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Série Gênesis – Passos tortos pelo Caminho reto – Mensagem 24

Série Gênesis – Passos tortos pelo Caminho reto – Mensagem 241

Shalom!
(Texto: Gn 26:1~35)

1. Introdução.

Era uma vez um rei que ofereceu um prêmio ao artista que pintasse o melhor quadro que
representasse a paz. Muitos artistas tentaram. O rei olhou todos os quadros, mas apenas
gostou mesmo de dois, e teve de escolher entre ambos.

Um quadro retratava um lago sereno. O lago era um espelho perfeito das altas e
pacíficas montanhas a sua volta, encimado por um céu azul com nuvens brancas como
algodão. Todos os que viram este quadro acharam que ele era um perfeito retrato da paz.

O outro quadro também tinha montanhas. Mas eram escarpadas e calvas. Acima havia
um céu ameaçador do qual caía chuva, e no qual brincavam relâmpagos. Da encosta da
montanha caía uma cachoeira espumante. Não parecia nada pacífica.

Mas quando o rei olhou, ele viu ao lado da cachoeira um pequeno arbusto crescendo
numa fenda da rocha. No arbusto uma mãe pássaro havia feito seu ninho. Lá, no meio
da turbulência da água feroz, se instalara a mãe pássaro em seu ninho em perfeita paz.

Qual pintura você acha que ganhou o prêmio? O rei escolheu a segunda. Sabe por quê?
"Porque," explicou o rei, "paz não significa estar num lugar onde não há barulho,
problemas ou trabalho duro. Paz significa estar no meio disso tudo e ainda estar calmo
no seu coração. Este é o significado real da paz".2

Há uma palavra no hebraico, a língua em que foi escrita no antigo Testamento, que
expressa essa idéia de paz que é "Shalom". Essa palavra que é traduzida comumente
como "paz" ocorre 250 vezes em 213 versículos, possui muitos significados: pode
significar "ausência de contenda", "inteireza, integridade, harmonia e realização". No
shalom, encontramos implícita a idéia e relacionamentos não abalados com outras
pessoas e de sucesso da pessoa nas suas empreitadas3.

Quem está dentro da aliança de Deus, é como o filhote alimentado por sua mãe no ninho.
Mesmo que esse ninho se encontre no meio de uma cachoeira, o filhote não ficará
abalado, porque tudo o que ele precisa está lá. Esse é o exemplo que temos hoje da curta
narrativa da vida de Isaque. Ele foi um homem de acordos, de alianças, de paz. E por
mais que tentassem desestabilizá-lo, o que mantinha Isaque firme no shalom era a
certeza que Deus estava com ele.

O que o mundo busca mesmo é paz. Paz consigo, com o meio em que ele vive, com os
outros... Porém, a única paz que podemos ter vem apenas de Deus. Essa paz não implica
em ausência de problemas e tribulações, mas sim, a nossa total e completa certeza de
que se Deus está conosco. Paz essa que vem como cumprimento das promessas de Deus
na vida de Isaque, e que vem como conseqüência de uma vida que confia Nele.

1
Pregado no MEP dia 29 de agosto de 2010.
2
Retirado de http://www.inclusao.com.br/projeto_textos_18.htm, acessado em 26.08.2010.
3
Cf, DITAT, verbete ~Alv'.

Paulo Sung Ho Won – www.sunghojd.blogspot.com


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2. Exposição do texto. (Gn 26:1~35)

1. A imitando o mesmo erro, mas também o mesmo acerto.

Dos versículos 1~20 vemos o começo da história de Isaque, relatado após a morte de
seu pai Abraão. No capítulo anterior, embora a história de Isaque já tivesse começado, o
foco da história foi o nascimento e o crescimento de Jacó e Esaú. Parace que o autor de
Genesis faz um feedback histórico para contar um pouco da história de Isaque mesmo,
que ele havia omitido no começo. Ao que parece essa história aconteceu antes de Esaú e
Jacó nascerem4.

"Houve fome naquela terra, como tinha acontecido no tempo de Abraão. Por isso
Isaque foi para Gerar, onde Abimeleque era o rei dos filisteus." (vr. 1).

