Você está na página 1de 122

1

Voto nº 7618 — HABEAS CORPUS Nº 951.091-3/5-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior, com
os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a prestação
jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do litígio senão
mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 7619 — HABEAS CORPUS Nº 1.024.423-3/9-00


— O autor de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça,
vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes Hediondos
já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. HC nº 69.657-1-SP; j. 18.9.92).

Voto nº 7620 — HABEAS CORPUS Nº 1.026.616-3/4-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza específica,
não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime prisional, tarefa
em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou das Execuções Criminais; o
Tribunal, este apenas em grau de recurso pode modificar o regime estipulado na
sentença condenatória, quando patente sua ilegalidade ou em contradição absoluta com a
lei e as circunstâncias do processo.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça,
vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por extorsão mediante seqüestro (art. 159, § 1º, 2a. parte, do Cód.
Penal), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
2

Voto nº 7621 — HABEAS CORPUS Nº 1.009.683-3/4-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7622 — HABEAS CORPUS Nº 1.014.801-3/6-00


— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos que lhe
assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias (no caso, em dobro, “ex
vi”, do art. 35, parág. único, da Lei nº 6.368/76) o prazo legal máximo para a formação
da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto seu caráter, nenhum réu decai nunca da proteção da
lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros que
fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e respeitar o direito,
ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“A Justiça Criminal é sobretudo um ofício de consciência, onde importa mais o valor da
pessoa humana, a recuperação de uma vida, do que a rigidez da lógica formal” (João
Baptista Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 2).
—“Deve o Juiz usar a lógica do jurista, que é, precisamente, a lógica do razoável e do
humano”(Goffredo Telles Junior, A Folha Dobrada, 1999, p. 162).

Voto nº 7623 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 908.380-3/4-00


— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de Execução
Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico, “quando o
entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre progressão de regime”
(Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX, da
Const. Fed.).
— Atende à regra do contraditório e, portanto, exime-se da nota de nula, a decisão que
assegura às partes oportunidade de manifestação nos autos, segundo a fórmula jurídica
“audiatur et altera pars” (ouça-se também a parte contrária).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
3
Voto nº 7624 — HABEAS CORPUS Nº 1.018.592-3/0-00
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7625 — HABEAS CORPUS Nº 1.015.671-3/9-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7626 — HABEAS CORPUS Nº 1.011.018-3/0-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que se
não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual
Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
4
Voto nº 7627 — recurso em sEntido estrito Nº 491.240-3/3-00
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a prova
da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do Cód. Proc.
Penal).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa, que
compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não afastada de
plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao ferir a vítima em
região nobre do corpo.
–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do Cód.
Proc. Penal.
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando manifesta
sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se devem pronunciar,
porque matéria de sua competência.

Voto nº 7628 — HABEAS CORPUS Nº 1.012.360-3/8-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe
o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita
do “habeas corpus”.

Voto nº 7629 — HABEAS CORPUS Nº 1.020.721-3/0-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão
de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e
violação de norma de organização judiciária do Estado.
–– O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza específica,
não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime prisional, tarefa
em que somente haverá entender o Juízo da causa ou das Execuções Criminais.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça,
vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
5

Voto nº 7630 — HABEAS CORPUS Nº 999.284-3/7-00


—“HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo –
Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência de ilegalidade – Ordem
denegada.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de
força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu.
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de
força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem
contra si a presunção de periculosidade.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 7631 — HABEAS CORPUS Nº 997.684-3/8-00


— A revogação do “sursis” processual unicamente é possível no curso do prazo;
expirado que seja, toca ao Juiz declarar extinta a punibilidade do acusado (art. 89, §
5º, da Lei nº 9.099/95).
— A todo o tempo é possível revogar o benefício da suspensão condicional do
processo, contanto que a causa de revogação preceda ao termo do período de
prova; porque, se lhe suceder (isto é, se ocorrer após o término do prazo do
“sursis”), então já não haverá revogá-lo sem ofensa à lei.

Voto nº 7632 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 923.088-3/1-00


— Segundo a comum doutrina de graves autores, não há continuidade delitiva (art. 71
do Cód. Penal), mas simples reiteração criminosa, se os crimes subseqüentes não
estão ligados aos anteriores por vínculo ideológico.
—“A simples habitualidade delituosa descaracteriza a noção legal do chamado crime
continuado” (STF; HC nº 68.626; rel. Min. Célio Borja; DJU 1º.11.91, p. 15.569).
— Isto de unificação de penas reclama do Magistrado especial prudência e
discernimento, não venha a premiar, com redução drástica e temerária, a duração de
penas de criminosos empedernidos.
6

Voto nº 7633 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 947.978-3/9-00


— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.

Voto nº 7634 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 945.046-3/1-00


— À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Pena deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção
humana e poderoso instrumento de reforma da vida e costumes. Destarte,
comprovando que freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário,
tem jus o condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12
horas de efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem
disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância
que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
—“A interpretação extensiva do vocábulo trabalho, para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal” (STJ, REsp nº
256.273/PR; 5a. Turma; relª. Minª. Laurita Vaz; j. 22.3.2005; DJU 6.6.2005, p.
359).
7

Voto nº 7635 — recurso em sEntido estrito Nº 481.592-3/0-00


— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a
prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do Cód.
Proc. Penal).
— Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa, que
compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não afastada
de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao golpear a
vítima em região nobre do corpo.
— Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante
legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).
—“É sobre pressupostos de fato, em qualquer caso, que há de assentar o processo
lógico pelo qual se deduz o dolo distintivo do homicídio” (Nelson Hungria,
Comentários ao Código Penal, 1981, vol. V, p. 50).

Voto nº 7636 — apelação CRiminal Nº 885.017-3/3-00


–– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos –– atenta a severidade da pena
e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a certeza
do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da substância
entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça
Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas
não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e
absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo em
que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da causa e em
contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz notáveis e puros
influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a assinatura do Juiz em
sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e venerável testemunho a
favor da inocência do réu.
8
Voto nº 7655 — HABEAS CORPUS Nº 998.785-3/6-00
— Prerrogativa concedida ao funcionário público em bem da atividade administrativa, o
prazo para a defesa preliminar, assinado pelo art. 514 do Cod. Proc. Penal, não
aproveita a quem o não seja.
—“Tendo a denúncia imputado ao paciente crimes funcionais e não-funcionais, não se
aplica o disposto no art. 514 do Cód. Proc. Penal” (STF; Rev. Tribs., vol. 731, p. 508;
rel. Min. Moreira Alves).
— Se não foi ainda instaurado procedimento formal de investigação contra Prefeito, que
tem prerrogativa de foro — Tribunal de Justiça (art. 29, nº X, da Const. Fed.) —, não
cabe a alegação de terceiro denunciado de que, por força da conexão, devia atender-se à
jurisdição de maior graduação (art. 78, nº III, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7656 — HABEAS CORPUS Nº 1.023.620-3/0-00


–– Em princípio, não tolera a Justiça que, em caso de réu preso, a instrução criminal
ultrapasse a meta de 81 dias, marco miliário que separa a legalidade do arbítrio. É de
advertir, entretanto, que somente o excesso injustificado, decorrente de desídia do Juiz
ou do Promotor de Justiça, configura constrangimento ilegal sanável por “habeas
corpus”.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem
contra si a presunção de periculosidade.
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só
garantia do processo, mas inexorável medida política de prevenção da criminalidade e
de defesa da ordem social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 408,
§ 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão por
excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 7657 — HABEAS CORPUS Nº 1.012.432-3/7-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus”
substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões
de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não
interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P. 2.561).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
9
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
10
Voto nº 7658 — HABEAS CORPUS Nº 1.017.563-3/0-00
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o réu
em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,
da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o
procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses
sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável
seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).

Voto nº 7659 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.006.700-


3/1-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso
que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP;
6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio, todas
as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em face de
direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes Meirelles, “é
direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 7660 — HABEAS CORPUS Nº 1.018.287-3/8-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
11
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
12

Voto nº 7661 — HABEAS CORPUS Nº 1.005.838-3/3-00


–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e rito
sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação do
regime prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação penal
somente poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas corpus
garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a liberdade de
locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda Instância, 1923, p.
390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime
prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou das
Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode modificar o
regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua ilegalidade ou em
contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.

Voto nº 7662 — HABEAS CORPUS Nº 1.016.683-3/0-00


–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto a
causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de salvo-
conduto, não o infundado receio de que venha a ser preso e processado
criminalmente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em
princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei
nº 8.072/90).
–– De regra, não faz jus ao benefício da liberdade o autor de homicídio qualificado
(crime “hediondo”, nos termos da Lei nº 8.072/90) que procura solertemente
subtrair-se à ação da Justiça, em vez de submeter-se a ela em razão de ordem de
prisão preventiva.
–– “Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato IV,
cena I, v. 27).
13
Voto nº 7663 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.017.254-
3/0-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 7664 — HABEAS CORPUS Nº 1.025.568-3/7-00


— Improcede a argüição de constrangimento
ilegal por excesso de prazo na formação da culpa, se a demora foi provocada pelo
não-comparecimento de testemunhas imprescindíveis à apuração da verdade real,
pois se trata de razão superior, que obsta ao curso regular dos prazos processuais;
donde o haver disposto a lei que, em caso de força maior,“não correrão os prazos”
(art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Unicamente faz jus à liberdade provisória o
preso que, havendo cometido delito afiançável, reúna méritos pessoais; importa
ainda não seja o caso de decretação de prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de crime de roubo não
merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas contas à Justiça, ao termo do
devido processo legal.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 7665 — HABEAS CORPUS Nº 1.001.221-3/9-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
14
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
15
Voto nº 7666 — HABEAS CORPUS Nº 1.014.930-3/4-00
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que
obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José
Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— LIBERDADE PROVISÓRIA – Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº
6.368/76) – Proibição legal – Crime hediondo – Lei nº 8. 072/90.
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de
entorpecentes é, por definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º,
nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 7667 — HABEAS CORPUS Nº 1.011.316-3/0-00


—“HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo –
Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência de ilegalidade – Ordem
denegada.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de
força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca
oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo
por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre
o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe
a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crimes graves, tem contra si a
presunção de periculosidade.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
16
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
17

Voto nº 7668 — HABEAS CORPUS Nº 1.014.159-3/5-00


— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia cautelar
não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os Tribunais de Justiça do
País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana, tiveram a bem fixar prazo à
instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias; este é o último padrão que separa a
legalidade do arbítrio.
–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de inquirir
testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de apresentação de réu
preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela Defesa, etc.) que escusam
pequena demora no encerramento da instrução. Não está nas mãos de Juiz, ainda o mais
diligente e avisado, conjurar todos os empecilhos que podem alterar o curso normal do
processo.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo
de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf.
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor
de furto de veículo automotor, nos termos da figura típica do art. 155, § 5º, do
Cód. Penal, incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 7669 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 917.239-3/2-00


–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu
espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao ideal de
justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que acaso
apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do
benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão humana, com que,
pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o encarcerado, “o mais pobre de
todos os pobres”, na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do Processo Penal,
1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus favorabilior
est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e circunstâncias, é a liberdade
que merece maior favor” (apud Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do
Direito, 16a. ed., p. 261).
18

Voto nº 7670 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 921.862-3/0-00


— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 7671 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 940.326-3/3-00


— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— Atende à regra do contraditório e, portanto, exime-se da nota de nula, a decisão que
assegura às partes oportunidade de manifestação nos autos, segundo a fórmula
jurídica “audiatur et altera pars” (ouça-se também a parte contrária).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
–– Embora já não constituam requisitos o exame criminológico e o parecer da Comissão
Técnica de Classificação (art. 112 da Lei de Execução Penal), nada obsta que, nos
casos que lhe parecerem, determine o juiz sua realização. Fica, portanto, a seu talante
submeter, ou não, o sentenciado a exame criminológico, segundo as circunstâncias
do caso e a diligência do varão prudente.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento condicional
direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar sem grave injúria
da Lei e da Justiça.
––“Denegar o benefício de livramento condicional àquele que satisfaz os pressupostos
exigidos, porque um dia praticou delito grave, será fazer letra morta à salutar
disposição do art. 83 do Cód. Penal, e ao condenado será impor desalentadora
perspectiva de uma inatingível liberdade” (Jurisprudência do Tribunal de Justiça,
vol. 167, p. 324).
19

Voto nº 7672 — apelação CRiminal Nº 440.863-3/8-00


— Merece confirmada, por sua base legítima, a sentença que condena como infrator do
art. 16 da Lei de Tóxicos o indivíduo preso em flagrante, naquelas circunstâncias que
a doutrina clássica denomina “certeza visual do crime”.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 7673 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 913.958-3/4-00


— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
20

Voto nº 7674 — HABEAS CORPUS Nº 1.029.394-3/1-00


––“HABEAS CORPUS” – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado
à mão armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da
custódia cautelar – Ordem denegada.
–– É verdade que, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), ninguém será havido na conta de culpado senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Esse mandamento, contudo, não
importa a concessão indiscriminada de liberdade provisória a réu preso em
flagrante. Tal sucede apenas naqueles casos em que se não achem presentes os
requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal).
“HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso
de prazo – Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência
de ilegalidade – Ordem denegada.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de
força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu.
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de
força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).

