Você está na página 1de 20

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

NÚCLEO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Daniel Pereira Peralta

ATAQUES POR SULFATOS EM FUNDAÇÕES

PORTO VELHO
2016
DANIEL PEREIRA PERALTA

ATAQUES POR SULFATOS EM FUNDAÇÕES


Trabalho Acadêmico do programa da
disciplina Metodologia Científica da
Fundação Universidade Federal de
Rondônia, como nota parcial para
obtenção da aprovação na disciplina.

Orientador: Prof. Fabiano Medeiros

PORTO VELHO - RO
2016
RESUMO

A agressividade do meio onde as estruturas de concreto estão inseridas pode reduzir


a vida útil das mesmas significativamente, como ambientes urbanos, industriais,
marinhos, regiões costeiras, esgotos e solos argilosos, entre outros, que tem a
presença do íon sulfato em seu meio. Este reage quimicamente com os compostos
do cimento, principalmente o aluminato tricálcico, e forma produtos com expansão
exacerbada, que virá a acarretar na fissuração e descamação do concreto armado
das fundações. As fundações são elementos estruturais e seu papel em uma
construção é receber todo o peso da obra e descarregar no solo onde a mesma se
apoia, por isso devem ser executadas com um concreto de boa qualidade, a fim de
que a construção tenha uma boa vida útil. Contudo e preciso se atentar também ao
meio onde essas fundações serão inseridas, pois os sulfatos que são encontrados
nos meios externos atacam essas fundações. Alguns cuidados devem ser tomados
na execução do concreto constituinte das fundações a fim de que a mesma tenha uma
boa resistência final, como por exemplo utilizar um bom agregrado, utilizar água de
boa qualidade e também o tipo correto de cimento e respeitar o tempo de cura da
peça, tudo isso irá interferir na resistência final do concreto. Outro cuidado
importantente que se deve ter com o concreto constituinte das fundações é quanto a
sua permeabilidade, uma vez que a água funciona como o veículo que transporta os
íons sulfatos para dentro do concreto através de seus poros, para isso utiliza-se
aditivos impermeabilizantes na hora da execução do concreto.

Palavras-chave : Sulfatos. Fundações. Concreto. Agressivos. Qualidade.


ABSTRACT

The aggressiveness of the environment where the concrete structures are inserted can
significantly reduce their useful life, such as urban, industrial, marine, coastal regions,
sewage and clay soils, among others, which has the presence of the sulfate ion in their
environment. It reacts chemically with the compounds of the cement, mainly the
tricalcium aluminate, and forms products with exacerbated expansion, which will lead
to cracking and scaling of the reinforced concrete of the foundations. The foundations
are structural elements and their role in a construction is to receive the full weight of
the work and to discharge it in the ground where it is supported, so they must be
executed with a concrete of good quality, so that the construction has a good life useful.
However, it is also necessary to pay attention to the environment where these
foundations will be inserted, because the sulphates that are found in external
environments attack these foundations. Some care must be taken in the execution of
the constituent concrete of the foundations so that it has a good final strength, such as
using a good aggregate, use good quality water and also the correct type of cement
and respect the cure time Of the part, all this will interfere with the final strength of the
concrete. Another important care that must be taken with the concrete constituent of
the foundations is its permeability, since the water acts as the vehicle that carries the
sulfate ions into the concrete through its pores, for which waterproofing additives are
used in the Time of concrete execution.

Keywords: Sulphates. Foundations. Concrete. Aggressive. Quality.


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tipos de Cimento .......................................................................................4

Quadro 2 – Severidade do Ambiente ............................................................................6


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA........................................................................... 1


1.2 OBJETIVOS.................................................................................................... 1
1.3 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 3

3 METODOLOGIA .................................................................................................. 8

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 9

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 13


1

1 INTRODUÇÃO

Fundações são elementos estruturais com função de transmitir as cargas da


estrutura ao terreno onde ela se apoia. Sendo assim, as fundações devem ter
resistência adequada para suportar as tensões causadas pelos esforços solicitantes.
É preciso também que o solo tenha rigidez e resistência apropriadas para não sofrer
ruptura e não apresentar deformações exacerbadas. Além disso, o betão utilizado nas
fundações necessitam de um controle de produção, a fim de que o mesmo tenha um
padrão de qualidade. ( AZEREDO, 1987).