O plano parece ter sido ir até o Egito, um país onde havia sempre abundância de cereais
por causa do Rio Nilo. Para isso, Isaque desceu ao sul, em direção à terra os filisteus.
Porém, Deus o proibiu de descer ao Egito, e por isso, Isaque ficou por lá mesmo. Deus
ratificou mais uma vez a promessa para Isaque nos seguintes termos: "Permaneça nesta
terra mais um pouco, e eu estarei com você5 e o abençoarei. Porque a você e a seus
descendentes darei todas estas terras e confirmarei o juramento que fiz a seu pai,
Abraão. Tornarei seus descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e lhes darei
todas estas terras; e por meio da sua descendência todos os povos da terra serão
abençoados, porque Abraão me obedeceu e guardou meus preceitos, meus
mandamentos, meus decretos e minhas leis." (vss 3~5). Deus revela que o motivo de
Isaque herdar a promessa de Abraão está no fato de Abraão tê-Lo obedecido. Essa
obediência seria também uma marca na vida de Isaque.

Ao chegar à terra dos filisteus, Isaque teve um problema, aquele mesmo problema que
por duas vezes seu pai tivera: a beleza de sua esposa. Ao que parece, à semelhança de
Sara, Rebeca era uma mulher extremamente bonita, aliás, o seu nome significa
justamente isso. E o plano se repetiu mais uma vez: Rebeca tinha de fingir ser irmã, e
não esposa, de Isaque.

O relato bíblico continua: "Isaque estava em Gerar já fazia muito tempo. Certo dia,
Abimeleque, rei dos filisteus, estava olhando do alto de uma janela quando viu Isaque
acariciando Rebeca, sua mulher. Então Abimeleque chamou Isaque e lhe disse: “Na
verdade ela é tua mulher! Por que me disseste que ela era tua irmã?”" (vss. 8,9). A
mentira sempre tem pernas curtas. Em um momento de intimidade entre os dois,
Abimeleque viu que eles não poderiam ser apenas irmãos, porque o sentido de
"acariciar", ou em outras versões "brincar"6 (cf. e.g., ARA), só poderia ser um tocar
mais íntimo, no mínimo.

O perigo era que naquela longa estada de Isaque em Gerar, alguém poderia muito bem
ter violentado sexualmente Rebeca trazendo sobre os filisteus uma maldição de Deus.

4
Cf. WBC.
5
Wenham nota que é a primeira vez que essa expressão é usada. Ela será repetidamente utilizada também com
relação a Jacó, cf. WBC pag 189.
6
No hebraico qxec;m. é considerado um eufemismo para uma intimidade apropriada apenas para casados. Há um jogo
de palavras com o próprio nome de Isaque, cf. WBC pag 190.

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Embora Isaque tenha errado em não dizer a verdade, Deus foi misericordioso e fiel em
manter Rebeca a salvo, afinal, Deus tinha um propósito para a vida deles.

2. Fugindo de mais confusões.

Solucionados os problemas com Abimeleque, rei dos filisteus, Isaque experimentou um


período cheio das bênçãos de Deus: "Isaque formou lavoura naquela terra e no mesmo
ano colheu a cem por um, porque o SENHOR o abençoou7. O homem enriqueceu, e a sua
riqueza continuou a aumentar, até que ficou riquíssimo. Possuía tantos rebanhos e
servos que os filisteus o invejavam. Estes taparam todos os poços que os servos de
Abraão, pai de Isaque, tinham cavado na sua época, enchendo-os de terra." (vss.
12~15).

Isaque conseguia ter um êxito de 100 vezes sobre o que os filisteus tiveram. Essa
bênção material era conseqüência direta da obediência de Isaque em relação à ordem de
Deus de ficar naquela região. Quando obedecemos àquilo que Deus deseja, podemos
desfrutar das bênçãos de Deus. As bênçãos materiais de Isaque eram prova visível da
presença constante de Deus em sua vida. Isso não quer dizer que a riqueza material seja
a única maneira de provarmos que Deus está conosco, como dizem os adeptos à
"teologia da prosperidade". Se Isaque imitou um erro de seu pai, ele imitou também
uma virtude muito importante que era obedecer a Deus (cf. vr. 5).

