CENTRO DE EDUCAÇÃO
FORTALEZA - CE
2008
DENNYS LEITE MAIA
FORTALEZA – CE
2008
DENNYS LEITE MAIA
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Dr. João Batista Carvalho Nunes
(Orientador)
________________________________________
Profª. Esp. Maria Auricélia da Silva
DEDICATÓRIA
À Edenise,
minha amada mãe, que me garantiu e proporcionou,
durante toda a vida, mesmo com dificuldades,
acesso a ensino e educação de qualidade, fatores
que, sem dúvida, me proporcionaram este passo e
os que ainda virão.
AGRADECIMENTOS
À minha família,
Cada um a seu modo (avós, mãe, irmã, tios, tias, primos e prima), colaborou para a
execução deste trabalho, seja pelo amor, apoio, incentivo e orações direcionados a
esta etapa de minha vida. Em especial à minha companheira Elizabeth e meu filho
Leonel,que procuraram entender cada momento de “desatenção” no transcurso
desse processo.
Aos Professores,
por quem passei durante a graduação e que, sem dúvida, contribuíram de modo
especial para que este trabalho fosse realizado. Em especial, ao Prof. Dr. João
Batista Carvalho Nunes, que orientou este trabalho, confiou em mim e me
proporcionou o contato com a pesquisa e a iniciação científica.
Ao grupo LATES,
por cada palavra de estímulo e contribuição. Principalmente aos amigos Veríssimo,
Lucy e Leno, que participaram da construção do Letra Livre, sem a qual não existiria
este trabalho, bem como a Auricélia pela imensa contribuição à qualidade do
mesmo.
Aos Amigos,
que me encorajam a seguir pela vida, incluindo os que achavam um absurdo a troca
do curso de Engenharia Química pela Pedagogia e que acabaram gerando um
estímulo a mais nessa trajetória.
Às Demais pessoas
que, mesmo que indiretamente, contribuíram para este trabalho, como Richard
Stallman e Linus Torvalds, que propiciaram o movimento do Software Livre,
fundamental para este trabalho.
A Deus,
por ter posto todas essas pessoas ao meu redor.
RESUMO
10
percebe-se uma relação cada vez mais íntima com a tecnologia.
Cabe às escolas buscar formas para incluir seus alunos nessa sociedade; do
contrário, estarão fomentando uma categoria de excluídos, que já começou a se
expandir e deve ser contida: os excluídos digitais2. A favor desse processo, a criação
de Laboratórios de Informática Educativa (LIEs) nas escolas, equipados com número
suficientes de computadores, conexão à internet, software3 básicos de qualidade
(processador de texto, planilha eletrônica, programa de apresentação etc) e software
educativos para favorecer o processo de aprendizagem dos alunos, apresenta-se
como um passo importante.
2 Para Nunes (2007), a inclusão digital requer dois elementos inter-relacionados: acesso a
tecnologias digitais (computador, software, internet) e domínio do conhecimento sobre as
tecnologias digitais em três âmbitos: declarativo, procedimental e valorativo.
3 Por se tratar de um substantivo que ainda não faz parte de nosso dicionário, será concebido,
conseqüentemente, o mesmo entendimento dado ao Inglês formal sobre a inexistência de plural
para a palavra software por ser considerado um substantivo incontável.
4 Segundo a definição criada pela Free Software Foundation (FSF), é qualquer programa de
computador que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem nenhuma
restrição.
11
Dravis (2003) enumera, dentre outros motivos, alguns que fazem com que
governos e empresas adotem software livre como soluções em Informática, quais
sejam: o controle dos custos iniciais e de upgrades das licenças de software, a
redução da dependência de empresas desenvolvedoras de software proprietário e a
promoção do uso de software no setor público. Seguindo esse movimento, a
Prefeitura Municipal de Fortaleza vem, desde 2005, com uma política pública de
instalação de software livres nos LIEs de suas escolas.
12
criação, centra-se no desafio, no conflito e na descoberta (NUNES, 2005). As FIG. 1
e 2, a seguir, ilustram as duas abordagens, bem como os processos que as
envolvem.
13
Em sintonia com esse novo movimento foi criado, em 2005, sob a
coordenação do Prof. Dr. João Batista Carvalho Nunes, o Laboratório de Tecnologia
Educacional e Software Livre (LATES)6. Seu primeiro projeto, intitulado Software
Livre e Educação (biênio 2005-2006), tinha em mira, dentre outros objetivos,
identificar os software educativos livres (SELs) existentes e formar professores para
seu uso.
Foi como bolsista de iniciação científica do LATES que este autor teve seu
primeiro envolvimento com a temática em questão. A participação nos projetos
desenvolvidos por esse grupo de pesquisa proporcionou uma experiência muito rica
em relação a desenvolvimento, avaliação de SEL e formação de professores. Isso
porque, dentre as atividades desenvolvidas, podemos citar a tradução do manual do
usuário do software Dr. Geo para o português do Brasil (pt-br), bem como, o
processo de formação de professores para o seu uso com alunos do 5º ano do
Ensino Fundamental de uma escola pública municipal de Fortaleza. Naquela
oportunidade, o autor pôde realmente dar-se conta do grande potencial educativo de
um software livre de qualidade atrelado a uma atitude positiva dos professores face
àquela nova ferramenta.
6 A criação do LATES, bem como a execução do projeto, contou com o apoio da Dell Inc, Conselho
Nacional de Desenvolvimento e Apoio a Pesquisa (CNPq) e Fundação Cearense de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ceará (FUNCAP) e a Universidade Estadual do
Ceará (UECE)
14
mencionado, ao baixo rendimento dos alunos naquela área. Segundo dados de 2005
do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), a média dos alunos da 4ª
série7 das escolas públicas municipais de Fortaleza, era de 148,8 pontos (BRASIL,
2007). Para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP), a média mínima satisfatória para este nível seria de 200 pontos.