Voto nº 7675 — HABEAS CORPUS Nº 990.123-3/8-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
21
Voto nº 7676 — HABEAS CORPUS Nº 1.018.947-3/0-00
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está
nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à
realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode
criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional”
(Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério
Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
LIBERDADE PROVISÓRIA – Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76) –
Proibição legal – Crime hediondo – Lei nº 8. 072/90.
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de
entorpecentes é, por definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º, nº
II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 7677 — HABEAS CORPUS Nº 1.021.489-3/7-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente,
lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7678 — HABEAS CORPUS Nº 1.014.197-3/8-00


—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça,
vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
22

Voto nº 7679 — HABEAS CORPUS Nº 1.022.662-3/4-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Isto de defender-se em liberdade é direito somente
do réu primário e de bons antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese
que autorize a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que
obstam à realização do ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).

Voto nº 7680 — HABEAS CORPUS Nº 1.030.236-3/4-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da necessidade de expedir carta precatória, pois não está nas mãos de
Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à
realização do ato processual.
–– Pela intensa comoção que os delitos de roubo provocam no organismo social,
repugna conceder a seu autor liberdade provisória primeiro que a Justiça lhe
averigúe a responsabilidade criminal.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no
foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310,
parág. único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o roubo
–, tem contra si a presunção de periculosidade.
23
Voto nº 7681 — HABEAS CORPUS Nº 1.002.335-3/6-00
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7682 — HABEAS CORPUS Nº 1.005.543-3/7-00


—“HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo –
Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência de ilegalidade – Ordem
denegada.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de
força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu.
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de
força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar como
que se presumem.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem
contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 7683 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 966.464-3/2-00


— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão
de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
24

A E
Voto nº 7684 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 912.707-3/2-00
— O art. 50, nº VI, da Lei de Execução Penal, com ser norma penal em branco, permite a
inclusão de novas modalidades infracionais, v.g., a utilização de telefone celular por
preso, no interior da cadeia. Fator e ocasião de quebra da disciplina carcerária – visto
que, ao alcance de integrantes de organizações criminosas, o telefone celular serve a
fomentar rebeliões nos presídios, com risco da segurança pública e da ordem social –, a
proibição de seu uso, estabelecida pela Resolução nº 113/2003, da Secretaria da
Administração Penitenciária, é ao mesmo tempo útil e necessária. Sua inobservância
implica, sem dúvida, falta disciplinar grave, sujeita ao rigor da lei (art. 50, nº VI, e 39,
ns. II e V, da Lei de Execução Penal).

A E
Voto nº 7685 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 919.057-3/6-00
— Incensurável – porque não apenas legítima e justa, senão sábia – é a decisão que
substitui por prestação pecuniária, consistente em doação de cesta básica, a
prestação de serviços à comunidade imposta a autor de apropriação indébita, que
não podia cumprir as determinações da Justiça sem notável prejuízo de suas
atividades.
— Não esqueça aos aplicadores do Direito a advertência de Anatole France: “Se a lei
é morta, deve-lhe o Juiz dar vida”.

Voto nº 7686 APELAÇão CRiminal Nº 484.378-3/6-00


— No crime de receptação dolosa, é das circunstâncias mesmas do fato e da
personalidade do agente que se deve aferir o elemento subjetivo do tipo, de sorte que
nenhum valor têm os protestos de inocência do réu pilhado pela Polícia, em barracão
clandestino, a desmantelar veículos roubados. Aquele que assim procede, por força
que não pode ignorar estava na posse de coisas de origem criminosa (art. 180,
“caput”, do Cód. Penal).
— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório
se em harmonia com outros elementos de prova.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
25
Voto nº 7687 — Embargos de DECLARAÇÃO Nº 443.029-
3/6-01
— O enunciado da Súmula nº 145 da jurisprudência do STF, de curso desembaraçado em se
tratando de outras espécies criminosas — em que “o autor é apenas o protagonista
inconsciente de uma comédia” (Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1978,
vol. I, t. II, p. 107) —-, não se aplica à hipótese de tráfico de entorpecentes (art. 12 da
Lei nº 6.368/76).
—“Na hipótese de o policial iludir o vendedor da droga, fazendo-se passar por dependente
e receber dele o tóxico mediante pagamento ou não, é óbvio que não terá havido o
crime de vender, fornecer ou entregar substância a consumo, porém o delito de posse,
guarda ou depósito já se terá consumado e exaurido, justificando-se, pois, o flagrante”
(Menna Barreto, Lei de Tóxicos, 5a. ed., p. 75).
—“Cuidando-se de crime de natureza permanente, a prisão do traficante, em sua
residência, durante o período noturno, não constitui prova ilícita. Desnecessidade de
prévio mandado de busca e apreensão” (STF; relª. Minª. Ellen Gracie; Rev. Tribs.,
vol. 832, p. 474).
— Os embargos de declaração não rendem ensejo a
reapreciação de matéria já decidida, pois não têm caráter infringente; armam só ao fim
de desfazer ambigüidade, contradição ou obscuridade do acórdão (art. 619 do Cód.
Proc. Penal).

Voto nº 7688 — HABEAS CORPUS Nº 1.016.184-3/3-00


— É princípio altamente reputado que o réu que respondeu
a processo em liberdade assim deve aguardar seu julgamento definitivo, exceto se o
obstarem motivos supervenientes de grande vulto (art. 594 do Cód. Proc. Penal).
— Não entra em dúvida que passa por um dos efeitos
da sentença condenatória ser o réu preso (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal). Mas, se
o Juiz da causa não lhe decretou a prisão preventiva, por julgá-la desnecessária (se não
ilegítima), nisto mesmo deu a conhecer que lhe franqueara o direito ao recurso em
liberdade.
— “A melhor interpretação da lei é a que se
preocupa com a solução justa, não podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo
na exegese dos textos legais pode levar a injustiças” (Rev. Tribs., vol. 656, p. 188).

Voto nº 7689 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.019.018-


3/9-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como o
dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras inúteis,
conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime da Lei nº
7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por definição, não
podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso
que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP;
26
6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio, todas as
decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em face de direito
líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes Meirelles, “é direito
comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação Popular, 5a. ed., p. 16).
27

Voto nº 7690 — HABEAS CORPUS Nº 1.030.554-3/5-00


—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7691 — HABEAS CORPUS Nº 994.262-3/0-00


— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art. 594
do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado diploma
legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-se o de “ser o
réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do apelo em
liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a sentença que o
denega.
— Dispõe expressamente a lei que, para apelar em liberdade, deve o réu satisfazer a
dois quesitos primordiais: ser primário e ter bons antecedentes (art. 594 do Cód.
Proc. Penal).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional
da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).
28

Voto nº 7692 — HABEAS CORPUS Nº 1.007.768-3/8-00


–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que
uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à lei
nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela
incompatibilidade.
—Tal não sucede, porém, respectivamente aos sobreditos diplomas legislativos: à uma,
porque a Lei nº 10.409/02 não declarou revogada a Lei nº 6.368/76; à outra, porque,
em seu espírito e forma, não encerram aqueles textos legais incompatibilidade ou
repugnância lógica; ao revés, conservam ambos sua autonomia.
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela
previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do
Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade” (STJ;
HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU
3.11.2004, p. 245).
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal)
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de
entorpecentes é, por definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º,
nº II, da Lei nº 8.072/90).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).

Voto nº 7693 — HABEAS CORPUS Nº 1.029.957-3/1-00


— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art. 594
do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado diploma
legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-se o de “ser o
réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do apelo em
liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a sentença que o
denega.
— Dispõe expressamente a lei que, para apelar em liberdade, deve o réu satisfazer a
dois quesitos primordiais: ser primário e ter bons antecedentes (art. 594 do Cód.
Proc. Penal).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional
da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).
29

Voto nº 7694 — apelação CRiminal Nº 409.651-3/3-00


— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial
constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto condenatório.
— A palavra da vítima passa por excelente meio de prova e autoriza decreto
condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção reunidos
no processado.
— Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício de sua
culpabilidade (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, pág. 236).
— A apreensão da “res furtiva” em poder de terceiro que lhe não saiba justificar a
posse, constitui indício veemente de autoria de crime, pois, segundo o aforismo
jurídico, a coisa, onde quer que esteja, é de seu dono (“res ubicumque est sui domini
est”).
— Responde por roubos em concurso formal o sujeito que, num só contexto de fato,
pratica violência ou grave ameaça contra várias pessoas, produzindo multiplicidade
de violações possessórias (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed.,
pág. 588).
— O reconhecimento de concurso material entre os tipos previstos no art. 10,
“caput”, e 10, § 2º, da Lei nº 9.437/97 repugna à dogmática jurídica, por ferir de
frente o princípio da consunção: o delito mais grave absorve o menor (“major
absorbet minorem”).
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).

Voto nº 7695 — HABEAS CORPUS Nº 1.019.104-3/1-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da
Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de
norma de organização judiciária do Estado.
30

Voto nº 7696 — HABEAS CORPUS Nº 1.023.022-3/1-00


“HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso
de prazo – Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência
de ilegalidade – Ordem denegada.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de
força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca
oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de
força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crimes graves, tem contra si a
presunção de periculosidade.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7699 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 959.521-3/7-00


–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu
espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao ideal
de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que acaso
apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do
benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão humana, com
que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o encarcerado, “o mais
pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do
Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e circunstâncias, é
a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos Maximiliano, Hermenêutica e
Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).
31

Voto nº 7700 — HABEAS CORPUS Nº 1.028.978-3/0-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7727 — HABEAS CORPUS Nº 1.018.099-3/0-00


HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado à
mão armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia
cautelar – Ordem denegada.
–– É verdade que, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), ninguém será havido na conta de culpado senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Esse mandamento, contudo, não
importa a concessão indiscriminada de liberdade provisória a réu acusado de
roubo. Tal sucede apenas naqueles casos em que se não achem presentes os
requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo),
é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas
cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7728 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 979.671-3/7-00


— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
32
Voto nº 7729 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 955.761-3/2-00
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito do
condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é dogma
científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que, incentivados
por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de crimes, redimiram-
se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social, porque
seria matar-lhe a esperança, que é o último remédio que deixou a natureza a todos
os males (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).

Voto nº 7730 — HABEAS CORPUS Nº 1.012.427-3/4-00


— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia cautelar
não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os Tribunais de Justiça do
País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana, tiveram a bem fixar prazo à
instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias; este é o último padrão que separa a
legalidade do arbítrio.
–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de inquirir
testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de apresentação de réu
preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela Defesa, etc.) que escusam
pequena demora no encerramento da instrução. Não está nas mãos de Juiz, ainda o mais
diligente e avisado, conjurar todos os empecilhos que podem alterar o curso normal do
processo.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo
de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf.
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor
de furto de veículo automotor, nos termos da figura típica do art. 155, § 5º, do
Cód. Penal, incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
33
Voto nº 7731 — HABEAS CORPUS Nº 1.026.499-3/9-00
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior, com
os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a prestação
jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do litígio, senão
mediante recurso ordinário.
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério
Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
––“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
–– Pedido de desclassificação do fato criminoso não cabe na esfera angusta do “habeas
corpus”, onde não têm entrada questões de alta indagação, ou que impliquem
aprofundado exame da prova dos autos.

Voto nº 7732 — HABEAS CORPUS Nº 1.021.710-3/7-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
21a. ed., p. 246).
–– “Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato IV, cena
I, v. 27).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo),
ou sua autoria, é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório.

Voto nº 7733 — HABEAS CORPUS Nº 1.008.027-3/4-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
34
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
35

Voto nº 7734 — HABEAS CORPUS Nº 1.026.311-3/2-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 7735 — HABEAS CORPUS Nº 1.022.277-3/7-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art.
594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado
diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-se
o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
–– Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do apelo
em liberdade, sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a sentença
que o denega.

