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Faculdade de Direito
Direito Administrativo
O PODER ADMINISTRATIVO
. A separação de poderes
A CRP acolhe o princípio da separação de podrees nos seus arts. 2.º e 111.º. os
corolários deste princípio são:
A separação dos órgãos administrativos e judiciais.
A incompatibilidade ed magistraturas – não se pode desempenhar.
funções em órgãos administrativos e judiciais ao mesmo tempo.
A independência recíproca da Administração e da Justiça:
- Independência da justiça perante a administração: independência da
magistratura – arts. 203.º e 216.º da CRP; ).
- Independência da administração perante a justiça: art. 268.º; significa
apenas uma «proibição funcional de o juiz afectar a essência do sistema
de administração executiva – não pode ofender a autonomia do poder
administrativo (o núcleo essencial da discricionariedade) nem da
autoridade característica do acto administrativo (em especial, a sua força
de caso decidico, passado o prazo de impugnação)».
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. Manisfestações do poder administrativo
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. Corolários do poder adminstrativo
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SOBRE O PODER ADMINISTRATIVO
. Enumeração
Aparece consignado no art. 266.º, n.º1, 1.ª parte da CRP. O que é o interesse
público?
Pode definir-se como o interesse colectivo, o interesse geral de uma determinada
comunidade, o bem-comum.
Num sentido mais restrito, representa, na esteira de Jean rivero, a esfera das
necessidades a que a iniciativa privada não pode responder e que são vitais para a
comunidade na sua totalidade e para cada um dos seus membros.
Corolários:
É a lei que define os interesses públicos a cargo da Adminstração
(podendo recorrer a conceitos indeterminados para a concretização).
Interesse público é uma noção de conteúdo variável.
Uma vez definido por lei, a sua prossecução é obrigatória.
Delimita a capacidade jurídica das pessoas colectivas pública e a
competência dos órgãos.
O interesse público definido por lei pode constituir motivo
principalmente determinante de qualquer acto da Administração.
A prossecução de interesses privados em vez do interesse público
constitui corrupção (possibilidade de aplicação de sanções e penas).
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.Dever da boa administração,; exigência de adoptar as melhores soluções
possíveis (racionaldiade e eficiência).
. O princípio da legalidade
. Evolução histórica
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Constituição, do Dt. Internacional). É aquilo a que alguns autores
chamam de princípio da jurisdicidade.
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- Impõe neste âmbito uma distinção: Adnministração agressiva
(enquanto poder, autoridade, que impõe sacrifícios aos particulares);
Administração constitutiva (prestadora de serviços e bens,
nomeadamente enquanto serviço público).
- Jesh, estende o princípio da legalidade a todas as actividade da
administração. Wolff, defende que a formulação moderna só se aplica à
administração agressiva – quando se tartar de efectuar prestações no
ãmbito do desenvolvimento económico ou da justiça social, a
Administração Pública poderia fazer o que entender conveniente, desde
que não proibido por lei.
- O prof freitas entende estarem incluídas no princípio da legalidade todas
as manifestações da actividade administrativa, inclusive da admnistração
constitutiva ou prestadora (art. 266.º, n.º2 da CRP). Por outro lado, tb na
esfera própria da administração constitutiva podem ocorrer violações dos
direitos dos particulares.
- Além disso, nem sempre se podem beneficiar todos os particulares ou
beneficiar todos por igual, e os não selecionados têm de poder scorrer-se
da lei, a qual tem de estabelecer critérios.
- Detes modo, a ideia de administração constitutiva ao serviço do
desenvolvimento económico e da justiça social, não é dissociável da
ideia de sacrifício de direitos legalmente protegidos.
- Por último invariavelmente impõe-se a utilização de dinheiros públicos e
nenhuma despesa pública pode ser realizada sem que uma lei autorize
essa despesa.
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Extensão do âmbito da responsabilidade da Administração por acto
ilícito culposo, nomeadamente onde o dano resulte de factos que violem
as regras de ordem técnica e de prudência comum.
Extensão da respondabilidade da Administração aos danos cxausados por
factos casuais, bem como por actos lícitos que imponham encargos ou
prejuízos especiais e anormais aos particulares.
Concessão aos particulares de direitos de participação e informação (art.
100 do CPA).
Imposição do dever de fundamentar em relação aos actos administrativos
que afectem directamente os interesses legalmente protegidos dos
particulares (art. 124.º do CPA).
Abertura aos particulares de um via contenciosa não fundada em
ilegalidade para obter o reconhecimento legítimo.
Referência aos arts. 272.º, n.º3, 22.º, e 21.º da CRP.
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públicas (de vantagem) dos particulares em face da Administração, a que
globalmente se poderá chamar interesses simples.
Aí se incluem interesses diferenciados ocasionais, ou refelxamente
protegidos. Este diferem dos interesses legitímos, porque não são objecto
de qualqer intenção normativa da protecção – nem mesma indirecta.
Cumpre tb mencionar aqueles interesses que não pertencem a pessoas
individualmente consideradas: os interesses semi-diferenciados e os
interesses difusos.
Os primeiros compreendem os «interesses colectivos» – enquanto
interesses de associações de defesa de interesses gerais dos associados -,
e os «interesses locais gerais» - enquanto interesses da generalidade dos
residentes de determinada circunscrição, relativamente aos bens do
domínio público (art. 53.º, n.º1 e n.º2, alínea b), e 160.º do CPA).
. Alcance da distinção
. Preliminares
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Nomeação de um governador civil, pode ser escolhido qualquer cidadão
português. A lei praticamente nada diz, e atribui uma significativa
margem de autonomia à Administração pública. É esta que tem de
decidir segundo os critérios que em cada caso entender mais adequados.
Falamos em discricionariedade
. Natureza
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Fica, portanto, afastada a razão de diferenciar situações de discricionariedade
imprópria, que eram três:
Liberdade probatória.
Discricionariedade técnica.
Justiça burocrática.
O Prof. Freitas distinguia-as, anteriormente, como situações em que, conferindo
um poder jurídico à administração, esta tinha que oexercer procurando a única solução
adequada para o caso.
De forma a explicar melhor tome-nos o exemplo da discricionariedade técnica –
hj os tribunai não podem anular uma decisão com o fundamento de não ser
tecnicamente a mais correcta (não existe controle jurisidicional de mérito). Isto, excepto
se a decisão administrativa for tomada com base em «erro manifesto», ou segundo um
critério «ostensivamente inadmissível» ou «manifestamente desajustado» - aqui entende
o Prof. Freitas ser um caso de desrespeito da porprocionalidade –, porque se entende
que a Administração exorbita dos seus poderes entrando na ilegalidade – o trib. Adm.
pode anular a decisão (mas não substitui-la por outra).
. Fundamento e significado
Não seria lógico que a lei regula-se tudo e que nenhuma margem de
discricionariedade fosse deixada aos órgãos da Administração?
Isso seria no plano pratico impossível. Na maioria dos casos o legislador
reconhece que não lhe é possivel prever antecipadamente todas as
circunstâncias em que a Administração vai ter de actuar: nem lhe é
possível consequentemente dispor acerca das melhores soluções para
prosseguir o interesse público.
Para além de razões praticas existem razões jurídicas. O poder
discricionário visa, antes de tudo, assegurar o tratamento equitativo dos
casos individuais.
O poder discricionário fundamenta-se, afinal, quer no princípio da
separação depoderes, quer na própria concepção do estado Social de
Direito, enquanto Estado prestador e constitutivo de deveres positivos
para a Administração, que não prescinde, antes pressupõe, uma mrgem
de autonomia jurídica.
Qual o significado do poder discricionário? Representará uma excepção
ao princípio da legalidade? Será que poder discricionário signmifica
poder arbitrário?
Não. Hoje o poder discricionário, não é um poder inato, é um poder
derivado da lei. Para além de só existir com fundamento na lei, o poder
discricionário só pode ser exercido por aqueles a quem a lei o atribuir, só
pode ser exercido para o fim com que a lei o confere, e deve ser exercido
de acordo com certos princípios jurídicos de actuação.
È um poder controvável juridicamente.
. Evolução histórica
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. Âmbito
O que é que pode ser discricionário num acto administrativo, quais os aspectos
que podem ser discricionários:
O momento de prática do acto – poderá praticar o acto agora ou mais
tarde.
A decisão de praticar ou não o acto.
A determinação dos factos e interesses relevantes para a decisão – num
n.º cada vez maior de casos o legislador não define ou programa
abstractamente os pressupostos de que depende a actuação
administrativa.
Determinação do conteúdo concreto da decisão a tomar –
discricionariedade de escolha de uma entre várias condutas positivas
possíveis, «quer elas se encontrem preditas na norma (discricionariedade
optativa), quer o legislador se limite a estabelecer um núcleo mínimo
identificador do género de medida, deixando ao executor a invenção do
conteúdo completo do acto («discricionariedade criativa»)».
A forma a adoptar para o acto administrativo.
As formalidades a observar na preparação ou na prática do acto
administrativo.
A fundamentação ou não da decisão (a lei pode impor fundamentação –
art. 124.º do CPA).
Faculdade de apor claúsulas acessórias no acto administrativo (art. 121.º
do CPA).
. Limites
. Controlo do exercício
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Modalidades. – A actividade da Administração está sujeita a vários tipos de
controlos, que podem ser classificados, em controlos de legalidade e controlos de
mérito, e, por outro, em controles jurisdicionais e controlos administrativos.
Controlos de legalidade – visam determinar se a Administração respeitou
a lei ou a violou.
Controlos de mérito – aqueles que visam avaliar o bem fundado das
decisões da Administração, independentemente da sua legalidade.
Controlos jurisdicionais – aqueles que se efectuam através dos
trinbunais.
Controlos administrativs – são realizados por órgãos da Administração.
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atacados contenciosamente com fundamento em qualquer vício do acto
administrativo. Assim:
- Incompetência (a competência do órgão é sempre vinculada).
- Vício de forma, nomeadamente por preterição de formalidades essenciais
que devessem ser observadas antes de tomada a decisão e, em particular,
por falta de fundamentação.
- Fundamento em violação da lei, designadamente por ofensa de quaisquer
limites
Acabamos de enumerar outros aspectos de vinculação do poder
administrativo, e não de discricionariedade.
Assim, não em rigor controlo jurisidiconal do exercício do poder
discricionário mas sim:
- controlo administrativo de mérito sobre o bom e mau uso do poder
discricionário;
- Controlo jurisdicional de legalidade sobre o acatamento ou não das
prescrições legais no exercício de poderes administrativos que, para além
desses aspectos vinculados, sejam poderes discricionários.
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Administração. A Administração está vinculada, isto é, está obrigada a
descobrir qual o sentido da lei (não há discricionariedade).
- Havendo vinculação, existe, ao contrário do que sucede com a
discricionariedade, controlo judicial (o tribunal pode posteriormente
proceder à determinação do conceito).
