Você está na página 1de 9

2297

As redes de atenção à saúde

ARTIGO ARTICLE
Health care networks

Eugênio Vilaça Mendes 1

Abstract The demographic and epidemiologic Resumo As transições demográfica e epidemioló-


transition resulting from aging and the increase gica significam um incremento relativo das con-
of life expectation means an increment related to dições crônicas. Tem sido assim, no Brasil, que
chronic conditions. The healthcare systems con- apresenta uma situação de saúde de tripla carga de
temporary crisis is characterized by the organi- doenças, manifestada na convivência de doenças
zation of the focus on fragmented systems turned infecciosas, parasitárias e problemas de saúde re-
to the acute conditions care, in spite of the chronic produtiva, causas externas e doenças crônicas. Há
conditions prevalence, and by the hierarchical uma crise dos sistemas de saúde contemporâneos
structure without communication flow among que se explica pela incoerência entre uma situação
the different health care levels. Brazil health care de saúde com predomínio relativo forte de condi-
situation profile is now presenting a triple bur- ções crônicas e uma resposta social através de sis-
den of diseases, due to the concomitant presence temas fragmentados e voltados, principalmente,
of infectious diseases, external causes and chronic para as condições agudas e as agudizações das con-
diseases. The solution is to restore the consistence dições crônicas. Essa crise se manifesta em nosso
between the triple burden of diseases on the health país, tanto no setor público quanto no setor priva-
situation and the current system of healthcare do. A solução para essa crise está em recompor a
practice, with the implantation of health care coerência entre a situação de tripla carga de doen-
networks. The conclusion is that there are evi- ças com uma resposta social estruturada em siste-
dences in the international literature on health mas integrados de saúde: as redes de atenção à saú-
care networks that these networks may improve de. Conclui-se que há evidências na literatura in-
the clinical quality, the sanitation results and the ternacional de que as redes de atenção à saúde po-
user´s satisfaction and the reduction of health- dem melhorar a qualidade dos serviços, os resulta-
care systems costs. dos sanitários e a satisfação dos usuários e reduzir
Key words Comprehensive health care, Demo- os custos dos sistemas de atenção à saúde.
graphic transition, Health transition, Chronic Palavras-chave Assistência integral à saúde, Tran-
disease sição demográfica, Transição epidemiológica,
1
Secretaria de Estado de Doença crônica
Saúde de Minas Gerais. Rua
Sapucai 429/10º andar,
Floresta. 30150-050 Belo
Horizonte MG.
eugeniov@saude.mg.gov.br
2298
Mendes EV

A situação de saúde no Brasil Uma análise da mortalidade no Brasil indica


que, em 1930, as doenças infecciosas respondi-
Os sistemas de atenção à saúde são respostas so- am por 46% das mortes, mas que este valor de-
ciais deliberadas às necessidades de saúde da po- cresceu para um valor próximo a 5% em 2000;
pulação. Assim, ao se discutir uma proposta de ao mesmo tempo, as doenças cardiovasculares,
organização do Sistema Único de Saúde (SUS), que representavam em torno de 12% das mortes
deve-se começar por analisar que necessidades de em 1930, responderam, em 2000, por quase 30%
saúde se expressam na população brasileira. A de todos os óbitos5. Em relação à morbidade,
situação de saúde dos brasileiros é analisada nos medida pela morbidade hospitalar, no ano de
seus aspectos demográficos e epidemiológicos. 2005, das primeiras quinze causas de internações
Do ponto de vista demográfico, o Brasil vive pelo SUS, nove foram por condições crônicas6.
uma transição demográfica acelerada. A popu- A análise da carga de doenças, medida em
lação brasileira, apesar de baixas taxas de fecun- anos de vida perdidos ajustados por incapacida-
didade, vai continuar crescendo nas próximas dé- de, demonstra que 14,7% dessa carga são por
cadas, como resultado dos padrões de fecundi- doenças infecciosas, parasitárias e desnutrição;
dade anteriores. O percentual de pessoas idosas 10,2%, por causas externas; 8,8%, por condições
maiores de 65 anos, que era de 2,7% em 1960, maternas e perinatais e 66,3%, por doenças crô-
passou para 5,4% em 2000 e alcançará 19% em nicas7. O somatório das duas últimas, ambas
2050, superando o número de jovens1. condições crônicas, indica que 75% da carga de
Uma população em processo rápido de enve- doenças no país são determinados por condi-
lhecimento significa um crescente incremento re- ções crônicas, o que, ainda, exclui o percentual de
lativo das condições crônicas por que essas con- doenças transmissíveis de curso longo.
dições de saúde afetam mais os segmentos de A situação epidemiológica brasileira distan-
maior idade. Os dados da Pesquisa Nacional de cia-se da transição epidemiológica clássica omra-
Amostra Domiciliar do IBGE de 2008 mostram
miana8, observada nos países desenvolvidos, e tem
que 79,1% dos brasileiros de mais de 65 anos de
sido definida, recentemente, como tripla carga de
idade relataram ser portadores de, pelo menos,
doenças por que envolve, ao mesmo tempo, uma
uma das doze doenças crônicas selecionadas2.
agenda não concluída de infecções, desnutrição e
Por outro lado, na perspectiva epidemiológi-
problemas de saúde reprodutiva; o desafio das
ca, o país vivencia uma forma de transição singu-
doenças crônicas e de seus fatores de riscos, como
lar, diferente da transição clássica dos países de-
o tabagismo, o sobrepeso, a obesidade, a inativi-
senvolvidos. Para a análise epidemiológica, vai se
dade física, o estresse e a alimentação inadequa-
considerar o conceito de condições de saúde, agu-
da; e o forte crescimento das causas externas9.
das e crônicas, que difere da tipologia mais usual
que é doenças transmissíveis e doenças e agravos
não transmissíveis. Essa tipologia convencional
tem sido muito útil nos estudos epidemiológicos, O problema fundamental dos sistemas
mas observa-se que ela não se presta para refe- de atenção à saúde contemporâneos
renciar a estruturação dos sistemas de atenção à
saúde. Para organizar os sistemas de atenção à A crise contemporânea dos sistemas de atenção
saúde, o mais conveniente é separar as condições à saúde que se manifesta, em maior ou menor
agudas, em geral de curso curto e que podem ser grau, em todos os países mundo, decorre de uma
respondidas por um sistema reativo e com res- incoerência entre uma situação de saúde de tran-
postas episódicas, das condições crônicas, que têm sição demográfica e de transição epidemiológica
curso mais ou menos longo e que exigem um sis- completa nos países desenvolvidos e de dupla ou
tema que responda a elas de forma proativa, con- tripla carga de doenças nos países em desenvol-
tínua e integrada. Por isso, as condições crônicas vimento e o modo como se estruturam as res-
envolvem todas as doenças crônicas, mais as do- postas sociais deliberadas às necessidades das
enças transmissíveis de curso longo (tuberculose, populações.
hanseníase, HIV/aids e outras), as condições ma- A situação de saúde de forte predomínio re-
ternas e infantis, os acompanhamentos por ciclos lativo das condições crônicas não pode ser res-
de vida (puericultura, herbicultura e seguimento pondida, com eficiência, efetividade e qualidade,
das pessoas idosas), as deficiências físicas e estru- por sistemas de saúde voltados, prioritariamen-
turais contínuas (amputações, cegueiras e defi- te, para as condições agudas e para as agudiza-
ciências motoras persistentes) e os distúrbios ções de condições crônicas, e organizados de for-
mentais de longo prazo3,4. ma fragmentada.
2299