Voto nº 7736 — HABEAS CORPUS Nº 1.000.390-3/1-00


— Matéria de alta indagação é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de
rito sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal ou do inquérito policial, por falta de justa
causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao agente, ou a sua inocência.
— Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível a interrupção do
curso do inquérito policial mandado instaurar para a apuração de fato que, em tese,
constitui crime de desobediência a ordem legal de Magistrado (art. 330 do Cód.
Penal).
36
Voto nº 7737 — HABEAS CORPUS Nº 1.022.750-3/6-00
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o réu
em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,
da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o
procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses
sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável
seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.
— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7739 — HABEAS CORPUS Nº 1.015.817-3/6-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva
exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu”
(cf. Código de Processo Penal Anotado, 21a. ed., p. 246).
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam
controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas
de Fogo, 1998, p. 107).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é lícito,
entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como crime (art.
307 do Cód. Penal).
37

Voto nº 7740 — Mandado de Segurança Nº 1.017.759-3/5-


00
—“As atribuições do Ministério Público, bem compreendidas, são as mais belas que
existem” (De Molénes; apud J. B. Cordeiro Guerra, A Arte de Acusar, 1a. ed.,
p. 99).
—“Não podem ser ampliados os casos de efeito suspensivo de recurso em sentido
estrito” (apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 17a. ed.,
p. 414).
— Mesmo em se tratando de crime hediondo, têm
nossas Cortes de Justiça consagrado a orientação de que o réu faz jus à liberdade
provisória, se ausente hipótese que lhe autorize a decretação da prisão preventiva, a
qual deve assentar em razão sólida, justificada pela necessidade (art. 312 do Cód.
Proc. Penal).

— Somente a violação de direito líqüído e certo,


pedra angular do instituto, admite a concessão de mandado de segurança (art.
5º, nº LXIC, da Const. Fed.).

Voto nº 7741 — apelação CRiminal Nº 423.364-3/6-00


— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de eventuais
defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas (“regina
probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe
reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de decreto
condenatório.
— Quem acha coisa alheia perdida está obrigado a restituí-la ao dono ou entregá-la à
Polícia, no prazo de 15 dias, sob pena de cometer o crime de apropriação indébita
(art. 169, parág. único, nº II, do Cód. Penal).
— A necessidade faz do homem o que quer, reza o aforismo jurídico: “necessitas
non habet legem”. Mas só constitui causa excludente de criminalidade se o
agente não podia conjurar o mal, exceto com o sacrifício do bem jurídico alheio
(art. 24 do Cód. Penal). A mera alegação de estreiteza de recursos, desacompanhada
de prova cabal e convincente, não basta para o reconhecimento da descriminante
legal, senão se converteria em razão universal de impunidade.
— Destituído de natureza formal, o crime de corrupção de menores (art. 1º da Lei
nº 2.252/54), não se caracteriza sem a prova da inocência do sujeito passivo, que
não se presume. Só a inocência não vê a serpente debaixo das flores!
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
38
deliberação.
39

Voto nº 7742 — apelação Criminal Nº 484.368-3/0-00


— Na condição de seu protagonista, é a vítima a pessoa mais autorizada a narrar as
circunstâncias do fato delituoso; mas, para que sua palavra legitime decreto
condenatório, há mister receba apoio, ainda que mínimo, de outros elementos do
processo, v.g.: confissão do réu, apreensão da “res furtiva” em seu poder,
depoimento de testemunha etc.; se não, é força pronunciar o “non liquet” e
mandar o réu em paz, por insuficiência de prova da acusação (art. 386, nº VI, do
Cód. Proc. Penal).
— De todas as máximas que devem inspirar o Julgador, nenhuma se tem por mais
respeitável que esta: condenação exige certeza. Dúvida, em Direito Penal, é o outro
nome da falta de prova.
— Desde que os autos deparem dúvida ao Juiz, não fará melhor que absolver o
acusado, em obséquio ao princípio geral, vigorante nas legislações dos povos cultos:
“In dubio pro reo”.

Voto nº 7743 — recurso em sentido estrito Nº 491.773-3/5-00


—“A falta ou nulidade da citação (...) estará sanada, desde que o interessado
compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim
de argüi-la” (art. 570 do Cód. Proc. Penal)
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a
prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do Cód.
Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o
acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal).
Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual
de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que
esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a.
ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
— Na fase do “judicium accusationis” não podem ser excluídas as qualificadoras,
exceto se reputadas incompatíveis com as circunstâncias do fato criminoso. Ao
Conselho de Sentença, como a quem é o juiz da causa, competirá afirmar se, no caso
sujeito, concorrem ou não qualificadoras.
— Com ser derrogação do princípio geral da competência pelo lugar da infração, o
desaforamento de julgamento pelo Tribunal do Júri somente se admite em casos
excepcionais, à vista de razões de grande peso e tomo, previstas em lei (art. 424 do
Cód. Proc. Penal); não no autorizam meras conjecturas, sem apoio em fatos reais
capazes de influir no ânimo dos jurados e inibi-los de decidir de acordo com a
“consciência e os ditames da justiça”.
40

Voto nº 7744 — HABEAS CORPUS Nº 1.010.548-3/1-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7745 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.036.309-


3/1-00
—À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de
Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7746 — HABEAS CORPUS Nº 1.018.140-3/8-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7747 — HABEAS CORPUS Nº 1.018.132-3/1-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
41
42

Voto nº 7748 — recurso em sentido estrito Nº 898.872-3/4-00


— Em obediência ao princípio da fungibilidade dos recursos (art. 579 do Cód. Proc.
Penal), conhece-se como recurso em sentido estrito da apelação interposta de
sentença que pronunciar o réu.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a
prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do Cód.
Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o
acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal).
Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual
de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que
esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a.
ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
— Segundo inteligência consagrada pela doutrina e pela jurisprudência de nossos
Tribunais, as qualificadoras do homicídio somente podem ser excluídas quando
manifestamente improcedentes (cf. Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 337).

Voto nº 7749 — HABEAS CORPUS Nº 1.007.324-3/2-00


— “HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo –
Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência de ilegalidade – Ordem
denegada.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de
força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para interrogatório do réu ou inquirição de testemunha, imprescindível à
busca da verdade real, alma e escopo do processo.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato (i.e., a demora no cumprimento da carta
precatória) não caracteriza constrangimento ilegítimo por excesso de prazo no
encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre o pode o Juiz
dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe a lei que
“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa”(Súmula nº 64 do STF).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
43

Voto nº 7750 — HABEAS CORPUS Nº 1.032.166-3/9-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7751 — HABEAS CORPUS Nº 1.012.526-3/6-00


—“Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo” (art.
27, § 2º, da Lei nº 8.038/90);
—“ A prisão processual, da ordem meramente cautelar, ainda que fundada em sentença
condenatória recorrível, tem, como pressuposto legitimador, a existência de situação de
real necessidade, apta a ensejar, ao Estado, quando efetivamente ocorrente, a adoção
— sempre excepcional — dessa medida constritiva de caráter pessoal” (STF; Medida
Cautelar nº 89.754-1-BA; rel. Min. Celso de Mello. Revista Consultor Jurídico;
7.12.2006).
— Considera-se prejudicado, pela perda do objeto e falta de legítimo interesse
processual, o “habeas corpus” impetrado com a finalidade de assegurar ao paciente
liberdade provisória, se esgotadas já as vias recursais (ordinária e extraordinária).

Voto nº 7752 — EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 784.612-


3/00-04
— Satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico,
1985, vol. II, p. 588).
— É princípio acolhido sem reserva que, tanto que passe em julgado sua decisão, já não
tem o Juiz competência para revê-la. Vem a ponto a lição de Hélio Tornaghi: “Já
no Direito romano, Ulpiano ensinava: Depois de pronunciada a sentença, o juiz
perde a jurisdição e não pode corrigi-la, quer haja exercido seu ofício bem, quer o
tenha feito mal” (Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 353).
44
45

Voto nº 7753 — HABEAS CORPUS Nº 1.022.206-3/4-00


— Antes da prolação da sentença, pode o Juiz, a todo o tempo, emendar errônea
capitulação legal do crime (“emendatio libelli”).
—“A capitulação errônea do delito feita na denúncia não configura constrangimento
ilegal, sanável por via do habeas corpus” (STJ; HC nº 5.963; 5a.Turma; rel. Min.
Edson Vidigal; DJU 3.11.97, p. 56.338).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal, isto é, garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração e veementes os indícios de sua autoria.
–– Em princípio, não faz jus ao benefício da liberdade o autor de homicídio
qualificado (crime “hediondo”, nos termos da Lei nº 8.072/90), que ostenta
desabonadora biografia social.

Voto nº 7754 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.003.560-


3/0-00
— À luz do art. 118 e segs. do Cód. Proc. Penal, os bens apreendidos somente podem
ser restituídos, se já não interessarem ao processo nem houver dúvida quanto ao
direito do reclamante.
— Apenas a violação de direito líqüido e certo, pedra angular do instituto, autoriza a
impetração de mandado de segurança (art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.).
— Direito líqüido e certo, conforme texto lapidar de Pontes de Miranda, “é aquele
que não precisa ser aclarado com o exame de provas em dilações, que é de si
mesmo concludente e inconcusso” (Comentários à Constituição Federal de 1946, t.
IV, art. 141 § 24).

Voto nº 7755 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.013.103-


3/3-00
— Mandado de segurança é “remédio judicial restrito à proteção daqueles direitos
cuja certeza e liqüidez sejam manifestos e que resistam a uma contestação
razoável” (Themistocles Brandão Cavalcanti, Do Mandado de Segurança, 1957,
p. 123).
— Poderá o juiz ordenar a restituição de coisa apreendida, se não existir “dúvida quanto
ao direito do reclamante” (art. 120 do Cód. Proc. Penal).
— Não tem direito à restituição de veículo, apreendido pela autoridade policial por
suspeita de ser produto de crime, salvo se comprovada sua aquisição livre de malícia
ou dolo.
46
47

Voto nº 7756 — HABEAS CORPUS Nº 1.017.826-3/1-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido
de “habeas corpus”.
— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7757 — APELAÇão CRiminal Nº 483.764-3/0-00


— Conforme iterativa jurisprudência dos Tribunais, a palavra da vítima, se ajustada
aos mais elementos do processo, justifica decreto condenatório.
—“Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o
agente a subtração de bens da vítima” (Súmula nº 610 do STF)
— Em pontos de co-autoria, quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
nas penas a este cominadas (art. 29 do Cód. Penal), de tal arte que, no caso de
latrocínio, irrelevante é a circunstância de não ter sido o autor do disparo que feriu
mortalmente a vítima: quem quer a causa quer o efeito!
—“A palavra foi dada ao homem para esconder o pensamento” (Talleyrand; apud
Nélson Hungria; Rev. Forense, vol. 102, p. 13).
—“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema de livre convencimento que
o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José Frederico Marques,
Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. II, p. 378).
—“Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício de sua
culpabilidade” (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, p. 236).
— O autor de latrocínio (art. 157, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal), crime da classe dos
hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7758 — HABEAS CORPUS Nº 1.026.610-3/7-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).
48

Voto nº 7759 — HABEAS CORPUS Nº 997.492-3/1-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido
de “habeas corpus”.
— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7760 — HABEAS CORPUS Nº 1.027.960-3/0-00


— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art. 594
do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado diploma
legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-se o de “ser o
réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do apelo em
liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a sentença que o
denega.
— Dispõe expressamente a lei que, para apelar em liberdade, deve o réu satisfazer a
dois quesitos primordiais: ser primário e ter bons antecedentes (art. 594 do Cód.
Proc. Penal).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional
da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça,
vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
49

Voto nº 7761 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 898.367-3/0-00


— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito do
condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é dogma
científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que, incentivados
por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de crimes, redimiram-
se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social, porque
seria matar-lhe a esperança, que é o último remédio que deixou a natureza a todos
os males (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).

A
Voto nº 7762 — GRAVO EM EXECUÇÃO Nº 954.504-3/3-00
— Reza o art. 501 do Cód. Proc. Civil (aplicável ao processo penal por força do
preceito do art. 3º do Cód. Proc. Penal) que “o recorrente poderá, a qualquer
tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”; pelo
que, negócio jurídico unilateral, não há que opor ao pedido de desistência de agravo
em execução, subscrito pela parte e seu advogado.

Voto nº 7763 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 946.902-3/7-00


—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-
SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
50
Voto nº 7764 — HABEAS CORPUS Nº 1.006.772-3/9-00
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que o prazo de 81
dias, para a formação da culpa de réu preso, não é fatal nem peremptório: admite-se
pequeno excesso à luz do princípio da razoabilidade, pois não está nas mãos do Juiz,
ainda o mais diligente, prevenir ou remediar todas as dificuldades inerentes ao processo
criminal.
— “Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— Unicamente faz jus à liberdade provisória o preso
que, havendo cometido delito afiançável, reúna méritos pessoais; importa ainda não seja
o caso de decretação de prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de crime de roubo não
merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas contas à Justiça, ao termo do
devido processo legal.

