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UNICE – ENSINO SUPERIOR


IESF – INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE FORTALEZA
GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

A PRÁTICA FARMACÊUTICA NAS FARMÁCIAS COMERCIAIS DO


MUNICÍPIO DE AQUIRAZ-CE

LUCAS ALVES DE OLIVEIRA NETO

Fortaleza – Ceará
2015
1

LUCAS ALVES DE OLIVEIRA NETO

A PRÁTICA FARMACÊUTICA NAS FARMÁCIAS COMERCIAIS DO


MUNICÍPIO DE AQUIRAZ-CE

Monografia apresentada à UNICE –


Ensino Superior / IESF – Instituto de
Ensino Superior de Fortaleza, como
requisito para obtenção do título de
Farmacêutico Generalista, sob orientação
da Prof.ª Me. Juliana Fernandes e da
Prof.ª Dra. Terezinha Tartuce.

Fortaleza – Ceará
2015.1
2

Monografia apresentada á UNICE – Ensino Superior / IESF – Instituto de Ensino


Superior de Fortaleza, como requisito necessário para obtenção do título de
Farmacêutico Generalista. A citação a qualquer trecho desta monografia é permitida
desde que em conformidade com as normas da ética científica.

_____________________________________
Lucas Alves de Oliveira Neto

Monografia apresentada em: _______/______/______

___________________________________________
Orientadora Prof.ª Me. Juliana Fernandes

_________________________________________________
1º Examinador: Prof.ª Dra. Terezinha de Jesus Afonso Tartuce

______________________________________________
2º Examinador: Prof.ª Elisa Maria Duarte

___________________________________________
Coordenador do Curso: Prof. Me. Fábio Tartuce Filho
3

RESUMO

O estudo acerca da importância da atenção farmacêutica nas farmácias comerciais,


realizado no município de Aquiraz - CE se justifica para que se possa verificar o
conhecimento da população a respeito da atenção farmacêutica, identificando sua
percepção sobre a importância do profissional de farmácia nesses estabelecimentos,
levando ao conhecimento da população o direito à atenção farmacêutica,
demonstrando o farmacêutico como um profissional de saúde capacitado para
atendê-la, sendo, portanto, este estudo de relevância social. A atenção farmacêutica
se faz de fundamental importância, considerando que a partir dela é possível reduzir
os índices de automedicação, bem como do fornecimento e uso errado do
medicamento por parte do paciente, tendo em vista que o seu uso racional é
fundamental para a promoção da saúde. Assim, a presença do profissional
farmacêutico nas farmácias comerciais é de grande importância, sendo o meio de
contato mais próximo com os pacientes antes da medicação, podendo atuar com a
educação em saúde, orientando e munindo os pacientes de informações
relacionadas ao uso do medicamento, sua forma de ação e os prejuízos que podem
ser causados no caso de uso irracional. Acredita-se ser preciso a adoção de
estratégias de conscientização do farmacêutico como um profissional de saúde
acessível à população, o que contribui para a redução de lotação nos postos e
hospitais da saúde pública. A conscientização dos pacientes sobre a presença de
um profissional farmacêutico é relevante, já que a partir desse conhecimento ele
poderá buscar por esses profissionais nas farmácias comerciais, tomando todas as
orientações necessárias, bem como sanando possíveis dúvidas.

Palavras-Chave: Atenção Farmacêutica; Farmácias Comerciais; Educação em


Saúde.
4

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5

CAPÍTULO I. ATENÇÃO FARMACÊUTICA............................................................... 8


1.1 O Ambiente Farmacêutico ................................................................................... 12
1.2 O Exercício Profissional do Farmacêutico no Âmbito da Farmácia Comercial .... 16

CAPÍTULO II. USO RACIONAL DE MEDICAMENTO ............................................. 20


2.1 O Papel do Farmacêutico no Controle do Uso Racional de Medicamentos ........ 22
2.2 Riscos do Uso Irracional de Medicamentos: Questões da Morbimortalidade...... 24
2.3 Principais Políticas para Promover o Uso Racional dos Medicamentos ............. 28

CAPÍTULO III. PAPEL DO FARMACÊUTICO NAS FARMÁCIAS COMERCIAIS ... 31


3.1 Responsabilidade Técnica do Profissional Farmacêutico: RDC N. 44/2009 ....... 32
3.2 O Usuário das Famárcias Comerciais: Dados Estatísticos ................................. 34
3.3 Ausência do Profissional Farmacêutico nas Farmácias Comerciais ................... 40
3.4 Educação em Saúde como Estratégia do Profissional Farmacêutico ................. 43

CAPÍTULO IV. PESQUISA DE CAMPO ................................................................... 45


4.1 Métodos............................................................................................................... 46
4.2 Universo da Pesquisa ......................................................................................... 48
4.3 Apresentação dos Dados .................................................................................... 48
4.4 Análise dos Dados .............................................................................................. 54

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 55

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 56

FONTES ON LINE .................................................................................................... 60

APÊNDICE I. QUESTIONÁRIO ................................................................................ 61

ANEXO A. DECLARAÇÃO DE REVISÃO ORTOGRÁFICA .................................... 63


5

INTRODUÇÃO

Sabe-se que os medicamentos se configuram como o meio


mais utilizado para o tratamento de sintomas e doenças, sendo seu uso bastante
complexo, considerando que envolve múltiplos determinantes. Verifica-se que o uso
racional dos medicamentos depende do conhecimento do paciente em relação às
diretrizes farmacoterápicas, já que os efeitos colaterais, as reações adversas, a
posologia e o horário correto são fatores indispensáveis na adesão à terapêutica.
Assim, encontra-se na atenção farmacêutica em farmácias comerciais um meio para
que o paciente consiga receber orientações a respeito do medicamento que lhe foi
prescrito.

Nesse contexto, trata-se de uma prática centrada no usuário de


medicamentos, beneficiando-o no seu uso seguro e racional, sendo o profissional de
farmácia capacitado para identificar e resolver os problemas relacionados à
terapêutica realizada com medicamentos. Pode-se dizer, assim, que a atenção
farmacêutica consiste em uma ação voltada para aprimorar a qualidade do processo
de utilização de medicamentos, tendo sua atenção centrada no usuário.

Deve-se ressaltar a obrigatoriedade da presença de um


profissional farmacêutico dentro das farmácias comerciais diariamente, conforme o
disposto pela Lei nº 13.021/2014, tendo como objetivo assegurar a assistência
farmacêutica integral aos usuários de medicamentos.

Assim, fica claro que a atenção farmacêutica nas farmácias


comerciais é relevante, o que justifica as inúmeras discussões que têm surgido nos
últimos tempos em torno do assunto, porém, o conhecimento acerca da presença do
farmacêutico nesses estabelecimentos ainda é ausente na população, o que faz com
que desconheçam a importância desses profissionais.

Diante do exposto, o estudo se justifica para que se possa


verificar o conhecimento da população a respeito da atenção farmacêutica,
identificando sua percepção sobre a importância do profissional de farmácia nesses
6

estabelecimentos, sendo possível, por meio deste trabalho, levar ao conhecimento


da população o direito à atenção farmacêutica, demonstrando o farmacêutico como
um profissional de saúde capacitado para atendê-los, o que demonstra este estudo
como de relevância social.

Destaca-se também a relevância profissional e acadêmica da


pesquisa realizada, considerando que poderá ser utilizada como fonte teórica para
futuros estudos.

Diante das circunstâncias que envolvem a atenção


farmacêutica no âmbito das farmácias comerciais, apresenta-se a seguinte
problemática: qual a percepção dos usuários de medicamentos das farmácias
comerciais do município de Aquiraz - CE sobre a importância da atenção
farmacêutica nesses estabelecimentos?

Como hipótese afirma-se que os usuários de medicamentos


das farmácias comerciais do município de Aquiraz - CE não possuem conhecimento
acerca da presença de um profissional farmacêutico nesses estabelecimentos,
desconhecendo-o como um profissional de saúde, faltando-lhes credibilidade para
orientação acerca da terapêutica medicamentosa. Bem como, solicitam do próprio
balconista da farmácia informações acerca de medicamentos, por desconhecerem a
presença desse profissional.

O objetivo geral do estudo é analisar a percepção dos usuários


de medicamentos das farmácias comerciais do município de Aquiraz - CE sobre a
importância da atenção farmacêutica nesses estabelecimentos. E os objetivos
específicos consistem em: investigar quais os motivos que levaram a sociedade a
não reconhecer o Profissional Farmacêutico como profissional de saúde no
município de Aquiraz; e descrever e compreender a Atenção Farmacêutica como
uma nova visão na assistência farmacêutica.

Para o melhor entendimento da pesquisa realizada, este


trabalho está estruturado em quatro capítulos, onde os três primeiros trazem o
embasamento teórico necessário ao estudo e o quarto capítulo apresenta o caminho
7

metodológico percorrido para desenvolvimento da pesquisa, descrevendo os


resultados encontrados.

No primeiro capítulo descreve-se a atenção farmacêutica,


apresentando ao leitor as concepções e fundamentos que envolvem essa prática.

O segundo capítulo faz um estudo acerca do uso racional de


medicamentos, destacando a importância do farmacêutico no controle da auto-
medicação.

Por sua vez, o terceiro capítulo traz o tema central deste


estudo que é o papel do farmacêutico nas farmácias comerciais, destacando a
obrigatoriedade de sua presença nesses estabelecimentos, os fatores que são
afetados com sua ausência e sua importância tanto para o paciente quanto para o
estabelecimento.

Finalizando este trabalho monográfico, o quarto capítulo


apresenta a pesquisa de campo realizada com usuários de medicamentos de
farmácias comerciais do município de Aquiraz - CE acerca de sua percepção sobre
a importância da atenção farmacêutica nos estabelecimentos comerciais.

Nesse sentido, visa-se neste estudo demonstrar a importância


do profissional farmacêutico nas farmácias comerciais na promoção do uso seguro e
racional de medicamentos.
8

CAPÍTULO I. ATENÇÃO FARMACÊUTICA

O Conselho Nacional de Saúde - CNS aprovou por meio da


Resolução n. 338 no ano de 2004, a Política Nacional de Saúde - PNS, onde foi
definida a assistência farmacêutica como um conjunto de ações destinadas à
promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, visando o uso e
acesso racional do medicamento. 1

Dessa forma, a assistência farmacêutica envolve atividades


multiprofissionais e intersetoriais para se estabelecer fluxos na construção da
articulação entre as partes que compõem o sistema.

A assistência farmacêutica tem conceito estabelecido com o


profissional farmacêutico considerando-se parte essencial dos serviços e programas
de saúde, abrangendo o provimento de medicamentos em todas as suas etapas
constitutivas. 2

Coloca-se a Assistência Farmacêutica como um conjunto de


atividades em que uma equipe de saúde multiprofissional atua protegendo,
recuperando e promovendo a saúde dos indivíduos, desde a fabricação dos
medicamentos até sua dispensação. De acordo com TORRES e MONTRUCCHIO:

A dispensação, última etapa do ciclo, faz com que o


farmacêutico seja o último profissional de saúde com o qual o
paciente terá contato antes de iniciar sua farmacoterapia.
Desta forma, cabe a este profissional fazer a orientação da
melhor maneira de se utilizar este medicamento. 3

Explica-se que a dispensação não se encerra na entrega do


medicamento ao paciente, pois durante o ato deve haver orientação farmacêutica,
objetivando-se que o paciente cumpra o regime medicamentoso determinado.

1 Brasil. Resolução n. 338, de 6 de maio de 2004. 2004, p. 1.


2 Maria Auxiliadora Oliveira. Assistência farmacêutica e acesso a medicamentos. 2006, p. 12.
3 Deborah Guiss Torres; Deise Prehs Montrucchio. A prática da atenção farmacêutica nas farmácias

comunitárias de Curitiba. Revista Visão Acadêmica, Dez./2007, p. 48.