Ciência & Saúde Coletiva, 15(5):2297-2305, 2010


Essa crise decorre da incongruência entre uma qualquer tempo e em qualquer sociedade, deve
situação de saúde do século XXI, convivendo com haver uma coerência entre a situação de saúde e
um sistema de atenção à saúde do século XX. o sistema de atenção à saúde. Quando essa coe-
Isso não deu certo nos países desenvolvidos e rência se rompe, como ocorre, neste momento,
isso não está dando certo no Brasil, nem no setor em escala global e no Brasil, instala-se uma crise
público, nem no setor privado. nos sistemas de atenção à saúde.
Ham10 faz um diagnóstico dessa crise a partir
de uma análise histórica dos sistemas de atenção
à saúde, mostrando que, até a primeira metade Os sistemas fragmentados
do século XX, eles se voltaram para as doenças de atenção à saúde
infecciosas e, na segunda metade daquele século,
para as condições agudas e para as agudizações Uma análise dos sistemas de atenção à saúde,
das doenças crônicas. E ressalta: O paradigma feita numa perspectiva internacional, mostra que
predominante da condição aguda é um anacronis- eles são dominados pelos sistemas fragmenta-
mo. Ele foi formatado pela noção do século XIX da dos, voltados para atenção às condições agudas
doença como ruptura de um estado normal deter- e às agudizações de condições crônicas.
minada por um agente externo ou por um trauma. Conceitualmente, os sistemas fragmentados
Sob esse modelo a atenção, a condição aguda é o de atenção à saúde são aqueles que se organizam
que representa, diretamente, a ameaça. Mas a epi- através de um conjunto de pontos de atenção à
demiologia moderna mostra que os problemas de saúde isolados e incomunicados uns dos outros e
saúde prevalecentes hoje, definidos em termos de que, por consequência, são incapazes de prestar
impactos sanitários e econômicos, giram em torno uma atenção contínua à população. Em geral, não
das condições crônicas. Na mesma linha, a Orga- há uma população adscrita de responsabilização,
nização Mundial da Saúde4 adverte de forma in- o que impossibilita a gestão baseada na popula-
cisiva: Os sistemas de saúde predominantes em todo ção. Neles, a atenção primária à saúde não se co-
mundo estão falhando, pois não estão conseguindo munica fluidamente com a atenção secundária à
acompanhar a tendência de declínio dos proble- saúde e esses dois níveis também não se comuni-
mas agudos e de ascensão das condições crônicas. cam com a atenção terciária à saúde, nem com os
Quando os problemas de saúde são crônicos, o sistemas de apoio. Nesses sistemas, a atenção pri-
modelo de tratamento agudo não funciona. mária à saúde não pode exercitar seu papel de
Uma explicação para essa crise é feita por centro de comunicação, coordenando o cuidado.
Bengoa11,quando assinala que os sistemas de Os sistemas fragmentados caracterizam-se
atenção à saúde movem-se numa relação dialéti- pela forma de organização hierárquica; a inexis-
ca entre fatores contextuais como envelhecimen- tência da continuidade da atenção; o foco nas
to da população, transição epidemiológica e ino- condições agudas através de unidades de pron-
vação tecnológica e fatores internos como cultu- to-atendimento, ambulatorial e hospitalar; a
ra organizacional, recursos institucionais, siste- passividade da pessoa usuária; a ação reativa à
mas de incentivo, estrutura organizacional e esti- demanda; a ênfase relativa nas intervenções cu-
los de liderança e gestão. Os fatores contextuais, rativas e reabilitadoras; o modelo de atenção à
externos aos sistemas de atenção à saúde, mu- saúde, fragmentado e sem estratificação dos ris-
dam em ritmos mais rápidos que os fatores in- cos; a atenção centrada no cuidado profissional,
ternos, os que estão sob a governabilidade seto- especialmente no médico; e o financiamento por
rial. Isso faz com que os sistemas de atenção à procedimentos12.
saúde não tenham a capacidade de adaptar-se, Os sistemas fragmentados têm sido um de-
oportunamente, às mudanças contextuais. Nis- sastre sanitário e econômico em todo o mundo.
so reside a crise universal dos sistemas de aten- Tome-se o exemplo brasileiro. Pesquisa da
ção à saúde que foram concebidos e desenvolvi- Fiocruz da Bahia e da Unifesp, medindo a hemo-
dos com uma presunção de continuidade de uma globina glicada de 6.700 portadores de diabetes
atuação voltada para as condições e eventos agu- em 22 centros clínicos brasileiros, evidenciou que
dos, desconsiderando a epidemia moderna das o nível glicêmico só estava controlado (valor igual
condições crônicas. ou inferior a 7%) em 10% dos portadores de dia-
A transição da situação de saúde, juntamente betes tipo 1 e em 25% dos portadores de diabetes
com outros fatores como o desenvolvimento ci- tipo 2. Além disso, verificou que 45% dos exami-
entífico, tecnológico e econômico, determina a nados apresentavam sinais de retinopatias, 44%,
transição da atenção à saúde. Por essa razão, em de neuropatias e 16%, de alterações renais13.
2300
Mendes EV