Voto nº 7765 — HABEAS CORPUS Nº 1.019.953-3/5-00


–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 7766 — HABEAS CORPUS Nº 1.017.255-3/5-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

A E
Voto nº 7776 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 890.285-3/7-00
— É doutrina comumente recebida que, sem prova plena e cabal de sua culpa (“lato
sensu”), ninguém pode ser punido. Donde a sabedoria com que obrou o legislador
imperial: “nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para
imposição de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).
—“Ao mesmo Demônio se deve fazer justiça, quando ele a tiver” (Antônio Vieira,
Sermões, 1696, t. XI, p. 295).
— Se já obteve o recorrente aquilo que faz o objeto de agravo em execução, não há
apreciar-lhe o recurso, pela falta de interesse legítimo (art. 659 do Cód. Proc. Penal).
51

Voto nº 7777 — apelação Criminal Nº 921.414-3/6-00


— Na apuração da autoria de crime adotavam os romanos o judicioso critério: “Cui
prodest scelus, is fecit”. Aquele a quem o crime aproveita, esse o cometeu. É a
lógica a melhor das provas.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed.,
p. 154).
—“Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na
sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação” (Súmula nº
497 do STF).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

r s e
Voto nº 7778 — ecurso em Entido strito Nº 497.676-3/6-00
— É a apelação o recurso adequado a impugnar a decisão que, nos termos do art. 366 do
Código de Processo Penal, indefere pedido de produção antecipada de prova oral.
Dispõe, com efeito, o art. 593, nº II, do Código de Processo Penal caber apelação “das
decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular”.
— Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é mister
atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se urgentes, para os efeitos do
mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias pessoais das
testemunhas, primeiro que pela tirania implacável do tempo (“sepultura de todas as
coisas”), se devam produzir desde logo, aliás poderão perder-se para sempre.
— Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão estas de
fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto como no
demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que tire ao fim de
abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que urgentes.

Voto nº 7779 — HABEAS CORPUS Nº 1.020.041-3/6-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).
52
Voto nº 7780 — HABEAS CORPUS Nº 1.020.348-3/7-00
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão
de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e
violação de norma de organização judiciária do Estado.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol.
105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida” (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7781 — HABEAS CORPUS Nº 1.033.738-3/7-00


—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Se o acusado respondeu preso ao processo por crime de tráfico de entorpecentes (art. 12
da Lei nº 6.368/76), será verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade
provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível
inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser
absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de
condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc. Penal não
se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf. Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).

Voto nº 7782 — HABEAS CORPUS Nº 1.021.004-3/5-00


— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que se não toma
conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está devidamente instruído (José
Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
— Na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise
de provas para aferir a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação
penal; defeso é apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na
dilação probatória.
— O crime de tráfico de entorpecentes a lei equipara a hediondo e, pois, em princípio é
insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
53

Voto nº 7783 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 973.951-3/1-00


–– À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção humana
e poderoso instrumento de reforma de vida e costumes. Destarte, comprovando que
freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário, tem jus o
condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12 horas de efetiva
atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra crasso
equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual, notabilíssimo
instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual represente
um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem disse: “Abrir
escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância que o convívio
escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
—“A interpretação extensiva do vocábulo trabalho, para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal. É que a mens
legislatoris, com o objetivo de ressocializar o condenado para o fim de remição da
pena, abrange o estudo, em face de sua inegável relevância para a recuperação
social dos encarcerados” (STJ; REsp nº 256.273/PR; 5a. Turma; rel. Minª. Laurita
Vaz; j. 22.3.2005; DJU 6.6.2005, p. 359).

Voto nº 7784 — HABEAS CORPUS Nº 1.011.740-3/5-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do Juiz), primariedade, bons antecedentes,
prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a
concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Penal) àquele
que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem contra si a presunção de
periculosidade.
54
Voto nº 7785 — HABEAS CORPUS Nº 1.025.724-3/0-00
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 7786 — recurso em sEntido estrito Nº 830.783-3/0-


00
—“De acordo com a orientação do STF, a falta de comparecimento do querelante ou de
seu procurador à audiência de testemunhas não causa a perempção da ação
penal”(Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 75).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p.
154).
— Reza o art. 501 do Cód. Proc. Civil (aplicável ao processo penal por força do preceito
do art. 3º do Cód. Proc. Penal) que “o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a
anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”; pelo que, negócio
jurídico unilateral, não há que opor ao pedido de desistência de agravo em execução,
subscrito pela parte e seu advogado.

Voto nº 7787 — HABEAS CORPUS Nº 997.010-3/3-00


— A revogação do “sursis” processual unicamente é possível no curso do prazo; expirado
que seja, toca ao Juiz declarar extinta a punibilidade do acusado (art. 89, § 5º, da Lei
nº 9.099/95).
— A todo o tempo é possível revogar o benefício da suspensão condicional do processo,
contanto que a causa de revogação preceda ao termo do período de prova; porque, se
lhe suceder (isto é, se ocorrer após o término do prazo do “sursis”), então já não
haverá revogá-lo sem ofensa à lei.

Voto nº 7788 — HABEAS CORPUS Nº 1.010.018-3/3-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).
55
Voto nº 7789 — HABEAS CORPUS Nº 992.670-3/8-00
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza específica,
não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime prisional, tarefa em
que somente haverá de entender o Juízo da causa ou das Execuções Criminais; o Tribunal,
este apenas em grau de recurso pode modificar o regime estipulado na sentença
condenatória, quando patente sua ilegalidade ou em contradição absoluta com a lei e as
circunstâncias do processo.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que assenta
a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional fechado,
imposto pela sentença condenatória a autor de tentativa de latrocínio (arts. 157, § 3º,
2a. parte, e 14, nº II, do Cód. Penal).
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal (cf. HC nº 69.657-1-SP, j.
18.9.92).

Voto nº 7790 — apelação CRiminal Nº 909.773-3/5-00


— Tem-se por legítima a prisão decorrente do estado de flagrância presumida, em
que o réu é encontrado na posse de objetos e instrumentos do crime (art. 302, nº IV,
do Cód. Proc. Penal).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc.
Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei,
donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos
hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7791 — HABEAS CORPUS Nº 1.012.026-3/4-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
56
Voto nº 7792 — HABEAS CORPUS Nº 1.024.076-3/4-00
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol.
105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7793 –– HABEAS CORPUS Nº 978.112-3/0-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-
lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
—“Não é da índole do habeas corpus apressar a tramitação de processo” (STJ; RHC nº
3.033-0; rel. Min. Anselmo Santiago; DJU 7.3.94, p. 3.679).

Voto nº 7794 –– AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 944.816-3/9-00


— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de Execução
Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico, “quando o
entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre progressão de regime”
(Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX, da
Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não
aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se
as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o
aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o
arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo
de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
57
Voto nº 7795 –– AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 910.314-3/4-00
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu
espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao ideal de
justiça.
–– Há casos, no entanto, em que o sentenciado carece do direito de pleitear comutação de
penas, por impossibilidade jurídica do pedido. Está nesse número o condenado por
crime considerado hediondo (Lei nº 8.072/90); ao autor de latrocínio tentado repugna,
pois, na forma do Decreto nº 4.495/02 (art. 3º, nº II), deferir tal benefício.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento condicional
direito público subjetivo do condenado, que não se lhe pode negar sem grave injúria da
Lei e da Justiça.
— Segundo o entendimento comum dos Tribunais de Justiça, também o condenado por
latrocínio, crime do número dos hediondos (art. 1º, nº II, da Lei nº 8.072/90), tem
direito ao livramento condicional, se preenchidos os requisitos do art. 83 do Código
Penal: nem ao pior facínora quis o legislador negar oportunidade de redimir-se dos
graves erros passados e praticar ações verdadeiramente dignas da espécie humana.
— Para que o condenado por crime hediondo faça jus ao livramento condicional, deverá
atender ao requisito indeclinável do cumprimento de 2/3 da sua pena (art. 83, nº V, do
Cód. Penal).

Voto nº 7796 –– HABEAS CORPUS Nº 1.035.727-3/1-00


–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser
absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de
condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc. Penal
não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf. Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
–– Se o acusado respondeu preso ao processo por crime de tráfico de entorpecentes (art.
12 da Lei nº 6.368/76), será verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da
liberdade provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da sentença
condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão”
(art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7797 –– HABEAS CORPUS Nº 1.009.859-3/8-00


— O autor de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado,
por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. HC nº 69.657-1-SP;
j. 18.9.92).
58

Voto nº 7798 –– HABEAS CORPUS Nº 1.021.234-3/4-00


— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos que
lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias (no caso, em
dobro, “ex vi”, do art. 35, parág. único, da Lei nº 6.368/76) o prazo legal máximo
para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que estrema a
legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto seu caráter, nenhum réu decai nunca da proteção
da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros que
fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e respeitar o
direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
— Mesmo em caso de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime do
número dos hediondos (Lei nº 8.072/90), pode o Juiz, bem que em caráter
excepcional, conceder liberdade provisória a réu portador de enfermidade grave.
Os cuidados com a saúde do preso devem preferir sempre ao rigor do Estado em
punir (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Deve o Juiz usar a lógica do jurista, que é, precisamente, a lógica do razoável e do
humano”(Goffredo Telles Junior, A Folha Dobrada, 1999, p. 162).

Voto nº 7799 –– HABEAS CORPUS Nº 1.003.154-3/7-00


—“As atribuições do Ministério Público, bem compreendidas, são as mais belas que
existem” (De Molénes; apud J.B. Cordeiro Guerra, A Arte de Acusar, 1a. ed., p.
99).
— Segundo a comum opinião dos doutores e a jurisprudência de nossos Tribunais, não
comete crime de estelionato o acadêmico de Direito que, por festejar a data
comemorativa da instituição dos cursos jurídicos no País — 11 de agosto —, pratica a
denomina “pendura”, isto é: dirige-se a uma casa de pasto e, após comer à tripa forra e
entrar galhardamente pelas bebidas, chama a seu pé o dono do estabelecimento e
comunica-lhe, em discurso de pompa e circunstância, que aquele troço de estudantes
quer homenageá-lo como a amigo e benfeitor da velha e gloriosa Academia de Direito
do Largo de São Francisco, além de significar-lhe eterna gratidão pelo “oferecimento”
do memorável banquete.
— Em escólio ao art. 176 do Código Penal escreveu Damásio E. de Jesus:“Entendeu-
se haver mero ilícito civil e não penal, uma vez que o tipo exige que o sujeito não
possua recursos para o pagamento dos serviços” (Código Penal Anotado, 17a. ed.,
p. 674).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
59

Voto nº 7800 –– HABEAS CORPUS Nº 1.017.059-3/0-00


— Contra o parecer de notáveis juristas, que
sustentam não ser o “habeas corpus” meio apropriado a impugnar decisão de que caiba
recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese,
passa pelo remédio jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e
ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII,
da Const. Fed.).
–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto a
causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de salvo-
conduto, não o infundado receio de que venha a ser preso e processado criminalmente
(art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— As ordens da Justiça Criminal, dadas segundo a lei, obrigam os agentes da
administração pública, pela necessidade de realizar um dos intuitos mais
preeminentes do Estado, que é distribuir justiça. Aos agentes administrativos,
portanto, não é lícito escusar-se de prestar colaboração aos atos do Juízo, que se
presumem praticados “secundum legem”.
— A dar-se o caso que o servidor não tenha competência para liberar preso e apresentá-lo à
barra da Justiça, então é resignar-se à discrição do Juiz, que proverá em tudo segundo os
ditames da lei e o arbítrio do bom varão.
— Isto de desatender o diretor do presídio às requisições de apresentação de réu preso,
sob color de que o acabara de receber de outra autoridade, a cuja disposição e
custódia ainda se achava, o mesmo fora que instaurar o caos na esfera dos interesses da
Justiça e coartar a atividade jurisdicional.

Voto nº 7801 –– HABEAS CORPUS Nº 1.025.801-3/1-00


— A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é apenas o
protagonista inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 107), não tem lugar nem prevalece nos casos de
tráfico, porque a posse pretérita de substância entorpecente para consumo de
terceiro já aperfeiçoa o tipo do art. 12 da Lei nº 6.368/76.
–– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº
III, da Lei nº 8.072/90).
–– Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo auto em forma
regular, não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto se decorrido lapso de tempo
superior àquele que a Jurisprudência tem estabelecido como o máximo razoável para
o encerramento da instrução criminal.
–– Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de bons
antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese que autorize a decretação
da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
60
Voto nº 7802 –– HABEAS CORPUS Nº 1.031.374-3/0-00
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo), é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem
lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento de
ação penal por falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao
primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que
não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete;
DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é acusado de
tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº III, da Lei nº
8.072/90).