9

A dispensação de medicamentos visa a garantia de


disponibilizar informações sobre a terapêutica evitando desvios, falhas e erros
durante o tratamento. É importante ressaltar que muitos pacientes, principalmente os
idosos, têm dificuldade para ler a bula, fazendo com que estes precisem recorrer ao
auxílio do profissional farmacêutico para tirar-lhes dúvidas e, assim, aderir de modo
completo ao uso do medicamento prescrito. 4

O farmacêutico, dessa forma, talvez seja o último ator ligado à


assistência à saúde a ter contato com o paciente e este se dá dentro da farmácia ou
drogaria, onde, na dispensa, este profissional desempenha o papel de orientar o
paciente sobre o uso correto do medicamento, de modo a favorecer a sua adesão ao
tratamento. É importante, portanto, destacar que esses locais necessitam da
presença de um farmacêutico atuando, porém, como bem destacam PALHANO e
DIEFENTHAELER, 5 cabe a ele respeitar rigorosamente a prescrição médica.

Dentre as atribuições de um farmacêutico na farmácia


comercial está a busca por potencializar a ocorrência de Uso Racional de
Medicamentos – URM, que envolve o conhecimento e mudança de conduta da
cadeia produtiva farmacêutica, dos farmacêuticos, dos balconistas de farmácia, dos
pacientes e outros. A orientação sobre o uso racional de medicamento é relevante
para a população dada às múltiplas patologias existentes que podem levar a uma
pessoa desinformada a usar vários medicamentos concomitantemente, causando
efeitos colaterais, adversos e interação medicamentosa.

Com isso, a atenção farmacêutica deve ser considerada um


componente estratégico da atenção à saúde, prevenindo o acontecimento ou
recorrência de enfermidades, ao estimular a adesão ao tratamento e minimização de
erros na administração dos fármacos.

Deste modo, a ação central da Atenção Farmacêutica é o uso


racional de medicamentos ao desenvolver acompanhamento sistemático da terapia

4 Cassyano J. Correr; Michel F. Otuki. A prática farmacêutica na farmácia comunitária. 2013, p. 47.
5 Andréia Teresinha Palhano; Helissara Diefenthaeler. Avaliação da atenção farmacêutica em
farmácias e drogarias da cidade de Erechim/RS. Revista Perspectiva, mar/2010, p. 162.
10

medicamentosa avaliando a sua necessidade, segurança e efetividade na sua


utilização. 6

MARAVAI destaca:

Os requisitos para a promoção do URM são complexos e


envolvem uma série de variáveis, em um encadeamento lógico.
Para que sejam cumpridos, devem contar com a participação
de diversos atores sociais: pacientes, profissionais de saúde,
legisladores, formuladores de políticas públicas, indústria,
comércio e governo. 7

Sobre esta questão, não se pode deixar de enfatizar a


importância do farmacêutico na dispensação de medicamentos, bem como na
conscientização e orientação de pacientes sobre o uso racional destes.

Assim, para que se alcance o uso racional de medicamentos é


preciso que nas farmácias comerciais se tenha atenção farmacêutica em horário
integral, com o farmacêutico assumindo seu papel como profissional da área da
saúde.

No momento da dispensação, o farmacêutico informa e orienta


o paciente sobre o uso adequado do medicamento, assegurando um tratamento de
qualidade na dose e quantidade prescrita, tendo na atenção farmacêutica a
promoção de uma relação mais direta entre o farmacêutico e o paciente, englobando
a educação e orientação farmacêutica bem como dispensação e cuidado no
segmento farmacoterapêutico.

Vale destacar que a atenção farmacêutica surgiu nos Estados


Unidos na década de 1980, sendo denominada pharmaceutical care, como uma
nova prática profissional que objetivava alcançar resultados que melhorassem a
qualidade de vida dos pacientes. 8

6 Andréia Teresinha Palhano; Helissara Diefenthaeler. Op. Cit. p. 162.


7 Solyani Grassi Maravai. Avaliação das atividades de assistência farmacêutica em uma unidade
básica de saúde do município de Criciúma – SC. 2010, p. 13.
8 Patrícia Minatovicz Ferreira et al. Assistência e atenção farmacêutica: estudo comparativo entre

dois bairros de classes sociais em Toledo-PR. Infarma. 2006, p. 7.


11

Assim, melhorar a qualidade de vida do paciente é uma das


atividades da Assistência Farmacêutica, envolvendo ações de responsabilidade do
farmacêutico referentes à adesão ao tratamento farmacológico pelo paciente.

Para SANTOS, SEADI e BARROS, 9 a atenção farmacêutica é


uma necessidade de postura do farmacêutico como uma filosofia de prática ao
tratamento farmacológico de modo a alcançar melhor qualidade de vida dos
pacientes. A proposta é que o farmacêutico envolva-se em uma equipe
multiprofissional de saúde, assumindo compromissos e responsabilidades quanto
aos resultados da farmacoterapia do paciente.

Deste modo, existem instrumentos que podem auxiliar a prática


da atenção farmacêutica para uma correta coleta de informações, conduzindo o
paciente a uma adequada análise de dados paramétricos para que seja avaliado
posteriormente.

O farmacêutico tem papel relevante nos sistemas de atenção à


saúde por suas competências e responsabilidades quanto a orientar sobre uso de
medicamentos e ações voltadas para a prevenção de doenças. Tendo em vista que
o acesso à população aos seus serviços é bem facilitado, é necessária uma atenção
farmacêutica pautada na qualidade, garantindo uma segurança terapêutica aos
usuários, através dos conhecimentos científicos adquiridos pelo profissional.

Neste sentido, de modo a promover a sistematização de


experiências e de estratégias para Atenção Farmacêutica, foi criada uma Proposta
do Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica pela Organização Pan-Americana
de Saúde – OPAS, comportando a prática do farmacêutico na educação em saúde,
orientação farmacêutica, dispensação, acompanhamento, mensuração e avaliação
dos resultados. 10
Explicam NASCIMENTO e NASCIMENTO:

9 Luciana dos Santos; Mayde T. Seadi; Elvino Barros. Medicamentos na prática da farmácia clínica.
2013, p. 281.
10 Iane Franceschet; Mareni Rocha Farias. Investigação do perfil dos farmacêuticos e das atividades

desenvolvidas em farmácias do setor privado no município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.


Acta Farmacêutica Bonaerense. 2005, p. 591.
12

A Atenção Farmacêutica é um conceito de prática profissional


na qual o paciente é o principal beneficiário das ações do
farmacêutico, sendo o compêndio das atitudes, os
comportamentos, os compromissos, as inquietudes, os valores
éticos, as funções, os conhecimentos, as responsabilidades e
as habilidades do farmacêutico na prestação da farmacoterapia
com o objetivo de obter resultados terapêuticos definidos na
saúde e na qualidade de vida do paciente. Visa promover o uso
racional dos medicamentos e a manutenção da efetividade e
segurança do tratamento, esta prática envolve
macrocomponentes como a educação em saúde, orientação
farmacêutica, dispensação, atendimento farmacêutico e
seguimento correto do tratamento, além do registro sistemático
das atividades, mensuração e avaliação dos resultados. 11

Diante do exposto, entende-se a Atenção Farmacêutica como


um componente no qual o farmacêutico interage com o paciente orientando-o sobre
as necessidades relacionadas aos medicamentos, embora seja importante destacar
que este profissional é pouco reconhecido no Brasil como da área de saúde.

Neste ponto, a Atenção Farmacêutica preocupa-se com o bem


estar do paciente no que concerne à orientação sobre medicamentos,
desenvolvimento de habilidades da comunidade e incentivo de ações comunitárias.12

O farmacêutico deve, portanto, moldar suas funções conforme


esses apontamentos, com base em seus conhecimentos, integrando o ciclo da
Assistência Farmacêutica e valorizando a articulação entre as partes.

1.1 O AMBIENTE FARMACÊUTICO

As farmácias comerciais surgiram no Brasil no período


Colonial, na época chamadas de boticas, estabelecimentos que vendiam drogas e
medicamentos, além de se manipular e produzir fármaco conforme prescrição
médica. Já no século XX, as boticas foram substituídas por farmácias, na medida em
que a indústria farmacêutica se expandia, provocando mudanças nas atividades

11 Fernanda G. Nascimento; Fabiana G. Nascimento. Atenção farmacêutica em farmácia comercial:


uma prática pouco realizada. 2012, p. 12.
12 Simone Sena Farina; Nicolina Silvana Romano-Lieber. Atenção farmacêutica em farmácias e

drogarias: existe um processo de mudança? Saúde Soc. 2009, p. 8.


13

exercidas pelo farmacêutico, principalmente, no que se refere à perda do contato


com ele. 13

MARTINS et al. explicam que:

A farmácia é a ciência praticada por profissionais formados em


uma faculdade de Farmácia (Farmacêuticos), que tem como
objeto de trabalho a medicação e seus usuários. Farmácia
também é o nome do local onde se vende medicamentos,
também conhecida como drogaria. Existe uma diferença entre
os dois: farmácia: comercializa tanto medicamentos
manipulados como os industrializados; drogaria só pode
comercializar medicamentos industrializados. 14

Atualmente, um aumento da expectativa de vida dos brasileiros


é um fator que sinaliza para a ampliação das vendas de medicamentos nas
farmácias, a população certamente vai investir mais na prevenção de doenças. E os
medicamentos, que as pessoas imaginam que seriam para a cura de doenças,
podem ser usados também na prevenção.

Com a mudança na cultura das pessoas, os autores citados


ressaltam que, estas começaram a cuidar do corpo e da saúde para melhorar de
qualidade de vida, passando a procurar além de medicamentos, outros produtos
vendidos nas farmácias que possam lhe favorecer no embelezamento, na prevenção
de dias melhores com mais saúde.

Por conta disso, os medicamentos, produtos para a saúde do


corpo, como os cosméticos, estão dentro do perfil de consumo do cidadão que
procura as farmácias.

Observa-se, então, que no ambiente farmacêutico, como tantos


outros, a concorrência se apresenta acirrada, entre as redes de farmácias e
farmácias independentes. A diversificação da oferta de produtos e serviços passa a
ser uma das principais alternativas para movimentar as lojas.

13 Jaime Ribeiro Filho; Leônia Maria Batista. Perfil da atenção farmacêutica nas farmácias comerciais
no município de João Pessoa-PB. Revista Brasileira de Farmácia. 2011, p. 137.
14 Nayana Bandeira Martins et al. Análise de prescrição médica de antibióticos de uma farmácia

comercial do município de Imperatriz – MA. Revista Científica do ITPAC, out/2014, p. 2.


14

Uma farmácia comercial no Brasil tem, em modo geral, 68


horas de funcionamento semanal, no entanto, nas grandes cidades, há farmácias
com funcionamento 24 horas. Sua atuação está além da venda de medicamentos,
abrangendo serviços de aplicações de injetáveis e pequenos curativos, nebulização
e medida de pressão arterial. 15

ITALIANI 16 ressalta que a farmácia comercial trata-se de um


mercado promissor, cada vez mais fragmentado. O número de estabelecimentos
desse ramo tem crescido em um ambiente onde essas empresas do varejo
farmacêutico têm adotado estratégias das mais diversas, principalmente, no
treinamento de seus funcionários com a finalidade de reter e fidelizar clientes, para
superar os obstáculos ao seu crescimento e permanência no mercado.

Porém, para isso, é necessário que o relacionamento com os


clientes se torne cada vez mais de qualidade e relevante, no qual atender bem é o
verbo mais utilizado para satisfação dos clientes. Todavia, para que isso aconteça,
torna imprescindível o preparo do pessoal do atendimento, sua motivação e
satisfação no trabalho. O conceito de clientes satisfeitos, retidos e fidelizados está
se expandindo para o conhecimento dos funcionários das empresas do ramo
farmacêutico. 17

Os funcionários do atendimento cumprem papel fundamental


no ramo farmacêutico, acontece que, ultimamente, estão no centro de muitos
problemas detectados nos pontos de venda, devido à falta de conhecimento no ramo
de medicamentos e, sobretudo, a qualidade do atendimento ao seu público-alvo.