Os resultados do controle do diabetes não todos os pontos de atenção à saúde são igual-
são muito melhores nos Estados Unidos. Nesse mente importantes e se relacionam horizontal-
país, havia oito milhões de portadores de diabe- mente; implicam um contínuo de atenção nos
tes e um outro tanto sem diagnósticos. Dos di- níveis primário, secundário e terciário; convo-
agnosticados, 30% não estavam controlados, cam uma atenção integral com intervenções pro-
35% desenvolveram nefropatias, 58%, doenças mocionais, preventivas, curativas, cuidadoras,
cardiovasculares, 30 a 70%, neuropatias, pouco reabilitadoras e paliativas; funcionam sob coor-
mais de 50% realizaram o exame oftalmológico denação da atenção primária à saúde; prestam
de rotina e a carga econômica da doença foi de atenção oportuna, em tempos e lugares certos,
noventa bilhões de dólares anuais14. de forma eficiente e ofertando serviços seguros e
Chama a atenção que, em dois países muito efetivos, em consonância com as evidências dis-
diferentes, os resultados dos desfechos clínicos poníveis; focam-se no ciclo completo de atenção
do diabetes são muito negativos, sendo que o a uma condição de saúde; têm responsabilidades
Brasil tem um gasto per capita anual de US$ sanitárias e econômicas inequívocas por sua po-
427,00 e os Estados Unidos, de US $ 6.719,00, o pulação; e geram valor para a sua população.
que sinaliza que o problema do manejo das con- Da definição operacional de redes adotada,
dições crônicas não está no volume de recursos fica claro que ela se aproxima, conceitualmente,
despendidos, mas na forma como se organizam da estrutura em redes que implica missão única,
os sistemas de atenção à saúde6. objetivos comuns e planejamento conjunto e que
se distancia da concepção de networking que co-
nota interações informais fortemente impulsio-
Recompondo a coerência entre nadas pelas tecnologias de informação.
uma situação de saúde de tripla carga
de doenças e o sistema de atenção à saúde: Os elementos constitutivos
as redes de atenção à saúde das redes de atenção à saúde

A solução do problema fundamental do SUS As redes de atenção à saúde constituem-se de