Segundo Neville (1997), a boa qualidade de um concreto se refere a sua


resistência, para o concreto ter uma boa resistência tanto à compressão como à tração
ele depende de fatores como: a qualidade do agregado miúdo e graúdo, do
aglomerante (cimento), aço, entre outros. A relação água/cimento ou
cimento/agregados, o uso de aditivos e também o processo de curo da peça.

Contudo também é valido ressaltar o ambiente o qual a peça será exposta. Em


caso de ambientes agressivos como: áreas costeiras, onde há a presença da maresia
e também locais onde há um alto índice de chuva ácida, é preciso levar em conta na
hora da fabricação do concreto que será utilizado na peça, caso o contrário a peça
terá sua vida útil reduzida. ( CORSINI, 2013).

De acordo com Catani (1971), um dos íons mais recorrentes nesses ambientes
classificados como agressivos ao concreto, são os sulfatos. É comum ser encontrado
em ambientes naturais e industriais, águas subterrâneas, efluentes de industrias e
também em esgotos.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Apontar os danos causados pelos ìons sulfatos presentes no solo às fundações


de uma construção, analisando e relacionando conteúdo de trabalhos já concluidos e
livros em diversas áreas relacionadas ao tema.

1.2 OBJETIVOS
2

O objetivo geral deste é identificar os danos e as consequências causadas


pelos ataques dos íons sulfatos às fundações de uma construção.

Os objetivos específicos são: descobrir como reage os íons sulfatos com o


concreto das fundações e esclarecer quais os danos causados por essas reações
químicas e quais serão as consequências para a construção.

1.3 JUSTIFICATIVA

Mesmo o tema sendo de grande importância, ainda existem poucas pesquisas


relacionadas ao mesmo, sendo assim este trabalho busca compreender as
consequências dos danos das reações dos íons sulfatos com o concreto das
fundações.
3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De acordo com Melhado (2002), as fundações são uma das partes


mais importantes de uma obra, pois é nela que é descarregada todo o peso da
estrutura, por isso deve ser feita com um concreto de boa qualidade. As fundações
podem ser divididas em dois grandes grupos. As superficiais que também são
conhecidas como diretas e as profundas que são chamadas de indiretas. Cada uma
dessas fundções é aplicada conforme o terreno onde se irá construir, por exemplo,
em lugares onde é encontrado um solo firme com até 2,5m de fundura usa-se as
fundações do tipo direta já em terrenos onde o solo firme é encontrado com mais de
2,5m de profundidade é recomendavel que se use fundações do tipo indiretas.

Os tipos de fundações rasas são: em blocos, que são elementos de


apoio construídos de concreto simples e caracterizados por uma altura relativamente
grande, necessária que trabalhe principalmente a compressão. As do tipo Sapatas,
são de menor altura e resistem principalmente por flexão, podem ser isoladas ou
associadas. Tipo radier, é quando todos os pilares de uma estrutura transmitem as
cargas ao solo através de uma única sapata. As fundações do tipo profundas são :
Estaca de deslocamento, são introduzidas no terreno sem a retirada do solo. Estaca
escavada, são executadas “In situ” através da perfuração do terreno. Tubulões,
podem ser vistos como estacas escavadas, de grande diâmetro, com ou sem base
alargada. A denominação de caixões para as peças de secção quadrada, ou mesmo
retangular, que têm as paredes laterais pré-moldadas. Estaca tipo Franki, se baseia
em cravar um tubo no terrreno pelo impacto de golpes de pilão de queda livre em um
tampão de concreto seco ou seixo rolado compactado, colocando dentro da
extremidade inferior do tubo. (HACHICH, 2010).