Prova disso é que vem aumentando a insatisfação e a perda de


consumidores para a concorrência que, por sua vez, prestam melhor serviço nas
farmácias, proporcionando segurança, rapidez, presteza e satisfação das
necessidades do cliente, objetivando a venda e geração de lucros para a empresa.

15 Cassyano J. Correr; Michel F. Otuki. Op. Cit. p. 47.


16 Fernando Italiani. Marketing farmacêutico. 2007, p. 52.
17 Idem. Ibidem. p. 53.
15

Importante se faz considerar que o foco das farmácias, há


pouco tempo, estava direcionado, somente, aos consumidores de seus produtos,
portanto, com problemas de saúde referente ao corpo e estética, hoje, estas
passaram atender a outros segmentos. É importante reconhecer que no cenário
atual, o faturamento das farmácias e drogarias não trata apenas de vendas de
medicamentos, mas também de produtos de perfumaria, estética e beleza, que
dependendo da organização, representam muito no lucro da farmácia.

Esse segmento de mercado conta com concorrência forte de


novas e tradicionais redes de farmácias e drogarias, tornando-se importante para a
empresa a compreensão das necessidades de treinamento, como age a maioria
dessas organizações do setor de medicamento, nessa área de gestão de pessoas.

DUQUE 18 ressalta que o poder da indústria farmacêutica com


excesso de publicidade, oferece medicamentos denominados como potentes e de
última geração, induzindo às pessoas a comprarem sem que haja real necessidade.
Isso faz com que o medicamento se torne cada vez mais um produto, a farmácia
comercial um mero ponto de vendas e o farmacêutico um vendedor.

No entanto, a farmácia, mais que uma distribuidora de


medicamentos, é um centro prestador de serviços de saúde com atores que, de
forma integrada, atuam na prevenção e promoção da saúde.

Assim, para que a farmácia não seja vista somente como um


comércio, cabe ao farmacêutico realizar o processo de assistência à saúde,
orientando, educando e instruindo o paciente sobre rodos os aspectos relacionados
ao medicamento.

É relevante ainda destacar a importância do farmacêutico


dentro de drogarias e farmácias comerciais como um ator de proteção à saúde com
ênfase nos seus valores éticos e deveres legais, assumindo responsabilidades
inerentes ao acompanhamento sistemático dos medicamentos dos pacientes.

18 Daniele Cristina Cerqueira Duque. Relação farmacêutico-paciente: um novo olhar. 2006, p. 35.
16

1.2 O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO FARMACÊUTICO NO ÂMBITO DA


FARMÁCIA COMERCIAL

O exercício profissional do farmacêutico no âmbito da farmácia


comercial, em virtude de sua formação acadêmica, onde os estudantes aprendem o
lado mais técnico da profissão, acabam não se adaptando às necessidades da
população, contribuindo para o baixo reconhecimento dessa profissão pela
sociedade.

FARINA e ROMANO-LIEBER 19 explicam que a formação


universitária do farmacêutico volta-se para teorias que não condizem com a
realidade social, no entanto, este faz parte do processo de assistência à saúde,
devendo, assim, ser capacitado para orientar o paciente em todos os aspectos
relacionados ao uso de medicamentos, atuando na adesão e sucesso do tratamento
prescrito.

Há, portanto, necessidade de mudanças curriculares no curso


de Farmácia, para que novos farmacêuticos tenham maior conhecimento acerca da
atenção farmacêutica.

O farmacêutico passou a perder espaço na área da saúde para


fazer parte dos interesses comerciais, em que a saúde tornou-se um bem de
consumo, principalmente, pelas indústrias farmacêuticas. A visibilidade do
profissional foi reduzida perante a sociedade, na medida em que este perde a sua
identidade, a partir de uma atuação limitadamente monopolizada. 20

SILVA aborda esta questão como um isolamento do


farmacêutico na sociedade:

Este isolamento permitiu aos farmacêuticos criar seu próprio


vocabulário, estabelecer suas próprias normas de qualidade no
exercício profissional e determinar sua própria série de regras.

19Simone Sena Farina; Nicolina Silvana Romano-Lieber. Op. Cit. p. 16.


20Wellington Barros da Silva. A emergência da atenção farmacêutica: um olhar epistemológico e
contribuições para o seu ensino. 2009, p. 94.
17

Lamentavelmente provocou resultados negativos. Em primeiro


lugar, a conduta da Farmácia é tão específica e os
farmacêuticos se comunicam com tão pouca frequência com
quem está fora da área, que os outros elementos do sistema
de assistência sanitária têm tido dificuldades para compreender
aquela profissão, como funciona exatamente, o que deseja e
onde se encaixa. Em segundo lugar, ao manter-se tão isolada,
a profissão fica impedida de compartilhar e aprender o conjunto
de regras e práticas que se aplicam a todas as demais
profissões de saúde. Consequentemente, com as
transformações tão importantes por que passa o sistema de
saúde, a Farmácia encontra-se sem um vocabulário
compreendido por todos, sem uma prática disciplinada e
respeitada e sem uma função claramente diferenciada e
reconhecida socialmente. 21

Tendo em vista as dificuldades encontradas no atendimento da


saúde pública brasileira, a prática farmacêutica é um recurso muito utilizado pela
população e, por isso, precisa ser aprimorada para que tal atividade seja realizada
de forma sistêmica e organizada. 22

Pode-se, dessa maneira, considerar o farmacêutico como um


agente de ação de saúde comunitário com nível superior e sólida formação na área
do medicamento, tendo notoriedade por possibilitar a orientação ao tratamento
terapêutico do paciente fora do serviço de saúde. A reflexão que se busca ao tocar
neste assunto é de que o farmacêutico como um profissional da saúde seria aquele
que por estar mais acessível da população contribuiria para o uso racional de
medicamentos, voltando-se para o processo de cuidado de pessoas.

Embora a legislação brasileira estabeleça a obrigatoriedade de


um farmacêutico durante o horário de funcionamento do estabelecimento, existem
farmácias que não dispõem deste profissional, não agindo dentro da lei, e, portanto,
provando que se faz necessária uma fiscalização mais efetiva sobre esta questão. 23

Entretanto, esta realidade vem mudando com o advento da Lei


n. 13.021, publicada em 11 de agosto de 2014, que dispõe que oficialmente as
farmácias e drogarias brasileiras deixam de ser apenas estabelecimentos comerciais

21 Wellington Barros da Silva. Op. Cit. p. 94.


22 Simone Sena Farina; Nicolina Silvana Romano-Lieber. Op. Cit. p. 8.
23 Idem. Ibidem. p. 13.
18

e transforma em unidades de prestação de assistência farmacêutica, assistência à


saúde e orientação sanitária individual coletiva. As seguintes responsabilidades
ficaram estabelecidas aos farmacêuticos:

Seção II- Art. 10. O farmacêutico e o proprietário dos


estabelecimentos farmacêuticos agirão sempre solidariamente,
realizando todos os esforços para promover o uso racional de
medicamentos.
Parágrafo único. É responsabilidade do estabelecimento
farmacêutico fornecer condições adequadas ao perfeito
desenvolvimento das atividades profissionais do farmacêutico.
Art. 13. Obriga-se o farmacêutico, no exercício de suas
atividades, a: I - notificar os profissionais de saúde e os órgãos
sanitários competentes, bem como o laboratório industrial, dos
efeitos colaterais, das reações adversas, das intoxicações,
voluntárias ou não, e da farmacodependência observados e
registrados na prática da farmacovigilância; II - organizar e
manter cadastro atualizado com dados técnico-científicos das
drogas, fármacos e medicamentos disponíveis na farmácia; III -
proceder ao acompanhamento farmacoterapêutico de
pacientes, internados ou não, em estabelecimentos
hospitalares ou ambulatoriais, de natureza pública ou privada;
IV - estabelecer protocolos de vigilância farmacológica de
medicamentos, produtos farmacêuticos e correlatos, visando a
assegurar o seu uso racionalizado, a sua segurança e a sua
eficácia terapêutica; V - estabelecer o perfil farmacoterapêutico
no acompanhamento sistemático do paciente, mediante
elaboração, preenchimento e interpretação de fichas
farmacoterapêuticas; VI - prestar orientação farmacêutica, com
vistas a esclarecer ao paciente a relação benefício e risco, a
conservação e a utilização de fármacos e medicamentos
inerentes à terapia, bem como as suas interações
medicamentosas e a importância do seu correto manuseio.
Art. 14. Cabe ao farmacêutico, na dispensação de
medicamentos, visando a garantir a eficácia e a segurança da
terapêutica prescrita, observar os aspectos técnicos e legais do
receituário.

Desta forma, destacam-se dois fatores primordiais: o primeiro é


a obrigatoriedade de o farmacêutico agir de forma solidária ao paciente para
promoção do uso racional de medicamentos, sendo disponibilizadas ao profissional,
condições adequadas ao desenvolvimento de suas atividades.

E, a segunda, é o enfoque na dispensação de medicamentos


como responsabilidade do farmacêutico para que a terapêutica prescrita se dê com
eficácia e segurança.
19

Outro aspecto importante que esta nova Lei traz é a permissão


para que as farmácias disponham de vacinas e soros conforme o perfil
epidemiológico de cada região, o que contribui para reduzir o número de procura de
atendimento de urgências na saúde pública, facilitando o acesso a esse tipo de
medicamento para atender às necessidades da população.

Pode-se considerar esta Lei como um avanço, ao reconhecer a


importância e valorização do profissional farmacêutico para a saúde da comunidade,
reiterando a sua presença permanente nas farmácias de qualquer natureza, que já
estava determinada na Lei n. 5.991/73, que era ignorada, ofertando maior
credibilidade e confiança dos indivíduos perante os farmacêuticos. 24

Acredita-se que esta lei irá refletir na redução da


automedicação, fortalecendo o uso racional de medicamentos.

Diante do exposto, ressalta-se que a atenção farmacêutica se


faz de grande importância dentro das farmácias comerciais, tendo como uma de
suas principais funções a promoção do uso racional de medicamentos.

24 Piauí. Conselho Regional de Farmácia do Piauí. “Nova lei da Farmácia” é assinada pela presidente
Dilma. Disponível em: http://www.crfpi.org/noticias/nova-lei-da-farmacia-e-assinada-pela- presidente-
dilma/. Acesso: 20/fev/2015.
20

CAPÍTULO II. USO RACIONAL DE MEDICAMENTO

A Organização Mundial de Saúde – OMS conceitua a saúde


como um estado de completo bem estar físico, mental e social, estando garantida na
Constituição Federal de 1988, como um direito universal. A Constituição Federal
instituiu, ainda, o Sistema Único de Saúde – SUS que, dentre vários princípios,
propõe a execução de ações de assistência terapêutica integral e farmacêutica.

Dentro da Assistência farmacêutica, a Portaria n. 3.916/98


estabeleceu a Política Nacional de Medicamentos - PNM, que visa a promoção do
uso racional de medicamentos, isto, pois, conforme a Organização Mundial de
Saúde - OMS, mais da metade dos medicamentos prescritos, dispensados ou
vendidos são utilizados inapropriadamente ou não completam a terapêutica.
Conforme destaca VIEIRA,

É preciso considerar o potencial de contribuição do


farmacêutico e efetivamente incorporá-lo às equipes de saúde,
a fim de que se garanta a melhoria da utilização dos
medicamentos, com redução dos riscos de morbimortalidade e
que seu trabalho proporcione meios para que os custos
relacionados à farmacoterapia sejam os menores possíveis
para a sociedade. 25

O uso racional de medicamentos, conforme a autora citada, se


define como um processo de prescrição apropriada e dispensação adequada com
doses, intervalos e período de tratamento seguro e de qualidade, sendo fundamental
o papel do profissional farmacêutico tanto na orientação como na dispensação para
a comunidade.

