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A idade da crise
dedicam, todas as noites, aos videojogos, à TV ou à Internet: muitos apenas dormem entre
quatro e cinco horas por noite, o que influi de forma determinante nas suas drásticas alterações
emocionais. […]
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. As afirmações apresentadas de (A) a (G) correspondem a ideias-chave do texto. Escreve a
sequência de letras que corresponde à ordem pela qual essas ideias aparecem no texto. Começa
a sequência pela letra (F).
(A) Os jovens preferem utilizar SMS, pois possibilitam a troca de mensagens íntimas.
(B) Ao comunicar com os seus pais, os adolescentes preferem as chamadas de voz.
(C) As alterações fisiológicas condicionam o humor dos adolescentes.
(D) Os investigadores procuram descobrir se o comportamento dos adolescentes se deve a
fatores biológicos, sociais ou a ambos.
(E) A falta de sono também pode condicionar as alterações do humor.
(F) A reorganização do cérebro, na puberdade, é responsável pelas atitudes dos mais jovens.
(G) A comunicação entre adolescentes efetua-se, principalmente, através de SMS.
2. Seleciona, em cada item (7.1. a 7.3.), a opção correta relativamente ao sentido do texto.
Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
2.1. Os estudos referidos no texto procuravam
(A) explicações biológicas para o comportamento dos adolescentes.
(B) razões sociais que justificassem o comportamento dos jovens entre os onze e os
dezanove anos.
(C) verificar se os comportamentos dos adolescentes se deviam a fatores biológicos, sociais
ou a ambos.
(D) descobrir como controlar o comportamento dos adolescentes.
2.2. Os jovens dormem poucas horas devido
(A) ao uso excessivo de determinados meios tecnológicos.
(B) às alterações hormonais.
(C) à sua instabilidade emocional.
(D) ao envio constante de SMS.
2.3. A pergunta “Talvez porque não lhes contam todos os seus segredos?” (linhas 30-31)
(A) pretende criticar o comportamento dos jovens.
(B) formula uma hipótese para as diferentes formas de comunicação.
(C) defende que os adolescentes contem todos os seus segredos aos pais.
(D) apresenta a principal preocupação dos pais de adolescentes.
O oculista misterioso
Rui correu até à esquina da rua. Já não havia sinal do carro. Nem da rapariga. Nem da borboleta
branca. Tinha na mão um sapato de fada e só isso lhe dava a certeza de que tudo o resto tinha realmente
acontecido. Voltou ao oculista e lançou à fachada da loja mais uns tantos olhares especiais. Só que
continuava tudo na mesma. Via sempre a “Ótica Coelho”.
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Foi então que ele decidiu passar à ação. Ia entrar na loja e esclarecer o assunto. Afinal, a rapariga
tinha saído dali com um par de sapatos. Deviam ser uns sapatos normais, de pessoas e não de fadas, tal
como a “Ótica Coelho” era sempre a “Ótica Coelho”, fosse qual fosse a maneira como se olhasse para
lá.
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Guardou o sapato no bolso do blusão, avançou para a porta da loja e só parou no degrau de pedra
da entrada, gasto e amaciado pela passagem de muitos pés.
Fez rodar a maçaneta de metal, que tinha a forma de um ovo com uma serpente enrolada, e depois
empurrou a pesada porta de madeira, que rangeu aflitivamente, como se ninguém lhe tocasse há já
muito, muito tempo.
15 Um relógio de pé alto tiquetaqueava e o som mecânico era tudo o que se ouvia ali dentro. Os velhos
expositores de madeira mostravam algumas armações de óculos bastante antiquadas. Havia poeira
acumulada por todo o lado e o soalho rangia a cada passo dele. Também se viam grossas teias de aranha
nos cantos, balançando suavemente como redes de dormir.
Então sempre era verdade o que Ana lhe tinha dito. Aquela loja não era a “Ótica Coelho”, a loja
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moderna com uma fachada de mármore e vidro que se via de fora. Aliás, a prova estava ali mesmo, na
parede atrás do balcão, onde estava escrito com letras floreadas: “Oculista Coelho”. Houve uma vez em
que o rapaz leu “Ocultista Coelho” mas fechou os olhos e voltou a abri-los e lá estava outra vez o
“Oculista Coelho”. […]
O velho afastou-se para o canto mais escuro da loja e regressou de lá com uns óculos feitos de
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tartaruga e com incrustações metálicas nos aros. Eram feios e antiquados.
– É destes óculos que tu precisas...
– Nem pensar. Eu vejo lindamente.
– Mas passas a ver melhor ainda. Quem sabe se não consegues ver até o que desejas? Não há nada
que uns óculos como estes não possam resolver.
30 O Rui segurou os óculos, desconfiado.
– Vai ali para fora e experimenta olhar para aqui outra vez – disse o velho.
– Eu já lhe disse que vejo bem de mais. Tenho olhos de águia.
– Não te fies. Há coisas que nem os teus olhos de águia podem ver. Faz o que te digo e talvez
encontres resposta para as tuas perguntas.
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Quando o Sr. Coelho acabou de dizer isto, já estava outra vez sentado na cadeira de palhinha, a ler o
seu jornal.
O rapaz caminhou até à porta, hesitou e depois voltou a avançar. Saiu em silêncio, atravessou a rua
até ao passeio do outro lado e pôs os óculos. Estava convencido de que o velho oculista tinha um parafuso
40 a menos e que aquilo era uma ridícula perda de tempo.
Viu então uma espécie de nevoeiro com pontinhos brilhantes, apesar de estar um dia limpo e
soalheiro, como se alguém tivesse erguido ali de repente uma cortina de fumo. Depois a névoa foi-se
dissipando e, atrás dela, surgiulhe um mundo novo. A rua era a mesma rua, só que agora estava deserta.
Uma vaca branca com um gorro vermelho e um cachecol da mesma cor amarrado à volta do pescoço
45 bebia água num fontanário, muito calmamente. Olhou para o rapaz mas desinteressouse logo a seguir e
continuou a beber.
O que era aquilo? Onde estava ele?