consiste em restabelecer a coerência entre a situ- três elementos: a população, a estrutura operaci-
ação de saúde de tripla carga de doenças, com onal e o modelo de atenção à saúde.
predominância relativa forte de condições crôni-
cas, e o sistema de atenção à saúde. Isso vai exigir A população
mudanças profundas que permitam superar o O primeiro elemento das redes de atenção à
sistema fragmentado vigente através da implan- saúde e sua razão de ser é uma população, colo-
tação de redes de atenção à saúde. cada sob sua responsabilidade sanitária e econô-
mica. É isso que marca a atenção à saúde basea-
O conceito de redes de atenção à saúde da na população, uma característica essencial das
redes de atenção à saúde.
As redes de atenção à saúde são organizações A atenção à saúde baseada na população é a
poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, habilidade de um sistema em estabelecer as ne-
vinculados entre si por uma missão única, por cessidades de saúde de uma população específi-
objetivos comuns e por uma ação cooperativa e ca, sob sua responsabilidade, segundo os riscos,
interdependente, que permitem ofertar uma aten- de implementar e avaliar as intervenções sanitá-
ção contínua e integral a determinada popula- rias relativas a essa população e de prover o cui-
ção, coordenada pela atenção primária à saúde - dado para as pessoas no contexto de sua cultura
prestada no tempo certo, no lugar certo, com o e de suas preferências15.
custo certo, com a qualidade certa e de forma A população de responsabilidade das redes
humanizada -, e com responsabilidades sanitá- de atenção à saúde vive em territórios sanitários
rias e econômicas por esta população6. singulares, organiza-se socialmente em famílias
Dessa definição, emergem os conteúdos bá- e é cadastrada e registrada em subpopulações por
sicos das redes de atenção à saúde: apresentam riscos sociossanitários. Assim, a população total
missão e objetivos comuns; operam de forma de responsabilidade de uma rede de atenção à
cooperativa e interdependente; intercambiam saúde deve ser plenamente conhecida e registra-
constantemente seus recursos; são estabelecidas da em sistemas de informação potentes. Mas não
sem hierarquia entre os diferentes componentes, basta o conhecimento da população total: ela deve
organizando-se de forma poliárquica, em que ser segmentada, subdividida em subpopulações
2301

Ciência & Saúde Coletiva, 15(5):2297-2305, 2010


por fatores de riscos e estratificada por riscos em das doenças e ofertam tecnologias mais seguras
relação às condições de saúde estabelecidas. O para os usuários e profissionais de saúde16-20.
conhecimento da população de uma rede de aten- Contudo, para que a atenção primária à saú-
ção à saúde envolve um processo complexo, es- de possa resultar em todos esses benefícios, deve
truturado em vários momentos, sob a respon- ser reformulada para cumprir três papéis essen-
sabilidade fundamental da atenção primária: o ciais nas redes de atenção à saúde: a resolução, a
processo de territorialização; o cadastramento capacidade para solucionar mais de 85% dos pro-
das famílias; a classificação das famílias por ris- blemas de saúde de sua população; a coordena-
cos sociossanitários; a vinculação das famílias à ção, a capacidade de orientar os fluxos e contra-
unidade de atenção primária à saúde/equipe do fluxos de pessoas, informações e produtos entre
Programa de Saúde da Família; a identificação os componentes das redes; e a responsabilização,
de subpopulações com fatores de riscos; a identi- a capacidade de acolher e responsabilizar-se, sa-
ficação das subpopulações com condições de saú- nitária e economicamente, por sua população.
de estabelecidas por graus de riscos; e a identifi- O segundo componente das redes de atenção
cação de subpopulações com condições de saúde à saúde são os pontos de atenção secundários e
muito complexas. terciários, os nós das redes onde se ofertam de-
terminados serviços especializados, gerados atra-
A estrutura operacional vés de uma função de produção singular. Eles se
O segundo elemento constitutivo das redes de diferenciam por suas respectivas densidades tec-
atenção à saúde é a estrutura operacional, consti- nológicas, sendo os pontos de atenção terciários
tuída pelos nós das redes e pelas ligações materiais mais densos tecnologicamente que os pontos de
e imateriais que comunicam esses diferentes nós. atenção secundários e, por essa razão, tendem a
A estrutura operacional das redes de atenção ser mais concentrados espacialmente.
à saúde compõe-se de cinco componentes: o cen- Contudo, na perspectiva das redes poliárqui-
tro de comunicação, a atenção primária à saúde; cas, não há, entre eles, relações de principalidade
os pontos de atenção secundários e terciários; os ou subordinação, características das relações hi-
sistemas de apoio; os sistemas logísticos; e o sis- erárquicas, já que todos são igualmente impor-
tema de governança da rede de atenção à saúde. tantes para se atingirem os objetivos comuns das
Os três primeiros correspondem aos nós das re- redes de atenção à saúde.
des e o quarto, às ligações que comunicam os O terceiro componente das redes de atenção
diferentes nós. E o quinto, o componente que à saúde são os sistemas de apoio. Os sistemas de
governa as relações entre os quatro primeiros. apoio são os lugares institucionais das redes onde
O centro de comunicação das redes de aten- se prestam serviços comuns a todos os pontos
ção à saúde é o nó intercambiador no qual se co- de atenção à saúde, nos campos do apoio diag-
ordenam os fluxos e contrafluxos do sistema de nóstico e terapêutico, da assistência farmacêuti-
atenção à saúde e é constituído pela atenção pri- ca e dos sistemas de informação em saúde.
mária à saúde (unidade de atenção primária à saú- O sistema de apoio diagnóstico e terapêutico
de ou equipe do Programa de Saúde da Família). envolve os serviços de diagnóstico por imagem,
Há evidências de que os sistemas de atenção à os serviços de medicina nuclear diagnóstica e te-
saúde baseados numa forte orientação para a rapêutica, a eletrofisiologia diagnóstica e terapêu-
atenção primária à saúde, contrastados com os tica, as endoscopias, a hemodinâmica e a patolo-
sistemas de baixa orientação para a atenção pri- gia clínica (anatomia patológica, genética, bio-
mária à saúde, são mais adequados por que se química, hematologia, imunologia e microbio-
organizam a partir das necessidades de saúde da logia e parasitologia).
população; mais efetivos porque são a única for- O sistema de assistência farmacêutica envolve
ma de enfrentar consequentemente a situação uma organização complexa, exercitada por um
epidemiológica de hegemonia das condições crô- grupo de atividades relacionadas com os medica-
nicas e por impactar significativamente os níveis mentos, destinadas a apoiar as ações de saúde
de saúde da população; mais eficientes por que demandadas por uma população, englobando
apresentam menores custos e reduzem procedi- intervenções logísticas relativas à seleção dos me-
mentos mais caros; mais equitativos por que dis- dicamentos, à programação de medicamentos, à
criminam positivamente grupos e regiões mais aquisição de medicamentos, ao armazenamento
pobres e diminuem o gasto do bolso das pessoas dos medicamentos, à distribuição dos medica-
e famílias; e de maior qualidade por que colocam mentos, bem como ações assistenciais da farmá-
ênfase na promoção da saúde e na prevenção cia clínica, como o formulário terapêutico, a dis-
2302
Mendes EV

