e A62 se anulam quando o laminado é
simétrico e equilibrado (mesmo número de lâminas de mesma espessura na direção
+θ e -θ) ou anti-simétrico.

A partir dos esforços Nx, Ny, e Nxy, pode-se determinar as tensões globais
(fictícias), considerando o laminado como sendo homogêneo:
Nx
σx =
h
Ny
σy = (4.12)
h
N xy
τ xy =
h
42 Comportamento mecânico de placas laminadas

A lei de comportamento em membrana do laminado “homogêneo” é da seguinte


forma:
σx   A 11 A 12 A 16   ε x 
  1  
 σ y  =  A 21 A 22 A 26   ε y  (4.13)
τ  h  A A 62 A 66  γ xy 
 xy   61

Os componentes da matriz de comportamento acima podem também ser


apresentados em termos de porcentagem de lâminas numa mesma orientação em
relação a espessura total.
n
1 h
A ij = ∑ Qijk k (4.14)
h k =1 h

Da inversão da matriz de comportamento acima, obtêm-se as constantes


elásticas aparentes ou homogeneizadas do laminado:
 1 − ν yx ηxy 
 Ex Ey Gxy   σ 
 εx    x
  − ν xy 1 µ xy  σ 
 εy  =  Ex Ey Gxy   y 
(4.15)
γ    τ xy 
   ηx
xy µy 1 
 Ex Ex Gxy 

A partir destas constantes elásticas, conhecido o carregamento do laminado (Nx,


Ny e Nxy), é possível determinar as deformações.

Exemplo 4.1 – Considere o laminado simétrico e balanceado (+45°/-45°/-45°/+45°) em


vidro/epóxi. Determine as constantes elásticas do laminado se cada lâmina tem
espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.
A matriz constitutiva das lâminas no sistema de ortotropia (1, 2, 3), eq. (2.12), é
da seguinte forma:
46,1 3,7 0 
[Q] =  3,7 12,3 0  10 3 MPa
 (4.16)
 0 0 4,5
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 43

Para as lâminas orientadas à +45°, a matriz constitutiva das lâminas no sistema


de referência (x, y, z), eq. (3.13), é da forma:
20,9 11,9 8,46
[Q ]
+ 450 =  11,9 21,0 8,46 10 3 MPa (4.17)
8,46 8,46 12,8 

Para as lâminas orientadas à -45°, a matriz constitutiva das lâminas no sistema


de referência (x, y, z), eq. (3.13), é da forma:
 20,9 11,9 − 8,46
[Q ]
− 450

=  11,9 21,0 − 8,46 10 3 MPa (4.18)
− 8,46 − 8,46 12,8 

A matriz [A] que representa a rigidez em membrana do laminado, eq. (4.10) é:


 41,87 23,89 0 
[A ] = 23,89 41,91 0  10 3 N
 (4.19)
mm
 0 0 25,51

A lei de comportamento em membrana do laminado considerado “homogêneo”,


eq. (4.13) é da seguinte forma:
σx   41,87 23,89 0   εx 
  1  
 σ y  = 23,89 41,91 0   ε y  (4.20)
τ  2  0 0 25,51 γ xy 
 xy  

Logo, invertendo o sistema dado pela eq. (4.20), as constantes elásticas podem
ser encontradas:
Ex = 14,13 103 MPa, Ey = 14,14 103 MPa, νxy = 0,5701, νyx = 0,5705,
Gxy =12,76 103 MPa

e os termos de acoplamento são:


ηxy = 0.0, µxy = 0.0, ηx = 0.0, µy = 0.0
44 Comportamento mecânico de placas laminadas

Exemplo 4.2 – Considere o laminado anti-simétrico e balanceado (+45°/-45°/+45°/-45°)


em vidro/epóxi. Determine as constantes elásticas do laminado se cada lâmina tem
espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.
As matrizes constitutivas no sistema de eixos de ortotropia e de referência são
idênticas às apresentadas no exemplo 4.1. A matriz [A] e a lei de comportamento em
membrana do laminado considerado “homogêneo”, também são idênticas, logo as
constantes elásticas são também idênticas e são:
Ex = 14,13 103 MPa, Ey = 14,14 103 MPa, νxy = 0,5701, νyx = 0,5705,
Gxy =12,76 103 MPa
e os termos de acoplamento são:
ηxy = 0,0, µxy = 0,0, ηx = 0,0, µy = 0,0

Observe que nestes dois exemplos anteriores, o laminado pode ser considerado
quase isotrópico.

Exemplo 4.3 – Considere um laminado com seqüência de empilhamento aleatória


(+30°/-45°/-60°/45°) em vidro/epóxi. Determine as constantes elásticas do laminado se
cada lâmina tem espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 =
4,5 GPa, ν12 = 0,30.
A matriz constitutiva no sistema de eixos de ortotropia é a mesma dada pela eq.
(4.16). Para as lâminas orientadas à +45° e -45°, as matrizes constitutivas das lâminas
no sistema de referência (x, y, z) são dadas pelas eqs. (4.17) e (4.18), respectivamente.
Para as lâminas orientadas à +30° e -60°, as matrizes constitutivas das lâminas no
sistema de referência (x, y, z) são respectivamente:
 31,5 9,88 10,9 
[Q ] + 30 0 = 9,88 14,6 3,75 10 3 MPa (4.21)
10,9 3,75 10,7 

 14,6 9,88 − 3,74


[Q ] − 60 0

=  9,88 14,6 − 10,9  10 3 MPa (4.22)
− 3,74 − 10,9 10,7 
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 45

A lei de comportamento em membrana do laminado considerado “homogêneo”, é


da seguinte forma:
σx  43,94 21,82 3,58   ε x 
  1   3
 σ y  =  21,82 35,51 − 3,57  ε y  10 MPa (4.23)
τ  2  3,58 − 3,57 23,45  γ 
 xy     xy 

Logo, as constantes elásticas encontradas são:


Ex = 15,19 103 MPa, Ey = 15,31 103 MPa, νxy = 0,5131, νyx = 0,5170,
Gxy =10,94 103 MPa

e os termos de acoplamento são:


ηxy = -0,1603, µxy = 0,1788, ηx = -0,2225, µy = 0,2502

4.1.2 – Comportamento em flexão

No estudo do comportamento em flexão dos materiais compostos é considerado


um laminado de espessura total h com n lâminas de espessura hk cada uma. As
solicitações no laminado são denotadas Mx, My (momentos fletores por unidade de
comprimento em torno dos eixos y e x respectivamente); Mxy e Myx (momentos torçores
por unidade de comprimento), Figura 4.1. Os eixos x, y, e z são novamente eixos de
referência.
Os esforços Mx, My, Mxy e Myx são determinados da seguinte maneira:
h/2
Mx = ∫ σ x (dz .1) z
−h / 2
h/2
My = ∫ σ y (dz .1) z (4.24)
−h / 2
h/2
M yx = M xy = ∫ τ xy (dz .1) z
−h / 2
46 Comportamento mecânico de placas laminadas

dy

dx My

Myx

∂w 0
Mxy ∂x
Mx
x

∂w 0
z ∂x

zk wo
h zk-1
uo
com carregamento
sem carregamento
Figura 4.1 – Hipóteses de deslocamento pela Teoria Clássica de Laminados (T.C.L.)

Os deslocamentos nas direções x, y e z da superfície neutra são uo, vo e wo e


são definidos como segue (ver Figura 4.1):
∂w o
u = uo − z
∂x
∂w o
v = vo − z (4.25)
∂y
w = wo

e as deformações normais e angulares são:


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 47

∂2wo
ε x = ε 0x − z
∂x 2
∂2wo
ε y = ε 0y − z
∂y 2
∂2wo
γ xy = γ 0xy − z 2 (4.26)
∂x∂y
γ xz = 0
γ yz = 0

As deformações ε0x, ε0y e γ0xy são deformações normais e angular da superfície

∂2 wo ∂2wo
neutra. As curvaturas são normalmente escritas da forma: − = κx , − = κy ,
∂x 2 ∂y 2

∂2wo
−2 = κ xy , logo as deformações podem ser redefinidas como segue:
∂x∂y

ε x = ε 0x + z κ x
ε y = ε 0y + z κ y (4.27)
γ xy = γ 0xy + z κ xy

Considerando a matriz de comportamento de cada lâmina no sistema de eixos


de referência, os momentos são da forma:
n  zk 
Mx = ∑  ∫ Q11
k =1 
(
k k
ε x + Q12 k
ε y + Q16 γ xy ) z dz  (4.28)
 k −1
z 

que, levando em conta as deformações, dadas pela eq. (4.26):


n  zk 

M x = ∑  ∫ Q11 [ (k
)
z ε 0x + z 2 κ x + Q12
k
( )
z ε 0y + z 2 κ y + Q16
k
( )]
z γ 0xy + z 2 κ xy dz  (4.29)
k =1 
 z k −1 

zk

∫ Q1j z dz , se
k
Se considerarmos que o laminado é simétrico, as integrais do tipo
z k −1
48 Comportamento mecânico de placas laminadas

− z k −1

∫ Q1j z dz ,
k
anulam com as integrais consideradas para as lâminas simétricas com
− zk

relação a superfície neutra, logo:


n  3 3
(
 k z k − z k −1
M x = ∑ Q11 κ x + Q12
3
)3
k z k − z k −1 ( 3
)3
k z k − z k −1
κ y + Q16
(
κ xy 
) (4.30)
k =1 
 3 3 3 

que, de forma mais compacta, pode ser colocado:


Mx = D11κ x + D12 κ y + D16 κ xy (4.31)

com:

D1j = ∑
n
Q1jk
(z 3
k − zk3−1 ) (4.32)
k =1 3

Os momentos My e Mxy podem ser também obtidos de forma análoga. Assim,


colocados em forma matricial, as expressões de momentos são:
 Mx  D11 D12 D16   κ x 
     
 My  = D21 D22 D26   κ y  (4.33)
  D D62 D66   κ xy 
Mxy   61  

com:

Dij = ∑
n
Qijk
(z 3
k − zk3−1 ) (4.34)
k =1 3

Observações:
As expressões acima dependem da ordem de empilhamento das lâminas.
Os coeficientes D16 e D26 são termos de acoplamento que torçem o laminado
quando aplicados somente momentos de flexão e os coeficientes D61 e D62 são
termos de acoplamento que extendem o laminado quando aplicados somente
momentos de torção.
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 49

Questão: É possível um laminado flexionar devido a um carregamento do tipo


membrana. Considere o campo de deformações do laminado em flexão devido aos
esforços de membrana:
n  zk 
Nx = ∑  ∫ Q11
k =1 
k
( k
ε x + Q12 k
ε y + Q16 γ xy ) dz  (4.35)
 k −1
z 

n  zk 

Nx = ∑  ∫ Q11

k
(
ε0x + z κ x + Q12
k
) (
ε0y + z κ y + Q16
k
)
γ 0xy + z κ xy  dz 
 ( ) (4.36)
 zk −1
k =1  

Como anteriormente, se considerarmos que o laminado é simétrico, as integrais


zk − z k −1

∫ Q1j z dz , se anulam com as integrais ∫ Q1j z dz ,


k k
do tipo consideradas para as
z k −1 − zk

lâminas simétricas com relação a superfície neutra, logo:

{ }
n
N x = ∑ Q11
k
ε 0x + Q12
k
ε 0y + Q16
k
γ 0xy hk (4.37)
k =1

Portanto, para laminados simétricos, esforços do tipo membrana não causam


deformações de flexão.
zk

∫ Q1j z dz
k
De uma forma geral, para laminados não simétricos, as integrais não
z k −1

− z k −1

∫ Q1j z dz ,
k
se anulam com as integrais assim, o comportamento global de um
− zk

laminado é da forma:

 ε x 
0
 Nx  
N  
[A ] [B]  ε0 

 y   y 
N xy     γ 0xy 
 =   (4.38)
 Mx    κ x 
 My   [B] [D]  κ y 
    
M xy    κ xy 
50 Comportamento mecânico de placas laminadas

onde os coeficientes da matriz [B] são da forma:


n
B ij = ∑ Qijk
(z 2
k − z k2−1 ) (4.39)
k =1 2

Exemplo 4.4 – Considere um laminado simétrico e balanceado (+30°/-30°/-30°/+30°) em


vidro/epóxi submetido a uma força Nx = 1000 N/mm. Determine as deformações e as
curvaturas do laminado se cada lâmina tem espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0
GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.
A matriz constitutiva no sistema de eixos de ortotropia é a mesma dada pela eq.
(4.16). Para as lâminas orientadas à +30° e -30°, as matrizes constitutivas das lâminas
no sistema de referência (x, y, z) são as mesmas dadas pelas eqs. (4.21) e (4.22):
A matriz de comportamento para este laminado simétrico, dada pela eq. (4.38) é
da forma:

N x = 1000   62,91 19,77 0 0 0 0   ε 0x 


 N =0    
 y  19,77 29,12 0 0 0 0   ε 0y 
 N xy = 0   0 0 21,39 0 0 0   γ 0xy  3
 =
     10 (4.40)
 M x = 0   0 0 0 20 ,97 6,59 5,45  κ x 
 My = 0   0 0 0 6,59 9,71 1,87   κ y 
    
 M xy = 0   0 0 0 5,45 1,87 7,13  κ xy 

As deformações e as curvaturas podem então ser determinadas resolvendo o


sistema dado pela eq. (4.40):
ε0x = 0,202e-01, ε0y = -0,137E-01, γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = 0,0

Exemplo 4.5 – Considere um laminado anti-simétrico e balanceado (+30°/-30°/+30°/-


30°) em vidro/epóxi submetido a uma força Nx = 1000 N/mm. Determine as
deformações e as curvaturas do laminado se cada lâmina tem espessura 0,5 mm.
Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.
A matriz de comportamento para este laminado anti-simétrico, é da forma:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 51

N x = 1000   62,91 19,77 0 0 0 5,45  ε 0x 


 N =0    
 y  19,77 29,12 0 0 0 1,87   ε 0y 
 N xy = 0   0 0 21,39 5,45 1,87 0   γ 0xy  3
 =    10 (4.41)
 Mx = 0   0 0 5,45 20,97 6,59 5,45  κ x 
 My = 0   0 0 1,87 6,59 9,71 1,87   κ y 
    
 M xy = 0   5,45 1,87 0 5,45 1,87 7,13  κ xy 

Resolvendo o sistema dado pela eq. (4. ), as deformações e as curvaturas são:


ε0x = 0,213e-01, ε0y = -0,136e-01, γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = -0,127e-01

Exemplo 4.6 – Considere um laminado com seqüência de empilhamento aleatória


(+30°/-45°/-30°/45°) em vidro/epóxi submetido a uma força Nx = 1000 N/mm. Determine
as deformações e as curvaturas do laminado se cada Lâmina tem espessura 0,5 mm.
Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.
A matriz de comportamento para este laminado com empilhamento aleatório é da
forma:

N x = 1000   52,39 21,83 0 2,63 − 0.52 1,22   ε 0x 


 N =0  
21 ,83 35,51 0 − 0,52 − 1,60 − 2,35   ε0 
 y    y 
 N xy = 0   0 0 21,39 1,22 − 2,35 − 0,52  γ 0xy  3
 =    10 (4.42)
 M x = 0   2,63 − 0,52 1,22 17,46 7,28 4,84   κ x 
 M y = 0  − 0,52 − 1,60 − 2,35 7,28 11,84 3,05   κ y 
    
 M xy = 0   1,22 − 2,35 − 0,52 4,84 3,05 7,82  κ xy 

Resolvendo a eq. (4.42), as deformações e as curvaturas determinadas são:


ε0x = 0,265e-01, ε0y = -0,167e-01, γ0xy = 0,337e-03, κx = -0,360e-02, κy = 0,329e-02,
κxy = -0,821e-02

Conclusão: Em um laminado não simétrico com uma solicitação do tipo membrana, as


curvaturas não são nulas. Logo, o laminado pode fletir devido à uma força Nx (κx ≠ 0, κy
≠ 0, κxy ≠ 0).
52 Comportamento mecânico de placas laminadas

Exemplo 4.7 – Considere o laminado simétrico e balanceado (+30°/-30°/-30°/+30°) em


vidro/epóxi submetido a um momento Mx = 1000 N. Determine as deformações e as
curvaturas do laminado se cada lâmina tem espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0
GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.
A matriz de comportamento para este laminado simétrico é a mesma dada pela
eq. (4.40).