Nesse sentido, destaca-se que esforços vêm sendo realizados


para que a prática farmacêutica implique na contribuição do uso racional de
medicamentos, necessitando de que o farmacêutico tenha conhecimentos, atitudes
e habilidades que o permitam integrar-se à equipe de saúde e interagir com a
comunidade.

25Fabíola Supino Vieira. Possibilidades de contribuição do farmacêutico para a promoção da saúde.


Ciência & Saúde Coletiva. 2007, p. 219.
21

Quando não se influencia para o uso racional de medicamentos


acaba ocorrendo a automedicação sem prescrição médica, que pode tanto mascarar
como impedir o diagnóstico de uma doença grave, além do risco de interações
medicamentosas e efeitos adversos. Essa questão tem feito com que o Conselho
Federal de Farmácia – CFF defenda cada vez mais o uso racional de medicamentos
sob orientação e acompanhamento do farmacêutico.

O consumo indiscriminado de medicamentos sem indicação de


pessoas tecnicamente capacitadas constitui em um grave
problema para a saúde pública por aumentar o risco de
morbimortalidade causadas por não adesão ao tratamento,
superdosagem, subdosagem e erros de medicação. 26

RIBEIRO, em seu estudo, fez uma comparação interessante


sobre os riscos ao se utilizar um veículo automotivo e um medicamento utilizado
irracionalmente, conforme o autor demonstra na Tabela 1.

TABELA 1. COMPARAÇÃO ENTRE OS RISCOS DE SE UTILIZAR UM VEÍCULO


AUTOMOTIVO E UM MEDICAMENTO IRRACIONALMENTE

Carro Medicamento
Interação + ++
Velocidade relacionada ++ +
com qualidade
Marca importante ++ ++
Fabricante quer/precisa ++ ++
vender
Muita propaganda ++ ++
Muita promoção ++ ++
Os novos são mais ++ ++
prezados
Novidades são mais caras ++ ++
Tecnologia envolvida ++ ++
Certificação ISO, ... ICH, ...
Finalidade Transporte Tratamento
Uso incorreto pode matar +++ +++
__________________________________________________________________________________
Fonte: Adalton G. Ribeiro. Uso racional de medicamentos. 2010. Disponível em:
http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/Oficina%20Botucatu%20-%20URM.pdf. Acesso:
10/mar/2015.

26Adrianne L. Fiori. O uso racional de medicamentos: um desafio para a assistência farmacêutica.


2009, p. 7.
22

Esta comparação serviu para demonstrar que tanto um carro


como um medicamento podem funcionar para o seu uso, porém, os riscos de morte
são similares se não utilizados de modo correto.

Os maiores problemas relacionados ao uso irracional de


medicamentos são as reações adversas, inefetividade terapêutica, desvios da
qualidade do medicamento e erros de medicação. É preciso, pois, que haja
identificação, avaliação e prevenção do correto uso da medicação, tendo como base
a contribuição dos profissionais farmacêuticos para minimização de ocorrência de
automedicação, auxiliando na segurança do paciente e redução dos gastos
desnecessários para estabelecimentos de saúde pública. 27

Por todo o exposto, é notória a importância de o farmacêutico


se preocupar em oferecer os seus serviços, responsabilizando-se pela seleção de
medicamento isento de prescrição, de modo a aliviar um problema de saúde,
inclusive, garantindo direito à saúde com integralidade e universalidade.

2.1 O PAPEL DO FARMACÊUTICO NO CONTROLE DO USO RACIONAL DE


MEDICAMENTOS

O farmacêutico desempenha importante papel no panorama do


uso racional de medicamentos, pois a partir do momento em que se estabelece um
vínculo de confiança entre o profissional e a comunidade, o paciente recebe
orientações que promovem a qualidade, segurança e eficiência terapêutica dos
medicamentos.

Inserido como um profissional de saúde, o farmacêutico deve


ser respeitado nas decisões em comitês que elaboram listas padronizadas de
medicamentos tanto de âmbito Federal e Estadual quanto Municipal.

Porém, para que isto ocorra é preciso que o profissional tenha


capacitação e que as novas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de

27Patricia Mastroianni; Fabiana Rossi Varallo. Farmacovigilância para promoção do uso correto de
medicamentos. 2013, p. 28.
23

Graduação em Farmácia sejam voltadas para formar farmacêuticos aptos à atenção


farmacêutica, tomada de decisão, comunicação, liderança, administração,
gerenciamento, educação permanente e ensino. 28

Para BERGSTEN-MENDE, o farmacêutico tem as seguintes


atribuições:

Fornecer informação imparcial, bem referenciada e criticamente


avaliada sobre qualquer aspecto da prática farmacêutica; deve
integrar a equipe multiprofissional de atenção à saúde como
especialista em medicamentos, discutindo alternativas
terapêuticas, alertando para interações e para reações
adversas e trazendo informação sobre formas farmacêuticas,
apresentações comerciais, custos, contribuindo para a
individualização da terapêutica; deve orientar o paciente quanto
ao tratamento: a que horas e como tomar o medicamento,
horário da tomada do medicamento em relação ao horário das
refeições, tratamentos não medicamentosos, cuidados gerais;
advertências quanto à dose máxima diária, a possíveis
interações com outros medicamentos, com álcool, com
alimentos, quanto ao risco de suspender o medicamento;
orientações sobre o efeito do medicamento: objetivo do uso,
início do efeito, o porquê da duração do tratamento;
orientações sobre efeitos adversos: quais esperar, quanto
tempo dura, como controlá-los e o que fazer se ocorrerem. 29

Nesse contexto, se a preocupação da prática farmacêutica é o


bem estar do paciente, então, a viga mestra de suas ações deve ser o combate ao
uso irracional de medicamentos, devendo ser somados esforços junto com outros
profissionais de saúde para que se tenha acompanhamento e educação do paciente
reduzindo, assim, o risco de morbimortalidade pelo uso indiscriminado da
automedicação.

Entende-se que o farmacêutico ao ser responsável pela


verificação das receitas médicas, se compromete em assegurar e obedecer as
exigências legais quanto à dispensação conforme as intenções do prescritor,
cabendo-lhes manter recursos para documentação adequada em suas farmácias na

28 Gun Bergsten-Mendes. Uso racional de medicamentos: o papel fundamental do farmacêutico.


2007, p. 569.
29 Idem. Ibidem. p. 570.
24

obtenção de acesso às informações necessárias disponíveis em sistemas de


informações. 30

Desse modo, verifica-se que a atuação do farmacêutico não se


encerra na dispensação do medicamento, devendo-se, a partir de então, iniciar a
atenção farmacêutica, buscando informações junto com o paciente se as
intervenções terapêuticas estão sendo efetivadas, se ocorreram reações adversas
ou erros de medicação.

2.2 RISCOS DO USO IRRACIONAL DE MEDICAMENTOS: QUESTÕES DA


MORBIMORTALIDADE

O uso irracional de medicamentos oferece risco de toxidade ao


organismo humano conforme as doses administradas, além do que pode ocorrer
hipersensibilidade, incluindo alergias e desenvolvimento de resistência.

A automedicação está relacionada intrinsecamente ao grau de


instrução e informação dos usuários, bem como a falta de acesso ao sistema de
saúde, colocando-se a atenção farmacêutica como requisito básico para que os
consumidores façam seu tratamento de modo correto.

No entanto, em algumas farmácias nem sempre o farmacêutico


está disponível para orientar o paciente, sanando suas dúvidas.

Quando se considera irracionalidade, esta deve ser combatida


com mais informações e educação para a saúde.

Deste modo, considera-se importante oferecer educação


continuada aos farmacêuticos e comunicação entre eles e os prescritores como

30 Adriana Mituse Ivama; José Luis Miranda Maldonato. Organização Mundial da Saúde. O papel do
farmacêutico no sistema de atenção à saúde: Relatório do Grupo Consultivo da OMS: Nova Délhi,
Índia: 13 – 16 de dezembro de 1988 + O papel do farmacêutico: assistência farmacêutica de
qualidade: Benefícios para os governos e a população: Relatório da Reunião da OMS: Tóquio, Japão:
31 de agosto – 3 de setembro de 1993 + Boas práticas em farmácia (BPF) em ambientes
comunitários e hospitalares. 2004, p. 32.
25

estratégias de redução à exposição de usuários ao uso indiscriminado de


medicamentos.

Em geral, as pessoas mantêm em sua residência uma ampla


gama de medicamentos criando a conhecida farmácia caseira, que favorece o risco
de subdosagem acidental e perda de eficiência da medicação seja por mau
armazenamento ou por está acima do prazo de vencimento. 31

Sobre a farmácia caseira, SILVA et al. destacam:

Estoque de fármacos pode ser mais um fator de risco para a


automedicação, uma vez que a farmácia domiciliar,
frequentemente, depositada em ambientes e recipientes
inadequados, propicia diversas possibilidades de consumo
irracional e desperdício, incluindo a facilitação da
automedicação não responsável, bem como o aumento do
risco de exposições tóxicas não intencionais (principalmente,
em crianças pequenas) e intencionais. 32

Os riscos de Reações Adversas a Medicamentos – RAM e


intoxicações medicamentosas constituem uma das maiores causas de morbidade e
mortalidade. A morbidade, além de obstruir a evolução clínica do paciente,
representa um aumento considerável no número de mortes por ano e de
hospitalizações, o que eleva os custos dos sistemas de saúde. 33

Conforme dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-


farmacológica – SINITOX, no ano de 2003, foram registrados 82.716 (81,3%) casos
de intoxicação humana, sendo a região Sudeste a que apresentou maior percentual
do total de casos (44,1%), seguida da região Sul com 28,7%, Nordeste (17,4%),
Centro Oeste – 8,1% e Norte com 1,7%. 34

31 Januaria Ramos Pereira. Riscos da automedicação: tratando o problema com conhecimento. 2015,
p. 2.
32 José Antônio Cordero da Silva et al. Prevalência de automedicação e os fatores associados entre

os usuários de um Centro de Saúde Universitário. Revista Brasileira de Clínica Médica. 2013, p. 28.
33 Paulo Sérgio Dourado Arrais. O uso irracional de medicamentos e a farmacovigilância no Brasil.

Cadernos de Saúde Pública. set – out/2002, p. 1.


34 Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológica - SINITOX. Casos de intoxicação humana

por medicamentos. 2003. Disponível em: www.fiocruz.br/sinitox. Acesso: 15/mar/2015.


26

A Tabela 2. apresenta os casos registrados de intoxicação


humana e respectivos percentuais distribuídos por região geográfica no ano de
2003.

TABELA 2. CASOS REGISTRADOS DE INTOXICAÇÃO HUMANA E


RESPECTIVOS PERCENTUAIS DISTRIBUÍDOS POR REGIÃO GEOGRÁFICA -
BRASIL, 2003

Região Casos %

Norte 1.434 1,7

Nordeste 14.361 17,4

Sudeste 36.443 44,1

Sul 23.746 28,7

Centro Oeste 6.732 8,1

Total 82.716 100,0

_______________________________________________________________________
Fonte: Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológica - SINITOX. Casos de
intoxicação humana por medicamentos. Disponível em: www.fiocruz.br/sinitox. Acesso:
15/mar/2015.

Pode-se verificar que o maior percentual foi na Região


Sudeste, seguido da Região Sul do país, não havendo algo que justifique esse maior
número de intoxicação, porém, pode ser explicada pela maior população.

Observa-se também, conforme dados da Tabela 2, que a


região Norte é a que menos apresenta casos de intoxicação humana podendo ser
justificada pelo fato de ser a que menos busca medicamentos prescritos para cura,
valendo-se culturalmente do uso de plantas medicinais.