pensação, a adesão ao tratamento, a conciliação sil. São as comissões intergestores que se materi-
de medicamentos e a farmacovigilância. alizam: no plano nacional, na comissão interges-
A construção social das redes de atenção à tores tripartite; nos estados, nas comissões in-
saúde, para ser consequente, tem de ser suporta- tergestores bipartite; e nas regiões de saúde, nas
da por informações de qualidade, ofertadas por comissões intergestores bipartite regionais.
bons sistemas de informação em saúde. Os siste-
mas de informação em saúde compreendem os O modelo de atenção à saúde
determinantes sociais da saúde e os ambientes O terceiro elemento constitutivo das redes de
contextuais e legais nos quais os sistemas de aten- atenção à saúde são os modelos de atenção à
ção à saúde operam; os insumos dos sistemas de saúde.
atenção à saúde e os processos relacionados a Os modelos de atenção à saúde são sistemas
eles, incluindo a política e a organização, a infra- lógicos que organizam o funcionamento das re-
estrutura sanitária, os recursos humanos e os des de atenção à saúde, articulando, de forma
recursos financeiros; a performance dos sistemas singular, as relações entre a população e suas
de atenção à saúde; os resultados produzidos em subpopulações estratificadas por riscos, os focos
termos de mortalidade, morbidade, carga de das intervenções do sistema de atenção à saúde e
doenças, bem-estar e estado de saúde; e a equi- os diferentes tipos de intervenções sanitárias, de-
dade em saúde. finidos em função da visão prevalecente da saú-
O quarto componente das redes de atenção à de, das situações demográfica e epidemiológica e
saúde são os sistemas logísticos. Os sistemas lo- dos determinantes sociais da saúde, vigentes em
gísticos são soluções tecnológicas, fortemente determinado tempo e em determinada socieda-
ancoradas nas tecnologias de informação, que de. A necessidade de se mudarem os sistemas de
garantem uma organização racional dos fluxos e atenção à saúde para que possam responder com
contrafluxos de informações, produtos e pesso- efetividade, eficiência e segurança a situações de
as nas redes de atenção à saúde, permitindo um saúde dominadas pelas condições crônicas levou
sistema eficaz de referência e contrarreferência ao desenvolvimento dos modelos de atenção à
das pessoas e trocas eficientes de produtos e in- saúde. Há modelos de atenção à saúde para as
formações, ao longo dos pontos de atenção à condições agudas e crônicas.
saúde e dos sistemas de apoio, nas redes de aten- As condições agudas e os eventos agudos de-
ção à saúde. Os principais sistemas logísticos das correntes de condições crônicas agudizadas exi-
redes de atenção à saúde são o cartão de identifi- gem, para o seu manejo adequado, a implanta-
cação das pessoas usuárias, o prontuário clínico, ção de modelos de atenção à saúde que, em geral,
os sistemas de acesso regulado à atenção à saúde expressam-se num tipo de classificação de riscos.
e os sistemas de transporte em saúde. Isso se deve a que, nas condições agudas, a vari-
O quinto componente das redes de atenção à ável-chave para a organização das redes de aten-
saúde são os sistemas de governança. A gover- ção às urgências e às emergências é o tempo-res-
nança das redes de atenção à saúde é o arranjo posta em relação ao risco. Os modelos de tria-
organizativo que permite a gestão de todos os gem nas urgências e emergências mais avança-
componentes das redes de atenção à saúde, de dos e que foram construídos numa concepção
forma a gerar um excedente cooperativo entre os sistêmica são o modelo australiano, o modelo
atores sociais em situação, aumentar a interde- pioneiro que usa tempos de espera de acordo
pendência entre eles e obter resultados sanitários com a gravidade; o modelo canadense, seme-
e econômicos para a população adscrita. A go- lhante, mas mais complexo que o australiano; o
vernança objetiva criar uma missão e uma visão modelo americano, que opera com um único al-
nas organizações; definir objetivos e metas que goritmo e que se foca mais na necessidade de
devem ser alcançados no curto, médio e longo recursos para o atendimento; o modelo de An-
prazos para cumprir com a missão e a com vi- dorra, que se articula em sintomas, discriminan-
são; articular as políticas institucionais para o tes e algoritmos, mas muito complexo e demo-
cumprimento dos objetivos e metas; e desenvol- rado; e o sistema de triagem de Manchester, que
ver a capacidade de gestão necessária para plane- opera com algoritmos e determinantes, associa-
jar, monitorar e avaliar o desempenho dos ge- do a tempos de espera simbolizados por cinco
rentes e da organização. A governança das redes cores e que tem sido usado em vários países21.
de atenção à saúde, no SUS, deve ser feita por Por outro lado, os modelos de atenção à saú-
meio de arranjos interfederativos, coerentes com de, destinados à orientação dos sistemas de aten-
o federalismo cooperativo que se pratica no Bra- ção à saúde, voltados para as condições crôni-
2303