 N x = 0   62,91 19,77 0 0 0 0   ε 0x 
 N =0    
 y  19,77 29,12 0 0 0 0   ε 0y 
 N xy = 0   0 0 21,39 0 0 0   γ 0xy  3
 =
     10 (4.43)
M x = 1000   0 0 0 20,97 6,59 5,45  κ x 
 My = 0   0 0 0 6,59 9,71 1,87   κ y 
    
 M xy = 0   0 0 0 5,45 1,87 7,13  κ xy 

Assim, as deformações e as curvaturas podem então ser determinadas


resolvendo o sistema dado pela eq. (4.43):
ε0x = 0,0 , ε0y = 0,0 , γ0xy = 0.0, κx = 0,718e-01, κy = -0,402e-01, κxy = -0,443e-01

Exemplo 4.8 – Considere o laminado anti-simétrico e balanceado (+30°/-30°/+30°/-30°)


em vidro/epóxi submetido a um momento Mx = 1000 N. Determine as deformações e as
curvaturas do laminado se cada lâmina tem espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0
GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.
A matriz de comportamento para este laminado anti-simétrico, é a mesma dada
pela eq. (4.41):

 N x = 0   62,91 19,77 0 0 0 5,45  ε 0x 


 N =0    
 y  19,77 29,12 0 0 0 1,87   ε 0y 
 N xy = 0   0 0 21,39 5,45 1,87 0   γ 0xy  3
 =    10 (4.44)
M x = 1000   0 0 5,45 20,97 6,59 5,45   κ x 
 My = 0   0 0 1,87 6,59 9,71 1,87   κ y 
    
 M xy = 0   5,45 1,87 0 5,45 1,87 7,13  κ xy 
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 53

Resolvendo o sistema de equações dado pela eq. (4.44), as deformações e as


curvaturas são:
ε0x = 0,0, ε0x = 0,0, γ0xy =-0,127e-01, κx = 0,638e-01, κy = -0,409e-01 , κxy = 0,0

Exemplo 4.9 – Considere um laminado com seqüência de empilhamento aleatória


(+30°/-45°/-30°/45°) em vidro/epóxi submetido à um momento Mx = 1000 Nmmm/mm.
Determine as deformações e as curvaturas do laminado se cada lâmina tem espessura
0,5 mm. Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.
A matriz de comportamento para este laminado com empilhamento aleatório é a
mesma dada pela eq. (4.42):

 N x = 0   52,39 21,83 0 2,63 − 0.52 1,22   ε 0x 


 N =0    
 y   21,83 35,51 0 − 0,52 − 1,60 − 2,35  ε 0y 
 N xy = 0   0 0 21,39 1,22 − 2,35 − 0,52  γ 0xy  3
 =    10 (4.45)
M x = 1000   2,63 − 0,52 1,22 17,46 7,28 4,84   κ x 
 M y = 0  − 0,52 − 1,60 − 2,35 7,28 11,84 3,05   κ y 
    
 M xy = 0   1,22 − 2,35 − 0,52 4,84 3,05 7,82  κ xy 

Resolvendo o sistema de equações da eq. (4.45), as deformações e as


curvaturas determinadas são:
ε0x = -0,360e-02, ε0y = -0,106e-02, γ0xy = -0,101e-01, κx = 0,883e-01, κy = -0,471e-01,
κxy = -0,366e-01

Conclusão: No comportamento em flexão do laminado, mesmo sendo este simétrico, os


termos de acoplamento não são nulos (D16 ≠ 0 e D26 ≠ 0). A deformação do laminado
devido à um momento Mx pode ser portanto como apresentado pela Figura 4.2:
54 Comportamento mecânico de placas laminadas

placa isotrópica
placa laminada

Figura 4.2 – Placas isotrópica e laminada submetidas à um momento fletor

4.1.3 – Efeito da temperatura

O comportamento de estruturas laminadas pode ser estudado incluindo o efeito


da temperatura. Considerando o comportamento em membrana e em flexão, as
tensões nas lâminas podem ser definidas da seguinte maneira:
 σ x   Q11 Q12 Q16   ε 0x + z κ x   Q11 Q12 Q16   ε x t 
       
 σ y  =  Q21 Q22 Q26   ε 0y + z κ y  −  Q21 Q22 Q26   ε y t  (4.46)
τ   Q Q62 Q66  γ 0xy + z κ xy   Q61 Q62 Q66  γ xy t 
 xy   61

Os esforços de membrana e de flexão do laminado, eqs, (4,1) e (4.24)


respectivamente, podem então ser obtidos como sendo:

  ε x   Nx t 
0
 Nx  
N  
[A ] [B]   ε0   N 
 y   y   yt 
N xy     γ 0xy  N xy t 
 =   −  (4.47)
 Mx     κ x   Mx t 
 My   [B] [D]   κ y   My t 
      
M xy    κ xy  M xy t 

onde:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 55

{ }
n
N x t = ∑ Q11
k k
ε x t + Q12 k
ε y t + Q16 γ xy t hk (4.48)
k =1

e:
n  zk 

Mx t = ∑  ∫ Q11 k
( k
ε x t + Q12 k
ε y t + Q16 γ xy t ) z dz  (4.49)
 zk −1
k =1  

Os esforços Ny t, Nxy t, My t e Mxy t são obtidos por analogia.

Exemplo. 4.10 – Considere um laminado simétrico (+45°/-30°/-30°/+45°) em


kevlar/epóxi com espessura de 0,5 mm para cada lâmina. Determine as deformações e
as curvaturas se o laminado é submetido a uma variação de temperatura de -90°C
oriunda do processo de cura da resina. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 =
2,0 GPa, ν12 = 0,35, α1 = -0,4 x 10-5 °C-1, α2 = 5,8 x 10-5 °C-1.
A matriz constitutiva das lâminas em kevlar/epóxi no sistema de ortotropia (1, 2,
3), eq. (2.12), é da seguinte forma:
76,7 1,94 0 
[Q] = 1,94 5,55 0  10 3 MPa (4.50)
 0 0 2,0

Para as lâminas orientadas à +45°, a matriz constitutiva no sistema de referência


(x, y, z), eq. (3.13), é da forma:
23,5 19,5 17,8
[Q ] + 45 0 = 19,5 23,5 17,8 10 3 MPa (4.51)
17,8 17,8 19,6

Para as lâminas orientadas à -30°, a matriz constitutiva no sistema de referência


(x, y, z), eq. (3.13), é da forma:
 45,7 15,1 − 23,0
[Q ] −300

=  15,1 10,1 − 7,79  10 3 MPa (4.52)
− 23,0 − 7,79 15,2 
56 Comportamento mecânico de placas laminadas

A matriz de comportamento e o vetor relativo ao carregamento térmico, dados


pela eq. (4.47), são da forma:
 0
 Nx = 0   69,20 34,67 −5,24 0 0 0   εx   −0,42 
N = 0    0  −0,30 
 y  34,67 33,69 10,00 0 0 0 ε
 y
   
Nxy = 0   −5,24 10,00 34,78 0 0 0   γ 0xy  3  −0,07  3
 
 =    10 −   10 (4.53)
 Mx = 0   0 0 0 17,52 12,65 8,45   κ 
x  0 
 My = 0   0 0 0 12,65 14,58 9,73   κ   0 
    y   
Mxy = 0   0 0 0 8,45 9,73 12,69   κ   0 

 xy 

Resolvendo o sistema de equações dado pela eq. (4.53), as deformações e as


curvaturas obtidas são:
ε0x = -0,409e-02, ε0y = -0,416e-02, γ0xy = -0,139e-02, κx = 0,0, κy = 0,0,κxy = 0,0.

Ex. 4.11: Considere um laminado com seqüência de empilhamento aleatória (+30°/-


45°/-30°/45°) em kevlar/epóxi com espessura de 0,5 mm para cada lâmina. Determine
as deformações e as curvaturas se o laminado é submetido a uma variação de
temperatura de -90°C oriunda do processo de cura da resina. Considere: E1 = 76,0
GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa, ν12 = 0,35, α1 = -0,4 x 10-5 °C-1, α2 = 5,8 x 10-5 °C-1.
A matriz constitutiva das lâminas em kevlar/epóxi no sistema de ortotropia (1, 2,
3) é dada pela eq. (4.50). Para as lâminas orientadas à +45°, a matriz constitutiva no
sistema de referência (x, y, z) é dada pela eq. (4.51), e para as lâminas orientadas à -
45°, a matriz constitutiva no sistema de referência é da forma:
 23,5 19,5 − 17,8
[Q ] − 45 0

=  19,5 23,5 − 17,8 10 3 MPa (4.54)
− 17,8 − 17,8 19,6 

Para as lâminas orientadas à -30°, a matriz constitutiva no sistema de referência


(x, y, z) é dada pela eq. (4.52), e para as lâminas orientadas à +30°, a matriz
constitutiva no sistema de referência é da forma:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 57

45,7 15,1 23,0


[Q ]
+ 30 0 =  15,1 10,1 7,79 10 3 MPa (4.55)
23,0 7,79 15,2 

A matriz de comportamento e o vetor relativo ao carregamento térmico, dados


pela eq. (4.47), são da forma:
 0
 Nx = 0   69,20 34,67 0 5,55 −1,10 2,62   ε x   −0,42 
N =0    0  −0,30 
 y   34,67 33,69 0 −1,10 −3,35 −5,00  y ε
   
Nxy = 0   0 0 34,78 2,62 −5,00 −1,10   γ 0xy  3  0,00  3
 
 =   10 −  10 (4.56)
 Mx = 0   5,55 − 1,10 2,62 23,07 11,56 10,20 κ
 x   −0,003 
 My = 0   −1,10 3,35 −5,00 11,56 11,23 6,40   κ   0,028 
    y   
 xy
M = 0 
  2,62 −5,00 − 1,10 10,20 6,40 1 1,59  κ   0,034 
 xy 

Resolvendo o sistema de equações dado pela eq. (4.53), as deformações e as


curvaturas obtidas são:
ε0x = -0,390e-02, ε0y = -0,445e-02, γ0xy = 0,931e-04, κx = -0,416e-03 , κy = -0,857e-04,
κxy = 0,235e-02.

Conclusão: O processo de cura da resina pode provocar flexão em um laminado não


simétrico.
58 Critérios de ruptura

5 – CRITÉRIOS DE RUPTURA

Os critérios de ruptura têm por objetivo permitir ao projetista avaliar a resistência


mecânica de estruturas laminadas. A ruptura de estruturas laminadas em material
composto pode se dar por diferentes mecanismos: ruptura das fibras, ruptura da matriz,
decoesão fibra/matriz, delaminação (descolamento das lâminas), etc.
Os critérios de ruptura podem ser classificados da seguinte maneira:
critério de tensão máxima,
critério de deformação máxima,
critérios interativos ou critérios energéticos.

5.1 – Critério de tensão máxima

O critério de tensão máxima estipula que a resistência mecânica da lâmina


analisada é atingida quando umas das três tensões as quais a lâmina está sendo
submetida atingir o valor da tensão de ruptura correspondente. Desta forma, o critério
pode ser escrito da seguinte maneira:
X c < σ1 < X t
Yc < σ 2 < Yt (5.1)
− S < τ12 < S

onde: σ1, σ2 e τ12 representam as tensões longitudinal, transversal e de cisalhamento no


plano da lâmina. Xc e Xt representam as resistências mecânicas na direção longitudinal
em compressão e em tração, Yc e Yt representam as resistências mecânicas na direção
transversal em compressão e em tração e S representa a resistência mecânica ao
cisalhamento. Se as inequações acima são verificadas, a lâmina não se romperá devido
ao estado de tensão σ1, σ2 e τ12.
Como normalmente as lâminas estão orientadas segundo o sistema de eixos de
referência (x, y, z), girado de θ com relação ao sistema de eixos de ortotropia (1, 2, 3), a
matriz de transformação dada pela eq. (3.9) deve ser utilizada:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 59

σ x   c 2 s2 2sc   σ1 
   2
σy  =  s c 2  
− 2sc   σ 2  ou {σ } = [T ] {σ }
x
σ
1
(5.2)
τ  − sc sc c 2 − s 2  τ 
 xy     12 

A inversa da matriz de transformação fornece a relação das tensões medidas no


sistema de eixos (x, y, z) com as tensões nos eixos de ortotropia (1, 2, 3) utilizadas no
critério de tensão máxima:

{σ } = [T ] {σ }
1
σ
−1 x
(5.3)

5.2 – Critério de deformação máxima

O critério de deformação máxima estipula que a resistência mecânica da lâmina


analisada é atingida quando umas das três deformações as quais a lâmina está sendo
submetida atingir o valor da deformação de ruptura correspondente. Desta forma, o
critério pode ser escrito da seguinte maneira:
X εc < ε 1 < X εt
Yεc < ε 2 < Yεt (5.4)
− S ε < γ 12 < S ε

onde: ε1, ε2 e γ12 representam as deformações longitudinal, transversal e de


cisalhamento no plano da lâmina. Xεc e Xεt representam as deformações máximas na
direção longitudinal em compressão e em tração, Yεc e Yεt representam as deformações
máximas na direção transversal em compressão e em tração e Sεc representa a
deformação máxima em cisalhamento. Se as inequações acima são verificadas, a
lâmina não se romperá devido as deformações ε11, ε22 e γ12.
Como normalmente as lâminas estão orientadas segundo os eixos ortogonais x e
y, girados de θ com relação aos eixos de ortotropia, a matriz de transformação, eq.
(3.9), deve ser utilizada:
60 Critérios de ruptura

 εx   c2 s2 sc   ε1 
   2
 εy  =  s c 2  
− sc   ε 2  ou {ε } = [T ] {ε }
x
ε
1
(5.5)
γ  − 2sc 2sc c 2 − s 2  γ 
 xy     12 

A inversa da matriz de transformação fornece a relação das deformações


medidas no sistema de eixos (x, y, z) com as deformações nos eixos de ortotropia (1, 2,
3) utilizadas no critério de deformação máxima:

{ε } = [T ] {ε }
1
ε
−1 x
(5.6)

5.3 – Comparação entre os critérios de tensão máxima e de deformação máxima

Considere uma lâmina solicitada com as tensões como representadas abaixo:

2
σ2

σ1 σ1= 12 σ2

σ2

Suponhamos que as propriedades da lâmina sejam as seguintes:


Xt = 1400 MPa, Yt = 35 MPa, S = 70 MPa
E1 = 46 GPa, E2 = 10 GPa, G12 = 4,6 GPa, ν12 = 0,31

Procura-se valores de σ1 e σ2 para as quais a ruptura acontece. Utilizando o


critério de tensão máxima, temos:
σ1 < Xt e σ2 < Yt

ou seja:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 61

Xt
12 σ2 < Xt, σ 2 < = 117 MPa
12
e σ2 < Yt = 35 MPa

A ruptura se dará no menor valor de tensão, 35 MPa, e será na direção


transversal. O estado de tensão neste caso é σ1 = 12 x 35 = 420 MPa e σ2 = 35 MPa.