As fundações são elementos estruturais de uma construção e são


executadas com concreto armado. Segundo Silva ( 2010 ), o concreto trata-se de um
material estrutural que é formado basicamente por agregado grosso ( brita ), agregado
fino ( areia ) e cimento que tem a função de aglomerante ou aglutinante, que endurece
pela perca de água. A quantidade de agregados na composição do material
corresponde a cerca de 75% do volume total do concreto. Há vários tipos de cimento
para determinado uso.
4

O quadro a seguir mostra os tipos de cimento.

QUADRO 1 – TIPOS DE CIMENTO

Sigla Tipo Sigla


CP I CP comum CP I
CP comum com adição CP I - S
CP II CP composto com escória CP II – E
CP composto com Pozolana CP II – Z
CP composto com fíler CP II – F
CP III CP de alto – forno CP III
CP IV CP pozolânico CP IV
CP V CP de alta risistêcia inicial CP V – ARI
Fonte: (RIBEIRO. et al, 2013).

A mistura que forma o concreto, torna-se uma rocha artificial visto que
o concreto adquire a forma de um conglomerado, formado por agregados de diversos
tamanhos, envoltos por uma pasta de cimento. Esta pasta é heterogênea, formada
por particulas, filmes, microcristais e elementos sólidos, ligados por uma massa
porosa que contém vazios (poros) e espaços com soluções. Logo nota-se que, o
excesso desses vazios pode vir à enfraquecer o concreto. (SILVA, 2010).

Mehta e Monteiro ( 2008 ) trata sobre o excesso de poros no concreto


e define a zona de transição como a região de maior porosidade do concreto, isso
devido à formção de cristais de grandes dimensões que se da nessa região. Com a
presença desta maior porosidade na região de transição, o mesmo possui uma baixa
resistência nessa zona, quando comparada à resistência do agregado e da pasta de
cimento, representando o ponto de ruptura da estrutura.

O concreto é um material altamente resistentente a compressão e também,


graças a armadura, muito resistente a tração. Contudo para que o concreto tenho a
resistência final desejada é precisso tomar cuidados na hora de sua produção, pois o
mesmo necessita de um tempo de cura, que é de 28 dias. Todos esses procedimentos
afetam na resistência final do concreto, por conta disso se deve tomar os devidos
cuidados para que o mesmo seja um concreto de qualidade. ( RIBEIRO. et al, 2013).
5

A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS


- ABNT, 2003) estabelece requisitos mínimos de qualidade que as estruturas de
concreto devem atender, sendo eles:

 Capacidade Resistente
 Desempenho em serviço
 Durabilidade

Segundo as diretrizes da norma, as estruturas de concreto devem ser


projetadas e construídas de modo que conservem sua segurança, estabilidade e
aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil.

Conhecidas as características de deterioração do concreto, os autores


definem como durabilidade o parâmetro que relaciona tais características,
individualizando cada construção pelas respostas aos efeitos da agressividade
ambiental e definindo, assim, a vida útil da estrutura. A vida util da peça de concreto
também irá depender da qualidade de seus componentes.( SOUZA E RIPPER, 1998).

De acordo com Neville (1997), o agregado tem influência não apenas


na resistência, mas também na durabilidade e no desempenho estrutural do concreto.
Deve-se considerar o agregado como um material não inerte e cujas propriedades
físicas, térmicas e químicas apresentam influência no desempenho final do concreto,
não subestimando sua importância.

Ainda segundo Ribeiro (2013), outro ponto importante que causa o


enfraquecimento do concreto armado é a corrosão da armadura, devido ao meio que
o concreto está exposto, em ambientes úmidos essa umidade atravessa pelos poros
do concreto até chegar nas ferragens, onde irá provocar a oxidação da mesma.
Também é de extrema importância ressaltar que não é só a humidade que ataca a
armadura, mas também os sulfatos.