O Letra Livre não foi idealizado somente no intuito de figurar como mais um
SEL disponível. Mais que isso, almeja tornar-se uma ferramenta realmente eficaz
para auxílio a professores e alunos, no processo de letramento. A partir dessas
considerações, assim foi definido o problema desta pesquisa: O software educativo
livre Letra Livre é uma ferramenta apropriada para o auxílio no letramento de alunos
dos anos iniciais do Ensino Fundamental?
Objetivos do trabalho
Geral
● Avaliar o SEL Letra Livre como recurso no letramento de alunos dos anos
iniciais do Ensino Fundamental.
Específicos
15
do software.
Metodologia
Apresentando o trabalho
16
No capítulo subseqüente, será discutida a influência das TICs no processo de
aquisição da linguagem e do letramento, incluindo uma análise do uso de soluções
livres para o auxílio nesse processo.
17
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO,
SOCIEDADE E ESCOLA
18
Observa-se a revalorização e ressignificação de algumas ações e conceitos,
em vários segmentos da sociedade, em virtude de as ferramentas tecnológicas
estarem cada vez mais presentes no cotidiano dos indivíduos. Conforme registrou
Valente (1995b, p. 2), esse fenômeno “provoca naturalmente, uma das três posições:
ceticismo, indiferença ou otimismo” por parte das pessoas.
19
favoreçam o processo de ensino e aprendizagem.
20
vantagens de tais artefatos.” (CYSNEIROS, 1999, p. 18).
Como qualquer outra ferramenta, que uma pessoa só pode operá-la de forma
plena, uma vez que conheça ou seja capacitada sobre o modo adequado de
manuseio, é que deve ser entendida a Informática Educativa (IE). Prova disso é que
podemos observar várias escolas, públicas ou particulares, que buscam inovar o
fazer pedagógico, implementando Laboratórios de Informática Educativa, dotados de
bons computadores, software de qualidade, dentre outros equipamentos, mas que
poucas mudanças proporcionaram ao fazer pedagógico. Segundo Cysneiros (1999),
dentre outros fatores, a resistência dos professores é uma das causas do pouco
sucesso dessa inovação.
21
característica, não exclusiva aos educadores, mas às pessoas que têm dificuldades
de se inserir e se adaptar a essa nova realidade. Esse temor ou receio em usar as
tecnologias digitais pode ter a resposta na teoria de Marc Prensky (2001), que
sugeriu uma divisão do mundo em duas classes, que denominou como Imigrantes e
Nativos Digitais.
8 Papert (1994) cunhou o termo Matética, para a arte de aprender, seguindo a mesma lógica da
Didática, a arte de ensinar.
22
a escola continuará obsoleta: a criança vive em um mundo que se prepara
para o século 21 e freqüenta uma escola do século 18 (isso tanto a nível de
instalações físicas como de abordagem pedagógica). (VALENTE, 1995b, p.
3).
23
e aquisição de conhecimento.
24
Valente (1999) explicita que, para a implantação de Informática na educação,
são necessários quatro ingredientes, quais sejam: computador (hardware), software
educativos, o professor formado para o uso adequado da ferramenta e o aluno.
Considera que todos são de fundamental importância. No entanto, entende o
professor como o ingrediente principal, pois dará o norte que o processo seguirá.
Ilustra sua fala com a figura a seguir (VALENTE, 1995, p. 2):
25
mais de 100 personagens de Pokémon com todas as suas características,
história e evolução, não consiga aprender os nomes, as populações,
capitais e relacionamentos de todas as 101 nações do mundo. Só depende
de como ele é apresentado. (PRENSKY, 2001, p. 5).
Uma tarefa importante que, por vezes, não recebe o valor devido é a
avaliação de Software Educativo. Essa realidade parece ser algo que vai na contra
mão da nossa própria sociedade, a qual tem métodos de avaliação para
praticamente todas as coisas, principalmente em se tratando de educação. São
exemplos de sistemas de avaliação ligados à educação: ENADE (Exame Nacional
de Desempenho de Estudantes), ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), SAEB
(Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), SPAECE (Sistema
Permanente de Avaliação do Ensino no Ceará), PISA (Programa Internacional de
Avaliação de Alunos), Guia do Livro Didático, dentre outros. Temos métodos de
avaliação de professores, de alunos, material didático, mas para software educativo
ainda não há um padrão oficial.
26
creditada parte do sucesso de implementação desse novo paradigma educacional,
pois, sem eles, “o computador jamais poderá ser utilizado na educação” (VALENTE,
1995a, p. 1).
27
abordagem pedagógica que melhor convenha. Isso porque, quem constrói um
programa voltado para a educação, deve fazê-lo pautado numa forma de
compreensão de aquisição do conhecimento por parte dos indivíduos. Essas formas,
interacionista (construtivista) ou empirista (behaviorista) de compreensão, oferecem
subsídios para duas grandes abordagens pedagógicas para o uso de software
educativos: a construcionista e a instrucionista (OLIVEIRA; COSTA; MOREIRA,
2001; VALENTE, 1999).
Pode-se dizer que um grande diferencial entre essas duas abordagens refere-
se ao tratamento do erro. Na abordagem construcionista, o erro é tratado como algo
que deve ser explorado para que o aprendiz possa, através dele, criar novas
hipóteses para as soluções de determinado problema e construir novos conceitos.
28
Portanto, o retorno, o “feedback11” deve aparecer, a fim de viabilizar essas situações.
29
oportunidade de participar desse processo. Isso porque o computador formula as
questões ao aluno esperando que ele desenvolva uma ação (resposta) desejada
para que passe à etapa seguinte. Esse modelo lembra bastante a educação
bancária de Freire, pois o aluno assume um papel de mero receptor dos
conhecimentos, diferenciando apenas o depositário, nesse caso, o computador. Por
analogia, pode-se dizer que é a educação de “caixa-eletrônico”.
12 Instrução Assistida por Computador e Instrução Inteligente Assistida por Computador. Esses tipos
de SE preconizaram o ensino auxiliado por computadores.
30
conceito construído ou ratificado, baseado no que interpretou (depuração); em
seguida, repete-se o ciclo (iniciando pela descrição).