Utilizando o critério de deformação máxima e admitindo que o material se


comporta linearmente até a ruptura, temos:
Xt Y
X εt < e Yεt < t
E1 E2

As deformações nas direções longitudinal e transversal são definidas da forma:


σ1 σ
ε1 = − ν 21 2
E1 E2

σ2 σ
ε2 = − ν 12 1
E2 E1

ν12 ν 21
Como = , temos:
E1 E2

σ1 σ
ε1 = − ν 12 2 =
1
(σ1 − ν12 σ 2 ) < X t
E1 E1 E1 E1

σ2 σ
ε2 = − ν 21 1 =
1
(σ 2 − ν 21 σ1 ) < Yt
E2 E2 E2 E2

ou seja:
σ1 − ν12 σ 2 < X t

σ 2 − ν 21 σ1 < Yt

Como σ1 = 12 σ2.
62 Critérios de ruptura

Xt
σ2 < = 120 MPa
12 − ν 12

Yt
σ2 < = 183 MPa
1 − 12ν 21

A ruptura se dará no menor valor de tensão, 120 MPa, e será na direção


longitudinal. O estado de tensão neste caso é σ1 = 12 x 120 = 1440 MPa e σ2 = 120
MPa.
Os valores encontrados utilizando o critério de tensão máxima σ1 = 420 MPa e
σ2 = 35 MPa e aqueles encontrados utilizando o critério de deformação máxima σ1 =
1440 MPa e σ2 = 120 MPa são contraditórios em valores e em modo de ruptura: ruptura
transversal no primeiro e longitudinal no segundo. Isto vem do fato de estabelecer a
relação entre tensão máxima e deformação máxima como anteriormente, mas que
devem ser mais complexas.

5.4 – Critérios interativos

Nos critérios de tensão máxima e deformação máxima, assume-se que os


mecanismos de ruptura longitudinal, transversal e de cisalhamento se produzem de
forma independente. De maneira a levar em consideração todos estes mecanismos
simultaneamente como no critério de von Mises para materiais isotrópicos, foram
desenvolvidos os critérios interativos ou energéticos.

5.4.1 – Revisão do critério de von Mises

Considere a energia de deformação total por unidade de volume em um material


isotrópico (densidade de energia de deformação) para um estado multiaxial de tensões:

U total =
1
2E
( 2 2 2
σx + σy + σz −
ν
E
) (
σxσy + σyσz + σzσx +
1
2G
) (
τ 2 xz + τ 2 yz + τ 2 xz ) (5.7)

Esta energia de deformação total, medida nos eixos principais é da forma:


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 63

U total =
1
2E
( 2 2 ν
E
)
σ1 + σ 2 + σ 3 − (σ1σ 2 + σ 2 σ 3 + σ 3 σ1 )
2
(5.8)

A energia de deformação total acima, é dividida em duas partes: uma causando


dilatação do material (mudanças volumétricas), e outra causando distorções de
cisalhamento, Figura 5.2. É interessante lembrar que em um material dúctil, admite-se
que o escoamento do material depende apenas da máxima tensão de cisalhamento.

σ2 σ σ2 − σ

σ1 = +
σ σ1 − σ

σ3
σ σ3 − σ
Energia de deformação Energia de Energia de
elástica total dilatação distorção

Figura 5.2 – Energias de deformação de dilatação e de distorção

A fim de facilitar a compreensão, somente o estado de tensão uniaxial será


considerado. A passagem para um estado de tensão multiaxial é automática. Desta
forma, para um estado de tensão uniaxial, as energias de dilatação e de distorção são
representadas da seguinte forma:
σ1/3 σ1/3

σ1/3 σ1/3
= + +
σ1 σ1 σ1/3

σ1/3 σ1/3

Energia de deformação Energia de Energia de


elástica total dilatação distorção
Figura 5.3 – Energias de dilatação e de distorção num elemento solicitado axialmente
64 Critérios de ruptura

Os círculos de tensão de Mohr para os estados de tensão com somente energia


de distorção são, Figura 5.4.

τ τ

τmax = σ1/3 τmax = σ1/3

σ σ
0 0
σ1/3 σ1/3 σ1/3 σ1/3

Plano 1-2 Plano 1-3

Figura 5.4 – Círculos de tensão de Mohr para o cisalhamento puro

No tensor correspondente a energia de dilatação, os componentes são definidos


como sendo a tensão “hidrostática” média:
σ1 + σ 2 + σ 3
σ= (5.9)
3

onde σ1 = σ2 = σ3 = p = σ .

A energia de dilatação é determinada substituindo σ1 = σ2 = σ3 = p na expressão


σ1 + σ 2 + σ 3
de energia de deformação total e em seguida substituindo p = σ = :
3
1 − 2ν
Udilatação = (σ1 + σ 2 + σ 3 )2 (5.10)
6E

A energia de distorção é obtida subtraindo da energia de deformação total a


energia de dilatação:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 65

Udistorção =
1
12 G
[
(σ1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ1 )2 ] (5.11)

A energia de distorção em um ensaio de tração simples, onde neste caso σ1 =


σesc e σ2 = σ3 = 0 é da forma:

2 σ 2esc
Udistorção = (5.12)
12 G

Igualando a energia de distorção de cisalhamento com a energia no ponto de


escoamento à tração simples, estabelece-se o critério de escoamento para tensão
combinada.

(σ1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ1 )2 = 2 σ 2esc (5.13)

Freqüentemente a eq. (5.13) pode ser rearranjada, sendo a expressão resultante


chamada de tensão equivalente.
1
( σ1 − σ 2 ) + ( σ 2 − σ3 ) + ( σ3 − σ1 ) 
2 2 2
σequ = (5.14)
2 

A eq. (5.13) pode também ser apresentada da forma:


2 2 2
 σ1   σ2   σ3   σ1 σ 2   σ2 σ3   σ 3 σ1 
  +   +   −   −   −   = 1 (5.15)
 σ esc   σ esc   σ esc   σ esc σ esc   σ esc σ esc   σ esc σ esc 

A equação acima é conhecida como sendo o critério de von Mises para um


estado multiaxial de tensões para materiais isotrópicos. Para um estado plano de
tensão, σ3 = 0, tem-se:
2 2
 σ1   σ1 σ 2   σ2 
  −   +   = 1 (5.16)
 σ esc   σ esc σ esc   σ esc 
66 Critérios de ruptura

5.4.2 – Critério de Hill

A energia de distorção para um material ortotrópico onde as tensões de


cisalhamento τ12, τ23 e τ31 são diferentes de zero, é obtida de maneira análoga à obtida
por um material isotrópico. Igualando a energia de distorção de cisalhamento com a
energia no ponto de ruptura, estabelece-se o critério de ruptura para tensão combinada
para materiais compostos.

F (σ1 − σ 2 ) + G (σ 2 − σ 3 ) + H (σ 3 − σ1 ) + 2L τ12
2 2 2 2
+ 2M τ 223 + 2N τ 31
2
=1 (5.17)

As constantes F, G, H, L, M e N são parâmetros da lâmina analisada e estão


ligadas as tensões de ruptura do material.
Colocando a equação acima sob uma outra forma, tem-se:
(F + H) σ12 + (F + G) σ 22 + (G + H) σ 32 − 2F σ1σ 2 − 2H σ1σ 3 "
(5.18)
2
" − 2G σ 2 σ 3 + 2L τ12 + 2M τ 223 + 2N τ 31
2
=1

Para um ensaio em tração (ou compressão) na direção longitudinal (1), o critério


se reduz:
1
(F + H) X 2 = 1, (F + H) = (5.19)
X2

onde X é a tensão de ruptura em tração (ou compressão) na direção longitudinal.


Da mesma forma, para um ensaio em tração (ou compressão) nas direções
transversais (2 e 3), o critério se reduz:
1
(F + G) Y 2 = 1, (F + G) = (5.20)
Y2

1
(G + H) Z 2 = 1, (G + H) = (5.21)
Z2

onde Y e Z são as tensões de ruptura em tração (ou compressão) nas direções


transversais.
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 67

Para um ensaio de cisalhamento no plano (1,2), o critério se reduz:


1
2L = 2
(5.22)
S12

onde S12 é a tensão de ruptura no cisalhamento no plano (1,2). Analogamente:


1
2M = (5.23)
S 223
1
2N = 2
(5.24)
S 31

Substituindo os parâmetros F, G, H, L, M e N na equação do critério de ruptura


para tensão combinada para os materiais compostos, eq. (5.18), tem-se:
2 2 2
 σ1   σ 2   σ 3   1 1 1   1 1 1 
  +  +  −  2 + 2 − 2  σ1σ 2 −  2 + 2 − 2  σ 2 σ 3 "
 X   Y   Z  X Y Z  Y Z X 
2 2 2
(5.25)
 1 1 1  τ   τ 23   τ 31 
" −  2 + 2 − 2  σ 3 σ1 +  12  +   +   = 1
Z X Y   S12   S 23   S 31 

Para um estado plano de tensão, onde σ3 = τ23 = τ31 = 0:


2 2 2
 σ1   σ 2   1 1 1  τ 
  +  −  2 + 2 − 2  σ1σ 2 +  12  = 1 (5.26)
 X   Y  X Y Z   S12 

5.4.3 – Critério de Tsai-Hill

No critério de Tsai-Hill, o critério de Hill analisado para o estado plano de tensão


é simplificado fazendo-se Z = Y.
2 2 2
 σ1   σ 2   σ1σ 2   τ12 
  +  −  2  +   = 1 (5.27)
 X   Y   X   S12 
68 Critérios de ruptura

5.4.4 – Critério de Hoffman

No critério de Hoffman é levado em consideração a diferença do comportamento


em tração e em compressão. Este critério admite que a ruptura acontece quando a
igualdade é verificada:

C1 (σ1 − σ 2 ) + C 2 (σ 2 − σ 3 ) + C 3 (σ 3 − σ1 ) + C 4 σ1 "
2 2 2
(5.28)
2
" + C 5 σ 2 + C 6 σ 3 + C 7 τ12 + C 8 τ 223 + C 9 τ 31
2
=1

Observe que a diferença do critério de Hoffman para o critério de Hill está na


adição dos termos relativos aos parâmetros C4, C5, C6.
As constantes Ci são determinadas a partir de ensaios experimentais para a
obtenção das tensões de ruptura em tração e em compressão.
1 1 1 1 
C1 =  + − 
2  Yt Yc Z t Z c X t X c 
1 1 1 1 
C2 =  + − 
2  Z t Z c X t X c Yt Yc 
1 1 1 1 
C3 =  + − 
2  X t X c Yt Yc Z t Z c 
1 1
C4 = −
X t Xc
1 1
C5 = −
Yt Yc
1 1
C6 = −
Z t Zc
1
C7 = 2
S12
1
C8 =
S 223
(5.29)
1
C9 = 2
S 31

Considerando somente o estado plano de tensão, o critério de Hoffman se põe


da seguinte maneira:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 69

2
σ12 σ2 σσ X − Xt Y − Yt τ 
+ 2 − 1 2 + c σ1 + c σ 2 +  12  = 1 (5.30)
X t X c Yt Yc X t X c X t Xc Yt Yc  S12 

5.4.5 – Critério de Tsai-Wu

O critério de Tsai-Wu foi desenvolvido de maneira a melhorar a correlação entre


os resultados experimentais e teóricos a partir da introdução de parâmetros adicionais.
Considerando somente o estado plano de tensão, o critério de Tsai-Wu se põe da
seguinte forma:
2
σ12 σ2 σσ  1 1   1 1  τ 
+ 2 + 2F12 1 2 +  − σ1 +  − σ 2 +  12  = 1 (5.31)
X t X c Yt Yc X t Xc  X t Xc   Yt Yc   S12 

onde F12 é um coeficiente de acoplamento expresso da forma:

1   X t Xc   X t X c  2 
F12 = 1 −  X c − X t + (Yc − Yt ) σ + 
 1 + σ  (5.32)
2σ 2   Yt Yc   Y Y
t c  

ou:

2   X t Xc  σ 45  XX XX  σ 245 
F12 = 1 −  X c − X t + (Yc − Yt ) + 1 + t c + t c


 2  (5.33)
σ 245   Yt Yc  2  Yt Yc S12 c  

onde σ e σ45 são as tensões de ruptura determinadas respectivamente em ensaios


biaxial (σ) e de tração à 45° (σ45). O coeficiente de acoplamento F12 é normalmente
utilizado para ajustar aos resultados obtidos experimentalmente e pode variar de
–1< F12<1. Fazendo F12 = –1/2, o critério de Tsai-Wu se transforma no critério de
Hoffman. Se, além disso fizermos Xt = Xc = X e Yt = Yc = Y, o critério se transforma no
critério de Tsai-Hill.

Exemplo 5.1 – Considere um laminado simétrico (0°/+45°/-45°)S em kevlar/epóxi


submetido a um carregamento do tipo membrana Nx = 1000 N/mm. Verifique, utilizando
o critérios da máxima tensão e de Tsai-Hill, se haverá ruptura em qualquer das lâminas
70 Critérios de ruptura

de espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa, ν12 =
0,35, Xt = 1380 MPa, Xc = – 280 MPa, Yt = 28 MPa, Yc = – 140 MPa e S12 = 55 MPa.