Ciência & Saúde Coletiva, 15(5):2297-2305, 2010


cas, são construídos a partir de um modelo se- As evidências
minal, o modelo de atenção crônica, o MAC22. sobre as redes de atenção à saúde
Dele, derivam várias adaptações aplicadas em
diferentes partes do mundo, tanto em países de- Há, na literatura internacional, provinda de vá-
senvolvidos como em países em desenvolvimen- rios países, evidências de boa qualidade de que as
to. Ele tem sido adotado, com modificações ad- redes de atenção à saúde podem melhorar a qua-
jetivas, no Canadá, Reino Unido, Alemanha, Rús- lidade clínica, os resultados sanitários, a satisfa-
sia, Espanha, Austrália, Dinamarca, Holanda e ção dos usuários e reduzir os custos dos siste-
em alguns países em desenvolvimento4,23-27. No mas de atenção à saúde.
Brasil, Mendes6 propôs, também com base no Esses resultados foram positivos em várias
MAC, um modelo de atenção às condições crô- situações: na atenção às pessoas idosas35,36; na
nicas para utilização no SUS. saúde mental37-39; no controle do diabetes40-42; no
O MAC compõe-se de seis elementos, subdi- aumento da satisfação dos usuários43,44; no con-
vididos em dois grandes campos: o sistema de trole de doenças cardiovasculares45; no controle
atenção à saúde e a comunidade. No sistema de de doenças respiratórias crônicas46 e na redução
atenção à saúde, as mudanças devem ser feitas da utilização de serviços especializados29.
na organização da atenção à saúde, no desenho Uma avaliação de 72 sistemas que utilizaram
do sistema de prestação de serviços, no apoio às alguma forma de integração concluiu que os pro-
decisões, nos sistemas de informação clínica e no gramas que integravam a atenção primária à saú-
autocuidado apoiado. Na comunidade, as mu- de com os outros níveis e que tinham uma popu-
danças estão centradas na articulação dos servi- lação adscrita foram mais efetivos e que seus usu-
ços de saúde com os recursos da comunidade. ários estavam mais satisfeitos43. Um ensaio ran-
Esses seis elementos apresentam interrelações que domizado verificou que a integração entre a aten-
permitem desenvolver usuários informados e ção primária e especializada à saúde permitiu a
ativos e equipe de saúde preparada e proativa identificação de pessoas com alto risco de hospi-
para produzir melhores resultados sanitários e talização e reduziu o uso de serviços especializa-
funcionais para a população. dos44. Uma análise de catorze revisões sistemáti-
Há evidências abundantes e robustas, na lite- cas e 29 ensaios randomizados encontrou evi-
ratura internacional, sobre os efeitos positivos dências de que as redes de atenção à saúde me-
do MAC, seja na sua avaliação conjunta, seja na lhoraram o uso dos recursos e alguns resultados
avaliação de seus elementos separadamente. O clínicos selecionados e reduziram os custos da
estudo avaliativo clássico desse modelo foi reali- atenção29. Na Espanha, concluiu-se que existem
zado pela Rand Corporation e pela Universidade evidências sólidas de que os enfoques e interven-
de Berkeley28 e teve dois objetivos: avaliar as ções dos sistemas integrados mostraram resul-
mudanças ocorridas nas organizações de saúde tados positivos em vários âmbitos e patologi-
para implementar o MAC e estabelecer o grau as25,47. Há evidências de que a integração de ges-
em que a adoção deste modelo melhora os pro- tores e prestadores de serviços melhorou a coo-
cessos e os resultados em relação às condições peração entre eles, deu uma maior atenção à ges-
crônicas. Esta avaliação durou quatro anos e tão de caso, incentivou a utilização de tecnologia
envolveu aproximadamente quatro mil porta- de informação e teve algum impacto sobre os
dores de diabetes, insuficiência cardíaca, asma e custos da atenção à saúde48.
depressão, em 51 organizações de saúde e gerou No Brasil, o tema das redes de atenção à saú-
uma grande quantidade de publicações que mos- de é recente e não há experiências em escala, nem
tram que o modelo funciona. Vários outros tra- avaliações robustas. Contudo, estudos de casos
balhos de avaliação do MAC estão disponíveis de experiências de redes de atenção à saúde indi-
na literatura. Alguns são de avaliação geral da cam que elas, à semelhança do que ocorre em
aplicação do modelo10,29,30, mas há trabalhos que países desenvolvidos, podem ter impacto signifi-
avaliam a melhoria da qualidade dos serviços de cativo nos níveis de saúde, com custos suportá-
atenção às condições crônicas31; condições crô- veis pelo SUS49,50.
nicas particulares32; aspectos organizacionais33 e
avaliação econômica34.
2304
Mendes EV