São os sistemas advindos das possibilidades trazidas pela internet. São mais
conhecidos, hoje em dia, como Ambientes Virtuais (Digitais) de Aprendizagem, muito
utilizados na Educação a Distância (EaD), que agregam ferramentas como chat,
fóruns, dentre outras formas de socialização entre os usuários. São sistemas, que
na maioria das vezes, funcionam em plataformas Web e permitem interação entre os
usuários. Esses sistemas buscam criar condições para que o conhecimento seja
criado de forma conjunta e facilitem o acesso às informações necessárias. Por
estarem albergados na internet, permitem que seus usuários busquem, em diversas
fontes, soluções para os questionamentos.
31
SOFTWARE LIVRE NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA
LEITURA E ESCRITA
32
são postas em ação, bem como as consequências delas sobre a sociedade”.
Observa-se que o letramento é uma categoria que transmite, além da decifração de
códigos, conceitos pertinentes a uma sociedade, portanto, está para além da
alfabetização.
13 Apesar de o Brasil ainda ter índices de acesso a internet abaixo do desejado, observa-se uma
crescente quanto ao seu uso;
14 Voice over Internet Protocol - Tecnologia que possibilita chamadas telefônicas através de uma
conexão à internet, ou qualquer outra rede de computadores, a custo bastante reduzido.
15 A exemplo do site youtube que permite à seus usuários carregar, assistir e compartilhar vídeos em
formato digital.
33
comunicação. Um recém-nascido, para externar sua fome, troca da fralda ou frio, faz
uso da comunicação, no caso, o choro. Posteriormente, quando os indivíduos
passam a conviver mais em sociedade, como no início da vida escolar, a
necessidade de comunicação vai além do entendimento do consenso familiar.
Certamente, em tenra idade, na comunicação da criança com pessoas do seu
convívio, o entendimento é maior do que com alguém estranho a ela. Um simples
gesto e o balbucio são percebidos como uma forma de linguagem, ou seja,
possibilita a comunicação entre emissor e receptor.
É na escola, local onde as crianças passam a ter uma vida social mais
intensa, que experimentarão a convivência e o relacionamento com pessoas
diferentes de seu convívio até então, que as teorias de desenvolvimento ganham
destaque. Seja qual for a abordagem que as escolas trabalhem em sua prática
pedagógica para o desenvolvimento das crianças, construtivista ou sócio-
16 A teoria de Piaget do desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas, uma teoria que
pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.
34
interacionista, o desenvolvimento cognitivo e motor do educando deve ser
observado. Ademais, é nesse espaço, onde a criança inicia uma nova etapa do
desenvolvimento de sua linguagem, agora em um ambiente repleto de diversidade
cultural, que perdurará por toda sua vida escolar, e que proporcionará, por
consequência, sua inserção na sociedade. Assim, caberá à escola, propiciar
condições para que seus educandos internalizem as diversas formas de
comunicação. Conforme assevera Dias (2001, p. 17),
um indivíduo tem que ser poliglota (saber transitar com facilidade por esses
diferentes níveis) dentro da sua própria língua, conhecendo e aplicando as
diversas funções da linguagem, na sua expressão e na comunicação com
outras pessoas. E essa tarefa tem quer desenvolvida na escola!
35
difere da alfabetização. Como registrou Tfouni (1995, p. 20),
enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo,
ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos
da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade.
a tela como espaço de escrita e de leitura traz não apenas novas formas de
acesso à informação, mas também novos processos cognitivos, novas
formas de conhecimento, novas maneiras de ler e de escrever, enfim, um
novo letramento, isto é, um novo estado ou condição para aqueles que
exercem práticas de escrita e de leitura na tela.
36
conhecimento das TICs colaboram para o processo de socialização dessa nova
categoria, como as políticas de adoção de software livre.
17 São ambientes na internet que albergam as informações, bem como, os códigos fontes de
software a fim de socializá-los entre seus usuários tornando o desenvolvimento colaborativo
organizado.
18 Disponível em: http://sourceforge.net/
19 Disponível em: http://savannah.gnu.org/
20 http://classe.geness.ufsc.br/index.php/CLASSE
37
O SOFTWARE EDUCATIVO LETRA LIVRE
3.1 A Concepção
38
utilizados pelos alunos de escolas públicas do município de Fortaleza. Dessa forma,
as palavras não foram separadas de forma aleatória. A definição dos níveis de
dificuldade levaram em conta fatores como: número de sílabas, presença de
dígrafos, acentos, letras e/ou encontros consonantais com sons parecidos,
marcação nasal, dentre outros. Além disso, o Letra Livre caracteriza- se também por
ser um programa que roda diretamente em uma plataforma web22. Dessa forma, o
programa consegue um alcance ainda maior, pois não fica restrito a nenhum sistema
operacional, ou seja, a partir de qualquer computador com acesso à internet é
possível fazer uso do software. Para a escrita do código fonte do software foram
adotadas as linguagens de programação HTML (Hypertext Markup Language)23 e
PHP (PHP: Hypertext Preprocessor)24.
22 Essa nova modalidade de programas está sendo conhecida como Aplicações Web ou WebApp.
Caracteriza-se pelo acesso via navegador web (web browser) sobre uma rede como a internet ou
uma intranet. Estão se tornando cada vez mais populares em virtude da não necessidade de
instalação nas máquinas.
23 Linguagem de marcação utilizada para produzir páginas na Web.
24 Linguagem de programação de computadores interpretada, livre e muito utilizada para gerar
conteúdo dinâmico na internet.
39
3.3 O desenvolvimento
40
evidentemente a distribuição adequada dos textos, das imagens, das cores
e dos efeitos visuais.
Dessa forma, foi possível idealizar um design para o software, bem como
telas e imagens que o comporiam. Ficou definido que o Letra Livre seria formado,
basicamente, por quatro telas, quais sejam: Inicial, dos Grupos de Palavras, das
Figuras e da Atividade. Além dessas, foram implementadas telas referentes à
documentação, como: O Projeto, Manual do Usuário e Créditos.