Voto nº 7803 –– HABEAS CORPUS Nº 1.031.693-3/6-00


— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se defenda o réu
em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência (art. 5º, nº LVII, da
Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao processo.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não sustente em
indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-se revogada. Nesse
número merecem contados os casos de encarceramento de réu, quando ausentes os
requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 7824 –– MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.013.953-


3/1-00
–– Somente a violação de direito líqüido e certo, pedra angular do instituto, autoriza a
impetração de mandado de segurança (art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.).
–– O direito líqüido, certo e incontestável, objeto do mandado de segurança, conforme os
anais do Pretório Excelso, “é aquele contra o qual se não podem opor motivos
ponderáveis, e sim meras e vagas alegações cuja improcedência o magistrado pode
reconhecer imediatamente sem necessidade de detido exame” (apud, Themistocles
Brandão Cavalcanti, Do Mandado de Segurança, 1957, p. 128).
–– Constitui cerceamento de defesa desatender o Juízo ao pedido formulado pelo patrono
do réu, de juntada aos autos de documento de notória importância para a elucidação dos
fatos. Em verdade, “só merece o nome de defesa a que for livre e completa” (O Júri, J.
Soares de Mello, 1941, p. 16).
61
––“O direito de defesa é, entre todos, o mais sagrado e inviolável” (Sobral Pinto; apud
Pedro Paulo Filho, A Revolução da Palavra, 2a. ed., p. 168).
62

r
Voto nº 7825 –– ecurso em sEntido estrito Nº 481.919-3/4-
00
—“É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida no
recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício” (Súmula nº 160 do
STF).
— Pode o Tribunal, por aplicação analógica do art. 463, nº I, do Cód. Proc. Civil,
emendar erro material da pronúncia, que não faz menção expressa de circunstância
qualificativa do homicídio.
—“O projeto não deixa respiradouro para o frívolo curialismo, que se compraz em
espiolhar nulidades. É consagrado o princípio geral de que nenhuma nulidade
ocorre se não há prejuízo para a acusação ou a defesa” (Francisco Campos,
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº XVII).
— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o
acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal).
Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual
de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que
esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a.
ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).

Voto nº 7826 –– AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 908.630-3/6-00


— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito do
condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é dogma
científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que, incentivados
por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de crimes, redimiram-
se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social, porque
seria matar-lhe a esperança, “que é o último remédio que deixou a natureza a todos
os males” (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).
63
Voto nº 7827 –– AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 987.009.3/0-00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que assenta a
ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional fechado,
imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei
nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça,
vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

r
Voto nº 7828 –– ecurso em sEntido estrito Nº 412.595-3/4-
00
— Não é de bom exemplo antecipar o exame do mérito à produção da prova com o intuito
de aferir prescrição virtual, que isto implica descaso pela obrigatoriedade da ação penal
e violação grave da primeira garantia de todo o acusado: ter oportunidade de comprovar
sua inocência.
— Se a pena ainda não foi concretizada na sentença, não há reconhecer prescrição,
antecipadamente, com fundamento em juízo de provável condenação, visto como pode
suceder que o réu venha a ser absolvido, o que terá por benefício de maior quilate que a
extinção de sua punibilidade pela porta ampla da prescrição.
— Ao revogar o art. 16 da Lei nº 6.368/76, o art. 28 da Lei nº 11.343/2006 (Nova Lei de
Tóxicos) — que define a posse para consumo pessoal de substância entorpecente —
realizou “novatio legis in melius”, com mitigar a sanção jurídico-penal prevista para o tipo;
assim, tem eficácia retroativa, por força do princípio constitucional da retroatividade da lei
benigna (art. 5º , nº XL, da Const. Fed. e art. 2º, parág. único, do Cód. Penal).
—“Admite-se a combinação de leis (...). Se ele (o juiz) pode escolher uma ou outra lei para
obedecer ao mandamento constitucional da aplicação da lex mitior, nada o impede de
efetuar a combinação delas, com o que estaria mais profundamente seguindo o preceito
da Carta Magna” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 11).

Voto nº 7829 –– HABEAS CORPUS Nº 1.019.487-3/8-00


— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no entanto,
que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a
cujo número pertence a necessidade de expedição de carta precatória para o
interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção de
prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo por
excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre o
pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe a lei
que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa
não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do
Cód. Penal) àquele que, acusado de crimes graves, tem contra si a presunção de
periculosidade.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às condições
64
de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade provisória (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
65

Voto nº 7830 –– MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.026.058-


3/7-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 7831 –– HABEAS CORPUS Nº 1.023.890-3/1-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar como
que se presumem.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —,
tem contra si a presunção de periculosidade.
66
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
67

Voto nº 7832 –– HABEAS CORPUS Nº 1.037.668-3/6-00


— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o homicídio
—, tem contra si a presunção de periculosidade.
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só
garantia do processo, mas inexorável medida política de prevenção da criminalidade
e de defesa da ordem social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da
Justiça.
–– É o homicídio o crime que mais repugna à consciência jurídica. Chamou-lhe o
profundo Nélson Hungria “o ponto culminante na orografia dos crimes” e “a mais
chocante violação do senso moral médio da humanidade civilizada” (Comentários ao
Código Penal, 1981, vol. V, p. 25).

Voto nº 7833 –– HABEAS CORPUS Nº 1.007.870-3/3-00


— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que uma lei
revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à lei nova, a
anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela incompatibilidade.
—Tal não sucede, porém, respectivamente aos sobreditos diplomas legislativos: à uma, porque
a Lei nº 10.409/02 não declarou revogada a Lei nº 6.368/76; à outra, porque, em seu
espírito e forma, não encerram aqueles textos legais incompatibilidade ou repugnância
lógica; ao revés, conservam ambos sua autonomia.
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela previstos,
os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do Capítulo III, foram
integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade” (STJ; HC nº 28.300-RJ; 6a.
Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU 3.11.2004, p. 245).
— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos que lhe
assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias (no caso, em dobro, “ex
vi”, do art. 35, parág. único, da Lei nº 6.368/76) o prazo legal máximo para a formação
da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto seu caráter, nenhum réu decai nunca da proteção da lei,
que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros que
fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e respeitar o direito,
ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“A Justiça Criminal é sobretudo um ofício de consciência, onde importa mais o valor da
pessoa humana, a recuperação de uma vida, do que a rigidez da lógica formal” (João
Baptista Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 2).
—“Deve o Juiz usar a lógica do jurista, que é, precisamente, a lógica do razoável e do
humano”(Goffredo Telles Junior, A Folha Dobrada, 1999, p. 162).
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de
“habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória” (STJ;
HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
68

Voto nº 7834 — apelação CRiminal Nº 387.509-3/8-00


— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece
contra a sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a
sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STJ; REsp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc.
Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei,
donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles
ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998,
p. 107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 7835 — apelação CRiminal Nº 849.571-3/7-00


— Máxime quando produzida perante o Magistrado, “nada traz mais certeza da autoria
de um delito do que uma confissão livre, clara, sincera, sem qualquer vício” (Hélio
Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 381).
— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos autos,
pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos veredictos do Júri,
que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra “c”, da Const. Fed.).
“Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente a decisão que neles não
depara fundamento algum, constituindo por isso formidável desvio da razão lógica e
da realidade processual.
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos
jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não será
manifestamente contrária à prova dos autos.
— O autor de homicídio qualificado, crime do número dos hediondos, deve cumprir
sua pena sob o regime prisional integralmente fechado, por força do disposto no
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
69

Voto nº 7836 –– HABEAS CORPUS Nº 1.020.604-3/6-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
21a. ed., p. 246).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo),
ou sua autoria, é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório.

Voto nº 7837 –– HABEAS CORPUS Nº 1.014.595-3/4-00


–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 7854 –– HABEAS CORPUS Nº 1.038.675-3/5-00


—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão
por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em
princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei
nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, ns. I e IV, e art. 14, nº II, do
Cód. Penal, não comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do
benefício (art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
— Escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 408 do Cód. Proc. Penal: “na hipótese,
dada a natureza do crime (doloso contra a vida), o legislador entendeu necessária a
prisão do acusado, a não ser que apresente as condições da primariedade e dos
bons antecedentes (§ 2º)” (Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 340).
70

Voto nº 7855 –– HABEAS CORPUS Nº 1.037.827-3/2-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que o prazo de
81 dias, para a formação da culpa de réu preso, não é fatal nem peremptório:
admite-se pequeno excesso à luz do princípio da razoabilidade, pois não está nas
mãos do Juiz, ainda o mais diligente, prevenir ou remediar todas as dificuldades
inerentes ao processo criminal.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
––“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Antônio Vieira, Sermões, 1690,
t. VI, p. 216).

Voto nº 7856 –– HABEAS CORPUS Nº 1.040.767-3/5-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7857 –– MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.017.387-


3/7-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).
71
Voto nº 7858 –– HABEAS CORPUS Nº 1.027.822-3/1-00
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido
de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7859 –– HABEAS CORPUS Nº 1.042.290-3/2-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de
lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito
da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de
norma de organização judiciária do Estado.
–– O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza específica,
não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime prisional, tarefa em
que somente haverá entender o Juízo da causa ou das Execuções Criminais.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça,
vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7860 –– MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.029.410-


3/6-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como o
dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras inúteis,
conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime da Lei nº
7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por definição, não
podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso que
não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP;
6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio, todas as
decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em face de direito
líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes Meirelles, “é direito
comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação Popular, 5a. ed., p. 16).
72

Voto nº 7861 –– HABEAS CORPUS Nº 1.036.866-3/2-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão
de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e
violação de norma de organização judiciária do Estado.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por latrocínio (art. 157, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7888 — HABEAS CORPUS Nº 1.035.266-3/7-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão
de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e
violação de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 7889 — HABEAS CORPUS Nº 1.033.668-3/7-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
73

A E
Voto nº 7890 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 969.535-3/9-00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes (art.
12 da Lei nº 8.072/90), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto nº 7891 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 907.657-3/1-00


— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 7892 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 930.347-3/0-00


— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— Atende à regra do contraditório e, portanto, exime-se da nota de nula, a decisão que
assegura às partes oportunidade de manifestação nos autos, segundo a fórmula
jurídica “audiatur et altera pars” (ouça-se também a parte contrária).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
74

Voto nº 7893 — recurso em sEntido estrito Nº 913.624-3/0-


00
–– Salvo se comprovada a existência de causa objetiva de exclusão de crime que lhe
autorize a absolvição, o acusado de homicídio doloso deve ser julgado pelo
Tribunal do Júri, seu juiz natural e competente (art. 5º, nº XXXVIII, letra “d”, da
Const. Fed.).
–– A retratação singela de confissão extrajudicial não serve para embasar decreto de
impronúncia de acusado de homicídio, se outros indícios prestigiam a imputação.
Para a pronúncia não há mister certeza de autoria, basta-lhe a alta probabilidade
(art. 408 do Cód. Proc. Penal).
— Reza o art. 501 do Cód. Proc. Civil (aplicável ao processo penal por força do
preceito do art. 3º do Cód. Proc. Penal) que “o recorrente poderá, a qualquer
tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”; pelo
que, negócio jurídico unilateral, não há que opor ao pedido de desistência de agravo
em execução, subscrito pela parte e seu advogado.