Lâmina à 0° Z = 1,5 mm
Lâmina à +45° Z = 1,0 mm
Lâmina à -45° Z = 0,5 mm
x
Lâmina à -45° Z = – 0,5 mm

Lâmina à +45° Z = –1,0 mm

Lâmina à 0° Z = –1,5 mm

A matriz constitutiva das lâminas em kevlar/epóxi no sistema de ortotropia (1, 2,


3) é dada pela eq. (4.50). Para a lâmina à 0°, a matriz constitutiva no sistema de
referência (x, y, z) é a mesma dada pela eq. (4.50). Para as lâminas orientadas à +45°
e -45°, as matrizes constitutivas no sistema de referência são dadas pelas eqs. (4.51) e
(4.54) respectivamente.
A matriz de comportamento para este laminado é da forma:

N x = 1000  123,7 41,00 0 0 0 0   ε 0x 


 N =0    
 y   41,00 52,64 0 0 0 0   ε 0x 
 N xy = 0   0 0 41,17 0 0 0   γ 0xy  3
 =
     10 (5.34)
 Mx = 0   0 0 0 137,1 16,09 8,89   κ x 
 My = 0   0 0 0 16,09 24,48 8,90   κ y 
    
 M xy = 0   0 0 0 8,89 8,90 16,22 κ xy 

Resolvendo o sistema de equações da eq. (5.34), as deformações e as


curvaturas determinadas são:
ε0x = 0,109e-01, ε0y = -0,849e-02 , γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = 0,0

O estado de tensões medido no sistema de coordenadas de referência (x, y, z)


em cada ponto de uma lâmina distante z da superfície neutra é obtido usando a eq.
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 71

(3.23). Para o ponto à z = 1,5 mm e z = 1,0 mm, ou para o ponto à z = -1,5 mm e z = -


1,0 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é o mesmo, já que as curvaturas são nulas:
σx  76,7 1,94 0   0,109e − 01 + 1,5 x 0,0 
  1,94 5,55 0  10 3 − 0,849e − 02 + 1,5 x 0,0
σy  =     (5.35)
τ   0 0 2,0  0,0 + 1,5 x 00 
 xy   

Logo:
 σ x   σ1   819,56 
     
 σ y  =  σ 2  = − 25,65 MPa (5.36)
τ  τ   0 
 xy   12   

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 819,56
= = 0,59 < 1 OK
Xt 1380
σ 2 − 25,65
= = 0,18 < 1 OK
Yc − 140

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:

2 2 2
 819,56   − 25,65   819,56.( −25,65)   0 
  +  −  +   = 0,40 < 1 OK
 1380   − 140   1380 2   55 

Para o ponto à z = 1,0 mm e para z = 0,5 mm, ou para o ponto à z = -1,5 mm e


para z = - 0,5 mm na lâmina à + 45°, o estado de tensão também é o mesmo, já que as
curvaturas são nulas:
σx  23,5 19,5 17,8  0,109e − 01 + 1,0 x 0,0 
  19,5 23,5 17,8 10 3 − 0,849e − 02 + 1,0 x 0,0
σy  =     (5.37)
τ  17,8 17,8 19,6  0,0 + 1,0 x 0,0 
 xy   

O que resulta:
72 Critérios de ruptura

 σ x  90,595 
   
 σ y  = 13,035  MPa (5.38)
τ  42,898 
 xy   

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que


2 2
cos 45 = e sen 45 = , temos:
2 2
90,595   2 2 4   σ1 
  1  
13,035  =  2 2 − 4  σ 2  (5.39)
42,898  4 − 2 2 0  τ 
     12 

Logo:
 σ1  1 1 − 2 90,595   8,917 
  1    
 σ 2  = 1 1 2  13,035  = 94,713  MPa (5.40)
τ  2 1 − 1 0  42,898   38,78 
 12      

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 8,917
= = 0,006 < 1 OK
X t 1380
σ 2 94,713
= = 3,38 > 1 FALHA
Yc 28
S12 38,78
= = 0,71 < 1 OK
S 55

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:

2 2 2
 8,917   94,713   8,917.94,713   38,78 
  +  −  +  = 11,94 > 1 FALHA
 1380   28   1380 2   55 

Para o ponto à z = 0,5 mm ou para o ponto à z = - 0,5 mm na lâmina à - 45°, o


estado de tensão também é o mesmo:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 73

σx   23,5 19,5 − 17,8  0,109e − 01 + 1,0 x 0,0 


   19,5  3 
σy  =  23,5 − 17,8 10 − 0,849e − 02 + 1,0 x 0,0 (5.41)
τ  − 17,8 − 17,8 19,6   0,0 + 1,0 x 0,0 
 xy   

O que resulta:
 σ x   90,595 
   
 σ y  =  13,035  MPa (5.42)
τ  − 42,898 
 xy   

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que


2 2
cos( −45) = e sen( −45) = − , temos:
2 2
 90,595  2 2 − 4   σ 1 
  1  
 13,035  = 2 2 4   σ 2  (5.43)
− 42,898  4 2 − 2 0  τ 
     12 

Logo:
 σ1   1 1 2   90,595   8,917 
  1    
 σ 2  =  1 1 − 2  13,035  =  94,713  MPa (5.44)
τ  2
 12  − 1 1 0  − 42,898  − 38,78

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 8,917
= = 0,006 < 1 OK
X t 1380
σ 2 94,713
= = 3,38 > 1 FALHA
Yc 28
S12 − 38,78
= = 0,71 < 1 OK
S − 55

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:


74 Critérios de ruptura

2 2 2
 8,917   94,713   8,917.94,713   − 38,78 
  +  −  +  = 11,94 > 1 FALHA
 1380   28   1380 2   − 55 

Exemplo 5.2 – Considere o laminado simétrico (0°/+45°/-45°)S em kevlar/epóxi


submetido à um momento Mx = - 500 Nmm/mm. Utilize os critérios de Tsai-Hill, Hoffman
e Tsai-Wu para verificar se haverá ruptura em alguma das lâminas de espessura 0,5
mm. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa, ν12 = 0,35, Xt = 1380 MPa,
Xc = -280 MPa, Yt = 28 MPa, Yc = -140 MPa e S12 = 55 MPa.
A matriz de comportamento para este laminado é da forma:

 N x = 0  123,7 41,00 0 0 0 0   ε 0x 
 N =0    
 y   41,00 52,64 0 0 0 0   ε 0x 
 N xy = 0   0 0 41,17 0 0 0   γ 0xy  3
 =    10 (5.45)
M x = 500   0 0 0 137,1 16,09 8,89   κ x 
 My = 0   0 0 0 16,09 24,48 8,90   κ y 
    
 M xy = 0   0 0 0 8,89 8,90 16,22 κ xy 

Resolvendo o sistema de equações da eq. (5.45), as deformações e as


curvaturas determinadas são:
ε0x = 0,0, ε0y = 0,0 , γ0xy = 0,0, κx = -0,397e-02, κy = 0,227e-02, κxy = 0,930e-03

O estado de tensões medido no sistema de coordenadas de referência (x, y, z)


em cada ponto de uma lâmina distante z da superfície neutra é obtido usando a eq.
(3.22). Pelo fato do carregamento ser do tipo flexão, basta apenas aplicar um critério
de ruptura no ponto mais distante da superfície neutra na lâmina. Neste exemplo, os
critérios de ruptura serão aplicados somente nos pontos acima da superfície neutra,
devendo o mesmo ser feito nos pontos abaixo da superfície neutra. Para o ponto à z =
1,5 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é da forma:
σx  76,7 1,94 0  0,0 + 1,5 x − 0,397e − 2
   1,94 5,55 0  10 3  0,0 + 1,5 x 0,227e − 2 
σy  =     (5.46)
τ   0   
 xy  0 2,0  0,0 + 1,5 x 0,930e − 3 
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 75

Logo:
 σ x   σ1  − 450,14
     
 σ y  =  σ 2  =  7,35  MPa (5.47)
τ  τ   2,79 
 xy   12   

Pelo critério de Tsai-Hill:

2 2 2
 − 450,14   7,35   − 450,14.7,35   2,79 
  +  −  +  = 0,18 < 1 OK
 1380   28   1380 2   55 

Pelo critério de Hoffman:

( −450,14) 2 7,35 2 ( −450,14).7,35 − 280 − 1380


+ − + ( −450,14) +
1380.( −280 ) 28.( −140 ) 1380.( −280 ) 1380.( −280 )
2
− 140 − 28  2,79 
7,35 +   = −2,16 > −1 FALHA
28.( −140 )  55 

Pelo critério de Tsai-Wu, com F12 = 1, temos:

( −450,14) 2 7,35 2 ( −450,14).7,35 − 280 − 1380


+ −2 + ( −450,14) +
1380.( −280 ) 28.( −140 ) 1380.( −280 ) 1380.( −280 )
2
− 140 − 28  2,79 
7,35 +   = −2,17 > −1 FALHA
28.( −140 )  55 

Para o ponto à z = 1,0 mm na lâmina à + 45°, o estado de tensão é:


σx  23,5 19,5 17,8  0,0 + 1,0 x − 0,397e − 2
  19,5 23,5 17,8  10 3  0,0 + 1,0 x 0,227e − 2 
σy  =     (5.48)
τ  17,8 17,8 19,6  
 xy   0,0 + 1,0 x 0,930e − 3 

O que resulta:
76 Critérios de ruptura

 σ x  − 32,476 
   
 σ y  =  − 7,516  MPa (5.49)
τ   − 12,032 
 xy   

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que


2 2
cos 45 = e sen 45 = , temos:
2 2
− 32,476   2 2 4   σ1 
  1  
 − 7,516  =  2 2 − 4  σ 2  (5.50)
 − 12,032  4 − 2 2 0  τ 
     12 

Logo:
 σ1  1 1 − 2 − 32,476   − 7,964 
  1    
 σ 2  = 1 1 2   − 7,516  = − 32,028  MPa (5.51)
τ  2 1 − 1 0   − 12,032   − 12,48 
 12      

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:

2 2 2
 − 7,964   − 32,028   − 7,964.( −32,028 )   − 12,48 
  +  −  +  = 0,10 < 1 OK
 − 280   − 140   280 2   − 55 

Pelo critério de Hoffman:

( −7,964 ) 2 ( −32,028 ) 2 7,964.32,028 − 280 − 1380


+ − + 7,964 +
1380.( −280 ) 28.( −140 ) 1380.( −280 ) 1380.( −280 )
2
− 140 − 28  12,48 
32,028 +   = 1,20 > 1 FALHA
28.( −140 )  55 

Pelo critério de Tsai-Wu, com F12 = 1, temos:


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 77

7,964 2 32,028 2 7,964.32,028 − 280 − 1380


+ − + 7,964 +
1380.( −280 ) 28.( −140 ) 1380.( −280 ) 1380.( −280 )
2
− 140 − 28  12,48 
32,028 +   = 1,20 > 1 FALHA
28.( −140 )  55 

Para o ponto à z = 0,5 mm na lâmina à - 45°, o estado de tensão é:


σx   23,5 19,5 − 17,8 0,0 + 0,5 x − 0,397e − 2
   19,5  3 
σy  =  23,5 − 17,8 10  0,0 + 0,5 x 0,227e − 2  (5.52)
τ  − 17,8 − 17,8 19,6   0,0 + 0,5 x 0,930e − 3 
 xy   

O que resulta:
 σ x  − 32,792 
   
 σ y  = − 20,312 MPa (5.53)
τ   24,244 
 xy   

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que


2 2
cos( −45) = e sen( −45) = − , temos:
2 2
− 32,792  2 2 − 4   σ 1 
  1  
− 20,312 = 2 2 4   σ 2  (5.54)
 24,244  4 2 − 2 0  τ 
     12 

Logo:
 σ1   1 1 2  − 32,792   − 2,303 
  1    
 σ 2  =  1 1 − 2 − 20,312 = − 50,796  MPa (5.55)
τ  2 − 1 1 0   24,244   6,24 
 12      

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:


78 Critérios de ruptura

2 2
 − 2,303   − 50,796   ( −2,303 ).( −50,796 )   6,24  2
  +  −   +
  55  = 0,14 > 1 OK
 − 280   − 140   ( −280 ) 2

Pelo critério de Hoffman:

( −2,303 ) 2 ( −50,796 ) 2 ( −2,303 ).( −50,796 ) − 280 − 1380


+ − + ( −2,303 ) +
1380.( −280 ) 28.( −140 ) 1380.( −280 ) 1380.( −280 )
2
− 140 − 28  6,24 
( −50,796 ) +   = −2,19 > −1 FALHA
28.( −140 )  55 

Pelo critério de Tsai-Wu, com F12 = 1, temos:

( −2,303 ) 2 ( −50,796 ) 2 ( −2,303 ).( −50,796 ) − 280 − 1380


+ −2 + ( −2,303 ) +
1380.( −280 ) 28.( −140 ) 1380.( −280 ) 1380.( −280 )
2
− 140 − 28  6,24 
( −50,796 ) +   = −2,18 > −1 FALHA
28.( −140 )  55 

5.4 – Método de degradação

Os métodos de degradação aplicados à estruturas laminadas são métodos


iterativos de avaliação de falha em lâminas, que consistem em alterar as propriedades
mecânicas de lâminas rompidas segundo o modo de falha identificado, de forma a
melhor avaliar o processo de ruptura da estrutura. Os modos de falha de uma lâmina
podem ser: trinca da matriz, ruptura da fibra, delaminação, etc. São inúmeros os
métodos de degradação utilizados para alterar as propriedades mecânicas de lâminas
rompidas. Um dos métodos mais simples considera que, na falha por trinca da matriz,
as propriedades E2, E3, ν12, ν13, ν23, G12, G13 e G23 são anuladas, E1 permanecendo
inalterado. Na falha por ruptura da fibra, as propriedades E1, ν12, ν13, G12 e G13 são
anuladas, enquanto E2, E3, ν23 e G23 permanecem inalteradas. Na falha por
delaminação, as propriedades G13 e G23 são anuladas, enquanto que as restantes
permanecem inalteradas.
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 79

Exemplo 5.3 – Considere um laminado simétrico (0°/90°/90°/0°) em kevlar/epóxi com


espessura de 0,5 mm para cada lâmina. Aplique um método de degradação de maneira
a verificar se todo o laminado romperá quando submetido a um carregamento Nx=500
M/mm. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa, ν12 = 0,35, XT = 1380
MPa, XC = -280 MPa, YT = 28 MPa, YC = -280 MPa e S = 55 MPa.

z
y

Nx
Nx

A matriz constitutiva das lâminas no sistema de ortotropia (1, 2, 3) é dada pela


eq. (4.50). A matriz constitutiva para as lâminas à 0° é a mesma que a da eq. (4.50) e
matriz constitutiva para as lâminas à 90° é da seguinte forma:
5,55 1,94 0 
[Q]90 0 =  1,94 76,7 0  10 3 MPa (5.56)
 0 0 2,0

A matriz de comportamento para este laminado é da forma:

Nx = 500  82,25 3,88 0 0 0 0   ε 0x 


 N =0    
 y   3,88 82,25 0 0 0 0   ε 0x 
 Nxy = 0   0 0 4,00 0 0 0   γ 0xy  3
 =
     10 (5.57)
 M x = 0   0 0 0 45 ,20 1,29 0   κx 
 My = 0   0 0 0 1,29 45,20 0   κ y 
    
 Mxy = 0   0 0 0 0 0 1,33  κ xy 

Resolvendo o sistema dado pela eq. (5.57), as deformações e as curvaturas


determinadas são:
ε0x = 6,1e-03, ε0y = -2,9e-04 , γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = 0,0
80 Critérios de ruptura

Para o ponto à z = 1,0 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é da forma:


 σ x  76,7 1,94 0   6,0e − 03 + 1,0 x 0,0 
    3 
 σ y  =  1,94 5,55 0  10 − 2,9e − 04 + 1,0 x 0,0 (5.58)
τ   0 0 2,0  0,0 + 1,0 x 0,0 
 xy    

Logo:

 σ1   σ x  459,64
     
 σ 2  =  σ y  =  10,03  MPa (5.59)
 τ  τ   0 
 12   xy   

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 459,64
= = 0,33 < 1 OK
Xt 1380
σ 2 10,03
= = 0,36 < 1 OK
Yc 28

