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ECONOMIA POLÍTICA E
DESENVOLVIMENTO:
UM DEBATE TEÓRICO
1ª Edição, 2015.
Revisto e ampliado em 2017.
Prefácio................................................................................................. 09
Introdução............................................................................................ 13
Considerações finais............................................................................. 54
Referências........................................................................................... 56
Apresentação da Coleção Governança e
Desenvolvimento
Prefácio
1
Livro “Lições de Economia Política Clássica”, de Maurício Chalfin Coutinho, de
1993, editado pela Editora Hucitec, São Paulo.
10 Economia Política e Desenvolvimento: um debate teórico – Joelson Gonçalves de Carvalho
Introdução
Esse trabalho surgiu, como ressaltado na apresentação, de um
projeto de extensão denominado Governança local e
desenvolvimento: novas ferramentas de gestão pública para inclusão,
inovação e cidadania. Nosso primeiro movimento foi o de apresentar
um repertório mínimo para o estávamos chamando de
desenvolvimento. Assim, a partir da organização de eventos com o
intuito de dialogar com as equipes de trabalho sobre as reflexões mais
gerais acerca da temática, percebemos a necessidade de enfrentar
questões que, mesmo presentes há bastante tempo no debate acadêmico,
não apresentavam uma convergência teórica necessária para se avançar
nas análises propostas no projeto.
Desse modo, primando pela didática, para cumprir os objetivos
propostos, dividimos o trabalho em quatro breves capítulos. No
primeiro, apresentamos as distinções – infelizmente não tão obvias –
entre desenvolvimento e crescimento, para, no segundo, buscar, na
história do pensamento econômico, a dimensão política do
desenvolvimento, visando descontruir a ideia do desenvolvimento
enquanto possibilidade e trajetória natural para todos os países.
No terceiro capítulo nos ocupamos, de maneira crítica, de
algumas escolas e modismos do pensamento econômico e seus vieses
distintos ao pensar o desenvolvimento. Já, no quarto capítulo, nossas
provocações recaem na teoria do desenvolvimento local, em especial, a
partir, de sua vertente endogenista, com especial destaque às panaceias
teóricas mais contemporâneas e, nem por isso, menos desconectadas da
realidade, como poderá perceber o próprio leitor.
Em tempo, não queremos negar o desenvolvimento local
enquanto possibilidade empírica. Acreditamos que os sujeitos sociais
podem fazer a diferença. Todavia, isso só será possível quando
avançarmos em uma concepção de democracia que não se encerre em
si mesmo e que, portanto, não negue a luta de classes como um
14 Economia Política e Desenvolvimento: um debate teórico – Joelson Gonçalves de Carvalho
1. Desenvolvimento: perguntas
fundamentais e problemas essenciais
2
Não é foco aqui o aprofundamento técnico do cálculo do produto, mas cabe dizer
que existem três óticas para isto: as óticas do produto, do dispêndio e da renda.
Contudo, os valores finais devem ser iguais, ou seja, consideram-se idênticos o
produto, a despesa e a renda.
3
Os dados disponíveis no quadro estão disponíveis para consulta na database do FMI
no site http://www.imf.org/external/index.htm. Os valores são em dólares correntes e
alguns ainda se apresentavam como estimativas na data da busca.
18 Economia Política e Desenvolvimento: um debate teórico – Joelson Gonçalves de Carvalho
Quadro 1 – Ranking das maiores economias do mundo segundo o Produto Interno Bruto
(Dólares em valores correntes)
Ranking País PIB em 2015 PIB em 2014 PIB em 2013
2015
1º Estados 17.946.996.000.000,0 17.348.071.500.000,0 16.663.160.000.000,0
Unidos
2º China 10.866.443.998.394,2 10.351.111.762.216,4 9.490.602.600.148,5
3º Japão 4.123.257.609.614,7 4.596.156.556.721,9 4.908.862.837.290,5
4º Alemanha 3.355.772.429.854,7 3.868.291.231.823,8 3.745.317.149.399,1
5º Reino Unido 2.848.755.449.421,0 2.990.201.431.078,2 2.712.296.271.990,0
6º França 2.421.682.377.731,0 2.829.192.039.171,8 2.808.511.203.185,4
7º Índia 2.073.542.978.208,8 2.042.438.591.334,0 1.863.208.343.557,0
8º Itália 1.814.762.858.045,9 2.138.540.909.211,1 2.130.330.362.918,4
9º Brasil 1.774.724.818.900,5 2.417.046.323.841,9 2.465.773.850.934,6
10 º Coreia do Sul 1.377.873.107.856,3 1.411.333.926.201,2 1.305.604.981.271,9
11º Rússia 1.326.015.096.948,2 2.030.972.571.014,3 2.230.628.042.254,4
12º México 1.144.331.343.172,5 1.297.845.522.512,7 1.261.832.901.816,5
13º Indonésia 861.933.968.740,3 890.487.074.596,0 912.524.136.718,0
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Mundial e cotejados com dados do FMI
(2016)
4
O IDH passou por revisões metodológicas em 2013 e 2014. As mudanças
metodológicas inseridas, no entanto, são frutos do aprimoramento do índice em captar
sinteticamente o grau de desenvolvimento de um país, para além de seu crescimento
econômico. Explicitar as diferenças metodológicas aqui seria inoportuno, contudo,
para mais detalhes ver http://www.pnud.org.br.