Isaque era uma pessoa de shalom. Ele tinha prosperidade econômica, devido à sua
obediência e fidelidade a Deus. Porém essa paz que ele tinha não significava que os
problemas deixaram de existir. Muito pelo contrario. Vendo sua grande riqueza, os
filisteus começaram a invejá-lo.

Repare na diferença que o escritor de provérbios estabelece entre inveja e paz: "O
coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos. " (Pv 14:30)

A benção de Deus na vida de alguém, principalmente material, sempre gera inveja por
parte de algumas pessoas. A inveja faz parte da natureza pecaminosa do ser humano.
Vendo que um estrangeiro estava construindo uma riqueza muito maior do que os deles,
os filisteus ficaram muito insatisfeitos com a situação. Eles ficaram com tanta inveja do
sucesso e da prosperidade de Isaque que começaram a sabotar os poços d'água tapando-
os com terra. Além da inveja, eles se sentiram ameaçados, porque, afinal, era um
estrangeiro no meio deles enriquecendo e se tornando mais poderoso do que eles. É o
mesmo que aconteceu quando o povo de Israel prosperou no Egito em Êxodo.

Vendo que Isaque estava ficando cada vez mais rico, e para evitar um problema ainda
maior com o seu próprio povo, Abimeleque convidou Isaque a se distanciar do meio
deles: "Então Abimeleque pediu a Isaque: “Sai de nossa terra, pois já és poderoso
demais para nós”. Por isso Isaque mudou-se de lá, acampou no vale de Gerar e ali se
estabeleceu." (vss 16~17). Embora de maneira injusta, Isaque fez o que Abimeleque o
pediu, e foi-se para o vale de Gerar.

3. Solucionando o problema com os invejosos.

7
Cf. Wenham, é só a terceira vez que a expressão é usada para indicar a realidade física da bênção anteriormente
prometida. WBC pag 191.

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Como Isaque poderia resolver aquela situação? "Isaque reabriu os poços cavados no
tempo de seu pai Abraão, os quais os filisteus fecharam depois que Abraão morreu, e
deu-lhes os mesmos nomes que seu pai lhes tinha dado" (vr. 18). Mesmo diante da
injustiça a qual estava sendo vítima, Isaque não retribuiu na mesma moeda.

Pacientemente, cavou novamente os poços que foram fechados pelos seus adversários.
Em nenhum momento vemos uma reação mais hostil de Isaque, mas sim, uma pessoa
serena e cheia de paz. Talvez ele não quisesse arrumar confusão com os nativos da terra.
Mas mais do que isso, Isaque mostrou na prática como nós, que tememos a Deus,
devemos encarar nossas adversidades e nossos opositores.

Na vida, com certeza, teremos pessoas assim por perto. Pessoas que ao invés de nos
ajudarem, farão tudo para nos prejudicar. Diante disso, podemos ter duas reações: a
primeira é revidar e se vingar. A segunda é prosseguir em frente. Porém o que a Palavra
de Deus nos ensina é que não devemos pagar o mal com o mal. "Não se deixem vencer
pelo mal, mas vençam o mal com o bem" (Rm 12:21).

O shalom que Isaque tinha não era apenas uma demonstração de sua riqueza e plenitude
material. Pelo contrario, se manifestava também nas suas ações. Isaque não queria
conflito com seus vizinhos. Ao invés dele revidar, pois estaria no direito de fazer isso,
ele resolveu ceder e vencer o mal com o bem. Quer prova maior que ele era um homem
cheio de shalom?

"Os servos de Isaque cavaram no vale e descobriram um veio d’água. Mas os pastores
de Gerar discutiram com os pastores de Isaque, dizendo: “A água é nossa!” Por isso
Isaque deu ao poço o nome de Eseque, porque discutiram por causa dele. Então os seus
servos cavaram outro poço, mas eles também discutiram por causa dele; por isso o
chamou Sitna8." (vss 19~21). Mais uma vez Isaque cavou um poço. Ele encontrou um
importante veio d'água. Você pode imaginar como a água era importante e questão de
sobrevivência em um deserto? Pois bem, novamente, os filisteus vieram e reivindicaram
aquela água para si. Mas não foi Isaque que encontrou aquela água? Para os filisteus não
importava. Eles discutiram, porém, mais uma vez, Isaque abriu mão daquilo que era seu.
Era o peço de Eseque. Saindo dali, de novo isso se repetiu: era o poço de Sitna. Mas por
que Isaque teve essas atitudes?

