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saúde da população. Por consequência, deve haver uma forte sintonia entre a situação de
saúde da população e a forma como se estrutura o sistema de atenção à saúde para
responder, socialmente, a essa situação singular. A situação de saúde no Brasil se
caracteriza por uma transição demográfica acelerada e por uma situação epidemiológica de
tripla carga de doenças.
No Brasil, o percentual de jovens de 0 a 14 anos que era de 42% em 1960 passou para
30% em 2000 e deverá cair para 18% em 2050. Diversamente, o percentual de pessoas
idosas maiores de 65 anos que era de 2,7% em 1960 passou para 5,4% em 2000 e deverá
alcançar 19% em 2050, superando o número de jovens (8).
A situação epidemiológica brasileira traz consigo uma epidemia oculta, a das doenças
crônicas. A taxa de mortalidade padronizada por idade por doenças crônicas no Brasil, em
pessoas de 30 anos ou mais, é de 600 mortes por cem mil habitantes, o que representa o
dobro da taxa do Canadá e 1,5 vezes a taxa do Reino Unido (13). Como consequência,
estima-se que morram, a cada dia, no Brasil, mais de 450 pessoas, somente em
decorrência de infartos agudos do miocárdio e acidentes vasculares encefálicos.
Concluindo, pode-se afirmar que, a partir das informações analisadas, o Brasil apresenta
um processo de envelhecimento de sua população e uma situação de transição
epidemiológica, caracterizada pela queda relativa das condições agudas e pelo aumento
relativo das condições crônicas.
Essa complexa situação tem sido definida como tripla carga de doenças (15), porque
envolve, ao mesmo tempo: uma agenda não concluída de infecções, desnutrição e
problemas de saúde reprodutiva; o desafio das doenças crônicas e de seus fatores de
riscos, como tabagismo, sobrepeso, inatividade física, uso excessivo de álcool e outras
drogas, alimentação inadequada e outros; e o forte crescimento das causas externas.