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PATOLOGIA 04 - Inflamação Crônica - MED RESUMOS - Arlindo Netto PDF
PATOLOGIA 04 - Inflamação Crônica - MED RESUMOS - Arlindo Netto PDF
FAMENE
NETTO, Arlindo Ugulino.
PATOLOGIA
INFLAMAÇÃO CRÔNICA
(Professor Ivan Rodrigues)
Apesar de poder ser a continuação de uma inflamação aguda, como descrito anteriormente, a inflamação
crônica frequentemente começa de maneira insidiosa como uma reação pouco intensa, geralmente assintomática. Este
último tipo de inflamação crônica é a causa de dano tecidual em algumas das doenças humanas mais comuns e
debilitantes, como a artrite reumatóide, aterosclerose, tuberculose e as doenças pulmonares crônicas.
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Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1
Nas infecções persistentes por determinados microrganismos, como o bacilo da tuberculose, o Treponema
pallidum (causador da sífilis) e determinados vírus, fungos e parasitas.
A exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos e nocivos, sejam eles endógenos ou exógenos. Um
exemplo de agente exógeno é a sílica, material não-degradável que, quando inalado por longos períodos,
causa uma doença pulmonar inflamatória conhecida como silicose. A aterosclerose é considerada uma doença
inflamatória crônica da parede arterial induzida por componentes endógenos (lipídios tóxicos do plasma).
Auto-imunidade (como é o caso das doenças auto-imunes). Nessas doenças, os auto-antígenos desencadeiam
uma reação imunológica que se autoperpetua, causando lesão tecidual e inflamação crônicas. Como exemplo:
artrite reumatóide e o lúpus eritematoso.
MACRÓFAGOS
Os macrófagos são um dos componentes do sistema fagocitário mononuclear. Este consiste de células
intimamente relacionadas que se originam na medula óssea, incluindo monócitos sanguíneos e macrófagos tissulares.
De uma forma geral, os monócitos e os macrófagos são a mesma célula, porém os monócitos estão localizados no
sangue, ao passo em que os macrófagos, nos tecidos: os macrófagos são derivados dos monócitos do sangue
periférico que foram induzidos a migrar através do endotélio por agentes químicos (C5a, fibrinopeptídios, citocinas,
FCDP – fator de crescimento derivado de plaquetas, etc).
Eles estão difusamente espalhados no tecido conjuntivo ou localizados em órgãos como o fígado (células de
Kupffer), baço, linfonodos, sistema nervoso central (micróglia), alvéolos pulmonares e ossos (osteoclastos). A meia
vida dos monócitos sanguíneos é de cerca de 1 dia, enquanto um macrófago tissular sobrevive por vários meses ou
anos.
Como discutido anteriormente, os monócitos começam a migrar para os tecidos extravasculares logo no início
da inflamação aguda e, em 48 horas, podem constituir o tipo celular predominante. O extravasamento dos monócitos
também é governado por moléculas de adesão e mediadores químicos quimiotáticos e de ativação. Quando o monócito
chega ao tecido extravascular, tranforma-se em uma célula fagocitária maior, o macrófago.
Os macrófagos podem ser ativados por uma variedade de estímulos, incluindo as citocinas (INF-γ, por
exemplo) secretadas pelos linfócitos T ativados e pelas células NK. Os macrófagos ativados secretam uma variedade
de produtos biologicamente ativos que, se não controlados, resultam na lesão tecidual e fibrose características da
inflamação crônica. Estes produtos agentes nocivos como os microrganismos e iniciam o processo de reparação, além
de serem responsáveis por boa parte da lesão tecidual na inflamação crônica (uma vez que a destruição tecidual é
uma das principais características da inflamação crônica).
OBS1: A presença de neutrófilos no foco inflamatório significa que o agente agressor que desencadeou a inflamação
aguda ainda persiste no processo nocivo.