Referências

1. Brito F. A transição demográfica no Brasil: as possibi- 17. Macinko J, Starfield B, Shi L. The contribution of
lidades e o desafio para a economia e a sociedade. Belo primary care systems to health outcomes within
Horizonte: CEDEPLAR/UFMG; 2007. OECD countries, 1970-1998. Health Serv Res 2003;
2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Um 38:819-853.
panorama da saúde no Brasil: acesso e utilização dos 18. Pan American Health Organization. Renewing pri-
serviços, condições de saúde e fatores de risco e prote- mary health care in the Americas: a position paper of
ção da saúde. Rio de Janeiro: IBGE; 2010. the Pan American Health Organization. Washington,
3. von Korff M, Gruman J, Schaefer J, Curry SJ, Wag- D.C.: PAHO; 2005.
ner EH. Collaborative management of chronic ill- 19. Mendes EV. Revisão bibliográfica sobre a atenção pri-
ness. Ann Intern Med 1997; 127:1097-1102. mária à saúde. Belo Horizonte: Secretaria de Estado
4. Organização Mundial da Saúde. Cuidados inovado- de Saúde de Minas Gerais; 2005.
res para condições crônicas: componentes estruturais de 20. Organização Mundial da Saúde. Relatório Mundial
ação. Brasília: Organização Mundial da Saúde; 2003. de Saúde 2008: A atenção primária à saúde: agora
5. Silva JB, Gomes FBC, Cezário AC, Moura L. Doen- mais do que nunca. Brasília: OMS; 2008.
ças e agravos não transmissíveis: bases epidemioló- 21. Cordeiro Júnior W. A gestão de riscos na urgência.
gicas. In: Rouquayrol MZ, Almeida Filho N. Epide- Belo Horizonte: Grupo Brasileiro de Classificação
miologia e saúde. 6ª ed. Rio de Janeiro: Medsi; 2006. de Risco; 2008.
6. Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Belo Hori- 22. Wagner EH. Chronic disease management: what will
zonte: Escola de Saúde Pública de Minas Gerais; take to improve care for chronic illness? Effective
2009. Clinical Practice 1998; 1:2-4.
7. Shramm JMA, Oliveira AF, Leite IC, Valente JG, 23. Government of British Columbia. British Columbia
Gadelha AMJ, Portela MC, Campos MR. Transição expanded chronic care model. [site da Internet] [aces-
epidemiológica e o estudo de carga de doença no sado 2008 out 24]. Disponível em: http://www.
Brasil. Cien Saude Colet 2004; 9:987-908. health.gov.bc.ca
8. Omran AR. The epidemiologic transition: a theory 24. Porter M, Kellogg M. Kaiser Permanente: an inte-
of the epidemiology of population change. Mil- grated health care experience. Revista de Innova-
bank Mem. Fund 1971; 49:509-583. ción Sanitaria y Atención Integrada 2008; 1:1.
9. Frenk J. Bridging the divide: comprehensive reform to 25. Vazquez MLN, Vargas IL. Organizaciones sanitarias
improve health in Mexico. Nairobi: Commission on integradas: un estudio de casos. Barcelona: Consorci
Social Determinants of Health; 2006. Hospitalari de Catalunya; 2007.
10. Ham C. Evaluations and impact of disease manage- 26. Temminkc D, Hutten JB, Francke AL, Rasker JJ,
ment programmes. Bonn: Conference of Bonn; 2007. Abu-Saad HH, van der Zee J. Rheumatology out-
11. Bengoa R. Empatanados. Revista de Innovación Sa- patient nurse clinics: a valuable addition? Arthritis
nitaria y Atención Integrada 2008; 1:1. Rheum. 2001; 45:280-286.
12. Fernandez JMD. Los sistemas integrados de salud: 27. Department of Health. Supporting people with long-
un modelo para avanzar tras completar las transfe- term conditions: a NHS and social care model to sup-
rencias. Barcelona: B & F Gestión y Salud; 2004. port local innovation and integration. Leeds: Long
13. Dominguez BC. Controle é baixo no Brasil. RADIS Term Conditions Team Primary Care/Department
2007; 59:11. of Health; 2005.
14. Barr CE. Disease state considerations. In: Todd WE, 28. Rand Health. Improving chronic illness care evalua-
Nash D. Disease management: a system approach to tion: Rand Health Project. [site da Internet] [acessa-
improving patients´ outcomes. Chicago: American do 2008 set 13]. Disponível em: http://www.rand.
Hospital Publishing Inc; 1996. org/health/projects
15. Tufts Managed Care Institute. Population-based health 29. Singh D. Transforming chronic care: evidence about
care: definitions and applications. [site da Internet] improving care for people with long-term conditions.
[acessado 2008 set 15]. Disponível em: http:// Birmingham: University of Birmingham/ Health
www.thci.org Services Management Centre; 2005.
16. Starfield B, Shi L. Policy relevant determinants of 30. Singh D, Ham C. Improving care for people with long
health: an international perspective. Health Policy term conditions: a review of UK and international frame-
2002; 60:201-216. works. Birmingham: Institute for Innovation and
Improvement of University of Birmingham; 2006.
2305