Voto nº 7894 — HABEAS CORPUS Nº 1.026.396-3/9-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-
lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar
pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de requisitos
objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução (art. 66, nº III,
alínea b, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 7895 — HABEAS CORPUS Nº 1.033.055-3/0-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-
lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
75

Voto nº 7896 — HABEAS CORPUS Nº 1.041.451-3/0-00


— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se defenda
o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao processo.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não sustente
em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-se revogada.
Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de réu, quando
ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que poderá,
no caso de condenação, ter cumprido já a máxima parte de sua pena. Ao demais,
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-lhe
Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 7897 — HABEAS CORPUS Nº 1.015.331-3/8-00


— Remédio processual específico para a tutela das garantias e direitos fundamentais do
indivíduo, é o “habeas corpus” instrumento idôneo para o exame da existência de justa
causa para ação penal. Por seu rito sumário, entretanto, somente enseja o trancamento
de inquérito ou ação penal quando salte aos olhos, desde logo, a atipicidade do fato
argüido de criminoso ou a inocência do acusado (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
–– A apuração da responsabilidade criminal do réu é própria da instância penal do
contraditório; transferi-la para a via heróica do “habeas corpus” seria decidir questão de
mérito, atribuição privativa do Juízo da causa.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido
de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7898 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.027.510-


3/8-00
— “Somente a violação de direito líqüido e certo, pedra angular do instituto, autoriza a
impetração de mandado de segurança” (art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.).
—“A expressão direito líqüido e certo tem o alcance próprio de direito manifesto,
evidente, que exsurge da lei com claridade” (Carlos Alberto Menezes Direito,
Manual do Mandado de Segurança, 4a. ed., p. 66).
–– A falta de elementos de prova que esclareçam o espírito do Juiz acerca da “causa
petendi”, ou estado de fato contrário ao direito, é razão relevante para denegar a tutela
jurisdicional requerida com fundamento na Lei nº 11.340/2006 (“Lei Maria da Penha”).
–– Juristas de alto coturno têm posto o estigma de inconstitucional à Lei nº 11.340/2006
(“Lei Maria da Penha”): “algumas medidas, restrições e sanções previstas na lei,
parecem-nos na contramão do processo histórico-cultural que envolve e conduz o
Direito como instrumento de controle social e solução de conflitos individuais e
interpessoais” (João José Leal, in Revista Jurídica nº 346).
76

Voto nº 7899 — apelação CRiminal Nº 484.317-3/9-00


— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a pena
inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que veda às
expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos (não
importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos (art. 33, §
2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 7900 — recurso em sEntido estrito Nº 477.168-3/1-


00
— Não induz nulidade ao processo aditamento de denúncia que, atribuindo nova
definição jurídica ao fato criminoso (“mutatio libelli”), dá oportunidade à Defesa de
manifestar-se nos termos do art. 384, parág. único, do Código de Processo Penal.
Vem a ponto notar que “o réu se defende da imputação de fato contida na denúncia,
não da classificação do crime feita pelo Promotor de Justiça” (STF; HC nº 56.874;
DJU 8.6.79, p. 4.534).
— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o
acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal).
Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual
de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que
esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a.
ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
— Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante
legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa, que
compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não afastada
de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao ferir a vítima
em região nobre do corpo.
–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se devem
pronunciar, porque matéria de sua competência.
77

Voto nº 7901 — RevisÃo CRIMINAL Nº 846.713-3/4-00


— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art.
594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado
diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-se
o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Eventual excesso da Polícia não implica a impunidade do autor de crime: “pune-se o
responsável pelos excessos cometidos, mas não se absolve o culpado pelo crime
efetivamente comprovado” (Min. Cordeiro Guerra, A Arte de Acusar, 1989, p. 35).
—“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema de livre convencimento que
o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José Frederico Marques,
Elementos de Direito Processual Penal, 1961, vol. II, p. 378).
— Àquele que intenta revisão criminal, ação constitutiva destinada a emendar eventual
erro judiciário, toca demonstrar o desacerto da decisão, à luz das disposições do art.
621 do Cód. Proc. Penal, sob pena de lhe ser indeferida a pretensão.
— Contrária à evidência dos autos é só aquela decisão proferida com total repúdio dos
elementos de prova.
—“No caso de concurso de agentes (...), a decisão de recurso interposto por um dos
réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal,
aproveitará aos outros (art. 580 do Cód. Proc. Penal).
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão
de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto nº 7902 — apelação CRiminal Nº 927.188-3/7-00


— São muito para considerar as palavras da vítima: protagonista do fato delituoso,
quem mais autorizado que ela para descrever-lhe as circunstâncias e, sobretudo,
indicar seu autor?!
— A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo
além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que praticado
por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de extraordinário poder
vulnerante.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed.,
p. 154).
— Forma que é de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição intercorrente (art.
110, § 1º, do Cód. Penal) rescinde a própria sentença condenatória, fulminando-lhe
os efeitos (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
— Acolhida preliminar de extinção de punibilidade do apelante pela prescrição da
pretensão punitiva estatal, todas as mais questões perdem alcance e já não podem
ser objeto de exame nem deliberação (art. 107, nº IV, 1a. figura, do Cód. Penal).
78
A E
Voto nº 7903 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 970.938-3/0-00
— À luz do princípio que, nos casos duvidosos, manda preferir a solução mais benigna
— “in ambiguis rebus humaniorem sententiam sequi oportet” — , não há interpretar
contra o réu engano ou erro a que não deu causa.
— Incensurável é a decisão que, aplicando, por extensão, o art. 133 do Cód. Penal a
hipótese de descumprimento de pena restritiva de direito, declara extinta, pela
prescrição da pretensão executória da pena, a punibilidade da sentenciada, em cujo
nome, por não ocorrer pontualmente à prestação de serviços à comunidade, constava
débito de 61 horas.
— Como o legislador estabeleceu que, “no caso de evadir-se o condenado ou de
revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta
da pena” (art. 113 do Cód. Penal), repugna à lógica jurídica adotar padrão diverso
para a pena restritiva de direito, computando-se-lhe o máximo (e não só o tempo dela
restante).
— “Ubi eadem ratio, ibi eadem legis dispositio: Onde existe a mesma razão
fundamental, prevalece a mesma regra de direito. Os casos idênticos regem-se por
disposições idênticas” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 245).

Voto nº 7904 — HABEAS CORPUS Nº 1.017.777-3/7-00


—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão
por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em
princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei
nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, ns. I e IV, e art. 14, nº II, do
Cód. Penal, não comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do
benefício (art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7905 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.040.035-


3/5-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de
Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
79

Voto nº 7906 — HABEAS CORPUS Nº 1.041.638-3/4-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão
de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e
violação de norma de organização judiciária do Estado.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por latrocínio (art. 157, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7907 — HABEAS CORPUS Nº 1.043.732-3/8-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico,
1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 7908 — HABEAS CORPUS Nº 1.025.119-3/9-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
80

Voto nº 7909 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.027.227-


3/6-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 7910 — HABEAS CORPUS Nº 1.045.096-3/9-00


–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— Nisto de alegação de excesso de prazo, importa muito o princípio de razoabilidade. Faz
ao propósito a lição do competente Damásio E. de Jesus: “é admissível o excesso em
determinadas circunstâncias: a contagem do prazo não deve ser rigorosa” (Código
de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 560).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes a lei equipara a hediondo e, pois, em princípio,
é insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº
81
8.072/90).
82
Voto nº 7911 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.006.998-
3/0-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a agravo
em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como o
dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras inúteis,
conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime da Lei nº
7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por definição, não
podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso
que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP;
6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio, todas
as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em face de
direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes Meirelles, “é
direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 7912 — HABEAS CORPUS Nº 1.038.240-3/0-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido
de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7913 — HABEAS CORPUS Nº 1.037.333-3/8-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior, com os
mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a prestação
jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do litígio, senão mediante
recurso ordinário.
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias
de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa decorre
de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério Público”
(Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
“HABEAS CORPUS” — Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade de
expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo – Improcedência –
Ordem denegada.
— Improcede a argüição de constrangimento ilegal por
excesso de prazo na formação da culpa, se a demora foi provocada pela necessidade de
expedição de carta precatória para inquirir testemunhas, pois se trata de razão superior, que
obsta ao curso regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que, em caso de
83
força maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
84

Voto nº 7914 — HABEAS CORPUS Nº 1.023.430-3/3-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
21a. ed., p. 246).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo),
ou sua autoria, é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório.

Voto nº 7915 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.017.418-


3/0-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 7916 — HABEAS CORPUS Nº 1.041.358-3/6-00


–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
85

A E
Voto nº 7917 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 492.680-3/8-00
— Com a promulgação da Lei nº 10.792/03 (que deu nova redação ao art. 112 da Lei
de Execução Penal), já não é imprescindível a realização do exame criminológico
para efeito de progressão de regime prisional: poderá dispensá-lo o Juiz, com
prudente arbítrio, se lho aconselharem as circunstâncias do caso.
—“É possível, excepcionalmente, considerando a ausência de vaga em estabelecimento
adequado ao cumprimento de pena em regime semi-aberto, conceder-se ao
sentenciado, provisoriamente, a modalidade aberta, na forma que o Juízo das
Execuções julgar mais adequada” (RJTACrimSP, vol. 37, p. 475; rel. Osni de
Souza).

Voto nº 7926 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 906.985-3/0-00


— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— Atende à regra do contraditório e, portanto, exime-se da nota de nula, a decisão que
assegura às partes oportunidade de manifestação nos autos, segundo a fórmula
jurídica “audiatur et altera pars” (ouça-se também a parte contrária).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 7927 — HABEAS CORPUS Nº 1.042.580-3/6-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara
das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de
norma de organização judiciária do Estado.
86

Voto nº 7928 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.017.260-


3/8-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 7929 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.036.336-


3/4-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).
87
Voto nº 7930 — HABEAS CORPUS Nº 1.031.699-3/3-00
“HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade de
expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
— Improcede a argüição de constrangimento ilegal
por excesso de prazo na formação da culpa, se a demora foi provocada pela
necessidade de expedição de carta precatória para inquirir testemunhas, pois se
trata de razão superior, que obsta ao curso regular dos prazos processuais; donde o
haver disposto a lei que, em caso de força maior,“não correrão os prazos” (art.
798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo), é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas
cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória
– Roubo praticado à mão armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da
custódia cautelar – Ordem denegada.
— É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o pratica
insigne desprezo do semelhante, demais de ousadia e maldade. Aliás, liberdade
provisória e roubo são termos que se implicam: dignos dela são unicamente os que
não apresentam o execrável labéu moral da periculosidade, comum aos autores dessa
espécie de crime.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf.
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor
de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 7931 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 876.273-3/0-00


— Segundo a comum doutrina de graves autores, não há continuidade delitiva (art. 71
do Cód. Penal), mas simples reiteração criminosa, se os crimes subseqüentes não
estão ligados aos anteriores por vínculo ideológico.
—“A simples habitualidade delituosa descaracteriza a noção legal do chamado crime
continuado” (STF; HC nº 68.626; rel. Min. Célio Borja; DJU 1º.11.91, p. 15.569).
— Isto de unificação de penas reclama do Magistrado especial prudência e
discernimento, não venha a premiar, com redução drástica e temerária, a duração de
penas de criminosos empedernidos.

A E
Voto nº 7932 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 949.942-3/0-00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que assenta
a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional fechado,
imposto pela sentença condenatória a autor de atentado violento ao pudor (art. 214
do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no
regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698 do
STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão
88
de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
89

Voto nº 7933 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 890.587-3/5-00


— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito do
condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é dogma
científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que, incentivados
por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de crimes, redimiram-
se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social, porque
seria matar-lhe a esperança, que é o último remédio que deixou a natureza a todos
os males (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).

A E
Voto nº 7934 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 907.714-3/2-00
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
90
Voto nº 7935 — apelação CRiminal Nº 484.529-3/6-00
— É ponto elementar da ciência do Direito que o ônus da prova compete àquele que alega
(“onus probandi ei qui dicit”). Isto mesmo dispõe o Código de Processo Penal: “a
prova da alegação incumbirá a quem a fizer” (art. 156).
— Cai nas penas do estelionato, pela manifesta violação do princípio da boa-fé, o agente
que paga mercadoria com cheque alheio falsificado. Não lhe serve de escusa o
argumento de que recebeu o cheque a estranho, se o não comprovou “ad satiem”, pois
esta é comumente a defesa dos que, mediante fraude (falsificação), costumam induzir
incautos a erro para obter vantagem ilícita (art. 171 do Cód. Penal).

Voto nº 7936 — HABEAS CORPUS Nº 1.033.438-3/8-00


— A despeito das vozes contrárias (que contam com adeptos na primeira esfera do
pensamento jurídico do País), a tese de que o procedimento administrativo-fiscal, nos
crimes contra a ordem tributária, constitui pressuposto ou condição de
procedibilidade é a que tem por si o voto majoritário do Supremo Tribunal Federal
(Lei nº 8.137/90).
—“O pagamento do tributo, a qualquer tempo, ainda que após o recebimento da denúncia,
extingue a punibilidade do crime tributário” (STF; Min. Cezar Peluso; Rev. Tribs.,
vol. 824, p. 495).
–– Enquanto se não “constituir, definitivamente, em sede administrativa, o crédito
tributário, não se terá caracterizado, no plano da tipicidade penal, o crime contra a
ordem tributária, tal como previsto no art. 1º da Lei nº 8.137/90” (STF; HC nº
84.092-CE; rel. Min. Celso de Mello).
— Órgão incumbido de promover e fiscalizar a execução da lei (art. 257 do Cód. Proc.
Penal), é de Promotor de Justiça requerer as diligências necessárias à elucidação de
fatos que, em tese, constituam crime, o que o Juiz deferirá, ou não, segundo lho ditar a
consciência e a reta aplicação das regras do Direito.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo), é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas
cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento
de ação penal ou inquérito policial, por falta de justa causa, unicamente se admite
quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu,
ou a sua inocência.
–– Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento de
inquérito policial ou ação penal por alegada ausência de justa causa, quando há
indícios de crime em tese e de sua autoria.