- O Prof. não tinha essa tese como absoluta (ressalvam-se os casos
excepcionais em que a lei tenha expressamente pretendido conferir à
Administração, através de um conceito vago e indeterminado, um poder
discricionário ou uma margem de liberdade probatória).
Uma mais nítida percepção da heterogeneidade dos conceitos
indeterminados leva, hoje, o Prof. a afirmar que estes não têm todos a
mesma feição, e, designadamente, que a lei se serve para atribuir
discricionariedade à Administração. Temos de distinguir:
- Aqueles cuja concretização envolve apenas interpretação da lei e de
subsunção (expls: período nocturno). Não se dá autonomia à vontade do
decisor; o tribunal poderá anular a decisão.
- Aqueles cuja concretização apela já para «preenchimentos valorativos»
por parte do órgão administrativo aplicador do Direito. Podemos ainda
distinguir:
- Conceitos cuja concretização não exige do órgão administrativo uma
valoração eminentemente pessoal mas sim uma valoração objectiva. Determinar
valorações preexistentes num secto social «dirigente» ou «relevante» (exemplo: algo ser
compatível com os bons costumes). O órgão administrativo guia-se pelas concepções
morais e éticas dominantes. Sendo estas operações semelhantes à interpretação e
subsunção, é possível defender a fiscalização judicial.
- Conceitos que não são determinados, mas enquadrados pela lei, á à
Administração que cabe procurar a solução mais adequada, atendendo ao interesse
público mas seguindo o seu critério (ex: circunstâncias excepcionais e urgentes de
interesse público como motivo de actuação do Gov. Civil). É um espaço de
conformação da Adminstração que não se cinge à fixação dos efeitos da decisão, antes
se alarga igualmente á determinação das próprias condições da decisão. Em caso de
inundação grave a Adminstração pode usar os seguintes meios ... : aqui saber se houve
ou não inundação não é matéria vinculada, é discricionaria (comportando aliás
diferentes soluções). Deve entender-se que a decisão , por desejo do legislador, decorre
duma autónoma vontade do agente administrativo, deve escapar ao controlo do juiz
(embora este deva verificar se a solução encontrada obdeceu às exigências externas da
ordem administrativa).
Só em concreto, por interpretação da lei, se pode determinar a que tipo se
reconduz certo conceito indeterminado.
Se a concretização administrativa de conceitos indeterminados traduz
muitas vezes o exercício de uma actividade de interpretação da lei –
inconfundível com o exercício de poderes discricionários – noutras
(conceitos discricionários) traduz o exercício de verdadeira
discricionariedade, sendo que, quando assim sucede, o tribunal não
poode reapreciar o acto da Administração para lhe substituir outro.
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. B) Remissão da lei para regras extras jurídicas
. O princípio da igualdade
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Impõe-se que se trate de modo igual o que é igual, e de modo diferente o que é
diferente, na medida da diferença. Projecta-se fundamentalmente:
na proibição da discriminação – para se averiguar se uma medida
administrativa é ou não discriminatória segue-se o seguinte esquema:
- perscruta-se, através da intrepertação, o fim visado pela medida
administrativa.
- Isolam-se as categorias que, para realizar tal fim, são, nessa medida,
objecto de tratamento idêntico ou diferenciado.
- Questiona-se se, para a realização do fim tido em vista, é ou não
razoável, á luz dos valores dominantes do ordenamento, proceder àquela
identidade ou distinção de tratamento.
na obrigação de diferenciação (ao abrigo desta dieia tem-se ainda
defendido a ideia de «protecção das minorias, que decorre da
necessidade de tratar desigualmente o que deve ser igual mas ainda é
desigual – as chamadas discriminações positivas –»).
. O princípio da proporcionalidade
Conceito. – surge consagrado no art. 18.º, n.º2; 19.º, n.º4; 272.º, n.º1 da CRP e
art. 5.º, n.º2 do CPA.
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. O princípio da boa fé
Generalidades. – está incrito na CRP no art 266.º, n.º2 e no art. &-A, n.º1 do
CPA. Realiza-se através da ponderação dos «valores fundamentais do direito,
relevantes em face das situações consideradas», concedendo-se especial importância à
«confiança suscitada na contraparte pela actuação em causa» e ao «objecto a alcançar
com a actuação empreendida».
Necessidade premente de criar um clima de confiança e previsibilidade no seio
da Administração Públcia.
. O princípio da imparcialidade
Noção e regime. – Literalmente significa não tomar o partido de uma das partes
em contenda (ser super-partes).
Hoje está no art. 6.º do CPA. A Administração pública deve tomar decisões
determinadas exclusivamente com base em critérios próprios, adequados ao
cumprimento das suas funções específicas no quadro da actividade geral do estado.
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Princípio da imparcialidade – impõe que os órgãos e agentes administrativos ajam de
forma isenta e equidistante relativamente aos interesses em jogo nas situações que
devem decidir ou sobre as quais se pronunciem sem carácter decisório.
Tem duas vertentes:
Vertente negativa – os titulares de órgãos e os agentes da Administração
Pública estão impedidos de intervir em procedimentos, actos, ou
contratos que digam respeito a questões do seu interesse pessoal ou da
sua família, ou de pessoas com quem tenham relações económicas de
especial proximidade, a fim de que não possa suspeitar-se da isenção da
sua conduta. (art. 44.º, n.º5 do CPA).
- Impedimento e suspeição – a grande diferença é que havendo
impedimento, é obrigatória por lei a substituição do órgão ou agente
administrativo normalmente competente por outro que tomará a decisão
no seu lugar. Nas situações de suspeição, a substituição não é
automaticamente obrigatória, a substituição é apenas possível, tendo de
ser requerida pelo próprio órgão ou agente que pede escusa de participar
naquele procedimento, ou pelo particular que opõe uma suspeição àquele
órgão ou agente e pede a sua substituição por outro.
- Casos de impedimento:
- Não pode intervir o órgão que tenha interesse pessoal no caso.
- Não pode intervir qualquer agente, se houver para resolver ao mesmo
tempo um caso semelhante em que ele ou as pessoas atrás indicadas estejam
directamente interessados.
- Não pode intervir o órgão que, no mesmo procedimento, e antes de se
encontrar na posição em que está hoje, já tenha intervindo como perito, mandatário ou
emitindo parecer.
- Não pode intervir o órgão contra quem esteja intenda uma acção judicial
proposta por quem tenha interesse no caso.
- Casos de suspeição:
- Relações familiares mais afastadas.
- Haver entre o órgão que deveria decidir e o particular que requerer a
decisão uma relação de crédito.
- Ter o órgão recebido dádivas por parte do interessado.
- Haver inimizade ou grande intimidade entre o órgão e o particular.
Nesta situações não pode o órgão intervir no procediemnto. O Prof. Freitas defende que
se deve interpretar a expressão no sentido de só serem proibidas as intenções que se
traduzam em desição ou acto influencie significativamente a decisão em certo sentido.
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Vertente Positiva – obriga à racionalidade decisória e à ponderação,
proibindo as decisões aleatórias. A Adminstração deve ponderar todos os
Interesse Públicos secundários eequacionáveis na decisão. Só há uma
verdadeira discricionariedade se a protecção legislativa dos vários
interesses for de igual natureza e medida. A ausência de podenderação é
um vício da decisão que traduz a realização de um processo de decisão
aleatório.
Imparcialidade e justiça. – o Prof Freitas diz que não é mera aplicação da ideia
de justiça. Um órgão da Administração pode violar as garantias da imparcialidade,
intervindo num procedimento em que a lei o proíbe de intervir e, no entanto, tomar uma
decisão em si mesma justa;
O princípio da imparcialidade tem de ser tido como aplicação de uma ideia
diferente de justiça, que é a protecção da confiança dos cidadãos na Adminsitração
Pública do seus país.
Independentemente de as decisõesserem justas ou não, a lei pretende que os
cidadãos possam ter sempre confiança na capacidade de a Adminstração tomar decisões
justas.
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CAPÍTULO II – O EXERCÍCIO DO PODER ADMINISTRATIVO
INTRODUÇÃO
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O REGULAMENTO ADMINISTRATIVO
. Noção
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. Espécies
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O prof. F.A. defende que são externos, porque produzem efeitos em relação
a pessoas distintas da pessoa colectiva pública em causa. Podem ser por estas
impugnadas contenciosamente se forem ileais.
• Regulamentos que disciplinam a actuação dos funcionários publicos da
adminitração; deve distinguir-se: se lhes aplicarem na qualidade de funcionários
são internos (embora possam assumir relevo indirecto na ordem externa se
denunciarem ilegalidade); se se tratar de regulamentos aplicáveis aos
funcionários na qualidade de cidadãos, disciplinando a relação jurídica de
emprego com a administração, são externos
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. Distinção entre regulamento e acto administrativo
Regra geral – reconduz-se à distinção entre norma jurídica e acto jurídico. Tanto
o acto administrativo como o acto administrativo são comandos jurídicos unilaterais
emitidos por um órgão competente no exercício de um poder público de autoridade: mas
o regulamento, como norma jurídica é uma regra geral e abstracta (note-se que há
excepções de regulamentos meramente formais, que disciplinamcasos concretos).
O acto administrativo é individual, reporta-se a uma pessoa ou algumas pessoas
identificadas (concreto).
Importãncia da distinção –
Interpretação e integração: o regulamento é interpretado, e as suas
lacunas são integradas, de harmonia com as regras próprias da
interpretação e integração das normas jurídicas.; para o acto
administrativo há as regras próprias de interpretação e integração do acto
administrativo.
Vícios e formas de invalidade: tb podem não coincidir. Trata-se do
modelo da lei Vs. o do negócio jurídico.
Impugnação contenciosa: para além de os regulamentos poderem ser
considerados ilegais em quaisquer tribunais, e o acto administrativo
apenas ser declarado ilegal por T.A., os termos da impugnação são
diferentes.
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fazer regulamentos internos. O fundamento neste caso é para o prof.
freitas o poder de direcção, próprio do superior hierárquico.
Regimentos de órgãos colegiais – têm o poder independente de elaborar
e aprovar os seus próprios regulamentos de organização e de
funcionamento. O fundamento é o poder de auto-organização dos órgãos
colegiais, que é uma condição do seu bom funcionamento.
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Limites de competência e forma. Vinculação do órgão às formalidades
constitucional e legalmente estabelecidas.
. Competência e forma
. Publicação
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Princípio da publicidade dos actos de conteúdo genérico dos órgãos de soberania
é uma exigência do Estado de direito democrático. Art. 119.º da CRP, são publicados no
DR, os diplomas do CM mas tb os de cada um dos membros do Governo a falta de
publicidade determina a sua ineficácia jurídica. Já não parece que este art. se aplique aos
regulamentos internos, bastando para estes a adequada divulgação no serviço a que se
apliquem.