Ciência & Saúde Coletiva, 15(5):2297-2305, 2010


31. Nutting PA, Dickinson WP, Dickinson LM, Nelson 41. Polonsky WH, Earles J, Smith S, Pease DJ, Mac-
CC, King DK, Crabtree BF, Glasgow RE. Use of millan M, Christensen R, Taylor T, Dickert J, Jack-
chronic care model elements is associated with high- son RA. Integrating medical management with dia-
er-quality care. Ann Fam Med 2007; 5:14-20. betes self-management training: a randomized con-
32. Ouwens M, Wollersheim H, Hermens R, Hulscher trol trial of the Diabetes Outpatient Intensive Treat-
M, Grol R. Integrated care programmes for chron- ment Program. Diabetes Care 2003; 26:3048-3053.
ically ill patients: a review of systematic reviews. 42. Vetter MJ, Bristow L, Ahrens J. A model for home
Int. J. Qual. Health Care 2005; 17:141-46. care clinician and home health aide collaboration:
33. Hung DY, Rundall TG, Crabtree BF, Tallia AF, Co- diabetes care by nurse case management and com-
hen DJ, Halpin HA. Influence of primary care prac- munity health workers. Home Health C. Nurse 2004;
tice and provider attributes on preventive service 22:645-648.
delivery. Am J Prev Med. 2006; 30:413-422. 43. Wagner EH, Davis C, Schaefer J, Von Korff M, Aus-
34. Gilmer TP, O’Connor PJ, Rush WA, Crain AL, tin B. A survey of leading chronic disease manage-
Whitebird RR, Hanson AM, Solberg LI. Impact of ment programs: are they consistent with the litera-
office systems and improvement strategies on costs ture? Manag. Care Q. 1999; 7:56-66.
of care for adults with diabetes. Diabetes Care 2006; 44. Malcom L, Wright L, Carson L. Integrating primary
29:1242-1248. and secondary care: the case of Christchurch South
35. Bernabei R, Landi F, Gambassi G, Sgadari A, Zuc- Health Centre. New Zealand Med. J. 2000; 113:514-
cala G, Mor V, Rubenstein LZ, Carbonin P. Ran- 517.
domized trial of impact of integrated care and case 45. McInnes GT, McGhee SM. Delivery of care for hy-
management of older people living in the commu- pertension. J. Hum. Hypertens. 1995; 348:2635-2645.
nity. BMJ 1998; 316:23-27. 46. Osman LM, Abdalla MI, Russell IT, Fiddes J, Friend
36. Llewellying-Jones RH, Baikie KA, Smithers H, Co- JA, Legge JS, Douglas JG. Integrated care for asth-
hen J, Snowdon J, Tennant CC. Multifaceted shared ma: matching care to the patient. Euro Respir J 1996;
care intervention for late life depression in residen- 9:444-448.
tial care: randomised controlled trial. BMJ 1999; 47. Nuño RS. Un breve recorrido por la atención inte-
319:676-682. grada. Revista de Innovación Sanitaria y Atención
37. Simon GE, Von Korff M, Rutter C, Wagner E. Ran- Integrada 2008; 1:2.
domised trial of monitoring, feedback and manage- 48. Rosen R, Ham C. Atención integrada: enseñanzas de
ment of care by telephone to improve treatment of evidencia y experiencia, informe del seminario Anual
depression in primary care. BMJ 2000; 320:550-554. de Salud 2008 Sir Roger Banninster. Revista de Inno-
38. Unutzer J, Katon W, Callahan CM, Williams JW Jr, vación Sanitaria y Atención Integrada 2008; 1:2.
Hunkeler E, Harpole L, Hoffing M, Della Penna 49. Albuquerque HC, Mendes EV. Las redes de aten-
RD, Noël PH, Lin EH, Areán PA, Hegel MT, Tang L, ción a la salud en Janauba, Minas Gerais, Brasil: el
Belin TR, Oishi S, Langston C; IMPACT Investiga- caso de la red Viva Vida. Revista de Innovación Sa-
tors. Improving Mood-Promoting Access to Col- nitaria y Atención Integrada 2009; 1:2.
laborative Treatment. Collaborative care manage- 50. Mendes EV. Programa Mãe Curitibana: uma rede de
ment of late-life depression in the primary care atenção à mulher e à criança em Curitiba, Paraná.
setting: a randomized controlled trial. JAMA 2002; Lima: Organização Pan-Americana da Saúde; 2009.
288:2836-2845.
39. Katon WJ, Von Korff M, Lin EH, Simon G, Ludman
E, Russo J, Ciechanowski P, Walker E, Bush T. The
Pathways Study: a randomized trial of collabora-
tive care in patients with diabetes and depression.
Arch. Gen. Psychiatry 2004; 61:1042-1049.
40. Wagner EH, Glasgow RE, Davis C, Bonomi AE, Pro-
vost L, McCulloch D, Carver P, Sixta C. Quality im-
provement in chronic illness care: a collaborative
approach. Jt Comm J Qual Improv. 2001; 27:63-80. Artigo apresentado em 06/04/2010
Aprovado em 27/05/2010
Versão final apresentada em 07/06/2010

Você também pode gostar