O concreto das fundações está suscetível à ação destrutiva dos


sulfatos, está ação é chamada de “ataque de sulfatos”. Isso se dá devido as fundações
estarem em contato direto com o solo, em caso de fundações indiretas pode ocorrer
da mesma entrar em contado com lençóis freáicos com presença de sulfatos.
(BARBOSA DE SOUZA, 2006).
6

Há um quadro que classifica a severidade do ambiente de acordo com


a quantidade desses íons.

QUADRO 2 – SEVERIDADE DO AMBIENTE


Exposição Concentração de sulfatos solúveis em SO4

No solo, % Na água, ppm


Leve <0,1 <150
Moderada 0,1 a 0,2 150 a 1500
Severa 0,2 a 2,0 1500 a 10000
Muito Severa >2,0 >10000
Fonte : ( NEVILLE, 1997)

Segundo Souza e Ripper (1998), salvo os casos em que ocorrem catástrofes


naturais, caracterizadas por solicitações violentas de caráter imprevisível, as
manifestações patológicas têm como fator preponderante as falhas que ocorrem
durante a realização de uma ou mais atividades referentes ao processo da construção
civil: concepção, execução e utilização.

As causas das manifestações patológicas podem ser : sobrecargas, impactos,


abrasão, movimentação térmica, concentração de armaduras, retração hidráulica e
térmica, alta relação a/c, exposição a ambientes agressivos, ação da água, excesso
de vibração, falhas de concretagem e falta de proteção superficial. (MEDEIROS,
2010).

O edifício Érika, situado na cidade de Olinda-PE, construído em 1987, teve a


degradação dos blocos de concreto comprovada, em decorrência da
presença dos íons sulfatos na água do subsolo, resultando no desabamento
ocorrido em novembro de 1999. A análise das amostras de água coletadas
no local mostrou o conteúdo médio superior a 650 mg/litro considerado
moderado, o lençol freático banhava o embasamento e tinha nível variável; o
solo era arenoso e, portanto, permeável; os embasamentos funcionavam
como muros de arrimo e os blocos de concreto tinham baixa resistência.
(ZARZAR. et al 2010, p.05).

As causas das deteriorações das estruturas de concreto são separadas em


intrínsecas e extrínsecas. As causas intrínsecas são aquelas inerentes à própria
estrutura, enquanto as causas extrínsecas independem do corpo estrutural em si,
podendo ser vistas como os fatores que atacam a estrutura de fora para dentro. Deste
7

o modo a reação dos sulfatos com o concreto caracteriza-se como uma deterioração
extrínseca, pelo fato dos íons estarem no meio onde foi inserida a peça de concreto.
(SOUZA E RIPPER, 1998).

Segundo Souza (2006), os íons sulfatos podem ser provenientes de lençóis


freáticos que contém esses íons, no próprio solo há uma presença natural desses íons
de sulfato, uma vez que o S é um micronutriente do solo, porém em solos compostos
por gipso (minério da gipsita – CaSO4.2H2O ) há uma presença elevada de íons
sulfato, uma vez que esse minério associado as água da chuava formam esses íons.
Existem registros bibliográficos de ocorrências desse tipo de minério nos solos de
Acre e Rondônia entre outros estados, entretanto não existem quaisquer informações
a respeito de suas reservas, formalmente quantificadas e reconhecidas pelo DNPM
(Departamento Nacional de Produção Mineral). Há também a presença desses íons
em águas de pantâno (decomposição da materia orgânica), esgotos, efluentes
industriais e chuvas ácidas também almentam a presença desses íons nos solos.

Os tipos de sulfatos mais comuns são: sulfato de sódio, sulfato de potássio,


sulfato de magnésio e sulfato de cálcio (NEVILLE, 1997).