. Modificação e suspensão
A modificação e suspensão cabe quer aos órgãos que os elaboram, quer aos
órgãos hierarquicos superiores com poder de supervisão. É claro cabe tb ao legislador
(«nada é vedado à lei»).
Referência ao art. 119.º do CPA como limite da modificação, suspensão e
revogação dos regulamentos.
. Inderrogabilidade singular
. Termo
O ACTO ADMINISTRATIVO
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I – Conceito, natureza e estrutura
. Origem e evolução
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Acto administrativo é uma conduta voluntária produtora de efeitos
jurídicos.pode consistir numa declaração de vontade, de desejo, de conhecimento ou de
juízo. Parece-nos, porém, que todas essas modalidades se encontram abrangidas na
noção de acto jurídico, pelo que só complicaria mais a definição sobrecarregá-la.
São-lhe em regra aplicáveis os princípios gerais de direito referentes aos actos
jurídicos em geral. Mas ficam de fora conceito:
Factos jurídicos involuntários.
Operações materiais.
Actividades juridicamente irrelevantes.
. Acto unilateral
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Acto praticado ou por um órgão da administração Pública em sentido orgânico
ou por órgão de uma pessoa colectiva privada, ou por um órgão do estado não integrado
no poder executivo, por lei habilitados a praticar actos administrativos.
São actos administrativos os actos dimanados de órgãos da Adminstração em
sentido orgânico ou subjectivo. Note-se que não é qualquer funcionário público que
pode praticar actos administrativos. Só um pequeno nº tem o poder de praticar actos
jurídicos, poder esse que lhes advém directamente da lei ou que lhes é conferido
mediante delegação de poderes. Os indivíduos que por lei ou delegação têm aptidão
para praticar actos administrativos são órgãos da Administração ou autoridades
administrativas.
. Acto decisório
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Exclui, assim, do conceito de acto administrativo por não serem decisões strictu
sensu: requisições, propostas, informações, pareceres, etc, por não tocarem as esferas
jurídicas dos particulares;não se lhesapolica o regime legal, substantivo nem processual
do acto administrativo.desempenham uma função auxiliar em relação ao acto
administrativo – rogério soares «actos instrumentais».
São decisões tanto as pronúncias da Administração proferidas em inteira
subordinação à lei como as que revelam a presença de uma opção discricionária dos
respectivos autores.
Tanto é decisão autónoma a pronúnica agressiva da esfera jurídica dos
particulares como a atribuitiva de vantagens ou pretsções.
Por norma, o acto administrativo versa sobre uma situação individual e concreta:
por isso, um acto administrativo que não tenha em si a individualização do destinatário
e do caso, não pode valer, perante a ordem jurídica (não é válido e eficaz – art. 123.º,
n.º2, alínea b) do CPA)
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dadas a pessoas concretas e bem determinadas ler o exemplo dos
produtores de leite da madeira – pag. 231.
Para uns tem natureza de negócio jurídico, para outros é um acto de aplicação do
direito, semelhante a uma sentença judicial, para outros ainda, deve ser encarado como
possuindo natureza própria e carácter específico, enquanto acto unilateral de autoridade
pública ao serviço de um fim administrativo (est é a posição do Freitas).
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A estrutura do acto administrativo, como aliás a de qualquer acto jurídico
compreende quatro elementos:
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- Fim: objectivo ou finalidade a prosseguir através da prática do acto
administrativo. Distingue-se entre fim legal e o fim efectivo.
Requisitos – exigências que a lei formula em relação a cada um dos elementos do acto
administratvio. Dividem-se em requisitos de validade (sem cuja observância o acto será
inválido) erequisitos de eficácia (sem os quais o acto é ineficaz).
II – Espécies
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. Tipologia dos actos administrativos
Actos primários – aqueles que versam pela primeira vez sobre uma determinada
situação da vida (nomear um funcionário).
Actos impositivos – aqueles que impõem a alguém uma certa conduta ou a sujeição a
determinados efeitos jurídicos. Quatro espécies:
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- Admissão – admissão – acto pelo qual um órgão da Administração
investe um particular numa determinada categoria legal, de que decorre a
atribuição de certos direitos e deveres (acto de matrícula num estabelecimento
de ensino).
- Subvenção – acto pelo qual um órgão da administração Pública atribui a
um particular uma quantia em dinheiro destinada a cobrir os custos inerentes à
prossecução de uma actividade de interesse público.
Actos que eliminam ou reduzem encargos:
- Dispensa – acto administrativo que permite a alguém, nos termos da lei,
o não cumprimento de uma obrigação geral.
Isenção: concedida pela Administração a particulares para a prossecução
de um interesse público relevante
Escusa: concedida por um órgão da Administração a outro órgão ou
agente administrativo a fim de garantir a imparcialidade da Administração
- Renúnica – acto pelo qual um órgão da administração se despoja da
titularidade de um direito legalmente disponível. Equivale à perda de um direito.
Não confundir com a promessa o não exercício de um direito: aqui a
Administração não renuncia ao seu direito, apenas se limita a prometer que não
exercerá esse direito, mantendo-se, no entanto, a sua titularidade.
. As pré-decisões
. Actos secundários
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principal naquela situação. Distinção entra a provação e autorização. A
autorização é acto permissivo e a aprovação é acto integrativo. A aprovação é
uma condição de eficácia de um acto administrativo, a autorização é uma
condição de validade da prática do acto. Acto sem aprovação é ineficaz, acto
sem autorização é inválido.
- Visto – acto pelo qual um órgão competente declara ter tomado
conhecimento de outro acto ou documento, sem se pronunciar sobre o seu
conteúdo ou declara não ter objecções, de legalidade ou de mérito, sobre o acto
examinado e por isso lhe confere eficácia. O visto volitivo distingue-se da
aprovação, por nesta se expressar concordância e naquele apenas não objectar.
- Acto confirmativo – acto administrativo pelo qual um órgão da
administração reitera e mantém em vigor um acto administrativo anterior. Por
insistência do particular ou por recurso hierárquico.
- Ratificação-confirmativa – acto pelo qual o órgão normalmente
competente para dispor sonbre certa matéria exprime a sua concordância
relativamente aos actos praticados, em circunstâncias extraordinárias, por um
órgão excepcionalmente competente.
Se o acto for ratificado torna-se definitivo (antes, por urgência, já era
imediatamente executório), se houver ecusa de ratificação então o acto caduca.
Ratificação-sanção tem por objecto um acto administrativo ilegal, e destina-se a
transformá-lo num acto legal.
Actos saneadores –
Actos desintegrativos –
. Actos instrumentais
Aquelas pronúnicas que não envolvem uma decisão de autoridade, antes são
auxiliares relativamente a actos administrativos decisórios. Destacam-se duas
modalidades:
- Declarações de conhecimento – actos auxiliares pelos quais um órgão da
Administração exprime oficialmente o conhecimento que tem de certos
factos ou situações (certificados, certidões, atestados, informações).
Limitam-se a verificar a existência ou a reconhecer a validade de
situações que já existiam. Estes actos têm em princípio eficácia
retroactiva. Como se limita a reconhecer dts que já existiam, esse
reconhecimento vale a partir do momento em que os direitos ou situações
reconhecidas nasceram.
- Actos opiniativos – actos pelos quais um órgãos da Administração emite
o seu ponto de vista acerca de uma questão técnica ou jurídica. Não se
deve confundir os actos opinativos referidos no CPA (art. 186.º, n.º1).
dentro desta categoria temos:
Informções burocráticas – as opiniões prestadas pelos serviços ao
superior hierárquico competente para decidir. Nãose cconfunde com
informações prestadas ao público que são declarações de conhecimento.
Recomendações – actos pelos quais se emite uma opinião,
consubstanciando um apelo a que o órgão competente decida de certa
maneira, mas que o não obrigam a tal.
Pareceres – actos opiniativos elaborados por peritos especializados em
certos ramos do saber, ou por órgãos colegiais de natureza consultiva.
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. Pareceres (em especial)
Para efeitos de revogação, a lei diz que esta deve ser feita pelo autor do acto (art.
142.º, n.º1 do CPA).
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Acto de execução instantânea – aquele cujo cumprimento se esgota num acto ou facto
isolado.
Acto de execução continuada – quando a sua execução perdura no tempo. Trata-se de
uma actividade contínua, de um comportamento constante, de uma série de actos
sucessivos.
A relevância desta distinção reside no facto de, uma vez anulado ou revogado
um acto administrativo, as consequências serem distintas consoante se trata de um acto
positivo ou de um acto negativo: a destruição de um acto positivo acarreta a eliminação
dos efeitos dele decorrentes; a destruição de um acto negativo implica a necessidade de
praticar os actos positivos que por lei deviam ter sido praticados e não o foram (dever de
praticar o contrarius actus).
Certos actos administrativos podem ser simultaneamente positivos e negtivos
(actos mistos ou de duplo efeito – pede-se um bolsa à universidade de 100 euros, ela dá
mas apenas 50. parte é positivo parte é negativo).
41
Os órgãos máximos de qualquer hierarquia do estado, designadamente o
Governo e os seus membros.
Os órgãos do Estado que tenham a natureza de órgãos independentes,
isto é, não integrados em qualquer hierarquia.
Os órgãos subalternos que tenham competência reservada ou exclusiva.
Os órgãos máximos das regiões autónomas, autarquias locais, institutos
públicos e associações públicas.
São ainda verticalmente definitivos os actos praticados por delegação de
poderes ou por subdelegação de poderes, nos casos em que a lei os
considera definitivos.
Actos definitivos – actos administrativos que têm por conteúdo uma decisão horizontal
e verticalmente final.
Actos não definitivos – todos aqueles que não contenham umaresolução final ou que
não sejam praticados pelo órgão máximo de certa hierarquia ou por órgão independente.
. Noção
42
Procedimento administrativo – sequência juridicamente ordenada de actos e
formalidades tendentes à preparação da prática de um acto da Administração ou à sua
execução.
43
. Princípios fundamentais do procedimento administrativo
Participação dos particulares na formação das decisões que lhes respeitem – art.
267.º, n.º5 da CRP e art. 8.ºdo CPA. Manifesta-se sob várias formas: direito de
audiência prévia, de formular sugestões de prestar informações à Administração. A Lei
83/95, de 31 de agosto regula o direito de participação popular.
44
Note-se, no entanto, que não existe o dever de decisão quando, há menos de dois
anos contados da data da apresentação do requerimento, o órgão competente tenha
praticado um acto administrativo sobre o mesmo pedido formulado pelo mesmo
particular com os mesmos fundamentos (art. 9.º, n.º2 do CPA). O exacto alcance desta
disposição suscita controvérsia. O Prof. Freitas afirma que o preceito «exclui o dever de
decisão quando a Administração tenha decidido expressamente há menos de dois anos
pretensão idêntica, e obriga-a a, passados esses dois anos, reapreciar, os actos de
indeferimento».