Dos agentes de intoxicação, o maior índice (28,2%) foi por uso


de medicamentos, conforme é demonstrado na Tabela 3.
27

TABELA 3. CASOS REGISTRADOS DE INTOXICAÇÃO HUMANA E


RESPECTIVOS PERCENTUAIS DISTRIBUÍDOS POR AGENTE TÓXICO. BRASIL,
2003.

Agente tóxico Casos % %35


Medicamentos 23.348 28,2 28,9
Agrotóxicos/Uso 5.945 7,2 7,4
Agrícola
Agrotóxicos/Uso 2.519 3,1 3,1
Doméstico
Produtos Veterinários 1.276 1,5 1,6
Raticidas 4.324 5,2 5,3
Domissanitários 6.797 8,2 8,4
Cosméticos 743 0,9 0,9
Produtos Químicos 4.548 5,5 5,6
Industriais
Metais 862 1,0 1,1
Drogas de Abuso 2.620 3,2 0,3
Plantas 1.955 2,4 2,4
Alimentos 511 0,6 0,6
Animais 6.266 7,6 7,7
Peçonhentos/Serpentes
Animais 3.737 4,5 4,6
Peçonhentos/Aranhas
Animais 6.752 8,2 8,4
Peçonhentos/Escorpiões
Outros An. 3.182 3,9 3,9
Peçonhentos/Venenosos
Animais Não 4.530 5,5 5,6
Peçonhentos
Outro 947 1,1 1,2
Desconhecido 1.854 2,2
Total 82.716 100,0 100,0

______________________________________________________________________
Fonte: Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológica - SINITOX. Casos de
intoxicação humana por medicamentos. 2003. Disponível em: www.fiocruz.br/sinitox.
Acesso: 15/mar/2015.

Buscou-se saber as circunstâncias que levaram à intoxicação


humana por medicamento. Embora, a maioria dos casos tenha se dado por tentativa

35A porcentagem é calculada somente considerando os casos para os quais são conhecidas as
características, que totalizam 82.716 - 1.854 = 80.862 casos.
28

de suicídio, fatores como uso terapêutico, prescrição médica inadequada, erro de


administração, automedicação e tentativa de aborto contribuíram para o aumento
dos números. A Tabela 4. apresenta as respectivas circunstâncias para os casos
registrados por intoxicação humana por medicamento.

TABELA 4. CASOS REGISTRADOS DE INTOXICAÇÃO HUMANA POR


MEDICAMENTOS E RESPECTIVOS PERCENTUAIS DISTRIBUÍDOS POR
CIRCUNSTÂNCIA - BRASIL, 2003

Circunstância Casos % %36


Uso Terapêutico 1.321 1,6 1,7
Prescrição Médica 201 0,2 0,3
Inadequada
Erro de Administração 1.495 1,8 1,9
Auto Medicação 740 0,9 0,9
Tentativa de Suicídio 16.826 20,3 21,3
Tentativa de Aborto 173 0,2 0,2
Uso Indevido 338 0,4 0,4
Outra 1.492 1,8 1,9
Total 82.716 28,2 28,9
__________________________________________________________________
Fonte: SINITOX - Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológica. Casos de
intoxicação humana por medicamentos. 2003. Disponível em: www.fiocruz.br/sinitox.
Acesso: 15/mar/2015.

No ano de 2008, o SINITOX atualizou os dados, onde houve


85.925 casos por intoxicação humana, sendo que 26.384 foram por intoxicação
medicamentosa, resultando em 87 óbitos. 37

2.3 PRINCIPAIS POLÍTICAS PARA PROMOVER O USO RACIONAL DOS


MEDICAMENTOS

Para a promoção do uso racional de medicamentos, políticas e


estratégias têm sido raciocinadas como, por exemplo, que se tenha uma abordagem
multidisciplinar para coordenar o uso de medicamentos, além de uma autoridade
36A porcentagem da frequência relativa calculada somente considerando os casos para os quais são
conhecidas as características.
37 Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológica - SINITOX. Op. Cit. Disponível em:

www.fiocruz.br/sinitox. Acesso: 15/mar/2015.


29

regulatória nacional que desenvolva e implemente regulamentos para produtos


farmacêuticos. 38

Dez anos após a criação do Sistema Único de saúde – SUS, foi


criada, no ano de 1998, a primeira Política Nacional de Medicamentos – PNM, por
meio da Portaria Ministerial n. 3.916, 39 que estabeleceu como diretrizes a revisão
permanente da Relação Nacional de Medicamentos - RENAME, a reorientação da
Assistência Farmacêutica, a promoção do Uso Racional de Medicamentos e a
organização das atividades de Vigilância Sanitária dos Medicamentos. Visava esta
política a promoção ao acesso da população aos medicamentos seguros, de
qualidade e ao menor custo possível.

Pode-se dizer que a RENAME representa uma medida


primordial para que os critérios de efetividade e eficiência sejam incorporados aos
medicamentos, fazendo com que os responsáveis aperfeiçoem a racionalização dos
recursos a serem empregados no processo de seleção dos fármacos.

No ano de 2002 foi realizado o processo de revisão da


RENAME, estimulando a elaboração de formulários e guias farmacêuticos e
esquemas de tratamentos padronizados para algumas enfermidades para que
práticas ineficientes no SUS fossem evitadas. 40

Cita-se também a contribuição da Comissão de Farmácia e


Terapêutica – CFT, que estimula a implementação de treinamento em
farmacoterapia, tendo como base as deficiências do currículo de graduação, como a
ausência de um treinamento farmacoterápico racional que vincule as diretrizes
clínicas com as relações de medicamentos essenciais. 41

38 Márcia Helena Bolzan. Intervenções farmacêuticas para uso racional de medicamentos. 2008. p.
20.
39 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 3.916, de 30 de outubro de 1998. Política Nacional de

Medicamentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. 1998.


40 Daniel Marques Mota; Maria Eneida Porto Fernandes; Helena Lutescia Luna Coelho.

Farmacoeconomia: um instrumento de eficiência para a política de medicamentos do Brasil. Acta


Farmacêutica Bonaerense, 2003, p. 184.
41 Idem. Ibidem. p. 177.
30

Por sua vez, o Conselho Federal de Farmácia estabeleceu, em


sua Resolução n. 539, de 22 de outubro de 2010, art. 2º, que cabe ao farmacêutico a
fiscalização de processos e métodos farmacêuticos ou de natureza farmacêutica por
meio de supervisão direta, não se submetendo à delegação. O anexo I da referida
Resolução diz que compete ao farmacêutico o desenvolvimento de estratégias de
informação permanente com a sociedade, criando canais de comunicação com a
sociedade com vistas à criação de uma consciência sanitária.42

Destaca-se que não foi possível obter informações atualizadas


do SINITOX, tendo em vista que o seu sitio eletrônico encontra-se constantemente
fora do ar, implicando na ausência de dados entre os anos de 2009 a 2014.

O uso racional de medicamentos foi visto neste capítulo como


um risco à saúde humana, sendo constatado, a partir de dados oficiais, o impacto
nos índices de morbimortalidade no Brasil, verificando-se que o profissional
farmacêutico pode contribuir para a redução desses índices com a conscientização
da população. No capítulo a seguir descreve-se o papel do farmacêutico nas
farmácias comerciais.

42Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais – CRF. A importância do farmacêutico no SUS -


suas competências e atribuições nas ações de saúde pública / Organizador CASP-CRF/MG. 2011, p.
15.
31

CAPÍTULO III. PAPEL DO FARMACÊUTICO NAS FARMÁCIAS


COMERCIAIS

Nas farmácias comerciais, o farmacêutico desenvolve papel


ativo na dispensação de medicamentos prescritos, aconselhando os pacientes sobre
seu estado de saúde, por ser uma fonte de informações para a população como um
membro da equipe de profissionais de saúde, por ter conhecimento sobre química,
ciências biológicas e farmacêuticas, além de ciência técnica sobre formulação de
formas farmacêuticas e uso clínico. 43

O processo de dispensação de medicamentos está


estabelecido na Lei n. 5.991 de 1973, onde é dada ao profissional farmacêutico a
responsabilidade por este ato que é definido como o ato de fornecimento ao
consumidor de medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos.

No entanto, em uma farmácia comercial, a dispensação não


pode se limitar ao ato de entregar um medicamento, esta deve ser complementada
com o estabelecimento da relação paciente e farmacêutico, onde orientações sobre
o correto uso do fármaco devem ser realizadas. 44

A realização da dispensação nas farmácias comerciais está


regulamentada no art. 35 da Lei n. 5.991 de 1973:

Art. 35 – Somente será aviada a receita: a) que estiver escrita a


tinta, em vernáculo, por extenso e de modo legível, observados
a nomenclatura e o sistema de pesos e medidas oficiais; b) que
contiver o nome e o endereço residencial do paciente,
expressamente, o modo de usar a medicação; c) que contiver a
data e a assinatura do profissional, endereço do consultório ou
residência, e o número de inscrição no respectivo Conselho
profissional. § Parágrafo único: O receituário de medicamentos
entorpecentes ou a estes equiparados e os demais sob regime

43 Loyd V Allen Jr.; Nicholas G. Popovich; Howard C. Ansel. Formas farmacêuticas e sistemas de
liberação de fármacos. 2013, p. 79.
44 Maria Emília Tiburtino Chaves. Uso racional de medicamentos: uma abordagem da prescrição a

dispensação. 2014, p. 27.


32

de controle, de acordo com a sua classificação, obedecerá às


disposições da legislação federal específica.

E, em seu artigo 41:

Art. 41 - Quando a dosagem do medicamento prescrito


ultrapassar os limites farmacológicos ou a prescrição
apresentar incompatibilidades o responsável técnico pelo
estabelecimento solicitará confirmação expressa ao profissional
que a prescreveu.

Considera-se o papel do farmacêutico como um prestador de


assistência e não apenas um comerciante de medicamentos, tendo em vista que
este é o responsável técnico pelo estabelecimento, possuindo autonomia para o
desenvolvimento de suas atividades. 45

Na farmácia comercial, o farmacêutico deve direcionar ao


paciente orientações, evitando que se corra o risco de utilizar medicamentos de
forma errônea, tendo sua qualidade de vida comprometida.

3.1 RESPONSABILIDADE TÉCNICA DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO: RDC


n. 44/2009

A presença de um profissional farmacêutico nas farmácias


comerciais, conforme já foi mencionado, é uma exigência legal no Brasil, devendo
todos os estabelecimentos comerciais dessa natureza, possuir um profissional
farmacêutico durante todo o seu horário de funcionamento e um substituto em caso
de sua ausência, sendo este profissional atuante como responsável técnico.

A atuação do farmacêutico e os demais requisitos, tanto


operacionais quanto de infraestrutura, estão estabelecido na Resolução da Diretoria
Colegiada – RDC n. 44/2009, que dispõe sobre as boas práticas farmacêuticas para
o controle sanitário do funcionamento, dispensação, comercialização de produtos e
a prestação de serviços, estabelecendo os critérios e condições mínimas a serem
seguidos por esses estabelecimentos.