41
representá-lo em sua logomarca. Como se tratava de um projeto do grupo, foi
decidido utilizar o mesmo símbolo para o Letra Livre.
Figura 05: Exemplos de figuras das atividades (foguete, casa, professora e hipopótamo).
Fonte: http://lates.ced.uece.br/letralivre.
Lee e Owens (2004, p. 127) recomendam que “não devem existir mais do que
quatro cores em uma tela, e em toda a aplicação deve-se utilizar uma paleta de
cores com não mais do que sete”. Ao observar o software, é possível identificar que
as cores básicas são verde, marrom e branco. Essa foi uma estratégia utilizada para
seguir a recomendação da literatura e dar a idéia de uma paisagem mais íntima aos
42
usuários. Assim, a solução proposta foi criar um quadro negro de uma sala de aula
como um padrão para o design das telas do software educativo.
Nos próximos parágrafos, serão mostrados cada tela do Letra Livre, conforme
aparecem no software. Nesse fluxo, será primeiro abordada a Tela Inicial da
aplicação. Nessa tela, além de permanecer o mesmo padrão de leitura de tela
ocidental, preferivelmente, pretendia-se proporcionar uma interface amistosa e
receptiva aos usuários. Também estavam previstos espaços para que fossem
referenciados o projeto, o manual do usuário, os créditos do programa e a licença
GNU/GPL. A proposta foi representar uma sala de aula, com uma estante de livros,
onde se tem acesso à documentação do software; um quadro negro, com um link,
no nome do programa, para o início da aplicação e uma figura do Gnu29 com acesso
à licença GNU/GPL 2.0, sobre a qual o software está regido; e, por fim, uma porta,
com uma placa “Iniciar o Letra Livre” como outra opção de acesso ao programa (Tela
dos Grupos), conforme mostra a FIG. 7.
29 Símbolo escolhido por Richard Stallman, fundador da FSF, para designar o projeto GNU. Um
animal que vive em comunidades enormes a fim de se proteger se seus predadores.
43
Figura 07: Tela Inicial do Letra Livre.
Fonte: http://lates.ced.uece.br/letralivre.
Na Tela dos Grupos, onde o usuário seleciona, dentre os quatro ícones que
representam um agrupamento de palavras, um para dar prosseguimento à atividade
propriamente dita, o objetivo é deixar o aluno o mais independente possível na
construção de seu aprendizado. Teve-se o cuidado de não transparecer que a
composição dos grupos evidenciasse qualquer tipo de nível de dificuldade ou
competências mínimas exigidas, por exemplo. Por isso, não foram utilizados
números ou qualquer tipo de simbologia que indicasse uma seqüencia a ser
seguida. Esse foi um dos pontos levados em conta para que o software tivesse uma
aproximação maior com a abordagem construcionista.
44
sujeitos possuidores de um aprendizado peculiar, pois cada um tem o seu ritmo e
forma de articular mentalmente novos conhecimentos. Ademais, ao deparar-se com
um “novo conhecimento”, o aluno avança, através do processo de reflexão-
depuração, para outros níveis de aprendizado.
Nesse sentido, o software poderia atuar junto ao que Vygotsky 1999) chamou
de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). O pesquisador soviético definiu que
essa seria a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela
capacidade de um indivíduo resolver um problema sem ajuda, ou seja, o que ele já
domina, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução
de um problema sob a orientação de um adulto, o professor, por exemplo, ou em
colaboração com um colega ou, ainda, como no caso em questão, com a mediação
de um software educativo.
30 Os pingüins utilizados no programa estão sobre a licença Creative Commons, parte foram
utilizados em sua forma final, outros foram criados a partir da fonte, disponíveis em
http://tux.crystalxp.net/.
45
Figura 08: Tela dos Grupos.
Fonte: http://lates.ced.uece.br/letralivre.
46
Figura 09: Tela das Figuras.
Fonte: http://lates.ced.uece.br/letralivre.
Na Tela de Atividades, é possível dizer que foi uma das etapas mais
criteriosas quanto às indicações da literatura referente à avaliação e construção de
software educativos. Isso se justifica por ser, nessa etapa, onde a aplicação
concentra seu potencial pedagógico. Nessa tela, o padrão de leitura ocidental está
mais evidente. Comparando ao modelo representado na FIG. 6, podemos perceber
a influência no design dessa tela. Primeiro, os olhos fazem a leitura da figura,
elemento importante para a execução da atividade; depois, seguem para o banco de
registro de tentativas, onde o software oferece o elemento de feedback ao aluno; em
seguida, aparece a caixa de texto onde deve ser digitado o nome da figura, outro
elemento importante para a execução da atividade que pode, a partir do registro,
mudar o direcionamento da atividade; e, por último, o link para voltar, caso deseje
mudar de figura antes de fazer as tentativas ou, caso acerte a palavra, o link para
voltar à Tela das Figuras, para a escolha de outra imagem. A FIG. 10, a seguir,
apresenta exemplo de uma Tela de Atividade formatada em padrão “Z”.
47
Figura 10: Exemplo de Tela de Atividade com o padrão de leitura “Z”.
Fonte: http://lates.ced.uece.br/letralivre.
48
representada uma Tela de Atividade com o registro do acerto.
Figura 11: Tela de Atividade com a presença, à direita, de animação confirmando o acerto.
Fonte: http://lates.ced.uece.br/letralivre.
Após ser finalizado, entendia-se que o software deveria passar pelo crivo de
pessoas que não haviam participado do processo de concepção do mesmo. Como
se tratava de um software educativo, nada mais indicado que educadores
participassem desse processo. Essas contribuições serão tratadas a seguir.
49
categorias, tais como: interface gráfica e conteúdo pedagógico, dentre outras.
33 Esse elemento aborda a usabilidade e interação do software a partir de seus links, botões, fluxo
etc.