45
O Prof. Freitas defende que são seis fases do procedimento:
• Fase inicial – art. 74 a 85 do CPA. Pode ser desencadeado pela Administração
ou pelos particulares interessados (art. 54.º do CPA).
Apresentado um requerimento inicial podem os serviços desde logo proferir
despacho: de indeferimento liminar, caso aquele seja anónimo ou ininteligível (art. 76.º,
n.º3 do CPA), ou de aperfeiçoamento, na hipótese de não se encontrarem devidamente
preenchidas todas as exigências feitas pelo art. 74.º do CPA.
A administração não pode substituir-se aos particulares, praticando os actos
jurídicos que eles tenham o dever ou o ónus de praticar: fazê-lo seria violar o princípio
da prossecução do interesse público, seria a modalidade mais grave do desvio de poder.
Deste modo, quando os particulares são convidados a suprir as deficiências dos seus
actos (art. 76.º, n.º1 do CPA), têm de ser eles a fazê-lo. O suprimento oficioso de
deficiências dos actos dos particulares s´pode ter lugar, excepcionalmente, quando tais
deficiências assumam a forma de «simples irregularidade» ou «mera imperfeição» (art.
76.º, n.º2 do CPA).
Podem ser tomadas medidas provisórias (art. 84.º, n.º1). não pdoerá, no entanto,
adoptar aquelas medidas provisórias que só podem ser tomadas como sanções aplicadas
através de um processo jurisdicional, nem tão-pouco poderá ir além do que por analogia
se retira do art. 115.º, n.º3 do CPA – a mais conhecida da medidas provisórias é a
suspensão preventiva do arguido no procedimento disciplinar.
• Fase de instrução – destina-se a averiguar os factos que interessem à decisão
final e à recolha das provas que mostrem necessárias (CPA, art. 86.º a 99.º), segundo o
princípio do inquisitório (art. 56.º do CPA).
O principal meio de instrução é a prova documental (art. 94.º do CPA).pode ser
ouvido o particular cujo requerimento tenha dado origem ao procedimento ou contra
quem este tenha sido instaurado: mas esta audiência não deve ser confundida com
aquela a que necessariamente se terá de proceder na terceira fase do procedimento:
nesta trata-se de um diligência instrutória. Principais regras do CPA em amtéria de
prova constam dos arts: 87.º, n.º1, 1ª parte; 91.º, n.º2; 87.º, n.º2 e 3 e art. 88.º do CPA
• Fase da audiência dos interessados – art. 100.º a 105.º do CPA. Manifestação
dos princípios da colaboração da Administração com os particulares e da participação. É
um dever com dignidade constitucional (CRP art. 2.º - corolário da democracia
participativa e 267.º, n.º5). Tradicionalmente correspondia ao Dt. de defesa, apenas nos
procedimentos sancionatórios. Hoje é um Dt. genérico de participação dos particulares
através da audiência prévia dos interessados (art. 100º do CPA).
Com o CPA e a efectivação da Administração partcipada o sistema tripartido
«requerimento – informação dos serviços – audiência do interessado», é substituído pela
quadripartição com a inclusão da audiência dos interessados. No procedimento
disciplinar, a fase da audiência começa com a acusão, a qual é comunicada ao arguido,
que tem direito a defender-se. Seguidamente, deve o instrutor inquirir as testemunhas de
defesa e apreciar os demais elementos de prova oferecidos pelo arguido.
Em que consiste – fase em que é assegurado aos interessados num procedimento
o direito de participarem na formação das decisões que lhes digam respeito (art. 101.º
do CPA).
Em que casos existe – em regra sempre que a Administração se incline para uma
decisão desfavorável aos interessados (CPA art. 103.º, n.º2 alíne b)). Casos em que não
há lugar a audiência prévia (arts. 103.º, n.º1 alínea a); 103.º, n.º1, alínea b); 103.º, n.º1,
alínea c)). O instrutor poderáainda dispensar a audiência se os interessados já se tiverem
pronunciado noprocedimento ou quando se vá chegar a decisão favorável dos
interessados.
46
Modalidades – duas formas de os interessados serem «ouvidos no procedimento
antes de ser tomada a decisão final»: a audiência escrita e a audiência oral. Compete ao
instrutor decidir (art. 100.º, n.º2 do CPA). A lei não fornece qualquer critério de opção.
Consequência da sua falta – nos casos em que seja obrigatória por lei, constitui
obviamente uma ilegalidade (vício de forma, por preterição de uma formalidade
essencial). Este vício é gerador de nulidade se o Dt. à audiência prévia for concebido
como um Dt. fundamental (art. 133.º, n.º2, alínea d)); se não o for produzirá mera
anulabilidade (art. 135.º do CPA).
Fase da preparação da decisão – é a fase em que a Administração pondera
adequadamente o quadro traçado na fase inicial, a prova recolhida na fase de instrução,
e os argumentos aduzidos pelos particulares na fase da audiência dos interessados (art.
104 e 105.º do CPA). Primeiro os funcionários competentes apresentarão as suas
informações burocráticas; depois, os órgãos consultivos elaborarão os seus pareceres; o
procedimento é então levado ao órgão singular competente para o despacho, ou é
inscrito na agenda da próxima reunião do órgão colegial competente para a deliberação.
No procedimento disciplinar, esta fase, consta essencialmente da elaboração de
um relatório final do instrutor, que resumirá os factos dados como provados e proporá a
pena que entender justa, ou o arquivamento dos autos.
No procedimento comum administrativo é regulado no art. 105.º do CPA.
Fase da decisão – ela cabe ao órgão competente para decidir (art. 106.º do CPA).
Causas da extinção do procedimento: desistência do pedido ou renúnica por parte dos
interessados aos direitos ou interessados que pretendiam fazer valer no procedimento;
deserção dos interessados; impossibilidade ou inutilidade superveniente do
procedimento; falta de pagamento de taxas ou despesas; formação de acto tácito.
Fase complementar – são praticados certos actos e formalidades posteriores à
decisão final do procedimento (registos, arquivamento de documentos, sujeição a
controlo ou aprovação tutelar, publicação em DR).
• Fase da preparação da decisão – muitos autores não autonomizam esta fase. É
a fase em que a administração podenra adequadamente o quadro traçado na fases
anteriores (art. 104.º e 105.º do CPA).
Os funcionários apresentarão as suas informações burocráticas; depois, os
órgãos consultivos elaborarão os seus pareceres; o procedimento é então levado ao
órgão singular competente para o despacho, ou é inscrito na agenda da próxima reunião
do órgão colegial competente para deliberação – pode ainda ordenar novas diligências.
No procedimento disciplinar, esta fase, que se segue à da audiência do arguido,
consta essencialmente da elaboração de um relatório final do instrutor, que resumirá os
factos dados como provados e proporá a pena que entender justa, ou o arquivamente dos
autos.
O instrutor segue o procedimento do art. 105.º do CPA
• Fase da decisão – ela cabe ao órgão competente para decidir (art. 106.º do
CPA).
Além da extinção através da decisão final expressa e formalidades
complementrares, o procedimento administrativo pode tb extinguir-se por uma das
seguintes causas:
- Desistência dopedido ou renúnica por parte dos interessados aos direitos
ou interesses que pertencem fazer valer no procedimento ()art. 110.º do
CPA.
- Deserção dos interessados (art. 11.º do CPA).
- Impossibilidade ou inutilidade superveniente do procedimento (art. 112.º
do CPA).
47
- Falta de pagamento de taxas ou despesas (art. 113.º do CPA).
- Formação de acto tácito (art. 108.º e 109.º).
• Fase complementar – são praticados certos actos e formalidades posteriores à
decisão final do procedimento: registos, arquivamento de documentos, sujeição a
controles internos ou aprovação tutelar, publicação no DR etc
Por vezes a Administração nada faz acerca dos assuntos de interesse público
entre mãos. Existem situações em que a lei atribui ao silência da Administração um
determinado significado. Suponhamos que um particular apresenta a um órgão da
Administração um requerimento em que solicita que lhe seja atribuída uma licença ou
uma pensão a que por lei tem direito. Se a Administração nada disser está a violar a lei.
O particular poderá sempre recorrer, mas neste caso não há decisão de que possa
recorerer. São situações de inércia Administração perante pretensões concretas
apresentadas por interessados aos órgãos competentes são muito frequentes. Como
reagir:
- A lei pode atribuir ao silência da Administração o significado de acto
tácito positivo: perante um pedido de um particular, e decorrido um certo
prazo sem que o órgão competente se pronuncie, tendo o dever de o
fazer, a leiconsidera que o pedido foi satisfeito, deferido.
- A lei pode tb atribuirbao silência da Administração o significado de acto
tácito negativo (indeferido).
Qual a vantagem para o particular desta figura do acto tácito negativo?
Como se pode explicar que, valendo o silêncio da Administração como
indeferimento da pretensão apresentada, esta seja uma solução favorável
para os particulares?
É que se não fosse assim, dificilmente haveria uma decisão de que
recorrer.
- Hoje esta garantia não é muito forte: primeiro, porque a nossa
jurisprudência raramente considera verificado um acto tácito negativo;
segundo, porque o recurso de anulação do indeferimento tácito levamuito
tempo a julgar.
Assim alguns países evoluiram para um acção contra omissões indevidas
da Administração, em que esta possa ser condenada pelo tribunal
administrativo a praticar os actos legalmente devidos (mandamus no Dt.
inglês). Entre nós esta é uma possibilidade constitucional (art. 268.º,
n.º4), mas semtramitação na lei ordinária.
48
recusa reconhecerlhe esse direito ou cumprir os deveres correspondentes, o particular
poderá impugnar contenciosamente o indeferimento tácito com fundamento em violção
de lei.
O interessado pode sempre alegar vício de forma por falta de fundamentação
(violaçaõ do art. 124.º, n.º1 alínea c)), pois o acto tácito violaria sempre este preceito.
Todavia o STA não tem aceitado esta opinião, pois considera que «os actos tácitos
negativos são por natureza infundamentáveis», não podendo nunca, por isso mesmo,
sofrer do vício de falta de fundamentação (isto não significa que o acto tácito não pssa
padecer de outros vícios).
49
Estado de necessidade – Por vezes ocorrem situações nas quais a lei permite à
Administração uma actuação imediata e urgente com vista à salvaguarda de bens
essenciais, mesmo que para isso os agentes administrativos tenham de ignorar o respeito
de regras estabelecidas para circunstâncias normais. Admite-se, pois, o Estado de
necessidade em temros que o levam a incluir no âmbito do ordenamento jurídico
tomado globalmente.
Está abrangido pela ideia de Direito, por um princípio de juridicidade que desde
logo encontra raízes constitucionais no art. 19.º e 266.º, n.º2, bem como raízes na lei
ordinária art. 3.º, n.º2 do CPA. Da conjugação de tais preceitos resulta a enunciação dos
seguintes pressupostos do estado de necssidade administrativo: urgência; natureza
imperiosa do interesse público a defender; a excepcionaldiade da situação.