45 Maria Emília Tiburtino Chaves. Op. Cit. p. 29.


33

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde –


OPAS, para atuar como responsável técnico de uma farmácia comercial o indivíduo
deve ser formado em curso universitário de Farmácia e ser registrado no Conselho
Regional de Farmácia – CRF. 46

Acerca do ambiente destinado para o desenvolvimento dos


serviços farmacêuticos, a RDC n. 44/2009 dispõe que:

Art. 15. O ambiente destinado aos serviços farmacêuticos deve


ser diverso daquele destinado à dispensação e à circulação de
pessoas em geral, devendo o estabelecimento dispor de
espaço específico para esse fim.
§1º O ambiente para prestação dos serviços que demandam
atendimento individualizado deve garantir a privacidade e o
conforto dos usuários, possuindo dimensões, mobiliário e infra-
estrutura compatíveis com as atividades e serviços a serem
oferecidos.
§2º O ambiente deve ser provido de lavatório contendo água
corrente e dispor de toalha de uso individual e descartável,
sabonete líquido, gel bactericida e lixeira com pedal e tampa.
§3º O acesso ao sanitário, caso exista, não deve se dar através
do ambiente destinado aos serviços farmacêuticos.
§4º O conjunto de materiais para primeiros-socorros deve estar
identificado e de fácil acesso nesse ambiente.
Art. 16. O procedimento de limpeza do espaço para a
prestação de serviços farmacêuticos deve ser registrado e
realizado diariamente no início e ao término do horário de
funcionamento.
§1º O ambiente deve estar limpo antes de todos os
atendimentos nele realizados, a fim de minimizar riscos à
saúde dos usuários e dos funcionários do estabelecimento.
§2º Após a prestação de cada serviço deve ser verificada a
necessidade de realizar novo procedimento de limpeza, a fim
de garantir o cumprimento ao parágrafo anterior. 47

Assim, verifica-se um destaque para a limpeza do local e deste


ser destinado apenas para o fim de prestação dos serviços farmacêuticos,
verificando-se a busca pela configuração de um espaço de saúde.

Importante destacar, assim, que conforme a RDC n. 44/2009 a


farmácia deve dispor de uma Sala de Atenção Farmacêutica, não havendo definição

46 Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS. Avaliação da assistência farmacêutica no brasil.


2005, p. 73.
47 Resolução da Diretoria Colegiada – RDC. n. 44, de 17 de agosto de 2009. Brasília: ANVISA, 2009.

p. 2.
34

de área mínima desta sala, todavia, deve ser compatível com os serviços a serem
oferecidos.

Outro fator a ser destacado na regulamentação da atuação do


farmacêutico nas farmácias comerciais é que seu uniforme deve ser diferenciado
dos demais funcionários, de modo que os usuários da farmácia sejam capazes de
identificá-lo facilmente.

Quanto às atribuições do farmacêutico como responsável


técnico, a RDC n. 44/2009 dispõe que deverão obedecer ao Conselho Federal e
Regional de Farmácia, além de considerar as legislações de vigilância sanitária
vigentes, podendo o profissional farmacêutico delegar algumas das atribuições para
outro farmacêutico, exceto aquelas relacionadas à supervisão e responsabilidade
pela assistência técnica do estabelecimento, bem como aquelas consideradas
indelegáveis pela legislação específica dos conselhos Federal e Regional de
Farmácia. Nesse contexto, fica claro que a atuação do farmacêutico nas farmácias
comerciais é fator exigido e regulamentado por Lei, devendo os estabelecimentos
comerciais seguir as condições e os critérios mínimos para a boa prática dos
serviços farmacêuticos.

3.2 O USUÁRIO DAS FAMÁRCIAS COMERCIAIS: DADOS ESTATÍSTICOS

Tem-se buscado cada vez desafogar os serviços de saúde


pública, principalmente, nas emergências. Uma das estratégias é a conscientização
do profissional farmacêutico como um profissional de saúde capacitado para prestar
orientação e auxilio para a população quanto ao seu tratamento terapêutico.

NUNES 48 realizou um estudo para averiguar as


responsabilidades técnicas em farmácias e drogarias de modo a conhecer a
percepção e principais hábitos do brasileiro em relação à compra de medicamentos.
Em sua análise ficou constatado que a maioria dos indivíduos procura o médico,

48Carlos Nunes. Responsabilidade técnica em farmácias e drogarias. Interfarma. Ibope Inteligência.


2011. Disponível em: http://www.saude.ms.gov.br/controle/ShowFile.php?id=127649. Acesso:
15/mar/2015.
35

mas também buscam orientação informal. O Gráfico 1 demonstra os meios que as


pessoas procuram quando precisam de orientação sobre algum problema de saúde.

GRÁFICO 1. PRESCRIÇÃO E COMPRA INFORMAL

Fonte: Carlos Nunes. Responsabilidade técnica em farmácias e drogarias. Interfarma. Ibope


Inteligência. 2011. Disponível em:
http://www.saude.ms.gov.br/controle/ShowFile.php?id=127649. Acesso: 15/mar/2015.

Conforme se observa a maioria das pessoas (87) procura


orientação em médicos, hospitais ou postos de saúde. Em segundo lugar orientam-
se com os familiares (17) e, apenas, em terceiro lugar pensam em pedir ajuda aos
farmacêuticos (16), estes que ficam acima apenas do balconista de farmácia (8),
amigos (6), pesquisa na internet (4), raizeiros (1) e programas de TV (1).

No que se refere à compra de medicamentos sem receita, uma


considerável parcela da população tem o costume de comprar remédios sem
prescrição médica, o que se considera prática de uso irracional de medicamentos,
resultando em riscos para a sua saúde. O Gráfico 2 destaca os resultados.
36

GRÁFICO 2. COMPRA DE MEDICAMENTO SEM RECEITA

Fonte: Carlos Nunes. Responsabilidade técnica em farmácias e drogarias. Interfarma. Ibope


Inteligência. 2011. Disponível em:
http://www.saude.ms.gov.br/controle/ShowFile.php?id=127649. Acesso: 15/mar/2015.

Verifica-se que, embora a maioria da população pesquisada


tenha informado que não compra medicamentos sem prescrição médica, ainda é
alto o número de pessoas que fazem uso de tarjados sem ir ao médico.

Destes, 72% compraram medicamento sem receita ao informar


os sintomas ao atendente, 69% procuraram orientação do farmacêutico e 62%
pediram recomendações sobre medicamentos a pessoas que não fazem parte da
equipe de saúde.

NUNES 49 investigou também se o farmacêutico alguma vez


recomendou outro medicamento diferente do prescrito pelo médico. Verificando-se
que a maioria dos farmacêuticos (59) respeitou a prescrição do médico, no entanto,
37 pessoas informaram que outro fármaco foi oferecido em substituição, com maior
ocorrência nas capitais (45%). Observa-se os resultados no Gráfico 3.

49 Carlos Nunes. Op. Cit. p. 1.


37

GRÁFICO 3. FARMACÊUTICO RECOMENDOU ESPONTANEAMENTE


MEDICAMENTO DIFERENTE DO PRESCRITO

Fonte: Carlos Nunes. Responsabilidade técnica em farmácias e drogarias. Interfarma. Ibope


Inteligência. 2011. Disponível em:
http://www.saude.ms.gov.br/controle/ShowFile.php?id=127649. Acesso: 15/mar/2015.

Conforme é possível observar no Gráfico 3, a maioria oferece


medicamento genérico e 80% dos pacientes aceitam a sugestão.

Ocorre também a recomendação de um medicamento de outra


marca do que estava no receituário, no entanto, o nível de aceitação pelos pacientes
é menor, apenas 59%.

Outro fator corriqueiro é de o próprio paciente solicitar um


medicamento mais barato do que aquele prescrito, tendo em vista, na maioria das
vezes, a redução dos custos, considerando que muitos medicamentos saem por um
alto valor.

O Gráfico 4 aponta os resultados.


38

GRÁFICO 4. QUANDO A INICIATIVA PELA TROCA DO MEDICAMENTO É DO


CONSUMIDOR

Fonte: Carlos Nunes. Responsabilidade técnica em farmácias e drogarias. Interfarma. Ibope


Inteligência. 2011. Disponível em:
http://www.saude.ms.gov.br/controle/ShowFile.php?id=127649. Acesso: 15/mar/2015.

Conforme dados expostos, a maioria dos entrevistados (68) já


perguntou, destes 77% tem faixa etária entre 30 a 39 anos, 74% possuem Ensino
Superior e a região com maior ocorrência é a Sul (75%). Quanto a sugestão para a
necessidade do paciente por um medicamento mais barato, o Gráfico 5 destaca os
resultados.

GRÁFICO 5. SUGESTÃO OFERECIDA

Fonte: Carlos Nunes. Responsabilidade técnica em farmácias e drogarias. Interfarma. Ibope


Inteligência. 2011. Disponível em:
http://www.saude.ms.gov.br/controle/ShowFile.php?id=127649. Acesso: 15/mar/2015.
39

A resposta para a solicitação do paciente foi, em sua maioria, a


opção por medicamento genérico (94). Em menor ocorrência (48), ofertou-se
medicamentos de marcas diferentes do prescrito.

O estudo constatou também que um terço dos usuários não


confere o prazo de validade dos medicamentos antes da compra e nem ao usar,
conforme demonstra o Gráfico 6.

GRÁFICO 6. CONFERÊNCIA DE VALIDADE

Fonte: Carlos Nunes. Responsabilidade técnica em farmácias e drogarias. Interfarma. Ibope


Inteligência. 2011. Disponível em:
http://www.saude.ms.gov.br/controle/ShowFile.php?id=127649. Acesso: 15/mar/2015.

Estes que não conferem a validade são, em sua maioria,


homens (30%) com idade entre 16 a 24 anos (31%), de classes D e E (31%). Os
riscos de utilizar medicamentos com prazo de validade vencido vão desde a
ineficácia do fármaco até reações colaterais adversas que podem agravar o quadro
de saúde do paciente.

Diante do que foi exposto, chega-se ao entendimento que


muitas estratégias ainda devem ser adotadas para conscientizar a população de que
a decisão do prescritor deve ser respeitada e o profissional mais capacitado para
orientá-los quanto ao uso do medicamento e conduta terapêutica é o farmacêutico.
40

3.3 AUSÊNCIA DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NAS FARMÁCIAS


COMERCIAIS

Entende-se o farmacêutico como um profissional de saúde que


possui a responsabilidade de promover a saúde da população, se configurando
como co-responsável pelo bem-estar do paciente, evitando que ele venha a ter sua
qualidade de vida comprometida em decorrência de uma terapia farmacológica.

O profissional dessa área é responsável pelo medicamento em


todas as suas etapas e estágios, sendo a profissão conceituada por MELHEM como:

(...) uma atividade especializada ao setor de saúde exercida


pelo farmacêutico – profissional habilitado em curso de
formação universitária – com atuação no âmbito das atividades
econômicas e profissionais, em setores exclusivos, ou não, por
delegação legislativa. 50

Nas farmácias comerciais, o farmacêutico atua com a


educação em saúde, promovendo a orientação acerca dos medicamentos, bem
como sanando dúvidas dos usuários em relação ao tratamento farmacológico que
vai realizar, se responsabilizando pela dispensação dos medicamentos nesse
ambiente.

ZUBIOLI 51 lembra que o exercício da profissão de


farmacêutico irá variar de acordo com a atividade a ser exercida e o ambiente, tendo
características distintas que exigem o cumprimento de requisitos específicos, se
diferenciando de um local para outro.

GALATO et al. 52 elucidam que o farmacêutico se configura


como um elo entre o prescritor e o paciente, sendo capaz de interagir com ele,
exercendo uma função de clínica de fornecimento de informações.

50Décio Melhem. Apostila de deontologia e legislação farmacêutica.1982, p. 84.


51Arnaldo Zubioli. Profissão farmacêutico: e agora? 1992, p. 13.
52 Dayani Galato et al. A dispensação de medicamentos: uma reflexão sobre o processo para

prevenção, identificação e resolução de problemas relacionados à farmacoterapia. Revista Brasileira


de Ciências Farmacêuticas. jul – set/2008, p. 465.
41

Nesse contexto, fica claro que o profissional farmacêutico


exerce grande importância dentro das farmácias comerciais, considerando que atua
como um elo de informação, podendo, inclusive, prevenir o uso errôneo da
medicação para tratamento.

Tendo em vista que a dispensação de medicamentos é a


principal atividade das farmácias comerciais, é notória a importância do profissional
farmacêutico nesse ambiente.

Porém, conforme ARAGÃO, MESQUITA E SOUSA, 53 a prática


da dispensação de medicamentos tem sido prejudica pela frequente ausência desse
profissional nos estabelecimentos de farmácias comerciais, principalmente, naquelas
de pequeno ou médio porte.