H C
Voto nº 7956 — ABEAS ORPUS Nº 1.041.564-3/6-00
— O crime de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em princípio,
insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art.
408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que se não deva desconsiderar o espírito nem a forma do preceito que obriga o
Juiz a fundamentar suas decisões (art. 93, nº IX, da Const. Fed), impossível é
desautorizar a doutrina do insigne Mário Guimarães: “Certas decisões, também, se
fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a
Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
91

Voto nº 7957 — HABEAS CORPUS Nº 1.040.987-3/9-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7958 –– HABEAS CORPUS Nº 1.033.988-3/7-00


–– De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o réu em
liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII, da Const.
Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o procura conciliar
com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal. Assim, por amor da
segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses sociais, o réu preso em
flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável seu crime e ausentes os
motivos que lhe autorizam a decretação da prisão preventiva.
— Não redunda em constrangimento ilegal despacho que denega liberdade provisória a
autor de furto qualificado, portador de péssimos antecedentes. Ao benefício tem jus
somente o réu primário, de vida exemplar e de nenhuma ou escassa periculosidade.

Voto nº 7959 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.025.054-


3/1-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).
92
Voto nº 7960 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.025.054-
3/1-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como o
dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras inúteis,
conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime da Lei nº
7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por definição, não
podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso
que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP;
6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio, todas as
decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em face de direito
líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes Meirelles, “é direito
comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 7961 — HABEAS CORPUS Nº 1.025.969-3/7-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7962 — HABEAS CORPUS Nº 1.040.906-3/0-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7963 — apelação CRiminal Nº 484.544-3/4-00


— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório
se em harmonia com os mais elementos de prova.
—“Se o réu é confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova. Parte
confessa é parte condenada” (Rui, Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p. 270).
— É réu de estelionato quem, para obter vantagem ilícita, usa documento falso. O
“falsum”, no caso, faz as vezes de delito-meio e, pelo princípio da consunção, é
absorvido pelo estelionato. É a substância da Súmula nº 17 do STJ: “Quando o
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido”.
93

Voto nº 7964 — HABEAS CORPUS Nº 1.036.075-3/2-00


— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do
condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda
vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível,
tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que,
delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o
rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo
aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer
injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em
forma de pena retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7965 — HABEAS CORPUS Nº 1.036.136-3/1-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da ausência de testemunhas, se intimadas na forma da lei, pois não está nas
mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à
realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
94

Voto nº 7967 — HABEAS CORPUS Nº 1.044.556-3/1-00


–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e rito
sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação do regime
prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação penal somente
poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório, segundo a
lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas corpus garantir a
liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a liberdade de locomoção”
(apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda Instância, 1923, p. 390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Instituto de natureza especial e rito sumário, o “habeas corpus”, segundo o comum sentir
dos juristas, não se presta ao exame de questões de alta indagação; pelo que, em seus
raios estreitos, somente pode aferir-se a ilegalidade manifesta “ictu oculi”, ou ao primeiro
olhar, senão impende recorrer à via ordinária, na qual o fato e suas circunstâncias sejam
analisados de espaço e profundamente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar
sem recolher-se à prisão (art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o
art. 393, nº I, do mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da
sentença condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há
dispensar-lhe o benefício do apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa
razão, sendo legítima a sentença que o denega.
–– A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de requisito
indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de roubo incide na
cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 7968 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 931.905-3/5-00


— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º, nº
XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
95

Voto nº 7969 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 908.124-3/7-00


—“Ex vi” do Prov. nº 855/2004, do Conselho Superior da Magistratura, “serão
processadas na Vara das Execuções Criminais da Capital, provisoriamente, todas as
execuções relativas a reeducandos internados na Penitenciária José Parada Neto e
no Presídio Adriano Marrey, situados na Comarca de Guarulhos” (art. 1º).
— Muita vez é na emenda que está o erro (Adágio).
—“Tanto quanto possível, incumbe ao Estado adotar medidas preparatórias ao retorno
do condenado ao convívio social. (...) A ordem jurídica em vigor consagra o direito
do preso de ser transferido para local em que possua suas raízes, visando à
indispensável assistência pelos familiares” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 113, p. 1.049; rel.
Min. Aldir Passarinho).

Voto nº 7970 — apelação CRiminal Nº 434.088-3/1-00


—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação, firme
e segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação” (Rev.
Tribs., vol. 750, p. 682).
— Destituído de natureza formal, o crime de corrupção de menores (art. 1º da Lei nº
2.252/54) não se caracteriza sem a prova da inocência do sujeito passivo, que não se
presume. Só a inocência não vê a serpente debaixo das flores!

Voto nº 7971 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 991.765-3/4-


00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como o
dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras inúteis,
conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime da Lei nº
7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por definição, não
podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p.
588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso
que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP;
6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).
96
Voto nº 7972 — HABEAS CORPUS Nº 1.027.797-3/6-00
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a prestação
jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do litígio, senão
mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 7973 — HABEAS CORPUS Nº 1.048.066-3/4-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66,
nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar pedido
de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de requisitos objetivos
e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução (art. 66, nº III, alínea b,
da Lei de Execução Penal).

Voto nº 7974 — HABEAS CORPUS Nº 1.036.043-3/4-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo), é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe
na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de
furto praticado contra agência bancária (art. 155, § 4º , do Cód. Penal), incide na
97
cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
98
Voto nº 7975 — HABEAS CORPUS Nº 1.036.038-3/4-00
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo), é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe
na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de
furto praticado contra agência bancária (art. 155, § 4º , do Cód. Penal), incide na
cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 7976 — HABEAS CORPUS Nº 1.051.631-3/0-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus”
substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões
de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não
interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P. 2.561).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais
(art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau
de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Consoante orientação do STF (cf. Rev. Tribs., vol. 763, p. 485), não configura
constrangimento ilegal reparável por “habeas corpus” a decisão do Juízo de Direito
da Vara das Execuções Criminais que determina a regressão cautelar e provisória do
condenado, sem sua prévia audiência, em razão de falta grave (art. 50, nº II, da Lei
de Execução Penal).
— O Juiz que determina a regressão do sentenciado ao regime fechado, em caso de falta
grave, não viola a lei, antes a cumpre com pontualidade. Sua decisão, por isso, está ao
abrigo de reforma na via excepcional do “habeas corpus” (art. 118, nº I, da Lei de
99
Execução Penal).
100

Voto nº 7977 — HABEAS CORPUS Nº 1.042.709-3/6-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a prestação
jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do litígio, senão
mediante recurso ordinário.
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
“HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade de
expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
–– Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na formação
da culpa, se a demora foi provocada pela necessidade de expedição de carta
precatória para inquirir testemunhas, pois se trata de razão superior, que obsta ao
curso regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que, em caso de
força maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).

H C
Voto nº 7978 — ABEAS ORPUS Nº 1.040.809-3/8-00
— O crime de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em princípio,
insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não comprovou
possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 408, § 2º, do
Cód. Proc. Penal).
— Ainda que se não deva desconsiderar o espírito nem a forma do preceito que obriga o
Juiz a fundamentar suas decisões (art. 93, nº IX, da Const. Fed), impossível é
desautorizar a doutrina do insigne Mário Guimarães: “Certas decisões, também, se
fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a
Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
101
Voto nº 7979 — HABEAS CORPUS Nº 1.038.425-3/5-00
— Contra o parecer de notáveis juristas, que
sustentam não ser o “habeas corpus” meio apropriado a impugnar decisão de que
caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da impetração, porque,
em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar
abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º,
nº LXVIII, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao
art. 112 da Lei de Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos casos
de pedido de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o Juiz determinar a
realização de exame criminológico no sentenciado, se autor de crime doloso cometido
mediante violência ou grave ameaça, pela presunção de periculosidade (art. 83, parág.
único, do Cód. Penal).

Voto nº 7980 — HABEAS CORPUS Nº 1.042.455-3/6-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de
sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
21a. ed., p. 246).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de
roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
realização de ato processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 7981 — HABEAS CORPUS Nº 1.045.815-3/1-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente,
lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
102
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
103
Voto nº 7991 — apelação CRiminal Nº 399.566-3/0-00
–– A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita espontaneamente
–, basta à fundamentação do edito condenatório.
–– O simples porte de arma de fogo, sem autorização legal tipifica a infração do art. 10,
§ 2º, da Lei nº 9.437/97, independentemente da existência de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira
o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou
regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p.
107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 7992 — HABEAS CORPUS Nº 1.049.025-3/5-00


––“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá
declará-lo de oficio” (art. 61 do Cód. Proc. Penal).
––“A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final (...), regula-se pelo
máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime” (art. 109 do Cód. Penal).
— “Não decorrido o necessário lapso temporal, não se reconhece a prescrição” (STJ;
HC nº 9241/SP; 5a. T., rel. Min. Edson Vidigal; DJU 11.10.99, p.76; v.u).

Voto nº 7993 — HABEAS CORPUS Nº 1.039.682-3/4-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo de
suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de
furto de veículo automotor, nos termos da figura típica do art. 155, § 4º, nº V, do
Cód. Penal, incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
104

Voto nº 7994 — HABEAS CORPUS Nº 1.009.029-3/0-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de
sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
21a. ed., p. 246).
-– Não tem jus à liberdade provisória o autor de extorsão, pela falta de requisito intrínseco:
inocorrência de hipótese que autorize a prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal).
-– A natureza e a gravidade do crime de extorsão mediante seqüestro impedem se outorgue a
seu autor, ainda que primário e de bons antecedentes, o benefício da liberdade
provisória. A defesa dos direitos e interesses da sociedade é que reclama a segregação,
até a decisão final de mérito, daquele que violou profundamente a ordem jurídica (art.
159, § 1º, do Cód. Penal).

Voto nº 7995 — HABEAS CORPUS Nº 1.044.948-3/0-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de
sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento
moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite
quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou
a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que
não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete;
DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de homicídio qualificado não
merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas contas à Justiça, ao termo do devido
processo legal.
105
106

A E
Voto nº 7996 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 956.802-3/8-00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que assenta
a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional fechado,
imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio qualificado (art. 121, § 2º,
ns. I e IV, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no
regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698 do STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto obtida a situação jurídica reclamada (art.
197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 7997 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 909.866-3/0-00


— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito do
condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é dogma
científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que, incentivados por
medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de crimes, redimiram-se de
suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social, porque
seria matar-lhe a esperança, que é o último remédio que deixou a natureza a todos os
males (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).
107

Voto nº 7998 — HABEAS CORPUS Nº 1.048.092-3/2-00


—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão por
excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em
princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, ns. I e IV, e art. 14, nº II, do
Cód. Penal, não comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do
benefício (art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
— Escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 408 do Cód. Proc. Penal: “na hipótese, dada
a natureza do crime (doloso contra a vida), o legislador entendeu necessária a prisão
do acusado, a não ser que apresente as condições da primariedade e dos bons
antecedentes (§ 2º)” (Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 340).

Voto nº 7999 — HABEAS CORPUS Nº 1.038.629-3/6-00


–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório.
Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite quando
comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a
sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— Nisto de alegação de excesso de prazo, importa muito o princípio de razoabilidade. Faz
ao propósito a lição do competente Damásio E. de Jesus: “é admissível o excesso em
determinadas circunstâncias: a contagem do prazo não deve ser rigorosa” (Código
de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 560).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes a lei equipara a hediondo e, pois, em princípio, é
insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
108
Voto nº 8000 — HABEAS CORPUS Nº 1.039.861-3/1-00
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da
ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado de
homicídio qualificado, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
— LIBERDADE PROVISÓRIA – Homicídio qualificado –
Proibição legal – Crime hediondo – Lei n° 8. 072/90.
— Do número dos crimes hediondos, o homicídio
qualificado (mesmo em sua forma tentada) é, por definição legal, insuscetível de
liberdade provisória (art. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
— Enquanto não demonstrada de forma cabal sua inocência,
a liberdade do réu argüido de homicídio qualificado representa inconveniente conspícuo
para os interesses da Justiça e da ordem social, à qual repugna sempre a impunidade de
autor de crime hediondo.

Voto nº 8001 — HABEAS CORPUS Nº 1.046.543-3/7-00


— Unicamente faz jus à liberdade provisória o preso que, havendo cometido delito
afiançável, reúna méritos pessoais; importa ainda não seja o caso de decretação de prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de furto qualificado não merece
recobrar a liberdade, primeiro que dê estritas contas à Justiça, ao termo do devido processo
legal.
— Prisão em flagrante apoiada em auto regular, lavrado com observância dos preceitos legais,
não se relaxa, fora os casos de injustificável excesso de prazo na formação da culpa.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão cautelar,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de
sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo), é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe
109
na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
110

Voto nº 8002 — HABEAS CORPUS Nº 1.034.095-3/9-00


–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 8003 — HABEAS CORPUS Nº 1.030.960-3/8-00


— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso da
ação penal, se o fato imputado ao réu constituir crime e houver indícios suficientes de
sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a
análise de provas para aferir a procedência da alegação de falta de justa causa para a
ação penal; defeso é apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na
dilação probatória.
— Para trancar a ação penal, sob fundamento da
ausência de “fumus boni juris”, há mister se mostre a prova mais clara que a luz
meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se
inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade
criminal do infrator.