50
. Noções de validade e eficácia
Ineficácia – fenómeno da não produção de efeitos num dado momento, qualquer que
seja a sua causa.
Forma – modo pelo qual se exterioriza ou manifesta a conduta voluntária em que o acto
se traduz
Formaldiades – trâmites que a lei manda observar com vista a garantir a correcta
formação da decisão administrativa ou o respeito pelas posições jurídicas subjectivas
dos particulares
Em relação às formalidades, o princípio geral do nosso Direito é o que todas as
formalidades prescritas por lei são essenciais. A sua não observância, gera a ilegalidade
51
do acto administrativo (em relação ao procedimento, ou à própria prática do acto).
Existem três excepções:
• Não são essenciais as formaldiade que a lei declara dispensáveis.
• Não são essenciais aquelas formalidades cuja omiss~ºao ou preterição não tenha
impedido a consecução do objectivo visado pela lei ao exigi-las (degradação das
formaldiades essenciais em formalidades não essenciais).
• Não são essenciais as formalidadades meramente burocráticas, de carácter
interno, tendentes a assegurar apenas a boa marcha dos serviços.
Suprível – a omissão ou preterição daquelas formalidades que a lei manda cumprir num
certo momento, mas que se forem cumpridas em momento posterior ainda vão a tempo
de garantir os obejctivos para que foram estabelecidas.
. A obrigação de fundamentar
Fundamentação – enunciação explícita das razões que levaram o seu autor a praticar
esse acto ou a dotá-lo de certo conteúdo (art. 124.º a 126.º do CPA).
52
decisória). Tem de consistir na exposição, ainda que sucinta, dos fundamentos de facto e
de direito da decisão.
STA - «Dada a funcionalidade do instituto da fundamentação dos actos
administrativos, o fim meramente instrumental que o mesmo prossegue, este ficará
assegurado sempre que a decisão em causa se situe inequivocamente num determinado
quadro legal, perfeitamente cognoscível do ponto de vista de um destinatário normal»
(pergunto eu: existiram destinatários anormais?).
Tem de ser clara coerente e completa (não deve ser contraditória, obscura ou
insuficiente).
O STA tem entendido que para a fundamentação ser completa basta que seja
suficiente (não tem de ser quilométrica).
. A forma
53
Regras do CPA em matéria de forma do acto administrativo:
• Os actos dos órgão singulares devem ser praticados sob forma escrita, desde que
não seja prevista por lei ou imposta pela natureza do acto (art. 122.º, n.º1 do CPA – por
exemplo as ordens de polícia, são naturalmente orais).
• Os actos dos órgãos colegiais, na ausência de preceito legal em contrário,
praticados oralmente (art. 122.º, n.º2 do CPA – liga-se tb ao art. 19.º do CPA).
Exige-se que tanto o conteúdo como o objecto obdeçam aos requisitos da certeza
da legaldiade e da possibilidade, tal como sucede relativamente aos negócios jurídicos
privados.
Assim, sob pena de viciação, o objecto do acto (o quid que sofre os seus efeitos)
tem de ser possível e determinado, há-de ser idóneo (adequação do objecto ao conteúdo)
e deve estar legitimado para suportar os efeitos do acto.
Os efeitos (conteúdo do acto) têm de ser determinados (compreensíveis),
possíveis e lícitos e, no caso da actos certidicativos, verdadeiros.
A exige tb que a vontade em que o actoadministrativo (discricionário) se traduz
seja esclarecida e livre, pelo que, mesmo que verifficados que sejam os outros requisitos
de valdiade, o acto não será válido se a vontade da Administração tiver sido
determinada por qualquer influência indevioda, nomeadamente por erro, dolo ou
coação.
Não existe um princípio de livre aponibilidade de claúsulas acessórias: elas
apenas serão válidas se não contrariarem a lei ou o fim a que o acto se destina (art. 121.º
do CPA), já que, se o fizerem, o acto administrativo de que constem será ilegal por
violação de lei. Só podem ser condicionados os actos parcialmente discricionários.
54
Afonso Queiró – tudo está em saber qual o peso que a claúsula inválida ou
impossível teve na prática do acto. Se teve um peso preponderante e exprime omotivo
da pratica tal circunstância acarreta a nulidade do próprio acto. Na hipótese inversa,
deve a condição considerar-se como não escrita, que não têm peso preponderante na
prática as condições suspensivas apostas nos actos devidos.
A lei exige que o fim prossegudio poelo órgão administrativo coincida coo fim
que ela teve em vista ao conferir os poderes para a prática do acto. Este requisito so é
relevante no caso dos actos praticados no exercício de poderes discricionários, quer se
trate de discricionariedade própria ou imprópria.
Sobre este aspecto a LOSTA refere no art. 19.º. o critério prático para a
determinação do fim do acto administrativo é, pois, o do motivo principalmente
determinante. Por isso, o que se exige é que o motivo principalmente determinante da
prática de um acto administrativo coincida com fim tido em vista pela lei.
Requisitos de eficácia – exigências que a lei faz para que um acto administrativo possa
produzir os seus efeitos jurídicos.
Caso de eficácia retroactiva – art. 128.º do CPA. Este tipo de eficácia é a regra
quando, pela sua própria natureza, os actos se reportarem a actos anteriores, surgindo,
por outro lado, como faculdade do autor do acto (art. 128.º, n.º2) quando a eficácia
retroactiva não ponha em causa a segurança jurídica e a confiança na Administração.
Casos de eficácia diferida – comtemplada no art. 129.º do CPA.
Aos casos de eficácia diferida expressamente mencionados no art. 129.º, importa
ainda referir outros dois previstos na lei: a redução a acta das deliberações colegiais, que
são em regra orais (art. 27.º do CPA) e a publicação ou a notificação dos actos aos
interessados (art. 130.º, e 66.º do CPA e art. 268.º, n.º3 da CRP).
. O problema do «caso decidido ou caso resolvido»
55
Coloca-se o problema de saber se o acto administrativo pode produzir efeito de
imutabilidade e um efeito preclusivo idêncito ao das sentenças. Ou seja, os actsoa
administrativos exprimem a autoridade do estado e daí extraem a sua força imperativa,
tem-se perguntrado se as definições jurídicas que eles encerram não devem obter uma
força de verdade legal que reproduza ou reciorde a das sentenças.
V – Invalidade
56
. Generalidades
Invalidade –valor jurídico negativo que afecta o acto administrativo em virtude da sua
inaptidão intrínseca para a produção dos efeitos jurídicos que devia produzir.
Vem desde há muitos anos a orientação de estabelecer uma tipologia legal dos
vícios do acto administrativo.
Há quem entenda que com a CRP de 1976 deixou de ser exigível por lei que os
particulares, ao recorrerem contenciosamente de qualquer acto administrativo,
discrimen qual o vício que enferma o acto. Apoiam-se no art. 268.º, n.º4 da CRP.
Para o Prof. freitas, este preceito não quis inconstitucionaldzar todas as
disposições da lei ordinária que, em sede de contencioso administrativo, exigem a
especificação do vício do acto recorrido. Tal especificação é útil em termos de clareza e
celeridade processual.
. A usurpação de poder
. A incompetência
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Incompetência – vício que consiste na prática, por um órgão da Administração, de um
acto incluído nas atribuições ou na competência de outro órgão da Administração.
Trata-se da invasão da esfera própria de outra autoridade administrativa, mas sem sair
do âmbito do pdoer administrativo.
Incompetência relativa – quando um órgão administrativo pratica um acto que está fora
da sua competência, mas que pertence à competência de outro órgão da mesma pessoa
colectiva.
. O vício de forma
. A violação de lei
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Violação de lei – vício que consiste nas disctrepâncias entre o conteúdo ou o object do
acto e as normas jurídicas que lhe são aplicáveis. A violação de lei configura ilegaldiade
material (é a própria substância do acto administrativo, é a decisão em que o acto
consiste, que contraria a lei).
. Desvio de poder
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do desvio de poder por motivo de interesse público. Bem vistas as coisas esta
orientação é infeliz, porque o que ela traduz é um sistema que dificulta a prova da
modalidade mais grave de desvio de poder.
. Cumulção de vícios
Por vezes, um mesmo acto viola várias leis, ou várias disposições da mesma lei; e cada
ofensa da lei é um vício. É possível alegar simultaneamente vários vícios do acto
administrativo.
È perfeitamente admissível arguir um mesmo acto de violação de lei e de desvio
de poder – desde que nos reportemos a aspectos diferentes do mesmo acto, isto é, desde
que arguamos de violação de lei um ou mais aspectos vinculados do acto, e de desvio de
pdoer um oumais aspectos discricionários do mesmo acto.
Os vícios da vontade são três (erro dolo e coacção). Tradicionalemte estes eram
considerados como 8ilegaldiades. Estas situações eram reconduzidas ao vício de
violação de lei.
Em opinião do freitas se um órgão administrativo se engana quanto aos factos
com base no quais pratica um acto administrativo baseado em erro, engano do particular
ou é forçado a faze-lo, não se pode dizer que haja violação delei.
O erro de facto pode prestar-se a dúvidas, sobretudo se aceitar a ideia de um
princípio geral de direito segundo o qual «os factos que sirvam de causa a um acto
administrativo devem ser sempre verdadeiros» – o que é distorcer as coisas, porque os
60
princípios gerais de direito, tal como as normas, dizem-nos como é que as pessoas
devem agir, e não cmo é que os factos devem ser.
Falta um requisito de validade que a lei exige, qual seja o de que a vontade da
Administração seja uma vontade esclarecida e livre.
Nem toda a falta de requisitos legais consubstância uma ofensa à lei (no dt
privado, a incapacidade negocial determina a invaldiade do negócio, e, contudo, o
negócio celebrado por um incapaz não é, só por isso, contrário á lei, nem ilícito).
Esta posição é criticado por todos os que entendem que a problemática dos
vícios da vontade não tem lugar na teoria do acto adminsitrativo: tratar-se-ia de uma
problemática privativa do negócio jurídico e do direito privado, mas sem relevo
específico no plano do acto administrativo.
Tratando-se de actos vinculados, os vícios da vontade como tais são irrelevantes:
ou o órgão administrativo aplicou correctamente a lei, e não interessa para nada saber se
o fez porque a interpretou bem ou apesar de ter ocorrido algum erro, dolo ou coacção –
pelo que o acto é válido; ou inversamente, o órgºão violou a lei – eo acto é ilegal, seja
qual for a razão desta ilegaldiade.
É um terceiro tipo que existe no dt. italiano (em certos acsos o particular pode
pedir ao tribunal a anulação de um acto com base em inconveniência ou
inoportunidade).
Não existe no dt português (se não existe porque é que se fala nele?).
, A Nulidade
61
• O reconhecimento judicial tem natureza meramente declarativa.