Segundo os autores citados, a ausência desses profissionais


nesses estabelecimentos dificulta o seu reconhecimento como profissional de saúde,
visto que esse reconhecimento perpassa não somente pela sua presença física no
estabelecimento, mas também pela sua atuação no acompanhamento da utilização
de medicamentos, na prevenção e na promoção de saúde.

A importância do farmacêutico nas farmácias comerciais pode


ser explicada por ele ser o último profissional de saúde a ter contato com o paciente,
se configurando como capaz de assisti-lo em todas as suas dúvidas antes de dar
início ao tratamento. 54

A ausência do farmacêutico nesses estabelecimentos


comerciais, de acordo com ARAGÃO, MESQUITA E SOUSA, 55 abriu espaço para
que leigos e comerciantes sem qualquer conhecimento técnico assumissem seu
lugar na orientação de medicamentos junto aos pacientes, fator que estimulou o
consumo irracional de medicamentos, colocando em risco a saúde da população.

53 Alex Ferreira Aragão; Alysson Kenned de Freitas Mesquita; Francisca Cléa Florenço de Sousa.
Avaliação das Boas Práticas Farmacêuticas em drogarias de pequeno e grande porte no município de
Teresina – PI. Boletim Informativo Geum, jan-mar/2014, p. 84.
54 Arnaldo Zubioli. Op. Cit. p. 14.
55 Alex Ferreira Aragão; Alysson Kenned de Freitas Mesquita; Francisca Cléa Florenço de Sousa.

Loc. Cit. p. 85.


42

Por sua vez, PAIVA FILHO 56 destaca que a ausência de um


farmacêutico nas farmácias comerciais impede a realização do correto repasse de
informações sobre os cuidados na administração do medicamento, o que consiste
em uma condição essencial para o sucesso de qualquer tratamento farmacológico.

FERRAES 57 reforça, afirmando que a orientação é um


processo vital para adesão do paciente em qualquer tratamento.

Ainda destacando acerca da problemática que envolve a falta


de orientação nas farmácias comerciais pela ausência do profissional farmacêutico,
RECH 58 destaca que essa falta de orientação tem sido um dos principais motivos de
retorno dos pacientes aos serviços de saúde, o que acarreta mais problemas para o
paciente e torna o sistema de saúde ainda mais oneroso.

Sobre a presença do farmacêutico nas farmácias comerciais,


ARAGÃO, MESQUITA E SOUSA dissertam:

A presença e assistência técnica do farmacêutico durante todo


horário de funcionamento do estabelecimento é exigência da
legislação brasileira e além de uma questão legal, a presença
desse profissional é essencial para que a população tenha
acesso a fonte de informações sobre medicamentos pautadas
em conhecimento técnico-científico. O farmacêutico é o único
profissional da saúde habilitado para realizar o ato da
dispensação, com o objetivo de garantir a efetividade,
segurança do tratamento e o uso racional dos medicamentos.
Portanto o simples acesso a medicamentos nestes
estabelecimentos não é, necessariamente, garantia de eficácia
e segurança para o tratamento de agravos a saúde. 59

Diante do exposto fica claro que a ausência do profissional


farmacêutico nas farmácias comerciais impede que o paciente tenha acesso a

56 Ozório Paiva Filho. Oficinas de assistência farmacêutica. Pharmacia Brasileira, jul-ago-set/1998, p.


17.
57 Alide Marina Biehl Ferraes. O profissional de farmácia: a busca de qualidade na atuação. In:

Luciana Aparecida de Rezende (org.). Tramando Temas na Educação. 2001. p. 10.


58 Norberto Rech. Pronunciamento da Federação Nacional dos Farmacêuticos na audiência
pública da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara Federal,
Projeto Lei 4.385.Brasília, 26/6/1996. Pharmacia Brasileira, 1996. p. 15.
59 Alex Ferreira Aragão; Alysson Kenned de Freitas Mesquita; Francisca Cléa Florenço de Sousa. Op.

Cit. p. 86.
43

orientação correta, podendo impactar em prejuízos ao paciente no que diz respeito


ao uso irracional de medicamentos e a não adesão ao tratamento.

3.4 EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO ESTRATÉGIA DO PROFISSIONAL


FARMACÊUTICO

Uma estratégia fundamental para o desenvolvimento de ações


de promoção de uso racional de medicamentos é a educação em saúde. CHIESA,
FRACOLI e NOGUEIRA definem como educação em saúde “(...) quaisquer
combinações de experiências de aprendizagem com vistas a facilitar ações
voluntárias conducentes à saúde”. 60

Complementando, as autoras lembram que tais ações podem


assumir perspectivas mais conservadoras ou libertárias, por conseguinte, nem todo
projeto com este foco seria emancipador por si só.

No cerne do profissional farmacêutico, a educação em saúde


deve ter uma intervenção ampla o suficiente para contemplar determinantes sociais
da saúde, que favoreça um olhar empático com a população que acessa os serviços
das farmácias comerciais, bem como a sensibilização de se utilizar racionalmente
medicamentos, evitando, assim, riscos de uma terapêutica inadequada.

A ideia da educação em saúde é fazer um intercâmbio entre a


prática farmacêutica e as necessidades específicas de cada paciente, criando uma
ação interdisciplinar e intersetorial, de forma a melhorar cada vez mais a qualidade
de vida da comunidade.

Destaca-se aqui a importância do farmacêutico como educador


em saúde por sua capacidade de atuar em prol do uso racional de medicamentos
por meio de contato e transmissão de conhecimento para os pacientes. Segundo a
Organização Mundial de Saúde - OMS:

60Anna Maria Chiesa; Lislaine Aparecida Fracolli; V. F. Nogueira. A promoção da saúde e a


educação em saúde como campo de conhecimentos e práticas. In: S. M. R. C. Miranda; William
Malagutti (Org.). Educação em saúde. São Paulo: Phorte, 2010, p. 48.
44

O farmacêutico ocupa papel-chave nessa assistência, na


medida em que é o único profissional da equipe de saúde que
tem sua formação técnico-científica fundamentada na
articulação de conhecimentos das áreas biológicas e exatas. E
como profissional de medicamentos, traz também para essa
área de atuação conhecimentos de análises clínicas e
toxicológicas e de processamento e controle de qualidade de
alimentos. 61

O farmacêutico, geralmente, é o último profissional a ter


contato direto com o paciente após a prescrição medicamentosa, tornando-se
corresponsável pela sua qualidade de vida, agindo como um complementador do
serviço médico.

No entendimento de SPADA:

O paciente que sai do consultório com uma receita terá maior


resolução de seus problemas se tiver acesso aos
medicamentos prescritos e se essa prescrição atender à
racionalidade terapêutica. Também é necessário avaliar os
fatores que podem interferir em seu tratamento, como histórico
de reações alérgicas, tabagismo, uso de outros medicamentos,
hábitos alimentares, entre outros. Esta avaliação, com a
possibilidade de intervenção visando à efetividade terapêutica,
pode ser obtida com a implantação da ‘atenção farmacêutica’.
62

Deste modo, a prática educativa do farmacêutico pode ocorrer


tanto de modo formal como informal, durante a dispensação de medicamentos,
podendo ser considerada uma educação popular pensando no indivíduo por sua
forma de percepção e atuação na comunidade, estabelecendo um elo de confiança
por meio do diálogo.

61 Organização Mundial de Saúde - OMS. El papel del farmacéutica en la atención a la salud:


declaración de Tókio. 1993, p. 37.
62 Kadija Spada. A função educativa do farmacêutico no Sistema Único de Saúde. 2007, p. 1263.
45

CAPÍTULO IV. PESQUISA DE CAMPO

Nesta pesquisa foi analisada, a partir da aplicação de um


questionário com os clientes das farmácias comerciais do município de Aquiraz - CE,
qual a percepção sobre a importância da atenção farmacêutica nesses
estabelecimentos, fazendo-se necessário o uso de materiais e métodos que
auxiliaram no alcance dos objetivos deste estudo.

Entende-se por pesquisa a busca em responder a determinado


problema de forma racional e sistemática, conforme elucida GIL:

(...) procedimento racional e sistemático que tem como objetivo


proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A
pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias
fases, desde a formulação do problema até a apresentação e
discussão dos resultados. 63

MINAYO conceitua pesquisa como uma atividade básica das


ciências, segundo a autora trata-se de uma,

Atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta


da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante
busca que define um processo intrinsecamente inacabado e
permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da
realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação
particular entre teoria e dados. 64

Nesta monografia utilizou-se como método de descoberta da


realidade a pesquisa de campo, que é conceituada por FONSECA 65 como aquela
que, além de se utilizar de pesquisa bibliográfica e/ou documental, também realiza
coleta de dados junto a pessoas, por meio de diferentes tipos de pesquisa.

A pesquisa aqui realizada se caracteriza como survey,


assumindo, também, as características das pesquisas exploratórias e descritivas.
Diante do exposto, afirma-se que para o desenvolvimento da pesquisa proposta foi

63 Antônio Carlos Gil. Como elaborar projetos de pesquisa. 2007, p. 17.


64 Maria Cecília de Souza Minayo. O desafio do conhecimento. 1993, p. 23.
65 João José da Silva Fonseca. Metodologia da pesquisa científica. 2002, p. 33.
46

realizada uma pesquisa bibliográfica para embasamento teórico do estudo e uma


pesquisa de campo com clientes de farmácias comerciais do município de Aquiraz -
CE, com o intuito de analisar sua percepção sobre a importância do profissional
farmacêutico nesses estabelecimentos.

4.1 MÉTODOS

De acordo com FONSECA, 66 método pode ser conceituado


como o conjunto de instrumentos utilizados para a realização de uma pesquisa
científica, não podendo ser confundido com metodologia, que consiste no estudo
dos caminhos a serem percorridos para o alcance de objetivos em uma pesquisa.

MINAYO 67 elucida que métodos e metodologia apesar de


terem significados distintos não podem ser vistos separadamente, devendo ser
considerados de forma interligada, tratados de forma integrada e apropriada quando
se escolhe um tema, um objeto ou problema de investigação.

Dessa forma, como método desta pesquisa, utilizou-se a


pesquisa de campo do tipo survey, sendo a pesquisa caracterizada como de
natureza descritiva e de abordagem quantitativa.

Conceituando a pesquisa survey, FONSECA 68 afirma ser


aquela que busca a obtenção de dados ou informações sobre as características ou
as opiniões de determinados grupos de pessoas sobre um assunto, tendo como
instrumento de coleta de dados um questionário. No caso desta pesquisa, o grupo
de pessoas é formado por clientes das farmácias comerciais do município de
Aquiraz - CE.

Trata-se de uma pesquisa descritiva por buscar descrever os


fatos ou fenômenos de determinada realidade. 69

66 João José da Silva Fonseca. Op. Cit. p. 33.


67 Maria Cecília de Souza Minayo. Op. Cit. p. 44.
68 João José da Silva Fonseca. Loc. Cit. p. 33.
69 Augusto N. S. Triviños. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em

educação. 1987, p. 112.


47

A abordagem dos dados coletados a partir dos questionários foi


feita com base na pesquisa quantitativa que, de acordo com FONSECA:

Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da


pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Como as
amostras geralmente são grandes e consideradas
representativas da população, os resultados são tomados
como se constituíssem um retrato real de toda a população
alvo da pesquisa. A pesquisa quantitativa se centra na
objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a
realidade só pode ser compreendida com base na análise de
dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos
padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à
linguagem matemática para descrever as causas de um
fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização
conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher
mais informações do que se poderia conseguir isoladamente. 70

Assim, nesta pesquisa, busca-se, por meio da Matemática,


expressar a opinião dos clientes de farmácias comerciais no que diz respeito à
importância dos profissionais farmacêuticos nesses estabelecimentos.

A coleta dos dados foi feita com base em um questionário


composto por duas categorias de pesquisa: dados pessoais e importância do
farmacêutico para a população.