LINFÓCITOS
Os linfócitos são mobilizados tanto
nas reações imunológicas humorais quanto
celulares, e até mesmo nas reações
inflamatórias não-imunológica. Em algumas
reações inflamatórias crônicas intensas, o
acúmulo de linfócitos, plasmócitos e células
apresentadoras de antígenos pode assumir
as características morfológicas dos órgãos
linfóides, especialmente dos linfonodos, até
mesmo com centros germinativos bem
desenvolvidos. Esse padrão de
organogênese linfóide é geralmente vista na
sinóvia de paciente com atrite reumatóide
de longa duração.
Os linfócitos e macrófagos
interagem de maneira bidirecional e essas reações desempenham um papel importante na inflamação crônica. Os
macrófagos apresentam os antígenos via MHC aos linfócitos T e produzem citocinas (como a IL-12) que estimulam a
resposta que será desencadeada por estas células T. Os linfócitos ativados produzem citocinas e uma delas, o IFN-γ, é
o principal ativador dos macrófagos.
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Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1
OBS²: A interação macrófago/linfócito é de extrema importância não só para os processos de resposta imunológica
(celular). Mas também para o processo de patogênese dos granulomas. Os linfócitos ativados secretam linfocinas: fator
quimiotático monocitário; fator inibidor da migração de macrófagos; fator ativador de macrófagos (IFN-γ e IL-4). Os
macrófagos ativados secretam monocinas: IL-1 e TNF; fatores de crescimento de vasos, fibroblastos e fibrose;
espécies reativas do oxigênio.
PLASMÓCITOS
Os plasmócitos são células originadas da diferenciação dos linfócitos B. Naquela forma, a célula é capaz de
secretar anticorpos que agem como opsoninas para auxiliar o reconhecimento e fagocitose do microrganismo que
persiste no estímulo nocivo.
O plasmócito representa uma das principais células da inflamação crônica. Seu núcleo é excêntrico (chamado
pelos citologistas como em roda de carroça), com citoplasma basófilo e um complexo de Golgi bastante desenvolvido
que aparece nos cortes histológicos como um halo claro próximo ao núcleo.
É muito comum nas conhecidas osteomielites crônicas.
EOSINÓFILOS
Os eosinófilos são abundantes nas reações imunológicas mediadas pela IgE e nas infecções parasitárias. Eles
possuem grânulos que contêm proteína básica principal, uma proteína altamente catiônica que é tóxica para os
parasitas mas também causa lise das células epiteliais dos mamíferos.
MASTÓCITOS
Os mastócitos estão amplamente distribuídos no tecido conjuntivo e participam tanto da reação inflamatória
aguda quanto da crônica. Elas expressam na superfície o receptor que liga a porção Fc da IgE (FcεRI). Nas reações
agudas, a IgE ligada aos receptores Fc das células reconhece os antígenos de maneira específica e as células sofrem
desgranulação e liberam mediadores, como a histamina e os produtos da oxidação do ácido araquidônico. Esse tipo de
resposta ocorre durante as reações anafiláticas a alimentos, picada de insetos ou drogas.
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OBS : Cortes histológicos mostrando a inflamação crônica pulmonar apresentam diferenças claras entre cortes
mostrando a inflamação aguda pulmonar. Na primeira, demonstra-se algumas características histológicas: (1) coleção
de células crônicas; (2) destruição do parênquima (os alvéolos normais são substituídos por espaços revestidos de
epitélio cubóide); (3) substituição por tecido conjuntivo; (4) o interstício torna-se mais espesso, com proliferação de
fibroblastos que liberam colágeno (ganhando características histológicas de órgãos linfóides). Já na segunda, ou seja,
na inflamação aguda (broncopneumonia aguda), vê-se que os neutrófilos enchem os espaços alveolares e os vasos
sanguíneos estão congestionados.
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OBS : A pneumonia intersticial pelo vírus Influenza e a sinovite crônica da artrite reumatóide são exemplo de
processos inflamatórios que já se iniciam com aspecto crônico, sem ser necessário a instalação prévia de inflamação
aguda.