. A anulabidade
. Os casos de nulidade
Princípio geral – são nulos os actos a que falte qualquer dos elementos
essenciais ou para a lei comine expressamente essa forma de invalidade.
O que se deve entender por elementos essenciuais do acto, para efeitos do n.º1
do art. 133.º do CPA é uma questão dificil. Tal não corresponde necessariamente às
menções que, nos temros do art. 123.º, n.º2 do CPA, devem constar do documento por
meio do qual o acto se exterioriza. Actos a que falta qualquer dos elementos essenciais
são, nomeadamente, os que não têm autor, objecto, conteúdo, forma ou fim público.
62
Antes do CPA, entendia-se que a nulidade e inexistência eram sinónimos. O
Prof Freita nunca entendeu assim.
O CPA no seu art. 133.º, n.º1 dispõe que são nulos os actos a que falte um
elemento essencial. A grande maioria dos casos que a doutrina apresentava de
inexistência eram justamente os da falta de um elemento essencial. A ampla latitude da
letra daquele preceit, reduzido drasticamente, como efectivamente reduz, o campo de
aplicação da inexistência, motivou já a interrogação de saber se, dravante, continuará a
fazer sentido, não obstante a expressa autonomização que o Cod. ainda faz das duas
figuras (art. 137.º, n.º1 e 139.º, n.º2 do CPA), destrinçar a inexistência da nulidade.
Ora, o acto administrativo inexistente é um quid que se pretende fazer passar por
acto administrativo, mas a que faltam certos elementos estruturais constitutivos que
permitam identificar um tipo legal de acto administrativo (acto que não tenha qualquer
conteúdo.).
Já pelo contrário um acto nulo é um acto em que a falta ou viciação
particularmente grave de um elemento essencial não impede que se identifique o tipo
legal em que se insere. E neste sentido se deve interpretar restritivamente o art. 133.º,
n.º1 – como reportando a figura da nulidade apenas aos casos em que a falta de um
elemento essencial não impede que se reconheça o tipo legal a que o acto se reconduz.
São tb inexistentes as decisões administrativas aplicadoras de leis feridas de
inexistência jurídica.
Na prática, o regime jurídico da inexistência assemelha-se bastante ao da
nulidade. Por regra, aplica-se àquela o regime jurídico desta.não há porém entretais
regimes, identificação completa. Mas ao contrário dos actos nulos, dos actos
inexistentesnunca poderão resultar efeitos que se consolidem e sejam por si válidos.
. Refrência à irregularidade
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Pode haver cumulaçãod e formas de inbvaldiade, tanto por um acto ter 2 ou mais
ilegalidades, como por nele concorerrem ilegalidade e vícios da vontade. Netse scasos o
acto será inválido a mais deum título. Temos de distinguir três situações:
• Se todas as fontes de invaldiade são geradoras de anulabilidade oacto é anulavél
• Se todas as fontes de invaldiade forem geradoras de nulidade o acto será nulo.
• Se uma fonte gera anulabilidade e outra nulidade então prevalece a sanção mais
forte e o acto é nulo. Importa ter presente que só as causas de nulidade poderão ser
invocadas a todo o tempo (pois as de anulabilidade podems er sanandas).
VI – Extinção e modificação
64
. Generaldiades
. A revogação
. Figuras afins
65
de um acto administrativo anterior, prescindindo de estabelecer novea
disciplina. Na alteração e na substituição o órgão administrativo não
prescinde de disciplinar juridicamente a situação da vida regulada por um
acto administrativo anterior: fá-lo, através de um acto cujos efeitos de
direito são parcialmente (alteração) ou totalmente (substituição)
distintops dos do acto alterado ou substituído.
O legislador acautelou expressamente a hipótese de elas ocorrerem em
fraude à lei, ou seja, de serem utilizadas pelo órgão adminsitrativo como
meio de tornear as regras da revogação e, noemadamente, as regras que
conferem especial protecção aos actos constitutivos de Dts. e interesses
legalmente protegidos (art. 147.º do CPA)
. Espécies
66
Existirão, no nosso Dt. Administrativo, algumas regras quanto à revogabilidade
ou irrevogabilidade dos actos administrativos?
A resposta é afirmativa. E a primeira regra é a de que os órgãos administrativos
dispõem da faculdade de, respeitados certos limites, extinguir os efeitos jurídicos dos
actos que anteriormente praticaram, desde que os reputem inválidos ou inconvenientes.
A revogabilidade é uma caracteristica própria do acto administrativo, em
contraste com a irrevogabilidade da sentença transitada em julgado.
O regime legal da revogação está hoje nos arts. 139.ºa 141.º do CPA.
O CPA acolheu, de modo geral, as principais posições doutrináias que entre nós
vinham sendo sustentadas emmatéria de revogação.
Casos em que a revogação não pode ter lugar, nem lógica nem juridicamente,
porque, pura e simplesmente, faltam os efeitos jurídicos a extinguir. Estes aspectos
apenas poderão ser objecto de um acto administrativo (ou de uma sentença) que declare
a respectiva situação.são fundamentalmente três:
• É impossível a revogação de actos inexistentes ou actos nulos (art. 139.º, n.º1,
alínea a) do CPA)
• É impossível a revogação de actos cujos efeitos já tenham sido destruídos, seja
através de anulação contenciosa, seja através de revogação anulatória (art. 139.º, n.º1,
alínea b) e c) do CPA).
• É impossível a revogação dos actos cujos efeitos tenham caducado ou se
encontrem esgotados.estes actos não podem ser objecto de revogação ab-rogatória (para
o futuro) uma vez que já não estão a produzir efeitos. Podem no entanto ser objecto de
revogação anulatória (eficácia retroactiva) – art. 139.º, n.º2 do CPA.
O CPA noseu art. 140.º, não estabelece um único regime de revogação idêntico
para todos os actos administrativos válidos. A lei distingue:
• Actos livremente revogáveis – n.º1.
• Actos de revogação proíbida – alíneas a) e c) do n.º1
• Actos de revogação condicionada – alínea b do n.º1 e n.º2.
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• Os órgãos administrativos não devem revogar aqueles actos válidos que tenham
sido praticados no exercicio de poderes vinvulados e em estrita obdiência a uma
imposição legal (art. 140.º, n.º1, alínea a) do CPA).
• Actos administrativos válidos de que resultem para o autor obrigações legais ou
direitos irrenunciáveis (art. 140.º, n.º1, alínea c) do CPA).
O art. 140.º, n.º2 do CPA prevê a revogação destes actos em duas situações:
primeiro, na parte em que sejam desfavoráveis aos interesses dos seus destinatários e,
segundo, no caso de todos os interessados darem a sua concordância à revogação do
acto, desde que não se trate de direitos ou interesses indisponíveis (art. 140.º, n.º2,
alíneas a) e b) ). Em ambos os casos a revogação do acto constitutivo de direitos ou de
interesses legalmente protegidos não prejudica, contra a sua vontade, as posições
jurídicas subjectivas dos particulares.
Para além destes dois casos, concebe-se tb outro grupo de situações em que pode
ter lugar, a título excepcional, a revogação deste tipo de actos. Por alteração da situação
de facto, o interesse público torne conveniente, ou até imperiora, a revogação. Deve
poder admitir-se «a ponderação entre o interesse público e o privado, permitindo a
revogação, em regra com indemnização».
68
Demonstrada, fundamentadamente, a existência, numa concreta situação da vida
de um interesse público cuja satisfação deva, à luz de um juízo de ponderação (vertente
do equilíbrio do princípio da proporcionalidade),prevalecer sobre o interesse privado de
um particular na manutenção do acto, por um lado, e, por outro, desde que se garanta ao
particular de boa fé o pagamento de uma justa indemnização pecuniária (existindo
prejuízos relevantes).
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A favor da primeirra tese temos o art.137.º, n.º3 do CPA, que permite ao órgão
competente ratuificar o acto praticado por órgão incompetente.
A favor da segunda tese pode referir-se o facto de o art. 142.º, n.º1 do CPA não
comtemplar a possibilidadede o acto praticado por órgão incompetente ser revogado
pelo competente.
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O órgão tutelar dispõe, genericamente, do poder de revogar actos praticados
pelos órgãos da entidade tutelada. Por princípio, o órgão tutelar não dispõe do poder de
revogar os actos praticados pelos órgãos da pessoa colectiva tutelada. O contrário só
acontecerá a título excepcional, seja expressamente incluída essa competência no elenco
dos poderes tutelares, falando-se a esse propósito de tutela revogatória (esta é a soilução
consagrada no CPA no art. 142.º, n.º3).
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É possível a revogação ab-rogatória dum acto já revogado por inconveniência (porque
ainda há efeitos a destruir).
O prof. freitas já sustentou não haver dever de revogação, seria apenas uma mera
faculdade. Hoje entende que existe dever de revogar, e que portanto a revogação de
actos ilegais é um poder vinculado.
. O fim da revogação
O acto revogatório praticado com vista à prossecução de outros fins que não
aqueles que se acabam de referir padece de desvio de poder.
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revogação é tido como evidente, ou não o faz. Mas, nesta segunda hipótese, sustentam
os partidários da corrente construtivista que a revogação acarreta sempre o chamado
efeito respristinatório.
Para o prof. Freitas a regra geral não pode ser a de qyue a revogação acarrete
sempre efeito represtinatório. Na verdade, o problema nem sequer se pode colocar
nesses termos, porquanto há numerosas situaçãoes em que não faz sentido falar em
efeito represtinatório. Este só pode logicamente verificar-se nos casos em que se esteja
perante duas revogações consecutivas. E nos casos em que o problema se põe e faz
sentido: terá a revogação efeito repristinatório?
Devemos recorrer aqui à concepção que formulámos a seu tempo acerca da
natureza do acto administrativo.
Assim, se for revogada a revogação de um acto vinculado, a segunda revogação
terá ou não efeito repristinatório consoante o sentido imposto pela vinculação legal (se o
acto inicial foi ilegal, não pode a revogação repor um situalção de ilegaldiade).
Diferentemente são as coisas se se tratar de um acto discricionário. O órgão
competente pode com ela querer fazer renascer o acto primário, mas tb pode querer
apenas eliminar obstáculos à reponderação ulterior do assunto, sem se comprometer
desde logo com uma determinada solução. A produção ou não do efeito repristinatório
depende da vontade que o órgão administrativo manifestar a esse propósito (art. 146.º
do CPA).
A suspensão não extingue efeitos, apenas os paralisa por certo período; o acto
suspenso não é eliminado da ordem jurídica, mantém.se nela, continua existente e
porventura válido, somente torna-seineficaz (congela). Em relação à suspensão é um
minus.
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suspensão sem prazo pode prolongar-se indefinidamente e converter-se, na prática, em
revogação pura e simples.