Para o ponto à z = 0,5 mm na lâmina à 90°, o estado de tensão é:


 σ x  5,55 1,94 0   6,0e − 03 + 1,0 x 0,0 
    3 
 σ y  = 1,94 76,7 0  10 − 2,9e − 04 + 1,0 x 0,0 (5.60)
τ   0 0 2,0  0,0 + 1,0 x 0,0 
 xy    

O que resulta:
 σ x   32,74 
   
 σ y  = − 10,60 MPa (5.61)
τ   0 
 xy   

Logo:

 σ1   σ y  − 10,60
     
 σ 2  =  σ x  =  32,74  MPa (5.62)
τ  τ   0 
 12   xy   
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 81

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 − 10,60
= = 0,04 < 1 OK
Xt − 280
σ 2 32,74
= = 1,17 < 1 FALHA
Yc 28

Considerando que o modo de falha das lâminas à 90° é do tipo trinca da matriz,
as propriedades mecânicas somente destas lâminas serão alteradas da seguinte forma:
E2 = 0, ν12 = 0 e G12 = 0. Logo a matriz constitutiva para estas lâminas é agora da
forma:
0 0 0
[Q ]
900 = 0 76,7 0 10 3 MPa
 (5.63)
0 0 0

A matriz de comportamento para o laminado considerado degradado é da forma:

N x = 500  76,7 1,94 0 0 0 0   ε 0x 


 N =0  1,94 82,25  0 
 y   0 0 0 0   εx 
 N xy = 0   0 0 2,00 0 0 0   γ 0 
xy 3
 =     10 (5.64)
 Mx = 0   0 0 0 44,74 1,13 0   κx 
 My = 0   0 0 0 1,13 45,20 0   κy 
     
 M xy = 0   0 0 0 0 0 1,17 κ xy 

Resolvendo o novo sistema de equações dado pela eq. (5.64), as novas


deformações e as curvaturas são:
ε0x = 6,5e-03, ε0y =-1,5e-04 , γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = 0,0

Para o ponto à z = 1,0 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é da forma:


 σ x  76,7 1,94 0   6,5e − 03 + 1,0 x 0,0 
    3 
 σ y  = 1,94 5,55 0  10 − 1,5e − 04 + 1,0 x 0,0 (5.65)
τ   0 0 2,0  0,0 + 1,0 x 0,0 
 xy    
82 Critérios de ruptura

Logo:

 σ1   σ x  498,26
     
 σ 2  =  σ y  =  11,78  MPa (5.66)
 τ  τ   0 
 12   xy   

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 498,26
= = 0,36 < 1 OK
Xt 1380
σ 2 11,78
= = 0,42 < 1 OK
Yc 28

Para o ponto à z = 0,5 mm na lâmina à 90°, o estado de tensão é:


 σ x  0 0 0  6,5e − 03 + 1,0 x 0,0 
    3 
 σ y  = 0 76,7 0 10 − 1,5e − 04 + 1,0 x 0,0 (5.67)
τ  0 0 0  0,0 + 1,0 x 0,0 
 xy    

O que resulta:
σx   0 
   
 σ y  = − 11,51 MPa (5.68)
τ   0 
 xy   

Logo:

 σ1   σ y  − 11,51
     
 σ 2  =  σ x  =  0  MPa (5.69)
 τ  τ   0 
 12   xy   

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 − 11,51
= = 0,04 < 1 OK
Xt − 280
σ2 ==> JA TINHA HAVIDO FALHA
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 83

Conclusão: Como não houve mais nenhuma falha, o laminado suportaria o


carregamento mesmo havendo ruptura em uma das lâminas.

Exemplo 5.3 – Considere um laminado simétrico (0°/45°/-45°)S em kevlar/epóxi com


espessura de 0,5 mm para cada lâmina. Aplique um método de degradação para
verificar se haverá se todo o laminado se romperá quando submetido a um
carregamento W = 20 kN/m2. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa,
ν12 = 0,35, XT = 1380 MPa, XC = -280 MPa, YT = 28 MPa, YC = -280 MPa e S = 55 MPa.

z
y
W = 20 kN/m2

100 mm

500 mm

Considerando que o carregamento W pode ser substituído por uma força


distribuída em x = 250 mm de intensidade 10 kN/m, as reações nos apoios são iguais e
de intensidade 5 kN/m. Assim, o momento máximo situado em x = 250 mm, pode ser
obtido da forma:

z
y

100 mm
Mx
x

250 mm
5 kN/m
84 Critérios de ruptura

Impondo o equilíbrio estático com relação aos momentos em torno do eixo y,


temos:
Mx – 5000 N/m.125 mm + 5000 N/m.250 mm = 0
Mx = – 625 Nmm/mm

A matriz de comportamento, é neste caso igual a da eq. (5.34). Logo o sistema a


ser resolvido é da forma:

 N x = 0  123,7 41,00 0 0 0 0   ε 0x 
 N =0    
 y   41,00 52,64 0 0 0 0   ε 0x 
 N xy = 0   0 0 41,17 0 0 0   γ 0xy  3
 =
     10 (5.70)
 M x = − 625   0 0 0 137 ,1 16,09 8,89   κx 
 My = 0   0 0 0 16,09 24,48 8,90   κ y 
    
 M xy = 0   0 0 0 8,89 8,90 16,22 κ xy 

Resolvendo o sistema de equações da eq. (5.70), as deformações e as


curvaturas determinadas são:
ε0x = 0,0, ε0y = 0,0 , γ0xy = 0,0, κx = -0,497e-02, κy = 0,284e-02, κxy = 0,116e-02

Para o ponto à z = 1,5 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é da forma:


σx  76,7 1,94 0  0,0 + 1,5 x − 0,397e − 2
   1,94 5,55 0  10 3  0,0 + 1,5 x 0,227e − 2 
σy  =     (5.71)
τ   0 2,0  
 xy  0  0,0 + 1,5 x 0,930e − 3 

Logo:
 σ x   σ1  − 450,14
     
 σ y  =  σ 2  =  7,35  MPa (5.72)
τ  τ   2,79 
 xy   12   

Pelo critério de máxima tensão, temos:


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 85

σ1 8,917
= = 0,006 < 1 OK
X t 1380
σ 2 94,713
= = 3,38 > 1 FALHA
Yc 28
S12 − 38,78
= = 0,71 < 1 OK
S − 55

Para o ponto à z = 1,0 mm na lâmina à + 45°, o estado de tensão é:


 σ x  23,5 19,5 17,8  0,0 + 1,0 x − 0,397e − 2
    3 
 σ y  = 19,5 23,5 17,8  10  0,0 + 1,0 x 0,227e − 2  (5.73)
τ  17,8 17,8 19,6  0,0 + 1,0 x 0,930e − 3 
 xy     

O que resulta:
 σ x  − 32,476 
   
 σ y  =  − 7,516  MPa (5.74)
τ   − 12,032 
 xy   

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que


2 2
cos 45 = e sen 45 = , temos:
2 2
− 32,476   2 2 4   σ1 
  1  
 − 7,516  =  2 2 − 4  σ 2  (5.75)
 − 12,032  4 − 2 2 0  τ 
     12 

Logo:
 σ1  1 1 − 2 − 32,476   − 7,964 
  1    
 σ 2  = 1 1 2   − 7,516  = − 32,028  MPa (5.76)
τ  2 1 − 1 0   − 12,032   − 12,48 
 12      

Pelo critério de máxima tensão, temos:


86 Critérios de ruptura

σ1 8,917
= = 0,006 < 1 OK
X t 1380
σ 2 94,713
= = 3,38 > 1 FALHA
Yc 28
S12 − 38,78
= = 0,71 < 1 OK
S − 55

Para o ponto à z = 0,5 mm na lâmina à - 45°, o estado de tensão é:


σx   23,5 19,5 − 17,8 0,0 + 0,5 x − 0,397e − 2
   19,5  3 
σy  =  23,5 − 17,8 10  0,0 + 0,5 x 0,227e − 2  (5.77)
τ  − 17,8 − 17,8 19,6   0,0 + 0,5 x 0,930e − 3 
 xy   

O que resulta:
 σ x  − 32,792 
   
 σ y  = − 20,312 MPa (5.78)
τ   24,244 
 xy   

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que


2 2
cos( −45) = e sen( −45) = − , temos:
2 2
− 32,792  2 2 − 4   σ 1 
  1  
− 20,312 = 2 2 4   σ 2  (5.79)
 24,244  4 2 − 2 0  τ 
     12 

Logo:
 σ1   1 1 2  − 32,792   − 2,303 
  1    
 σ 2  =  1 1 − 2 − 20,312 = − 50,796  MPa (5.80)
τ  2 − 1 1 0   24,244   6,24 
 12      

Pelo critério de máxima tensão, temos:


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 87

σ1 8,917
= = 0,006 < 1 OK
X t 1380
σ 2 94,713
= = 3,38 > 1 FALHA
Yc 28
S12 − 38,78
= = 0,71 < 1 OK
S − 55
88 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

6 – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADO AOS MATERIAIS


COMPOSTOS

TEORIA DE PRIMEIRA ORDEM:


A Teoria de Primeira Ordem considera que as seções que eram planas antes de
aplicar o carregamento, permanecem planas após aplicar o carregamento, mas não
perpendiculares à superfície neutra. Esta hipótese considera portanto que o
cisalhamento transverso é não nulo, γxz ≠ 0 e γyz ≠ 0. Seja então uma placa laminada
∂w
carregada no plano (x,z), onde w ´ x = , Figura 6.1.
∂x

γxz
w´x α

w´x

z
w0

u0
x

Figura 6.1 – Hipóteses de deslocamento da Teoria de Primeira Ordem

6.1 – Campo de deslocamentos

O deslocamento de um ponto genérico distante z da superfície neutra é dado da


forma:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 89

u = u 0 + z.α
v = v 0 + z.β (6.1)
w = w0

onde u0, v0 w0 são os deslocamentos transversais da superfície neutra, e α e β são as


inclinações das seções nos planos (x,z) e (y,z), respectivamente.

ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÕES

 ∂u   ∂u 0   ∂α 
     
 ε x   ∂x   ∂x   ∂x   ε 0x   κx 
   ∂v   ∂v 0   ∂β   0  
 εy  =  = +z   =  εy  + z  κy  (6.2)
γ   ∂y   ∂y   ∂y  γ 0  κ 
 xy   ∂u ∂v   ∂u 0 ∂v 0   ∂α ∂β    xy   xy 
+
 ∂y ∂x   ∂y +  + 
   ∂x   ∂y ∂x 
 

onde ε0x, ε0y são deformações normais nas direções x e y na superfície neutra, γ0xy é a
deformação angular no plano (x,y) na superfície neutra, e κx, κy e κxy são as curvaturas.

DEFORMAÇÕES CISALHANTES TRANSVERSAS


 ∂v ∂w   ∂w 
 +   β+
 γ yz   ∂z ∂y   ∂y 
 = =  (6.3)
 γ xz   ∂u + ∂w  α + ∂w 
 ∂z ∂x   ∂x 

onde γxz e γxz são as deformações angulares transversas nos planos (x,z) e (y,z).

Os esforços cortantes por unidade de comprimento, Qx e Qy podem ser definidos


da seguinte forma:
Q y  h / 2 τyz 
  = ∫   dz (6.4)
Q x  −h / 2 τxz 
90 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

k
Q y  n z τ yz 
  = ∑ ∫   dz (6.5)
Q x  k =1 z −1 τ xz 

A matriz constitutiva no sistema de ortotropia considerando somente os efeitos


de cisalhamento transverso é da forma:
τ23  G23 0   γ 23  Q44 Q45   γ 23 
 =  =   (6.6)
 τ13   0 G13   γ13  Q54 Q55   γ13 

A relação das tensões medidas no sistema de referência com as tensões


medidas no sistema de ortotropia, considerando somente os efeitos de cisalhamento
transverso, é dada pela matriz de transformação:
τyz   c s  τ23  τ23 
 =    = [ Tτ ]   (6.7)
τxz   −s c   τ13   τ13 

De maneira análoga, a relação das deformações medidas no sistema de


referência com as deformações medidas no sistema de ortotropia é dada pela mesma
matriz de transformação:
 γ yz   c s   γ 23   γ 23 
 =    = [ Tτ ]   (6.8)
 γ xz   −s c   γ13   γ13 

Multiplicando a matriz de transformação na relação constitutiva na qual é


considerado somente os efeitos do cisalhamento transverso, eq. (6.6), temos:
τ23  Q44 Q45   γ 23 
[ Tτ ]   = [ Tτ ]   
Q55   γ13 
(6.9)
 τ13  Q54

e, substituindo a eq. (6.8) na eq. (6.9), temos:


τyz  Q44 Q45   γ yz  Q Q45   γ yz 
  = [ Tτ ] Q  [ Tτ ] t   =  44    (6.10)
τxz   54 Q55   γ xz  Q54 Q55   γ xz 
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 91

Substituindo a eq. (6.10) na eq. (6.5), e considerando que as deformações


cisalhantes são constantes ao longo da espessura, temos:
k
Qy  n zk Q44 Q45   γ yz 
 =∑ ∫   dz   (6.11)
Qx  k =1 zk −1 Q54 Q55   γ xz 

k
Qy  n Q44 Q45   γ yz 
  = ∑ hk Q   (6.12)
Qx  k =1  54 Q55   γ xz 

Qy  F44 F45   γ yz 


 =   (6.13)
Qx  F54 F55   γ xz 

A equação de comportamento que inclui o efeito do cisalhamento transverso é


portanto da forma :
 Nx   A11 A12 A16 B11 B21 B61 0 0  ε0x   Nx t 
 N  A  0 
 y   21 A 22 A 26 B21 B22 B26 0 0   ε y   Ny t 

Nxy   A 61 A 62 A 66 B61 B62 B66 0 0  γ 0xy  Nxy t 
       
 Mx   B11 B12 B16 D11 D12 D16 0 0  κ x   Mx t 
 =  −  (6.14)
 My   B21 B22 B26 D21 D22 D26 0 0  κ y   My t 

Mxy   B61 B62 B66 D61 D62 D66 0 0  κ xy  Mxy t 
      
 Qy   0 0 0 0 0 0 F44 F45   γ yz   0 

Q   0    
 x  0 0 0 0 0 F54 F55   γ xz   0 

É importante lembrar que as tensões de cisalhamento transverso são constantes


e descontínuas quando obtidas da forma:
k k
τyz  Q44 Q45   γ yz 
  =    (6.15)
τxz  Q54 Q55   γ xz 

Para corrigir esta falha da Teoria de Primeira Ordem, as tensões de


cisalhamento transverso são multiplicadas por um fator de correção kc, obtido através
da equivalência da energia de deformação exata, na qual a distribuição é parabólica ao
92 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

longo da espessura, com a energia de deformação obtida com esta teoria. Assim, a eq.
(6.15) se coloca da forma:
k k
τyz  Q44 Q45   γ yz 
  = kc Q   (6.16)
τxz   54 Q55   γ xz 