OBS5: Imunidade humoral x Imunidade celular:
• Imunidade humoral: tipo de resposta imune adquirida cujos anticorpos produzidos estão localizados livres no
plasma. A função deste tipo de resposta é a mesma desempenhada pelos anticorpos: neutralização do
antígenos (ligação íntima do anticorpo com o antígeno fazendo com que este perca sua constituição espacial
elementar, eliminando a sua antiga afinidade por um receptor alvo), opsonização (facilitação da fagocitose),
citotoxicidade dependente de anticorpo e ativação do sistema complemento (responsável por realizar a lise de
microrganismos, fagocitose de microrganismos opsonizados com fragmentos do complemento e inflamação),
sendo este ativado mediante o anticorpo ou não.
• Imunidade celular: A imunidade mediada por células (IMC) é a função efetora dos linfócitos T e atua como um
mecanismo de defesa contra os microrganismos que sobrevivem dentro dos macrófagos ou que infectam
células não-fagocíticas. Assim como a resposta humoral, a resposta celular é um tipo de imunidade específica
(imunidade adquirida ou adaptativa).
IMUNIDADE HUMORAL IMUNIDADE CELULAR
A fase efetora se caracteriza pela A fase efetora se caracteriza pela destruição de
neutralização dos antígenos antígenos intracelulares (como vírus e bactérias
extracelulares (localizados no com ciclo intracelular) por meio do complexo
plasma) por meio do complexo Ag- APCMHC – LTTCR.
Ig (produzidos pelos linfócitos B); Há uma transferência de células T para
Há uma transferência de anticorpos desencadear a resposta celular.
no intuito de realizar a neutralização Os linfócitos T ativam o macrófago (por meio do
ou a opsonização. IFN-γ), deixando-o capaz de debelar o antígeno
por si só.
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O esquema acima demonstra o processo que segue após uma reação inflamatória aguda cuja reposta não foi
suficiente para debelar o agente agressor. Uma vez não eliminado, o mediadores químicos fazem com que a região
onde está localizado o agente nocivo seja inundada por macrófagos. Se este agente agressor apresentar um caráter
imunogênico, o granuloma que se formará na região é classificado como granuloma epitelióide complexo. Caso o
agente agressor não apresente imunogenicidade (como um corpo estranho, por exemplo), ou seja, que não é capaz de
ativar o linfócito T, o granuloma formado é o granuloma puro.
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OBS : Resumo da formação do granuloma epitelióide complexo: o macrófago apresenta o antígeno processado
aos linfócitos T auxiliares. Estes liberam linfocinas (fator quimiotático monocitário, fator inibidor da migração, fatores
ativadores de macrófagos: IFN-γ, IL-4 e FNT). Desta maneira, ocorre o acúmulo e a ativação dos macrófagos (células
epitelióides) recrutados para região. Estas células epitelióides passam a secretar então as monocinas (favorecendo a
proliferação de fibroblastos e fibrose), fatores quimiotáticos para outros tipos celulares (linfócitos, plasmócitos, etc) e
fatores de crescimento de vasos (promovendo a angiogênese para a nutrição do granuloma). Pode haver também a
produção de produtos tóxicos aos tecidos (metabólitos do oxigênio e proteases).
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OBS : Resumo da formação do granuloma puro (tipo corpo estranho): diferentemente do antígeno que
desencadeou a formação do granuloma epitelióide complexo, este tipo de granuloma é formado a partir de um agente
invasor não-imunogênico. Deste modo, só haverá a formação arranjos nodulares de histiócitos. A ativação deste
histiócito não se dá de maneira eficiente.
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OBS8: Indivíduos que tenham imunodeficiência natural ou adquirida, com perda da atividade dos sistema imunológico,
apresentam uma deficiência na diferenciação dos macrófagos em células epitelióides, favorecendo com que este
indivíduo tenha infecções oportunistas.