Contudo há também a produção biológica desses íons. Entre as bactérias que


excretam ácidos inorgânicos estão os Thiobacillus – produtores de ácido sulfúrico. A
biodeterioração consiste na dissolução dos materiais pelos ácidos produzidos durante
o metabolismo da microbiota local (SHIRAKAWA, 1994).

A produção de ácido sulfúrico, por bactérias de gênero Thiobacillus, é


considerada a causa mais agressiva para biodeterioração do concreto. Pinto e Takagi
( 2007) especificam as espécies Thiobacillus thioxidans e Thiobacillus concretivorus
como as principais causadoras.

Como o enxofre na sua forma elementar não pode ser utilizado por organismos
superiores, para que sua assimilação se torne possível é necessário que
microrganismos oxidem a sulfa elementar a sulfatos. Podendo ser assimilado
diretamente por vegetais, algas e diversos organismos heterotróficos sendo
incorporados a aminoácidos contendo enxofre ( SHIRAKAWA, 1994).
8

3 METODOLOGIA

Considerando o objetivo da pesquisa apresentada, é valido dizer que


a mesma é de cunho teorico, pois em termos gerais, são consideradas pesquisas
teóricas aquelas que têm como finalidade conhecer ou aprofundar conhecimentos e
discussões em determinada área. ( BARROS; LEHFELD, 2000)

E ainda, levando em consideração os procedimentos técnicos


utilizados nessa pesquisa, pode-se afirmar que a mesma se trata de uma pesquisa do
tipo bibliográfica, pois segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é desonvolvida
tendo como base materiais já elaborados, constiuído principalmente de livros e artigos
científicos. Logo conclui-se que as fontes de pesquisa utilizadas neste trabalho, são
fontes secundárias, pois as informações contidas nele foram obtidas através de livros
e trabalhos científicos.

Além disso, os resultados dessa pesquisa são qualitativos, porque a


mesma busca compreender e interpretar determinados comportamentos do objeto
estudado.

Sendo assim, primeiramente foi preciso realizar um levantamento


bibliográfico relacionados ao tema da pesquisa, em sites com conteúdos confiáveis,
como o Google Acadêmico, Scielo e Periódicos CAPES, com a finalidade de reunir o
máximo de informação sobre o tema.

Em seguida já munido com as informações, foi preciso fazer a leitura


de todo o material levantado, para que fosse possível obter a resposta da problemática
do trabalho.
9

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O ataque por sulfatos é um dos problemas ralacionado a durabilidade do


concreto que mais vem preocupando pesquisadores nos últimos anos e tem recebido
atenção especial de investigadores do mundo todo.

Esses ataques causam a formação de gesso e de etringita, mais tarde foi


descoberto outra forma de ataque que forma também a taumasita. Enquanto as
primeiras dependem de uma fonte de alumina, a formação da taumasita necessita de
uma fonte de sílica e carbonato. A estrutura de ambas são muito parecidas e não é
de se estranhar que haja a confusão entre as mesmas.

No geral os ataques por sulfatos incidem sobre o aluminato tricálcico


(3CaO.Al2O3, designação simplificada C3A) do cimento hidratado formando o gesso
ea etringita. Porém cada sulfato tem um mecanismo de ataque que se difere do outro.

O sulfato de cálcio reage apenas com o aluminato de cálcio hidratado para


formar o sulfoaluminato de cálcio.

Já o sulfato de sódio reage com o hidróxido de cálcio livre, formando o sulfato


de cálcio, que por sua vez reage com o aluminato.

O sulfato de magnésio é o que causa mais danos ao concreto atacado, pois


decompõe os silicatos de cálcio hidratados e reage com os aluminatos e hidróxido de
cálcio.
10

O ataque por sulfatos com a formação da taumasita se difere dos ataques


comuns, pois são os silicatos cálcicos hidratados (CSH, designação comum) que são
atacados ao invés dos aluminatos cálcicos hidratados. E estes compostos são o
principal agente ligante cimento Portland, incluindo o cimento resistente aos sulfatos.