6.2 – Energia de deformação elementar

A energia de deformação em um elemento infinitesimal pode ser colocada da


forma:
t
 εx   σx  t
1     1  γ yz   τ yz 
Ue = ∫  ε y   σ y  dV + ∫     dV (6.17)
2V    2 V  γ xz   τ xz 
 γ xy  τ
 xy

onde, a primeira integral corresponde a energia devido ao estado plano de tensão e a


segunda corresponde a energia devido ao cisalhamento transverso.
Substituindo as deformações obtidas anteriormente, temos:
t
 ε0x + z κ x   σ 
h h t
2 
  
x
1  0 1 2  γ yz  τ yz 
Ue = ∫ ∫  ε y + z κ y   σ y  dz dx dy + ∫ ∫     dz dx dy (6.18)
2 A −h     2 A −h  γ xz  τ xz 
2 γ0 + z κ τ 2
 xy xy   xy 

Desenvolvendo a expressão acima temos:


t t
 ε0x 
h σ  h κ  σ 
2 
   x x
1 1 2   x
Ue = ∫ ∫  ε0y   σ y  dz dx dy + ∫ ∫  κ y   σ y  z dz dx dy +
2 A −h     2 A −h    
2 γ0
 xy  τ
 xy  2 κ xy
  τ xy  (6.19)
h t
1 2  γ yz  τ yz 
2 A∫ −∫h
    dz dx dy
 γ xz  τ xz 
2

Sabe-se que:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 93

 Nx  h 2 σx   Mx  h 2 σx 
        Q y  h / 2 τ yz 
 Ny  = ∫  σ y  dz ,  M y  = ∫  σ y  z dz e   = ∫   dz (6.20)
N  −h 2 τ  M  −h 2 τ  Q x  −h / 2 τ xz 
 xy   xy   xy   xy 

Logo:
t t
 ε0x   Nx   κx   Mx  t
1     1     1  γ yz  Q y 
Ue = ∫  ε0y   Ny  dx dy + ∫  κ y   My  dx dy + ∫     dx dy (6.21)
2A    2A    2 A  γ xz  Q x 
Nxy   κ xy  Mxy 
0
 γ xy 

Reagrupando a eq. (6.21):


t
 ε0x   Nx 
 0 N 
 εy   y
 0  Nxy 
 γ xy   
1  κ   Mx 
Ue = ∫  x    dx dy (6.22)
2 A  κy   M y 
  M 
 κ xy   xy 
γ   Qy 
 yz   
 γ xz   Q x 

Sabe-se que, desconsiderando os efeitos térmicos:

 Nx   ε0x 
   0
 Ny   εy 
Nxy   0 
   A B 0  γ xy 

 Mx    
 κ  (6.23)
  = B D 0  x 
 My   0 0 F   κ y 
M     
 xy
  κ xy 
 Qy  γ 
   yz 
 x 
Q  γ xz 

Substituindo a eq. (6.23) na eq. (6.22), tem-se finalmente:


94 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

t
 ε0x   ε0x 
 0  0
 εy   εy 
 0   0 
 γ xy   γ xy 
A B 0
1  κ   
 
 κx 
Ue = ∫  x  B D 0   dx dy (6.24)
2 A  κy   κy 
 0 0 F 
   
 κ xy   κ xy 
γ  γ 
 yz   yz 
 γ xz   γ xz 

Considerando que os deslocamentos e as inclinações possam ser definidas


como sendo interpolações nodais da forma:
n
u( x, y ) = ∑ Ni ( x, y ) ui
i=1
n
v( x, y ) = ∑ Ni ( x, y ) v i
i=1

{u } { }
n
w( x, y ) = ∑ Ni ( x, y ) w i ou e
(x, y) = [N(x, y )] Ue (6.25)
i=1
n
α( x, y ) = ∑ Ni ( x, y ) α i
i=1
n
β( x, y ) = ∑ Ni ( x, y ) β i
i=1

onde ue(x,y) é o vetor deslocamento elementar, Ni(x,y) são funções de interpolação


obtidas em função do número de nós n do elemento, e Ue é o vetor deslocamento nodal
do elemento contendo ui, vi, wi, αi e βi.
A relação deformação/deslocamento pode então, segundo as eq. (6.2) e (6.3),
ser dada da forma:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 95

 ∂u   ∂N1 0 0 0 0
∂N2
0

"
 ∂x   ∂x ∂x
 ∂v   ∂N1 ∂N2 
   0 0 0 0 0 "
 ε 0x   ∂y   ∂y ∂y 
 0   ∂u ∂v   ∂N1 ∂N1 ∂N2 ∂N2  u 
 ε y   ∂y + ∂x   ∂y 0 0 0 "  1 
  ∂x ∂y ∂x   v1 
γ0  
 xy   ∂α   0 ∂N1 
0 0 0 0 0 " w 1 
 κ x   ∂x  
=
   ∂β   = ∂x
∂N1
 
{ }
  α1  = [B] U
e
(6.26)
 κy     0 0 0 0 0 0 "  β 
κ xy   ∂y   ∂y   1
   ∂α ∂β   ∂N1 ∂N1  # 
 γ xz   ∂y + ∂x   0 0 0 0 0 "  
γ     ∂y ∂x   βn 
 yz   ∂w   ∂N1 ∂N2 
α+ 0 0 N1 0 0 "
 ∂x   ∂x ∂x 
 ∂w   ∂N1 ∂N2 
β+   0 0 0 N1 0 " 
 ∂y   ∂y ∂y 

Substituindo a eq. (6.26) na eq. (6.24), temos:


 A B 0
1
Ue = ∫ Ue
2A
{ } [B]
t t
  { }
B D 0 [B] Ue dx dy (6.27)
 0 0 F

6.3 – Energia cinética elementar

A energia cinética de um elemento infinitesimal pode ser colocada da forma:

1  ∂u( x, y, z, t )  2  ∂v( x, y, z, t )  2  ∂w( x, y, z, t )  2 


Te = ∫ ρ( x, y, z)   +  +   dV (6.28)
2V  ∂t   ∂t   ∂t  

Considerando o campo de deslocamentos definido pela eq. (6.1), temos:


h
1 2  ∂u 2
∂α   ∂v 0 ∂β   ∂w 0  
2 2
Te = ∫ ∫ ρ( x, y, z)  0
+z  + +z  +   dz dx dy (6.29)
2 A −h  ∂t ∂t   ∂t ∂t   ∂t  

2

Desenvolvendo a eq. (6.29), temos:


96 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

h
1 2
2 A −h
2
[( ) ( ) ( )]
 0 2 + 2z u 0 α + v 0 β + z 2 α 2 + β 2 dz dx dy
Te = ∫ ∫ ρ( x, y, z ) u 0 + v 0 + w
2
(6.30)
2

Para uma placa, laminada, a densidade de cada lâmina pode ser considerada
constante ao logo da espessura, logo ρk = ρ(x,y). Definindo ρ0(x,y) como sendo uma
densidade de massa por unidade de área da superfície média da placa como sendo:
h
2

∫ρ
k
ρ o ( x, y ) = dz (6.31)
−h
2

e definindo ρ1(x,y) como sendo o primeiro momento de massa por:


h
2

∫ρ
k
ρ1( x, y ) = z dz (6.32)
−h
2

Observe que se a densidade for constante ao longo da espessura, como no caso de


uma placa homogênea, ρ1(x,y)=0. Definindo também ρ2(x,y) como sendo o segundo
momento de massa por:
h
2

∫ρ
k
ρ 2 ( x, y ) = z 2 dz (6.33)
−h
2

ρk h3
Para uma placa homogênea, ρ 2 = .
12
Substituindo as eqs. (6.31), (6.32) e (6.33) na eq. (6.30), temos:

Te =
1
2A∫ [ 2
(2
) ( ) ( )]
 0 2 + 2ρ1( x, y ) u 0 α + v 0 β + ρ 2 ( x, y ) α 2 + β 2 dx dy (6.34)
ρ 0 ( x, y ) u 0 + v 0 + w

Reagrupando a eq. (6.34) na forma de vetores, temos:


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 97

 u  t  u 0  t t

1  0    u 0  α  α  α 
2 A∫
Te =  v 0  ρ 0 ( x, y )  v 0  +   2ρ1( x, y )    +    ρ 2 ( x, y )    dx dy (6.35)
v β  β   β 
w
  0  w
  0   0 
 

A eq. (6.35) pode ser reescrita através da definição de uma matriz [m] do tipo:
ρ 0 ( x, y ) 0 0 ρ1( x, y ) 0 
 0 ρ 0 ( x, y ) 0 0 ρ1( x, y ) 

[m] =  0 0 ρ 0 ( x, y ) 0 0  (6.36)
 
 ρ1( x, y ) 0 0 ρ 2 ( x, y ) 0 
 0 ρ1( x, y ) 0 0 ρ 2 ( x, y )

Logo:
 u  t  u 0 
 0   v 
 v 0   0 
1 w   0  dx dy
2 A∫
Te =  [m] w (6.37)
 0  
 α   α 
    
 β 
 β 
 

Considerando a derivada temporal da eq. (6.25), temos:


{u (x, y, t)}= [N(x, y )] {U (t)}
e e
(6.38)

Substituindo a eq. (6.38) na eq. (6.37), tem-se:

Te =
1
2A∫ e
U [{ } [N] [m] [N] {U }] dx dy
t t e
(6.39)

6.4 – Trabalho realizado pelas forças externas

O trabalho realizado pelas forças externas pode ser colocado da forma:

We =
1
2A∫ { } 1
q ( x, y ) Ue dx dy + {F} Ue
2
{ } (6.40)
98 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

onde q(x,y) é o carregamento transversal e {F} são os esforços concentrados do tipo


força e momento.

6.5 – Problema estático – princípio dos trabalhos virtuais

Este princípio considera que o trabalho virtual realizado pelas forças externas é
igual ao trabalho virtual realizado pelas esforços internos quando da aplicação de
deslocamentos virtuais do tipo {δUe}. Assim das eq. (6.27) e eq. (6.40) e considerando o
trabalho realizado no elementos, temos:
 A B 0
∫ {U } [B] { } { } { } {F}
B D 0 [B] Ue dx dy = δUe t q ( x, y ) dx dy + δUe t

e t t
(6.41)
 
A  0 0 F A

Colocando os deslocamentos virtuais em evidência, tem-se:


  A B 0  
{δU }  ∫ [B]
e t  t
   { }
B D 0 [B] dx dy Ue − q( x, y ) dx dy + {F} = 0

∫  (6.42)
 A  0 0 F  A 
  

Como a solução da eq. (6.42) é valida para qualquer deslocamento virtual, o


problema a ser resolvido, após a superposição das matrizes elementares, é da forma:
[K ] {U} = {P} (6.43)

A eq. (6.43) é a equação que descreve o comportamento estático do sistema,


onde [K] é a matriz de rigidez global, {P} é o vetor forças externas global
e {U} é o vetor dos graus de liberdade de todo o sistema.

6.5.1 – Determinação das tensões

Após a resolução do sistema de equações lineares dado pela eq. (6.43), obtém-
se o vetor de deslocamentos nodais {U}. Aplicando as eqs. (6.26), obtém-se as
deformações na superfície neutra, as curvaturas e as deformações cisalhantes
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 99

transversas. Multiplicando as deformações na forma das eqs. (6.2) e (6.3) pela matriz
constitutiva obtida no sistema de coordenadas de referência (x,y), obtém-se as tensões
medidas no sistema de referência {σx}. Multiplicando o resultado destas tensões pela
matriz de transformação [T] dada pela eq. (3.9), obtêm-se as tensões medidas no
sistema de ortotropia {σ1}. Finalmente, pode-se aplicar um critério de falha sobre
qualquer elemento.
As tensões de cisalhamento transversas, como visto anteriormente, são
constantes ao longo da espessura de cada lâmina, quando determinadas pela Teoria
de Primeira Ordem. Para obter a distribuição correta destas tensões, considere um
elemento infinitesimal de volume dx, dy e dz submetido a um estado de tensões
triaxiais. Por comodidade, somente as tensões na direção x são mostradas na Figura
6.2:

z ∂τ xz
τ xz + dx
∂x

σx

τ xy
∂σ
σ x + x dx
∂x y

τ xz ∂τ xy
τ xy + dx
x ∂x

Figura 6.2 – Elemento submetido à um estado de tensões triaxiais

Impondo o equilíbrio estático da direção x, temos:

 ∂σ   ∂τ xy 
− σ x dydz +  σ x + x dx  dydz − τ xy dxdz +  τ xy + dy  dxdz
 ∂x   ∂y 
Σ Fx = 0, (6.44)
 ∂τ 
− τ xz dxdy +  τ xz + xz dz  dxdy = 0
 ∂z 

Que resulta na equação diferencial que representa o equilíbrio na direção x:


100 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

∂σ x ∂τ xy ∂τ xz
+ + =0 (6.45)
∂x ∂y ∂z

As equações diferenciais que representam o equilíbrio na direção y e z podem


ser obtidas de maneira análoga:
∂σ y ∂τ xy ∂τ yz
+ + =0 (6.46)
∂y ∂x ∂z

∂σ z ∂τ xz ∂τ yz
+ + =0 (6.47)
∂z ∂x ∂y

A distribuição da tensão cisalhante transversa τxz, pode ser obtida a partir da eq.
(6.46), e de σx e τxy obtidas da eq. (4.47):
 ∂σ ∂τ xy 
τ xz = − ∫  x +  dz
 (6.48)
 ∂x ∂y 

Assim, desprezando os efeitos térmicos, temos:


 k ∂ 0
( k ∂
) 0
( k ∂
) 0
(
 Q11 ∂x ε x + zκ x + Q12 ∂x ε y + zκ y + Q16 ∂x γ xy + zκ xy ) +
τ xz = −∫   dz (6.49)
( x 62
∂y
) y y( 66 )
 Q k ∂ ε 0 + zκ + Q k ∂ ε 0 + zκ + Q k ∂ γ 0 + zκ
 61 ∂y x ∂y
xy (xy ) 

Considerando o estado plano de deformações dado pela eq. (6.2), temos:


 k  ∂ 2u0 ∂ 2α  k  ∂ v0
2
∂ 2β  
Q11  2 + z 2  + Q12  +z  +
  ∂x ∂x   ∂x∂y ∂x∂y  
 
Qk  ∂ u0 + ∂ v 0 + z ∂ α + z ∂ β  +
2 2 2 2

 16  ∂x∂y ∂x 2 ∂x∂y 2
∂x  

τ xz = −∫   dz (6.50)
 k  ∂ 2u0 2
∂ α  k  2
∂ v0 2  
∂ β
Q61  +z  + Q62  2 + z 2  + 
  ∂y∂x ∂y∂x   ∂y ∂y  
 
Qk  ∂ u0 + ∂ v 0 + z ∂ α + z ∂ β 
2 2 2 2

 66  ∂y 2 ∂y∂x ∂y 2
∂ y∂ x
 
   
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 101

Como os deslocamentos u0 e v0 e as rotações α e β são medidos na superfície


neutra, portanto independentes da posição z, tem-se:
 k  ∂ 2u0 z2 ∂ 2α  k  ∂ v0
2
z2 ∂ 2β  
Q11  z 2 +  + Q 12  z +  +
  ∂x 2 ∂x 2   ∂x∂y 2 ∂x∂y  
 