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5
Para mais detalhes ver o site oficial do PNUD, disponível em
http://www.pnud.org.br/.
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6
É obvio que críticas metodológicas ao cálculo do IDH não são novidades. Para tanto
existem, ao longo de sua trajetória, um conjunto de aperfeiçoamentos que devem ser
registrados, cabendo destaque a complementações como os Índice de Desigualdade
de Gênero (IDG), Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) e ao Índice de
Desenvolvimento Humano Ajustado (IDHAD). Para maiores informações sobre estes
indicadores complementares de desenvolvimento humano ver:
http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx.
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2. Desenvolvimento econômico em
perspectiva histórica: contribuições da
economia política
7
Para ampliação e aprofundamento da temática ver Furtado (1993).
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8
O francês François Quesnay (1694-1774) foi médico e economista e o principal
expoente da escola fisiocrata. Dentre suas principais obras destaca-se o Tableau
Économique, publicada originalmente em 1759.
9
O escocês Adam Smith (1723-1790) foi filósofo e economista e é considerado o pai
da economia moderna e um dos principais expoentes do liberalismo econômico.
Dentre suas principais obras destaca-se Uma Investigação sobre a Natureza e as
Causas da Riqueza das Nações, publicada originalmente em 1776.
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10
O inglês David Ricardo (1772-1823) é um dos fundadores da Economia Política e
defensor do liberalismo econômico. Dente suas principais obras podemos destacar
Princípios da economia política e tributação publicada, em sua primeira versão, em
1817.
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11
As contribuições de Rostow podem ser consideradas caricatas na medida em que se
inserem na defesa do desenvolvimento como ideologia. Como policy maker, Rostow
atuou como conselheiro, na década de 1960, em assuntos de segurança nacional. Sua
contribuição acadêmica, assim como sua trajetória pessoal foi marcada pelo combate
as ideias comunistas no contexto da guerra fria. Cabe destacar que em sua obra mais
conhecida, o livro Etapas do Desenvolvimento Econômico, o subtítulo é: um manifesto
não comunista. Para mais detalhes ver Gumiero (2011).
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Sobre as teorias tais quais as de Rostow e o papel da Cepal e de Celso Furtado,
Roberto Saturnino Braga, escreveu o seguinte: “Durante algum tempo, este foi o
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➢ O que é desenvolvimento?
➢ Por que os países latino-americanos não são desenvolvidos?
➢ Porque existem países com diferentes graus de
desenvolvimento?
➢ Por que alguns países conhecem um elevado consumo de massa
sem uma elevada redução das disparidades entre nações e dentro
das nações?
14
Primando pela didática, compreende-se, no pensamento cepalino “Centro” como
economias em que as técnicas capitalistas de produção penetraram primeiro e
“Periferia” como economias cuja produção permanece inicialmente atrasada, do ponto
de vista tecnológico e organizativo.
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Os argumentos da Cepal seguiam a lógica do problema empírico do mercado
internacional que era a da perda de dinamismo da procura de produtos primários, com
impactos sobre os preços. A origem do fenômeno de desigualdade dos termos de troca
estava, então, na lentidão com que crescia a procura mundial por produtos primários
comparada com a de produtos industriais.
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Segundo Furtado, a estrutura ocupacional com oferta ilimitada de mão de obra se
altera nas economias subdesenvolvidas de forma lenta, porque o progresso técnico,
capital-intensivo, é inadequado à absorção dos trabalhadores ligados à vasta economia
de subsistência.
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“Em novembro de 1989, reuniram-se na capital dos Estados Unidos funcionários
do governo norte-americano e dos organismos financeiros internacionais ali sediados
- FMI, Banco Mundial e BID - especializados em assuntos latino-americanos. O
objetivo do encontro, (...) era proceder a uma avaliação das reformas econômicas
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empreendidas nos países da região. (...). Às conclusões dessa reunião é que se daria,
subsequentemente, a denominação informal de "Consenso de Washington" (Batista,
1994, p. 5).
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Cabe lembrar que no caso brasileiro não houve cumprimento do superávit primário
em 2014, o que foi considerado um problema grave e que gerou a nomeação de um
ministro da economia considerado bastante conservador, para não dizer, neoliberal,
em 2015.
23
As metas podem variar de um período para outro, mas o que assistimos nos últimos
anos foi uma meta a ser alcançada de 4,5% (chamado centro da meta), como limite
máximo (ou teto) de 6,5% ao ano.
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Tradução livre do espanhol. No original: “Sin embargo, desde principios de los años
ochenta se produce un profundo cambio en la política económica, cuando los actores
locales y regionales inician acciones encaminadas a incidir sobre los procesos de
crecimiento de las economías locales. Se inicia, así, la política de desarrollo local que
constituye una respuesta de las comunidades locales a los desafíos que presentaba el
cierre de empresas, la desindustrialización y el aumento del paro”.
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Esta base de sustentação empírica e retórica para se pensar o desenvolvimento local
leva em consideração as constantes inovações produtivas e financeiras que
revolucionaram e revolucionam diversas escalas, dentre as quais as culturais, sociais,
econômicas e, entre outras, (e para nós a mais importante), a escala territorial,
marcada, segundo Harvey (2006) pela “compressão tempo-espaço”.
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Como vimos, isto não é novo e já foi explicitado à exaustão por Prebisch e Furtado,
tendo, mais recentemente em Harvey uma contribuição seminal.
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Considerações finais
Referências