A substituição dos CSH pela taumasita acarreta a redução das propriedades


ligantes do concreto endurecido e causa a perda de resistência e transformação numa
massa pastosa e sem coesão alguma.

Logo é possivél notar a gravidade dos danos causados pelos ataques dos
sulfatos ao concreto, por isso devemos dar atenção especial para as fundações de
uma construção, que são peças executadas com concreto armado e inseridas em
solos que podem vir a conter teores elevados de sulfatos.

As fundações são elementos estruturais de uma construção e recebem todo o


peso da obra, por isso é necessário que a mesma tenha uma boa resistência e
durabilidade, para que se tenha a resistência e durabilidade desejadas é precisa
adotar bons constituintes na hora da execução do concreto e também dar a devida
atenção ao meio no qual a peça será inserida.

Os sulfatos de sódio, cálcio e magnésio são os mais prejudiciais ao concreto.


A maioria dos solos apresentam pequenas quantidades de sulfatos, na forma de
gipsita, contudo em quantidades pequenas que são consideradas inofensivas ao
concreto. Contudo a maioria dos autores apontam que em águas subterrâneas é
frequente encontrar sulfatos de magnésio, sódio e potássio; efluentes de fornos que
utilizam combustíveis com alto teor de enxofre; efluentes industriais que contêm ácido
sulfúrico; decomposição de material orgânico em pântanos, lagos rasos, poços de
mineração; tubulações de esgoto levam a formação de H2S que será transformado
em H2SO4 pelas bactérias; águas marítimas são fontes potenciais de sulfatos; a chuva
ácida também causa a contaminação do solo com sulfatos, isso por que a mesmo traz
o H2SO4. Todos esses ambientes citados são considerados agressivos ao concreto,
pois contém teores altos de sulfatos.
11

No geral todos os sulfatos causam reações expansivas no concreto, que irá


acarretar no lascamento (descamação) do mesmo e isso irá reduzir sua resistência.
O sulfato de magnésio é o que causa a reação mais exacerbada, logo é o mais
perigoso, mas isso não reduz a atenção que devemos dar aos outros sulfatos.

A descamação do concreto irá fazer com que o mesmo perca sua principal
propriedade que é a resistência a compressão, ou seja o mesmo será enfraquecido.
Em uma fundação é preciso que se tenha um bom concreto pois a mesma irá suportar
todo o peso da estrutura da obra, ou seja caso o concreto da fundação seja atacado
por sulfatos, infere-se que a mesma será comprometida e com o decorrer do tempo
perderá cada vez mais sua resistência o que poderá vir a causar o colapso de toda a
estrutura da obra, como ja foi citado no referêncial teórico.

Com isso foi desenvolvido técnicas para neutralizar esses ataques. Usar
cimentos com baixo teor de aluminato tricálcico é a principal delas. O cimento CP III –
RS (resistente a sulfatos), o cimento pozolânico com teor acima de 30% eo cimento
com adição de escória acima de 65%, são os tipos de cimentos indicados para as
fundações que serão inseridas em ambientes em que haja a presença de sulfatos, ou
seja são cimentos resistentes ao ataque por sulfatos, porém o uso desses cimentos
não garente que o concreto não sofrerá com a ação dos sulfatos e sim resistirá melhor
aos ataques. Isso ocorre porque nos cimentos resistentes a sulfatos, a quantidade de
silicatos hidratados de cálcio, que é vulnerável ao ataque, é mais elevado que nos
outros tipos de cimento Portland. Os silicatos hidratados de cálcio em baixas
temperaturas e elevada humidade, reagem com os sulfatos provenientes do exterior
e com os carbonatos, formando a taumasita.