A lei por vezes resolve a dificuldade marcando um prazo de duração da
suspensão, findo o qual, se a suspensão não tiver sido levantada, se considera que ela
caducou, recuperando o acto primário a plenitude da sua eficácia. No caso de a lei não
fixar nenhum prazo, não há no Dt. Administrativo português nenhum remédio adequado
para pôr fim à suspensão.
• Por decisão de um tribunal administrativo – a suspensão por decisão do tribunal,
ou jurisdicional é a que pode ser decidida pelo tribunal administrativo competente, na
fase inicial do recurso contencioso de anulação. A suspensão administrativa não
depende, em regra, de quaisquer requisitos – é um poder discriconário – a suspensão
jurisdicional só pode ser concedida pelo tribunal administrativo se se verificarem
determinados requisitos que a lei exige.
Pertencem à categoria dos actos sobre actos, por isso os seus efeitos jurídicos se
vão repercutir sobre os efeitos do acto ratificado, reformado ou convertido, conforme
for o caso, e, por natureza, tais efeitos produzem-se ex tunc.
Estes actos configuram uma modificação do acto anterior e não já uma forma de
o extinguir.
O regime jurídico comum à ratificação, reforma e conversão e, no essencial,
decalcado sobre o regime jurídico da revogação anulatória.
Ratificação – acto administrativo pelo qual o órgão competente decide sanar um acto
inválido anteriormente praticado, suprindo a ilegaldiade que o vicia.
Reforma – acto administrativo pelo qual se conserva de um acto anterior a parte não
afectada de ilegalidade.
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Conversão – acto administrativo pelo qual se aproveitam os elementos válidos de um
acto ilegal para com eles se compor um outro acto que seja legal.
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O CONTRATO ADMINISTRATIVO
I – Conceito
. Preliminares
A administração actrua por via da autoridade e toma decisões unilaterais, pratica actos
administrativos.
Muitas vezes actua em colaboração com os particulares, usando o contrato, e em vez de
definir unilateralmente a sua vontade, chega a cordo com aqueles para constituir,
modificar ou extinguir relações jurídicas administrativas.
Alguns autores entendiam que a figura do contrato era incmpatível com o espírito do
direito público: só no direito privado é que seria possível encontrar a figura do contrato,
pois:
• Diz-se que o estado é soberanoe, portanto, não se pode vincular por contrato a
um particular.
• Sustenta-se que o contrato pressupõe igualdade jurídica, que não existe no Dt.
público.
• Pode aceitar-se a existência de uma figura específica do direito público, mas
essencialmente diversa do contrato propriamente dito, característico do direito privado.
Contudo, é preciso não esquecer que nem toda a administração pública é estado:
efectivamente existem outras entidades públicas dotadas de personalidade jurídica
própria e que não são soberanas. Por outro lado, o estado, quando actua no âmbito do
direito administrativo, não é o estado-soberano, mas sim o estado administração. E
ainda que o fosse não poderiamos negar a possibilidade de o estado ver a sua soberania
limitada.
Há ainda a ponderar que no contrato administrativo o estado não se demite da
sua autoridade, a administração não se despoja dos poderes de autoridade que tenha de
conservar: ela vincula-se perante os particulares nos termos da lei, e desses termos faz
parte a manutenção de certos poderes de supremacia da Administração relativamente
aos particulares.
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Além do mais a igualdade das partes que o contrato pressupõe não é igualdade
de posição das partes mas sim igualdade reportada directamente à prestação,de modo
que a prestação de uma das partes seja justificação bastante da da outra parte.
Rejeita-se ainda a ideia de que o contrato admnistrativo seja apenas uma soma
de vontades unilaterais. Na vida jurídica administrativa há casos em que a relação
jurídica nasce de um acordo de vontades, de um verdadeiro contrato; e, portanto, o que
cumpre fazer é distinguir entre as hipóteses em que a relação jurídica-administrativa
nasce de um contrato e aquelas outras hipóteses em que ela nasce de um acto unilateral.
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Se no âmbito da prossecução das atribuições das pessoas colectivas públicas em
que se inserem não existir nenhuma disposição legal que proíba expressa ou
implicitamente o recurso à figura do contrato administrativo e se a natureza da relação a
estabelecer for compatível com tal forma de actuação os orgãos administrativos podem,
por força desta norma geral de habilitação plasmada no art. 179.º do CPA, utilizar o
módulo contratual em alternativa ao acto administrativo para constituir, modificar ou
extinguir relações jurídicas administrativas.
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II – Espécies
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. Concessão de serviços públicos
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como se fosse a própria adminsitração; neste caso apenas se consente a particulares,
com base num título jurídico individual, o uso e fruição de parcelas dominiais, para fins
de interesse público ou de interesse prevalentemente privado.
. Fornecimento contínuo
Este entendimento deve ter-se por ultrapassado. Hoje em dia divisam-se outros
tipos de contratos de prestação de serviços para fins de imediata utilidade pública para
além dos dois tradicionalmente invocados.
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. Outras espéies de contratos administrativos
Para além dos contratos que acabámos de referiri, existem outros que a lei não
qualfica expressamente assim, mas que oferecem todas as características necessárias e
suficientes para serem considerados como tais:
- contratos de cessão a título precário do domínio privado do estado.
- Contratos de desenvolvimento para habitação.
- Contratos de urbanização.
- Contrato programa de redução ed carga poluente.
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domínioo do conytrato administrativ, do mesmo modo que se procorou impedir que o
contraente público introduza no clausulado do contrato disposições que, não tendo
relação como objecto contratual, se limitem a explorar a vontade de contratar do
contraente privado. Um contrato administrativo não pode ser utilizado para pressionar o
particular a aceitar contratualmente encargos que não lhe podiam ser demandados
sequer por intermédio de um acto administrativo.
• Contratos administratvios com objecto passível de acto administrativo e
com objecto passível de contrato de direito privado – esta classificaçãochama a
atenção para uma curiosa dualidade do objecto dos contratos administrativo: é que,
enquanto uns têm por objecto uma situação jurídica que tb podia eventualmente ser
regulada por acto administrativo outros têm por objecto situações jurídicas que tb
podiam ser objecto de contrato de direito privado.
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III – Regime jurídico
. Preliminares
O regime jurídico dos contratos é constituído quer por normas que conferem
prerrogativas de autoridade à Adm. Púb., quer por normas que impõem à Adm. Púb.
Especiais deveres ou sujeições. Esse regime jurídico ´+e traçado principalmente pelo
Dt. Adm. mas tb por Dt. financeiro e Dt. comunitário.
Vamos estudar três momentos:
- a formação do contrato.
- A execução do contrato.
- A extinção do contrato
. a) Direito Comunitário
Direito comunitário originário – não existe aqui qualquer preceito que verse
especificamente sobre contratação pública. Não obstante no tratado várias disposições
reguladoras de aspectos importantes dosistema comunitário de abertura à concorrência e
de proibição de práticas disciriminatórias no sector da contratação pública (arts. 12.º,
23.º, 43.º,49.º, 86.º).
Direito comunitário derivado – podemos supreender três fases:
Fase inicial: cujo objectivo confesso era a diminuição do poder
discricionário das entidades adjudicantes na escolha dos co-contratantes,
não foi no entanto determinante para garantir a abertura dos contratos
públicos na comunidade.
Fase da consolidação – necessidade de aprofundar a regulação existente
em matéria de contratação pública. Era necessário assegurar a imposição
de um comportamento transparente às entidades nacionais.
Fase da codificação e do aprofundamento da regulação dos sectores
excluídos – os objectivos consistiam fundamentalmente na harmoniação
do conteúdo das directivas sobre obras e fornecimentos, por um lado, e,
por outro, na regulação dos contratos de serviços nos chamados «sectores
excluídos».
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Traços essenciais – em síntese os traços essenciais são:
Aplica-se apenas a contratos de um determinado valor.
Define critérios de escolha dos concorrentes.
Define tgrês procedimentos possiveis: o concurso público, concurso
limitado e procedimento por negociação.
Estabelece dois critérios de adjudicação de proposta: proposta de preço
mais baixo, e proposta economicamente mais vantajosa.
Impõe a indicação dos anúnicos dos concursos de todos os critérios de
adjudicação.
Impõe a adopção de regras comuns de ordem técnica, a fim de evitar que
se introduzam discriminações técnicas.
Prescreve regras específicas de publicidade.
. b) Principios gerais
A CRP nada diz em concrto sobre os concursos públicos. Cabe ao legislador, dentro de
certos limites gerais (arts. 266.º, 112.º, n.º7 e n.º8, e art. 241.º) estabelecer o regime
procedimental.
Vejamos as manifestações mais importantes destes princípios em matéria de
formaçãode contratos públicos, nomeadamente em concursos.
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Princípio da igualdade – assegurar a inexistência de desiquilibrios entre
situações jurídicas contratuais, estando subjacente à opção preferencial do legislador
pelo procedimento concursal na formação dos contratos administrativos (art. 182.º e
183.º CPA).
O procedimento preferido pelo legislador visa assegurar a publicidade, a
transparência e, sobretudo, a não discriminação entre os interessados no procedimanto e
decisão do concurso (art. 9.º, n.º2 do DL 197/99).
Marcelo Sousa – o tratamento não discriminatório dos concorrentes ao longo de
todo o procedimento de concurso público, impondo, concretamente, que as propostas
sejam apreciadas tal como são e apenas em função do respectivo mérito objectivo.
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Princípio da publicidade – Dentro do repsectivo âmbito de candidaturas
quaisquer deliberações da entidade adjudicante ou das comissões do concurso devem
ser dadas a conhecer a todos os que nele possam vir a estar ou estejam interessados
O princípio da publicidade concursal manifesta-se pelo fcato de os actos ouas
fases em que se verifica qual é a concorrência existente ou em que se fixam as
principais condições documentais e materiais de cada candidatura ou proposta
decorrerem publicamente perante os interessados.
. c) Regime procedimental
Vem consagrado no art. 181.º do CPA. Dito por palavras mais claras: a
formação do contrato administrativo faz-se mediante um procedimento preparatório,
tendente à escolha do co-contratante e à definição do conteúdo do contrato; esse
procedimento é um procedimento de 1.º grau e rege-se, em princípio, pelas regras
fixadas na parte III do CPA para os procedimentos de formação do acto administrativo.
Tal só não sucederá se e nos termos em que o procedimento de formação de
determinados contratos administrativos for regulado por lei específica (matéria de
empreitada de obras públicas e de concessão de obras públicas – DL n.º 59/99 e ainda o
DL n.º 197/99).
Será que a audiência prévia regulado no art. 100 do CPA vale tb para a formação de contratos
administrativos? O Prof. freitas entende que de modo geral sim pois:
A audiência prévia é expressão do princípio da colaboração da Administração com os
particulares (art. 7.º) e do princípio da participação (art. 8.º); ora, o art. 2.º do CPA diz-
nos, que os princípios gerais são aplicaveis a toda a actividade administrativa.
O art. 267.º, n.º4 da CRP.
