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A E
Voto nº 7684 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 912.707-3/2-00
— O art. 50, nº VI, da Lei de Execução Penal, com ser norma penal em branco, permite a
inclusão de novas modalidades infracionais, v.g., a utilização de telefone celular por
preso, no interior da cadeia. Fator e ocasião de quebra da disciplina carcerária – visto
que, ao alcance de integrantes de organizações criminosas, o telefone celular serve a
fomentar rebeliões nos presídios, com risco da segurança pública e da ordem social –, a
proibição de seu uso, estabelecida pela Resolução nº 113/2003, da Secretaria da
Administração Penitenciária, é ao mesmo tempo útil e necessária. Sua inobservância
implica, sem dúvida, falta disciplinar grave, sujeita ao rigor da lei (art. 50, nº VI, e 39,
ns. II e V, da Lei de Execução Penal).
A E
Voto nº 7685 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 919.057-3/6-00
— Incensurável – porque não apenas legítima e justa, senão sábia – é a decisão que
substitui por prestação pecuniária, consistente em doação de cesta básica, a
prestação de serviços à comunidade imposta a autor de apropriação indébita, que
não podia cumprir as determinações da Justiça sem notável prejuízo de suas
atividades.
— Não esqueça aos aplicadores do Direito a advertência de Anatole France: “Se a lei
é morta, deve-lhe o Juiz dar vida”.
A
Voto nº 7762 — GRAVO EM EXECUÇÃO Nº 954.504-3/3-00
— Reza o art. 501 do Cód. Proc. Civil (aplicável ao processo penal por força do
preceito do art. 3º do Cód. Proc. Penal) que “o recorrente poderá, a qualquer
tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”; pelo
que, negócio jurídico unilateral, não há que opor ao pedido de desistência de agravo
em execução, subscrito pela parte e seu advogado.
A E
Voto nº 7776 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 890.285-3/7-00
— É doutrina comumente recebida que, sem prova plena e cabal de sua culpa (“lato
sensu”), ninguém pode ser punido. Donde a sabedoria com que obrou o legislador
imperial: “nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para
imposição de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).
—“Ao mesmo Demônio se deve fazer justiça, quando ele a tiver” (Antônio Vieira,
Sermões, 1696, t. XI, p. 295).
— Se já obteve o recorrente aquilo que faz o objeto de agravo em execução, não há
apreciar-lhe o recurso, pela falta de interesse legítimo (art. 659 do Cód. Proc. Penal).
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Voto nº 7778 — ecurso em Entido strito Nº 497.676-3/6-00
— É a apelação o recurso adequado a impugnar a decisão que, nos termos do art. 366 do
Código de Processo Penal, indefere pedido de produção antecipada de prova oral.
Dispõe, com efeito, o art. 593, nº II, do Código de Processo Penal caber apelação “das
decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular”.
— Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é mister
atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se urgentes, para os efeitos do
mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias pessoais das
testemunhas, primeiro que pela tirania implacável do tempo (“sepultura de todas as
coisas”), se devam produzir desde logo, aliás poderão perder-se para sempre.
— Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão estas de
fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto como no
demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que tire ao fim de
abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que urgentes.
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Voto nº 7825 –– ecurso em sEntido estrito Nº 481.919-3/4-
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—“É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida no
recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício” (Súmula nº 160 do
STF).
— Pode o Tribunal, por aplicação analógica do art. 463, nº I, do Cód. Proc. Civil,
emendar erro material da pronúncia, que não faz menção expressa de circunstância
qualificativa do homicídio.
—“O projeto não deixa respiradouro para o frívolo curialismo, que se compraz em
espiolhar nulidades. É consagrado o princípio geral de que nenhuma nulidade
ocorre se não há prejuízo para a acusação ou a defesa” (Francisco Campos,
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº XVII).
— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o
acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal).
Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual
de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que
esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a.
ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
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Voto nº 7828 –– ecurso em sEntido estrito Nº 412.595-3/4-
00
— Não é de bom exemplo antecipar o exame do mérito à produção da prova com o intuito
de aferir prescrição virtual, que isto implica descaso pela obrigatoriedade da ação penal
e violação grave da primeira garantia de todo o acusado: ter oportunidade de comprovar
sua inocência.
— Se a pena ainda não foi concretizada na sentença, não há reconhecer prescrição,
antecipadamente, com fundamento em juízo de provável condenação, visto como pode
suceder que o réu venha a ser absolvido, o que terá por benefício de maior quilate que a
extinção de sua punibilidade pela porta ampla da prescrição.