A impermeabilização do concreto também é um ponto chave no combate aos


ataques de sulfatos. Isso porque a água é o veículo que transporta os sulfatos para
dentros do concreto. Ou seja deve-se utilizar um concreto o mais impermeável
possível, para isso há aditivos impermeabilizantes específicos no mercado.
12

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse estudo fica claro que a presença de sulfatos no meio externo, apresenta
alterações ao concreto constituinte das fundações, contudo essas alterações são mais
expressivas a longo prazo, uma vez virá a acarretar o enfraquecimento da fundação,
logo poderá acarretar em um colapso de toda a estrutura.

A boa execução do concreto trará mais durabilidade a fundação, uma vez que
os danos causados pelos ataques serão reduzidos, deste modo a vida útil da peça
será prolongado.

O tema abordado terá mais relevância ainda em grandes construções, pois as


mesmas descarregaram mais peso sobre suas fundações, logo as mesmas
precisaram estar mais preparadas para suportarem toda a estrutura e também porque
as grandes construções demandam mais investimento e também são construidas para
durarem mais tempo, com isso é preciso que se faça uma análise mais detalhada do
meio onde as fundações serão inseridas, a fim de que a vida útil da obra não seja
afetada.
13

REFERÊNCIAS

AZEREDO, H. A. O edifício até sua cobertura. São Paulo. Ed. Edgar Blucher Ltda,
1987.

CENTURIONE, S. L; KIHARA, Y; BATTAGIN, A. F. Durabilidade de concreto


submetido a ataques de íons sulfato, São Paulo.

COSTA, R. M. Análise de propriedades macânicas do concreto deteriorado pela


ação de sulfato mediante a utilização do UPV. Tese (Doutorado em Engenharia de
Estruturas) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa, 4º ed. São Paulo: Atlas, 2002.

HACHICH, W; et al. Fundações : teoria e prática, 2. ed. São Paulo: Pini, 1998.

KULISCH, D. Ataque por sulfatos em estruturas de concreto. Monografia


(Graduação em engenharia Civil ) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011.
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Microestrutura, Propriedades e
Materiais. 2. ed. São Paulo: IBRACON, 2008.

MEDEIROS, H. Doenças concretas. Revista téchne, São Paulo, n. 160, p. 62-68, jul.
2010.

MELHADO, S. B; et al. Fundações, São Paulo, mar. 2002.

NEVILLE, A. Propriedades do concreto. Tradução Eng. Salvador E. Giammusso.


São Paulo: Pini, 1997.

PINHEIRO-ALVES. T; GOMÀ. F; JALALI. S. Um cimento mais sustentável frente a


um ataque severo por sulfatos, Coimbra – PT, p. 5-6, dez. 2007.
PINTO, J.; TAKAGI, E. M. Sistemas de impermeabilização e proteção para obras de
saneamento. Revista Concreto e Construções (IBRACON), São Paulo, n. 47, p. 73-
79, jul./set. 2007.

RIBEIRO, C. C; PINTO, J. D. S; STARLING, T. Materiais de Construção Civil, 4º ed.


Minas Gerais: UFMG. 2013. p. 212.
14

SHIRAKAWA, M. A. Estudo da biodeterioração do concreto por Thiobacillus. São


Paulo, 1994. 137 f. Dissertação (Mestrado em Ciências na Área de Reatores
Nucleares de Potência e Tecnologia do Combustível Nuclear) - Autarquia associada
à Universidade de São Paulo.

SILVA, M. C. B. Estrutura de concreto armado, Goiânia, Jul.2010.

SOUZA, R. B. Suscetibilidade de pastas de cimento ao ataque de sulfatos –


método ensaio acelerado. Dissertação (Mestre em engenharia ) – Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2006.
SOUZA, V. C. M. de; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas
de concreto. 1. ed. São Paulo: PINI, 1998.

ZARZAR, F. C. J; SANTIAGO, J. W. C. M; FERREIRA, S. R. M; OLIVEIRA, R. A.


Patologias de Fundações de Edifícios Causadas por Ações Ambientais, VI
Congresso Internacional Sobre Patología y Recuperacíon de Estructuras, Córdoba –
ARG, jun. 2010.

Você também pode gostar