34 Disponível no Apêndice deste trabalho.
50
O processo deu-se em dois momentos. No primeiro, como o software era
novo, foi implementada uma formação das professoras sobre o uso pedagógico do
Letra Livre para que pudessem utilizá-lo com seus alunos. No segundo, ocorreu a
observação da prática. Assim como na pré-testagem, nessa etapa, após uma análise
dos dados levantados pela observação dos pesquisadores, foi possível constatar
que o software estava em acordo com a proposta pretendida.
51
Figura 12: As quatro categorias utilizadas para classificar os critérios de produção e avaliação de
Software Educativo
Fonte: Oliveira, Costa, Moreira (2001, p. 126).
Esta categoria diz respeito a se e/ou como o software permite uma relação
entre professores e alunos, aluno com o software e com outros alunos. Este aspecto
abrange, ainda, aspectos como facilidade de uso, existência de recursos
motivacionais, adequação das atividades pedagógicas e dos recursos de mídias,
interatividade social e favorecimento do papel do professor. A seguir, será abordado
cada um desses critérios no software educativo Letra Livre.
● Facilidade de uso:
• Instruções: o Letra Livre disponibiliza, em sua tela inicial, o manual do
usuário, a fim de facilitar a utilização. Além disso, em todas as seções
possui, na barra de botões do navegador, mensagens sobre os passos a
serem seguidos. Em algumas telas, ao se pousar o cursor do mouse sobre
um ícone qualquer, uma etiqueta é acionada informando a qual ação ou
caminho aquela imagem se refere. Esses artifícios conferem ao software
conformidade neste quesito.
• Ícones e botões: as ferramentas de interação são compostas , na maior
parte, de figuras ou frases auto-explicativas. Como exemplos, a imagem
da porta, que confere acesso ao programa e a descrição “<-- voltar para a
tela anterior”, que permite o retorno do usuário.
52
• Auxílio e dicas: com exceção das instruções, o software não disponibiliza
auxílios ou dicas durante suas atividades. Entretanto, acredita-se que a
existência do feedback possa colaborar para o sucesso do usuário, desde
que ele, com o auxílio ou não de terceiros, possa compreender aquela
informação como uma possibilidade da construção de novas hipóteses.
• Linguagem versus público-alvo: a linguagem, seja escrita ou gráfica,
busca aproximar-se do público-alvo a que o software se destina. As
palavras que compõem as atividades foram pesquisadas e selecionadas
de livros didáticos de alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Além disso, os recursos gráficos estão em sintonia com o imaginário
infantil.
• Universalidade da linguagem: este critério pode causar algumas
discussões em virtude dos diferentes “significados” de algumas palavras
no Brasil. Essa é uma questão de regionalismo. Por exemplo, o software
apresenta a figura de um bombom, que em alguns lugares pode ser
entendido como bala ou doce. Sem dúvida, essas questões podem gerar
“desconfortos” educativos. Entretanto, o fato de o software ser livre pode-
se tornar uma solução para esse problema, uma vez que o acesso ao
código-fonte permite a qualquer pessoa fazer a alteração que achar
necessária, como dar outro nome ao objeto ou, mesmo, implementar
outros quaisquer.
• Estrutura do SE: apesar de o software não possuir índice, o próprio curso
de cada tela auxilia o usuário em sua navegação pelo programa. Por se
tratar de uma Aplicação Web, sua estrutura é constituída por links,
semelhante ao hipertexto, que permitem ao usuário seguir na seqüencia
que desejar e conforme lhe convier.
• Navegabilidade: conforme os critérios anteriores, é possível verificar que o
software possui uma boa navegabilidade. Inclusive o layout de tela
ocidental, visa facilitar esse processo.
• Mapeamento: esse critério não está contemplado no aplicativo.
• Memória: esse critério também não está contemplado no aplicativo.
• Integração: por rodar na internet e ser acessado diretamente de um
53
navegador web, existe a possibilidade de o usuário utilizar este programa
para buscar, na rede, informações que o auxiliem. No entanto, este não foi
um ponto intencional do Letra Livre.
● Recursos Motivacionais:
• Atratividade: o aplicativo busca o interesse de seu usuário pela forma
como se apresenta a ele. A parte gráfica ocupa-se bastante com essa
atividade. Além disso, a própria lógica do Letra Livre, que instiga o aluno a
tentar o acerto, também contribuiu para a atratividade do software.
• Desafios pedagógicos: item identificado quando se tem o registro do erro.
Apesar de não ser evidenciado de forma negativa, o aluno/usuário sabe
que o registro feito do lado direito da tela indica que ele não chegou à
resposta desejada. Esse registro desafia o aluno a tentar chegar ao
acerto.
• Interação com o usuário: o feedback que o aplicativo fornece ao usuário,
pode ser considerado uma forma de interação. Entretanto, trazendo o
conceito de interação para a definição de Belloni (2003, p. 58), que seria
uma “ação recíproca entre dois sujeitos – que pode ser direta ou indireta
(mediatizada por algum veículo técnico de comunicação, por exemplo,
carta ou telefone)” o Letra Livre não apresenta essa possibilidade. Ainda
segundo essa autora, é possível afirmar que ele promove interatividade,
que é “a atividade humana, do usuário, de agir sobre a máquina e de
receber em troca uma 'retroação' da máquina sobre ele” (BELONI, 2003,
p. 58). A ação proporcionada pelo feedback, seguiria nesse sentido.
• Layout de tela: esse critério foi bastante pensado para a elaboração do
software por ser ele a “carta de apresentação” do sistema. Toda a parte
gráfica foi conduzida mediante as recomendações da literatura visitada,
como pode ser observado no capítulo referente à apresentação do
software.
• Carga cognitiva: as telas do Letra Livre, além do padrão de leitura
ocidental, possuem a intenção de nortear a atenção do usuário ao
aplicativo, apresentam cores e imagens em quantidades adequadas, de
forma que não tornem o software cansativo para a mente.