Qk  z ∂ u0 + z ∂ v 0 + z ∂ α + z ∂ β  +
2 2 2 2 2 2

 16  ∂x∂y ∂x 2
2 ∂x∂y 2 ∂x  2 

τ xz = −  + ak (x,y) (6.51)
 k  ∂ u0 z ∂ α 
2 2 2
k  ∂ v0
2
z ∂ β 
2 2
Q61  z +  + Q62  z 2 + +
2 
  ∂y ∂x 2 ∂ y ∂ x   ∂y 2 ∂y  
 
Qk  z ∂ u0 + z ∂ v 0 + z ∂ α + z ∂ β 
2 2 2 2 2 2

 66  ∂y 2 ∂ y ∂ x 2 ∂y 2
2 ∂y ∂x
 
   

onde ak é uma constante de integração determinada pela imposição da continuidade


das tensões na interface das lâminas e da nulidade desta tensão nas superfícies inferior
e superior do laminado. Observa-se na eq. (6.51) que a distribuição da tensão
cisalhante transversa τxz é parabólica. A distribuição da tensão cisalhante transversa τyz,
pode ser obtida a partir da eq. (6.46), e de σx e τxy obtidas da eq. (4.47):
 ∂τ xy ∂σ y 
τ yz = − ∫  +  dz
 (6.52)
 ∂x ∂y 

Assim, desprezando os efeitos térmicos, temos:


 k ∂ 0 k ∂ ∂ 0
( ) 0
( k
Q61 ∂x ε x + zκ x + Q62 ∂x ε y + zκ y + Q66 ) ∂x
( )
γ xy + zκ xy + 
τ yz = −∫   dz (6.53)
Qk ∂ ε0 + zκ + Qk ∂ ε0 + zκ + Qk ∂ 0
 21 ∂y x( x )
22
∂y
y ( y 26 ) ∂y
(
γ xy + zκ xy )

Considerando o estado de deformações dado pela eq. (6.2), temos:


102 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

 k  ∂ 2u0 ∂ 2α  k  ∂ v0
2
∂ 2β  
Q
 61  2 + z 2 
+ Q 62  + z  +
  ∂ x ∂ x   ∂ x ∂ y ∂x ∂ y  
 
Qk  ∂ u0 + ∂ v 0 + z ∂ α + z ∂ β  +
2 2 2 2

 66  ∂x∂y ∂x 2 ∂x ∂ y ∂x  2 

τ yz = −∫   dz (6.54)
 k  ∂ 2u0 ∂ 2α  k  ∂ 2
v ∂ 2  
β
Q21  +z  + Q22  2 + z 2  + 
0

  ∂y ∂x ∂ y ∂x   ∂ y ∂y  
 
Qk  ∂ u0 + ∂ v 0 + z ∂ α + z ∂ β 
2 2 2 2

 26  ∂y 2 ∂y∂x ∂y 2
∂ y ∂ x
 
   

Como os deslocamentos u0 e v0 e as rotações α e β são medidos na superfície


neutra, portanto independentes da posição z, tem-se:
 k  ∂ 2u0 z2 ∂ 2α  k  ∂ v0
2
z2 ∂ 2β  
Q61  z 2 +  + Q 62  z +  +
  ∂x 2 ∂x 2   ∂x∂y 2 ∂x∂y  
 
Qk  z ∂ u0 + z ∂ v 0 + z ∂ α + z ∂ β  +
2 2 2 2 2 2

 66  ∂x∂y ∂ x 2
2 ∂x ∂ y 2 ∂x 2 
    + bk (x,y)
τ yz =− (6.55)
 k  ∂ u0 z ∂ α 
2 2 2
k  ∂ v0
2
z ∂ β 
2 2
Q21  z +  + Q22  z 2 + +
2 
  ∂y ∂x 2 ∂ y ∂x   ∂ y 2 ∂y  
 
Qk  z ∂ u0 + z ∂ v 0 + z ∂ α + z ∂ β 
2 2 2 2 2 2

 26  ∂y 2 ∂y∂x 2 ∂y 2
2 ∂y∂x 
 
  

onde bk é uma constante de integração determinada pela imposição da continuidade


das tensões na interface das lâminas e da nulidade desta tensão nas superfícies inferior
e superior do laminado. Observa-se na eq. (6.55) que a distribuição da tensão
cisalhante transversa τyz é parabólica.
A distribuição da tensão normal σz, pode ser obtida a partir das eqs. (6.47), (6.51)
e (6.55):
 ∂τ ∂τ yz 
σ z = − ∫  xz +  dz
 (6.56)
 ∂x ∂y 
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 103

6.6 – Problema dinâmico – equações de lagrange

Inúmeras técnicas podem ser utilizadas para se chegar na equação que


representa o comportamento do sistema, equação esta que será resolvida pelo método
dos elementos finitos: princípio da energia potencial mínima, método dos resíduos
ponderados, etc. Um método bastante utilizado para se obter a equação que representa
o comportamento dinâmico de um sistema é o da aplicação das equações de Lagrange
sobre as todas as energias consideradas no sistema. Estas equações de Lagrange são
expressas da seguinte forma:
d  ∂T  ∂T ∂U
 − + = Fqi (6.57)
dt  ∂q i  ∂qi ∂qi

onde T é a energia cinética do sistema, U é a energia de deformação do sistema e Fqi


são as forças generalizadas do sistema. Aplicando a eq. (6.57) sobre as eqs. (6.27),
(6.39) e considerando que as forças generalizadas são obtidas pelo trabalho virtual
realizado pelas forças externas, obtém-se a eq. (6.58) que representa a equação de
movimento do sistema, dada da forma:
[M] {U(t )} + [K ] {U( t )} = {P(t )} (6.58)

onde [M] é a matriz de massa global:

6.6.1 – Freqüências naturais e modos de vibração

As freqüências naturais e os modos de vibração de um sistema em vibração são


obtidos através da solução da equação homogênea da eq. (6.58):
[M] {U(t )}+ [K ] {U(t )} = {0} (6.59)

A solução da eq. (6.59) é da forma harmônica do tipo:


{U(t )} = {U} eiωt (6.60)
104 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

onde {U} são deslocamentos nodais, independentes do tempo, representativos do


modo de vibração associado à freqüência natural ω.
Substituindo a eq. (6.60) na eq. (6.59) e simplificando o termo exponencial,
obtemos:
[K − ω M] {U} = {0}
2
(6.61)

6.6.2 – Resposta no tempo

A solução da eq. (6.58) pode ser obtida por diferentes métodos: Método das
Diferenças Centrais, Método de Houbolt, Método de Newmark, etc., nos quais são
definidos os deslocamentos, as velocidades e as acelerações obtidas em um tempo t
em função dos deslocamentos, das velocidades e das acelerações obtidas em tempo t-
∆t e t+∆t. A escolha entre um destes métodos se restringe na convergência ou não da
solução e/ou no tempo de convergência.

6.7 – Exemplos de aplicação

6.7.1 – Chassi de kart


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 105

6.7.2 – Chassi de side-car


106 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

6.7.3 – Quadro de bicicleta (a)

6.7.4 – Raquete de tênis


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 107

6.7.5 – Carroceria de caminhão baú

6.7.6 – Casco de catamaran


108 Método dos Elementos Finitos aplicado aos materiais compostos

6.7.7 – Quadro de bicicleta (b)

6.7.8 – Chassi de um caminhão leve


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 109

7 – FLAMBAGEM DE PLACAS LAMINADAS

Este capítulo trata da análise de estabilidade de placa laminadas submetidas à


cargas compressivas.

7.1 – Equações diferencias de placas

Considere um elemento de placa infinitesimal de dimensões dx, dy, submetido à


esforços de membrana, Figura 7.1.

z
N xy dx N x dy

N y dx N xy dx
y
dy
dx  ∂N y 
Ny + dy dx
 ∂y 
 
 ∂N xy 
 N xy + dy dx
 ∂N xy   ∂y
x  N xy + dx dy  
 ∂x
 
 ∂N x 
Nx + dx dy
 ∂x 

Figura 7.1 – Esforços de membrana sobre um elemento de placa

Impondo o equilíbrio estático na direção x, temos:

 ∂N   ∂Nxy 
ΣFx = 0, −Nx dy +  Nx + x dx  dy − Nxy dy +  Nxy + dy  dx = 0 (7.1)
 ∂x   ∂y 

∂Nx ∂Nxy
+ =0 (7.2)
∂x ∂y

Analogamente, com relação ao eixo y, temos:


∂Ny ∂Nxy
+ =0 (7.3)
∂y ∂x
110 Flambagem de placas laminadas

Considere agora, um elemento de placa infinitesimal de dimensões dx, dy,


submetido à esforços de flexão e de cortante.

Q x dy
z
Mx dx
Mxy dy  ∂Q y 
Qy + dy dx
p( x, y )  ∂y 
Q y dx Mxy dx  
My dx dy y
dx  ∂Q x   ∂My 
Qx + dx dy  My + dy  dx
 ∂x   ∂y 
 ∂M xy 
 Mxy + dy  dx
 ∂Mxy   ∂y 
x M
 xy + dx  dy
 ∂Mx   ∂x 
 Mx + ∂x dx  dy
 

Figura 7.2 – Esforços de flexão e cortantes em um elemento de placa

Impondo o equilíbrio das forças na direção z, temos:

 ∂Q x   ∂Q y 
ΣFz = 0, −Q x dy +  Q x + dx  dy − Q y dx +  Q y + dy  dx + p dx dy = 0 (7.4)
 ∂x   ∂y 

Simplificando, a eq. (7.4) resulta em:


∂Q x ∂Q y
+ +p = 0 (7.5)
∂x ∂y

Impondo o equilíbrio dos momentos com relação ao eixo x, temos:


 ∂My   ∂Mxy 
−My dx +  My + dy  dx − Mxy dy +  Mxy + dx  dy −
 ∂y   ∂x 
ΣMx = 0, (7.6)
 ∂Q y  dy
 Qy + dy  dx.dy + p dx dy =0
 ∂y  2

Desprezando termos de segunda ordem, a eq. (7.6) resulta em:


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 111

∂My ∂Mxy
+ − Qy = 0 (7.7)
∂y ∂x

Por analogia, do equilíbrio dos momentos com relação ao eixo y, tem-se a eq.
(7.8):
∂M x ∂M xy
+ − Qx = 0 (7.8)
∂x ∂y

Somando a derivada da eq. (7.7) com relação a y, a derivada da eq. (7.8) com
relação a x e a carga distribuída sobre a placa p(x,y), temos:

∂ 2M x ∂ 2Mxy ∂ 2M y
+2 + = −p (7.9)
∂x 2 ∂x∂y ∂2y

7.2 – Equações de placa considerando a flambagem

Considere um elemento de placa deformado submetido à esforços de membrana.

 ∂N x 
Nx + dx dy
 ∂x 

z
∂w 0 ∂  ∂w 0 
+  dx
dx ∂x ∂x  ∂x 

N x dy
x
∂w 0
∂x

Figura 7.3 – Esforços normais de membrana sobre um elemento de placa deformada

Considerando pequenas deformações, a equação que representa o equilíbrio da


placa da direção z é da forma:
112 Flambagem de placas laminadas

∂w 0  ∂N   ∂w ∂2w0 
ΣFz , −Nx dy +  Nx + x dx  dy  0 + dx  (7.10)
∂x  ∂x   ∂x ∂x 2 

Desprezando os termos de ordem superior, temos:


∂ 2 w 0 ∂Nx ∂w 0
Nx + (7.11)
∂x 2 ∂x ∂x

Analogamente com relação aos esforços de membrana no eixo y, temos:


∂ 2 w 0 ∂Ny ∂w 0
Ny + (7.12)
∂y 2 ∂y ∂y

dy
z
∂w 0
N xy dy
∂y
y
N xy dx
dx
 ∂N xy 
∂w 0  N xy + dy dx
 ∂y 
 
∂x
x ∂w 0 ∂  ∂w 0 
+  dy
 ∂N xy  ∂x ∂y  ∂x 
 N xy + dx dy
x ∂w  ∂x 
0 ∂  ∂w 0   
+  dx
∂y ∂x  ∂y 

Figura 7.4 – Esforços de cisalhamento em membrana em um elemento infinitesimal

As componentes das forças que atuam na direção z devido a Nxy são da forma,
Figura 7.4:

∂w 0  ∂Nxy   ∂w ∂2w0 
−Nxy dy +  Nxy + dx  dy  0 + dx 
∂y  ∂x   ∂y ∂x∂y 
(7.13)
∂w  ∂Nxy   ∂w ∂2w0 
−Nxy dx 0 +  Nxy + dy  dx  0 + dy 
∂x  ∂y   ∂x ∂y∂x 
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 113

Desprezando os termos de ordem superior, temos:


∂ 2 w 0 ∂Nxy ∂w 0 ∂Nxy ∂w 0
2Nxy + + (7.14)
∂x∂y ∂x ∂y ∂y ∂x

Agrupando as eqs. (7.11), (7.12) e (7.14), a componente total na direção z é da


forma:
∂2w 0 ∂2 w0 ∂ 2 w 0 ∂w 0  ∂Nx ∂Nxy  ∂w 0  ∂Ny ∂Nxy 
Nx + Ny + 2Nxy +  + +  +  (7.15)
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x  ∂x ∂y  ∂y  ∂y ∂x 

Substituindo as eqs. (7.2) e (7.3) na eq.(7.15), tem-se:


∂2w0 ∂2w 0 ∂2w 0
Nx + Ny + 2Nxy (7.16)
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

A soma da eq. (7.16) com a eq. (7.5), fornece a resultante das forças atuando na
direção z:
∂2w0 ∂2w0 ∂ 2 w 0 ∂Q x ∂Q y
Nx + Ny + 2Nxy + + +p = 0 (7.17)
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x ∂y

A eq. (7.17) pode ser apresentada de uma outra forma, fazendo a soma da eq.
(7.9) com a eq. (7.5):
∂ 2Mx ∂ My ∂ 2Mxy
2
∂2w0 ∂2w0 ∂2w0
+ + 2 + Nx + Ny + 2Nxy +p = 0 (7.18)
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

A eq. (7.18) pode ser também apresentada de uma forma alternativa se


considerarmos as eqs. (7.7) e (7.8):
∂Q x ∂Q y ∂2w0 ∂2w0 ∂2w0
+ + Nx + Ny + 2Nxy +p = 0 (7.19)
∂x ∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

Portanto, as equações que prevêem o comportamento da placa são as equações


de equilíbrio de forças nas direções x, y e z, dadas pelas eqs. (7.2), (7.3) e (7.18) ou
(7.19), respectivamente, e eventualmente as eqs. (7.7) e (7.8) que são as equações de
114 Flambagem de placas laminadas

equilíbrio de momentos com relação ao eixo x e y. Na presença de forças de inércia, no


caso de carregamento dinâmico, estas equações se transformam em:
∂Nx ∂Nxy ∂ 2u
+ = ρ0 20 (7.20)
∂x ∂y ∂t

∂Ny ∂Nxy ∂2v0


+ = ρ0 2 (7.21)
∂y ∂x ∂t

∂ 2Mx ∂ My ∂ 2Mxy
2
∂2w0 ∂2w0 ∂2w0 ∂2w0
+ + 2 + Nx + Ny + 2Nxy + p = ρ 0 (7.22)
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂t 2

∂Q x ∂Q y ∂2w0 ∂2w0 ∂2w0 ∂2w0


+ + Nx + Ny + 2Nxy + p = ρ 0 (7.23)
∂x ∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂t 2