4. Como tratar um opositor? A melhor arma é a paz!

A narrativa continua. Aparentemente derrotado, "Isaque mudou-se dali e cavou outro


poço, e ninguém discutiu por causa dele. Deu-lhe o nome de Reobote9, dizendo: “Agora
o SENHOR nos abriu espaço e prosperaremos na terra." (vr. 22). Em todos os poços que
ele havia cavado, Isaque não atribui a Deus aquela conquista. Somente aqui em
Reobote, é que Isaque diz ser Deus aquele que abriu espaço para sua prosperidade a
partir de então.

Isaque sabia onde era o lugar que Deus queria que ele estivesse. Ele não revidou às
injustiças cometidas a ele porque sabia que nada era ao acaso. Crendo que Deus estava
8
Hebraico hn"j.fi é derivado da raiz verbal cujo significado "opor-se, ser adversário". Cf. NET Bible.
9
Hebraico tAbhor> é derivado da raiz verbal cujo significado é "fazer um lugar". O nome é a lembrança que Deus fez
um lugar para eles. Cf. NET Bible.

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sobre o controle de todas as coisas, Isaque não desanimou com as adversidades que
enfrentou: teve paz em seu coração. E também não teve medo de abrir mão daquilo que
era importante para ele naquele momento. Sabe para onde os olhos de Isaque estavam
focados? Na vontade de Deus.

Isaque cria que Deus era fiel para lhe cumprir aquela promessa feita a seu pai e
ratificada a ele. A experiência que ele teve com Deus forjou um caráter de paz dentro de
seu coração. Baseado nessa fé, Isaque conseguiu superar suas perdas para ganhar algo
que era melhor.

"Dali Isaque foi para Berseba. Naquela noite, o SENHOR lhe apareceu e disse: “Eu sou
o Deus de seu pai Abraão. Não tema, porque estou com você; eu o abençoarei e
multiplicarei os seus descendentes por amor ao meu servo Abraão”. Isaque construiu
nesse lugar um altar e invocou o nome do SENHOR. Ali armou acampamento, e os seus
servos cavaram outro poço." (vss. 23~25). A fé de Isaque foi mais uma vez confirmada
por Deus: "Eu estou com você". Talvez seja uma das frases mais confortadoras que uma
pessoa pode ouvir. Isaque não precisava ter medo, como teve ao mentir sobre a
identidade de Rebeca. Isaque podia descansar em shalom. E qual é o segredo da paz de
Isaque? A certeza de que por onde quer que ele fosse, e sob qualquer circunstância,
Deus estava com ele. Deus não havia esquecido do trato que Ele fizera com Abraão.
Pelo seu amor leal, Deus também não desampararia Isaque, filho da promessa.

À semelhança de Abraão, Isaque construiu um altar de adoração a Deus. Ambos podiam


fazer isso porque eles sabiam quem Deus era. Diante do fato de quem Deus é, a única
coisa que nos resta a fazer é adorá-Lo.

5. Paz: marca de Deus à vista dos adversários.

"Por aquele tempo, veio a ele Abimeleque, de Gerar, com Auzate, seu conselheiro
pessoal, e Ficol, o comandante dos seus exércitos. Isaque lhes perguntou: “Por que me
vieram ver, uma vez que foram hostis e me mandaram embora?”" (vss. 26,27).

Depois de algum tempo, Abimeleque e sua comitiva vieram visitar Isaque. Mas que
coisa estranha? Como uma pessoa que expulsou Isaque poderia visitá-lo? Foi
justamente a indagação que Isaque fez a Abimeleque. Porém, a razão pela qual eles
visitam Isaque deixa muito claro como valeu a pena agüentar calado a fidelidade de
Deus: "“Vimos claramente que o SENHOR está contigo; por isso dissemos: Façamos um
juramento entre nós. Queremos firmar um acordo contigo: 29 Tu não nos farás mal,
assim como nada te fizemos, mas sempre te tratamos bem e te despedimos em paz.
Agora sabemos que o SENHOR te tem abençoado”" (vss. 28,29).