— Ao revogar o art. 16 da Lei nº 6.368/76, o art. 28 da Lei nº 11.343/2006 (Nova Lei de
Tóxicos) — que define a posse para consumo pessoal de substância entorpecente —
realizou “novatio legis in melius”, com mitigar a sanção jurídico-penal prevista para o tipo;
assim, tem eficácia retroativa, por força do princípio constitucional da retroatividade da lei
benigna (art. 5º , nº XL, da Const. Fed. e art. 2º, parág. único, do Cód. Penal).
—“Admite-se a combinação de leis (...). Se ele (o juiz) pode escolher uma ou outra lei para
obedecer ao mandamento constitucional da aplicação da lex mitior, nada o impede de
efetuar a combinação delas, com o que estaria mais profundamente seguindo o preceito
da Carta Magna” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 11).
A E
Voto nº 7890 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 969.535-3/9-00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes (art.
12 da Lei nº 8.072/90), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
A E
Voto nº 7917 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 492.680-3/8-00
— Com a promulgação da Lei nº 10.792/03 (que deu nova redação ao art. 112 da Lei
de Execução Penal), já não é imprescindível a realização do exame criminológico
para efeito de progressão de regime prisional: poderá dispensá-lo o Juiz, com
prudente arbítrio, se lho aconselharem as circunstâncias do caso.
—“É possível, excepcionalmente, considerando a ausência de vaga em estabelecimento
adequado ao cumprimento de pena em regime semi-aberto, conceder-se ao
sentenciado, provisoriamente, a modalidade aberta, na forma que o Juízo das
Execuções julgar mais adequada” (RJTACrimSP, vol. 37, p. 475; rel. Osni de
Souza).
A E
Voto nº 7932 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 949.942-3/0-00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que assenta
a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional fechado,
imposto pela sentença condenatória a autor de atentado violento ao pudor (art. 214
do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no
regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698 do
STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão
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de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
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A E
Voto nº 7934 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 907.714-3/2-00
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
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Voto nº 7935 — apelação CRiminal Nº 484.529-3/6-00
— É ponto elementar da ciência do Direito que o ônus da prova compete àquele que alega
(“onus probandi ei qui dicit”). Isto mesmo dispõe o Código de Processo Penal: “a
prova da alegação incumbirá a quem a fizer” (art. 156).
— Cai nas penas do estelionato, pela manifesta violação do princípio da boa-fé, o agente
que paga mercadoria com cheque alheio falsificado. Não lhe serve de escusa o
argumento de que recebeu o cheque a estranho, se o não comprovou “ad satiem”, pois
esta é comumente a defesa dos que, mediante fraude (falsificação), costumam induzir
incautos a erro para obter vantagem ilícita (art. 171 do Cód. Penal).
H C
Voto nº 7956 — ABEAS ORPUS Nº 1.041.564-3/6-00
— O crime de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em princípio,
insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art.
408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que se não deva desconsiderar o espírito nem a forma do preceito que obriga o
Juiz a fundamentar suas decisões (art. 93, nº IX, da Const. Fed), impossível é
desautorizar a doutrina do insigne Mário Guimarães: “Certas decisões, também, se
fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a
Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
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H C
Voto nº 7978 — ABEAS ORPUS Nº 1.040.809-3/8-00
— O crime de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em princípio,
insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não comprovou
possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 408, § 2º, do
Cód. Proc. Penal).
— Ainda que se não deva desconsiderar o espírito nem a forma do preceito que obriga o
Juiz a fundamentar suas decisões (art. 93, nº IX, da Const. Fed), impossível é
desautorizar a doutrina do insigne Mário Guimarães: “Certas decisões, também, se
fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a
Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
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Voto nº 7979 — HABEAS CORPUS Nº 1.038.425-3/5-00
— Contra o parecer de notáveis juristas, que
sustentam não ser o “habeas corpus” meio apropriado a impugnar decisão de que
caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da impetração, porque,
em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar
abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º,
nº LXVIII, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao
art. 112 da Lei de Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos casos
de pedido de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o Juiz determinar a
realização de exame criminológico no sentenciado, se autor de crime doloso cometido
mediante violência ou grave ameaça, pela presunção de periculosidade (art. 83, parág.
único, do Cód. Penal).