Voto nº 8004 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.025.054-


3/1-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como o
dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras inúteis,
conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime da Lei nº
7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por definição, não
podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p.
588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso
que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP;
6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).
111
Voto nº 8006 — RevisÃo CRIMINAL Nº 878.293-3/5-00
— Fraude “é qualquer malicioso subterfúgio para alcançar um fim ilícito” (Nélson
Hungria, Comentários ao Código Penal, 1980, t. VII, p. 169).
— Incorre nas penas de estelionato aquele que, inculcando-se mediador entre as partes em
negócio imobiliário, causa-lhes prejuízo, por fraude e induzimento a erro (art. 171,
“caput”, do Cód. Penal).
— O pedido de revisão criminal, por isso mesmo que põe a mira em romper a coisa julgada,
somente se defere quando amparado em fundamento legal. É mister, pois, demonstre o
peticionário, além de toda a dúvida, que a sentença condenatória infringiu de rosto a prova
dos autos.
— Nisto de revisão criminal prevalece o entendimento de que ao peticionário incumbe
comprovar que a sentença contraveio aos elementos do processo ou infringiu a Lei e a
Justiça, aliás lhe será indeferida a pretensão por amor da autoridade da “res judicata”
(art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal).

R C
Voto nº 8007 — evisÃo RIMINAL Nº 590.477-3/6-00
— Sem fazer tábua rasa do instituto da coisa julgada, deve o Juiz entrar no conhecimento da
causa que lhe é submetida, por prevenir (ou conjurar) possível erro judiciário, o péssimo
dos vícios de julgamento.
—“Errar é humano, e seria crueldade exigir do juiz que acertasse sempre. O erro é um
pressuposto da organização judiciária que, por isso mesmo, instituiu sobre a instância do
julgamento a instância da revisão” (Mílton Campos; apud João Martins de Oliveira,
Revisão Criminal, 1a. ed., p. 63).
— Nunca foram mais verdadeiras, do que naqueles casos em que o réu se obstina a pelejar contra
a evidência de sua culpa, estas palavras de Talleyrand, ministro de Napoleão: A palavra foi
dada ao homem para esconder o pensamento. “La parole a été donnée à l’homme pour
déguiser sa pensée” (apud Giuseppe Fumagalli, Chi l’ha detto?, 1995, p. 485).
— O réu que é deveras inocente não hesita em afirmá-lo desde o primeiro instante. Se, na fase
policial, preferiu remeter-se a obliterado silêncio, nisto mesmo deu a conhecer sua culpa.
É que ninguém, exceto se não estiver em seu acordo e razão, permanece calado, quando
devia falar para defender-se de acusação injusta e infame.
— A palavra da vítima, porque protagonista do fato delituoso, não se recebe geralmente com
reservas, senão como expressão da verdade, que só a prova do erro ou da má-fé pode abalar.
— Tão-só a decisão que se aparte rudemente das provas incorre na pecha de contrária à
evidência dos autos, não a que as mete em conta e avalia segundo a luz da razão lógica
e as regras do Direito.

a C
Voto nº 8008 — pelação Riminal Nº 404.412-3/7-00
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12, “caput”,
da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de perigo concreto.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene
despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e
aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia
do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o
legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras
gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição
da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio
E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
112
Voto nº 8009 — HABEAS CORPUS Nº 1.049.796-3/2-00
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol.
105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos
hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do preceito
do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes Hediondos já
foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 8010 — HABEAS CORPUS Nº 1.044.850-3/3-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias
de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que o prazo de 81 dias,
para a formação da culpa de réu preso, não é fatal nem peremptório: admite-se pequeno
excesso à luz do princípio da razoabilidade, pois não está nas mãos do Juiz, ainda o mais
diligente, prevenir ou remediar todas as dificuldades inerentes ao processo criminal.
— “Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso
de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— Unicamente faz jus à liberdade provisória o preso
que, havendo cometido delito afiançável, reúna méritos pessoais; importa ainda não seja o
caso de decretação de prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de crime de roubo não merece
recobrar a liberdade primeiro que dê estritas contas à Justiça, ao termo do devido processo
legal.

Voto nº 8011 — HABEAS CORPUS Nº 1.047.932-3/0-00


— A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é apenas o protagonista
inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1978,
vol. I, t. II, p. 107), não tem lugar nem prevalece nos casos de tráfico, porque a posse
pretérita de substância entorpecente para consumo de terceiro já aperfeiçoa o tipo do art. 12
da Lei nº 6.368/76.
–– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é acusado de
tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº III, da Lei nº
8.072/90).
–– Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo auto em forma regular,
não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto se decorrido lapso de tempo superior àquele
que a Jurisprudência tem estabelecido como o máximo razoável para o encerramento da
instrução criminal.
–– Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de bons antecedentes,
quando comprovada a ausência de hipótese que autorize a decretação da prisão preventiva
(art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
113

Voto nº 8012 — HABEAS CORPUS Nº 1.015.834-3/3-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior, com
os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a prestação
jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do litígio, senão mediante
recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve outra
vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, vol. II,
p. 588).
—“Não se conhece de “habeas corpus” que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 8013 –– apelação CRiminal Nº 924.918-3/8-00


—“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa assegurada pela
Constituição Federal” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 85, p. 70).
— À luz da jurisprudência do STF e do STJ, a Lei nº 10.259/01 — que instituiu os
Juizados Especiais Criminais no âmbito da Justiça Federal — tem aplicação aos
ilícitos penais de menor potencial ofensivo da competência da Justiça Criminal do
Estado. Pelo que, na esfera estadual, faz jus à transação penal o autor de infração a que
é cominada pena detentiva não superior a dois anos, pois o art. 2º, parág. único, da
Lei nº 10.259/01 revogou o art. 61 da Lei nº 9.099/95, ao modificar o conceito de
infração penal de pequeno potencial ofensivo (art. 61 da Lei nº 9.099/95; art. 2º,
parág. único, da Lei nº 10.259/01).
— Inferência lógica imediata: não cabe a aplicação da Lei dos Juizados Especiais
Criminais às hipóteses de crimes a que a lei comine pena máxima superior a 2 anos.
— O lapso prescricional dos crimes falimentares é de 2 anos, contados da data do
trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência; ou, na falta desta, de 4
anos, a partir da decretação da quebra.
— Em obséquio à maioridade senil, reduz-se de metade o prazo de prescrição se o
criminoso era, na data da sentença, maior de 70 anos (art. 115 do Cód. Penal).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.
— Muita vez é mister dar de mão a certo escrúpulo e suprir pelo raciocínio lógico o toque
da evidência: à falta de prova plena, bastam indícios veementes, múltiplos e
concordes, para demonstrar a autoria do fato incriminado.
— Na apuração da autoria de crime adotavam os romanos o judicioso critério: “Cui prodest
scelus, is fecit”. Aquele a quem o crime aproveita, esse o cometeu. É a lógica a melhor
das provas.
114

Voto nº 8025 –– AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 977.058-3/5-00


— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de Execução
Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico, “quando o
entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre progressão de
regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX, da
Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— Se o sentenciado cumpriu inteiramente sua pena, carece de legítimo interesse o
pedido de reforma da decisão que lhe concedeu progressão no regime prisional. Em
conseqüência, agravo em execução interposto com essa finalidade está prejudicado,
visto perdeu o objeto (art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8026 –– MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.048.928-


3/9-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito
Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso
que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP;
6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
115

Voto nº 8027 –– MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.034.905-


3/7-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como o
dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras inúteis,
conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime da Lei nº
7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por definição, não
podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p.
588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso
que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP;
6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 8028 –– HABEAS CORPUS Nº 1.040.444-3/1-00


“HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso de
prazo – Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência de
ilegalidade – Ordem denegada.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de
força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta precatória
para o interrogatório do réu.
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo
por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem
sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força
maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e fática
bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema gravidade, a
necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar como que se
presumem.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem
contra si a presunção de periculosidade.
116
Voto nº 8029 –– HABEAS CORPUS Nº 1.047.413-3/1-00
— Remédio processual específico para a tutela das garantias e direitos fundamentais do
indivíduo, é o “habeas corpus” instrumento idôneo para o exame da existência de justa
causa para ação penal. Por seu rito sumário, entretanto, somente enseja o trancamento de
inquérito ou ação penal quando salte aos olhos, desde logo, a atipicidade do fato argüido
de criminoso ou a inocência do acusado (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
–– A apuração da responsabilidade criminal do réu é própria da instância penal do
contraditório; transferi-la para a via heróica do “habeas corpus” seria decidir questão de
mérito, atribuição privativa do Juízo da causa.

Voto nº 8030 –– HABEAS CORPUS Nº 1.029.389-3/9-00


— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do condenado
em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-
aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal situação no
entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua
liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor
da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo
aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria
à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena
retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.

H C
Voto nº 8031 –– ABEAS ORPUS Nº 1.049.755-3/6-00
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de
lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito
da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de
norma de organização judiciária do Estado.
–– O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza específica,
não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime prisional, tarefa em
que somente haverá entender o Juízo da causa ou das Execuções Criminais.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol.
105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
117

H C
Voto nº 8032 –– ABEAS ORPUS Nº 1.045.354-3/7-00
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será decerto
o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe
excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a cujo
número pertence a necessidade de expedição de carta precatória para o interrogatório do
réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível
à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo por
excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre o pode
o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe a lei que
“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa
não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crimes graves, tem contra si a presunção de periculosidade.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a verificação
de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às condições de caráter
subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é insuscetível de
exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe na instância
ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— “Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso
de prazo” (Súmula nº 152 do STF).
118
Voto nº 8033 –– HABEAS CORPUS Nº 1.043.150-3/1-00
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no entanto,
que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a
cujo número pertence a necessidade de expedição de carta precatória para o
interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção de
prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo por
excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre o
pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe a lei
que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é insuscetível de
exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe na instância
ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de
sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas
decisões, ninguém ainda ousou contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro
Mário Guimarães, do Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas
decisões, também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 8034 –– apelação CRiminal Nº 439.694-3/3-00


— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de eventuais
defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas (“regina
probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe reconhece
a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de decreto condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira
o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou
regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p.
119
107).
120

Voto nº 8035 –– apelação CRiminal Nº 451.340-3/7-00


— Merece confirmada, por sua base legítima, a sentença que condena como infrator do
art. 16 da Lei de Tóxicos o indivíduo preso em flagrante, naquelas circunstâncias que a
doutrina clássica denomina “certeza visual do crime”.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.
— Se a ação instaurada contra o réu não foi decidida pelo Juizado Especial Criminal,
mas pelo Juízo comum, por força que falecerá competência à Turma Recursal
Criminal para julgá-la em grau de apelação (art. 82, da Lei nº 9.099/95).

Voto nº 8036 –– MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.042.756-


3/00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como o
dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras inúteis,
conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime da Lei nº
7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por definição, não
podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p.
588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso
que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP;
6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 8037 –– HABEAS CORPUS Nº 1.053.509-3/9-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente,
lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
121

Voto nº 8038 –– HABEAS CORPUS Nº 1.050.063-3/0-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente,
lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

H C
Voto nº 8040 –– ABEAS ORPUS Nº 1.049.540-3/5-00
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o réu
em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,
da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o
procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal. Assim,
por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses sociais, o
réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável seu crime e
ausentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.
–– “Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato IV, cena I,
v. 27).
— Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o empresário do
crime”, e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada” (“apud” Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 630).

Voto nº 8041 –– HABEAS CORPUS Nº 1.032.800-3/3-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sum aríssima e
estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara
das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de norma
de organização judiciária do Estado.
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus”
substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões
de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não
interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P. 2.561).
122

H C
Voto nº 8042 –– ABEAS ORPUS Nº 1.003.676-3/9-00
–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e rito
sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação do regime
prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação penal somente
poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório, segundo
a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas corpus garantir a
liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a liberdade de locomoção”
(apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda Instância, 1923, p. 390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que se não
toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está devidamente
instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed.,
vol. IV, p. 417).

Voto nº 8043 –– HABEAS CORPUS Nº 1.052.564-3/1-00


–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade provisória
(art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o empresário do
crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada” (“apud” Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 687).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 21a. ed., p. 246).
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o réu
em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,
da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o
procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal. Assim,
por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses sociais, o
réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável seu crime e
ausentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.

Você também pode gostar