A categoria referente aos dados pessoais foi composta por três


questões, que visavam traçar o perfil dos participantes da pesquisa, em relação ao
gênero, faixa etária e ocupação.

Na segunda categoria do questionário, estão as perguntas


direcionadas ao alcance dos objetivos de pesquisa, contendo sete questões
objetivas, com múltiplas escolhas para os participantes do estudo, que deveriam
responder de acordo com sua percepção.

Os dados foram analisados com o auxílio do programa


Microsoft Excel, onde foram tabulados e quantificados os resultados, bem como se
procedeu com a elaboração dos gráficos de demonstração dos resultados.

70 João José da Silva Fonseca. Op. Cit. p. 20.


48

4.2 UNIVERSO DA PESQUISA

Considerando que os clientes de farmácias comerciais podem


ser qualquer cidadão que precise ter acesso a medicamentos, entende-se como
universo desta pesquisa clientes das farmácias comerciais do município de Aquiraz -
CE. Como amostra desta pesquisa, foi selecionado, de forma aleatória e não
probabilística, um total de 30 clientes de farmácias comerciais localizadas no
município de Aquiraz - CE.

4.3 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Os resultados encontrados a partir da aplicação do


questionário 71 aos clientes de farmácias comerciais localizadas no município de
Aquiraz – CE são analisados neste tópico, com o intuito de investigar a importância
da Assistência Farmacêutica nas farmácias comerciais do município de Aquiraz -
CE.

A primeira categoria do questionário verificou os dados


pessoais dos participantes da pesquisa, com o intuito de conhecer sua ocupação,
gênero e faixa etária. No que diz respeito ao gênero dos participantes da pesquisa,
eles estão distribuídos da seguinte forma:

GRÁFICO 7. GÊNERO

16,5
16
16
15,5
15
14,5
14
14
13,5
13
FEMININO MASCULINO

71 Cf. Apêndice I.
49

Conforme é possível observar no Gráfico 7, a pesquisa possui


um maior número de participantes do gênero masculino (53%), todavia, verifica-se
um público equilibrado, já que 47% dos participantes são do gênero feminino.

Em relação à faixa etária dos que participaram deste estudo,


encontrou-se o resultado exposto no Gráfico 8.

GRÁFICO 8. FAIXA ETÁRIA

12

10
10

8
7

6
5
4
4
3

0
ATÉ 20 ANOS 21 A 30 ANOS 31 A 40 ANOS 41 A 50 ANOS ACIMA DE 50
ANOS

Verifica-se no Gráfico 8. que maioria dos participantes da


pesquisa possui entre 31 e 40 anos de idade (35%), enquanto 24% de 21 a 30 anos,
17% de 41 a 50 anos, 14% acima de 50 anos e 10% até 20 anos. No que se refere à
ocupação dos participantes da pesquisa, esta é bem variada, incluindo-se
aposentados, estudantes, comerciantes, caixa de supermercado, motoboy,
costureira, tapioqueira, pedreiro, agricultor e autônomo.

Dando continuidade à apresentação do questionário, tem-se a


segunda categoria a ser analisada, que trata da importância do farmacêutico para a
população. Na primeira questão desta categoria foi perguntado aos participantes da
pesquisa se nas farmácias de seu conhecimento, os farmacêuticos estão sempre
presentes. O resultado encontrado é exposto no Gráfico 9.
50

GRÁFICO 9. PRESENÇA DOS FARMACÊUTICOS NAS FARMÁCIAS

14
12 12
12

10

6
4
4
2
2

0
ÀS VEZES NUNCA PERCEBI NUNCAESTÃO SEMPRE ESTÃO

Conforme se pode observar no Gráfico 9, o resultado obtido foi


bastante dividido, 40% afirmaram que nunca perceberam a presença do
farmacêutico e 40% disse que às vezes percebem sua presença, 13% informaram
que sempre estão e 7% nunca estão.

Na segunda questão desta categoria foi perguntado aos


participantes se costumam procurar o farmacêutico quando vão à farmácia,
encontrando os seguintes resultados:

GRÁFICO 10. COSTUMA PROCURAR FARMACÊUTICO

14 13
12
10 9
8
8
6
4
2
0
SIM NÃO ÀS VEZES
51

Constata-se no Gráfico 10 que, de acordo com a maioria dos


participantes desta pesquisa (43%), somente, às vezes, procuram farmacêutico
quando vão à farmácia, 30% informaram que sim e 27% disseram que não.

Na pergunta seguinte, perguntou-se aos participantes se eles


já haviam solicitado orientações ao farmacêutico sobre dúvidas de medicamentos, o
resultado pode ser visualizar no Gráfico 11.

GRÁFICO 11. SOLICITAÇÃO DE ORIENTAÇÃO A FARMACÊUTICO SOBRE


MEDICAMENTOS

25
22

20

15

10

6
5
2

0
SIM NÃO ÀS VEZES

Verificou-se no Gráfico 11 que a maioria dos participantes,


(73%) costumam pedir orientação ao farmacêutico sobre dúvidas de remédios, 20%
disse que não tem esse hábito e 7% às vezes.

Perguntou-se também se os participantes da pesquisa confiam


nas informações recebidas sobre medicamentos pelo farmacêutico. O resultado é
ilustrado no Gráfico 12.
52

GRÁFICO 12. CONFIANÇA NAS INFORMAÇÕES RECEBIDAS SOBRE


MEDICAMENTOS PELO FARMACÊUTICO

30

25
25

20

15

10

5 4
1
0
SIM NÃO NÃO TOTALMENTE

Conforme é possível observar no Gráfico 12, a maioria (83%)


dos participantes disse confiar nas informações recebidas pelo farmacêutico sobre
medicamentos, enquanto 14% disseram que não totalmente e 3% não.

Na questão seguinte perguntou-se aos participantes da


pesquisa se tem conhecimento da obrigatoriedade do farmacêutico. O resultado é
demonstrado pelo Gráfico 13.

GRÁFICO 13. CONHECIMENTO DA OBRIGATORIEDADE DO FARMACÊUTICO

25
21
20

15

10
7

0
SIM NÃO
53

Observa-se no Gráfico 13 que os participantes da pesquisa


estão bem informados sobre a obrigatoriedade do farmacêutico, considerando que
76% informaram que sim e 24% não. Perguntou-se, também, se os participantes
sabem quais as funções de um farmacêutico. Encontrando-se o resultado ilustrado
no Gráfico 14.

GRÁFICO 14. CONHECIMENTO SOBRE AS FUNÇÕES DE UM FARMACÊUTICO

30
25
25
20
15
10
5
5
0
SIM NÃO

Conforme é possível verificar no Gráfico 14, a maioria dos


participantes conhece as funções do farmacêutico, com 83% confirmando esse
conhecimento e 17% dizendo que não.

Por fim, foi perguntado aos que participaram deste estudo se


acham importante a presença do farmacêutico na farmácia, podendo o resultado ser
visualizado no Gráfico 15.

GRÁFICO 15. IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NA FARMÁCIA

25
20
20
15
10
5
5 3
1 1
0
SEMPRE QUASE ÀS VEZES QUASE NUNCA
SEMPRE NUNCA
54

Observa-se no Gráfico 15 que 66% informaram que quase


sempre é importante a presença de um farmacêutico na farmácia, 17% às vezes,
10% sempre, 4% quase nunca e 3% nunca.

4.4 ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos questionários permitiu o conhecimento dos


participantes da pesquisa sobre os farmacêuticos das farmácias comerciais de
Aquiraz - CE.

Ao observar os resultados constata-se que os clientes não tem


uma opinião em comum sobre estes profissionais, apresentando respostas bem
divididas, como na percepção sobre a presença do profissional farmacêutico nas
farmácias comerciais, uns informando que nunca perceberam a presença e outros
dizendo que às vezes.

Notou-se que os clientes costumam, na maioria das vezes,


pedirem orientação sobre medicamentos aos farmacêuticos e que confiam nas
informações recebidas. Pequena parcela não tem esse hábito e não confiam.

Por fim, ficou constatado que não consideram importante a


presença constante do farmacêutico na farmácia, mesmo tendo conhecimento de
suas funções.

Deste modo, acredita-se que tendo em vista o conhecimento


dos participantes da pesquisa sobre a importância do farmacêutico, deveriam ser
realizadas estratégias para aumentar a demanda de busca por orientações sobre
medicamentos, enfatizando-o como um profissional da saúde.
55

CONCLUSÃO

Este estudo se propôs a verificar o conhecimento da população


a respeito da atenção farmacêutica, identificando sua percepção acerca da
importância do profissional de farmácia nesses estabelecimentos.

Ficou constatado que as atribuições do farmacêutico na


farmácia comercial estão pautadas na ocorrência do Uso Racional de
Medicamentos, sendo considerada uma estratégia da atenção à saúde, tendo em
vista que estimula a adesão ao tratamento e reduz os riscos de erros na conduta
terapêutica prescrita.

Destaca-se que o estudo direciona-se para uma reflexão do


farmacêutico como um profissional de saúde que está mais acessível da população,
devendo ser promovidas condições adequadas ao desenvolvimento de suas
atividades.

Dar-se ênfase à RDC n. 44/2009 que definiu a obrigatoriedade


de o farmacêutico dispor de uma sala destinada para realizar seus serviços, bem
como ter seu uniforme diferenciado dos demais funcionários.

Ao realizar a pesquisa de campo com clientes das farmácias


comerciais do município de Aquiraz – CE, ficou constatado que a presença de um
farmacêutico na farmácia não é considerada de suma importância, visto que muitos
ficaram divididos em sua opinião, embora tenham o hábito pedir orientação sobre
medicamentos aos farmacêuticos e confiar nas informações recebidas.

Conclui-se, desta forma, que é preciso a adoção de estratégias


de conscientização da população, demonstrando o farmacêutico como um
profissional de saúde, o que contribui para a redução de lotação nos postos e
hospitais da saúde pública.
56

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61

APÊNDICE I. QUESTIONÁRIO

A CONSTRUÇÃO DA ESTÉTICA CORPORAL NA


TRANSEXUALIDADE POR INTERMÉDIO DA HORMONOTERAPIA -
UM ESTUDO SOBRE USO DE ANTICONCEPCIONAIS INJETÁVEIS
SEM PRESCRIÇÃO MÉDICA

Este questionário é dirigido à população a fim de contribuir para


uma pesquisa com finalidades acadêmicas com o objetivo de descrever o processo
de modificação corporal de transexuais com uso de anticoncepcionais injetáveis sem
prescrição médica. A sua contribuição é fundamental para o bom desenvolvimento e
alcance dos resultados na mesma.

Categoria 1 - Dados pessoais

Sexo biológico

 Homem  Mulher  Transexual parcial (utiliza hormônios)  Transexual total


(operado)

Faixa Etária:
 Até 20 anos  de 21 a 30 anos  de 31 a 40 anos  de 41 a 50 anos  acima de
50 anos

Ocupação: __________________

Categoria 2 – Importância do farmacêutico para a população

01. Nas farmácias de seu conhecimento, os farmacêuticos estão sempre


presentes?

 Às vezes  Nunca percebi  Nunca estão  Sempre estão


62

02. Quando você vai à farmácia, costuma procurar um farmacêutico?

 Sim  Não  Às vezes

03. Você já solicitou orientações a farmacêutico acerca de dúvidas sobre


remédios?

 Sim  Não  Às vezes

04. Você confia nas informações recebidas sobre medicamentos pelo


farmacêutico?

 Sim  Não  Não totalmente

05. Você tem conhecimento da obrigatoriedade do farmacêutico?

 Sim  Não

06. Você sabe quais as funções de um farmacêutico?

 Sim  Não

07. Acha importante a presença do farmacêutico na farmácia?

Sempre  Quase sempre  Às vezes  Quase nunca  Nunca

Grato,
Lucas Alves de Oliveira Neto
63

ANEXO A. DECLARAÇÃO DE REVISÃO ORTOGRÁFICA

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