54
• Receptividade pelo aluno: em sua tela inicial, o Letra Livre busca
proporcionar um espaço agradável ao aluno. Justifica-se, inclusive, pelos
ambientes que são simulados, ora uma sala de aula (tela inicial), ora o
Laboratório de Informática (tela dos grupos).
● Adequação das atividades pedagógicas:
• Nível das atividades: como as palavras utilizadas nas atividades do
software foram retiradas de livros didáticos, pressupõe-se que estejam em
acordo com o que as crianças vêem na escola.
• A questão do erro e do acerto: como já registrado, o erro é tratado como
uma ferramenta que pode ser implementada no favorecimento da
construção do conhecimento pelo aluno. Cada tentativa do aluno fica
registrada no lado direito da tela para que ele possa, a partir daquele
registro, propor novas hipóteses para sua resolução. Através desta
característica, tratar o erro de forma positiva, através de um feedback, que
o Letra Livre procura uma aproximação com a abordagem construcionista
de SE.
● Adequação dos recursos de mídia às atividades pedagógicas:
• Adequação dos recursos de hipertexto às atividades pedagógicas: por ser
um aplicativo que roda num ambiente em rede, todo o fluxo do programa
lembra os hipertextos, porque o Letra Livre é constituído de links que
conduzem o usuário até a atividade propriamente dita. Ademais, o aluno
tem a opção de clicar no caminho que achar mais conveniente ou
interessante.
• Adequação dos recursos de imagem e animação às atividades
pedagógicas do SE: como registrado em capítulo anterior, as imagens do
Letra Livre foram desenvolvidas, a fim de ficarem em sintonia com o
mundo infantil.
• Adequação dos recursos de som e efeitos sonoros às atividades
pedagógicas do SE: essa categoria não está contemplada pelo Letra
Livre. No entanto, será possível implementar, futuramente, recursos de
áudio que tragam a pronúncia das palavras. Certamente, esse recurso
viria a contribuir mais para a prática educativa do software.
55
● Interatividade social:
• Interação intragrupo: o software, em si, não proporciona essa condição,
mas pode vir a acontecer. Corroborando para a recomendação que a
Informática Educativa deve ser trabalhada, preferencialmente, em duplas
por computador, o Letra Livre também pode proporcionar a interação entre
os pares. Como observado anteriormente, no processo de
desenvolvimento cognitivo, levando em conta a teoria sócio-interacionista,
o conhecimento é construído pela ação do indivíduo com o meio. Nesse
espaço, seriam incluídos os outros e os objetos.
• Interação Intergrupos: como no item anterior, essa interação também pode
ir além da dupla. Os usuários podem compartilhar a prática com outros
colegas.
• Interação transgrupos: também é passível de ocorrer. Mas essa ação,
talvez, dependa mais do usuário. A idéia é que o aluno sinta-se motivado a
ampliar seu horizonte cultural, seja pelo aprendizado junto com o
aplicativo ou numa pesquisa futura instigada pelos “desarranjos
cognitivos” causados pelo programa.
● Favorecimento do papel de mediador do professor:
• Orientação didático-pedagógica: em seu manual, o software traz os
objetivos que pretende alcançar para seu público-alvo e o conteúdo
abordado. A própria lógica do Letra Livre traz a idéia de uma atividade
única. Entretanto, acredita-se que o professor pode traçar novos pontos de
vista para a atividade. No caso da formação das professoras que
avaliaram o Letra Livre, antes de utilizarem o software com seus alunos,
cada uma delas elaborou um plano de aula que explorava determinado
conteúdo de ortografia. De fato, no software não consta essas novas
propostas, mas elas podem ser implementadas.
• Inclusão de múltiplos recursos: o Letra Livre não contempla esse critério.
56
concepção. A avaliação desse aspecto visa observar se o aplicativo, de fato, seja em
sua descrição, ou nas atividades, condiz com a abordagem proposta.
● Clareza epistemológica:
• Explicitação dos fundamentos pedagógicos que embasam o SE: esse
critério aparece na primeira linha do manual do usuário do Letra Livre. É
um software educativo concebido para ser utilizado sob a abordagem
construcionista.
• Consistência pedagógica: o tratamento do erro, a inexistência de níveis,
dentre outras coisas, confirmam a aproximação com a abordagem
planejada.
3.4.1.1.3 Conteúdo
● Pertinência do conteúdo:
• Adequação do SE ao conteúdo nele trabalhado: como as palavras
trabalhadas no software foram retiradas de livros didáticos, o software
pretende adequar-se ao conteúdo.
• Excelência do SE como ferramenta didática para aquele conteúdo: atribuir
ao Letra Livre o título de melhor ferramenta para o trabalho dessa
atividade parece um tanto quanto precipitada. Como já dito, e por vários
autores, a Informática Educativa não surge para “tomar o lugar” de antigos
métodos, mas ressignificá-los. Portanto, os software surgem no sentido de
ser uma ferramenta a mais para o auxílio no processo de ensino e
aprendizagem. Se ele é a melhor ferramenta, deve-se levar em conta o
contexto específico. Em outro, talvez não tenha tanto sucesso. O que deve
ser analisado é se o Letra Livre é ou não adequado para uma prática mais
57
produtiva; ainda assim, levando em conta o contexto em que ele está
sendo inserido.
● Correção do conteúdo:
• Correção do conteúdo: não foi identificado nenhum erro conceitual.
• Correção da organização lógica do conteúdo: em todo o software é
possível perceber a intenção de aproximá-lo de uma abordagem
construtivista do conhecimento.
• Correção da representação do conteúdo: não se aplica.
• Correção das simplificações do conteúdo: não se aplica.
● Estado da arte:
• Atualidade do conteúdo: o conteúdo abordado pelo Letra Livre mostra-se
atual e pertinente, pois foi concebido no sentido de colaborar com o baixo
rendimento dos alunos no ensino de Língua Portuguesa.
• Atualidade da metodologia: a metodologia aplicada pelo software visa
proporcionar ao aluno um momento de aprendizado mais atraente.
Mostra-se atual em virtude do letramento digital, assunto de muita
relevância na atualidade.