A benção de Deus sobre a vida de Isaque era visível aos olhos dos seus adversários.
Eles sabiam antes de expulsarem Isaque de suas terras que Isaque era uma pessoa
abençoada. Por que agora esse reconhecimento?

Os filisteus não somente estavam reconhecendo a riqueza de Isaque, mas,


prioritariamente, que Deus estava do seu lado. Como eles enxergaram isso? Através das
atitudes que Isaque teve em relação a eles. A paz que Isaque demonstrou os seus
relacionamentos funcionou como uma seta que apontava para Deus (a paz aponta para
Deus porque só Deus pode dar o verdadeiro shalom).

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É lógico que eles não eram tolos de ficar contra Deus, numa época em que a abundância
de colheita e uma vida de prosperidade era creditadas aos deuses. Eles vieram propor
acordo com Isaque porque queriam de alguma forma, serem beneficiados também pelas
bênçãos que Isaque experimentava.

"Então Isaque ofereceu-lhes um banquete, e eles comeram e beberam. Na manhã


seguinte os dois fizeram juramento. Depois Isaque os despediu e partiram em paz.10"
(vss. 30,31). Como bons semitas, o acordo terminou em um grande banquete. O acordo
de paz foi selado e ambos, Isaque e Abimeleque podiam voltar para suas casas "em paz".

Conclusão: Bem-aventurados os pacificadores!

"Naquele mesmo dia os servos de Isaque vieram falar-lhe sobre o poço que tinham
cavado, e disseram: “Achamos água!”. Isaque deu-lhe o nome de Seba e, por isso, até
o dia de hoje aquela cidade é conhecida como Berseba11." (vss. 32,33)

Finalmente, a paz estava selada entre Isaque e Abimeleque. Logo apos o acordo, os
servos de Isaque contaram uma novidade: haviam achado uma fonte de água, a qual
Isaque deu o nome de Seba que originou a cidade de Berseba. Devemos prestar atenção
a fato de que a paz que temos em relação a outras pessoas também é muito importante
para que na minha vida possa gozar de uma paz. Conflitos sempre existirão. Porém, a
paz que só pode vir de Deus, o shalom, nos faz vencer qualquer tipo de barreira.

Ter paz com os outros não é questão de escolha, mas um mandamento. Dizia Ghandi
que "Não existe um Caminho para a paz. A paz é o Caminho"12. Talvez Ghandi tenha
aprendido esse conceito através do sermão da montanha, que era um dos seus textos
favoritos. A fé é algo que temos de ter em relação a outras pessoas. O autor de Hebreus
nos ensina que devemos seguir a paz com todos os homens e a santidade em relação a
Deus (cf. Hb 12:14). O que Isaque fez não é um modelo a ser seguido, mas sim, o
modelo. Aliás, foi esse o modelo que Jesus no ensinou:

"Bem-aventurados
os pacificadores,
pois serão chamados
filhos de Deus." (Mt 5:9)

Como Isaque, podemos experimentar a paz de Deus em todos os âmbitos de nossa vida.
Essa paz não é um mero estado de espírito, mas transborda em nossos relacionamentos,
em nossas atitudes, e em todas as lacunas de nossa vida. Essa paz que Deus nos dá é
contagiante. Quando somos homens e mulheres cheios de shalom de Deus, os outros
também desejarão gozar dessa mesma paz! "Quando os caminhos de um homem são
agradáveis ao SENHOR, ele faz que até os seus inimigos vivam em paz com ele." (Pv
16:7). Que possamos todos experimentar e viver desse shalom adonai todos os dias!

10
No hebraico, ~Alv'B.. Westermann aponta que ~Alv' adquiri particular ênfase no vr. 29 e novamente em vr. 31.
11
O nome Berseba ([b;v' raeB). significa "poço de um juramento" ou "poço dos sete". De acordo com Gn 21:31, Abraão
deu esse nome por causa do acordo feito com os filisteus. Foi um lugar que valeu como marco de juramento tanto
para Abraão como também para Isaque. Cf. NET Bible.
12
Cf. Wikipedia, verbete Ghandi, acessado em 26.08.2010

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