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OBS : São exemplos de inflamações granulomatosas:
Tuberculose: ocorre a formação de granulomas tuberculosos. Este é histologicamente caracterizado por
apresentar uma coleção nodular constituída de células de Langhans e células epitelióides, com um halo de
linfócitos envolvendo-o. Frequentemente nota-se a presença de necrose caseosa central (restos de tecido
necrosado não identificado). Este padrão de granuloma também é apresentado por doenças causadas por
fungos, como a histoplasmose. Por este motivo, a presença de necorese caseosa não é uma característica
patognomônica, mas remete, na maioria das vezes, ao diagnóstico de tuberculose. Para o diagnóstico
diferencial, procura-se o bacilo causador da tuberculose em meio ao foco granulomatoso (por meio de
coloração especial de Ziehl-Neelsen).
Sarcoidose: doença granulomatosa auto-imune de etiologia desconhecida caracterizada pela aparição de
granulomas não-característicos nos pulmões e na pele (na forma de pequenas pápulas) principalmente. O
granuloma da sarcoidose se caracteriza principalmente pela grande quantidade de macrófagos ativados
(formados basicamente pelas células epitelióides) envolto por um halo de linfócitos. Há ainda a presença de
corpúsculos asteróides (que não é patognomônico, é apenas indicativo). Não há a presença de necrose.
Doença da arranhadura do gato: é uma doença granulomatosa causada por um bacilo gram-negativo obtido
pelo ataque das garras do gato. Há a formação de granulomas repletos de células epitelióides. No centro
destes granulomas, encontra-se necrose com a presença de neutrófilos.
Hanseníase: doença granulomatosa que se manifesta por manchas esbranquiçadas, indolores ou por placas
densas causada pela Mycobacterium leprae. É importante a classificação da hanseníase por meio dos
granulomas, pois na chamada hanseníase tuberculose observa-se a formação de granulomas repletos de
células epitelióides similar ao granuloma da tuberculose (entretanto, não apresenta necrose caseosa central).
Além dessas células epitelióides, encontra-se também macrófagos e linfócitos. Se o indivíduo apresentar uma
queda da imunidade, o granuloma passa a ser inundado por macrófagos inativos (devido a consequente queda
na produção de células epitelióides), a bactéria passa a se proliferar e os granulomas passam a apresentar
histiócitos. Com a queda da imunidade, aumenta também o número de lesões na pele.
Sífilis: é uma doença sexualmente transmissível causada por um espiroqueta chamado Treponema pallidum. A
forma terciária desta doença é caracterizada pela formação de granulomas cutâneos repletos de plasmócitos.
Doença de Crohn: doença inflamatória intestinal que compromete todo o trato gastrintestinal (da boca ao ânus),
sendo caracterizada pela formação de granulomas cascosos na parede intestinal.
Lepra Mycobacterium leprae Lesão microscópica ou macroscopicamente visível, camada envolvente de histiócitos,
Sífilis Treponema pallidum infiltrado de plasmócitos; as células centrais são necróticas sem perda do contorno
celular (necrose coagulativa)
Doença da Bacilos gram-negativos Granuloma arredondado ou estrelado, contendo restos granulares centrais e
arranhadura do neutrófilos reconhecíveis; células gigantes raras
gato
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A pneumonia intersticial é causada por infecções virais (principalmente na infância, sendo uma importante
causa de morte). Trata-se de um processo inflamatório crônico inespecífico (não apresenta granuloma
característico, sendo impossível determinar um diagnóstico etiológico) no qual não há um acúmulo de exsudato
nos alvéolos, mas sim, um acúmulo de linfócitos nos septos que os divide. Diferentemente da tuberculose, em
que há uma destruição dos septos inter-alveolares, caso o exsudato de linfócitos seja drenado, os septos
podem voltar a integridade nesta patologia.
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A tuberculose, como descrito na OBS , é caracterizada pela produção de granulomas com necrose caseosa
central. Estes granulomas, caso seja cessada a inflamação, geralmente destroem os septos inter-alveolares,
deixando no lugar uma região cicatricial (seqüela). Há, neste caso, um comprometimento da função pulmonar
na região onde o granuloma se instalou.