● Adequação à situação de aprendizagem:
• Adequação do conteúdo ao público-alvo: ao trazer palavras de livros
didáticos dos alunos, o Letra Livre visa adequar-se aos conteúdos vistos
pelo discentes em sala de aula. Ao separar as palavras por grupos de
dificuldade, possibilita aos alunos aprofundar o conhecimento e
ultrapassar sua Zona de Desenvolvimento Real.
• Adequação do conteúdo ao currículo escolar: por serem abordados
conteúdos da Língua Portuguesa, o software almeja adequar-se aos
conteúdos curriculares adotados nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
● Variedade de diferentes alternativas de abordagem:
• Apresentação de diferentes alternativas de abordagem: como dito
anteriormente, quem irá definir se um software atuará dentro de uma
abordagem construcionista ou instrucionista será o professor. Nesse
sentido, a abordagem em que o aplicativo foi concebido não será
determinante para a prática. Com o Letra Livre não é diferente, caberá ao
58
professor definir a melhor abordagem a ser trabalhada de acordo com o
contexto que esteja inserido.
• Possibilidade de aprofundamento: o Letra Livre não apresenta tópicos
para alunos que desejem maior profundidade em relação ao conteúdo
padrão. Isso pode ser implementado posteriormente.
● Conhecimentos prévios
• Indicação dos conhecimentos prévios: a indicação quanto aos conteúdos
prévios necessários não vem de forma direta no Letra Livre. O que existe
é uma indicação em nível de idade escolar recomendada, no caso anos
iniciais do Ensino Fundamental. O processo de leitura e escrita deve ter
sido, pelo menos, iniciado.
• Retrabalho com os conhecimentos prévios: o Letra Livre traz, em cada
grupo de palavras, alguns resquícios do que fora trabalhado
anteriormente, com novas competências. Por exemplo, no quarto grupo,
pode ser verificados elementos de grupos anteriores, porém
acrescentando acentuação (acentos circunflexo e agudo) e marcação
nasal (til).
3.4.1.1.4 Programação
Este seria o aspecto mais técnico para avaliação de software educativo. Ele
diz respeito à confiabilidade conceitual e à facilidade de uso.
● Confiabilidade conceitual:
• Fidedignidade: o Letra Livre demonstra todas as funções previstas em sua
concepção.
• Integridade: por ser uma aplicação web, o software está sujeito às
condições da rede em que está sendo suportado.
● Facilidade de uso:
• Legibilidade: o Letra Livre disponibiliza, em seu manual, a forma como
funciona. Quanto ao código fonte, por ser Software Livre, possibilita que
outras pessoas tenham acesso a ele para alterá-lo. Houve a preocupação
59
dos programadores em deixar registrado no código, comentários acerca
do que estava sendo operacionalizado, com a finalidade de facilitar o
entendimento de futuros colaboradores.
• Manutenibilidade: esse critério mostra-se bastante pertinente aos software
livres. Afinal, a idéia desses programas é estar num desenvolvimento
contínuo, a fim de buscar a melhoria do programa. Contar com a
colaboração de todos os usuários é uma solução para uma boa
manutenção do aplicativo. Mais uma vez importa registrar que a
contribuição pode ser em relação a qualquer aspecto da aplicação.
• Operacionalidade: a opção para o Letra Livre ser on-line foi, em parte,
pensando nesse quesito. Dessa forma, ele pode ser acessado de qualquer
computador conectado à internet, independente de sistemas operacionais
ou equipamentos. Mesmo em máquinas que não tenham o serviço de
acesso à rede mundial de computadores, pode ser feita através de uma
intranet35. O Letra Livre pode ser alocado no servidor e acessado em
outras máquinas.
• Reutilizabilidade: a filosofia do software livre permite que qualquer pessoa
venha a modificá-lo e, conseqüentemente, implementá-lo em outros
programas, desde que os idealizadores sejam referenciados.
• Custo/benefício: quanto aos recursos do computador, o aplicativo não
requer tanto da máquina local. O que pode influenciar no seu
funcionamento é que a conexão com o servidor, via rede local ou internet,
tenha uma boa velocidade de tráfego de informações, pois o aplicativo
está instalado em outra máquina, no caso, um servidor.
• Avaliabilidade: essa é uma característica amplamente utilizada pelos
software livres. Inclusive para o Letra Livre, as testagens aplicadas não
pretendiam outra coisa, senão isso.
• Modularidade: o aplicativo é estruturado sob uma seqüencia de módulo.
Entretanto, cabe ao usuário escolher a ordem com que deseja iniciar as
atividades.
• Documentação: essa é outra categoria que difere software proprietários de
60
livres. Como a maior parte dos software livres é gratuita e disponibilizada
na internet, dificilmente existirá a capa do software, onde constarão as
informações pertinentes ao usuário em potencial. Existem os sites onde
estão albergados, e/ou repositórios, que disponibilizam essas
informações. Para o Letra Livre, essas informações podem ser acessadas
na tela inicial do programa, onde há um link para a apresentação do
software, o acesso ao manual do usuário e os créditos do aplicativo. O
Manual do Usuário do Letra Livre propõe-se a esclarecer dúvidas de seus
usuários, bem como um e-mail para que sejam enviadas possíveis
dúvidas, críticas ou sugestões.
61
o software como um site, o que é justificado pelo fato de ele funcionar em plataforma
web. Registraram também que o aplicativo mostrou-se com uma boa navegabilidade
e atratividade, como demonstram os seguintes depoimentos.
O software é todo atrativo, ele já desperta a curiosidade do educando
porque ele vem todo ilustrado, o aluno se sente desafiado a escrever e
acertar as palavras indicadas nas figuras, a cada erro o aluno é motivado a
buscar a resposta correta, resultando o sucesso do navegante. (Profª α)
62
foi no que tange à questão do regionalismo, que poderia ser relacionado no item
facilidade de uso. Uma das professoras identificou como pertinente nesse caso.