7.3 – Método da perturbação aplicado à flambagem

Para resolver o problema de flambagem, é utilizado um método de perturbação,


no qual o campo de deslocamento é escrito da forma:

u = u i + λu
v = v i + λv (7.24)
w = w i + λw

onde ui, vi e wi são deslocamentos iniciais, antes de ocorrer a flambagem e, u, v e w são


deslocamentos quaisquer e admissíveis (verificam todas as condições de contorno e de
continuidade) e λ é um escalar infinitamente pequeno e independente das
coordenadas.
Considerando a matriz de comportamento dada pela eq. (4.38) e o campo de
deslocamentos para a flambagem, eq. (7.24), temos:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 115

i
 Nx   ε 0x   ε 0x 
N   0   0 
 y   εy   εy 

N xy   A B   γ xy 
0   A B   γ 0xy 
 =
    + λ  B D   (7.25)
 M x   B D  κ x     κx 
 My  κ  κ 
   y  y
M xy  κ xy  κ xy 

Colocando a eq. (7.25) num forma compacta:

( )
N = A ε i + B κ i + λ A ε i + B κ i = Ni + λ N
(7.26)
M = B εi + D κi + λ (B ε i
+D κ )= M + λ M
i i

onde ε são deformações da superfície neutra e κ são curvaturas, dependentes da teoria


utilizada: Teoria Clássica de Laminados ou Teoria de Primeira Ordem.
Substituindo a eq. (7.24) na eq. (7.18), temos:
∂ 2Mix ∂ My ∂ 2Mixy
2 i
i ∂ w0 i ∂ w0 i ∂ w0
2 i 2 i 2 i
+ + 2 + Nx + Ny + 2Nxy + pi +
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y
 ∂ 2Mx ∂ 2My ∂ 2Mxy ∂ 2 w i0 i ∂ w0
2 
 2 + + 2 + N x + N x + 
∂x ∂y 2
∂x∂y ∂x 2
∂x 2
λ  + (7.27)
 ∂2wi ∂ 2
w ∂ 2 i
w ∂ 2
w 
Ny 0
+ N i
y
0
+ 2N xy
0
+ 2N i
xy
0
+ p 
 ∂y 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x∂y 
 ∂2w0 ∂2w0 ∂2w0 
λ 2
Nx + Ny + 2Nxy =0
 ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y 

Desprezando os termos de segunda ordem em λ e considerando que a eq. (7.27)


é válida para qualquer valor de λ, tem-se:

∂ 2Mix ∂ My ∂ 2Mixy
2 i
i ∂ w0 i ∂ w0 i ∂ w0
2 i 2 i 2 i
+ + 2 + Nx + Ny + 2Nxy + pi = 0 (7.28)
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

∂ 2Mx ∂ My ∂ 2Mxy
2
∂ 2 w i0 i ∂ w0
2
+ + 2 + Nx + Nx +
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x 2 ∂x 2
(7.29)
∂ 2 w i0 i ∂ w0
2
∂ 2 w i0 i ∂ w0
2
Ny + Ny + 2Nxy + 2Nxy +p = 0
∂y 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x∂y
116 Flambagem de placas laminadas

A eq. (7.28), não linear pelo fato de haver acoplamento entre esforços de
membrana e de flexão, permite determinar a configuração inicial da placa com a ajuda
das eqs. (7.2) e (7.3). A resolução desta equação é feita de forma iterativa, a partir da
linearização da eq. (7.28) no primeiro passo.
∂ 2Mix ∂ My ∂ 2Mixy
2 i

+ + 2 + pi = 0 (7.30)
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

Como na configuração inicial, o deslocamento wi0 é pequeno, o gradiente das


∂ 2 w i0 ∂ 2 w i0 ∂ 2 w i0
inclinações (curvaturas pela Teoria Clássica de Laminados), , e são
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y
desprezíveis. Logo, a eq. (7.29) se transforma em:
2
∂ 2Mx ∂ My ∂ 2Mxy 2
i ∂ w0
2
i ∂ w0
2
i ∂ w0
+ 2 +2 + Nx + Ny + 2Nxy +p = 0 (7.31)
∂x 2 ∂ y ∂x∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

Considerando a eq. (7.25), a eq. (7.31) pode ser substituida por:


∂2
∂x 2 ( )
B11 ε0x + B12 ε0y + B16 γ 0xy + D11 κ x + D12 κ y + D16 κ xy +

∂2
∂2y
( )
B21 ε0x + B22 ε0y + B26 γ 0xy + D21 κ x + D22 κ y + D26 κ xy +
(7.32)
∂2
2
∂x∂y
(
B61 ε0x + B62 ε0y + B66 γ 0xy + D61 κ x + D62 κ y + D66 κ xy + )
∂2w0 2
i ∂ w0
2
i ∂ w0
Nix + 2Nxy + Ny +p = 0
∂x 2 ∂x∂y ∂y 2

A eq. (7.32), utilizando a eq. (4.25) que define o campo de deslocamentos pela
Teoria Clássica de Laminados, pode ser colocada da forma:
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 117

∂ 3u0 ∂3 v0  ∂ 3u0 ∂ 3 v 0  ∂4w0 ∂4w0  ∂4w0 


B11 + B12 + B16  + 3 
− D11 − D12 − D16  +
∂x3 ∂x 2∂y 2
 ∂x ∂y ∂x  ∂x 4 ∂x 2∂y 2 3
 ∂x ∂y 
∂ 3u0 ∂3 v 0  ∂ 3u0 ∂ 3 v 0  ∂4 w0 ∂4w0  ∂4w0 
B21 + B 22 + B 26  +  − D 21 − D 22 − D 26  4 
+
∂y 2∂x ∂y 3  ∂y
3
∂y 2∂x  ∂y 2∂x 2 ∂y 4  ∂y 
 ∂ 3u0 ∂3 v 0  ∂ 3u0 ∂3 v0 
B61 2 + B62 + B 66  +  (7.33)
 ∂x ∂y ∂x∂y 2  ∂x∂y 2 ∂x 2∂y  
2
4 4 4 +
 −D ∂ w ∂ w ∂ w 
0
− D62 0
− D66 2 02
 61 ∂x3 ∂y ∂x∂y3 ∂y ∂x 
∂2w0 2
i ∂ w0
2
i ∂ w0
Nix + 2Nxy + Ny +p = 0
∂x 2 ∂x∂y ∂y 2

As outras relações fundamentais para analisar o comportamento de placas pela


Teoria Clássica de Laminados, além da eq. (7.33), são:

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂3 w 0 ∂3 w 0 ∂3 w 0


A11 + A 12 + A 16  + 2 
− B11 − B12 − B16 2 +
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x  ∂x 3 ∂x∂y 2 ∂x 2∂y
(7.34)
∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂3 w 0 ∂3 w 0 ∂3 w 0
A 61 + A 62 + A 66  +  − B 61 − B 62 − B 66 2 =0
∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x  ∂y∂x 2 ∂y3 ∂x∂y 2

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂3 w 0 ∂3 w 0 ∂3 w 0


A 21 + A 22 + A 26  +  − B 21 − B 22 − B 26 2 +
∂y∂x ∂y 2  ∂ y 2
∂y∂x  ∂y∂ x 2
∂y 3
∂x∂ x 2
(7.35)
∂ 2u ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂3 w 0 ∂3 w 0 ∂3 w 0
A 61 20 + A 62 + A 66  + 2 
− B 61 − B 62 − B 66 2 =0
∂x ∂x∂y  ∂x∂y ∂x  ∂x3 ∂x∂y 2 ∂x 2∂y

Para a Teoria de Primeira Ordem, a eq. (7.31) é colocada de outra forma,


considerando as eqs. (7.7) e (7.8):
∂Q x ∂Q y ∂2w0 i ∂ w0
2
i ∂ w0
2
+ + Nix + Ny + 2Nxy +p = 0 (7.36)
∂x ∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

Considerando a eq. (6.14) ou (6.23), onde surgem os efeitos do cisalhamento


transverso, a eq. (7.34) pode ser colocada da forma:
118 Flambagem de placas laminadas

∂  ∂w 0  ∂  ∂w  ∂  ∂w  ∂  ∂w 
F45  + β  + F55  0 + α  + F44  0 + β  + F45  0 + α  +
∂x  ∂y  ∂x  ∂x  ∂y  ∂y  ∂y  ∂x 
(7.37)
∂ w0
2
∂ w0
2
∂ w0
2
Nix + Niy + 2Nixy +p = 0
∂x 2
∂y 2
∂x∂y

Reagrupando a eq. (7.37), temos:


 ∂ 2 w 0 ∂α   ∂ 2 w 0 ∂β   ∂α ∂β ∂2w0 
F55  +  + F44  +  + F45  + + 2 +
 ∂x ∂x   ∂y ∂x   ∂y ∂x ∂x∂y 
2 2

(7.38)
∂2w0 i ∂ w0
2
i ∂ w0
2
Nix + N y + 2N xy +p = 0
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

As outras relações fundamentais para analisar o comportamento de placas pela


Teoria de Primeira Ordem, além da eq. (7.38), são:

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 


A11 + A 12 + A 16  +  + B11 + B12 + B16  + 2 +
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
2
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
(7.39)
∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 
A 61 + A 62 + A 66  2 +  + B61 + B62 2 + B66  2 + =0
∂y∂x ∂y 2  ∂y ∂y∂x  ∂y∂x ∂y  ∂y ∂y∂x 

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 


A 21 + A 22 + A 26  +  + B 21 + B 22 + B 26  + +
∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x  ∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x 
(7.40)
∂ 2u ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 
A 61 20 + A 62 + A 66  +  + B 61 + B 62 + B 66  + 2=0
∂x ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
2
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 


B21 + B22 + B 26  +  + D 21 + D 22 + D 26  + +
∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x  ∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x 
∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 
B61 + B 62 + B 66  +  + D 61 + D 62 + D 66  + 2 − (7.41)
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
2
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
 ∂w   ∂w 
F44  0 + β  − F45  0 + α  = 0
 ∂y   ∂x 
Curso de projeto estrutural com materiais compostos 119

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 


B11 + B12 + B16  + 2 
+ D11 + D12 + D16  + 2 +
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x  ∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 
B61 + B62 + B 66  +  + D 61 + D 62 + D 66  + − (7.42)
∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x  ∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x 
 ∂w   ∂w 
F45  0 + α  − F55  0 + β  = 0
 ∂x   ∂y 

As eqs. (7.33), (7.34) e (7.35) para a Teoria Clássica de Laminados e das eqs.
(7.38), (7.39), (7.40), (7.41) e (7.42) para a Teoria de Primeira Ordem são resolvidas
supondo, por exemplo, que as variáveis u0, v0 e w0 para a Teoria Clássica de
Laminados, e mais α, e β para a Teoria de Primeira Ordem são da forma:
mπx
u0 = A m sen
L
mπx
v 0 = Bm sen
L
mπx
w 0 = Cm sen (7.43)
L
mπx
α = Dm sen
L
mπx
β = Em sen
L

O problema pode ser simplificado quando o laminado é simétrico, [B] = 0, quando


o laminado é, além de simétrico, balanceado, A16 = A61 = A26 = A62 = 0, e quando o
laminado é ortotrópico (fibras somente a 00 e 900), D16 = D61 = D26 = D62 = 0.

Exemplo 7.1: Determine a carga crítica de um laminado simétrico biapoiado em x = 0 e


x = L, submetido à um carregamento de compressão N0 utilizando a Teoria Clássica de
Laminados.

Considerando que o laminado é simétrico, [B] = 0. Devido ao carregamento, Nix =


- N0, Niy = Nixy = p= 0.
Da eq. (7.33), temos:
120 Flambagem de placas laminadas

∂4w0 ∂4w0  ∂4w0  ∂4w0 ∂4w0  ∂4w0 


−D11 − D12 − D16   − D 21 − D 22 − D 26  4 
+
∂x 4 ∂x 2∂y 2 3
 ∂x ∂y  ∂y 2∂x 2 ∂y 4  ∂y 
(7.44)
 ∂4w ∂4w0 ∂4w0  ∂2 w0
2  −D61 3 0 − D62 − D 66  − N0 =0
 ∂x ∂y ∂x∂x3 ∂y 2∂x 2  ∂x 2

Se a placa tem dimensão muito grande na direção y comparado com a dimensão


x, os gradientes de w0 em y são nulos, logo:
∂4w0 ∂2w0
−D11 − N0 =0 (7.45)
∂x 4 ∂x 2

Admitindo um deslocamento w0, que satisfaça as condições de contorno, ser da


forma como apresentado pela eq. (7.43) e substituindo na eq. (7.45), tem-se:
  mπ 
2   mπ 
2
mπx
D11   − N0  Cm   sen =0 (7.46)
  L    L  L

Como na configuração deformada, Cm ≠ 0, m ≠ 0 e conseqüentemente


mπx
sen ≠ 0 , tem-se a menor carga crítica para m=1:
L
2
 π
Ncr = D11   (7.47)
L

Para um laminado não simétrico, onde [B] ≠ 0, a utilização das eqs. (7.34) e
(7.35) são necessárias devido ao acoplamento dos deslocamentos u0, v0 e w0. Assim:
∂ 2u0 ∂2v0 ∂3 w 0
A11 + A 16 − B11 =0 (7.48)
∂x 2 ∂x 2 ∂x 3

∂ 2u0 ∂2v0 ∂3 w 0
A16 + A 66 − B16 =0 (7.49)
∂x 2 ∂x 2 ∂x3

e a eq. (7.33) se apresenta da forma:


Curso de projeto estrutural com materiais compostos 121

∂ 3u0 ∂3v0 ∂4w0 2


i ∂ w0
B11 + B16 − D11 + Nx =0 (7.50)
∂x3 ∂x3 ∂x 4 ∂x 2

O desacoplamento dos deslocamentos se faz da seguinte forma:


d2u0 B d3 w 0
=
dx 2 A dx3
(7.51)
d2 v 0 C d3 w 0
=
dx 2 A dx 3

onde:
2
A = A11A 66 − A16
B = A 66B11 − A16B16 (7.52)
C = A11B16 − A16B11

Derivando a eq. (7.51) com relação a x, e substituindo na eq. (7.50), temos:


∂4w0 A ∂2w0
+ N0 =0 (7.53)
∂x 4 D ∂x 2

onde:
D = D11A − B11B − B16C (7.54)

Aplicando (7.45) em (7.51), temos:


 m π  2 A   mπx 
2
mπx
  − N0 Cm  sen =0 (7.55)
 L  D   L  L

Assim, a menor carga crítica para m=1, é da forma:


2
D π
Ncr = (7.56)
A  L 

Da comparação da eq. (7.56) com a eq. (7.47), observa-se que a carga crítica
diminui quando [B] ≠ 0, ou seja, quando o laminado não é simétrico.
122 Flambagem de placas laminadas

REFERÊNCIAS

[1] Gay, Daniel, Matériaux Composites, Hermès, Paris, 1991.


[2] Berthelot, J.-M., Matériaux Composites, Comportement et analyse des structures,
Masson, Paris, 1992.
[3] Tsai, S. W., Hahn, H. T., Introduction to Composite Materials, Technomic Publishing
Co., Inc., 1980.

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