A E
Voto nº 7996 — GRAVO EM XECUÇÃO Nº 956.802-3/8-00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que assenta
a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional fechado,
imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio qualificado (art. 121, § 2º,
ns. I e IV, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no
regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698 do STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto obtida a situação jurídica reclamada (art.
197 da Lei de Execução Penal).
R C
Voto nº 8007 — evisÃo RIMINAL Nº 590.477-3/6-00
— Sem fazer tábua rasa do instituto da coisa julgada, deve o Juiz entrar no conhecimento da
causa que lhe é submetida, por prevenir (ou conjurar) possível erro judiciário, o péssimo
dos vícios de julgamento.
—“Errar é humano, e seria crueldade exigir do juiz que acertasse sempre. O erro é um
pressuposto da organização judiciária que, por isso mesmo, instituiu sobre a instância do
julgamento a instância da revisão” (Mílton Campos; apud João Martins de Oliveira,
Revisão Criminal, 1a. ed., p. 63).
— Nunca foram mais verdadeiras, do que naqueles casos em que o réu se obstina a pelejar contra
a evidência de sua culpa, estas palavras de Talleyrand, ministro de Napoleão: A palavra foi
dada ao homem para esconder o pensamento. “La parole a été donnée à l’homme pour
déguiser sa pensée” (apud Giuseppe Fumagalli, Chi l’ha detto?, 1995, p. 485).
— O réu que é deveras inocente não hesita em afirmá-lo desde o primeiro instante. Se, na fase
policial, preferiu remeter-se a obliterado silêncio, nisto mesmo deu a conhecer sua culpa.
É que ninguém, exceto se não estiver em seu acordo e razão, permanece calado, quando
devia falar para defender-se de acusação injusta e infame.
— A palavra da vítima, porque protagonista do fato delituoso, não se recebe geralmente com
reservas, senão como expressão da verdade, que só a prova do erro ou da má-fé pode abalar.
— Tão-só a decisão que se aparte rudemente das provas incorre na pecha de contrária à
evidência dos autos, não a que as mete em conta e avalia segundo a luz da razão lógica
e as regras do Direito.
a C
Voto nº 8008 — pelação Riminal Nº 404.412-3/7-00
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12, “caput”,
da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de perigo concreto.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene
despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e
aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia
do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o
legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras
gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição
da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio
E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
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Voto nº 8009 — HABEAS CORPUS Nº 1.049.796-3/2-00
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol.
105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos
hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do preceito
do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes Hediondos já
foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.
H C
Voto nº 8031 –– ABEAS ORPUS Nº 1.049.755-3/6-00
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de
lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito
da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de
norma de organização judiciária do Estado.
–– O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza específica,
não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime prisional, tarefa em
que somente haverá entender o Juízo da causa ou das Execuções Criminais.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol.
105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
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H C
Voto nº 8032 –– ABEAS ORPUS Nº 1.045.354-3/7-00
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será decerto
o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe
excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a cujo
número pertence a necessidade de expedição de carta precatória para o interrogatório do
réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível
à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo por
excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre o pode
o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe a lei que
“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa
não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crimes graves, tem contra si a presunção de periculosidade.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a verificação
de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às condições de caráter
subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é insuscetível de
exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe na instância
ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— “Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso
de prazo” (Súmula nº 152 do STF).
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Voto nº 8033 –– HABEAS CORPUS Nº 1.043.150-3/1-00
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no entanto,
que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a
cujo número pertence a necessidade de expedição de carta precatória para o
interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção de
prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo por
excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre o
pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe a lei
que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é insuscetível de
exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe na instância
ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de
sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas
decisões, ninguém ainda ousou contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro
Mário Guimarães, do Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas
decisões, também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
H C
Voto nº 8040 –– ABEAS ORPUS Nº 1.049.540-3/5-00
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o réu
em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,
da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o
procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal. Assim,
por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses sociais, o
réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável seu crime e
ausentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.
–– “Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato IV, cena I,
v. 27).
— Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o empresário do
crime”, e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada” (“apud” Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 630).
H C
Voto nº 8042 –– ABEAS ORPUS Nº 1.003.676-3/9-00
–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e rito
sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação do regime
prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação penal somente
poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório, segundo
a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas corpus garantir a
liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a liberdade de locomoção”
(apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda Instância, 1923, p. 390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que se não
toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está devidamente
instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed.,
vol. IV, p. 417).