87
A solução preconizada é aliás aquela que está vertida na lei (art. 108.º, n.º1, do DL n.º 197/99, de
ed junho).
A sequência é procedimento, acto administrativo (adjudicação), contrato.
A razão patra esta diferenciação está em que por vezes a competência para
adjudicar pertence a um órgão e a competência para contratar pertence a outro.
Por vezes a lei distingue entre a adjudicação provisória e a adjudicação
definitiva. (por ex. o art. 12.º do Dl. N.º 422/89, de 2 de Dezembro).
A adjudicação definitiva é um acto administrativo constitutivo de direitos.
Aprovisória, não tem essa consistência. Oponto releva especialmente em matéria de
regime de revogação.
Outros actos adminstrativos que podem ter tipicamente lugar no decurso do
procedimento contratual são a autorização para contratar e a aprovação da minuta do
contrato, actos esses que tb são praticados por órgãos admnistrativos diversos do órgão
competente para a adjudicação. Tudo depende do legal estabelecido.
Pode ainda, o procedimento ditar a não contratação. Será assim se se verificarem
em concreto pressupostos que permitam à entidade adjudicante desobrigar-se do
compromisso de adjudicação à melhor proposta (por ex, no art. 10.º do Dl 267/97, de 2
de Outubro – diploma do regime das SCUT).
A adminsitração não deve adjudicar quando todas as propostas se apresentem
como insatisfatórias face ao fim prosseguido pelo contrato.
. Esolha do co-contratante
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Nesta linha, diz-se hoje no n.º2 do art. 182.º do CPA que ao concurso público
são admitidos todas as entidades que satisfaçam os requisitos gerais estabelecidos por
lei. A caracteristica primeira do concurso público é a de não se saber à partida que
pessoas ou entidades vão concorrer e a de não haver limite ao n.º de concorrentes.
Existem várias espécies de concursos públicos:
Concursos de adjudicação – aqueles que visam determinar, em função
das propostas, quem vai ser o co-conytratante;
Concursos de selecção – aqueles que visam determinar quais as entidades
admitidas a apresentar propostas num subsequente procedimento de
adjudicação.
Concursos de ajudicação subjectiva – aqueles em que na escolha
administrativa da proposta ou da candidatura pesam factores ligados à
pessoa dos concorrentes.
Concursos de adjudicação objectiva ou hasta pública – aqueles em que
existe desinteresse pela pessoa dos concorrentes e pela sua idoneidade
profissional e capacidade técnica.
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Ajuste directo – escolha não limitada por qualquer prévia apresentação
de propostas à contratação gizadas sobre um esquema adianatado pela
administração. Ocorre tipicamente em atenção: ao reduzido valor do
contrato; à urgência na celebração do contrato; à ingungibilidade da
pessoa do co-contratante.
90
b) Invalidades originárias – os n.º2 e 3 do art. 185 do CPA concernem às
invalidades originárias do contrato administrativo.
O n.º2 do art. 185.º do CPA remete para a disciplina do CC relativa à falta e
vícios da vontade (o contrato administrativo é, como o civil, um acordo de vontades).
Note-se que não é apenas o regime do âmbito das formas de invalidade previsto nos arts
240.º a 257.º do CC que, por força deste art 185.º, n.º2 do CPA, se aplica a qualquer
contrato administrativo; quando um contrato desta natureza seja afectado por um desses
vícios, é-lhe aplicável o regime jurídico das formas de invalidade (regime da nulidade e
da anulabilidade), previsto no art. 285.º a 294.º do CC (só o CC é que dispõe sobre este
tipo de vícios).
No n.º3 do art 185 do CPA disciplina-se através de uma dupla remissão, o
regime das invaldiades originárias do contrato administrativo não relativas à falta e
vícios da vontade. Aos contratos com objecto passível de acto administrativo, é
aplicável o regime da invalidade do acto administrativo (a lei estebelece que a
atribuição pelo Estado de um subsídio financeiro superior a determinado montante à
organização de eventos culturais se deverá formalizar por documento autêntico, é
anulável, por força da remissão efectuada na alínaea a) do n.º 3 do 185 do CPA para o
acto administrativo, o contrato pelo qual o Ministro da cultura atribua, por meio de
mero documento este subsídio). Aos contratos adminsitrativos com objecto passível
de contrato privado é aplicável o regime de invalidade do negócio jurídico previsto
nos arts. 285.º a 293.º do CC, por força da alínea b) do n.º3 do 185.º do CPA.
Qual a razão de ser desta dupla remissão no n.º3 dio 185.º do CPA?
A finalidade da alínea a) é a de inviabilizar à Administração o recurso à via
contratual para obter efeitos que a lei proíbe que sejam atingidos por acto unilateral.
A finalidade da alínea b) é o de evitar, tendo em conta que a nulidade é o valor-
regra da invalidade dos contratos privados (art. 294.º do CC – sendo diferente do Dt.
adm. onde a regra é a anulabilidade: art 135 do CPA) , que a administração fosse
“tentada a celebrar sob forma administrativa contratos privados apenas para beneficiar
de um regime de invalidade mais favorável”.
91
Que princípios específicos do direito dos contratos administrativosse deverão
ponderar especialmente na interpretação dos contratos administrativos?
Marcello Caetano: Tipicidade, relevância do procedimento pré-contratual para
apurar´a vontade rela das partes, colaboração subordinada do particular com a
Administração, protecção do interesse privado do co-contratante, natureza opiniativa
dos actos administrativos interpretativos de claúsulas contratuais.
Todos este princípios são válidos, além do que consta da regra fixada no art.
186.º, n.º1 do CPA os seguintes:
Especial relevância do procedimento pré-contratual para apurar a
vontade real das partes.
Respeito pelo interesse privado do contraente particular.
. a) Poderes da Administração
92
O dever de repor o equilíbrio financeiro do contrato – em contrapartida, e como de
há muito tb a jurisprudência e a doutrina proclamam, se, do exercício da potestas
variandi, resultar para o contraebte particular um encargo que ele não suportaria sem a
alteração diz a lei que a Adm., como preço que tem de pagar por derrogar o princípio da
estabilidade dos contratos. Com efeito, o princípio da interdependência faz com
quenenhuma das partes possa obter da outra uma vantagem sem lhe dar a compensação
devida segundo o que estiver estipulado.
Calro que qualquer contrato envolve riscos, mas trata-se então de consequências
natuirais e que não constituem injustiça pois resultam de defeito de previsão ou má
gestão.
93
Síntese – À administração é conferido o poder de modificar unilateralmente o conteúdo
das prestações do co-contratante, actualizando-as em funções das novas exigências do
interesse público; à Administração é imposto que seja respeitado o objecto do contrato –
em espeaço necessariamente subtraído ao poder de modificação unilateralmente da
Administração – e tb o equilíbrio financeiro do contrato, portegendo-se deste modo os
direitos e interesses legítimos dos particulares.
Fundamento teórixo –
Há quem entenda que se trata de um poder inerente à natureza do
contrato administrativo.
Há quem entenda que se trata de um poder exterior ao contrato, fundado
na circunstância de a Administração Pública ter um poder público que
tem de usar para melhor prossecução do interesse colectivo.
94
Em caso de não acatamento não há privilégio de execução prévia pela Adm. (art.
187.º do CPA). A via adequada para o efeito é a da acção pelo facto de ele ser um
«poder de integração dispositiva do contrato», uma vez que algumas das obrigações que
o co-contratante «assume podem estar definidas em termos pouco claros».
Consiste este poder na faculdade que a Adm. tem, como parte pública do
contrato, de vigiar a execução para saber se está a ser executado.
Pretende-se evitar surpresas prejudiciais ao interesse público, de que a
Adminstração não viesse nunca a tomar conhecimento. Há todo um conjunto de regras
que definem e delimitam este poder, e que estabelecem os deveres e sujeições que
impenden, em consequência dele, sobre o contraente particular.
. Poder sancionatório
aplica sanções seja pela inexecução dociontrato, seja pelo atraso naexecução,
seja por qualquer forma de execução imperfeita ou defeituosa.
As suas duasmodalidades típicas são a aplicação de multas e osequestro.
A aplicação de multas não levanta dificuldades especiais que tenhamos
de considerar. A multa contratual tanto pode ser uma penaldiade como
uma medida compulsória - «a multa não tem de estar prevista para cada
conrcreta violação de uma obrigação contratual (princípio da
taxatividade)».
Sequestro consiste no seguinte_: quando o contraente abandone o
exercício do poder público que lhe foi conferido, ou o gira mal, a
Admnistração tem o direito de assumir o exercício desse poder e as
obrigações do particular relativamente ao contrato, ficando a cargo do
contraente particular todas as despesas que a Administração fizer
enquanto a situação durar. O particular é tb privado do direito de
exploração do mesmo das receitas correspopndentes.
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A revisão de preços – O legislador viu-se forçado a barir mão dos rigorosos requisitos
da teoria da imprevisão e a aceitar tb a sua consagração, embora com nuances, «para
situações que não são nem anormais, nem imprevisíveis, mas que se não fossem
reguladas poderiam levar a um acentuado desinteresse dos particulares pela contratação
com a Adm». assumiu-se este direito à revisão como direito de interesse e ordem
públcia.
Exemplo claro disso são o art. 19.º e o n.º1 do art. 199.º do DL n.º 55/99. neles se
consagra efectivamente um duplo regime de revisão de preços. No primeiro, prevê-se
um regime de revisão de preços excepcional.
Correspondendo, no essencial, às situações anormais e imprevisíveis que estiveram na
base da formulação da teoria da imprevisão; no segundo dos referidos preceitos,
copnsagra-se um regime de revisão normal – correspondendo a situações previsíveis de
aumentos relevantes dos custos de produção.O primeiro prevê uma compensação, a
fixar em termos de equidade; o segundo leva ao estabelecimento de novos reços,
segundo fórmulas pré-determinadas.
A função do regime de revisão de preços é permitir o ajustamentos do preço
inicialmente estipulado em função das variações normais que podem produzir-se em
parâmetros condicionantes do seu preço de custo. Garanate-se assim o equilíbrio
durante a vigência do contrato.
. a) Rescisão-sanção
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Daqui podem decorrer vairos efeitos. A perda integral e automática para
aAdministração da cauçau que o co-contratante haja depositado; por outro lado, e está
ainda a pensar-se especialmente nos contratos de concessão, a reversão para o
concedente dos bens deste que estejam integrados no estabelecimento da concessão,
bvem como daqueles que foram adquiridos pelo concessionário e se convencionou que
seriam transferidos para o concedente. Quanto a este grupo, nada se estipulando em
contrário, o concedente deve pagar ao concessionário o valor dos bens por este
adquiridos que ainda não esteja amortizado (a soluçãooposta geraria enriquecimento da
Adm. à custa alheia).
. b) Resgate
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. D) Contencioso dos contratos administrativos; nótula e remissão
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