O conteúdo está dentro do contexto de cada série. Mesmo que o aluno não
trabalhe aquele assunto em sala de aula, o mesmo já vem com um
conhecimento prévio que facilita o manuseio do software e a resolução das
outras fases do Letra Livre. (Profª α)
O conteúdo está adequado para o público alvo, pois tanto a escolha das
palavras, como a forma de executar a atividade, ajuda bastante o
desenvolvimento no processo educativo. (Profª β)
Seria interessante que o site [Letra Livre] tivesse mais figuras regionalistas,
ou seja, do cotidiano da criança, de que ela pudesse usar palavras do seu
vocabulário. (Profª λ)
3.4.1.2.5 Sugestões
63
aplicativo. Esse critério foi adicionado a fim de levantar alguns aspectos que
pudessem não ter sido evidenciados nos anteriores. Além disso, esse é um dos
critérios que diferencia software livres de proprietários. Isso porque, como o primeiro
visa à construção de forma colaborativa para proporcionar um aprimoramento da
ferramenta para o interesse coletivo, o levantamento de sugestões contribui para
essa prática.
Pode ser observado que, para as professoras, esse critério se mostrou como
algo muito relevante, pois se sentiram motivadas a contribuir de alguma maneira.
Ademais, essas sugestões podem ter surgido da necessidade que perceberam
quando da utilização do software em suas práticas, como a implementação do som,
por exemplo. Outro aspecto que merece ser destacado é a sugestão para
implementação de outros conteúdos gramaticais. Isso pode evidenciar uma
dificuldade sentida por elas para o trabalho com os alunos em alguns conteúdos e
que perceberam na Informática Educativa uma forma viável de auxílio.
Além disso, o que pode ser verificado é que, em algumas respostas, ainda se
observa uma tendência muito forte à abordagem instrucionista. Talvez um reflexo
das práticas tradicionais de ensino muito presentes ainda em nossa sociedade. A
seguir, serão listadas algumas dessas sugestões.
Incluir sons ao software. É muito importante a pronúncia nas séries iniciais,
a criança associa as palavras aos sons. (Profª β)
Sugiro que sejam ampliadas as atividades e que, por exemplo, pudesse ter
mais grupos com mais palavras. O site por si só já e motivador e cumpre a
função de ensinar. Para melhorar a robustez tecnológica que tal classificá-
las por níveis? Nível 1, 2, 3... Quando se refere a desenvolvimento da
escrita, poderia ter espaço para a construção de frases para que o aluno
não estude apenas palavras soltas. Implementar som, por exemplo quando
o aluno acertar, ouviria aplausos, quando ele errasse um som de ahhhhhh.
Pronuncia do nome da figura em alguns níveis. (Profª λ)
Por fim, pode-se constatar que o Letra Livre teve uma boa receptividade pelas
64
professoras e a aprovação delas como uma ferramenta apta para colaborar no
processo de letramento de seus alunos.
65
CONSIDERAÇÕES FINAIS
66
cada nova experiência vivenciada com os alunos, as professoras identificavam
possíveis implementações ou enfatizavam alguma qualidade para o aplicativo.
67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 7. ed. rev. amp. São Paulo : Paz e
Terra, 2003. v. 1.
DIAS, Ana Maria Iório. Ensino da Linguagem no Currículo. 1ª. ed. Fortaleza :
Editora Brasil Tropical, 2001.
68
da língua portuguesa. 5ª ed. Rev. Ampliada – Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2001.
______, João Batista Carvalho. Software livre na educação: caminho para a inclusão
digital? In: PINTO, Anamelea de Campos; COSTA, Cleide Jane de Sá Araújo;
HADDAD, Lenira (Orgs.). Formação do pesquisador em educação: questões
contemporâneas. Maceió : EdUFAL, 2007. p. 293-314.
______, João Batista Carvalho, SILVA, Maria Lucimara Rodrigues, SILVA, Maria
Auricélia, SOUZA, Gláucia Mirian Oliveira, OLIVEIRA, Luisa Xavier, BARRETO,
Marcilia Chagas. Levantamento de software Educativos Livres: contribuições à
prática docente. In: XIV Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, 2008,
Porto Alegre. Anais do XIV Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino,
2008.
OLIVEIRA, Celina Couto de., COSTA, José Wilson da., MOREIRA, Mercia.
Ambientes informatizados de aprendizagem: produção e avaliação de software
educativo. Campinas, São Paulo : Papirus, 2001 – (Série Prática Pedagógica).
PRENSKY, Marc. Digital Natives, Digital Immigrants – Part 1. In: Digital Natives,
Digital Immigrants. MCB University Press, Vol. 9, No. 5, October 2001.
69
Contra-Hegemônica. In: SILVEIRA, Sérgio Amadeu da, e CASSINO, João (Orgs.).
Software livre e inclusão digital. São Paulo : Conrad Editora do Brasil, 2003. (p.
17-47).
VRAKKING, Ben; VEEN, Wim. A geração Homo Zappiens. In: Pátio – Revista
Pedagógica, Ano XII, Nº 45, Fev/Abr 2008, Porto Alegre : Artmed Editora. 2008. p.
60-62.
70
WENGLINSKY, Harold. Technology and achievement: the bottom line. Educational
Leadership, v. 63, n. 4, jan. 2006.
Sites consultados
71
APÊNDICE
72
FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O SOFTWARE LETRA LIVRE
AVALIAÇÃO DO SOFTWARE
sugestões.
NAVEGABILIDADE:
CONTEÚDO:
IMAGENS:
METODOLOGIA:
MANUAL:
SUGESTÕES:
FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O SOFTWARE LETRA LIVRE
AVALIAÇÃO DO SOFTWARE
INTERAÇÃO ALUNO-SE-PROFESSOR:
(Facilidade de uso; Recursos Motivacionais; Adequação das atividade pedagógicas; Adequação dos recursos e mídias
CONTEÚDO:
(Pertinência do conteúdo; Correção do conteúdo; Estado da arte; Adequação à situação de aprendizagem;
SUGESTÕES: