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Anderson de O. Ferreira MSc.

Excipientes Farmacotécnicos

EXCIPIENTES e ADJUVANTES
FARMACOTÉCNICOS

Anderson de Oliveira Ferreira


Mestre em Ciências Farmacêuticas

São Paulo
2006

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Anderson de O. Ferreira MSc. Excipientes Farmacotécnicos

EXCIPIENTES FARMACOTÉCNICOS

1. Evolução do conceito

No século 21, as funções e a funcionalidade dos excipientes, devem ser


interpretadas de acordo com as novas tendências do mercado farmacêutico. O tradicional
conceito de excipiente, como sendo simples adjuvante e veículo, química e
farmacologicamente inerte, vem sofrendo grande evolução. Excipientes, anteriormente
vistos como meras substâncias capazes de facilitar a administração e proteger o fármaco,
são considerados, nos dias atuais, como constituintes essenciais, que garantem o
desempenho do medicamento e otimizam a obtenção do efeito terapêutico. No passado, a
atenção da indústria farmacêutica e dos órgãos de regulamentação direcionava-se,
principalmente, para o controle da qualidade do fármaco, dando atenção menor aos
excipientes. Todavia, a evolução tecnológica, econômica, científica e dos fatores de
regulamentação, possibilitaram a observação de considerações especiais acerca do papel
dos excipientes, de acordo com suas características físicas, inerentes ao emprego dos
mesmos nos processos produtivos e na liberação do fármaco a partir da forma farmacêutica
(FF).
Uma definição mais recente regulamentada pelo IPEC (International Pharmaceutical
Excipients Councils) é a seguinte: “excipiente é qualquer substância, diferente do fármaco
ou do pró-fármaco, que tem sua segurança avaliada e, a partir de então, pode ser incluída
na forma farmacêutica, com as seguintes intenções:
 possibilitar a preparação do medicamento;
 proteger, fornecer ou melhorar a estabilidade e a disponibilidade biológica do
fármaco, além da aceitabilidade do paciente;
 propiciar a identificação do produto;
 melhorar ou promover qualquer outro atributo relacionado, não somente à segurança
mas, também, com a efetividade do produto durante a estocagem e/ou o uso.
De acordo com o IPEC, a característica de inércia deve ser desconsiderada, uma vez
que, de algum modo, qualquer substância pode modificar a liberação, estabilidade e a
biodisponibilidade do fármaco”.
O surgimento e incremento da área biofarmacêutica, os sólidos conhecimentos
adquiridos nesta área, a introdução dos biopolímeros no mercado e, a disponibilidade de
tecnologias de produção e métodos analíticos sofisticados, capacitaram o profissional
farmacêutico à desenvolver FF cada vez mais específicas (modified release), com maior
seletividade na liberação do ativo (targeting) e, consequentemente, com eficácia terapêutica
aumentada. É universalmente aceito que, excipientes são constituintes essenciais à

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preparação de FF devendo, portanto, ser objeto de importantes considerações durante a


fase de pré-formulação.
Atualmente, mais de 1000 produtos são usados como excipientes. Tais produtos,
podem apresentar estruturas moleculares simples, com diferentes funcionalidades ou, até
mesmo, moléculas poliméricas complexas, de elevado peso molecular (PM). Técnicas
analíticas de elevada resolução que, nem sempre são destrutivas, permitem que o
comportamento dos excipientes, frente aos processos de manufatura, seja avaliado. Ainda,
possibilita a elucidação da estrutura das moléculas, partículas e agregados, sendo capaz de
discernir entre diferentes lotes, aqueles que não são quimicamente equivalentes. Porém,
alguns testes são indispensáveis para garantir a estabilidade, absorção adequada do ativo e
assegurar um processo produtivo apropriado. O profissional responsável por desenvolver as
formulações deverá levar em consideração, na escolha dos excipientes adequados, aquele
que garantirá melhor desempenho da formulação (estabilidade e eficácia), melhores
características de manufatura e, ao mesmo tempo, que apresente custo adequado.
Os principais fatores que contribuíram para a evolução no conceito e nas
regulamentações dos excipientes foram: criações de conselhos internacionais na Europa e
Estados Unidos, criação de seções específicas para excipientes no NF, inclusão de
monografias no NF, divisão especial de monografias na USP/NF, edição do Handbook of
Pharmaceutical Excipients (1a em 1986 e 2a em 1994), dentre outras. Outros fatores são
econômicos e tecnológicos:

 Desenvolvimento de novas formas farmacêuticas: produtos de biotecnologia (polímeros,


biosensores), sistemas de direcionamento de fármacos (targeting), sistemas de liberação
modificada de fármacos (modified release).
 Automação: equipamentos sofisticados para compressão, extrusão e esferonização
(tecnologia para produção de pellets), leito fluidizado, spray-dried.
 Surgimento de ativos inovadores: biotecnologia e peptídeos sintéticos.
 Elaboração de excipientes com funções específicas: preparação de lipossomas,
nanocápsulas, microemulsões, géis transdérmicos, patches, dentre outros.
 Questões ambientais: encontrar substitutos aceitáveis para os CFCs
(clorofluorocarbonos), por exemplo, utilizada em sistemas aerossolizados e para outros
solventes orgânicos de uso farmacêutico.

Diferentes tipos de produtos são administrados por diferentes vias. Em geral,


produtos parenterais são, freqüentemente, empregados para administração de fármacos
para o tratamento de casos agudos (exceto, por exemplo, terapia com insulina).
Formulações transdérmicas e tópicas são, usualmente, empregadas por um curto período

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de tempo (exceto, por exemplo, terapia com reposição hormonal). Formas farmacêuticas
orais são utilizadas tanto para o tratamento de casos agudos quanto crônicos. Portanto, três
fatores principais e inter-relacionados, poderão afetar o desenvolvimento de um novo
excipiente: segurança, saúde do paciente após aprovação do produto e fatores econômicos.
Diferentes vias de administração e diferentes formulações, requerem níveis de segurança e
testes específicos variados.

2. Biofarmacotécnica X Biodisponibilidade

A biodisponibilidade de um fármaco relaciona-se com a quantidade de fármaco que é


absorvido e a velocidade na qual este processo ocorre, uma vez que, uma resposta
biológica adequada é resultado da sua interação com receptores celulares ou sistemas
enzimáticos. Por sua vez, a concentração no local de ação vai depender da dose
administrada, da capacidade da forma farmacêutica em liberar o ativo na concentração
apropriada, da via escolhida, do volume de distribuição do fármaco, da extensão do
metabolismo, da velocidade de eliminação, de fatores intrínsecos da molécula do fármaco,
dos tipos e quantidade de excipientes empregados na formulação, dentre inúmeros outros.
A biofarmacotécnica estuda os processos que ocorrem no organismo, a partir da
administração da forma farmacêutica, considerando as fases de liberação e dissolução do
fármaco, que precedem sua absorção. Pode, também, ser definida como o estudo entre a
intensidade e o efeito biológico dos ativos e, os vários fatores relacionados ao próprio
fármaco, à formulação do medicamento, incluindo o processo produtivo e, à via de
administração.
Para que qualquer ativo exerça sua atividade farmacológica e, o tratamento alcance
a finalidade terapêutica pretendida, o mesmo deverá estar disponível no sítio de ação, em
quantidade apropriada, para se ligar aos receptores biológicos e estimular as respostas. A
administração pela via endovenosa, por exemplo, disponibiliza o fármaco diretamente na
corrente sangüínea, fazendo com que sua biodisponibilidade seja de 100%. Além de ser
disponibilizado diretamente no compartimento central, o metabolismo de primeira passagem
é evitado. Por outro lado, nem todos os fármacos podem ser administrados por esta via,
quer por motivos de impossibilidade de formulação, por motivos de instabilidade do fármaco
ou por motivos do tipo de ação que se pretende (local ou sistêmica). Contudo, inúmeras são
as vias de administração e variadas são as formas farmacêuticas às quais o fármaco pode
ser incorporado, cada qual apresentando vantagens umas sobre as outras: pós,
comprimidos - de liberação convencional ou de liberação modificada (liberação prolongada,
liberação de doses múltiplas, liberação programada, liberação retardada ou entérica),

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cápsulas, soluções, suspensões, xaropoes, emulsões, cremes, géis, lipossomas,


microemulsões, nanocápsulas, nanosferas, sistemas adesivos (patches), dentre outras.

Fatores que modificam a biodisponibilidade:

idade;
peso corporal;
fatores fisiológicos: pH do TGI, esvaziamento e motilidade
Fatores relacionados ao paciente
gástrica, tipo de dieta, dentre outros; presença de patologias
associadas;
dependentes do fármaco e/ou excipientes:
tamanho das partículas; forma polimórfica; solubilidade;
constante de dissolução; coeficiente de partição óleo-água;
Fatores relacionados à forma
velocidade de dissolução; estabilidade nos fluidos do TGI; forma
farmacêutica
química do fármaco (ex.base, sal); formação de complexos;
capacidade de adsorção; tipo e quantidade e qualidade de
excipientes empregados na formulação.
dependentes do processo de fabricação:
tipo de granulação; força de compressão;
alteração de parâmetros do processo de produção (tempo de
mistura, agitação ou secagem).

Portanto, diversos são os parâmetros a serem considerados em uma etapa anterior à


formulação.

3. Influência dos excipientes na liberação do fármaco

Durante a produção de Formas Farmacêuticas sólidas, as propriedades dos


excipientes, assim como a dos ativos, podem se refletir em diversos parâmetros,
nomeadamente: compressibilidade, fluidez, uniformidade de conteúdo, lubrificação
(escoamento e enchimento da matriz, ejeção dos comprimidos, preparação de cápsulas) e
mistura. Ainda, podem ser influenciadas: dureza, friabilidade, uniformidade de conteúdo
(UC), velocidade de desagregação, estabilidade do ativo, revestimento, dissolução e
biodisponibilidade.

Resumidamente:

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Propriedade Influência
Tamanho e forma da partícula peso, UC, desintegração, dissolução
Densidade e granulometria peso, UC, desintegração, dissolução, dureza
Área superficial e porosidade desintegração, dissolução, formação de película
de revestimento
Hidratação estabilidade físico-química, desintegração,
dissolução
Forma polimórfica e grau de peso, UC, desintegração, dissolução, dureza
cristalinidade
Condições de armazenamento peso, UC, desintegração, dissolução, dureza

4. Características dos excipientes:

Nas formas farmacêuticas, os excipientes representam a maior parte da forma


farmacêutica (em relação ao volume da forma), quando comparados com a concentração do
ativo. Do ponto de vista químico, a inércia atribuída aos excipientes deve ser encarada com
certas reservas. Sua reatividade, apesar de baixa, pode ser potencializada por fatores físico-
químicos do meio, desencadeando reações que podem levar à desestabilização da forma
e/ou degradação do fármaco: presença de grupos funcionais alcoólicos, grupos terpênicos
em flavorizantes, corantes contendo iodo, espécies complexantes (EDTA) ou substâncias
redutoras (lactose). Inúmeros excipientes possuem centros quirais (amido e celulose) que
podem interagir com fármacos racêmicos. Outra característica dos excipientes clássicos é a
inatividade farmacológica e toxicológica, o que não pode ser generalizado.

Características de um excipiente ideal:

 Toxicologicamente inativo.
 Química e fisicamente inerte frente ao fármaco.
 Compatível com outros ingredientes da formulação.
 Incolor e insípido.
 Elevada fluidez e boa capacidade de escoamento (sólido).
 Alta capacidade de sofrer compressão (sólido).
 Disponível a partir de diversas fontes, com custos adequados.
 Fácil de ser armazenado.
 Características reprodutíveis lote-a-lote.
 Desempenho consistente com a forma farmacêutica ao qual se destina.

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5. Função dos excipientes

A maior parte das formas farmacêuticas são sólidas, semi-sólidas ou líquidas, nas
quais o fármaco encontra-se diluído. Os excipientes capazes de fornecer à forma
farmacêutica peso, consistência e volumes adequados, são os diluentes. Nestes casos,
assumem a função de veículo, permitindo administração pela via desejada. Ainda, pode-se
esperar que excipientes assumam a função de adjuvantes (verbo do Latim = "adjuvare"),
auxiliando o fármaco à cumprir seu papel. Excipientes específicos são adicionados na
tentativa de controlar e regular a velocidade de desintegração da forma e dissolução do
fármaco, o que irá refletir no controle da quantidade de fármaco absorvido e na velocidade
na qual este processo ocorre, ou seja, na biodisponibilidade do fármaco.
De acordo com sua influência na estabilidade da formulação, liberação e absorção
do ativo e características do processo de preparação, os excipientes podem ser agrupados
em 3 categorias. Sendo que, de acordo com sua influência no processo produtivo, podem
ser subdivididos segundo o tipo de formulação a ser preparada. As preparações podem ser
otimizadas de acordo com o tipo de excipiente e a quantidade a ser incorporada.

Categoria de excipiente de acordo com sua influência na estabilidade, absorção do


fármaco e características do processo de preparação:

Estabilidade Absorção do Fármaco


antioxidantes desintegrantes
quelantes plastificantes
conservantes modificadores da liberação
estabilizantes promotores da penetração
tamponantes molhantes
modificadores de pH formadores de filme/polímeros
agentes bioadesivos/agentes encapsulantes

Influência na preparação
Para FF específicas:
emulsões e suspensões agentes emulsificantes, suspensores
géis agentes gelificantes
sólidas diluentes, lubrificantes

5.1 Principais excipientes farmacotécnicos

Avaliadas as propriedades físico-químicas do fármaco e estabelecida a melhor via de


administração, a escolha dos adjuvantes mais adequados para determinada formulação

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deverá basear-se nas características das substâncias contidas na fórmula, bem como na
possibilidade de interações entre os excipientes e o(s) fármaco(s). Os principais adjuvantes
farmacotécnicos encontram-se descritos a seguir:

Diluentes  produtos inertes adicionados aos pós para permitir a obtenção de comprimidos
ou o enchimento de cápsulas, com volumes adequados. Ainda, para propiciar propriedades
de fluxo e compressão necessárias à produção. Diferentes naturezas (solúvel, insolúvel ou
mista).
Exemplos: lactose, fosfato de cálcio tribásico, amido, manitol, sulfato de cálcio, celulose
microcristalina (Microcel, Avicel), fosfato de cálcio dibásico (Encompress, Ditab), óxido
de magnésio, carbonato de magnésio, talco, caolim.

Veículos  preparação inerte destinada à incorporação do (s) ativo(s). Podem ser


edulcorados e conter agentes suspensores.
Exemplos: xarope simples, sorbitol 70%, glicerina, água, etc.

Solventes  usados para dissolver outra substância na preparação de uma solução; pode
se aquoso ou não (ex. oleaginoso). Co-solventes, como a água e álcool (hidroalcóolico) e
água e glicerina, podem ser usados quando necessários.
Exemplos: álcool, óleo de milho, óleo de algodão, glicerina, álcool isopropílico, óleo mineral,
ácido oléico, óleo de amendoim, água purificada, água para injeção.

Absorventes  substâncias adicionadas para absorverem água presente nos extratos ou


para fixar certos compostos voláteis, como as essências. Exemplos: fosfato de cálcio,
caolim, carbonato de magnésio, bentonita, talco.

Aglutinantes  agentes usados para promover adesão das partículas durante a


granulação e compressão de formas farmacêuticas sólidas. Podem ser usados na forma de
solução, dispersão ou pós. Exemplos: goma arábica, ácido algínico, açúcar compressível,
CMC-Na, etilcelulose, gelatina, metilcelulose, povidona (PVP), amido, amido pré-
gelatinizado, glicose líquida.

Desagregantes (desintegrantes)  empregados para acelerar a desintegração e/ou a


dissolução da forma nos fluidos biológicos. Exemplo: ácido algínico, amido, alginato de
sódio, CMC-Na, celulose microcristalina, croscarmelose sódica (Ac-Di-Sol ), glicolato sódico
de amido (Explotab), crospovidona (Kollidon CL).

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Lubrificantes  agentes capazes de prevenir a aderência dos pós e granulados nas


punções e matrizes, facilitar o escoamento dos mesmos no alimentador e facilitar o
enchimento de cápsulas. Otimizar o processo produtivo. Exemplo: estearato de magnésio,
estearato de cálcio, ácido esteárico, talco, óleo vegetal hidrogenado (ex. Lubritab).

Deslizantes  agentes usados nas formulações de comprimidos e cápsulas para melhorar


as propriedades de fluxo das misturas em pó. Exemplo: sílica coloidal (Aerosil 200), talco.

Agentes molhantes  substâncias adicionadas com a finalidade de diminuir a tensão


superficial na interface sólido/líquido. Age diminuindo o ângulo de contato entre a água e as
partículas sólidas, aumentando a molhabilidade das partículas. Exemplos: lauril sulfato de
sódio (LSS), docusato sódico, polissorbatos 20, 60, 80 (Tweens).

Agentes tamponantes  usado para fornecer às formulações, resistência contra variações


de pH, em casos de adição de substâncias ácidas ou básicas. Exemplos: tampão citrato,
tampão fosfato, tampão borato.

Corantes, aromatizantes e flavorizantes  adjuvantes empregados para corrigir cor, odor


e sabor desagradáveis, tornando a preparação mais atraente. Os corantes devem ser
escolhidos em uma tabela que fornece os nomes daqueles que são permitidos para uso
alimentício. Alguns podem causar reações alérgicas e/ou desencadear processos de
irritação gástrica. Exemplos de flavorizantes: baunilha, mentol, óleo de canela, óleo de anis,
cacau, dentre outros.

Edulcorantes  usado para edulcorar (adoçar) a preparação. Exemplos: aspartame,


dextrose (glicose), manitol, sorbitol, sacarina, ciclamato sódico, açúcar, acesulfame de
potássio, sucralose, esteviosídeo.

Agentes plastificantes  substâncias empregadas juntamente com polímeros, para


modificar a temperatura de transição de fase dos mesmos e, facilitar a coalescência do filme
formado sobre os grânulos, comprimidos ou pellets. Torna a camada de revestimento mais
uniformemente distribuída sobre o granulado, durante a preparação de cápsulas de
liberação entérica. Exemplos: glicerina, trietilcitrato, dibutilftalato, silicone, PPG.

Agentes de revestimento  empregados para revestir comprimidos, grânulos, cápsulas ou


pellets com o propósito de proteger o fármaco contra decomposição pelo oxigênio
atmosférico e umidade, para mascarar sabor ou odor desagradável, para evitar a

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degradação no suco gástrico e obter a liberação do fármaco em meio entérico, promovendo


liberação retardada do fármaco. A película empregada no revestimento é composta,
basicamente, por um derivado polimérico insolúvel que pode ser de origem natural (ceras,
shellacs, gelatina), derivados da celulose (metil ou etilcelulose, acetoftalato de celulose,
hidroxipropilmetilcelulose, acetato de celulose), copolímeros de ésteres acrílico e metacrílico
(Eudragit tipos L100, RS 30D, RS PM, S100, dentre outros); álcool polivinílico (PVA),
acetato de polivinil, dentre outros.

Agentes formadores de matrizes para liberação controlada  substâncias de natureza


polimérica empregadas com a finalidade de se obter liberação prolongada e/ou controlada
do fármaco que se encontra disperso, uniformemente, na matriz. Podem apresentar
diferentes naturezas. Exemplos: HPMC, CMC-Na, goma xantana, Carbopol, diversos tipos
de Eudragit, ágar-ágar, derivados polióxidoetilênicos (PEO's), dentre outros.

Agentes emulsificantes  usados para estabilizar formulações que possuem um líquido


disperso no seio de outro líquido com ele imiscível. O emulsionante ou emulsificante
mantém a estabilidade da dispersão. O produto final pode ser uma emulsão líquida ou semi-
sólida (creme). Podem ser aniônicos, catiônicos ou anfotéricos. Ainda, podem ser naturais
ou sintéticos. Exemplos: monoestearato de glicerila, álcool cetílico e gelatina. Podem ser
empregados como agentes emulsivos auxiliares: CMC-Na, MC, alginato e pectina.

Agentes surfactantes (tensoativos)  substâncias que reduzem a tensão superficial.


Podem ser usados como agentes molhantes, detergentes ou emulsificantes. Exemplos:
cloreto de benzalcônio, nonoxinol 10, octoxinol 9, polissorbato 80, lauril sulfato de sódio.

Agentes suspensores  agentes utilizados para aumentar a viscosidade da fase externa


de uma suspensão (dispersão de sólidos, finamente divididos, no seio de um líquido no qual
o fármaco é insolúvel). Reduzem a velocidade de sedimentação das partículas do fármaco.
Agente doador de viscosidade ao meio.

Agente suspensor Concentração usual pH aplicável


Goma adraganta 0,50 – 2,00% 1,90 – 8,50
Goma arábica (goma acácia) 5,00 – 10,00 % ...........
Goma xantana 0,3 – 0,5 % 3,0 – 12,0
Celulose microcristalina/CMC-Na 0,50 – 2,00% 3,50 – 11,00
(Avicel RC 591)
CMC-Na 0,50 – 2,00% 2,00 – 10,00
Hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) 0,30 – 2,00% 3,00 – 11,00
Metilcelulose 0,50 – 5,00% 3,00 –11,00

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Hidroxietilcelulose (Natrosol) 0,10 – 2,00% 2,00 – 12,00


0,50 – 5,00% 3,00 – 10,00
Bentonita dispersões melhores em
pH neutro
Alginato sódico 1,00 – 5,00% 4,00 –10,00
Carbômero (Carbopol) 0,50 – 1,00% 5,00 –11,00
Povidona Até 5,00% Não é afetado pelo pH,
exceto por pH
extremamente cáustico
Pectina 1,00 – 3,00% 2,00 – 9,00
Silicato de Alumíno e Magnésio 0,50 – 2,50% 3,50 – 11,00
(Veegun)
Dióxido de silício coloidal (Aerosil) 2,00 – 10,00% Até 10,70
Adaptado: Rowe et al., 2003.

Agente doador de consistência  usado para aumentar a consistência de uma


preparação, em geral, uma pomada. Exemplos: álcool cetílico, cera branca, cera amarela,
álcool estearílico, parafina, cera microcristalina, cera de ésteres cetílicos.

Agentes de tonicidade (Isotonizantes)  usados para obtenção de soluções com


características osmóticas semelhantes às dos fluidos biológicos, à serem administradas
pelas vias: ocular, nasal, parenteral. Exemplos: NaCl (0,9%), manitol (5,07%) e dextrose
(5,51%).

Umectantes  substâncias empregadas para prevenir o ressecamento de preparações,


principalmente, pomadas e cremes, por apresentarem a capacidade de retenção de água.
Exemplos: glicerina, propilenoglicol, sorbitol.

Agentes levigantes  líquido usado como agente facilitador no processo de redução de


partículas do fármaco, durante o preparo de emulsões, bases oleosas, dentre outras.
Triturado juntamente com o fármaco.
Exemplos:

Agente levigante Densidade Miscibilidade Usos


Óleo mineral 0,88 miscível em óleos fixos bases oleosas
(vaselina (exceto óleo de rícino) base de absorção
líquida) imiscível com água, emulsões água/óleo
álcool, glicerina,
propilenoglicol, PEG
400, e óleo de rícino
Glicerina 1,26 miscível com água, emulsões bases
álcool, propilenoglicol e óleo /água
PEG 400 bases solúveis em
imiscível com óleo água e ictiol
mineral e óleos fixos

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Propilenoglicol 1,04 miscível com água, emulsões base


álcool, glicerina e PEG óleo/água
400 bases solúveis
imiscível com óleo em água
mineral e óleos fixos
PEG 400 1,13 miscível em água, emulsões base
álcool, glicerina e óleo/água
propilenoglicol bases
imiscível com óleo solúveis
mineral e óleos fixos em água
Óleo de algodão 0,92 miscível com óleo o óleo de algodão ou
mineral e outros óleos algum outro óleo
fixos incluindo o óleo de vegetal pode ser
rícino usado como
imiscível com água, substituto para o óleo
álcool, glicerina , mineral quando um
propilenoglicol e PEG óleo vegetal é
400 preferido ou quando
o sólido pode ser
incorporado mais
facilmente nestes
óleos.
Óleo de rícino 0,96 miscível com álcool e ictiol ou bálsamo do
outros óleos fixos. Peru, mesmos usos
Imiscível com água, descritos para o óleo
glicerina, propilenoglicol, de algodão.
PEG 400 e óleo mineral
Polissorbato 80 1,06-1,09 miscível com água, Coaltar
(Tween ® 80) álcool, glicerina, Circunstâncias em
propilenoglicol, PEG que um surfactante é
400, óleo mineral e desejado, pode ser
óleos fixos. incompatível com
algumas emulsões
água / óleo

Agentes alcalinizantes ou acidificantes  usados para alcalinizar ou acidificar o meio,


respectivamente, para fornecer estabilidade ao ativo ou promover sua dissolução.
Exemplos:
Agentes acificantes (acidulantes) Agentes alcalinizantes
Ácido cítrico Solução de amônia
Ácido acético Carbonato de amônio
Ácido fumárico Dietanolamina
Ácido clorídrico (HCl) Monoetanolamina
Ácido tartárico Hidróxido de potássio (KOH)
Ácido bórico Hidróxido de sódio (NaOH)
Bicarbonato de sódio
Borato de sódio
Trietanolamina

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Conservantes  usados em preparações líquidas e semi-sólidas para prevenção do


crescimento e desenvolvimento de microrganismos (fungos e bactérias). Exemplos de anti-
fúngicos: ácido benzóico, benzoato de sódio, butilparabeno, metilparabeno (Nipagin ),
propilparabeno (Nipasol), etilparabeno, propionato de sódio. Anti-bacterianos: cloreto de
benzalcônio, cloreto de benzetônio, álcool benzílico, cloreto de cetilpiridíneo, clorobutanol,
fenol.

Agentes antioxidantes  empregados na tentativa de proteger a formulação de qualquer


processo oxidativo e conseqüente desenvolvimento de ranço em substâncias de natureza
oleosa e gordurosa e/ou inativação do fármaco. Podem atuar de diferentes modos:
interrompendo a formação de radicais livres (BHA, BHT, -tocoferol); promovendo redução
das espécies oxidadas (ácido ascórbico, palmitato de ascorbila, metabissulfito de sódio);
prevenindo a oxidação (EDTA, ácido cítrico, cisteína, glutationa). Em sistemas aquosos,
preferencialmente, são empregados: vitamina C, metabissulfito de sódio, cisteína e
tiossulfato de sódio. Nos sitemas lipofílicos, preferencialmente, BHT, BHA e vitamina E.

Agentes quelantes (seqüestrantes)  substância que forma complexos estáveis


(quelatos) com metais. São usados em preparações líquidas como estabilizantes para
complexar os metais pesados que podem promover instabilidade. Exemplos: EDTA-Na 2,
ácido edético.

Agente para expulsão de ar  empregado para expulsar o ar de recipientes


hermeticamente fechados ou de formulações fluidas, para aumentar a estabilidade.
Exemplos: nitrogênio (N2), dióxido de carbono (CO2).

Nota: dentre as inúmeras classes de excipientes, os diluentes, os agentes molhantes, os


lubrificantes e desintegrantes são os que apresentam maior influência na biodisponibilidade
de formas farmacêuticas sólidas.
Nos estudos de pré-formulação, a solubilidade dos diluentes deve ser considerada,
pois, a simples troca de um diluente pode provocar alterações na biodisponibilidade do
fármaco, podendo resultar em casos de intoxicação. Um exemplo clássico ocorreu na
Austrália (1968), quando a substituição do sulfato de cálcio (insolúvel) por lactose (solúvel),
como diluente para cápsulas de fenitoína, resultou em um aumento da biodisponibilidade do
fármaco, gerando diversos casos de intoxicação (Balla, 1968; Eadie et.al. 1968). Houve uma
completa remissão do problema quando os pacientes passaram novamente a receber a
fenitoína preparada com o excipiente original (sufato de cálcio). A presença de diluentes
muito hidrofílicos, como a lactose, pode aumentar a captura de líquidos e,

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consequentemente, aumentar a molhabilidade das partículas, acelerando a velocidade de


liberação dos fármacos.
A presença do agente desintegrante na formulação visa facilitar a desagregação da
forma farmacêutica, aumentando a área superficial e promovendo a dissolução do fármaco.
Os agentes molhantes quando adicionados á formulação para aumentam a
molhabilidade do ativo e promovem o aumento da velocidade de dissolução do fármaco.
A adição de lubrificantes (substâncias hidrofóbicas) à preparação retarda a
molhabilidade e, consequentemente, a absorção do fármaco. Portanto, a concentração do
agente lubrificante na formulação é fator determinante para a obtenção de uma
disponibilidade biológica apropriada do fármaco.

5.3 Considerações gerais sobre alguns dos principais adjuvantes farmacotécnicos:

5.3.1 Flavorizantes
Flavorizar, edulcorar e colorir uma preparação farmacêutica para administração oral
é fator preponderante à adesão terapêutica pelo paciente, especialmente o pediátrico.
Portanto, o farmacêutico tem como desafio desenvolver técnicas e recursos para realizar a
combinação harmônica dos aditivos flavorizantes (aromas), edulcorantes e corantes. Porém,
antes é importante a compreensão da psicofisiologia envolvida na percepção dos sabores.

A percepção de um determinado sabor envolve os receptores dos paladares,


proteínas localizadas na superfície das células das papilas gustativas, que reconhecem
certas estruturas químicas e iniciam a emissão de sinais para que o cérebro os traduzam e
reconheçam como doce, amargo, salgado ou azedo (ácido). Possuimos cerca de 10.000
papilas gustativas, sendo que nas crianças elas estão em número maior. Isto explica em
parte o porquê das crianças serem mais sensíveis a sabores desagradáveis.

Os receptores para os paladares primários doce, amargo, salgado e azedo (ácido) estão
distribuídos e agrupados em regiões diferentes da superfície da língua. O paladar doce é
detectado principalmente na ponta da língua, enquanto o amargo é mais evidenciado na
região posterior, o salgado nas laterais anteriores e o azedo nas laterais medianas (veja a
figura 1).

Amargo

Azedo (ácido)

Salgado

Doce 14
Anderson de O. Ferreira MSc. Excipientes Farmacotécnicos

Figura 1: Percepção regional dos paladares primários na língua humana.


Fonte: Roy, 1997.

Algumas correlações podem ser feitas entre sabor/odor e a estrutura química da


substância. Por exemplo: o sabor azedo pode ser associado à presença de íons hidrogênio;
o salgado, com alguns ânions e cátions; o amargo, com o alto peso molecular dos sais; o
doce, com compostos polihidroxilados, compostos polihalogenados e alfa-aminoácidos; o
sabor cortante pode ser associado à presença de insaturação na molécula; o odor de
cânfora, com o átomo de carbono terciário da estrutura e, odores de frutas, com grupos
ésteres e lactonas. Dentre os fatores responsáveis pelo sentido do paladar estão, também,
envolvidos os seguintes fenômenos: calor - QUENTE ou FRIO; a ADSTRINGÊNCIA - devido
à presença de taninos e ácidos; a ASPEREZA correspondente à textura e, a SENSAÇÃO
DE FRESCOR, devido à ausência de calor.
Durante o desenvolvimento das formulações, alguns requisitos são necessários para
a identificação imediata do sabor e para que ele seja compatível com sensibilidade da
mucosa oral. Algumas técnicas usadas para flavorização incluem: métodos de combinação,
mascaramento, métodos físicos, métodos químicos e métodos fisiológicos. Um guia com
uma seleção de sabores pode ser encontrado abaixo.

Flavorizantes utilizados para mascarar alguns sabores primários:


 Doce: baunilha, vanilina, tutti-frutti, uva, morango, framboesa, amora, hortelã-
pimenta.
 Ácido/azedo: cítrico, limão, laranja, cereja, framboesa.
 Salgado: amêndoas, xarope de canela, xarope de ácido cítrico, xarope de maple ,
xarope de laranja, xarope de alcaçuz, framboesa.
 Amargo: anis, café, chocolate, chocolate-menta, menta, limão, laranja, xarope de
cacau, xarope de alcaçuz, cravo.
 Salino + amargo: xarope de canela, xarope de laranja, xarope de ácido cítrico.
 Oleoso: menta, anis, hortelã (ex. correção do sabor de preparações com óleo
mineral).
 Metálico: morango, framboesa, cereja, uva.
 Insípido: associar edulcorante + flavorizante, xarope de limão ou xarope simples com
tintura ou essência de limão.

15
Anderson de O. Ferreira MSc. Excipientes Farmacotécnicos

Sugestões de Flavorizantes por Classes de Fármacos


 Antibióticos: cereja, abacaxi, laranja, framboesa, banana + abacaxi, banana +
baunilha, côco + creme, morango, baunilha, limão-creme, cereja + creme, tutti-frutti,
canela.
 Antihistamínicos: cereja, canela, creme, uva, mel, pêssego + laranja, framboesa,
baunilha, cacau.
 Barbituratos: banana + abacaxi, banana + baunilha, canela + menta, groselha +
morango, laranja.
 Descongestionantes e expectorantes: anis, cereja, côco + creme, creme + menta +
morango, groselha + pêssego, morango, limão, laranja, laranja + limão, abacaxi, laranja
+ pêssego, morango, framboesa, tangerina.
 Eletrólitos: cereja, uva, framboesa.

Nota: o corante a ser utilizado em uma formulação deve ser selecionado harmonicamente com o flavorizante
(exemplo: verde para menta, vermelho para cereja, etc.)

Sugestões de Flavorizantes para preparações veterinárias


Pássaros: uva, laranja, tutti-frutti
Gatos: carne, galinha, fígado, amendoim, peixe, queijo.
Cães: carne, queijo, galinha, fígado, marshmallow, amendoim, framboesa.
Equinos: maçã, cereja, cravo, caramelo, alfafa.
Bovinos: anis, maple, cravo, alfafa, anis-alcaçuz.
Caprinos: maçã, caramelo.
Frangos: milho, melancia, leite.
Furões: peixe, frutal.
Iguanas: kiwi, melancia.
Coelhos: banana-creme, alface.
Porquinho-da-india: laranja, tutti-frutti.
Primatas: bana, chocolate, framboesa.
Répteis (exceto cobras): banana-creme, limão-creme.
Adaptado: IJPC, 1997.
Método de Combinação: a técnica de combinação compreende o uso de
características comuns entre o sabor e o fármaco. Por exemplo, o uso do sabor de frutas
pode ser combinado com o sabor azedo/ácido (sabor de laranja associado ao ácido
ascórbico). Os sabores salgado/doce/azedo podem ser combinados com um sabor amargo.
Também, o uso de um sabor levemente salgado pode minimizar o sabor azedo e, contribuir
para que o sabor doce sobressaia. Ainda, já foi estabelecido que o sabor azedo pode
potencializar o sabor amargo.
Método de Mascaramento: o salicilato de metila, por possuir um cheiro muito forte,
pode mascarar outros sabores ou sobressair-se em relação a muitos produtos.
Métodos Físicos: dentre os métodos físicos, estão incluídas a formação de
compostos insolúveis, a emulsificação de óleos, a efervescência, a elevação na viscosidade
dos fluidos e o revestimento de comprimidos. Compostos insolúveis podem ser formados
resultando em sabores pouco perceptíveis. O fármaco deve estar em solução para que seu
sabor seja realçado, portanto, ativos em suspensão, geralmente, não transmitem sabor. Os
óleos podem ser incorporados na fase interna de emulsões óleo-água, cuja fase externa

16
Anderson de O. Ferreira MSc. Excipientes Farmacotécnicos

aquosa pode ser adoçada ou flavorizada. Este é o princípio que está por trás da emulsão de
óleo de fígado de bacalhau e da emulsão de óleo de rícino, nas quais o paciente
experimenta, inicialmente, a fase aquosa externa adocicada.
Métodos Químicos: os métodos químicos incluem absorção e complexação do
princípio ativo, resultando na perda das características de sabores indesejáveis.
Métodos Fisiológicos: métodos físiológicos incluem a utilização dos efeitos
anestésico do mentol e da menta, que pode, ainda, ser usada para contribuir com um sabor
mais agradável.
Agentes flavorizantes podem apresentar-se como misturas complexas. A tabela
seguinte ilustra o número de diferentes substâncias químicas que podem estar contidas em
substâncias flavorizantes naturais ou artificiais.

Exemplos dos números de diferentes constituintes presentes em alguns flavorizantes


natutrais ou artificiais.
Natural Artificial
Cereja > 70 > 20
Banana > 150 > 17
Uva ~ 225 > 18
Morango > 130 > 36
Framboesa > 60 > 17

Muitos flavorizantes naturais possuem uma substância cujo gosto seja proeminente.
Por exemplo, o constituinte ativo da cereja é o benzaldeído, na banana, o iso-amiloacetato e
na laranja, o limoneno.
A presença de determinados conservantes pode influenciar no sabor de uma
preparação farmacêutica de uso oral. Os parabenos, por exemplo, podem transferir para a
formulação um aroma floral indesejável (metilparabeno) ou promoverem uma sensação de
dormência na língua (propilparabeno).
Agentes corretores e evidenciadores do paladar
Substância Uso e aplicação
Óleo de anis (anetol) Amargo, preparações oleosas.
Óleo essencial de canela (cinamaldeído) Preparações oleosas, salgado, amargo, preparações
odontológicas.
Óleo essencial de cravo (eugenol) Preparações odontológicas.
Óleo essencial de menta (L-mentol, acetato de mentila) Amargo, dessensibilizante do paladar.
Óleo essencial de laranja Amargo, ácidos, barbitúricos.
Óleo essencial de limão (aldeído citral e limoneno) Amargo, ácido.
Salicilato de metila Pastilha, óleo (óleo de fígado de bacalhau).
Máximo: 500mcg/kg/dia Máximo: 500mcg/kg/dia
Glicirrizinato de amôneo (Magnasweet®) Amargo (evidencia o paladar doce, sinergismo com
Conc. usual: 0,1 – 0,5% edulcorantes, prolonga o tempo do paladar doce – efeito
lingering), preparações contendo antibióticos.
Glutamato monossódico Sabor metálico.
Máximo 120 mg/dia para indivíduos maiores de 12 anos.

Vanilina Flavorizante de fundo para sabores desagradáveis, incluindo

17
Anderson de O. Ferreira MSc. Excipientes Farmacotécnicos

Conc. usual: 0,01 –0,02% o amargo.


Etilvanilina Flavorizante de fundo com sabor 3x mais intenso que a
Conc. usual: 0,01% vanilina.
Maltol Evidenciador do sabor doce com sabor similar ao morango
Conc. usual: 5 – 75 ppm (30 ppm) ou abacaxi.
Glicirrizinato de potássio Amargo, dentifrícios.
Conc. usual: 0,05%
Mentol Amargo (dessensibilizante do paladar)
Suspensões orais: 0,003%
Xaropes: 0,005 – 0,015%
Pastilhas: 0,2 – 0,4%
Pasta dental: 0,4%
Enxaguatórios bucais:0,1-2%

Ácido cítrico Evidenciador do sabor, mascaramento do sabor amargo,


Conc. usual: 0,3 – 2,0% ação sialogoga.
Ácido tartárico Evidenciador do sabor, correção do amargo, ação sialogoga.
Conc. usual: 0,1 – 0,3%
Ácido málico Evidenciador do sabor, correção do amargo, sialogogo.
(até 400ppm – alimentos)
Ácido fumárico Evidenciador do sabor, correção do amargo, sialogogo
(até 3600 ppm)
Cloreto de sódio (NaCl) Supressão do amargo.
Conc. usual: 0,3 – 0,5%
Ácido fosfatídico-b-lactoglobulina (Inibidor específico do amargo)
Conc. usual: 3% Hidrofóbica e dispersível em água
Supressão do amargo em alimentos e medicamentos
Não eficiente para mascarar o amargo de de substâncias
amargas hidrofílicas. Não suprime o doce, azedo e salgado.

Ácido fosfatídico Supressão do amargo.


Conc. usual: 1- 3%
Lipoproteínas (albumina, lactoalbumina) e fosfolipídeos da Supressão do amargo.
soja
Adaptado:Rowe et al., 2003.

5.3.2. Corantes

Os corantes a serem adicionados em produtos farmacêuticos de uso interno devem


ser atóxicos e farmacologicamente inativos. Eles não devem ser empregados para mascarar
produtos de baixa qualidade. Só devem ser utilizado corantes certificados para
administração em alimentos, fármacos e cosméticos (FD&C – Food, Drug and Cosmetics
Administration).

Diluição de corantes
Sugestão de solução base para diluição de corantes
Corante.......................................................0,10 – 10,00% (concentração variável)*
Propilenoglicol.............................................3,00%
Metilparabeno..............................................0,15%
Propilparabeno............................................0,05%
Álcool etílico................................................10,00%
Água desmineralizada qsp..........................100,00 mL

18
Anderson de O. Ferreira MSc. Excipientes Farmacotécnicos

 A quantidade de corante utilizada em uma formulação oral pode variar de 0,0005 a


0,005% de corante.

Estabilidade de corantes certificados pelo FD&C, mediante vários fatores, os quais, po dem
influenciar na coloração de preparações farmacêuticas

Corantes FD&C
Agentes Agentes
Ácido Álcali Luz Valor pH*
(hidrossolúveis) redutores oxidantes
FD&C azul #1
Moderada Modera Boa Boa Pobre 4,9-5,6
(azul brilhante)
da
FD&C azul #3
Boa Modera Pobre Moderada Pobre 8,5
(indigo carmim)
da

FD&C verde #3
Boa Pobre Boa Boa Pobre 4,2-5,8
FD&C vermelho #3
Pobre Boa Razoáv Moderada Razoável 7,7
(eritrosina)
el
FD&C vermelho #4
Pobre boa Razoáv Moderada Razoável 6,4
(Ponceau SX)
el
FD&C amarelo #5**
Boa Boa Boa Pobre Razoável 6,8
(tartrazina)
FD&C amarelo #6
Boa Boa Boa Pobre Razoável 6,6
FD&C vermelho #40
Boa Boa Boa Pobre Moderada 7,3

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Anderson de O. Ferreira MSc. Excipientes Farmacotécnicos

*valor de pH de uma solução a 1% do corante.

** O amarelo de tartrazina está relacionado com manifestações do tipo alérgicas em


pessoas sensíveis (incluindo pacientes com bronquite asmática). Apresenta reação cruzada
em pacientes sensíveis ao ácido acetilsalicílico.

Alguns corantes naturais também podem ser utilizados, tais como:

 Amarelo: curcuma e vitamina B2.


 Vermelho: carmim, colchonilha.
 Verde: clorofila.
 Alaranjado: betacaroteno.

5.3.3. Antioxidantes

A oxidação é um processo que leva à decomposição da matéria-prima, com perda de


sua função. A luz, o ar, o calor, a presença de contaminantes do meio (catalisadores 
metais pesados) e o pH do meio, são os agentes desencadeadores deste processo. O
mecanismo de oxidação inicia-se com a formação do que chamamos de radicais livres.
Agentes antioxidantes são substâncias capazes de preservar a formulação de
qualquer processo oxidativo. São capazes de inibir a deterioração oxidativa (destruição por
ação do oxigênio) de produtos fármaco-cosméticos, interferindo no desenvolvimento de
ranço oxidativo em óleos e gorduras ou inativação de medicamentos.

Antioxidantes que atuam interrompendo a formação das cadeias de radicais livres


(antioxidantes verdadeiros):
 BHA  -tocoferol (vit.E)
 BHT  propilgalato

Atuam sofrendo oxidação (agentes redutores):


 metabissulfito de sódio  ácido ascórbico (vit.C)
 bissulfito de sódio  palmitato de ascorbila
 ditionito de sódio

Antioxidantes que atuam por mecanismos preventivos (antioxidantes sinergistas):


 Ácido cítrico  Cisteína
 Ácido etilenodiaminotetracético  glutation
(EDTA)  metionina

20
Anderson de O. Ferreira MSc. Excipientes Farmacotécnicos

21
5.3.3.1 Uso adequado de agentes antioxidantes

5.3.3.1.1 Antioxidantes para sistemas aquosos

 ÁCIDO ASCÓRBICO: solubilidade de 1g/3mL de água, 1g/30mL de álcool.


Concentração usuais (formulações aquosas): 0,01 – 0,1%. É incompatível com álcalis,
íons de metais pesados, especialmente cobre e ferro, substâncias oxidantes, metenamina,
cloridrato de fenilefrina, maleato de pirilamina, salicilamida, nitrito sódico, salicilato de sódio,
salicilato de teobromina e picotamida.

 BISSULFITO DE SÓDIO (NaHSO 3): sabor desagradável. Instável ao ar, perdendo SO2
e oxidando-se, gradualmente, para sulfato.
Solubilidade:1g/4mL de água, 1g/70mL de álcool.
Concentrações usuais: 0,01- 1%. Inativa a adrenalina e a cisplatina.
Incompatível com cloranfenicol e nitrato de fenilmercúrio.

 METABISSULFITO DE SÓDIO (Na2S2O5): solubilidade de 1g/1,9mL de água,


facilmente solúvel em glicerina e pouco solúvel em etanol. Concentrações usuais: 0,01 -
1,0%. Empregado em preparações farmacêuticas orais, parentais e tópicas. Incompatível
com a epinefrina (adrenalina) e seus derivados, com o cloranfenicol e fenilacetato de
mercúrio. Inativa soluções de cisplatina.
Nota: Os sulfitos são conhecidos por causar alergia.

 TIOSSULFATO DE SÓDIO (Na2S2O3.5H2O): solubilidade de1g/0,5mL de água,


insolúvel em álcool. Concentração usual: 0,05%.

 DITIONITO DE SÓDIO (Hidrossulfito de sódio) (Na 2S2O4): muito solúvel em água e


pouco solúvel em álcool. Concentração usual: 0,1 – 0,6%. O ditionito de sódio tem sido
usado como antioxidante em preparações tópicas e como agentes redutores na remoção de
manchas em tecidos.
5.3.3.1.2 Antioxidantes para sistemas oleosos

 ASCORBIL PALMITATO: pó branco ou branco-amarelado com odor característico.


Solubilidade: muito levemente solúvel em água e em óleos vegetais; solúvel em álcool.
Concentração efetiva: 0,01 - 0,2%. É incompatível com agentes oxidantes (ex. em solução a
oxidação é catalizada pela presença de íons Cu2+ e Fe3+.

 BUTILHIDROXIANISOL (BHA): insolúvel em água; facilmente solúvel em álcool e

propilenoglicol. Concentrações usuais:


Uso em: Concentração (%)
-caroteno 0,01
Óleos essenciais e agentes
flavorizantes 0,02 - 0,5
Injetáveis IM 0,03
Injetáveis IV 0,0002 - 0,00052
Óleos e gorduras 0,02
Formulações tópicas 0,005 - 0,02
Vitamina A 10mg / por 1 milhão de unidades

É incompatível com agentes oxidantes e sais férricos. Uso permitido em injeções IM e


IV, preparações nasais, cápsulas, comprimidos e preparações sublingual, retal, tópica e
vaginal.

 BUTILHIDROXITOLUENO (BHT): insolúvel em água e em propilenoglicol e facilmente

solúvel em álcool. Concentrações usuais:


Uso em: Concentração (%)
-caroteno 0,01
Óleos essenciais e agentes flavorizantes
0,02 - 0,5
Injetáveis IM 0,03
Injetáveis IV 0,0009 - 0,002
Óleos e gorduras 0,02
Formulações tópicas 0,0075 - 0,10
Vitamina A 10mg / por 1 milhão de UI

Incompatível com agentes oxidantes fortes como peróxidos e permanganatos. Sais


férricos podem causar descoloração Uso permitido em injeções IM e IV, preparações nasais,
cápsulas e comprimidos, preparações retais, vaginais e tópicas.

 PROPIL GALATO: pó cristalino branco, com odor muito leve. Solubilidade: levemente
solúvel em água; levemente solúvel em álcool. Concentração efetiva: 0,005 - 0,15%.
 -TOCOFEROL (Vit.E): óleo viscoso, claro, amarelo ou amarelo esverdeado.
Praticamente inodoro. Instável à luz e ao ar. Solubilidade: insolúvel em água, solúvel em
álcool, miscível com acetona e óleos vegetais. Concentração efetiva: 0,05 - 2%.

5.3.3.1.3. Sugestões de sistemas antioxidantes para algumas formulações magistrais:

Ácido retinóico BHT


Nitrato de miconazol BHA
Cetoconazol creme EDTA/metabissulfito de sódio
Sulfadiazina de prata BHT
Resorcina metabissulfito de sódio ou bissulfito de sódio
Óleos fixos BHT ou BHA

5.3.3.1.4.Sugestões de sistemas antioxidantes para formulações com hidroquinona e


associações mais comuns

Hidroquinona 1)Metabissulfito de sódio (10% em relação a quantidade de hidroquinona) +


EDTA-Na2 0,1%
2)Bissulfito de sódio 0,2 – 0,3% + BHT 0,1% + vitamina C pó 1,6%
3) Ditionito de sódio 0,6%
4)Metabissulfito de sódio (10% em relação a quantidade de hidroquinona) +
vit. C 1,6% + EDTA-Na2 0,1%
Hidroquinona + 1)Bissulfito de sódio 0,2 – 0,3% + BHT 0,1% + vitamina C pó 1,7%
ácido retinóico 2) Metabissulfito de sódio (10% em relação a quantidade de hidroquinona)
+ BHT 0,1% + EDTA-Na2
3) Metabissulfito de sódio (10% em relação a quantidade de hidroquinona)
+ Vitamina E (oleosa) 0,05%
4) ditionito de sódio 0,6% + BHT 0,05 – 0,1%
Hidroquinona + 1) vitamina C 1,7% + vitamina E 1% + EDTA-Na2 0,1%
ácido glicólico 2)ditionito de sódio 0,6%
5.3.4 Conservantes

Conservantes empregados em preparações de uso oral

Conservante Concentra Espectro pH Solubilidade Incompatibili-


de ação
-ção usual dade
(%)
Miscível com Agentes
Álcool etílico  10,0 Bactérias e Ácido água, acetona, oxidantes, gomas,
(etanol) fungos glicerina. cloretos e
permanganato.

Caolim, glicerina
Ácido benzóico e proteínas,
Bactérias
seus sais 0,1 - 0,2 2,0 - tensoativos não
Gram +,
(benzoato de 5,0 Água, etanol. iônicos (Tween
bolores e
sódio) 80), compostos
leveduras quaternários e
gelatina
Água, etanol, Surfactantes não
Ácido sórbico 0,05 - 0,2 Bolores e 2,5 -
propilenoglicol, iônicos
leveduras 6,0
glicerina, óleos. (Tween80)
Sorbato de 0,1 - 0,2 Fungos e 2,5 - Água, etanol, Surfactantes não
Potássio bactérias 6,0 propilenoglicol. iônicos
Bactéria Surfactantes não
Metilparabeno 0,015 - 0,2 Gram +, 3,0 - Etanol, glicerina, iônicos (Tween
bolores, 9,5 propilenoglicol, 80), metilcelulose,
leveduras água tépida. gelatina, proteínas
(Nipagin) , sais de ferro e
álcalis.
P Propilparabeno 0,01 - 0,2
(Nipasol) idem metilparabeno.

Conservantes para preparações de uso externo

Conservante Espectro pH ótimo Concentração Incompatibilidades


antimicrobiano usual (%)
Ácido benzóico e Bolores e 2,0 a 5,0 0,1 – 0,5 Tensioativos não-
benzoato de sódio leveduras É ativo iônicos (ex. Tween
Bactérias Gram somente em 80)
+ meio ácido Compostos
quaternaries,
gelatina, glicerina,
proteínas
Ácido sórbico Fungos e 2,5 – 6,0 0,1 – 0,3 Levemente
leveduras. incompatível com
Pouca atividade tensioativos não-
sobre bactérias iônicos
Sorbato de potássio Fungos, 2,5 a 6,0 0,1 a 0,2 Surfactantes não-
leveduras, iônicos e alguns
pouca atividade materiais plásticos
microbiana
Álcool benzílico Bactérias Gram- Ácido 1–3 Agentes oxidantes
+ e Gram - ≤5,0 Agentes
tensioativos não-
iônicos (tween 80)
Bronopol® É mais ativo 5,0 –7,0 0,01 – 0,1 Não é afetado
2-bromo-2- contra bactérias significativamente
nitroproprano-1,3 diol Gram - do que pela presença de
contra Gram +. proteínas e
Tem baixa tensioativos não-
atividade iônicos. Os
fungicida e compostos
esporicida. sulfidrilos (cisteína e
tioglicolato),
tiosulfato e
metabissulfito são
seus antagonistas.
Se inativa na
presença de 0,1%
de cloridrato de
cisteína.
Clorexidina Bactérias Gram 5,0 – 8,0 0,01 –0,1 Tensioativos
+ e Gram - aniônicos, gomas,
(pouco ativa alginato de sódio.
contra Inativada
Pseudomonas parcialmente por
spp) lecitina e Tween 80.
Pouco ativa
contra fungos.
Cloreto de Bactérias Gram 4,0 – 10 0,05 a 0,1 Agentes aniônicos,
benzalcônio + e algumas sabões, nitratos,
Gram - metais pesados,
citrato, proteínas.
Pode ser adsorvido
por materiais
plásticos.
Inativado por lecitina
e Tween

Conservante Espectro pH ótimo Concentração Incompatibilidades


antimicrobiano usual (%)
Diazolidinil Uréia Efetivo contra 3,0 – 9,0 0,1 a 0,5 É compatível com a
(Germall ® II) Bactérias Gram maioria dos
+ e Gram -. ingredientes
Apesar de cosméticos. Se
apresentar uma inativa por diluição.
certa ação
antifúngica, se
recomenda
utiliza-lo em
associação com
parabenos ou
outro
conservante
com atividade
antifúngica.
Dimetilodimetil Amplo espectro 4,0 – 9,0 0,15 – 0,6 Compatível com
hidantoína contra bactérias tensioativos
(DMDM hidantoína, aniônicos ,
Glydant®) catiônicos, não-
iônicos e proteínas.
Se inativa por
diluição e filtração.
Etanol (Álcool etílico) Bactérias e Ácido 10 Pode ser inativado
fungos por agentes não
iônicos.
O álcool a 95% é
incompatível com
goma arábica,
albumina, cloretos,
ácido crômico e
permanganato.
Fenoxietanol Bactérias Gram Ampla faixa de 0,5 a 2 Se inativa por
(Phenoxetol®, negativas pH diluição e uso de
Chemynol® F) Ativo contra agentes
Pseudomonas emulsificantes não-
Nota: É em altas iônicos tal como o
comercializado tb. na concentrações Tween 80
forma de misturas
com parabenos.
Glutaraldeído Bactericida 3,0 – 9,0 0,01 – 0,1 Estável em
(Glutaral®, muito efetivo temperaturas abaixo
Ucarcide® 250) frente bactérias de 38o C. a
Para produtos rinse Gram + e Gram presença de
off ( são enxaguados - amônia, aminas
e que não Biocida de primárias ou
permanecem em ampla eficácia proteínas na
contato prolongado formulação pode
com a pele) reduzir sua eficácia.
Imidazolidinil Uréia Bactérias Gram- 3,0 –3,9 0,1 – 0,5 Se decompõe em
(Germall ®115) + e Gram -, temperaturas acima
incluindo de 160o C.
Pseudomonas É compatível com a
maioria dos
ingredientes
cosméticos. Se
inativa por diluição.
Metil cloro Ativo contra 4,0 – 8,0 0,035 – 0,15 Inativado em pH alto
isotiazolinona e metil bactérias, (> 8,0) por aminas,
isotiazolinona fungos e sulfitos e
(Kathon® CG) leveduras mercaptanos.

Conservante Espectro pH ótimo Concentração Incompatibilidades


antimicrobiano usual (%)
Parabenos Ativo contra 3,0 – 9,5 Metilparabeno: Sua ativade se
Metilparabeno bactérias Gram 0,02 –0,3 reduz na presença
(Nipagin®) +, fungos e Propilparabeno: de tensioativos
Propilparabeno levedura. 0,02 a 0,1 aniônicos, não
(Nipasol®) Etilparabeno: iônicos,
Etilparabeno Não apresentam 0,05 –0,1 metilcelulose,
(Nipagin® A) boa atividade Butilparabeno: gelatina e proteínas.
Butilparabeno contra bactérias 0,01 – 0,1 São incompatíveis
(Nipabutil®, Gram - . Normalmente com álcalis e sais
Chemynol B) são utilizados de ferro. Se
na forma de inativam por diluição
associações e uso de
tensioativos não
iônicos tal como o
tween 80.
Quaternium 15 Efetivo contra 4,0 - 10 0,02 – 0,3 Se inativa por
(Dowicill® 200) bactérias Gram diluição e filtração.
positivas e
negativas,
incluindo
Pseudomonas.
Triclosan Ativo contra 4,0 – 8,0 0,1 – 0,3 Neutralizado por
(Irgasan® DP-300) bactérias e Tween e Lecitina
fungos
Formaldeído Fungos e 3,0 a 10,0 0,02 a 0,2 Amoníaco, álcalis,
bactérias Proibido o uso água oxigenada,
Gram+ e Gram- em proteínas, iodo,
preparações na permanganato de
forma de potássio, taninos,
aerossóis. ferro e sais de
metais pesados.
Misturas (Blends) de conservantes
Conservante Espectro pH ótimo Concentraç Incompatibilid
antimicrobiano ão usual ades
(%)
Butilparabeno + Amplo espectro 3,0 – 8,0 0,2 – 0,8 Idem
Etilparabeno + Abrange fungos, parabenos e
Metilparabeno + leveduras, bactérias fenoxietanol
Propilparabeno + Gram + e Gram --, com
Fenoxietanol boa atividade contra
(Chemynol®, Phenonip®, Pseudomonas
Phenova®, Uniphen)
Propileno glicol + Efetivo contra bactérias ........ 0,25 – 1,0 Compatível
diazolidinil uréia + Gram +, Gram - e com a maioria
metilparabeno + contra bolores e dos
Propilparabeno leveduras. ingredientes
(Germaben® II das
formulações
cosméticas tais
como proteínas,
tensioativos.
DMDM hidantoína + Ativo contra bactérias, Estável 0,05 –0,15 ........................
Iodopropinil bolores e leveduras em ampla
butilcarbamato faixa de
(Glydant Plus®) pH
Isopropilparabeno + Amplo espectro contra 4,0 – 8,0 0,3 – 0,6 Ligeiramente
Isobutilparabeno + bactérias Gram+, Gram inativado por
Butilparabeno -, bolores e leveduras agentes
(Liquapar Oil®) tensioativos
não iônicos.

Misturas (Blends) de conservantes


Conservante Espectro pH ótimo Concentraç Incompatibilid
antimicrobiano ão usual ades
(%)
Metil cloro-isotiazolinona Amplo espectro 3,0 - 9,0 0,05 – 0,1 Substâncias
e metil isotiazolinona microbicida alcalinas,
(Isocil PC 1,5%, Zonen aminas e
MI) sulfitos
2-fenoxietanol e p-cloro Amplo Ampla 0,3 – 0,5 Pode ser
metoxifenol faixa ligeiramente
(Emercide® 1199) inativado por
tensioativos
catiônicos e
não-iônicos

Nota: Agentes antioxidantes tais como o metabissulfito de sódio, ácido ascórbico (vitamina C), o BHT e o BHA
promovem o rebaixamento do potencial de oxi-redução, diminuindo a velocidade de crescimento de microorganismos
aeróbios e de anaeróbios facultativos. Dessa forma, atua sinergicamente ao sistema conservante. O EDTA devido sua
propriedade quelante também potencializa a ação preservante, removendo íons bivalentes necessários à estabilidade
da parede celular dos microorganismos. Portanto, a associação destas substâncias com conservantes aumenta a
eficácia preservante.

É importante considerar que a conservação de preparações cosméticas e bases


galênicas dependerá da escolha adequada do sistema conservante. A eficácia do sistema
conservante dependerá do espectro de atividade antimicrobiano do conservante escolhido,
da faixa de pH da formulação, compatibilidade com outros ingredientes da formulação e de
fatores dependentes da técnica de preparo (ex. temperatura).
A utilização de um sistema conservante contemplando a associação de conservantes
eficazes contra fungos e bactérias gram positivas e gram negativas (ex. parabenos +
imidazolidiniluréia; parabenos + fenoxietanol; parabenos + Bronopol ) corretamente
formulados seria mais eficaz do que a utilização de um único sistema conservante formado
por exemplo somente pelos tradicionais parabenos (metilparabeno e propilparabeno). Os
parabenos são bons conservantes porém são mais ativos contra bolores e leveduras e
também contra bactérias Gram positivas, não sendo eficazes contra bactérias Gram
negativas, incluindo contra a Pseudomonas.

5.3.5 Edulcorantes

Um grande número de agentes são utilizados como edulcorantes, incluindo a


sacarose, glicose, xarope de milho, sorbitol, manitol e outros açúcares. Normalmente estes
açúcares são empregados em grandes concentrações, influenciando na viscosidade do
veículo e podendo retardar a velocidade de dissolução de algumas drogas. Edulcorantes
não-calóricos (ex. sacarina, aspartame) também podem ser empregados, com a vantagem
de apresentarem poder adoçante muito maior do que os açúcares.

Principais edulcorantes empregados em formulações orais

Edulcorante Concentraç Solubilidade *Poder pH Incompatibili-dade


ão usual adoçante estabilidad / Segurança
e
(%)
Metais pesados
podem conduzir a
Sacarose Até 85 Água, álcool 1,0X ...... incompatibilidade
com ativos (vit.C)
Íons metálicos di e
trivalentes em
condições
Sorbitol 20 – 70 Água 0,5 – 0,7 ....... extremamente
X ácidas ou alcalinas.
Forma complexos
com alguns metais
(Fe, Al, Cu).
Manitol 7 Água (1:5,5) 0,5 – 0,7 ....... Soluções >20%
X podem precipitar
com NaCl, KCl e
em contato com
Álcool (1:83) plástico.
Glicerina Promove
(1:18) sensação
refrescant
e.

Sacarina 0,04 – 0,6 Água (1:1,2) 300 X > 2,0 Altas temperaturas
sódica (>125C)

Esteviosídeo 0,1 – 0,5 Muito solúvel 300 X ........... ...............


em água.

Aspartame** 0,1 – 0,5 Água (1:100) 180 X 2,0-5,0 Altas temperaturas.

Ciclamato 0,17 Água (1: 5) 30 X Estável em ........


sódio ampla faixa
de pH.

Ciclamato de 0,17 Facilmente 30 X Estável em ........


cálcio solúvel em ampla faixa
água, de pH.
praticamente
insolúvel em
etanol.

Edulcorante Concentraç Solubilidade *Poder pH estabilidade Incompatibili-


ão usual adoçante dade /
Segurança
(%)
Dextrose ...... Solúvel em 0,65X ........ Incompatível
água (1:1), com
solúvel em cianocobalamin
glicerina, a, sulfato de
solúvel em kanamicina,
etanol (1:60) varfarina sódica,
novobiocina
sódica.
Decomposição
de vit. Do
complexo B
pode ocorrer
com a dextrose
aquecida.Pode
reagir com
aminas (Reação
de Maillard),
amidas,
aminoácidos,
péptides e
proteínas. Pode
sofre
decomposição
com álcalis
fortes.

Xarope de 20 – 60 Miscível com ...... ........ Utilizado como


milho água; veículo de
parcialmente formulaçõe
(Glicose miscível com farmacêuticas
líquida, Karo) etanol. (ex. veículo de
soluções orais e
xaropes). Pode
ser consumido
por diabéticos.

Acesulfame 0,3 – 0,5 Água (1:3,7) 180-200 (pH ácido) Boa


de K*** X estabilidade ao
calor .
Sinergismo
edulcorante
com ciclamato
sódico e
aspartame.
0,03 – 0,24 Temperatura:
Sucralose**** Facilmente 300 – Estável em pH
(alimentos) estável na faixa
solúvel em 1000X neutro e ácido
Concentraçõ de -18o a +210o
etanol (95%), (entre 2,0 – 8,0.)
es maiores C.
metanol e
podem ser
água. pH ótimo:
eventualment
e utilizadas
na 5,0 – 6,0
edulcoração
de
medicamento
s.
Edulcorante Concentraç Solubilidade *Poder pH estabilidade Incompatibili-
ão usual adoçante dade /
Segurança
(%)
Maltitol Até 100 Água, 0,75 X 3,0 a 9,0 Baixo índice
solução glicerina, glicêmico.
Utilizado propilenoglicol. Consumo por
(derivado sozinho ou Miscível com diabéticos com
hidrogenado e em etanol. supervisão. >
hidrolisado de combinação 50g/dia pode
amido, com outros causar
Lycasin80/55 excipientes flatulência e
) diarréia.

Xilitol ........ Água (1:1,6) 1,0X ......... Incompatível


com agentes
Álcool (1:80) oxidantes.

propilenoglicol O xilitol tem o


(1:15) índice glicêmico
muito baixo e é
metabolizado
independentem
ente da insulina.
É considerado
seguro para
diabéticos.
...... Ácidos e bases
fortes. Na forma
aldeídica, reage
Frutose 45 – 99,5 Água (1:0,3) 1,17X com aminas, aa,
péptides e
proteínas
(coloração
marrom).
Estabilidade ao
calor até 70C.
Propriedade
evidenciadora
do sabor.
Limitação de
dose para
diabéticos até o
máx. de
25g/dia.
Adaptado: Allen Jr., 2002; Rowe et al. , 2003; Thompson, 2004.

*Poder adoçante comparado à sacarose.

** O aspartame é uma combinação de dois aminoácidos, o ácido L-aspártico e a L-fenilalanina em sua forma de metil
éster. Devido ao fato de conter a fenilalanina, o aspartame não deve ser utilizada por fenilcetonúricos (inabilidade de
metabolizar a fenilalanina).
*** O acesulfame de K é sintetizado a partir do éster terci-butil do ácido acetoacético e o isocianato fluorosulfonil.
Apresenta efeito edulcorante sinérgico com aspartame e ciclamato sódico.

**** A sucralose é um edulcorante sintético de baixa caloria, derivado clorado da sacarose. A sucralose é obtida pela
substituição seletiva de três grupos hidroxilas da sacarose pelo cloro.

6. Caracterização dos excipientes

As matérias primas, assim como os ativos, devem ser submetidas à ensaios


preconizados em compêndios oficiais, devendo encontrar-se em conformidade com as
especificações para terem seu uso liberado. De modo geral, e de acordo com a matéria
prima a ser analisada, os seguintes ensaios podem ser realizados: identificação, aparência
da solução, rotação específica, acidez ou alcalinidade, perda por dessecação, resíduo de
ignição, determinação do ponto de fusão, determinação do ponto de ebulição, pesquisa de
íons (ensaios limite de fosfato, sulfato, cloreto, metais pesados, ferro e arsênio),
determinação da faixa de pH, conteúdo de umidade, presença de impurezas voláteis,
presença de açúcares redutores, viscosidade, teor, gravidade específica, índice de refração,
presença de pirogênios e controle microbiano.
Além dos ensaios farmacopéicos citados acima, os pós, por exemplo, podem ter
determinadas suas características de compressão, fluxo, densidade, densidade aparente,
distribuição do tamanho das partículas, área superficial das partículas e solubilidade.
As propriedades físicas e físico-químicas das matérias primas podem ser
estabelecidas através de ensaios físicos simples, tais como, espectrofotometria no
ultravioleta, espectrofotometria no infra-vermelho, análises titrimétricas, ponto de fusão,
dentre outras. Ainda, podem ser feitos ensaios de funcionalidade e outros capazes de
determinar propriedades biofarmacêuticas. Os métodos de extração e síntese de MP têm
considerável influência nas propriedades do material final.
A partir das técnicas analíticas modernas, de alta resolução, podem ser avaliadas:
Estrutura molecular e prováveis interações químicas IR e RMN
Estabilidade, compatibilidade, grau de cristalinidade
e transição de fase DSC, TGA (calor)
Estrutura do cristal ou pó difração de raio-X
Higroscopia e formação de hidratos absorção isotérmica

 IR = espectro de absorção na região do infravermelho;


 RMN = ressonância magnética nuclear;
 DSC = calorimetria exploratória diferencial;
 TGA = análise termogravimétrica.
Contudo, devido à razões óbvias de custo e tempo, durante a fase de pré-
formulação, são indispensáveis informações, de acordo com a FF a ser preparada,
sobre a estrutura, estado cristalino, composição, granulometria, área superficial, densidade,
densidade aparente e pureza do excipiente. Ensaios mais criteriosos devem ser adotados
quando se necessita de informações mais detalhadas sobre o comportamento reológico e
mecânico das partículas, bem como a respeito das prováveis interações químicas e
incompatibilidades.

7. Desenvolvimento de novos excipientes

Do ponto de vista econômico, novos excipientes podem ser produzidos a partir


daqueles já existentes, após modificações de algumas propriedades físicas das mesmas,
tais como tamanho da partícula (micronização), tipo e grau de cristalização (anidro,
mohidratado, bihidratado, dentre outros).

Amido  polissacarídeo de origem vegetal, extraído de cereais, constituído de amilose e


amilopectina. A porcentagem de cada constituinte pode variar de acordo com a fonte de
extração: milho, batata, mandioca. O amido pode sofrer modificações físicas e/ou químicas
como a pré-gelatinização e a reticulação. Podem ser encontrados no mercado o Starch 
1500 (amido parcialmente pré-gelatinizado - 20%), Lycatab  PGS (completamente pré-
gelatinizado) e Pregeflo-CH (modificações físicas e químicas). Todos estes podem ser
empregados para preparo de comprimidos por compressão direta

Lactose  amplamente utilizada como diluente, é um dissacarídeo (glicose - galactose)


presente no leite, em concentração de, aproximadamente, 5%. Na forma de -lactose
monohidratada, apresenta conteúdo de umidade de cerca de 5%, sendo estável à atmosfera
e, não higroscópica. Pode ser desidratada através do uso de solventes ou de aquecimento.
A -lactose anidra obtida, apresenta a tendência de reconverter-se à forma monohidratada
quando exposta à umidade. A -lactose anidra pode ser obtida a partir de uma solução
concentrada de -lactose em temperaturas superiores a 93,5C sendo, essencialmente, não
higroscópica. Segundo definição encontrada na USP/NF, a lactose anidra é a -lactose
anidra ou uma mistura de  e -lactose anidras, com umidade inferior a 1%. A -lactose
encontrada no mercado contém uma mistura de 70% de -lactose e 30 % de -lactose.
A lactose natural pode ser facilmente modificada, química e fisicamente. Por muitos
anos, somente a -lactose monohidratada esteve presente no mercado e, devido a sua
baixa capacidade em fluir livremente, suas características de compressão são melhores que
a da forma anidra. Na década de 70, foi desenvolvida a lactose spray-dried, sendo
considerado o primeiro excipiente desenvolvido, especificamente, para sofrer compressão
direta, revolucionando a preparação de comprimidos por este processo. A lactose amorfa
obtida por spray-dried, melhora a compactabilidade dos pós e a força tênsil dos
comprimidos, a medida que seu conteúdo na mistura é aumentado. Isto pode ser explicado
como conseqüência do aumento na deformabilidade do material devido a ação plastificante
da água e ao aumento da área de contato entre as partículas, por causa da variação entre
as forças ligantes entre elas.

Celulose  é empregada como excipiente farmacêutico desde os anos de 1950, quando o


Solka-flock foi colocado no mercado. Apresenta-se como um pó fino que pode ser usado
como diluente e desagregante. Contudo, possui características pobres de fluxo e
compactação, sendo pouco indicada para o processo de compressão direta. A celulose
pulverizada pode ser obtida por purificação e redução da -celulose, com grau de
cristalinidade entre 15 e 45%. Dentre os inúmeros tipos de celulose disponíveis no mercado,
pode ser citada a Elcema, encontrada como pó micronizado ou granulado de diversos
tamanhos.
Na tentativa de melhorar as características da celulose, várias modificações foram
feitas. Dentre elas, aquela que levou à obtenção da celulose microcristalina (MCC), na qual
parte da -celulose sofre despolimerização por hidrólise ácida para remoção das frações
amorfas de celulose, produzindo partículas microcristalizadas. Para obter um pó deformável,
a celulose é lavada, desintegrada em pequenos fragmentos e sofre o processo de spray-
dried. A celulose microcristalina caracteriza-se por sua alta cristalinidade (60-80%) e baixo
PM. O grau de cristalinidade é importante devido à influência em várias propriedades
incluindo compactação e absorção de água interferindo, diretamente, no fluxo e na
estabilidade do produto acabado. A composição química e a estrutura da MCC irão
depender da MP empregada e das condições de produção. Como conseqüência, vários
tipos de MCC encontram-se disponíveis no mercado com diferentes granulometria,
cristalinidade, morfologia e conteúdo de água e, consequentemente, com diferentes
parâmetros funcionais e aplicação.
O primeiro tipo comercializado foi o Avicel , nos anos de 1960. Hoje em dia, continua
sendo um dos excipientes mais empregados na preparação de FF sólidas. Apresenta
excelentes características de fluxo e compactação, podendo ser usado para compressão
direta, eliminando a necessidade da adição de agente lubrificante na formulação. Sua
excelente ação como agregante é decorrente da formação de ligações de H entre as
cadeias adjacentes, originando estrutura cristalina peculiar que facilita um mecanismo
natural de interação e reticulação. Quando MCC é utilizada, baixas forças de compressão
são suficientes para produzir compactação adequada, resistente e com baixa friabilidade.
Após compactação, as partículas podem sofrer deformação plástica (comportamento macio)
e aglomeram-se formando ligações de H entre as moléculas adjacentes, oferecendo ao
sistema, uma compactação resistente e particular. Contudo, esta capacidade de
compactação é menor que a do amido, sofrendo desagregação rapidamente. Pode ser
empregada como diluente, desagregante e agente de esferonização na produção de pellets.
Quando comparada com outros excipientes, a MCC apresenta alto custo. Pode, portanto,
ser usada em combinação com outras MP, mais baratas: lactose, amido, manitol, dentre
outros.

Ciclodextrinas  são exemplos de excipientes conhecidos desde 1890 que, contudo, têm
sido recolocadas, recentemente no mercado, como agentes complexantes de ativos, na
tentativa de melhorar aspectos de solubilidade, estabilidade, reatividade e absorção, dentre
outros.

Combinação de excipientes  a combinação de 2 ou mais excipientes para a obtenção de


certa mistura de excipientes é comum na prática farmacêutica para melhorar características
de excipientes isolados e eliminar possíveis imperfeições. As propriedades finais dos
excipientes dependerão, dentre outros fatores, da tecnologia de preparo: mistura ou
aglomeração pelo método de spray-dryer.

7.1 Biopolímeros
Recentes avanços nas áreas de tecnologia farmacêutica e bioengenharia têm
permitido o desenvolvimento de sistemas de liberação de fármacos cada vez mais
específicos e seletivos, preparados a partir de materiais que podem ser mantidos em
contato com sítios orgânicos sem causar qualquer dano tecidual e possibilitando liberação
adequada do fármaco no sítio da ação e/ou por extensos períodos de tempo. Uma categoria
de polímeros que pode ser utilizada nas estratégias de liberação de fármacos é a dos
polímeros biodegradáveis, também conhecidos como biopolímeros. Estes são,
primariamente, polímeros insolúveis em água mas que são eliminados pelo organismo ou,
são capazes de sofrer decomposição química resultando na formação de unidades
monoméricas solúveis que serão excretadas. A degradação do polímero em oligômeros
pequenos ou unidades monoméricas menores é preferível àquelas substâncias de alto peso
molecular que, freqüentemente, induzem a respostas tóxicas. A biodegradação polimérica
envolve, usualmente, hidrólises químicas ou enzimáticas.
O controle da liberação do fármaco a partir de uma forma farmacêutica associa-se,
cada vez mais, à utilização de um sistema polimérico apropriado. A concepção de
medicamentos sólidos orais de liberação prolongada baseia-se, especialmente, em dois
princípios: separação da substância ativa do meio de dissolução por um revestimento ou
membrana ou, mistura íntima entre o fármaco e excipientes, conferindo à preparação
farmacêutica, resistência à desagregação. Os polímeros são, pelas vantagens tecnológicas
que apresentam, adjuvantes de destaque nesta área da farmacotécnica.

7.1.1 Polímeros acrílicos e metacrílicos


O emprego de polímeros acrílicos e metacrílicos na área farmacêutica vem sendo
difundido, principalmente, devido à grande quantidade de copolímeros que podem ser
obtidos através de diferentes combinações de monômeros e co-monômeros, originando
polímeros com propriedades bem distintas. Devido à sua natureza multifuncional,
propriedades únicas e biocompatibilidade, os polímeros acrílicos compõem um importante
grupo de excipientes farmacêuticos. As características variadas destes polímeros podem
estar relacionadas, dentre outros fatores, às diferentes propriedades químicas dos grupos
funcionais ligados à cadeia carbônica principal do polímero.
Os acrilatos e os metacrilatos diferenciam-se pela substituição do hidrogênio do
primeiro, por um grupamento metila, no segundo. A ausência de grupamentos metila, que
conerem características hidrofóbicas, nos derivados acrílicos, resultam em sua maior
reatividade e hidrofilicidade quando comparados aos derivados metacrílicos. Devido à
presença do grupo metil no ácido metacrílico, este é um ácido fraco (pKa 4,66) sendo,
portanto, insolúvel em água, exceto aqueles carboxilados que são solúveis em pH neutro ou
alcalino. Os grupos ésteres presentes nos ésteres polimetacrílicos são estáveis ao ataque
hidrolítico por ácido ou bases diluídas.
R1

H2C C COR2

Estrutura química básica dos derivados acrílicos e metacrílicos.

Nome químico R1 R2
Ácido Acrílico H OH
Ácido Metacrílico CH3 OH
Metilacrilato H O - CH3
Metilmetacrilato CH3 O - CH3
Butilcianoacrilato CN O - C4H9
Butilmetacrilato CH3 O - C4H9
Etilacrilato H O - C2H5
Hidroxietilmetacrilato CH3 O - (CH2)2 - OH
Acrilamida H NH2

Polímeros são substâncias constituídas por um ou mais tipos de monômeros ligados


em cadeia linear ou ramificada. Cadeias lineares comportam, somente, um tipo de unidade
monomérica enquanto que, polímeros constituídos por mais de um tipo de monômero,
chamados de copolímeros, apresentam estrutura reticulada, onde as unidades estão
dispostas de forma aleatória, alternada ou seqüencial. A liberação de fármacos de polímeros
lineares é, relativamente rápida, uma vez que, ao intumescerem-se continuamente, podem
sofrer solubilização. O estabelecimento de ligações covalentes, iônicas ou de pontes de
hidrogênio, entre as cadeias poliméricas, pode levar à formação de polímeros com cadeias
tridimensionais, capazes de prolongar o efeito da liberação dos fármacos. Outro modo de
diminuir o intumescimento do polímero e, consequentemente, retardar a liberação, consiste
na substituição dos monômeros hidrofílicos do polímeros por grupos de natureza hidrofóbica
mais acentuada. É o que ocorre com o polioxietileno (PEO), onde parte dos monômeros são
substituídos pelo óxido de propileno.
Grupos específicos (alil sucrose ou alil pentaeritritol) ligados a homopolímeros do
ácido acrílico dão origem às resinas comercialmente conhecidas como Carbopol .
Copolímeros do ácido acrílico modificados por grupos acrilatos de alquila e ligados ao alil
pentaeritritol originam o Pemulen.
Alguns tipos de resinas são insolúveis em água mas apresentam a capacidade de
absorvê-la até atingir um volume de 10 a 98% do seu volume original e, formarem um gel
insolúvel. São chamados de hidrogeles e, geralmente, são usados para liberar o fármaco
por difusão quando a matriz entra em contato com a água absorvendo-a. Fármacos
macromoleculares, incluindo novos produtos desenvolvidos a partir de biotecnologia como
hormônios polipetídicos, antibióticos, antígenos e enzimas, apresentam dificuldades de
incorporação em preparações de liberação lenta por terem liberação, freqüentemente,
diminuída devido ao grande tamanho das moléculas e baixa permeabilidade dos polímeros.
Hidrogeles parecem ser uma alternativa eficaz para a liberação destes fármacos .
Polímeros específicos, derivados do metacrilato, denominados de Eudragit, têm sido
desenvolvidos para ser empregados em diferentes etapas da obtenção de formas
farmacêuticas destinadas à administração oral, trazendo inúmeras vantagens, devendo ser
destacadas: (1) o revestimento de todas as formulações orais sólidas convencionais como
cápsulas, comprimidos e grânulos para obtenção de formas farmacêuticas de liberação
retardada; (2) preparação de pellets e, (3) obtenção de comprimidos de liberação sustentada
controlada por matrizes.
Uma enorme variedade de látex e pseudolátex constituídos de partículas poliméricas
coloidais dispersas em água, vêm sendo extensivamente empregadas na indústria
farmacêutica em substituição às soluções preparadas com solventes orgânicos. O uso
destes solventes apresenta alguns incovenientes, tais como, alto custo, presença de traços
de solventes no produto final, dificuldade de recuperação do solvente, danos ambientais e
perigo durante a manipulação por serem, na sua maioria, inflamáveis. Outra vantagem
apresentada pelas dispersões de partículas poliméricas coloidais em água é que não há a
necessidade de aquecimento dos polímeros até elevadas temperaturas, o que pode causar
degradação de certos fármacos termosensíveis.
Alguns tipos de Eudragit estão disponíveis no mercado sob a forma de dispersão
aquosa. Dentre eles podem ser citados o Eudragit  NE 30D, Eudragit L 30 D-55, Eudragit
RL 30D e o Eudragit RS 30D. Outros tipos de Eudragit  encontram-se nas formas de
soluções orgânicas ou substâncias sólidas.
Com base nas suas propriedades físico-químicas, no objetivo farmacotécnico a ser
alcançado e na técnica a ser empregada no processo produtivo da preparação farmacêutica,
diferentes tipos de Eudragit podem ser escolhidos. O Eudragit E pode ser empregado em
revestimentos que requerem desagregação rápida, para mascarar sabor e odor
desagradáveis, na proteção do pó contra abrasão e para incorporar pigmentos coloridos ou
não. O Eudragit L pode ser utilizado na preparação de revestimentos resistentes ao suco
gástrico, na obtenção de comprimidos destinados a dissolverem-se na boca ou, ainda, para
recobrir preparações que estarão sujeitas à climas tropicais. O Eudragit  tipo S é destinado
à preparação de revestimentos resistentes ao suco gástrico sendo retardantes da liberação
dependentes do pH. O Eudragit RL pode ser usado na preparação de formas que
necessitem de liberação retardada (retard) do fármaco independente do pH do trato
gastrointestinal (TGI) ou na preparação de revestimentos de rápida desagregação. Os tipos
RS e NE são também empregados em formulações retard pH independentes, sendo que o
NE pode ser usado como substância formadora de matrizes estruturais para liberação
prolongada do fármaco e, também, como aditivo de outras dispersões contendo Eudragit.

Nome Tipo Características de solubilidade Plastificante


comercial e permeabilidade recomendado
Eudragit E Copolímero aminoalquil Solúvel em suco gástrico até pH Não é necessário
metacrilato 5,0. Em pH > 5,0 entumescem e
tornam-se permeáveis.
Eudragit Copolímeros do ácido Solúveis nos fluidos intestinais Trietilcitrato e
L-100 metacrílico Tipo A em pH > 6,0. polietilenoglicol
Eudragit L 100-55 Copolímeros do ácido Solúveis nos fluidos intestinais Trietilcitrato e
Eudragit L 30 D metacrílico Tipo C em valores de pH a partir de 5,5. polietilenoglicol
Eudragit S Copolímero do ácido Solúvel em pH acima de 7,0. Trietilcitrato e
metacrílico Tipo B polietilenoglicol
Eudragit RL Copolímero metacrilato Filmes de alta permeabilidade. Trietilcitrato e
de amônio polietilenoglicol
Tipo A
Eudragit RS Copolímero metacrilato Filmes de baixa permeabilidade. Trietilcitrato e
de amônio polietilenoglicol
Tipo B
Eudragit NE Dispersão polimérica Filmes de média permeabilidade. Não é necessário

7.1.2 Polímeros derivados da celulose

A celulose é um polímero natural linear, composta por unidades glicosídicas, as quais


se encontram unidas por ligação  (1  4). Os anéis glicosídicos apresentam sítios reativos:
uma hidroxila primária em C6 e duas hidroxilas secundárias em C2 e C3. Os derivados da
celulose são obtidos por substituições nestas posições. A introdução do grupamento metila
origina a metilcelulose (MC); a reação com o cloroacetato de sódio fornece a CMC-Na; a
hidroxietilcelulose (HEC) é obtida pela reação da celulose com o óxido de etileno. Além dos
éteres derivados da celulose podem, também, ser obtidos, através de reações adequadas,
ésteres de celulose.
As substituições feitas no polímero de origem fornecem derivados com
características mais adequadas ao que se pretende. Por exemplo, controlando-se o peso
molecular do grupo substituinte, pode-se obter éteres de celulose com diferentes graus de
viscosidade. O controle no grau de substituição, isto é, no número de grupos hidroxílicos
substituídos, pode fornecer éteres de celulose com diferentes características de solubilidade
em água ou outros solventes de uso farmacêutico.
Os derivados da celulose compreendem uma série de polímeros solúveis em água
e/ou solventes orgânicos. Podem ser empregados nas formulações como agentes
espessantes, suspensores, protetores, aglutinantes, formadores de filmes para revestimento
ou como formadores de matrizes. Como principais exemplos de polímeros derivados da
celulose utilizados como formadores de matrizes hidrofílicas temos a metilcelulose (MC),
hidroxietilcelulose (HEC), hidroxipropilmetilcelulose (HPMC), hidroxipropilcelulose (HPC),
acetoftalato de celulose (CAP) e a carboximetilcelulose sódica (CMC-Na).
CH2OR' OH

O O

OH
OH

O O O

OH CH2OR
Fórmula estrutural das unidades de repetição que dão origem aos polímeros
derivados da celulose.

Principais polímeros derivados da celulose.

Polímero Substituinte R' Substituinte R


Metilcelulose H CH3
Hidroxipropilmetilcelulose CH3 CH2CH(OH)CH3
Etilcelulose H CH2CH3
Hidroxipropilcelulose CH2CH(OH)CH3 CH2CH(OH)CH3
Hidroxietilcelulose CH2CH2OH CH2CH2OH
Carboximetilcelulose sódica OCH2CH2OONa OCH2CH2OONa

8. Principais excipientes farmacotécnicos empregados na manipulação de formas


farmacêuticas magistrais

Para fins didáticos, os excipientes encontram-se agrupados de um modo racional.


Todavia, deve-se observar que um mesmo excipiente pode ser empregado em diferentes
formas farmacêuticas, exercendo funções distintas, de acordo com a concentração
empregada e o tipo de preparação.

8.1 Polímeros derivados da celulose empregados agentes espessantes e gelificantes:

8.1.1 Hidroxietilcelulose (Natrosol, Cellosize®)


Descrição: é um éter de celulose parcialmente substituído, não-iônico e hidrossolúvel. São
sinônimos: Cellosize, hidroxietiléter de celulose, HEC. É um pó higroscópico, inodoro e
insípido, que apresenta cor branca ou ligeiramente amarelada. Devido a sua natureza não-
iônica, o mecanismo de liberação de matrizes preparadas com HEC é independente do pH.
Encontra-se disponível no mercado com diferentes viscosidades.
Propriedades: solução aquosa a 1%p/v possui pH entre 5,5 e 8,5. Possui PF compreendido
entre 135 e 140C.
Empregos: pode ser empregada como agente espessante para preparações oftálmicas e
tópicas, como ligante ou agente de revestimento para FF sólidas. Sua concentração na
preparação vai depender do solvente empregado, do PM e do grau de viscosidade.
Solubilidade: solúvel em água (quente ou fria), forma solução clara e homogênea.
Praticamente insolúvel em acetona, etanol, éter e outros solventes orgânicos. Em alguns
solventes polares, como os glicóis, pode ser parcialmente solúvel ou sofrer intumescimento.
Estabilidade e estocagem: embora seja higroscópico, caracteriza-se por ser um pó estável.
Deve ser estocado em ambiente isento de umidade e calor e em recipiente hermeticamente
fechado.
Incompatibilidades: insolúvel em vários solventes orgânicos. Alguns sais, de acordo com a
concentração das soluções, podem precipitar na presença de HEC: carbonato de Na, sulfato
de Al, sulfato de Na, etc. É incompatível, também, com alguns compostos hidrossolúveis:
gelatina, MC, PVA e amido.
Segurança: material não tóxico e não irritante. Incluída no Guia de Ingredientes Inativos do
FDA como própria para o uso, primariamente, em formulações oftálmicas e tópicas. Ainda,
pode ser empregada na preparação de xaropes e comprimidos. Devido ao elevado nível
residual de etilenoglicol empregado para sua preparação, seu uso em medicamentos
parenterais e em produtos alimentícios, não é permitido.

Sugestões de formulações
Gel de Natrosol  é o gel de maior interesse para veiculação de ativos em dermatologia.
Apresenta caráter não iônico sendo solúvel em água quente ou fria. Indicado para a
incorporação de fármacos que provoquem abaixamento do pH final da formulação como, por
exemplo, ácido glicólico. Forma filme não oclusivo e de fácil remoção com água.

Gel aquoso de Hidroxietilcelulose (Gel não-iônico)


Hidroxietilcelulose...........................................1,0 – 2,2 – 3%
Metilparabeno..................................................0,2%
Imidazolidinil uréia (Germall 115)..................0,1%
Água deionizada qsp 100%

Gel Hidroalcoólico de Hidroxietilcelulose (Natrosol)

Hidroxietilcelulose (Natrosol)........................1,75%

Álcool etílico absoluto......................................30%

Água destilada qsp 100%


Procedimento de preparo:

1. Misturar o álcool e a água destilada.

2. Agitar a mistura anterior com agitador mecânico com hélice cerreada para para
preparação de géis.

3. Não aquecer.

4. Polvilhe aos poucos a hidroxietilcelulose sobre o turbilhão formado pela agitação e


deixar agitar até completa dispersão e hidratação do polímero. Cubra o béquer com filme
plástico para evitar a evaporação do álcool.

Nota: A hidroxietilcelulose é insolúvel na maioria dos solvente orgânicos. O tempo de


hidratação varia de 4 a 25 minutos.

Nota: A presença de álcool em concentrações acima de 15% funciona como preservante,


não sendo necessário a adição de outros conservantes.

8.1.2 Hidroxipropilmetilcelulose (Methocel)

Descrição: é um derivado polimérico - éter de celulose - não iônico. É isento de cor, odor e
sabor. Pode ser encontrada sob diversos nomes comerciais tais como, Culminal ,
Methocel, Metolose, Pharmacoat e MPHC, disponíveis em vários pesos moleculares e,
capazes de formar dispersões aquosas com diferentes graus de viscosidade. Apresenta-se
sob a forma de pó granular branco ou ligeiramente amarelado. É insípido e inodoro.
Propriedades: solução aquosa a 1%p/p apresenta pH entre 5,5 e 8,0. Possui PF
compreendido entre 190 e 200C. A temperatura de transição de fase encontra-se entre 170
e 180C.

Empregos: pode ser usada em preparações orais e tópicas. Nas FF orais, pode ser utilizada
como agente ligante, agente de revestimento ou como substância formadora de matriz. Na
concentração de 2 a 5%p/p pose ser usada como ligante nos processos de granulação a
seco e a úmido. Dependendo do grau de viscosidade, concentrações entre 2 e 10%p/p
podem ser usadas na preparação de soluções para revestimento (film coated). Usada,
também, como agente suspensor e de viscosidade em formulações oftálmicas. Ainda, como
emulsificante, suspensor e estabilizante em géis tópicos e pomadas, inibindo a
sedimentação e prevenindo coalescência e aglomeração de partículas.

Solubilidade: solúvel em água fria, formando solução viscosa coloidal. Praticamente


insolúvel em clorofórmio, etanol (95%) e éter.
Estabilidade e estocagem: pó estável, embora higroscópico. Soluções são estáveis em pH
compreendido entre 3 e 11. Elevação da temperatura reduz a viscosidade. Soluções
aquosas são suscetíveis à contaminação microbiana. Deve ser estocado em ambiente
isento de umidade e calor e em recipiente hermeticamente fechado. Pode ser empregada
concomitantemente com cloreto de benzalcônio em soluções oftálmicas.

Incompatibilidades: incompatíveis com alguns agentes oxidantes. Devido à sua natureza


não iônica, pode precipitar na presença de íons orgânicos e metálicos.
Segurança: material não tóxico e não irritante. Incluída no Guia de Ingredientes Inativos do
FDA como própria para o uso em formulações oftálmicas, cápsulas orais, comprimidos,
suspensões, xaropes e preparações tópicas e vaginais.

Sugestão de formulação

Gel de Hidroxipropilmetilcelulose (HPMC, Methocel F4 M Premium)


HPMC......................................................................4%
EDTA-Na2................................................................0,1%
Propilenoglicol ou dipropilenoglicol..........................5%
Propilparabeno.........................................................0,1%
Metilparabeno..........................................................0,15%
Imidazolidinil uréia (Germall 115)..........................0,5%
Água deionizada qsp 100%
Nota:O Germall 115 deve ser aditivado a frio ou em temperaturas menores que 60o C.

Gel hidroalcoólico de Hidroxipropilmetilcelulose (HPMC)


HPMC......................................................................2- 4%
Álcool etílico ou isopropílico.....................................30 – 70%
Glicerina ou propileno glicol.....................................10%
Água deionizada qsp 100%
Nota: A presença de álcool em concentrações acima de 15% funciona como preservante,
não sendo necessário a adição de outros conservantes.

8.1.3 Metilcelulose (Methocel)


Descrição: derivado da celulose isento de cor, odor e sabor. Pode ser encontrada sob
diversos nomes comerciais tais como, Celacol , Methocel, Culminal MC. Apresenta-se sob
a forma grânulos ou pó amarelo-esbranquiçado. É insípido e inodoro. Dispersões aquosas
são neutras. Pode ser empregada em formulações cujo pH compreende-se entre 2 e 11,
sem sofrer variação significante na viscosidade. Intumesce em água, produzindo solução
viscosa, coloidal e clara ou opalescente.
Propriedades: solução aquosa a 1%p/v apresenta pH entre 5,5 e 8,0. Possui PF entre 280 e
300C.
Empregos: pode ser usada em preparações orais e tópicas. Diluente de preparações
laxativas (5 - 30%); cremes, géis e pomadas (1 - 5%); agente emulsificante (1 - 5%);
preparações oftálmicas (0,5 - 1,0%); agente formador de matriz para liberação sustentada (5
- 75%); ligante (2 - 6%); agente de revestimento (0,5 - 5%); desintegrante (2 - 10%).
Solubilidade: solúvel em água fria, formando solução viscosa coloidal. Praticamente
insolúvel em clorofórmio, etanol (95%) e éter.
Estabilidade e estocagem: pó estável e ligeiramente higroscópico. Soluções são estáveis em
pH compreendido entre 3 e 11. Elevação da temperatura reduz a viscosidade. Soluções
aquosas são suscetíveis à contaminação microbiana. Deve ser estocado em ambiente
isento de umidade e calor e em recipiente hermeticamente fechado.
Incompatibilidades: incompatível com nitrato de prata, metilparabenos, propilparabenos,
butilparabenos, cloreto de cetilpiridíneo, clorocresol, cloreto de mercúrio, ácido
paraminobenzóico, ácido tânico e resorcinol, dentre outros. Sais de ácidos minerais,
particularmente, polibásicos, fenóis e taninos, podem coagular soluções de MC. Pode
precipitar na presença de concentrações elevadas de eletrólitos. Ainda, pode complexar a
tetracaína.
Segurança: material não tóxico, não alergênico e não irritante. Após administração oral, não
é digerida ou absorvida, sendo não calórica. Em grandes quantidades pode causar
flatulência e distensão gastrintestinal. Pode agravar casos de doenças gastrintestinais.
Obstrução esofágica pode ocorrer na presença de pouca quantidade de líquido. Incluída no
Guia de Ingredientes Inativos do FDA como própria para o uso em formulações de
comprimidos, pastilhas, preparações oftálmicas, cápsulas, injetáveis IM, suspensões,
preparações tópicas e vaginais.

Sugestão de formulação
Formulações a base de metilcelulose de 1 a 5% podem ser utilizadas na preparação de
xaropes, originando um veículo adequado para preparações orais líquidas. Podem ser
adicionados conservantes, tais como benzoato de sódio ou sorbato de potássio
(200mg/100mL de xarope). A inclusão de solução de MC em xaropes simples pode originar
um excelente veículo para incorporação de fármacos destinados ao uso pediátrico.
Solução de metilcelulose 1 a 5%
1% 2% 3% 4% 5%

MC 1500cP 1g 2g 3g 4g 5g
Água puruficada
qs 100mL qs 100mL qs 100mL qs 100mL qs 100mL

Veículo oral líquido contendo metilcelulose 1%


Solução MC 1% 50mL
Glicerina 3mL
Xarope flavorizado qs 100mL
Benzoato de sódio ou
sorbato de potássio 200mg

Gel de Metilcelulose
Metilcelulose 1500cps..............................................5%
Imidazolidinil uréia (Germall 115)..................0,1%
Sorbato de potássio.........................................0,1%
Água deionizada qsp 100%

8.1.4 Carboximetilcelulose sódica (CMC-Na):


Descrição: apresenta-se sob a forma de pó ou grânulo branco ou ligeiramente amarelado. É
inodoro, com leve sabor de papel. Polímero aniônico, quase nunca empregado na obtenção
de gel para veiculação de ativos dermatológicos. Mais utilizada para preparação de gel oral
e como agente suspensor. Pode ser usado como excipiente na manipulação de pós,
aumentando o tempo de desintegração de cápsulas e comprimidos, retardando a liberação
do fármaco.
Propriedades: possui PF em torno de 227C e pKa de 4,30. Solução 1% p/v possui pH entre
6 e 8.
Empregos: agente emulsificante (0,25 - 1%); agente gelificante (4 - 6%); soluções orais (0,1
- 1%); aglutinante (1 - 6%).
Solubilidade: praticamente insolúvel em acetona, etanol éter e tolueno. Facilmente
dispersível em água quente, formando soluções claras e coloidais.
Estabilidade e estocagem: pó estável e ligeiramente higroscópico. Na presença de umidade
podem absorver cerca de 50% de água. Solução aquosa é estável em pH entre 2 e 10,
apresentando estabilidade máxima, geralmente entre 7 e 9. Deve ser acondicionada em
local seco e livre de umidade.
Incompatibilidades: incompatível com goma xantana, ácidos fortes, sais de cálcio e outros
metais como alumínio, mercúrio e zinco. Pode complexar alguns fármacos, retardando
demasiadamente sua liberação a partir de FFS.
Segurança: incluída no Guia de Ingredientes Inativos do FDA como própria para o uso em
cremes dentais, injetáveis IM, SC, intra-articular, intrasinovial, cápsulas orais, soluções,
suspensões, xaropes, comprimidos, preparações vaginais e tópicas. Material não tóxico e
não irritante.

Sugestão de formulação

Xarope dietético (para diabéticos)


CMC-Na 2,00%
Nipagin 0,15%
Sacarina 0,10%
Ciclamato 0,05%
Água destilada qsp 100,00mL

Base para creme dental não abrasivo


CMC-Na 0,1500g
Sorbato de potássio 0,2000g
Sorbitol 70% 17,0000g
Dióxido de titânio comum 1,0000g
Glicerina bidestilada 35,0000g
Sílica pirogênica 8,0000g
LSS pó 1,0000g
Flavoriznte 1,0000g
Água desmineralizada qsp 100,0000g

Gel de Carboximetilcelulose sódica


Carboximetilcelulose sódica .............. 5,0%
Metilparabeno .................................... 0,15%
Glicerina ............................................ 10%
Água destilada qsp 100g
8.1.5 Hidroxipropilcelulose (HPC, Klucel)
A hidroxipropilcelulose forma géis não iônicos. Possui propriedades emulsificantes,
sendo solúvel em água fria, solúvel em álcool, insolúvel em água quente. É um polímero
ideal para o preparo de géis que empregam um alto teor alcoólico para solubilização de
determinados ativos (ex. ácido azeláico, ibuprofeno, etc).
Incompatibilidades: derivados fenólicos tais como metilparabeno, propilparabeno. Altas
concentrações de sais inorgânicos.
Géis de HPC são estáveis na faixa de pH compreendida entre 6 a 8.

Gel hidroalcoólico de Hidroxipropilcelulose (HPC, Klucel HF)


Hidroxipropilcelulose (1500 cps)..............................2%
Propileno glicol.........................................................5%
Álcool etílico 70% qsp 100%
Nota: A presença de álcool em concentrações acima de 15% funciona como preservante,
não sendo necessário a adição de outros conservantes.

Gel aquoso com Hidroxipropilcelulose (HPC, Klucel HF)


Hidroxipropilcelulose (1500 cps)..............................2%
Glicerina...................................................................30%
Metilparabeno..........................................................0,15%
Propilparabeno.........................................................0,05%
Água deionizada qsp 100%

8.2 Polímeros derivados dos ácidos acrílico e metacrílico empregados como agentes
gelificantes

Carbômeros:
São polímeros sintéticos do ácido acrílico combinado, através de ligações cruzadas, com
alilsacarose ou alil-éteres de pentaeritrol. Apresentam alto peso molecular (de 500.000 a
alguns bilhões de daltons). Consistem de cerca de 56 a 68% de grupos carboxilas.
As resinas de carbopol são os agentes gelificantes mais comumente utilizados na farmácia
magistral. Existem vários tipos de resinas de carbopol, sendo importante a escolha correta
para alcançar o atributo desejado. Formam géis aniônicos.
Incompatibilidades: Os carbopóis são incompatíveis com resorcinol, fenol, polímeros
catiônicos, ácidos fortes e altas concentrações de eletrólitos. Traços de ferro e outros metais
de transição podem catalíticamente degradar as dispersões de carbopol.
Estabilidade dos géis de carbopol: varia de acordo como tipo de carbopol. A faixa de pH
para a máxima viscosidade situa-se entre 6 e 11.
Concentrações usuais: 0,5 – 2,0 % (a faixa de concentração usual pode variar conforme o
tipo de carbômero).
Carbopol 934:
Fraca tolerância iônica, produz géis turvos, porém oferece boa estabilidade e viscosidade
alta em emulsões e suspensões. Produz géis de alta viscosidade.

Carbopol 934P (grau farmacêutico):


É o carbopol de grau farmacêutico, que apresenta um conteúdo de benzeno residual baixo
limitado a 0,1%. É empregado como espessante, agente suspensor e emulsificante, tanto
em formulações orais como nas de uso tópico.
É empregado como formador de matriz coloidal em formas farmacêuticas sólidas de
liberação controlada. Os carbômeros sem a designação "P" não devem ser utilizados em
preparações de uso interno.

Carbopol 940:
É o preferido por produzir géis cristalinos, brilhantes aquosos ou hidroalcoólicos. É o de
maior efeito espessante, dentre as resinas de carbopol. Possui fraca tolerância a eletrólitos.
Somente pode ser empregado em preparações tópicas.

Carbopol 941
Proporciona emulsões permanentes e suspensões em baixas viscosidades. Os géis obtidos
apresentam excelente limpidez. Apresentam melhor desempenho em sistemas iônicos do
que os outros carbopóis. Proporcionam maior viscosidade que as resinas 934 e 940.

Carbopol Ultrez
Apresenta a flexibilidade na formulação e espessamento semelhante aos outros carbopóis.
No entanto, apresenta propriedades de dispersão superiores aos outros. O preparo do gel
com o Carbopol Ultrez é mais fácil e rápido, pois a sua resina dispersa-se facilmente,
economizando tempo. É utilizado no preparo de géis e emulsões. Concentração usual:
0,5%.
Carbopol ETD 2020
Carbopol de fácil dispersão em água, menos susceptíveis à formação de grumos. Utilizado
para obtenção de géis aquosos e estabilizantes de emulsões o/a. Concentração usual 0,5%.

Carbopol AQUA SF-1


Utilizado como espessante em produtos de higiene pessoal tais como: shampoos, géis para
banho, sabonetes líquidos, produtos de limpeza facial e esfoliantes. É compatível com
surfactantes e são estáveis em pH baixo, podendo ser empregados até mesmo em
formulações contendo ác. salicílico. As preparações contendo o Carbopol AQUA SF-1
devem ser preferencialmente neutralizadas na faixa de pH entre 6,2 a 6,6.
Concentrações usuais: 5 a 23%.

Carbopol 980 e Cabopol 974


Novos carbopóis desenvolvidos para substituir o Carbopol 940 e o Carbopol 934,
respectivamente. Estes novos carbopóis não são polimerizados em benzeno, substância
com potencial cancerígeno proibida em alguns países.

Nota: A resina de carbopol, quando dispersa em água, umecta e forma uma dispersão
aquosa (resina/água) com valor de pH na faixa de 2,8 - 3,2. Neste estado pré-dissolvido a
molécula de carbopol está extremamente enrolada e sua capacidade espessante é limitada.
Para obter o espessamento é necessário a neutralização com bases inorgânicas, como o
hidróxido de sódio ou aminas de baixo peso molecular (ex.: trietanolamina,
aminometilpropanol).
Ao acrescentar trietanolamina ou hidróxido de sódio, o polímero (carbopol) “estica”, devido a
neutralização dos grupos carboxilas presentes no polímero .
O máximo de viscosidade e transparência no gel de carbopol é conseguido com o pH 7,
mais aceitável viscosidade e transparência começa no pH 4,5 a 5 e se estende ao pH 11.
Quantidade de neutralizante a ser acrescentada em um gel de carbopol:
 Trietanolamina: a mesma quantidade do carbopol
 Aminometilpropanol (AMP-95):de 70-80% da quantidade de carbopol.
 Hidróxido de sódio: cerca da terça parte da quantidade de carbopol adicionada

Pemulen®
São polímeros ácidos poliacrílicos de alto peso molecular. Apresentam propriedades
emulsificantes o/a e gelificantes. Apresentam excelente estabilidade e compatibilidade com
a pele e baixa irritabilidade. Apresentam estabilidade na faixa de pH entre 4,0 e 8,0. Existem
dois tipos de Pemulen, o Pemulen TR-1 e o Pemulen TR-2. A seleção do tipo de Pemulen a
ser utilizado depende da viscosidade desejada ou da quantidade de óleo a ser emulsificada.
O Pemulen TR-2 tem um maior poder emulsificante de óleos que o Pemulem TR-1, porém
suas preparações ficam menos viscosas. O Pemulen TR-1 apresenta viscosidade relativa
média, emulsificando até 20% de óleo. O Pemulen TR-2 apresenta viscosidade relativa
baixa, podendo emulsificar até 50% de óleo em concentrações usuais. Para o preparos de
géis o Pemulen TR-1 é o mais apropriado. Para formar géis com o Pemulen é necessário
neutralizá-lo na faixa de 4,0 a 8,0 com trietanolamina, aminometil propanol (AMP-95) ou
hidróxido de sódio. O Gel com Pemulen constitui em um veículo ideal para incorporação e
dispersão de filtros solares facilando sua dispersão uniforme e permanência na superfície da
pele. Formam géis aniônicos.
Concentrações usuais: Pemulen TR-1(0,2 – 0,4%); Pemulen TR-2 (0,15 – 0,3%).
Incompatibilidades: altas concentrações de eletrólitos.

Sugestão de formulações
Gel de Carbopol 940 - 2%
Carbopol 940 2,00%
EDTA Na2 0,10%
NaOH (solução a 10%) 0,6% ou q.s.p. pH 7,0

Dipropilenoglicol 3,00%
Metilparabeno 0,10%
Propilparabeno 0,05%
Imidazolidinil uréia 0,30%
Água desmineralizada q.s.p. 100,0%

Gel de Pemulen 1%

Ingredientes Nome comercial Conc. (%)p/p


Diestearato de Metilglicose PEG 20 Glucam E 20 1,5
EDTA-Na2 ............. 0,05
Metilparabeno Nipagim 0,15
Propilparabeno Nipazol 0,1
Água deionizada qsp ..................... 100
Imidazolidiniluréia Germall 115 0,1
Polímeros cruzados alquil acrilato C10-30 Pemulen TR1 1

Procedimento de preparo:
1. Dissolver o metilparabeno e o propilparabeno no propilenoglicol.
2. Solubilizar o EDTA e o Glucam na Água.
3. Misturar 1 em 2.
4. Aquecer a 70 – 75ºC .
5. Adicionar o Pemulem aos poucos, com agitação em 4000 rpm (hélice serrilhada), até
completa homogeneização (agitar cerca de 1 hora com a hélice no fundo do recipiente).
6. Resfriar a 40 ºC e adicionar o Germall previamente diluído em pequena quantidade de
água. Misturar.
7. Deixar em repouso por 24 horas.para desincorporação do ar.
8. Ajustar o pH para 6,5 a 7,0 com trietanolamina.

Nota:Veículo ideal para produtos que contenham filtros solares.


Características: Gel transparente.

Base para emulsão solar


Pemulen TR-2 3,00%
Dipropilenoglicol 30,00%
Nipagin 2,00%

Nipasol 1,00%

Água desmineralizada 64,00%



Polímero emulsionante aniônico. A base é indicada para preparação de. cremes e loções O/A destinadas à
incorporação de filtros protetores solares. Geralmente utilizada a 10%.

Emulsão protetora solar FPS 25

Base Pemulen TR-2 10,00%


Cetiol 5,00%
BHT 0,05%
Escalol 557* 7,50%
Escalol 587** 5,00%
Escalol 597*** 4,00%
Benzofenona 3**** 4,00%
Álcool cetoestearílico 0,20%
Copolímero de PVP 1,00%
EDTA-Na2 0,10%
NaOH (solução a 10%) 0,80%
Ciclometicona 2,00%
Imidazolidinil uréia (solução 50%) 0,60%
Fragrância 0,10%
Água desmineralizada q.s.p. 100,0%
* p-metoxicinamato de octila: UVB;  = 289/311nm.
**salicilato de octila: UVB;  = 307/310nm. ***octocrileno: UVA/UVB;  = 303nm.
****benzofenona 3: UVA/UVB;  = 288/325/329nm.

8.3. Principais excipientes para pomadas

8.3.1.Vaselina sólida (Petrolato ou gel de petrolato)


A vaselina é constituída por uma mistura de hidrocarbonetos da série parafínica e oleofínica.
A vaselina é untuosa e destituída de cheiro ou sabor. Funde-se entre 38 a 60ºC. Sua
coloração varia de acordo com o grau de purificação variando de de uma coloração
amarelada (nesse caso é chamada de vaselina amarela) a branca (vaselina branca). A
vaselina branca está associada a uma menor incidência de reações de hipersensibilidade,
sendo a preferida para o uso farmacêutico ou cosmético.
A vaselina é a base emoliente de pomadas mais utilizada em formulações farmacêuticas,
sendo pouco absorvida pela pele.
Concentrações usuais: Pomadas : até 100%; Emoliente em cremes: 10-30% .
Incompatibilidades: A vaselina é um excipiente inerte com poucas incompatibilidades,
exceção se faz com o bálsamo do peru que forma 2 camadas quando adicionado à vaselina.
Estabilidade: a vaselina é um material estável e inerte. A maioria dos problemas de
estabilidade está ligado à presença de pequenas quantidades de impurezas. Com a
exposição à luz estas impurezas podem ser oxidadas e produzir uma alteração indesejável
na cor e no odor da vaselida. A oxidação pode ser evitada com adição de antioxidantes
adequados tais como o BHT, BHA ou o alfa-tocoferol. A vaselina não deve ser aquecida por
períodos prolongados em temperaturas acima de 70oC. Podendo, no entanto ser esterilizada
por calor seco.
Armazenamento e conservação: recipiente bem vedado, protegido da luz, em local fresco e
seco.

8.3.2.Parafina sólida (Parafina, Parafina dura)


A parafina é uma mistura purificada de hidrocarbonetos saturados sólidos obtido do petróleo.
A parafina é utilizada principalmente em formulações farmacêuticas de uso tópico como um
componente de cremes e pomadas. Em pomadas, ela pode ser utilizada para elevar o ponto
de fusão da formulação e para aumentar sua dureza e consistência. A parafina é inodora e
sem sabor sendo incolor, translucente ou branca. Apresenta o ponto de fusão entre 50 -
72oC.
Concentração usual: 2 - 5 % (agente de consistência em pomadas).
Estabilidade: estável, embora repetidas fusões possam alterar suas propriedades físicas.
Armazenamento e conservação:em recipiente bem vedado e armazenado em temperaturas
não excedente a 40oC.

8.3.3. Gel de Petrolato-Polietileno - Plastibase (Unigel - Chemyunion)


Trata-se de uma combinação de vaselina líquida e parafina aquecida com polietileno e
resfriada em condições especiais.
É uma base para pomadas e géis oleosos translúcidos, a qual destina-se para incorporar
princípios ativos lipossolúveis e hidrossolúveis.
Não possui o odor e o aspecto indesejável das pomadas tais como as pomadas à base de
lanovaselina. Sofrem pouca influência da temperatura mantendo sua consistência mesmo
em altas temperaturas.
Possui facilidade de incorporação (viabiliza a adição de princípios ativos, tanto na forma
sólida como na forma líquida).
Pode ser utilizada como único excipiente da fórmula ou como aditivo em pomadas oleosas
(ex.lanovaselina).
O gel de petrolato-polietileno proporciona à pomada maior brilho e melhor espalhamento,
minimizando o odor original e a probabilidade de irritação cutânea.
Em testes realizados de irritação ocular e dérmica, o gel de petrolato-polietileno provou não
ser irritante, sendo ideal para aplicação em produtos infantis, em produtos para peles
sensíveis e em pomadas oftálmicas.

A. Relação de alguns fármacos que podem ser incorporados no Gel de Petrolato-polietileno:

 Alantoína
 Bacitracina
 Cetoconazol
 Cloranfenicol
 Econazol
 Heparina
 Nistatina
 Nitratos
 Nitrofurazona
 Óxido de zinco
 Sulfato de Gentamicina
 Sulfato de Neomicina
 Tetraciclina
 Triancinolona

O gel de petrolato-polietileno é também utilizado no preparo de orabase (veículo para


administração de medicamentos na mucosa oral).

Formulação:

Sugestão de Pomada orabase


Fase aquosa*..................................................60 %
Gel de Petrolato-Polietileno.............................40 %

Procedimento:
Adicionar os ativos de acordo com a prescrição médica. Caso sejam hidrossolúveis,
incorporá-los na fase aquosa, em seguida adicione o gel de petrolato-polietileno. Caso
sejam lipossolúveis ou miscíveis em óleo, incorporá-los no gel de petrolato-polietileno,
adicionando em seguida a fase aquosa.

*Fase aquosa
Pectina............................................................10%
CMC(média viscosidade)................................0,5%
Gelatina...........................................................0,5%
Metilparabeno..................................................0,15%
Água destilada qsp 100%

Procedimento de preparo:
Aqueça a água à fervura, dissolva o metilparabeno, pulverize o CMC sobre a solução,
misturando e conservando o aquecimento, misture a gelatina e por último adicione a pectina
aos poucos, deixe esfriar. Conserve em geladeira.

8.3.4.Lanolina (lanolina anidra, lanolina refinada, suarda, Adeps lana)


A lanolina é extraída da lã de carneiro, sendo em seguida purificada. A lanolina anidra é a
mais utilizada em formulações farmacêuticas e cosméticas e deve conter no máximo 0,25%
de água. A lanolina possui propriedades emulgentes A/O, incorporando apreciável
quantidade de água (cerca de 2 vezes o seu peso). Apresenta o ponto de fusão de 38 -
44oC. Quando adicionada em pomadas, otimiza a penetração cutânea, facilitando a
absorção de fármacos. Os inconvenientes do uso de lanolina estão relacionados à sua cor,
ao cheiro desagradável*, persistente e difícil de mascarar, além da possibilidade de provocar
alergias e ser pouco manejável, dada sua elevada viscosidade.
A alergia atribuída ao uso de lanolina, pode ser causada pela presença de álcoois graxos
livres. Entretanto, a hipersensibilidade é relativa incomum, estimada em torno de 5 casos
por milhão. Outra desvantagem da lanolina é a sua tendência a rancificar quando exposta a
luz, ar ou umidade por longos períodos.
A lanolina é miscível com vaselina, sendo sempre recomendada quando se deseja
incorporar produtos hidrófilos em vaselina ou na preparação de pomada não oclusiva. A
lanolina pode ser esterilizada por calor seco a 150oC durante 1 hora.
Concentração usual: Na pomada simples, a lanolina é empregada na concentração de 30%.
Incompatibilidades: A lanolina pode conter alguns pró-oxidantes que podem afetar a
estabilidade de determinados fármacos.
É conveniente a adição do BHT (antioxidante) na concentração de 0,02% na pomada de
lanovaselina.
Conservação e armazenamento: armazer em recipientes hermeticamente fechados,
protegido da luz, em local fresco, seco em uma temperatura inferior a 25oC.
* A lanolina quando utilizada em concentrações de 5 a 25% como constituinte de outras
bases, tem o seu odor não é objetável.

A. Pomada de Lanovaselina (Pomada simples)


Lanolina....................... 30%
BHT............................ 0,02%
Vaselina sólida qsp 100%

Procedimento de preparo:
Passo 1: Pesar os componentes.
Passo 2: Solubilizar o BHT em qs de vaselina líquida.
Passo 3: Misturar os componentes, num gral com um pistilo ou em uma placa de vidro com
uma espátula.

8.3.5.Lanolina hidratada
A lanolina hidratada é amplamente utilizada em preparações tópicas farmacêuticas e
cosméticas, com aplicações similares à lanolina (lanolina anidra). É empregada como
agente emulsificante em cremes tipo a/o e em pomadas. A lanolina hidratada é uma mistura
de lanolina e 25% (p/p) de água. Comparativamente à lanolina anidra, a lanolina hidratada
incorpora mais água. A lanolina hidratada é untuosa e apresenta coloração amarelada, odor
característico. Apresenta o ponto de fusão de 38-44oC. Concentração usual, estabilidade,
conservação e armazenamento são idênticos a da lanolina hidratada.

8.3.6.Polietilenoglicóis (PEG 400, PEG 600, PEG 3350, PEG 4000)


Também são conhecidos com o nome comercial de Carbowax  ou Macrogol, são formados
de uma série de polímeros resultantes da condensação de óxido de etileno e água. Os
polietilenoglicóis sem apresentam em consistências diversificadas, variando de líquidos
viscosos a sólidos tipo ceras. A consistência aumenta com o aumento do peso molecular.
Aqueles com PM de 200 a 600 se apresentam como líquidos viscosos, enquanto aqueles
com PM acima de 1000 se apresentam na forma sólida (ceras). São empregados como
bases para pomadas, plastificantes, solventes, base para supositório e também como
lubrificantes de cápsulas e comprimidos. Os polietilenoglicóis sólidos são geralmente
empregados no preparo de pomadas cuja consistência pode ser ajustada com a adição de
polietilenoglicóis líquidos.
Polietilenoglicóis são substâncias que apresentam características tipicamente hidrófilas. São
excelentes emulsivos de óleo em água, pois apresentam atividade sobre a tensão
superficial.
A pomada PEG pode causar ardência, principalmente quando aplicada em mucosas.
Reações de hipersensibilidade a polietilenoglicóis já foram relatadas. É contra-indicado o
uso de pomadas a base de polietilenoglicóis em pacientes com queimaduras extensas, pois
os mesmos são hiperosmóticos.

Faixa de fusão de alguns PEGs sólidos:


PEG Faixa de fusão
PEG 1000 37-40 oC
PEG 1500 44-48 oC
PEG 4000 50-58 oC
PEG 6000 55-63 oC

Incompatibilidades: Mostram-se incompatíveis com numerosas substâncias que


freqüentemente reagem com eles pelas funções alcoólicas primárias. Penicilinas, bacitracina
e cloranfenicol têm suas atividades antimicrobianas reduzidas pelo PEG. O ácido salicílico, o
fenol, o resorcinol, os barbitúricos e os taninos são incompatíveis com os PEG. Bases de
PEG não acomodam grandes quantidades de água, amolecendo.

Sugestão de formulação
Pomada PEG
PEG 400 (carbowax 400).................................. 33,33%
PEG 4000 (carbowax 4000)............................... 33,33%
Propilenoglicol.................................................. 33,33%

Procedimento de preparo: Fundir os componentes em banho-maria, na temperatura em


torno de 65 oC.

8.4. Agentes emulsificantes


Os agentes emulsificantes auxiliam na produção de uma dispersão estável, pela redução da
tensão interfacial e consequente manutenção da separação das gotículas dispersas, através
da formação de uma barreira interfacial. Os agentes emulsificantes mais eficientes são
também agentes tensioativos.
Os agentes emulsificantes (tensioativos) têm grupamento polar (hidrofílico) que é orientado
em direção a água e grupamento apolar (lipofílico) que está direcionado ao óleo.
O tipo de emulsão é determinado pela solubilidade do agente emulsificante:
Se o agente emulsificante é mais solúvel em água (hidrofílico), então a água será a fase
contínua, consequentemente se formará uma emulsão do tipo o/a .
Se o agente emulsificante é mais solúvel em óleo (lipofílico), então o óleo será a fase
contínua, consequentemente se formará uma emulsão do tipo a/o.
Se uma substância é adicionada na formulação de uma emulsão e altera a solubilidade do
agente emulsificante, o equilíbrio pode ser alterado e a emulsão poderá mudar de tipo. A
esta alteração denominamos inversão de fase.

Escolha do Agente Emulsificante:


A escolha do agente emulsificante é determinada pelos ingredientes ativos e pela utilização
do produto.

Agentes emulsificantes de ocorrência natural:


A.Polissacarídeos: goma arábica (melhor emulsificante para emulsões orais o/a), goma
adraganta (aumenta a viscosidade da emulsão, prevenindo a cremagem) e outros como o
amido, a pectina e a carragena são utilizados para estabilizar a emulsão.
B. Polissacarídeos semi-sintéticos: carboximetilcelulose e metilcelulose de baixo grau de
viscosidade formam emulsões o/a.
C. Substâncias contendo esteróis: atuam como agentes emulsificantes a/o (ex.: cera de
abelha, lanolina e álcoois de lanolina).
8.5. Surfactantes: Contêm regiões hidrofílicas e lipofílicas na molécula.

8.6. Surfactantes Aniônicos: São sais orgânicos que em água, possuem ação tensioativa
aniônica. São amplamente empregados em emulsões para uso externo como emulsificante
o/a . São incompatíveis com alguns cátions inorgânicos e com um amplo número de cátions
orgânicos , como a cetrimida. Eles precisam estar na forma ionizada para serem efetivos; as
emulsões preparadas com tensioativos aniônicos são geralmente estáveis em pH alcalino.
Exemplos: Estearato de Sódio (o/a), Oleato de Cálcio (a/o), Trietanolamina (o/a), Lauril
Sulfato de Sódio (o/a).

8.7. Surfactantes Catiônicos:


São normalmente quaternários de amônio, têm um cátion tensioativo. São utilizados na
preparação de emulsões o/a para uso externo e precisam estar ionizados para serem
efetivos. As emulsões formadas por surfactantes catiônicos são geralmente estáveis em pH
ácido. Os surfactantes catiônicos apresentam também ação antimicrobiana.
Exemplos: Cetrimida, cloreto de benzalcônio.

8.8. Surfactantes não-iônicos:


São substâncias sintéticas e representam o mais numeroso grupo entre os
surfactantes. São empregados para preparação tanto de emulsões o/a como de emulsões
a/o para uso externo e interno. Os surfactantes não-iônicos são compatíveis com
substâncias aniônicas e catiônicas são muito resistentes a mudanças de pH. O tipo de
emulsão formada depende do equilíbrio entre os grupos hidrofílicos e lipofílicos, o HLB
(hydrophilic-lipophilic balance).
Exemplos: Glicóis, Ésteres de Glicerol, Polissorbatos (Tweens), Ésteres de Sorbitano,
Éteres e Ésteres de PEG, Álcoois Graxos Superiores e Álcoois Polivinilicos.
O equilíbrio hidrófilo-lipófilo de um emulsificante ou E.H.L. é um sistema de
classificação. Neste sistema são dados aos emulsificantes, designações numéricas
normalmente entre 1 e 20, dependendo da força das porções hidrofílica e lipofílica da
molécula. Caso o valor do EHL seja baixo, o número de grupos hidrofílicos no surfactante é
pequeno, significando que ele é mais lipofílico (lipossolúvel) que hidrofílico (hidrossolúvel).
Em contrapartida, caso o valor do EHL seja alto, significará que há um grande número de
grupos hidrofílicos na molécula e consequentemente o surfactante será mais hidrofílico
(hidrossolúvel) do que lipossolúvel.
Nome químico
Nome comercial EHL
Goma arábica (acácia) Goma arábica 8,0
Sesquioleato de sorbitano Arlacel 83, Liposorb SQO 3,7
Lauril éter de polioxietileno Bryj 30 9,7
Monoestearato de glicerila Monoestearato de glicerila 3,8
Metilcelulose Methocel 15 cps 10,5
Monoestearato de polioxietileno Myrj 45 11,1
Monoestearato de polioxietileno Myrj 49 15,0
Estearato polioxil 40 Myrj 52 16,9
Monoleato de polioxietileno PEG 400 monoleato 11,4
Monolaurato de polioxietileno PEG 400 monolaurato 13,1
Monoestearato de polioxietileno PEG 400 monoestearato 11,6
Gelatina Gelatina 9,8
Oleato de potássio Oleato de potássio 20,0
Lauril sulfato de sódio Lauril sulfato de sódio 40,0
Oleato de sódio Oleato de sódio 18,0
PEG-40 óleo de ricino etoxilado Cremophor RH 40 14 -16
Monolaurato de sorbitano Span 20 8,6
Monopalmitato de sorbitano Span 40 6,7
Monoestearato de sorbitano Span 60 4,7
Triestearato de sorbitano Span 65 2,1
Monoleato de sorbitano Span 80 4,3
Trioleato de sorbitano Span 85 13,2
Goma adraganta Goma adraganta 13,2
Trietanolamina (oleato) Trietanolamina (oleato) 12,0
Monolaurato de sorbitano Tween 20 16,7
polioxietileno (polisorbato 20)
Monolaurato de sorbitano Tween 21 13,3
polioxietileno (polisorbato 21)
Monopalmitato de sorbitano Tween 40 15,6
polioxietileno (polisorbato 40)

Nome químico
Nome comercial EHL
Monoestearato de sorbitano Tween 60 14,9
Polioxietileno (polisorbato 60)
Monoestearato de sorbitano Tween 61 9,6
Polioxietileno (polisorbato 61)
Triestearato de sorbitano Tween 65 10,5
Polioxietileno (polisorbato 65)
Monoleato de sorbitano Tween 80 15,0
Polioxietileno (polisorbato 80)
Monoleato de sorbitano Tween 81 10,0
Polioxietileno (polisorbato 81)
Trioleato de sorbitano Tween 85 11,0
Polioxietileno (polisorbato 85)
Monolaurato de dietilenoglicol N/A 6,1
Diestearato de dietilenoglicol N/A 1,5
Polaxamer Pluronic F-68 17,0
Monoestearato de propilenoglicol Lauroglicol 3,4
Dioleato de sacarose N/A 7,1
Fonte: ALLEN, L. V. Jr., 1998.

Faixa de EHL versus atividade dos surfactantes

Faixa de EHL Surfactantes


Baixo 1 –3 Agentes anti-espumates
3–6 Agentes emulsificantes a/o
7–9 Agentes molhantes
8 – 18 Agentes emulsificantes o/a
13 – 16 Detergentes
Alto 16 – 18 Agentes solubilizantes
Fonte: ALLEN Jr., 1998

Valores de EHL requeridos por algumas substâncias lipídicas utilizadas em emulsões

Substância lipídica EHL requerido EHL requerido


para emulsões a/o para emulsões o/a
Ácido esteárico 6 15
Ácido láurico 15 –16
Ácido oléico 17
Álcool cetílico 15
Álcool estearílico 14
Álcool cetoestearílico 15,5.
Álcool laurílico 14
Cera de abelha 4 9 –12
Cera de carnaúba 12
Lanolina anidra 8 10 – 12
Metilsilicone 11
Monoestearato de 3,8
glicerila
Monoestearato de 5,5
glicerila (auto-
emulsionante)
Óleo de algodão 5 6 – 10
Óleo de oliva 6 14
Óleo de rícino 6 14
Óleo mineral 5 11 – 12
Óleos vegetais 7 -12
Parafina (cera) 4 10 – 11
Parafina (líquida) 4 10,5
Querosene 14
Tetracloreto de 16
carbono

Fonte: ALLEN Jr, 1998

8.9. Veículos líquidos, solventes e co-solventes

8.9.1. Água
A água é o solvente mais utilizado na farmacotécnica, fazendo parte da composição
de várias preparações. A água potável e purificada devem satisfazer as exigências legais em
relação às suas características físicas, químicas e microbiológicas.

A água purificada é obtida por diferentes processos, tais como, a destilação, a


deionização (troca iônica) ou a osmose reversa. Pode ser empregada na preparação de
formas farmacêuticas não estéreis, para preparações estéreis deve ser empregada a água
purificada estéril.

A. Água Destilada: é a água que passou por um processo de destilação, envolvendo


mudanças do estado físico da água; do estado líquido para vapor e após deste, a
condensação para o estado líquido novamente. O equipamento utilizado é o destilador. O
método é eficiente na remoção de contaminantes biológicos (microorganismos), porém não
há remoção de íons sólidos dissolvidos.
B. Água Deionizada: água obtida através de resinas iônicas, são retirados os íons, mas
não é eliminada a matéria orgânica. Quando comparada à qualidade microbiológica entre a
água deionizada e a destilada, verifica-se que a água destilada possui uma qualidade
melhor. Sabe-se que a água deionizada se contamina facilmente após o seu preparo, não
devendo ser armazenada. O equipamento utilizado para obtenção da água deionizada é o
deionizador, composto por resinas catiônicas e aniônicas. Os deionizadores que empregam
as resinas catiônicas e aniônicas em cartuchos separados podem ser regenerados. Neste
caso, as resinas catiônicas podem ser regeneradas com ácido clorídrico ou sulfúrico (2 a
4%). As resinas aniônicas são regeneradas com a solução de hidróxido de sódio de 2 a
10%.
A eficiência do processo é avaliada pela capacidade de retirar íons da água,
envidenciada através da medida da condutividade.
Nota: A água purificada (destilada, deionizada ou purificada por osmose-reversa) para fins
farmacêuticos, deve apresentar contagem de microorganismos aeróbicos totais  100
UFC/mL. A condutividade recomendada para uma água purificada é que seja  1,3 S/cm a
25ºC.

C. Água purificada por osmose reversa: água de alta pureza química e microbiológica. A
água é pressionada para passar por uma membrana semi-permeável. O processo remove
com eficiência, material particulado, microorganismos, materiais orgânicos, material
inorgânico dissolvido e material insolúvel.

D. Água purificada estéril: é a água purificada esterilizada, conforme sua aplicação deve
atender a determinadas especificações farmacopeicas: água purificada estéril, água estéril
para injeção, água estéril para inalação e água estéril para irrigação.

8.9.2. Álcool etílico (Etanol)


Segundo solvente mais utilizado, sua adição em preparações aquosas reduz a
possibilidade de hidrólise da substância ativa veiculada, tem conservação indefinida. É
miscível com água, sendo usado em soluções hidroalcoólicas extrativas de princípios ativos
(de 45 a 90%), em soluções anti-sépticas (ex.: álcool iodado) e em soluções desinfetantes
(70%). Constitui um bom solvente para essências, alcalóides e glicosídeos, sendo porém,
fraco para gomas e proteínas. Soluções tópicas de etanol são usadas como facilitadoras da
penetração cutânea.

USO CONCENTRAÇÃO USUAL %


Preservativo antimicrobiano  10
Desinfetante 60 a 90
Solvente extrativo em produtos galênicos Até 85
Solvente em preparações líquidas de uso oral variável
Solvente em soluções injetáveis variável
Solvente em produtos tópicos 60 a 90
Solvente em film coating variável

Incompatibilidades:
Em condições ácidas, soluções etanólicas podem reagir violentamente com
substâncias oxidantes.
Misturas com álcalis (bases) podem escurecer, devido a reações com quantidades
residuais de aldeídos.
Substâncias orgânicas e gomas podem precipitar.

8.9.3. Álcool isopropílico (isopropanol)


O álcool isopropílico é usudo somente para preparações de uso externo. Pode ser
usado como veículo ou solvente de fármacos incorporados em formulações farmacêuticas
ou cosméticas tópicas. É efetivo como agente desinfetante na concentração de 70% (v/v).
É miscível com etanol, água, glicerina, éter, clorofórmio e acetona.
É incompatível com agentes oxidantes, como o peróxido de hidrogênio e o ácido
nítrico. Pode promover a precipitação em soluções de cloreto de sódio, sulfato de sódio e de
outros sais.

8.9.4. Glicerina
Descrição: líquido viscoso, higroscópico, límpido, insípido, com gosto adocicado (geralmente
com 0,6 vezes o dulçor da sacarose).
Propriedades: ponto de ebulição a 290C.
Empregos: propriedades emolientes e umectantes em preparações tópicas e cosméticas.
Em injetáveis, como solvente. Em preparações orais, como edulcorante, conservante e
doador de viscosidade.

Uso Concentração
Conservante > 20
Emoliente até 30
Umectante até 30
Oftálmicos 0,5 - 3,0
Plastificante variável
Solvente (parenterais) até 50
Edulcorante até 20

Solubilidade: praticamente insolúvel em benzeno, clorofórmio e óleos. Miscível com metanol


e água.
Estabilidade e estocagem: é higroscópica. Decompõe-se sob aquecimento, podendo originar
acroleína (tóxica). Misturas de glicerina com etanol, propilenoglicol e água são estáveis.
Deve ser estocada em recipiente hermeticamente fechado, em local seco e fresco.
Incompatibilidades: pode explodir quando na presença de agentes oxidantes fortes. Pode
ocorrer escurecimento na presença de contaminantes contendo Fe, fenóis e salicilatos.
Complexa-se com ácido bórico formando o ácido glicerobórico, o qual é mais forte que o
ácido bórico.
Segurança: ocorre naturalmente em óleos e ceras vegetais e animais. Absorvida no
intestino e metabolizada até formar dióxido de carbono e glicogênio. Doses orais podem ser
demulcentes e laxativas. Doses altas podem causar dores de cabeça, náuseas e
hiperglicemia. Incluída no Guia de Ingredientes Inativos do FDA como própria para o uso em
inalantes, injetáveis, preparações nasais, oftálmicas, cápsulas orais, soluções, suspensões,
comprimidos, preparações tópicas, retais, óticas, transdérmicas e vaginais.

8.9.5. Propileno glicol (PPG)


Descrição: líquido límpido, incolor, viscoso, praticamente sem odor, com gosto ligeiramente
adocicado e acre.
Propriedades: ponto de ebulição igual a 188C.
Empregos: usado como solvente, co-solvente, solvente extrator e conservante. Melhor
solvente que a glicerina: dissolve corticosteróides, fenóis, sulfas, barbitúricos, vitaminas (A e
D), alcalóides e anestésicos locais. Pode ser utilizado como conservante e veículo para
flavorizantes e emulsificantes.

USO Forma farmacêutica Concentração usual (%)


Umectante tópica = 15
Conservante soluções, semi-sólidos 15 a 30
Solvente ou co-solvente aerosol 10 a 30
soluções orais 10 a 25
parenterais 10 a 60
tópicos 5 a 80

Solubilidade: miscível em acetona, clorofórmio, etanol e água. Pode dissolver alguns óleos
essenciais.
Estabilidade e estocagem: deve ser conservado em local fresco e em frascos bem fechados,
pois é higroscópico. Pode oxidar em temperaturas elevadas.
Incompatibilidades: incompatível com agentes oxidantes fortes como o permanganato de
potássio.
Segurança: material não tóxico. Incluído no Guia de Ingredientes Inativos do FDA como
próprio para o uso em preparações percutâneas, oftálmicas, tópicas e vaginais, inalantes,
injetáveis (IM e IV) e dentais.

8.9.6. Polietilenoglicol 400 (Carbowax® 400):


Os polietilenoglicóis são amplamente utilizados em uma variedade de formulações
farmacêuticas, incluindo: parenterais, tópicas, oftálmicas, orais e retais. Os polietilenoglicóis
são estáveis, de característica hidrofílica e essencialmente não irritantes à pele. Embora
eles não penetrem rapidamente na pele, os polietilenoglicóis são solúveis em água e, como
tais, são removidos facilmente da pele com lavagem.
Em soluções aquosas pode ser usado como agente suspensor ou para ajustar a
viscosidade e a consistência de suspensões. Quando utilizado em conjunto com outros
emulsificantes, podem atuar como estabilizantes de emulsões.
Os polietilenoglicóis podem ser usados para aumentar a solubilidade ou a
dissolução em água de substâncias pouco solúveis.
Incompatibilidades:
Incompatível com alguns corantes.
A atividade antibacteriana de certos antibióticos, particularmente a penicilina e a
bacitracina é reduzida em bases com polietilenoglicóis.
A eficácia conservante dos parabenos pode ser reduzida através de ligações com
polietilenoglicóis.
Descolorações de ditranol (antralina) e sulfonamidas podem ocorrer e o sorbitol pode
precipitar de misturas.

8.9.7. Dimetilsulfóxido (DMSO):


O DMSO (C2H6OS) é uma substância altamente polar e aprótica, portanto sem
propriedades ácidas ou básicas. Tem propriedades solventes excepcionais tanto para
substâncias orgânicas como para inorgânicas, devido a sua capacidade de associar tanto
com espécies iônicas e moléculas neutras. O DMSO tem sido usado como solvente (100%)
e como facilitador da penetração cutânea em preparações tópicas (80%).
O DMSO é extremamente higroscópico e quando aplicado sobre a pele, aumenta o
conteúdo de água do estrato córneo, facilitando a permeação cutânea de fármacos
veiculados em preparações tópicas. O DMSO promove uma alteração da estrutura protéica
do estrato córneo, causando um intumescimento deste com subseqüente abertura dos poros
cutâneos. Atua estabelecendo um reservatório de substâncias não-polares pouco
absorvidas no estrato córneo. O aumento da penetração de fármacos tem sido relacionado
mesmo com concentrações baixas de DMSO na formulação, como a 15%. Entretanto, há
um aumento significativo da permeabilidade em concentrações maiores de DMSO na
formulação, como a 60-80%.
O DMSO é miscível com água (com evolução de calor), miscível com etanol, éter e a
maioria dos solventes orgânicos. O DMSO possui um odor característico e interpretado por
alguns como não agradável. O DMSO pode reagir com substâncias oxidantes.
O DMSO apresenta baixa toxicidade sistêmica, entretanto pode causar efeitos
tóxicos local (ex. irritação cutânea, vermelhidão, queimação, urticária, etc). Tem sido
utilizado também em soluções para irrigação no tratamento da cistite intersticial (solução a
50%).

Sugestões de formulaçõesc/ DMSO:

Gel de Carbopol com DMSO 70% 100g


DMSO................................................70 mL
Carbopol 940.......................................0,5 g
TEA (trietanolamina)...........................0,67 g
Água destilada .................................28 mL

Gel de hidroxietilcelulose (Natrosol com DMSO 70% 100g


DMSO................................................70 mL
HEC....................................................3,0g
Agua destilada qsp 100g

Creme com DMSO 70% 100g


DMSO................................................70 g
Álcool cetílico.....................................6 g
Álcool estearílico...............................6 g
Polisorbato 80.....................................6 g
Imidazolidinil uréia...........................0,1g
Parabenos......................................qs
Perfume..........................................1 – 2g
8.9.8. Acetona (2-propanona):
É utilizada como veículo e solvente em formulações farmacêuticas de uso tópico. A
acetona é volátil, miscível com água, álcool, clorofórmio, éter e com a maioria das
substâncias voláteis e óleos fixos. Apresenta o ponto de ebulição próximo a 56 o C. A acetona
é utilizada como adjuvante na farmacotécnica (exemplo: para trituração por intervenção dos
cristais de peróxido de benzoíla, solvente de polímeros utilizados em revestimentos de
formas farmacêuticas, etc) e desengordurante em soluções nas concentrações de 2 a 50%.
A Acetona é inflamável. A inalação excessiva pode causar cefaléia, irritação brônquica e
outros sintomas, tais como, a narcose. O uso tópico pode produzir ressecamento da pele. O
vapor de acetona também é irritante para os olhos e as mucosas do nariz.

8.9.9. Éter etílico (éter sulfúrico)


O éter sulfúrico é um líquido límpido, incolor, de cheiro característico, inflamável,
muito volátil, produzindo na pele considerável resfriamento. É solúvel com o álcool, óleos e
essências; dissolve gorduras, resinas, enxofre, etc.
O éter é um solvente amplamente empregado a nível farmacêutico e industrial.
Incompatibilidades:
Ácido sulfúrico: formação lenta de ácido sulfovínico ou sulfato de óxido de etila, com novas
propriedades.
Ácido crômico, permanganatos solúveis: forte oxidação podendo resultar em mistura
explosiva.
Sais em geral: os sais em geral são insolúveis no éter.
Água e líquidos aquosos: não se misturam com o éter senão em mínima proporção.
Oxidantes em geral: as substâncias oxidantes em geral reagem com o éter sulfúrico,
transformando-o em peróxidos de etila e de hidrogênio, embora o façam lentamente.
Glicerina: não miscível (incompatibilidade física).
Albumina e gelatina: são insolúveis no éter (incompatibilidade física).
Álcalis e carbonatos alcalinos: insolúveis neste veículo.

8.9.10. Óleo Mineral (petrolato líquido)


O óleo mineral é utilizado principalmente como excipiente em formulações tópicas,
onde exerce ação emoliente. É utilizado também como solvente, lubrificante em formulações
de cápsulas e comprimidos e lubrificante para moldes de formas farmacêuticas moldadas,
como supositórios e bastões. Terapeuticamente tem sido usado como como laxativo.

Uso Concentração usual (%)


Pomadas oftálmicas 3,0 a 60,0
Preparações óticas 0,5 a 3,0
Emulsões tópicas 1,0 a 32,0
Loções tópicas 1,0 a 20,0
Pomadas tópicas 0,1 a 95,0

Incompatibilidades: Incompatível com agentes oxidantes fortes.

8.9.11. Óleos vegetais fixos


São empregados como solventes e veículos farmacêuticos oleosos oficiais em
preparações injetáveis, colírios, tópicas e preparações líquidas anidras de uso oral.
Relacionamos a seguir os seguintes solventes-veículos oleosos de origem vegetal
constantes na farmacopéia americana:
 Óleo de amêndoas;
 Óleo de rícino;
 Óleo de milho;
 Óleo de semente de algodão;
 Óleo de oliva;
 Óleo de amendoim;
 Óleo de girassol;
 Óleo de gergelim;
 Óleo de soja.

8.10. Principais excipientes empregados no preparo de emulsões tópicas

8.10.1. Álcool cetílico (C16H34O, Hyfatol 16-95)


Trata-se de uma mistura de álcoois alifáticos sólidos, constituída principalmente
constituída por hexadecanol. Apresenta-se como um pó, massa, escamas ou grânulos
brancos, untuoso, de odor suave e insípido.
Apresenta propriedade emoliente, absorvente de água, espessante (agente de
consistência) e emulsificante. O álcool cetílico é amplamente usado em formulações
cosméticas e farmacêuticas como supositórios (para aumentar o ponto de fusão), formas
farmacêuticas sólidas de liberação modificada, emulsões, loções, cremes e pomadas.
Uso Concentração usual (%)
Emoliente 2–5
Agente emulsificante 2–5
Agente de consistência 2 – 10
Absorção de água 5

Propriedades:
Ponto de fusão: 45 – 52o C.
Solubilidade: facilmente solúvel em etanol e éter; praticamente insolúvel em água. Miscível
quando fundido com gorduras, e parafinas sólidas e líquidas e miristato isopropila.
EHL: 15,0 (o/a)
Estabilidade e incompatibilidades:
O álcool cetílico é estável na presença de ácidos, álcalis, luz e ar. É incompatível
com agentes oxidantes fortes. O álcool cetílico é responsável pela redução do ponto de
fusão do ibuprofeno.
Segurança:
Está incluído no Guia de Ingredientes ativos aprovados pelo FDA para preparações
oftálmicas, cápsulas, comprimidos, preparações óticas e de uso retal, aerossóis tópicos,
cremes, emulsões, pomadas e soluções e preparações de uso vaginal.

8.10.2. Álcool estearílico


O álcool estearílico (C18H38O) é uma mistura de álcoois alifáticos sólidos que contém
não menos que 95% de 1-octadecanol. O álcool estearílico ocorre como grânulos, flocos ou
massas de cor branca , com odor suave característico e sabor doce. É empregado como
agente de consistência em cosméticos e cremes e pomadas farmacêuticas. O álcool
estearílico é também utilizado em comprimidos de liberação controlada, supositórios e
microesferas.
Propriedades:
Solubilidade: solúvel em clorofórmio, etanol, éter, hexano, propilenoglicol e óleos vegetais;
praticamente insolúvel em água.
Ponto de fusão: 57 – 60o C.
EHL: 14.
Estabilidade e incompatibilidades:
O álcool estearílico é estável para ácidos e álcalis. É incompatível com agentes
oxidantes fortes.
Segurança:
É considerado geralmente como uma substância inócua e não-tóxica. O álcool estearílico
está incluído no Guia de Ingredientes ativos do FDA para uso em comprimidos, preparações
tópicas e vaginais.

8.10.3. Álcool cetoestearílico (Lanette O)


O álcool cetoestearílico é formado por uma mistura de álcoois alifáticos sólidos
constituída principalmente por álcool estearílico (C18H38O) e cetílico (C16H34O). O álcool
cetoestearílico ocorre como uma massa untuosa, flocos brancos ou grânulos.
O álcool cetoestearílico é usado em preparações cosméticas e farmacêuticas de uso
tópico. É utilizado como emoliente, agente emulsificante e como agente que aumenta a
viscosidade.

Propriedades:
Solubilidade: solúvel em etanol, éter e óleo; praticamente insolúvel em água.
Ponto de fusão: 49 – 56o C.
EHL: 15,5.
Estabilidade e incompatibilidades:
O álcool cetoestearílico é estável nas condições normais de armazenamento. É
incompatível com agentes oxidantes fortes e sais metálicos.
Segurança: O álcool cetoestearílico é principalmente usados em formulações cosméticas e
farmacêuticas de uso tópico sendo incluído no Guia de Ingredientes do FDA para uso em
comprimidos, emulsões tópicas, loções e pomadas.

8.10.4. Ácido esteárico (ácido octodecanóico, estearina)


O ácido esteárico é descrito como uma mistura de ácido esteárico (C 18H36O2) e ácido
palmítico (C16H32O2). Apresenta-se como massas duras, pó ou escamas cristalinas de cor
branca ou amarelada, untuoso, inodoro ou com ligeiro odor de sebo.
O ácido esteárico é amplamente usado em formulações farmacêuticas tópicas ou de
uso oral. É empregado como agente emulsificante; agente solubilizante; lubrificante de
camprimidos e cápsulas. É amplamente usado em cosméticos e produtos alimentícios. Em
formulações tópicas, o ácido esteárico é usado como emulsificante ou agente solubilizante.
Quando parcialmente neutralizado com álcalis ou trietanolamina, o ácido esteárico é usado
na preparação de cremes. O ácido esteárico é usado como agente de consistência em
supositórios de glicerina.

Uso Concentração usual (%)


Pomadas e cremes 1 - 20
Lubrificante 1-3

Propriedades:
Ponto de fusão:  54o C (60 –65o C).
Solubilidade: facilmente solúvel em benzeno, tetracloreto de carbono, clorofórmio e éter;
solúvel em etanol, hexano e propilenoglicol; praticamente insolúvel em água.
EHL: 6,0 (a/o); 15 (o/a)
Estabilidade e incompatibilidades:
O ácido esteárico é estável. É incompatível com a maioria dos hidróxidos metálicos e pode
ser incompatível com agentes oxidantes. Estearatos insolúveis são formados com vários
metais; base de pomados preparadas com ácido esteárico podem mostrar evidência de
grumos através das reações com sais de zinco ou cálcio.
Segurança:
É considerado não-tóxico e não-irritante. Está incluído no Guia de Ingredientes Inativos do
FDA para uso em comprimidos sublinguais, cápsulas,comprimidos, soluções, suspensões e
preparações de uso tópico e vaginal.

8.10.5. Monoestearato de glicerila (Ácido octadecanóico, MEG, Cutina GMS, Cithrol


GMS)
O monoestearato de glicerila (C21H42O4) apresenta-se como uma substância de cor
branca ou creme sólida com características de cera na forma de flocos, pó ou esferas. É
untuoso e tem odor e sabor leve de gordura.
O monoestearato de glicerila é usado como emulsificante não-iônico, emoliente,
agente estabilizante, ingrediente para liberação sustentada, lubrificante de comprimidos e
cápsulas. Pode formar emulsões óleo-água ou água-óleo.
O monoestearato de glicerila auto-emulsionante (Cithrol GMS AE; Cutina KD 16) já
contém sabão, possuindo um EHL mais elevado.
Propriedades:
Ponto de fusão: 55- 60o C.
Solubilidade: solúvel em etanol quente, éter, clorofórmio, acetona quente, óleo mineral e
óleos fixos. Praticamente insolúvel em água, mas pode ser dispersado em água com o
auxílio de uma pequena quantidade de surfactante.
EHL: 3,8 (não auto-emulsionante); 5,5 (autoemulsionante).
Estabilidade e incompatibilidades:
O monoestearato de glicerila deve ser acondicionado em recipiente bem vedado e
armazenado em local fresco, seco e protegido da luz. A adição de de antioxidantes como o
BHT e o propilgalato é recomendada nas formulações com monoestearato de glicerila. O
monoestearato de glicerila auto-emulsionante é incompatível com substâncias ácidas.
Segurança:
É considerado um material não tóxico e não irritante.Está incluído no Guia de Ingredientes
Inativos do FDA para uso em cápsulas, comprimidos, preparações oftálmicas, óticas, retal,
tópica, transdérmica e vaginal.

Sugestão de formulação

Creme MEG (o/a – aniônico) Emoliente e hidratante

Fase 1 (oleosa)
Álcool cetoestearílico..............................................................0,7 % (p/p)
Ácido esteárico tripla-pressão.................................................6 % (p/p)
Álcool cetílico..........................................................................0,8 % (p/p)
Monoestearato de glicerila (Cithrol GMS)...............................6 % (p/p)
Vaselina líquida.......................................................................10 % (p/p)
Lanolina anidra.......................................................................1 % (p/p)
Miristato de isopropila.............................................................2 % (p/p)
Butilhidroxitolueno (BHT)........................................................0,05 % (p/p)
Propilparabeno.......................................................................0,05 % (p/p)

Fase 2 (aquosa)
Propilenoglicol........................................................................12 % (p/p)
EDTA-Na2..............................................................................0,1 % (p/p)
Trietanolamina 50%................................................................1,2 %
Água deionizada qsp 100

Procedimento:
1) Aquecer separadamente a fase 1 a 80ºC e a fase 2 a 85ºC.
2) Verter lentamente a fase e com agitação vigorosa e constante, a fase 2 sobre a fase
1.
3) Diminuir a velocidade de agitação para lenta e agitar até a mistura alcançar a
temperatura ambiente.
4) Embalar e rotular.

8.10.6. Cera de ésteres cetílicos (cetil esters, espermacete sintético, Crodamol  SS,
Cutina CP)
É constituída essencialmente por uma mistura de ésteres de álcoois graxos
saturados (C14-C18) e ácidos graxos saturados (C14-C18). Ocorre como flocos brancos ou
quase brancos, algumas vezes translúcidos.
É empregado como agente de consistência e emoliente usado em cremes e
pomadas como substituto do espermacete natural.Tem sido usado como ingredientes de
produtos oftálmicos e matrizes de formas farmacêuticas de liberação controlada.

Uso Concentração usual (%)


Cold cream 12,5
Pomada espermacete 20,0
Cremes e pomades 1,0 -15,0

Propriedades:
Solubilidade: praticamente insolúvel em água e etanol, solúvel em óleos fixos e voláteis,
solúvel em éter, solúvel em clorofórmio1:2,5; acetona 1:500.
Faixa de fusão: 43-47o C.
EHL: 10,0.
Estabilidade e incompatibilidades:
É incompatível com ácidos e bases fortes. Deve ser acondicionado em recipiente bem
fechado e armazenado em local fresco e seco. Deve se evitar a exposição ao calor
excessivo (acima de 40o C).
Segurança:
É considerado uma substância essencialmente não-tóxica e não-irritante. Está incluído na
no Guia de Ingredientes Inativos do FDA para uso em preparações tópicas.

Sugestão de formulação
Pomada base (para os lábios - absorção simples)
Lanolina anidra 10,0%
Cera de éster cetílico 22,0%
Cera branca 28,0%
Óleo mineral 40,0&
8.10.7. Cera auto emulsificante não-iônica (cera emulsificante não-iônica, nonionic
emulsifying wax, Polawax, PolawaxGP 200, Uniox C, Chembase NF, Lipowax P)
Nome químico: Álcool cetoestearílico/ Monoestearato de sorbitano etoxilado.
Formado por uma combinação otimizada de emulsificantes e estabilizantes de
origem vegetal, conforme o Formulário nacional (USA). Trata-se de uma cera sólida
preparada a partir do álcool cetoestearílico e contém um derivado um derivado
polioxietilênico de um éster de ácido graxo de sorbitano. É uma cera emulsificante branca ou
quase branca que quando fundidada forma um líquido transparente ou quase incolor.
Apresenta um odor característico do álcool cetoestearílico.
É empregado como agente emulsificante e de consistência na produção de emulsões
óleo-água, sendo estável na presença de concentrações moderadas de eletrólitos e em uma
ampla faixa de pH. É particularmente recomendada paraformulações contendo sais
metálicos polivalentes e medicamentos contendo compostos nitrogenados.

Uso Concentração usual (%)


Emulsões fluidas 2–3
Emulsões viscosas 5 – 10
Cremes 10 – 25

Propriedades:
Solubilidade: facilmente solúvel em propelentes de aerossóis, clorofórmio e em
hidrocarbonetos; levemente solúvel em etanol; insolúvel em água (forma emulsão).
Faixa de fusão: 50 – 54o C.
EHL: 9,0 (o/a).
Estabilidade e incompatibilidades:
É incompatível com tanino, fenol e substâncias fenólicas (ex. hidroquinona), resorcina e
benzocaína. Pode reduzir a eficácia antibacteriana de compostos quaternários de amônio.
Segurança:
É considerado um material não-tóxico e não irritante. Está incluído no Guia de Ingredientes
Inativos do FDA para uso em aerossóis tópicos, emulsões, loções e pomadas.

Sugestão de formulação

Creme base não-iônico o/a - uso farmacêutico (“Creme Polawax”)


Fase oleosa
Cera autoemulsionante não iônica*............................10 -15 % (p/p)
Vaselina líquida...........................................................2 % (p/p)
Propilparabeno............................................................0,05 % (p/p)
Fase aquosa
Metilparabeno.............................................................0,15 % (p/p)
Propilenoglicol.............................................................2 % (p/p)
Água deionizada qsp 100%
Procedimento:
1) Aquecer separadamente a fase oleosa a 80C e a fase aquosa a 85C.
2) Verter a fase aquosa sobre a oleosa, com agitação até temperatura ambiente.
3) Embalar e rotular.

Loção cremosa base não-iônica o/a - uso farmacêutico (“Loção Polawax”)


Fase 1 (oleosa)
Cera autoemulsionante não iônica...........................5-10%
Propilparabeno.........................................................0,05%
Vaselina líquida........................................................2%
BHT..........................................................................0,05%

Fase 2 (aquosa)
Glicerina ou propileno glicol.....................................3%
Metilparabeno..........................................................0,15%
EDTA-Na2................................................................0,1%
Água deionizada qsp 100%

Fase 3 (complementar)
Imidazolidinil uréia (Germall 115) solução 50%.....0,6%

Procedimento:
1) Aquecer separadamente a fase oleosa a 80C e a fase aquosa a 85C.
2) Verter a fase aquosa sobre a oleosa, com agitação até temperatura ambiente. Quando a
temperatura atingir a 40o C adicionar a fase complementar.
3) Embalar e rotular.

8.10.8. Cera autoemulsificante aniônica (Anionic emulsifying wax, cera emulsificante


aniônica, Lanette N, Lanette SX, Lanette WB)
É constituída por uma mistura de 9 partes de álcool cetoestearílico e 1 parte de
laurilsulfato de sódio ou de uma mistura de sulfatos sódicos de álcoois graxos. Apresenta-se
como uma massa sólida cerosa ou escamas de cor branca, quase branca ou amarelada
com odor característico e sabor suave.
É empregado como agente emulsificante e de consistência em cosméticos e
formulações farmacêuticas de uso tópico, formando emulsões óleo-água. A cera
emulsificante aniônica (10%) tem sido usada em adição à manteiga de cacau para produzir
uma base com um ponto de fusão de 34o C.
Uso Concentração usual (%)
Emulsões fluidas 2
Emulsões viscosas 2 – 10
Cremes 10
Pomadas 3- 30

Propriedades:
Ponto de fusão: aproximadamente 52C.
Solubilidade: praticamente insolúvel em água (forma emulsão), pouco solúvel em álcool.
Solúvel em clorofórmio, éter e em óleos fixos e minerais (com aquecimento).
Estabilidade e estocagem: quimicamente estável. Guardado em frascos bem fechados, em
lugar fresco e seco.
Incompatibilidades: compostos catiônicos (compostos quaternários de amônio, acriflavina,
cloridrato de efedrina, anti-histamínicos e outros compostos contendo nitrogênio), sais
metálicos polivalentes (alumínio, zinco, estanho e chumbo) e tioglicolatos. É compatível com
a maioria dos ácidos acima do pH 2,5. É compatível com álcalis e água dura.
Segurança: incluído nos itens licenciados para uso em formas farmacêuticas de uso não
parenteral, sendo considerada um material não tóxico e não irritante.

Sugestão de Formulação

Creme aniônico 0/A (Creme Lanette - Formulação Clássica)

Fase 1 (Fase oleosa)

Álcool cetoestearílico (e) cetil estearil sulfato de sódio (Lanette N) .................... 24 %
Álcool cetílico.......................................................................................................... 2,5 %
Glicerina.................................................................................................................. 5 %
Propilparabeno....................................................................................................... 0,15%
Oleato de decila (Cetiol V)......................................................................................12 %
Fase 2 (Fase aquosa)
EDTA-Na2............................................................................................................... 0,15 %
Metilparabeno (Nipagin)..........................................................................................0,2 %
Água deionizada qsp 100 g

Fase 3 (Fase complementar)


Solução Imidazolidinil Uréia 50% (Germall 115)...................................................0,2 %

Procedimento
1) Aquecer separadamente a fase 1 (fase oleosa) a 75ºC e a fase 2 a 80ºC (fase aquosa).
2) Verter lentamente, com agitação vigorosa e constante, a fase 2 sobre a fase 1.
3) Diminuir a velocidade de agitação para uma velocidade lenta e agitar até a mistura
alcançar a temperatura de 40o C. Adicionar a fase complementar e homogeneizar bem.

Característica: emulsão aniônica branca de alta viscosidade e com pH entre 5,5 a 6,5.
Incompatibilidades: Devido a sua carga negativa é incompatível com ácidos orgânicos
fortes. Porém, é uma boa opção para incorporação de hidroquinona, resorcina e
dihidroxiacetona. Tem boa espalhabilidade e toque com sensorial levemente oleoso.

Loção aniônica O/A (Loção Lanette - Formulação clássica)

Fase 1 (Fase oleosa)


Álcool cetoestearílico (e) cetil estearil sulfato de sódio (9:1) (Lanette N)............8 %
Vaselina líquida........................................................................................................... 3%
Oleato de decila (Cetiol V)........................................................................................2,5 %
Propilparabeno (Nipasol) .........................................................................................0,05%

Fase 2 (Fase aquosa


Metilparabeno (Nipagin)............................................................................................0,15 %
Glicerina.................................................................................................................... 5 % p/p
Água deionizada qsp 100

Fase 3 (Fase complementar)


Solução de Imidazolidinil uréia 50% (Germall 115)...................................................0,2 %

Procedimento:
1) Aquecer separadamente a fase 1 a 75ºC e a fase 2 a 80ºC.
2) Verter a fase 1 sobre a fase 2, lentamente e com agitação constante.
3) Agitar até a mistura alcançar a temperatura ambiente.
4) Adicionar a fase complementar e agitar com velocidade lenta até completa
homogeneização.

Características: Emulsão aniônica branca com média viscosidade e pH entre 5,5 e 6,5
Incompatibilidades: Devido à sua carga negativa,é incompatível com ácidos orgânicos
fortes. É uma boa opção para aditivação de hidroquinona.

8.11. Bases para supositórios e óvulos

8.11.1 Base graxa para supositório (Novata, Suppocire, Witepsol)


Consiste principalmente em uma mistura de ésteres de triglicerídeos de ácidos
graxos saturados (C8H17COOH a C18H37COOH) com proporções variadas de mono e
diglicerídeos.
É empregada como veículo para administração retal e vaginal de uma variedade de
fármacos.
Propriedades:
Faixa de fusão: 33,5 - 35,5ºC (Novata); 35 – 36.5C (Suppocire).
Solubilidade: facilmente solúvel em tetracloreto de carbono, clorofórmio, éter, tolueno e
xileno. Praticamente insolúvel em água.
Estabilidade e estocagem: pode sofrer oxidação e hidrólise. Estocada em frascos bem
fechados, ao abrigo da luz, deve ser armazenada em temperatura pelo menos 5,0C do
ponto de fusão especificado.
Incompatibilidades: incompatibilidades não são muito reportadas na literatura. Entretanto, há
evidências que a aminofilina reage com glicerídeos de algumas bases graxas para formar
diamidas.
Segurança:
É considerada não tóxica e não-irritante, sendo incluída no Guia dos Ingredientes Inativos
do FDA para uso em preparações retais e vaginais.

8.11.2. Manteiga de cacau


A manteiga de cacau é composta por uma mistura de triglicérides de ácido oléico,
palmítico e esteárico.
A manteiga de cacau é bem tolerada pela mucosa retal e é sólida à temperatura
ambiente. Funde-se entre 29 e 34ºC, fundindo-se portanto na temperatura do corpo
humano. O seu ponto de solidificação pode situar-se entre 22 e 26ºC. Em regra, o tempo
necessário para solidificação são de 6 minutos.
Esta base não é recomendada em regiões de clima muito quente, pelo fato do ponto
de fusão da manteiga de cacau ser baixo.
Quando aquecida à temperatura superior a seu ponto de fusão sofre transformação
alotrópica dos glicerídeos constituintes, com diminuição substancial do ponto de
solidificação e do ponto de fusão da massa que solidificou.
A presença de formas metastáveis, resultante do superaquecimento altera
profundamente as suas características, não só os pontos de solidificação-fusão, como
também no tempo necessário para que a massa solidifique.

8.11.3. Base com Polietilenoglicóis ou PEGs (bases hidrófilas ou hidrossolúveis):


Os polietilenoglicóis são polímeros de óxido de etileno, com cadeias alcoólicas primárias
de diversos pesos moleculares. As fórmulas de bases para supositórios ou óvulos e que
contém estes excipientes, consistem em uma mistura de polietilenoglicóis com diferentes
PM em proporções adequadas para a obtenção de um produto final com ponto de fusão
próximo a 37°C. Não são tóxicos, porém podem causar alguma irritação por causar uma
dehitratação da mucosa por retirada de água. Possuem a desvantagem de apresentar maior
probabilidade de incompatibilidades com fármacos, quando comparados aos outros
excipientes. A base de PEGs é incompatível com sais de prata, ácido tânico, aminopirina,
quinino, ictiol, ácido acetilsalicílico, benzocaína, viofórmio, sulfonamidas, fenobarbital sódico,
ácido salicílico e cânfora.

Sugestão de formulação - Massa para Supositórios e Óvulos com PEG:


PEG 1500........... 70%
PEG 4000........... 10%
PEG 400............. 20%

8.11.4. Gelatina
Descrição: composta por uma mistura de frações de proteínas purificadas obtidas por
hidrólise ácida (tipo A) ou alcalina (tipo B) do colágeno animal. Ocorre na forma de pó,
grânulos ou lâminas amarelo-âmbar ou amarelo claro. É praticamente sem sabor e odor.
Pode ser encontrada, comercialmente, como Pharmagel A ou Pharmagel B.
Propriedades: solução aquosa a 1% p/v apresenta valor de pH de 3,8 a 6,0 (tipo A) e 5,0 a
7,4 (tipo B).
Empregos: usada amplamente em diversas formas farmacêuticas, sendo mais freqüente,
seu emprego na fabricação de cápsulas gelatinosas duras ou moles. Contudo, pode ser
utilizada na preparação de pastilhas, óvulos e pastas. Também, como agente de
revestimento, agente ligante e agente doador de viscosidade para formas sólidas e semi-
sólidas (agente geleificante e agente suspensor).
Solubilidade: em água, a gelatina intumesce por absorver entre 5 a 10 vezes seu peso, em
água. Em água quente é solúvel, formando um gel quando resfriada a 35 - 40C. Ainda, é
solúvel em glicerina, soluções ácidas e básicas. Todavia, quando estas últimas são fortes, a
gelatina precipita. Praticamente insolúvel em éter, etanol, metanol e clorofórmio.
Estabilidade e estocagem: estável quando exposta à atmosfera. Em condições estéreis e
sob resfriamento, pode ser estocada por longos períodos. Em temperaturas elevadas, pode
sofrer despolimerização. Deve ser acondicionada em recipiente fechado, em local seco e
fresco.
Incompatibilidades: composto anfotérico que pode reagir com ácidos e bases. Pode ser
hidrolisada por sistemas proteolíticos, fornecendo os aminioácidos originais. Reage com
aldeídos e açúcares derivados, polímeros catiônicos e aniônicos, eletrólitos, metais
pesados, plastificantes, conservantes e surfactantes. Precipita na presença de álcoois e
taninos. O gel formado pode liquefazer-se por ação de bactérias, a menos que a formulação
contenha conservantes adequados.
Deve-se escolher o tipo de gelatina que seja compatível com o fármaco veiculado. A
tabela abaixo relata algumas incompatibilidades específicas relacionadas aos dois tipos de
gelatina:

Fármaco Gelatina Tipo A Gelatina Tipo B


Ictiol Incompatível Compatível
Ácido bórico Compatível Incompatível
Proteinato de Prata Incompatível Compatível

Segurança: material não tóxico e não irritante. Incluída no Guia de Ingredientes Inativos do
FDA como própria para o uso em cápsulas, xaropes, comprimidos, preparações tópicas e
vaginais, inalantes, injetáveis e cremes e géis dentais.

Sugestão de formulação

Base para obtenção de goma comestível


Gelatina 43,40g
Glicerina 155,00mL
Água purificada 21,60mL

Goma comestível
Base goma comestível 26,60g
Bentonite 0,50g
Aspartame 0,55g
Acácia 0,50g
Ácido cítrico monohidratado 0,70g
Flavorizante 10 a 12 gotas
Fármaco conforme prescrição

Base para pastilhas orais


Hidroxipropilcelulose 0,200g
Gelatina 30,000g
Glicerina 42,000g
Metilparabeno 0,100g
Propilparabeno 0,050g
Água desmineralizada qsp 100,000g

Sugestão de formulação para base de gelatina glicerinada: Base para Óvulos


Gelatina pó................... 20g
Água destilada..............10g
Glicerina bidestilada.....69,9g
Metilparabeno...............0,1g
Propilparabeno.............0,030g
8.12..Miscelânea

8.12.1. Polietilenoglicóis
Descrição: polímero polioxidoetilênico hidratado. Os derivados com grau compreendido
entre 200 e 600 são líquidos e, aqueles com grau maior que 1000, são sólidos a
temperatura ambiente. Os líquidos apresentam-se como soluções límpidas, transparentes
ou ligeiramente amareladas. Na forma sólida, são brancos ou translúcidos, de consistência
pastosa e cerosa. Apresentam odor característico. São sinônimos: Carbowax , Macrogol,
Lutrol E.
Propriedades: são substâncias estáveis e hidrofílicas. Essencialmente não irritantes para a
pele, sendo facilmente removido após lavagem. Os PEGs líquidos são solúveis em acetona,
etanol, diclorometano e glicerina. Os valores de ponto de fusão são:

Grau do PEG Faixa de fusão (C)


1000 37 - 40
1500 44 - 48
1540 40 - 48
2000 45 - 50
3000 48 - 54
4000 50 - 58
6000 55 - 63
8000 60 - 63
20000 60 - 63

Empregos: PEGs sólidos são, geralmente, utilizados na preparação de bases para


pomadas, cujas consistências podem ser acertadas com o uso de PEGs líquidos. Misturas
de PEGs podem ser usadas para formar bases de supositórios. Soluções aguosas de PEGs
podem ser usadas como agentes suspensores ou para ajuste de viscosidade e consistência
de outros veículos. Podem ser empregados como agentes suspensores auxiliares. PEG 300
e 400 podem ser usados, desde que em concentrações adequadas, como veículo para
formas parenterais. Podem ser usados como co-solventes de diversos compostos com baixa
hidrossolubilidade. Ainda, podem ser utilizados na formação de filmes de revestimento ou
como plastificantes.
Solubilidade: os polietilenoglicóis de todos os graus são solúveis em água e miscíveis, em
quiasquer proporções, com outros PEGs, após fusão (se necessário). Soluções aquosas
daqueles com elevado peso molecular podem formar gel.
Estabilidade e estocagem: são estáveis, sendo aqueles com grau menor que 2000
higroscópicos. Não suportam crescimento microbiano, caso contrário, rancificam-se. Podem
ser esterilizados por autoclavação, radiação gama ou filtração. A esterilização a quente dos
sólidos pode desencadear o processo de oxidação, que pode ser inibida pelo uso de
antioxidantes. Devem ser estocados em recipientes bem fechados, em local seco e frio. Os
PEGs líquidos devem ser, preferencialmente, guardados em frascos de vidro.
Incompatibilidades: possuem dois grupos hidroxílicos terminais que podem ser esterificados
ou eterificados. A presença de peróxidos ou impurezas podem desencadear oxidação. Os
PEGs líquidos podem ser incompatíveis com alguns corantes. A atividade da bacitracina e
da penicilina, dentre outros antibióticos, pode ser reduzida. A eficácia conservante dos
parabenos pode ser prejudicada. Misturas contendo taninos, ácido salicílico e fenóis podem
liquefazer-se. O sorbitol pode precipitar na presença de PEG e sulfonamidas podem
descolorir-se. Podem reagir com outros componentes de soluções formadoras de filmes de
revestimento.
Segurança: são reportadas algumas reações adversas relacionadas ao emprego de PEGs
com baixo peso molecular. Podem provocar reações de sensibilidade quando administrados
pela via tópica, devendo ser usados cautelosamente. Administração oral de grandes
quantidades pode causar efeito laxativo. Em formas injetáveis, preconiza-se o uso de PEG
300 de, no máximo, 30% v/v. Incluída no Guia de Ingredientes Inativos do FDA como própria
para o uso em injetáveis IM e IV, preparações oftálmicas, cápsulas, comprimidos, xaropes,
comprimidos, pastilhas, preparações retais, vaginais, tópicas e dentais.

Sugestão de formulação
Pomada PEG
PEG 400 (Carbowax 400) 33,33%
PEG 4000 (Carbowax 400) 33,33%
Propilenoglicol 33,33%

Massa para supositórios e óvulos


PEG 1500 70,00%
PEG 4000 10,00%
PEG 400 20,00%
Solubilidade: praticamente insolúvel em benzeno, clorofórmio e óleos. Miscível com metanol
e água.
Estabilidade e estocagem: é higroscópica. Decompõe-se sob aquecimento, podendo originar
acroleína (tóxica). Misturas de glicerina com etanol, propilenoglicol e água são estáveis.
Estocada em recipiente hermeticamente fechado, em local seco e fresco.

8.12.2. Bentonita (Veegun)


Descrição: silicato de alumínio coloidal hidratado. É um mineral argiloso, cristalino e que
apresenta-se disponível na forma de pó fino amarelado ou acinzentado. Inodoro.
Propriedades: suspensão aquosa a 2%p/p possui pH entre 9,5 e 10,5.
Empregos: usado, primariamente, para a obtenção de FF de uso tópico, apesar de poder ser
empregada em preparações orais, cosméticas e em alimentos. Em preparações orais é
usada como adsorvente (1,0 a 2,0%) com função clarificante ou para retardar a liberação de
ativos catiônicos. Como agente suspensor, a concentração usual é de 0,5 a 5,0%. Como
estabilizante de emulsão, 1,0%.
Solubilidade: praticamente insolúvel em etanol, óleos fixos, glicerina e água. Em água, pode
intumescer-se aumentando seu volume em cerca de doze vezes. Sua dispersão em água é
facilitada quando ela é incialmente triturada com glicerina ou misturada com óxido de zinco.
Estabilidade e estocagem: é higroscópica. Deve ser estocada em frascos hermeticamente
fechados, em lugar fresco e seco.
Incompatibilidades: mantém viscosidade adequada em pH 6,0. Em valor de pH ácido,
precipita. A adição de substância alcalina como o óxido de magnésio, aumentando a
formação de gel. Adição de quantidades significantes de álcool à preparações aquosas,
pode fazer precipitar a bentonita. Como as partículas apresentam carga negativa, a
presença de eletrólitos ou suspensões carregadas positivamente, podem causar floculação.
Apesar de ser incompatível com eletrólitos fortes, algumas vezes, pode-se tirar proveito
desta característica para reduzir a turbidez de certos líquidos. Conservantes catiônicos
podem ter a atividade reduzida. Incompatível com cloridrato de acriflavina.
Segurança: material não tóxico e não irritante. Incluído nos itens licenciados pelo FDA para
uso em cápsulas, comprimidos, emulsões e suspensões.

8.12.3. Polaxamero 407 ( Pluronic F127)


É um copolímero não iônico polioxietilênico-polioxipropilênico. A porção molecular
polioxietilênica é hidrofílico e a porção molecular polioxipropilênica é hidrofóbica.
Fórmula química: HO(C2H4O)101(C3H6O)56(C2H4O)101 H
Peso molecular médio: 9840 – 14600
Propriedades, aplicações e concentrações usuais:
...................................................................................................Agente emulsificante: 0,3%
(HLB = 18-23)
...................................................................................................Agente solubilizante: 0,3%
...................................................................................................Agente molhante: 0,01 – 5%
...................................................................................................Agente gelificante: 15 –40%
Géis de polaxamero apresentam propriedades gelificantes termoreversa, ou seja, em
baixas temperatura se liquefazem e se espessam solidificando em temperatura ambiente.
O Polaxamero não é tóxico e nem irritante. Não é metabolizado pelo organismo, podendo
ser empregado em formas farmacêuticas de uso oral, parenteral e tópico. O Polaxamero 407
é empregado no prepara de géis aquosos, hidroalcoólicos e transdérmicos.
Estabilidade:
...................................................................................................São estáveis.
...................................................................................................Soluções ou dispersões
aquosas são estáveis em presença de ácidos, bases e íons metálicos.
...................................................................................................Susceptível à contaminação por
fungos.
Solubilidade: facilmente solúvel em água e em álcool.

Sugestão de formulação:
Gel aquoso de Polaxamero 407 (Pluronic F127)
Polaxamero 407.......................................................20 – 40%
Propilparabeno.........................................................0,05%
Metilparabeno..........................................................0,15%
Água deionizada qsp 100%

O Polaxamer 407 é mais facilmente disperso, polvilhando o polímero sob água gelada. Em
seguida, o polímero deve ser misturado levemente e a mistura deve permanecer em
repouso durante cerca de 12 horas sob refrigeração. Após este período o polímero
normalmente se encontrará completamente disperso, formando um gel límpido, transparente
e cristalino.
8.13. Agentes surfactantes

8.13.1 Lauril sulfato de sódio (LSS)


Descrição: pó cristalino branco, creme ou amarelo pálido. Sabor amargo e odor
característico de substâncias gordurosas. Tensoativo aniônico.
Propriedades: EHL de, aproximadamente, 40. O ponto de fusão da substância pura é de 204
a 207C.
Solubilidade: solúvel em água em qualquer concentração, originando solução opaca.
Solução aquosa 1%p/v possui valor de pH entre 7,0 e 9,5.
Empregos: usado como surfactante, lubrificante e molhante na preparação de cápsulas e
comprimidos (1 - 2%). Sua incorporação em FF contendo fármacos lipossolúveis facilita a
dissolução dos mesmos. Pode ser utilizado como agente clareador da pele em preparações
tópicas (1,0%).
Estabilidade e estocagem: deve ser armazenado em local fresco, ao abrigo do calor e da
umidade.
Incompatibilidades: incompatível com alguns sais básicos como a atropina, beladona,
hiosciamina, escopolamina, quina, quinina, ipeca, codeína, iombina, vincamicina, reserpina,
ergotamina, ergonovina, efedrina, pilocarpina, colchicina, cafeína, teofilina além de sais de
chumbo e potássio. Pode interagir com fármacos positivamente carregados.
Segurança: recomendado para uso em formulações não parenterais. Cápsulas e tabletes
orais. Cosméticos e preparações tópicas.

8.13.2 Polissorbatos (Tween 20, 60 ou 80)


Descrição: surfactantes não iônicos.
Empregos: usados como tensoativo, agente emulsificante, agente solubilizante e agente
molhante. Podem ser incorporados em diversas formulações contendo substâncias oleosas,
inclusive vitaminas lipossolúveis. Como solubilizante, pode ser usado na concentração de 1
a 10% e como molhante, de 0,1 a 3%.
Estabilidade e estocagem: recipientes bem fechados, ao abrigo da luz, em local fresco e
seco.
Incompatibilidades: incompatível com parabenos, fenóis, taninos e derivados do alcatrão,
ocorrendo descoloração ou precipitação. Reduz a eficácia de conservantes.
Segurança: usado amplamente em cosméticos, fórmulas tópicas e parenterais. Uso aceito
para IV, IM, preparações orais, retais, tópicas e vaginais.

8.13.3 Docusato sódico


Descrição: surfactantes aniônico, também conhecido como dioctil sulfosuccinato de sódio.
Composto de aspecto ceroso, branco ou quase branco, com sabor amargo e odor
característico de octanol. É higroscópico e, usualmente, disponível na forma de pellets ou
flocos.
Propriedades: solução aquosa 1% p/v apresenta pH variando entre 5,8 e 6,9. PF varia entre
153 e 157C.
Empregos: surfactante utilizado principalmente em cápsulas e comprimidos, na tentativa de
melhorar a molhabilidade das partículas. Em injetáveis via IM, a concentração usual é de
0,015%; como surfactante em FF sólidas, de 0,010% a 1,000%; como agente de
revestimento de comprimidos, 20,000% e como desintegrante, 0,500%.
Solubilidade: solúvel em acetona e óleos vegetais. Livremente solúvel em glicerina. Em
água, a solubilidade aumenta com elevação da temperatura: 1:70 (25C); 1:44 (240C) e
1:25 (60C).
Estabilidade e estocagem: estável a temperatura ambiente. Armazenado em recipientes
hertméticos, em local fresco e seco.
Incompatibilidades: instável em valores de pH menores que 1 e maiores que 10. Em
soluções aquosas eletrolíticas (por exemplo, NaCl a 3%) pode causar turbidez.
Segurança: além da função farmacotécnica, pode ser empregado, terapeuticamente, como
laxante e amolecedor de fezes. Próprio para uso em cápsulas, suspensões, comprimidos,
injetáveis IM e preparações tópicas.
8.11. Excipiente empregado como agente seqüestrante

8.11.1 EDTA –Na2


Descrição: pó cristalino branco.
Propriedades: decopõe-se a 252C. Solução aquosa, isenta de dióxido de carbono, a 1% p/v
possui pH entre 4,3 e 4,7.
Solubilidade: 1 parte solubiliza-se em 11 de água. Ligeiramente solúvel em etanol.
Empregos: usado como agente quelante ou sequestrante. Remove íons livres (como Ca e
Mg) de soluções. Ainda, seqüestram traços de íons metálicos (Cu, Fe e Mg) que podem,
potencialmente, catalisar reações de oxidação. Portanto, funcionam como agentes
antioxidantes auxiliares. A concentração usual é de 0,005 a 0,100% p/v. Utilizado para
estabilizar: vitamina C, corticosteróides, epinefrina, ácido fólico, gomas e resinas,
hialuronidase, peróxidos, oxitetraciclina, penicilina, ácido salicílico. Na concentração de
2,00% p/v, solução de EDTA pode remover impurezas metálicas de óleos essenciais.
Estabilidade e estocagem: quando aquecido a 120C, perde água de cristalização.
Estocadsos em frascos bem fechados, em local seco e freasco.
Segurança: pode ser usado em preparações oftálmicas, cápsulas, soluções, xaropes,
comprimidos, preparações retais, tópicas e vaginais.
9. CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DE EXCIPIENTES PARA CÁPSULAS DURAS

9.1.. Introdução

A cápsula gelatinosa dura é a forma farmacêutica sólida oral de eleição na farmácia


magistral. A opção pela cápsula é devido principalmente à sua versatilidade. As cápsulas
permitem a veiculação de misturas de pós, líquidos anidros, massas semi-sólidas e até
mesmo de outras formas farmacêuticas de menor volume. Além disso, é possível preparar
cápsulas de liberação modificada tais como, de liberação entérica e liberação lenta (Allen
Jr., 2002). A mistura de pós pode ser veiculada diretamente na cápsula sem envolver um
processo de granulação ou compressão prévio. Essa facilidade no preparo aliada à
possibilidade de se preparar um pequeno número de unidades por lote faz com que a
cápsula seja a forma farmacêutica de escolha para o preparo de fórmulas individualizadas
na farmácia e em estudos clínicos iniciais (Orelli & Leuenberger, 2004). Alguns estudos
realizados por um fabricante de cápsulas demonstraram a preferência dos pacientes pela
cápsula em relação às demais formas orais sólidas (Burke Study, 1982; Praxis Study, 1990).
Segundo esses estudos, as cápsulas gelatinosas foram fortemente associadas com
percepções de “efetividade” e “facilidade de deglutição”, sendo também moderadamente
correlacionada com a percepção de “conveniência”. Um estudo independente realizado por
Hussain em 1972 demonstrou uma maior adesão de pacientes psiquiátricos às cápsulas em
relação as demais formas farmacêuticas. Este estudo relatou um impacto positivo da
cápsula no efeito placebo. Outra característica que aumenta a conveniência na utilização
das cápsulas é a disponibilidade de prepará-las em diferentes cores, permitindo ao paciente
distinguir entre diferentes medicações (Mallory & Schaefer, 1977). As cápsulas também são
formas farmacêuticas convenientes para mascarar sabores objetáveis de determinados
fármacos, uma vez que quando encapsulados seus sabores desagradáveis não são
percebidos devido ao isolamento proporcionado pela parede da cápsula (Orelli &
Leuenberger, 2004).
Por um outro lado, as cápsulas apresentam algumas desvantagens em relação ao
comprimidos. Uma delas é quando se necessita administrar uma grande quantidade de
determinada substância, nesse caso o tamanho da cápsula para se veicular uma
determinada quantidade de uma mistura de pós será comparativamente maior do que o
comprimido, onde a mistura de pós sofre compressão. Uma outra desvantagem da cápsula
é o fato que a produção de cápsulas é economicamente mais cara comparada aos
comprimidos (Orelli & Leuenberger, 2004). Portanto, há um número razões diferentes de
ordem econômica, tecnológica e de marketing para se formular na forma de cápsulas ou
comprimidos. Contudo, na prática magistral a cápsula parece ser a escolha mais adequada
para o atendimento de formulações individualizadas.
Embora as cápsulas gelatinosas duras sejam relacionadas como uma forma
farmacêutica simples, o desenvolvimento de formulações para cápsulas pode representar
significantes desafios ao formulador (Guo et al., 2002). Por exemplo, a seleção dos
excipientes (agentes molhantes, lubrificantes, desintegrantes, etc) necessários para o
preeenchimento da cápsula; problemas tais como compatibilidade dos ingredientes e
estabilidade; mistura dos pós e homogeneidade; fluidez dos pós e lubrificação, são
frequentemente observados e precisam ser levados em consideração durante o
desenvolvimento das formulações. A habilidade para medir com acurácia volumes precisos
de um pó ou granulado e a habilidade de transferir tais sólidos para os invólucros das
cápsulas são fatores determinantes na variação de peso e para o grau de uniformidade de
conteúdo (Guo et al., 2002). A complexa relação entre os parâmetros de formulação (ex.
tipos e quantidades de excipientes, tamanho de cápsulas, etc) e as medidas de
desempenho (ex. uniformidade de conteúdo e taxa de dissolução) determina a necessidade
da avaliação laboratorial da formulação. Caso os testes laboratoriais realizados não sejam
satisfatórios, a formulação deve então ser reformulada.
Um ponto chave em comum na formulação de cápsulas e comprimidos é a taxa de
dissolução in vitro do fármaco veiculado. Antes de ser absorvido pela mucosa do trato
gastrintestinal, o fármaco deve ser primeiro liberado e dissolvido nos fluidos gastrintestinais.
O teste de dissolução é o primeiro importante passo para se determinar a qualidade de
certas preparações e para orientar o desenvolvimento de novas formulações sólidas de uso
oral (Orelli & Leuenberger, 2004). Embora a dissolução in vitro possa ser relevante sob
certas condições para a predição da performance do medicamento in vivo (Munday &
Fassihi, 1995), por um outro lado existe um número de exemplos da ausência de correlação
entre as características de dissolução e a biodisponibilidade (Meyer et al., 1998). Esta
diferença na correlação in vivo/in vitro pode ser explicada na base do sistema de
classificação biofarmacêutica (SCB), o qual classifica as substâncias em relação à sua
solubilidade e permeabilidade. Estas propriedades influenciam diretamente na absorção do
fármaco.
Portanto, o desenvolvimento de uma formulação eficiente na forma de cápsulas
necessita levar em consideração aspectos farmacotécnicos e biofarmacêuticos,
contemplando assim a escolha criteriosa dos excipientes utilizados.
9.2. Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB) no desenvolvimento de formas
farmacêuticas orais

Em 1995 Amidon e colaboradores elaboraram um sistema de classificação biofarmacêutica

(SCB) para classificar os fármacos baseados nas suas propriedades de solubilidade em

meio aquoso e permeabilidade intestinal. Baseado nestas características, as substâncias

farmacêuticas foram divididas em quatro classes, conforme relacionado no quadro abaixo. A

via oral é a via de escolha para administração de medicamentos. Esta via no entanto,

apresenta limitações de absorção e portanto de biodisponibilidade*. O fármaco presente na

forma farmacêutica é liberado no fluido gastrintestinal para formar uma solução. Esse

processo é limitado pela solubilidade. Uma vez que o fármaco se encontra na forma de

solução, ele atravessa as membranas das células que revestem o trato gastrintestinal. Esse

processo é limitado pela permeabilidade. Posteriormente, o fármaco absorvido atinge a

circulação sistêmica. Em resumo, a absorção oral e portanto a biodisponibilidade são

determinadas pela extensão da solubilidade e permeabilidade do fármaco.

* Biodisponibilidade: é a velocidade e a extensão na qual o fármaco ou o seu grupamento terapêutico é absorvido a


partir da forma farmacêutica, ficando disponível no seu sítio de ação.
Portanto a biodisponibilidade são determinadas pela extensão da solubilidade e permeabilidade do fármaco.
Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB)

Classe Solubilidade Permeabilidade Correlação in vivo / in vitro

(IV/IV)
I Alta Alta Haverá correlação IV/IV se a velocidade de
dissolução for menor que a velocidade de
Anfifílico
esvaziamento gástrico, de outro modo não
haverá correlação ou ela será limitada.
II Baixa Alta Haverá correlação IV/IV, se a velocidade de
dissolução in vitro for similar a velocidade de
Lipofílico
dissolução in vivo, exceto se a dose for muito
alta.
III Alta Baixa Correlação IV/IV da absorção (permeabilidade)
com a velocidade de dissolução limitada ou
Hidrofílico
ausente.
IV Baixa Baixa Correlação IV/IV limitada ou ausente.

Hidrofóbico

Fontes: Amidon et al., 1995; Lobenberg & Amidon, 2000.

O SCB relaciona a solubilidade e a permeabilidade através das membranas


biológicas à biodisponibilidade do fármaco. É baseado na fração real absorvida do fármaco,
não leva em consideração aspectos relacionados à estabilidade química ou metabólica do
mesmo. No SCB, a solubilidade é uma função da dose e do volume do fluido gastrintestinal
disponível. Um fármaco é considerado de alta solubilidade quando a sua dose posológica
mais alta é solúvel em 250 mL de meio aquoso na faixa de pH de 1,0 a 8,0. A
permeabilidade no entanto, é baseada na fração percentual absorvida conhecida das
substâncias. Uma substância é considerada de alta permeabilidade quando a fração
absorvida é  90%. A permeabilidade pode ser determinada através da utilização de
modelos in vitro tais como as células Caco-2. Nas Classes I e II, a “disponibilidade” da
substância irá controlar a taxa de absorção, a permeação não é considerada fator limitante
para estas classes. Na Classe I a dissolução e a velocidade de esvaziamento gástrico irá
controlar a taxa de absorção da substância. Para a Classe II a solubilidade controlará a
dissolução, sendo a absorção limitada pela solubilidade. A permeabilidade irá controlar a
absorção de substâncias pertencentes à Classe III e IV (Amidon et. al., 1995). É
reconhecido que a taxa de dissolução tem um impacto insignificante na biodisponibilidade
de fármacos de alta solubilidade e alta permeabilidade (Classe I) quando a dissolução de
suas formulações é suficientemente rápida (Kaus et al., 1999). Como resultado desse
conhecimento, várias agências regulatórias incluindo a Food and Drug Administration (FDA)
nos Estados Unidos permitem atualmente que a bioequivalência de formulações contendo
fármacos da Classe I seja demonstrada pela dissolução in vitro, frequentemente chamados
“biowaivers” (United States Food and Drug Administration, 2000; European Agency for the
Evaluation of Medicinal Products, 2001).

O SCB fornece ao formulador a capacidade para julgar a contribuição relacionada à


taxa de dissolução, solubilidade e permeabilidade intestinal na absorção oral de um fármaco
(Amidon et. al.,1995). Neste contexto, o SCB constitui atualmente em uma ferramenta
importante no desenvolvimento de formas farmacêuticas orais, uma vez que ele permite
ajustar padrões de dissolução para medicamentos, reduz a necessidade de testes de
bioequivalência in vivo e permite o desenvolvimento mecanístico de formas farmacêuticas
(Lobenberg & Amidon, 2000).

Na farmácia magistral, o SCB poderia ser empregado como um parâmetro de


orientação importante na para escolha criteriosa de excipientes que contribuam para uma
dissolução e absorção adequadas do fármaco veiculado. Por exemplo, fármacos da Classe I
(alta solubilidade e alta permeabilidade) normalmente apresentam pouco problema de
biodisponibilidade e consequentemente apresentam poucos requerimentos para a escolha
do excipiente. Porém fármacos Classe II (baixa solubilidade e alta permeabilidade)
apresentam a dissolução como fator limitante da absorção e por isso em se tratando de um
fármaco apresenta baixa solubilidade, é recomendável optar por excipientes que auxiliem na
dissolução tal como, a lactose (ou outro excipiente solúvel) e a utilização de agentes
molhantes e desintegrantes. Os fármacos Classe III (alta solubilidade e baixa
permeabilidade) apresentam absorção limitada pela permeabilidade. Os fármacos Classe IV
(baixa solubilidade e baixa permeabilidade) podem apresentar sérios obstáculos à
biodisponibilidade oral, e alguns podem ser melhor formulados na forma solubilizada tais
como em líquidos anidros e massa semi-sólida para posterior encapsulação.
Classificação Biofarmacêutica de alguns fármacos e doses posológicas usuais

Fármaco Solubilidade Classe Dose posológica No. dose


(mg/mL) biofarmacêutica máxima usual (mg) (Do)*
Acetazolamida 0,1 IV 250 10
Ácido acetilsalicílico 3,33 III 500 0,601
Aciclovir 10 III 200 0,08
Albendazol 0,01 II 400 160
Alendronato de sódio 10 III 70 0,028
Allopurinol 0,1 IV 100 4
Alprazolam 0,01 I 2 0,8
Amilorida, cloridrato 1 III 5 0,02
Amitriptilina, HCl 100 I 25 0,001
Amoxacilina 4 III 500 0,5
Anlodipino, besilato 1 I 10 0,04
Atenolol 26,5 III 100 0,015
Atorvastatina 0,01 II 10 32
Atropina, sulfato 2000 III 1 0,000002
Azatioprina 0,01 IV 50 20
Azitromicina 0,01 N/A** 600 240
Biperideno, HCl 1 I 2 0,008
Bupropiona 33 I 100 0,012121212
Captopril 100 III 25 0,001
Carbamazepina 0,01 II 200 80
Carvedilol 0,01 II 25 10
Cetirizina, cloridrato 33 I 10 0,0012121212
Cloranfenicol 2,5 III 250 0,4
Cloroquina, difosfato 100 I 150 0,006
Clorfeniramina, 160 I 4 0,0001
maleato
Clorpromazina, 1000 I 100 0,000
cloridrato
Cimetidina 1 III 200 0,80
Ciprofloxacina 10 III 250 0,1
Citalopram, HBr 10 I 40 0,016
Claritromicina 0,01 N/A 500 200
Clonidina, HCl 80 I 0,3 0,000015
Clofazimina 0,01 II 100 40
Clomifeno, citrato 1 I 50 0,20
Clomipramina, 100 I 25 0,001
cloridrato
Codeína, fosfato 100 III 30 0,0012
Colchicina 33 III 0,5 0,0001
Ciclofosfamida 40 III 25 0,0025
Dapsona 0,1 IV 100 4
Dexametasona 0,1 III ou I 0,5 4
Diazepam 0,01 II 5 2,0
Diltiazem,HCl 100 I 120 0,0048
Digoxina 0,01 I e III 0,25 0,1
Doxiciclina 0,1 IV 100 4
Ergotamina, tartarato 0,3 I 1 0,0133
Etinil estradiol 0,01 I 0,05 0,02
Famotidina 0,1 IV 20 1,3333334
Fenofibrato 0,01 II 200 80
Finasterida 0,1 I 5 0,2
Fluconazol 1 III 50 0,2
Fármaco Solubilidade Classe Dose posológica No. dose
(mg/mL) biofarmacêutica máxima usual (mg) (Do)*
Fluoxetina, HCl 33 I 40 0,005
Ácido fólico 0,1 III 5 0,2
Furosemida 0,01 IV e II 40 16
Gabapentina 100 III 800 0,032
Genfibrozila 0,01 N/A 600 240
Glibenclamida 0,01 II 5 2
Griseofulvina 0,1 IV e II 250 10
Haloperidol 0,01 II 5 2
Hidralazina, cloridrato 40 III 50 0,005
Hidroclorotiazida 1 III 50 0,2
Hidroxizina, cloridrato 100 N/A 50 0,0002
Ibuprofeno 0,01 II 400 160
Isoniazida 125 III 300 0,01
Isossorbida, 100 N/A 20 0,0008
monitrato
Lansoprazol 0,01 N/A 30 12
Levamizol, cloridrato 100 I 150 0,006
Levodopa 1 III 250 1,0
Levofloxacina 10 III 750 0,0666667
Levonorgestrel 0,01 I 0,75 0,3
Levotiroxina sódica 0,15 I 0,1 0,003
Lisinopril, 2H2O 33 III 20 0,0024242424
Loratadina 0,01 N/A 10 4
Lorazepam 0,08 I 5 0,25
Losartan potássico 100 III 100 0,004
Mebendazol 0,01 II 500 200
Medroxiprogesterona, 0,01 II 10 4
acetato
Metformina, cloridrato 100 III 500 0,02
Metotrexato 0,01 III 2,5 1,0
Metildopa 10 III 250 0,1
Metilprednisolona 0,01 N/A 32 12,8
Metoclopramida, 1000 III e I 10 0,00004
cloridrato
Metoprolol, tartarato 1000 I 100 0,0004
Metronidazol 10 III 500 0,2
Minociclina, HCl 33 N/A 100 0,01
Mirtazapina 1 I 45 0,18
Ácido nalidíxico 0,1 IV 500 20
Niclosamida 0,01 II 500 200
Nicotinamida 100 III 50 0,002
Nifedipina 0,01 II 10 4
Nitrofurantoína 0,19 IV 100 2,11
Noretindrona 0,01 I 1 0,4
Nortriptilina, HCl 33 N/A 75 0,009
Nistatina 4 III 100 0,1
Oxcarbazepina 0,01 IV 600 240
Oxibutinina, cloreto 100 I 5 0,0002
Paracetamol 0,1 IV 500 20
Paroxetina, HCl 1 I 40 0,16
Penicilamina 100 III 250 0,01
Espironolactona 0,01 II 25 10
Fenobarbital 1 III e I 100 0,4
Fenitoína (base) 0,01 II 50 20
Fenitoína sódica 100 I 100 0,004
Pravastatina sódica 33 I 80 0,00969697
Praziquantel 0,4 II 600 6
Fármaco Solubilidade Classe Dose posológica No. dose
(mg/mL) biofarmacêutica máxima usual (mg) (Do)*
Prednisolona 0,1 I 5 0,2
Primaquina, fosfato 66,7 III e I 15 0,0009
Prometazina, 1000 I 25 0,0001
cloridrato
Propoxifeno, HCl 100 N/A 65 0,0026
Propranolol, 33 I 40 0,00
cloridrato
Propiltiouracil 1 III 50 0,2
Pseudoefedrina, HCl 2000 III 60 0,00012
Piridoxina, cloridrato 222,2 III 25 0,0005
Pirimetamina 0,01 IV e II 25 10
Quinino, sulfato 1,2 I 300 1
Ramipril 10 I 10 0,0040
Raloxifeno,HCl 0,1 II 60 2,39999999
Reserpina 0,01 I 0,25 0,1
Retinol, palmitato 0,01 II 110 44
Risedronato, sódico 33 III 35 0,004
Risperidona 0,01 II 4 1,6
Salbutamol, sulfato 33 III 4 0,0005
Sertralina, HCl 3,8 I 100 0,11
Sildenafil, citrato 1 I 100 0,11
Sinvastatina 0,01 II 80 32
Sulfadiazina 0,08 IV 500 25
Sulfametoxazol 0,01 IV 400 160
Sulfassalazina 0,01 II 500 200
Tacrolimus 0,01 N/A 5 2
Tamoxifeno,citrato 0,01 II 20 13,33
Teofilina 1 IV 300 1,2
Tetraciclina, HCl 33 N/A 500 0,06
Topiramato 9,8 III 200 0,08163265
Tramadol, HCl 33 I 50 0,0060
Trazodona, HCl 10 N/A 300 0,12
Triantereno 0,01 N/A 100 40
Trimetoprima 0,4 IV 200 2
Valsartan 0,01 II 320 128
Venlafaxina, HCl 572 I 100 0,001
Verapamil, cloridrato 83 I 80 0,004
Varfarina 1000 I 5 0,00002
Fonte: Kasim et al., 2004; Toshihide et al., 2004.

*O número dose (Do) é calculado a partir da seguinte equação:

Do = (M0/V0)

Cs

M0 = dose posológica mais alta (para forma de liberação imediata).


Cs= solubilidade do fármaco em mg/mL.
V0 = 250mL
Nota: Fármacos com o número dose (Do) menor ou igual a 1 são definidos como fármacos
de alta solubilidade.
**N/A: não determinada ou não aplicável.
10. EXCIPIENTES E FORMULAÇÃO DE PÓS PARA ENCAPSULAÇÃO

A maioria dos produtos preparados na forma de cápsulas gelatinosas duras consiste


em uma mistura do fármaco (substância ativa) em combinação com diversos tipos de
excipientes. A escolha dos excipientes depende de vários fatores, entre os quais: a
características e propriedades do fármaco veiculado, a dose, a solubilidade, o tamanho e
forma de partículas do fármaco e o tamanho da cápsula a ser utilizada (Aulton, 2005).
O excipiente (do latin excipiere = excluído, exceto) embora seja considerado inerte
em termos de atividade biológica, pode influenciar as propriedades de enchimento (fluxo,
coesividade, adesão), estabilidade e liberação do fármaco (Jones, 1987; Aulton, 2005).
Em formulações de pós para encapsulação, o fármaco e os componentes inertes
precisam ser misturados de forma a assegurar uma mistura de pó uniforme para o
preenchimento das cápsulas. Um cuidado especial no processo de mistura deve ser tomado
para formulações com fármacos em baixa dosagem, onde a falta de homogeneidade pode
resultar em graves consequências terapêuticas (Allen et al., 2005).
Em formulações em que o fármaco é veiculado em baixa dosagem e desta forma
ocupam uma pequena parcela do volume total da cápsula na formulação final (normalmente
inferior a 20% ), as propriedades da mistura são determinadas pelos diluentes e adjuvantes
escolhidos. De outra forma, quando os fármacos são veiculados em dose unitária elevada
(acima de 20% do total da formulação), como exemplo 500 mg de um determinado
antibiótico, deixam pouco espaço disponível dentro da cápsula, obrigando a utilização de
adjuvantes que exerçam seus efeitos mesmo em baixas concentrações sobre as
propriedades de enchimento e liberação do fármaco. Em formulações com fármacos em alta
dosagem, as propriedades da mistura são determinadas pelas propriedades do fármaco
(Aulton, 2005).

10.1. Fatores que influenciam nas propriedades de enchimento de cápsulas com


mistura de pós:
Os principais fatores que influenciam nas propriedades dos pós e consequente
enchimento de cápsulas duras são: o bom fluxo, ausência de adesão e coesividade (Aulton,
2005).

O bom fluxo do pó é o fator mais importante para o enchimento uniforme das


cápsulas e influencia diretamente na qualidade do produto, por exemplo, na uniformidade de
peso e uniformidade de conteúdo. Para se obter uma formulação de pós com bom fluxo são
normalmente utilizados um diluente com fluxo livre (ex. lactose anidra, celulose
microcristalina) e um deslizante (ex. dióxido de silício coloidal = Aerosil  200). A redução da
adesão dos pós ao equipamento de encapsulação pode ser realizada por meio da utilização
de lubrificantes (ex. estearato de magnésio, talco). Para aumentar a coesividade e melhorar
a capacidade de formar aglomerados de pós, os diluentes mais utilizados são a lactose, o
amido de milho e a celulose microcristalina. A celulose microcristalina aumenta a
compactabilidade da formulação, portanto em formulações com doses elevadas de fármacos
é recomendável a sua adição em maior quantidade a fim de aumentar a densidade aparente
da mistura. Para formulações com dosagens baixas de fármacos, a lactose pode ser
convenientemente empregada em maior quantidade.

Para obtenção de uma mistura homogênea e uniforme, é ideal que a densidade e o


tamanho de partículas do fármaco e dos excipientes sejam similares. Este fator é
particularmente importante, quando um fármaco veiculado em baixa dosagem é misturado
com uma quantidade maior de excipientes (Yalkowsky & Bolton, 1990). Em termos gerais,
relacionado ao fármaco e excipiente geral, um número maior de partículas menores que
50m (ex. mais que 20% das partículas de pó) proporciona propriedades de fluxo deficiente
e pode aumentar a variabilidade no peso das cápsulas após o enchimento. Em
contrapartida, pós grosseiros com a maioria das partículas maiores que 150 m apresentam
normalmente excelente propriedades de fluxo. No entanto, essa característica pode resultar
em aumento da variação do peso entre as cápsulas preenchidas ( Podzeck & Jones, 2004).
O ideal para o preenchimento de cápsulas é que o tamanho médio das partículas do pó
esteja entre 50 e 100 m ( Podzeck & Jones, 2004).

A forma das partículas de pó pode influenciar todas as etapas na manipulação de


pós, principalmente a mistura, o empacotamento e o fluxo. No preparo de cápsulas,
determinados formatos de partículas podem ser críticos para manipulação. Substâncias
constituídas por partículas em forma de agulha ou de bastões, incluindo todos os pós
contendo materiais fibrosos ou partículas com formato alongado, podem dificultar o
processo de mistura e enchimento das cápsulas (Podzeck & Jones, 2004). A redução do
tamanho destas partículas, a granulação e a adição de excipientes com partículas de
formato arredondado, como a celulose microcristalina e amido de milho dessecado pode
ser algumas vezes útil (Podzeck & Jones, 2004). Pós com materiais fibrosos como os que
podem ocorrer em fitoterápicos podem bloquear o preenchimento das cápsulas durante a
manipulação e produzirem uma grande variação de peso entre as cápsulas. Nessa situação,
os resíduos fibrosos devem ser removidos da mistura de pós através da tamisação
(Podzeck & Jones, 2004).

A adesão dos pós no equipamento de encapsulação é um problema sério e de difícil


solução, podendo causar uma maior variabilidade de peso entre as cápsulas. As principais
razões para a adesão da formulação no equipamento são as grandes forças de adesão
ocasionadas por partículas muito finas de pós, um baixo ponto de fusão do pó (< 100 oC) e a
tendência de determinados pós em absorver umidade (ex. pós higroscópicos) (Podzeck &
Jones, 2004). A utilização de uma quantidade de excipiente tal como uma mistura de
celulose microfina e amido pré-gelatinizado em quantidade correspondente a pelo menos
50% da formulação pode ser utilizada para previnir problemas com substâncias de baixo
ponto de fusão (Gohil, 2002). Pós que apresentam a tendência a absorver umidade não
devem ser misturados com excipientes que contêm grande quantidade de água como,
celuloses e amidos. Excipientes absorventes ou então excipientes reguladores da umidade
tal como, a lactose anidra ou o manitol devem ser preferidos nessa situação (Podzeck &
Jones, 2004).

10.1.1. Forças eletrostáticas em pós e pellets


A manipulação de cápsulas gelatinosas duras e pós pode apresentar um certo grau
de dificuldade quando a mistura de pós ou os pellets produzem forças eletrostáticas que
fazem com que ocorra flutuação ou que as partículas tendem a “escapar” tornando árdua a
manipulação. Para solucionar este problema através da neutralização das forças
eletrostáticas, podemos adicionar à mistura de pós o lauril sulfato de sódio em
concentrações até 1% (Allen Jr., 2002). O lauril deve ser misturado geometricamente aos
demais pós. Para solução desse problema na encapsulação de pellets, Chopra e
colaboradores recomendam a adição de 1% de talco farmacêutico (Chopra et al., 2002).
Uma dica para efetuar essa mistura, consiste em adicionar a quantidade correspondente de
talco em um saco plástico contendo os pellets e em seguida agitar bem.

10.1.2. Excipientes que influenciam na liberação dos fármacos veiculados em


cápsulas

A literatura mostra que o fator determinante da velocidade de desintegração de uma


cápsula e da liberação do seu conteúdo é o tipo de formulação encapsulada, a qual,
idealmente, deveria ter caráter hidrofílico e dispersível (Jones, 1987). Os fatores que podem
ser modificados objetivando facilitar a biodisponibilidade das substâncias ativas dependem
das propriedades e características destas, assim como dos excipientes e adjuvantes
empregados na formulação.

Os excipientes são frequentemente utilizados em maior proporção em uma


formulação e desempenham um papel importante na liberação do fármaco. Excipientes
solúveis, tal como a lactose teoricamente pode favorecer a dissolução a dissolução de
fármacos pouco solúveis. Em contrapartida, a presença no excipiente de substâncias
adjuvantes com características hidrofóbicas tal como, lubrificantes em concentrações
elevadas, podem eventualmente exercer efeito negativo sobre a liberação do fármaco.
Fármacos facilmente solúveis são mais adequadamente misturados a diluentes insolúveis,
como o amido e a celulose microcristalina, uma vez que esses diluentes auxiliam na
desagregação sem interferir na solubilidade do fármaco no meio dissolvente (Aulton, 2005).

Agentes desintegrantes têm sido recentemente incluídos em formulações de


cápsulas para auxiliar na desintegração e na distribuição do conteúdo das cápsulas no
estômago. Entre os desintegrantes mais empregados em cápsulas estão o amido pré-
gelatinizado, a croscarmelose, crospovidona e o glicolato sódico de amido (Loyd Jr., et al.
2005). O amido pré-gelatinizado tem sido utilizado com sucesso no preenchimento de
cápsulas duras, como excipiente presente em maior quantidade na formulação, podendo ser
útil na redução do coeficiente de variação do peso e do tempo de dissolução des cápsulas,
aumentando a dissolução de fármacos pouco solúveis (Gohil et al., 2004). O amido comum
embora seja um desintegrante clássico em comprimidos, não proporciona bom efeito
desintegrante em cápsulas (Aulton, 2005). Os superdesintegrantes como a croscarmelose e
o glicolato sódico de amido atuam através do intumescimento por absorção de água,
aumentando várias vezes seus volumes originais. A crospovidona um outro
superdesintegrante, atua de forma diferente, através de pontos de atração de água para o
interior do cilindro de pó contido na cápsula. Em ambos os casos, os efeitos proporcionados
promovem a desagregação do cilindro de pó contido na cápsula (Aulton,2005).

Agentes molhantes com atividade tensioativa, como o lauril sulfato de sódio são
adicionados à formulação para facilitar a molhagem pelos fluidos gastrintestinais e facilitar a
dissolução e absorção de fármacos (Caldwell, 1974). Para otimizar a dissolução de
fármacos pouco solúveis, os melhores resultados são obtidos empregando-se um diluente
solúvel (ex. lactose) junto com um agente molhante, como o lauril sulfato de sódio a 1%
(Aulton, 2005). O lauril sulfato de sódio também tem sido empregado para minimizar
problemas relacionados à eletricidade estática que ocorrem durante o trabalho com alguns
pós (USP-Pharmacists’, 2005).

10.1.3. Excipientes que podem ser utilizados para aumentar a compatibilidade de


misturas eutéticas, substâncias deliquescentes e substâncias higroscópicas

Substâncias deliqüescentes, higroscópicas ou que formem misturas eutéticas podem


eventualmente ser encapsuladas caso sejam preparadas através da mistura prévia de cada
ingrediente problemático em separado com excipientes com propriedades absorventes. Os
excipientes absorventes irão diminuir a tendência dos pós em absorver a umidade de
susbtâncias higroscópicas e deliqüescentes e minimizam o contato de partículas de pós,
reduzindo desta forma a tendência de liquefação de misturas eutéticas (USP Pharmacist’s
Pharmacopeia, 2005). É conveniente que a quantidade de excipiente empregada na
manipulação de cápsulas com misturas eutéticas, substâncias deliquescentes ou
higroscópicas corresponda a pelo menos 50% do total da formulação (Gohil, 2002). O
quadro 3 relaciona os principais excipientes com propriedades absorventes.

Relação de excipientes com propriedades absorventes que podem ser utilizados para
aumentar a compatibilidade de misturas eutéticas, substâncias deliquescentes e
substâncias higroscópicas

Efetivos Carbonato de magnésio


Caolim
Óxido de magnésio leve
Menos efetivo Óxido de magnésio pesado
Fosfato de cálcio tribásico
Sílica gel (dióxido de silício coloidal = Aerosil 200)
Relativamente inefetivo Talco
Lactose
Amido
Fonte: USP Pharmacists’ Pharmacopeia, 2005.

Nota: Normalmente, o absorvente mais eficaz na prevenção de misturas eutéticas é aquele que
possui elevado ponto de fusão e grande superfície específica, como o óxido de magnésio leve que
apresenta ponto de fusão de 2800o C e o carbonato de magnésio leve que decompões somente em
350o C.

É importante ressaltar que a presença de umidade é um dos principais fatores que


induzem a formação de ligação cruzada em preparações contendo gelatina, como ocorre em
formulações na forma de cápsulas de gelatina. A formação de ligação cruzada na gelatina
pode levar a uma redução da extensão da dissolução das cápsulas (Singh et al., 2002).

10.1.4. Composição básica de um excipiente em pó para cápsula

Produtos destinados a encapsulados na forma de pó, consistem normalmente em


misturas da substância ativa com diversos tipos de adjuvantes. Os tipos de adjuvantes
normalmente empregados na composição de excipientes para cápsulas estão descritos no
quadro a seguir:

Adjuvantes utilizados no excipiente para de cápsulas

Adjuvantes Definição / Propriedades Concentração usual (%)


Diluentes São adjuvantesque participam em maior proporção 0 – 100,0
dentro de uma formulação, sendo classicamente
definidos como materiais inertes adicionados à mistura
com o objetivo de aumentar o volume até uma
quantidade manipulável de maneira mais fácil (Aulton,
2005). Conferem as propriedades necessárias para a
formulação do compacto ou cilindro de pó (em
cápsulas).
Exemplos: lactose, celulose microcristalina, amido,
amido pré-gelatinizado, manitol.
Agentes Reduzem a adesão entre os pós e as partes metálicas. 0,1 – 2,0
lubrificantes
Exemplos: estearato de magnésio, talco.
Deslizantes Melhoram as propriedades de fluxo de pós. 0,1 –1,0

Exemplo: dióxido de silício coloidal (Aerosil 200) (como absorvente para
pós higroscópicos é
eventualmente
empregado em
concentrações maiores)
Agentes Favorecem a penetração de água. Otimizam a 0,1 –1,0
molhantes dissolução de substâncias pouco solúveis.
Exemplos: lauril sulfato de sódio, docusato sódico.
Desintegrantes Produzem a desagregação da massa de pó. Croscarmelose sódica:
 10,0 –25,0
Exemplos: glicolato sódico de amido (Explotab ,
Explomido); croscarmelose sódica (Ac-Di-Sol). Glicolato sódico de
amido: 2,0-12,0
Estabilizantes Melhoram a estabilidade física ou química do produto. N/A
Exemplo: excipientes absorventes (óxido de magnésio
leve, carbonato de magnésio leve, caulim), agentes
antioxidantes (BHA, BHT, metabissulfito de sódio, etc)
Adaptado: Kibbe, 2000; Guo et al., 2002; Aulton, 2005;.
10.1.5.Informações básicas sobre diluentes e outros adjuvantes empregados como
excipientes

Diluentes:

a. Lactose

Descrição: dissacarídeo obtido a partir do leite, formado por uma molécula de glicose e outra
de galactose, unidas por uma ligação glicosídica.

Fórmula estrutural da -lactose

A lactose está disponível comercialmente em diversas formas, incluindo a -lactose


monoidratada, a -lactose anidra e em menor extensão a -lactose. A forma disponível mais
comum é a monoidratada, e alguns fornecedores a vendem em duas formas: a regular e a
spray dried. A lactose spray-dried é preparada a partir da -lactose monoidratada contendo
uma pequena quantidade de lactose amorfa. A porção não cristalina da lactose é
responsável pelo aumento da compressibilidade da lactose spray-dried.

Descrição: Pó ou partículas cristalinas brancas ou quase brancas. É inodora e apresenta


gosto ligeiramente adocicado. Absorve odores. Graus de lactose para compressão direta
são mais fluidos e compressíveis que a lactose cristalina ou em pó.

Propriedades: Suas propriedades variam de acordo com a forma química e com o grau de
hidratação.
Higroscopia: a lactose monoidratada é estável ao ar e não é afetada pela umidade em
temperatura ambiente. Entretanto a forma amorfa (anidra), dependendo da extensão de
quanto é dessecada, pode ser afetada pela umidade e pode ser convertida em lactose
monoidratada. Para manipulação com tendência a absorver umidade a lactose anidra é
preferível em relação a forma hidratada ( Podzeck & Jones, 2004).
Fluxo: a lactose monoidratada não apresenta boa propriedade de fluxo, comparativamente à
lactose anidra e à lactose spray dried que apresentam esta propriedade otimizada
(Thompson, 2004).
Conteúdo de umidade: a lactose anidra contém até 1% (p/p) em água; a lactose
monoidratada contém aproximadamente 5% (p/p) de água de cristalização e normalmente
entre 4,5 e 5,5% (p/p) de conteúdo de água.
Ponto de fusão:
-lactose monoidratada: 201-202o C.
-lactose anidra: 223 o C.
-lactose anidra: 252,2o C.
Empregos: usada, primariamente, como diluente (65 - 85%) para comprimidos e cápsulas
(até 100%). A lactose também é utilizada na preparação de diluições de fármacos potentes
empregados em baixas doses, para facilitar os processos de mistura (Ansel & Stoklosa,
2001).
Solubilidade: solubilidade em água a 25C: 1:4,63. Por ser solúvel em água, a lactose
constitui-se em uma opção adequada para diluente de cápsulas contendo fármacos de baixa
solubilidade.
Estabilidade e estocagem: na presença de umidade, pode ocorrer crescimento microbiano.
Deve ser guardada em recipiente fechado, em local fresco e seco.
Incompatibilidades: reage com compostos contendo grupamento amino primário, como
anfetaminas e aminoácidos, desenvolvendo cor marrom, decorrente do fenômeno de
condensação de Maillard. Esta reação ocorre mais rapidamente com a lactose amorfa do
que a cristalina. Reage, também, com compostos contendo arsênio e trinitrato de glicerila,
escurecendo. É incompatível com aminoácidos, anfetaminas, aminofilina e lisinopril.
Segurança: incluída no Guia de Ingredientes Inativos do FDA como própria para o uso em
injetáveis, comprimidos e cápsulas. É contra-indicada para pacientes que apresentam
intolerância à lactose, podendo causar dores abdominais, diarréia e flatulência.

b. Celulose microcristalina (Avicel, Microcel, Emcocel)


A celulose é empregada como excipiente farmacêutico desde os anos de 1950, quando o
Solka-flock foi colocado no mercado. Apresenta-se como um pó fino que pode ser usado
como diluente e desagregante. Contudo, possui características pobres de fluxo e
compactação, sendo pouco indicada para o processo de compressão direta. A celulose
pulverizada pode ser obtida por purificação e redução da -celulose, com grau de
cristalinidade entre 15 e 45%.
Na tentativa de melhorar as características da celulose, várias modificações foram
feitas. Dentre elas, aquela que levou à obtenção da celulose microcristalina (MCC), na qual
parte da -celulose sofre despolimerização por hidrólise ácida para remoção das frações
amorfas de celulose, produzindo partículas microcristalizadas. Para obter um pó deformável,
a celulose é lavada, desintegrada em pequenos fragmentos e sofre o processo de spray-
dryer. A celulose microcristalina caracteriza-se por sua alta cristalinidade (60-80%) e baixo
PM. O grau de cristalinidade é importante devido à influência em várias propriedades
incluindo compactação e absorção de água interferindo, diretamente, no fluxo e na
estabilidade do produto acabado. A composição química e a estrutura da MCC irão
depender da MP empregada e das condições de produção. Como conseqüência, vários
tipos de MCC encontram-se disponíveis no mercado com diferentes granulometria,
cristalinidade, morfologia e conteúdo de água e, consequentemente, com diferentes
parâmetros funcionais e aplicação.
O primeiro tipo comercializado foi o Avicel , nos anos de 1960. Hoje em dia, continua
sendo um dos excipientes mais empregados na preparação de FF sólidas. Apresenta
excelentes características de fluxo e compactação, podendo ser usado para compressão
direta, eliminando a necessidade da adição de agente lubrificante na formulação. Sua
excelente ação como agregante é decorrente da formação de ligações de H entre as
cadeias adjacentes, originando estrutura cristalina peculiar que facilita um mecanismo
natural de interação e reticulação. Quando MCC é utilizada, baixas forças de compressão
são suficientes para produzir compactação adequada, resistente e com baixa friabilidade.
Após compactação, as partículas podem sofrer deformação plástica (comportamento macio)
e aglomeram-se formando ligações de H entre as moléculas adjacentes, oferecendo ao
sistema, uma compactação resistente e particular. Contudo, esta capacidade de
compactação é menor que a do amido, sofrendo desagregação rapidamente. Pode ser
empregada como diluente, desagregante e agente de esferonização na produção de pellets.
Quando comparada com outros excipientes, a MCC apresenta alto custo. Portanto, pode ser
usada em combinação com outros excipientes mais baratos: lactose, amido, manitol, dentre
outros.

Descrição: Pó cristalino branco composto por partículas porosas. É inodoro e insípido.


Existem diferentes especificações de celulose microcristalina, as quais diferem entre si na
densidade aparente, tamanho de partícula e conteúdo de umidade. A celulose
microcristalina com partículas compreendidas entre 50 m (Avicel PH 101) e 100 m
(Avicel PH 102) se mostram mais adequadas como diluentes de cápsulas (Podzeck &
Jones, 2004).

Fórmula estrutural:
Fórmula estrutural da celulose microcristalina.

Fórmula molecular:
(C6H10O5)n , onde n = 200
PM  36000
Propriedades:
Ponto de fusão: carboniza em torno de 260 - 270C.
Solubilidade: praticamente insolúvel em água, ácidos diluídos e na maioria dos solventes
orgânicos. É levemente em solução de NaOH 5% (p/v). A celulose micristalina apesar de ser
insolúvel na água auxilia na desagregação da forma forma farmacêutica sem interferir na
solubilidade do fármaco no meio dissolvente (Aulton, 2005).

Densidade aparente: 0,45g/cm3 (para o Avicel PH-101).

Fluxo: a celulose microcristalina tem se demonstrado um bom diluente para cápsulas,


apresentando fluxo livre, facilitando o processo de preenchimento em placas e máquinas de
encapsulação (Thompson, 2004).

Conteúdo de umidade: normalmente apresenta menos que 5% (p/p) de umidade. Entretanto,


pode haver variações na quantidade de água entre as diferentes especificações de celulose
microcristalina. A celulose microcristalina é estável embora seja um material higroscópico.
Empregos: usada, primariamente, como diluente (20 - 90%) para comprimidos e cápsulas,
podendo ser usada nos processos de granulação a úmido e na compressão direta. Em
adição, pode ser empregado como lubrificante (5 - 20%) e desintegrante (5 -15%).
Adsorvente (20 - 90%).
Solubilidade: praticamente insolúvel em água, ácidos diluídos e em solventes orgânicos.
Estabilidade e estocagem: pó estável e ligeiramente higroscópico. Deve ser acondicionada
em local seco e livre de umidade.
Incompatibilidades: incompatível com agentes oxidantes fortes.
Segurança: incluída no Guia de Ingredientes Inativos do FDA como própria para o uso em
preparações vaginais, tópicas, para inalação, comprimidos, cápsulas, pós, suspensões e
xaropes. Não tóxico e não irritante. Pode ser irritante para os olhos.
c. Amido

Descrição: polissacarídeo de origem vegetal, extraído de cereais, constituído de amilose e


amilopectina. A porcentagem de cada constituinte pode variar de acordo com a fonte de
extração: milho, batata, mandioca. Pó fino, branco, sem sabor.

Fórmula estrutural:

Fórmula estrutural do amido

Propriedades:
Densidade aparente: 0,658 g/cm3 (amido de milho). Apresenta baixa densidade.
Fluxo: O amido de milho é coesivo e apresenta pobre característica de fluxo.
Conteúdo de umidade: os amidos são higroscópicos e rapidamente absorvem a umidade
atmosférica. O amido de milho contém normalmente entre 10 a 14% de água.
Tamanho de partícula: 2- 32 m, com diâmetro médio de 17 m (amido de milho).
Solubilidade: praticamente insolúvel em água fria e em etanol. Entretanto, o amido
intumesce instantaneamente em água na concentração de cerca de 5 – 10% a 37 o C. O
amido apesar de insolúvel em água, não interfere na solubilização do fármaco veiculado
(Aulton, 2005).
Empregos: usado, primariamente, como diluente para formas farmacêuticas sólidas,
incluindo cápsulas e comprimidos ou como agente desintegrante e aglutinante de
comprimidos (3- 15%). Embora apresente ação desintegrante em comprimidos, esta ação
parece não ser significativa em formulações de cápsulas (Aulton, 2005). O amido também é
utilizado na preparação de diluições de fármacos potentes para facilitar os processos de
mistura (Rowe et al., 2003).
Solubilidade: praticamente insolúvel em etanol (95GL) e água fria. Contudo, em água a
37C, intumesce instantaneamente.
Estabilidade e estocagem: O amido é estável se protegido da alta umidade e do
aquecimento. Deve ser acondicionado em recipientes fechados e em locais frescos e secos,
para não absorver umidade.
Incompatibilidades: não há descrição bibliográfica de incompatibilidades entre fármacos e
amido. O amido de milho pode conter uma substância estabilizante chamado hemetileno
tetramina que pode com o tempo interagir com a gelatina da cápsula, formando ligações
cruzadas e reduzindo a dissolução da gelatina (Singh et al., 2002)
Segurança: O amido é amplamente utilizado como excipiente em formulações farmacêuticas
e alimentícias, sendo considerado essencialmente não tóxico e não irritante.
O amido pode sofrer modificações físicas e/ou químicas como a pré-gelatinização e a
reticulação. Podem ser encontrados no mercado o Starch 1500 (amido parcialmente pré-
gelatinizado - 20%), Lycatab PGS (completamente pré-gelatinizado) e Pregeflo-CH
(modificações físicas e químicas). O amido pré-gelatinizado é um amido em que todas as
partes de seus grânulos sofreram ruptura por meio químico ou mecânico, em presença de
água e posterior dessecação. Geralmente contém cerca de 5% de amilose livre, 15% de
amilopectina livre e 80% de amido não modificado (Starch 1500). Apresenta-se como um
pó branco ou cremoso pálido, quase inodoro e com sabor discreto característico. O amido
pré-gelatinizado é empregado como diluente de cápsulas (5- 75%), aglutinante de
comprimidos obtidos por compressão direta (5 –a 20%) ou por granulação úmida (5 –a 10%)
e como desintegrante (5-10%). É utilizado como excipiente para formas farmacêuticas
pediátricas (Aliaga et al., 1998). O amido pré-gelatinizado apresenta propriedades de fluxo e
compressão superiores ao amido convencional. Apresenta o diâmetro médio de partícula de
52 m. Como diluente de cápsulas, o amido pré-gelatinizado apresenta as vantagens de
favorecer um preenchimento com menor variação de peso e otimizar a dissolução de
fármacos pouco solúveis (Gohil et al., 2004). No preparo de comprimidos, o amido pré-
gelatinizado pode ser utilizado nos processos de compressão direta e granulação úmida. O
amido pré-gelatinizado é estável, mas é higroscópico devendo ser armazenado em
recipiente bem fechado em local fresco e seco. É auto-lubrificante e de modo geral
dispensa a adição de lubrificantes. Entretanto, quando utilizado em mistura com outros
excipientes pode ser necessário a adição de lubrificante na formulação. Embora, o estearato
de magnésio seja utilizado para este próposito, em misturas com amido pré-gelatinizado sua
concentração não deve ser superior a 0,25% (p/p) para não influenciar negativamente na
dissolução da forma farmacêutica.

d. Fosfato de cálcio dibásico ( Emcompress, Di-tab)


Descrição: Pó branco ou cristalino, inodoro e insípido. Ocorre como cristais triclínicos.
Fórmula molecular: CaHPO4 PM: 136,06.
Propriedades:
Ponto de fusão: não se funde; decompões-se em cerca de  425o C para formar o
pirofosfato de cálcio.
Tamanho de partícula: diâmetro de partículas na faixa de 136 m (Emcompress).
Solubilidade: praticamente insolúvel em água, éter e etanol; solúvel em ácidos diluídos.
Fluxo: apresenta boas propriedades de compactação e fluxo. Entretanto apresenta
características abrasivas e requer a adição de agente lubrificante, como o estearato de
magnésio a 1%.
Conteúdo de umidade: 0,1–a 0,2% .
Empregos:
Diluente de comprimidos e cápsulas, agente tamponante e abrasivo. É normalmente
empregado em formulações para compressão direta de comprimidos.

Estabilidade e estocagem: O fosfato de cálcio dibásico anidro é uma substância


relativamente estável e não-higroscópica. Ele deve ser conservado em recipiente bem
vedado e em local seco.
Incompatibilidades: Não deve ser utilizado em formulações contendo derivados da
tetraciclina, indometacina, ácido acetilsalicílico, aspartame, ampicilina, cefalexina,
eritromicina e fármacos sensíveis ao pH alcalino promovido pelo fosfato de cálcio dibásico.
Segurança: o fosfato de cálcio dibásico é amplamente utilizado em preparações
farmacêuticas orais, produtos alimentícios e pastas dentais, sendo reconhecido como uma
substância não-tóxica e não-irritante.

e. Manitol (D-manitol)
Descrição: O manitol é um álcool hexahídrico relacionado com a manose, sendo isomérico
ao sorbitol. Se apresenta como um pó cristalino ou grânulos de cor branca, inodoro e de
sabor doce.
Fórmula molecular:
C6H14O6 PM:182,17
Fórmula estrutural:

Fórmula estrutural do manitol

Propriedades:
Densidade aparente: 0,734g/cm3 (pó).
Ponto de fusão: 166 – 168o C.
Fluxo: o manitol pó é coesivo, porém na forma de grânulos apresenta fluxo livre.
Solubilidade: em cerca de 6 partes de água; em 18 partes de glicerina; em 83 partes de
etanol a 95%; praticamente insolúvel em éter e solúvel em álcalis.
Empregos: Diluente de comprimidos e cápsulas, agente edulcorante, veículo, agente para
ajuste de tonicidade em preparações inetáveis, nasais e oftálmicas.
Como diluente de cápsulas e comprimidos o manitol apresenta um valor adicional, não
sendo higroscópico ele poderia ser utilizado com ingredientes sensíveis à umidade.
Estabilidade e estocagem: o manitol é estável na forma sólida e em soluções. Não é
higroscópico. O manitol também não permite a ocorrência de reações de Maillard.
Incompatibilidades: O manitol é incompatível com uma infusão de xilitol e pode formar
complexos com alguns metais tais como alumínio, cobre e ferro. O manitol reduz a
biodisponibilidade oral da cimetidina.

f. Sorbitol (pó)
Descrição: pó cristalino branco ou quase branco, higroscópico, sem odor característico. São
conhecidas 4 formas cristalinas e como sorbitol amorfo. Apresenta capacidade edulcorante
equivalente a 50 - 60% da sacarose.
Propriedades:
pH de uma solução aquosa a 10%p/v: varia de 4,5 a 7,0.
Ponto de fusão: encontra-se entre 110 e 112C para a forma amorfa; 97,7C para o
monohidrato; e 93C para a forma monohidratada metaestável.
Solubilidade a 25C: praticamente insolúvel em clorofórmio e éter. Solúvel em água: 1 parte
em 0,5 de água. Em etanol 95%: 1 parte em 25; Etanol 20%: 1 parte em 1,2.
Fluxo: características de fluxo dependem do tamanho de partículas. O sorbitol pó fino
apresenta pobres características de fluxo e o sorbitol granular possui boas propriedades de
fluxo.
Empregos: empregado como excipiente de preparações farmacêuticas, cosméticos e
alimentos. Usado como diluente para produção de comprimidos (granulação úmida e
compressão direta); em pastilhas mastigáveis, devido ao sabor adocicado e refrescante;
como veículo (20 - 35%) para formulações isentas de açúcar; como estabilizante de
fármacos, vitaminas e em suspensões antiácidas; umectante (3 - 15%); em suspensões
orais (70%) ou como plastificante para gelatina e celulose (5 - 20%).
Estabilidade e estocagem: quimicamente inerte e compatível com vários excipientes.
Composto higroscópico, devendo se acondicionado em recipientes hermeticamente
fechados, ao abrigo do calor e sem umidade.
Incompatibilidades: pode aumentar a degradação de penicilinas em solução aquosa. Pode
formar quelatos hidrossolúveis com íons metálicos bi e trialentes.
Segurança: usado em cosméticos, fórmulas tópicas e parenterais. Uso aprovado para
injetáveis, comprimidos, cápsulas e suspensões, soluções, xaropes e preparações tópicas e
vaginais.
g. Talco farmacêutico (Talco purificado)
Descrição: é o silicato de magnésio hidratado purificado. Caracteriza-se por ser um pó
cristalino muito fino, branco ou branco acinzentado. É untuoso e adere facilmente à pele,
sendo macio ao toque.
Fórmula molecular: Mg6(Si2O5)4(OH)4
Propriedades:
Conteúdo de umidade: o talco não é higroscópico, absorvendo uma quantidade
insignificante de água, mesmo em condições de umidade relativa alta.
Solubilidade: paraticamente insolúvel em água, ácidos diluídos, álcalis e solventes
orgânicos.
Tamanho de párticulas: varia de acordo com a especificação. O talco 200 mesh apresenta
um diâmetro médio de partícula de 74m.
Empregos: usado, primariamente, como lubrificante para formas farmacêuticas sólidas (1 –
10%) ou como agente diluente (5 - 30%) para cápsulas e comprimidos, devido ao efeito
secante (absorvente) e lubrificante. O talco é hidrofóbico e um retardante da dissolução,
podendo reduzir a dissolução de fármacos pouco solúveis (Rowe et al., 2003). Devido as
suas propriedades absorventes pode eventualmente ser utilizado para aumentar a
compatibilidade de misturas eutéticas, pós higroscópicos ou deliqüescentes em excipientes
para preparação de cápsulas (USP Pharmacists’ Pharmacopeia, 2005). O talco tem sido
também empregado na redução de forças eletrostáticas de pellets, facilitando a
encapsulação destes (Chopra et al., 2002).
Solubilidade: praticamente insolúvel em água, ácido, base ou solventes orgânicos.
Estabilidade e estocagem: deve ser acondicionada em recipientes fechados e em locais
frescos e secos, apesar de ser estável. Vulnerável à contaminação microbiológica. É
susceptível à contaminação por bactérias, incluindo o Clostridium tetani, Clostridium welchi e
o Bacillus anthracis. Portanto, é recomendado que o talco seja previamente esterilizado para
o emprego como pó absorvente. É importante e recomendado o controle microbiológico do
talco antes da sua utilização.
Incompatibilidades: incompatível com compostos de amônio quaternário.
Segurança: incluída no Guia de Ingredientes Inativos do FDA como própria para o uso em
comprimidos, cápsulas e preparações retais e tópicas. É considerado essencialmente um
material não-tóxico. Embora sua inalação pode ser irritante e causar sérios problemas
respiratórios.
h. Caolim Farmacêutico (bolus alba, argila, argila de porcelana, terra silícia purificada)
Descrição:
O caolim corresponde ao silicato de alumínio hidratado natural purificado de composição
variável. Algumas farmacopéias distiguem as especificações pesada e leve. O caolim leve é
obtido à partir do pesado através da eliminação de muitas de suas impurezas. O caolim
pesado se apresenta como um pó fino, untuoso ao tato, de cor branca ou branca
acinzentada, inodoro e quase insípido. Quando se umedece apresenta o odor característico
de argila.

Fórmula química: Al2O3.2SiO2.2H2O PM: 258,16.

Propriedades:

Higroscopicidade: o caolim apresenta baixa higroscopia (absorve pequena quantidade de


água.

Tamanho de partículas: o tamanho médio de partículas varia de 0,6 – 0,8 m.

Fluxo:apresenta pobre propriedade de fluxo.

Solubilidade: praticamente insolúvel em água, dietil éter, etanol, outros solventes orgânicos,
ácidos diluídos e soluções alcalinas de hidróxidos.

pH (suspensão a 20%): 4,0 – 7,5.

Empregos: Diluente de cápsulas, comprimidos e pós; adsorvente; agente suspensor. Devido


a suas propriedade absorvente é efetivo para aumentar a compatibilidade de misturas
eutéticas, pós higroscópicos ou deliquescentes em excipientes para preparação de cápsulas
(USP Pharmacists’ Pharmacopeia, 2005). Como diluente o caolim é considerado arcaico,
podendo diminuir a absorção de diversos fármacos.O caolim também tem sido utilizado
terapeuticamente em preparações orais antidiarréicas.

Estabilidade e estocagem:

O caolim é uma substância estável. É susceptível à contaminação microbiana por bactérias


como, o Bacillus anthracis, Clostridium tetani e Clostridium welchii. Entretanto, o caolim
pode ser esterilizado por aquecimento a 160o C por 1 hora. O caolim deve ser armazenado
em recipiente bem fechados e em local fresco e seco.

Incompatibilidades: A propriedade absorvente do caolim pode influenciar a absorção de


outros fármacos orais, como, a amoxicilina, ampicilina, cimetidina, digoxina, lincomicina,
fenitoína e clindamicina.

i. Óxido de magnésio
Descrição: O óxido de magnésio é encontrado em duas formas: o óxido de magnésio leve
(menos densa) eo óxido de magnésio pesado (mais densa). Ambas as formas ocorrem
como um pó fino, branco e inodoro.

Fórmula molecular: MgO PM:40,30

Propriedades:

pH : 10,3 (solução saturada)

ponto de fusão: 2800o C .

Tamanho de partícula: 99,98% das partículas menores que 45 m (óxido de magnésio leve).

Solubilidade: Praticamente insolúvel em água; insolúvel em etanol; solúvel em ácidos


diluídos e em soluções de amônia.

Emprego: Diluente de comprimidos e cápsulas. O óxido de magnésio é utilizado como


diluente alcalino de formas farmacêuticas sólidas. Devido a suas propriedade absorvente é
efetivo para aumentar a compatibilidade de misturas eutéticas, pós higroscópicos ou
deliqüescentes em excipientes para preparação de cápsulas (USP Pharmacists’
Pharmacopeia, 2005). O óxido de magnésio leve demonstra propriedade absorvente mais
efetiva que a forma pesada. O óxido de magnésio pesado é utilizado preferencialmente em
formas farmacêuticas sólidas por sua maior densidade, a forma leve é utilizada
preferencialmente no preparo de formas farmacêuticas líquidas devido ao fato de se
seuspender mais facilmente. É utilizado terapeuticamente como antiácido e no tratamento
da hipomagnesemia. O óxido de magnésio é também empregado em produtos alimentícios
e na elaboração de dentifrícios.

Estabilidade e estocagem: O óxido de magnésio é estável em condições normais de


temperatura e pressão. O óxido de magnésio é higroscópico e absorve água e dióxido de
carbono rapidamente quando exposto ao ar. A forma leve mais rapidamente que a forma
pesada. Entretanto, por apresentar um alto ponto de fusão se demonstra um excelente
absorvente para aumentar a compatibilidade de misturas eutéticas e de substâncias
deliqüescentes. O óxido de magnésio deve ser acondicionado em recipiente bem vedado e
armazenado em local fresco e seco.

Incompatibilidades: O óxido de magnésio é um óxido básico e pode reagir com compostos


de natureza ácida no estado sólido formando sais como, o Mg(ibuprofeno) 2 (Tugrul et al.,
1989) ou degradar fármacos alcalino-lábeis. A adsorção de vários fármacos em óxido de
magnésio tem sido relatado como, anti-histamínicos, antibióticos (especialmente a
tetraciclina), salicilatos, sulfato de atropina, bromidrato de hioscinamina e derivados
antranilícos. O óxido de magnésio pode formar complexo com polímeros retardando a
liberação de fármacos e pode interagir com o fenobarbital sódico no estado sólido. O óxido
de magnésio tem um efeito negativo na estabilidade do diazepam e pode afetar a
biodisponibilidade da triclometiazida e de antiarrítmicos.

Segurança: Incluído no Guia de Ingredientes Inativos do FDA como excipiente para cápsulas
e comprimidos sendo considerado um material não-tóxico, embora efeito adverso laxativo
pode ocorrer se ingerido em altas doses.

j. Carbonato de magnésio

Descrição: O carbonato de magnésio é comercializado em duas formas, como carbonato de


magnésio leve e como carbonato de magnésio pesado. É um carbonato magnésico básico
hidratado que deve conter entre 40-45% de óxido de magnésio. Apresenta-se como um pó
branco, inodoro e insípido. Quinze gramas do carbonato de magnésio leve ocupam um
volume de cerca de 180mL, enquanto esta mesma quantidade do carbonato de magnésio
pesado ocupa cerca de 30mL.

Fórmula molecular:

Carbonato de magnésio pesado: (MgCO3)3.Mg(OH)2.4H2O PM:383,32

Carbonato de magnésio leve (MgCO3)3.Mg(OH)2.3H2O PM:365,30.

Propriedades:

Ponto de fusão: cerca de 350o C (carbonato de magnésio anidro); as formas hidratadas


apresentam o ponto de fusão bem mais altos pois se converte em óxido de magnésio.

Tamanho de partícula: 99,5% das partículas com cerca de 44,5m (carbonato de magnésio
leve 350 mesh).

Solubilidade: praticamente insolúvel em água, mas é solúvel em água contendo dióxido de


carbono. Insolúvel em etanol. O Carbonato de magnésio se dissolve com efervescência em
solução de ácidos diluídos.

Emprego: É utilizado como diluente de comprimidos ( 45%) e cápsulas. O carbonato de


magnésio é também utilizado como absorvente de líquidos (ex. flavorizantes,
dimetilpolisiloxane, etc).O carbonato de magnésio é adicionalmente utilizado como aditivo
alimentar e terapeuticamente como antiácido. Devido a sua propriedade absorvente, o
carbonato de magnésio leve, é efetivo para aumentar a compatibilidade de misturas
eutéticas, pós higroscópicos ou deliquescentes, sendo preferível ao óxido de magnésio por
ser menos reativo que este (Parrot, 1971; USP Pharmacists’ Pharmacopeia, 2005).

Estabilidade e estocagem:

O carbonato de magnésio é estável ao ar seco e à luz. Entretanto, deve ser conservado em


recipiente bem fechado e em local fresco e seco.

Incompatibilidades:

É incompatível com fenobarbital sódico, soluções de diazepam em pH  5,0 e lansoprazol. O


carbonato de magnésio aumenta a dissolução da acetazolamida em pH1,12, retartando a
dissolução em pH 7,4 (Hashim & El-Din, 1989).

Segurança:

O carbonato é considerado um excipiente essencialmente não-tóxico e não-irritante em


formas farmacêuticas sólidas orais. Está incluído no Guia de excipientes inativos do FDA
para uso em cápsulas e comprimidos.

k.Sulfato de cálcio dihidratado


Descrição: Pó ou grânulos brancos ou quase brancos, inodoro e insípido.
Fórmula química:
CaSO4.2H2O PM: 172,17.
Propriedades:
Ponto de fusão: 1450o C (forma anidra)
Densidade aparente: 1,12g/cm3 (forma dihidratada)
pH: 7,3 (10%- forma dihidratada).
Solubilidade: solúvel em 375 partes de água, praticamente insolúvel em álcool.
Emprego: O sufato de cálcio dihidratado é utilizado como diluente de comprimidos e
cápsulas. A forma granular possui boa propriedade de compactação e moderada
propriedade de desintegração. A forma anidra não é utilizada em formulações de
comprimidos, cápsulas ou pós para administração oral.
Estabilidade e estocagem: O sulfato de cálcio é quimicamente estável. Entretanto a forma
anidra é higroscópica e pode “empedrar” durante o armazenamento.
Deve ser armazenado em local seco e protegido do calor.
Incompatibilidades: Em presença de umidade sais de cálcio podem ser incompatíveis com
aminas, aminoácidos, peptídeos e proteínas, podendo formar complexos. Sais de cálcio
interferem na biodisponibilidade de antibióticos derivados da tetraciclina. É previsto que o
sulfato de cálcio seja incompatível com indometacina, ácido acetilsalicílico, aspartame,
ampicilina, cefalexina e eritromicina. O sulfato de cálcio absorve umidade e por isso deve
ser utilizado com cautela em formulações de produtos que contêm substâncias susceptíveis
à decomposição na presença de umidade.
Segurança: O sulfato de cálcio dihidratado é utilizado como excipiente para cápsulas e
comprimidos . Na concentração usada em excipientes o sulfato de cálcio é considerado não
tóxico e está incluído no guia de excipientes inativos do FDA para cápsulas e comprimidos
de uso oral.

Lubrificantes:

a. Estearato de magnésio (octadecanoato de magnésio)


Descrição: O estearato de magnésio é um pó fino, branco e de baixa densidade com odor
característico de ácido esteárico.O pó é graxo ao toque e rapidamente adere à pele.
Fórmula: C36H70MgO4 PM:591,34
Propriedades:
Densidade aparente: 0,286 g/cm3.
Fluxo: pó coesivo e com fluxo pobre.
Ponto de fusão: 117-150o C (grau comercial); 126- 130o C ( alta pureza).
Solubilidade: praticamente insolúvel em água, etanol e éter; levemente solúvel em etanol e
benzeno mornos.
Emprego: Lubrificante de cápsulas e comprimidos (0,25 – 5,0%). O estearato de magnésio
é hidrofóbico e pode retardar a dissolução de fármacos em formas farmacêuticas sólidas e
portanto deve ser empregado na menor concentração possível. Na formulação de cápsulas
este lubrificante é empregado em concentrações variando entre 0,25 a 1% para melhorar as
propriedades de fluxo da mistura de pós (Allen Jr. et al., 2005). A dissolução de cápsulas é
sensível à quantidade de estearato de magnésio. Uma alta concentração de estearato de
magnésio e um tempo longo de mistura, pode resultar na formação de um leito hidrofóbico
na mistura de pó que não se dispersa após a dissolução do invólucro da cápsula (Samyn &
Jung, 1970; Murthy & Samyn ,1977), podendo retardar a penetração dos fluidos
gastrintestinais e reduzir a dissolução e absorção do fármaco (Allen Jr. et al., 2005). Um
agente tensioativo, como o lauril sulfato de sódio é recomendado neste caso para superar
este problema através do favorecimento da molhagem da mistura de pós pelos fluidos
gastrintestinais (Caldwell, 1974). O estearato de magnésio é amplamente utilizado em
cosméticos, alimentos e formulações farmacêuticas.
Estabilidade e estocagem: O estearato de magnésio é estável e deve ser acondicionado em
recipiente bem vedado e armazenado em local fresco e seco.
Incompatibilidades:
É incompatível com ácidos fortes, álcalis e sais de ferro. Deve-se evitar sua mistura com
substâncias fortemente oxidantes. O estearato de magnésio não pode ser usado em
produtos contendo ácido acetilsalicílico, algumas vitaminas e sais alcaloídicos.
Segurança: É considerado não tóxico como excipiente de preparações para administração
oral. Está incluído na lista de ingredientes inativos do FDA para uso em cápsulas, pós e
comprimidos para administração oral; comprimidos bucal e vaginal e preparações tópicas).

Agentes molhantes
a. Lauril sulfato de sódio (LSS, dodecil sulfato de sódio)
Descrição: Pó, cristais ou flocos de cor branca, creme ou amarelo pálido de sabor amargo e
odor levemente característico de substâncias gordurosas.
Fórmula molecular: C12H25NaO4S PM: 288,38
Propriedades:
Ponto de fusão: 204 –207o C.
HLB = 40
pH (sol. 1%p/v): 7,0 – 9,5 .
Solubilidade: facilmente solúvel em água formando uma solução opalescente; praticamente
insolúvel em éter e clorofórmio.
Conteúdo de umidade:  5%. O lauril sulfato de sódio não é higroscópico.
Emprego: Agente molhante (1-2%) e lubrificante de cápsulas e comprimidos (1 –2%). Tem
sido empregado como agente molhante para aumentar a dissolução e biodisponibilidade de
fármacos veiculados em formas farmacêuticas sólidas (Allen Jr., 2002). O lauril sulfato de
sódio tem sido adicionado à mistura de pós para neutralizar forças eletrostáticas (Allen Jr.,
2002). Surfactante aniônico, agente emulsificante (0,5 –2,5%); favorecedor da
permeabilidade cutânea. O lauril sulfato de sódio é empregado em diversas formulações
cosméticas e farmacêuticas (não-parenterais).
Estabilidade e estocagem: É estável em condições normais de armazenamento. Deve ser
acondicionado em recipiente bem fechado e armazenado em local seco e fresco, protegido
de agentes oxidantes fortes.
Incompatibilidades: O lauril sulfato de sódio reagem com surfactantes catiônicos, causando
a perda da atividade e precipitação. É incompatível com sais alcaloídicos e forma
precipitados na presença de sais de chumbo e potássio.
Segurança: O lauril sulfato de sódio está incluído no guia de ingredientes inativos do FDA
para uso em preparações dentais, cápsulas, comprimidos, suspensões e preparações
tópicas. Não deve ser utilizado em preparações intravenosas. Pode ser moderadamente
tóxico e irritante para pele, olhos, membranas mucosas, trato respiratório superior e
estômago.

b. Docusato sódico (dioctilsulfosuccinato de sódio)

Descrição: É um surfactante aniônico. O docusato sódico é branco ou quase branco, possui


sabor amargo e odor característico do octanol. É higroscópico e encontrado na forma de
pellets ou flocos.

Emprego: Agente molhante de formas farmacêuticas sólidas (0,5 –1,0%) favorecendo a


dissolução de fármacos pouco solúveis. É utilizado na terapêutica como laxante amolecedor
das fezes.

Estabilidade e estocagem: No estado sólido é estável em temperatura ambiente. Por ser


higroscópico deve ser acondicionado em recipiente bem vedado e armazenado em local
seco e fresco.

Incompatibilidade: É incompatível com ácidos em pH<1,0 e com álcalis em pH > 10,0. Em


solução aquosa pode ser incompatível com alguns eletrólicos (ex. NaCl).

Segurança: Está incluído no Guia de Ingredientes Inativos do FDA para uso em cápsulas,
comprimidos, suspensões orais e também em formulações tópicas.

Desintegrantes (superdesintegrantes)

a. Glicolato sódico de amido (Explotab, Explomido, Primojel)

Descrição: É o sal sódico do carboximetil éter de amido. É um pó branco ou quase branco,


inodoro e insípido. O glicolato sódico de amido é derivado do amido de batata substituído e
com ligação cruzada. O amido é carboximetilado por reação com cloroacetato de sódio em
um meio alcalino seguido por neutralização com ácido cítrico ou com outros ácidos. A
ligação cruzada é obtida por métodos físicos ou químicos pelo uso de reagentes tais como
oxitricloreto de fósforo ou trimetafosfato. As propriedades físicas do glicolato sódico de
amido e a sua efetividade como desintegrante são afetados pelo grau de ligação cruzada e
a extensão da carboximetilação.

Fórmula estrutural:

Fórmula estrutural do glicolato sódico de amido

Propriedades:

Tamanho de partículas: 100% das partículas menores que 104 m. O tamanho médio de
partícula é de 42 m para o Explotab.

Fluxo: fluxo livre.

Densidade aparente: 0,945g/cm3.

Ponto de fusão: não se funde, mas se carboniza em aproximadamente 200o C.

Solubilidade: praticamente insolúvel em água, entretanto se dispersa em água fria e se


hidrata facilmente; levemente solúvel em etanol.

Capacidade de intumescimento em água: absorve até 300 vezes o seu volume em água.

Emprego: Desintegrante de cápsulas e comprimidos (2 – 8%). Promove a desintegração por


captação de de água, seguida por rápido e grande intumescimento. Sua eficácia
desintegrante não é afetada pela presença de excipientes hidrofóbicos. Tem sido utilizado
para favorecer a desintegração formas farmacêuticas sólidas e dissolução de fármacos
pouco solúveis.

Estabilidade e estocagem: O glicolato sódico de amido é estável, devendo ser


acondicionado em recipiente bem fechado e armazenado protegido de variações de
temperatura e umidade.

Incompatibilidades: É incompatível com ácido ascórbico.

Segurança: É considerada uma substância não-tóxica e não-irritante. Está incluído no Guia


de Ingredientes Inativos do FDA para uso em cápsulas e comprimidos.
b. Croscarmelose sódica (Ac-Di-Sol, Explocel, Pharmacel XL)

Descrição: A croscarmelose sódica corresponde a um polímero com ligações cruzadas da


carboximetilcelulose. Ocorre como um pó branco ou acinzentado e inodoro. As ligações
cruzadas tornam a carboximetilcelulose insolúvel, hidrofílica, altamente absorvente de água,
resultando em uma excelente propriedade de intumescimento e a sua natureza fibrosa
proporciona captação de água.

Propriedades:

Densidade aparente: 0,529 g/cm3 (Ac-Di-Sol)

Solubilidade: insolúvel em água, entretanto a croscarmelose sódica é hidrofílica e se


intumesce rapidamente absorvendo cerca de 4 a 8 vezes o seu volume em água.

Emprego: Desintegrante de cápsulas (10 – 25%), comprimidos (0,5 – 5,0%) e grânulos. A


eficiência da croscarmelose sódica na promoção da desintegração é causada pela rápida
penetração da água nas partículas fibrosas do desintegrante e o desenvolvimento
subsequente de uma força de desintegração. A croscarmelose sódica melhora as
características de desintegração e dissolução do medicamento, aumentando a
biodisponibilidade da formulação.

Estabilidade e estocagem: A croscarmelose sódica é uma substância estável, porém


higroscópica. Deve ser acondicionado em recipiente bem fechado e armazenado em local
fresco e seco.

Incompatibilidades: A eficácia desintegrante da croscarmelose sódica pode ser levemente


reduzida em formulações que contenham excipientes higroscópicos tais como o sorbitol. A
croscarmelose sódica é incompatível com ácidos fortes, sais solúveis de ferro e de alguns
outros metais como o alumínio, mercúrio e zinco.

Segurança: A croscarmelose sódica, como desintegrante em formulações farmacêuticas. É


considerada um material não-tóxico e não-irritante. Entretanto, se consumido em grande
quantidade pode apresentar um efeito laxativo. Ela está incluída no Guia de Excipientes
Inativos do FDA para uso em formulações de cápsulas e comprimidos orais.

Deslizante:

a. Dióxido de silício coloidal (sílica coloidal, sílica coloidal anidra, anidrido silício,
Aerosil, Cab-O-Sil)
Descrição: É obtida por hidrólise da fase de vapor de um composto de sílica. Se apresenta
como um pó submicroscópico amorfo, fino, não arenoso, leve, branco, higroscópico, inodoro
e insípido com tamanho de partícula ao redor de 15 nm.

Fórmula molecular: SiO2 PM:60,08

Propriedades:

Solubilidade: praticamente insolúvel em solventes orgânicos, água e ácidos, exceto no ácido


fluorídrico, solúvel em soluções aquecidas de hidróxidos alcalinos. Forma dispersão coloidal
com a água.

Fluxo: seu pequeno tamanho de partícula e grande área de superfície específica


proporciona características desejáveis de fluxo.

Emprego: Adsorvente, dessecante, deslizante (0,1 – 0,5%), agente suspensor (2,0 – 10%),
agente de viscosidade (2,0 a 10%), agente anti-caking. O dióxido de silício coloidal melhora
as propriedades de fluxo de pós. É empregado para aumentar a compatibilidade de misturas
eutéticas, substâncias deliquescentes e higroscópicas (USP Pharmacists’ Pharmacopeia,
2005). É também frequentemente adicionado em formulações de supositórios contendo
excipientes lipofílicos para aumentar a viscosidade e previnir a sedimentação durante a
moldagem. É também utilizado como agente dispersante de líquidos em mistura de pós e
como estabilizante de emulsões e espessante em géis e preparações semi-sólidas.

Estabilidade e estocagem: O dióxido de silício coloidal é higroscópico, mas adsorve uma


grande quantidade de água sem se liquefazer.Quando utilizado em sistemas aquosos em
pH de 0 a 7,5 é efetivo no aumento da viscosidade. Entretanto, em pH maior que 7,5 as
propriedade de aumento de viscosidade do dióxido de silício coloidal é reduzidas e em pH
maior que 10,7 esta propriedade é totalmente perdida devido a dissolução do dióxido de
silício, formando silicatos. Deve ser acondicionado em recipiente bem fechado e
armazenado em local seco.

Incompatibilidades: É incompatível com preparações contendo dietilestilbestrol.

Segurança: É amplamente utilizado em preparações farmacêuticas de uso oral e tópico,


sendo considerado uma substância não-toxica e não irritante. Está incluído no Guia de
Ingredientes Inativos do FDA para uso em cápsulas, comprimidos, suspensões, preparações
transdérmicas e vaginais.
11. Excipientes semi-sólidos e líquidos para uso em cápsulas
O preenchimento de cápsulas duras com o fármaco previamente dissolvidos em
massas semi-sólidas ou em líquidos não-aquosos (ex. óleos vegetais fixos) tem sido
utilizado para aumentar a biodisponibilidade de fármacos pouco solúveis. O Quadro abaixo
relaciona alguns excipientes semi-sólidos e líquidos para uso em cápsulas gelatinosas.

Relação de alguns excipientes semi-sólidos e líquidos utilizados em cápsulas:

Óleos vegetais fixos Óleos vegetais hidrogenados Polietilenoglicóis


Óleo de algodão Óleo hidrogenado de rícino PEG* 6000
(Castorwax, Croduret, Cutina

HR )
Óleo de milho Óleo hidrogenado de algodão PEG 1500 / PEG 4000 (1:1)
(Lubritab)
Óleo de oliva Óleo hidrogenado de soja (Lipovol PEG 1450 / PEG 3350 (1:1)
HS-K, Hydrocote)
Óleo de soja Óleo hidrogenado de côco
Gorduras vegetais
Óleo de amêndoas Óleo hidrogenado de Palma Manteiga de cacau
Óleo de amendoim Cera de carnaúba

Óleos essenciais voláteis


Óleo de girassol Óleo de Mentha piperita .......................................
Adaptado: Allen Jr., 2002.
*PEG = polietilenoglicol (comercializado como Carbowax ou Macrogol)

Exemplos de cápsulas duras com preenchimento líquido:

Progesterona 100 mg em cápsulas com óleo de amendoim


(IJPC Jan/Feb 1998 pg. 55).

Para se manipular 100 cápsulas contendo 100 mg de progesterona, faça a diluição a seguir:
Progesterona micronizada ..... 10 g
Óleo de amendoim qsp 30 mL

Procedimento:
Passo 1: Calcule a quantidade de cada ingrediente requerido pela prescrição.
Passo 2: Pese precisamente a progesterona.
Passo 3: Misture a progesterona em cerca de 20 mL de óleo de amendoim, em pequenas
porções.
Passo 4: Adicione o óleo de amendoim até completar 30 mL e misture bem.
Passo 5: Preencha o tabuleiro com 100 cápsulas gelatinosas duras N1 .
Passo 6: Utilizando uma micropipeta ou uma pipeta graduada, adicione 300 mcL (0,3mL) da
diluição oleosa de progesterona em cada uma das 100 cápsulas.
Passo 7: Selar e lacrar cada cápsula. Para selar os dois hemireceptáculos das cápsulas,
aplique um cotonete umedecido com álcool 50% no interior da tampa da cápsula antes de
lacrá-la ao corpo e em seguida aplique também o cotonete umedecido na junção da
cápsula.
Passo 8: Remova as cápsulas preenchidas do tabuleiro.
Passo 9: Embale e rotule.

Testosterona base 25mg em cápsula com óleo de amendoim

(IJPC Jul/Aug 2002 pg. 301)

Para se manipular 100 cápsulas contendo 25mg de Testosterona, faça a diluição a seguir:
Testosterona...........................................2,5g
Óleo de amendoim qsp...........................30mL
Procedimento:
Passo 1: Calcule a quantidade de cada ingrediente requerido pela prescrição.
Passo 2: Pese precisamente a testosterona base.
Passo 3: Misture a testosterona em cerca de 20 mL de óleo de amendoim, em pequenas
porções.
Passo 4: Adicione o óleo de amendoim até completar 30 mL e misture bem.
Passo 5: Preencha o tabuleiro com 100 cápsulas gelatinosas duras N1 .
Passo 6: Utilizando uma micropipeta ou uma pipeta graduada, adicione 300 mcL (0,3mL) da
diluição oleosa de progesterona em cada uma das 100 cápsulas.
Passo 7: Selar e lacrar cada cápsula. Para selar os dois hemireceptáculos das cápsulas,
aplique um cotonete umedecido com álcool 50% no interior da tampa da cápsula antes de
lacrá-la ao corpo e em seguida aplique também o cotonete umedecido na junção da
cápsula.
Passo 8: Remova as cápsulas preenchidas do tabuleiro.
Passo 9: Embale e rotule.

Exemplos de cápsulas com preenchimento semi-sólido:


Cápsulas com estrogênios: (composição para 100 cápsulas)
(IJPC May/Jun 1997 pg. 187)
Estriol ..................... 200 mg
Estrona ..................... 25 mg
Estradiol .................... 25 mg
Polietilenoglicol 1500 .... 20 g
Polietilenoglicol 4000 .... 20 g
cada cápsula deverá conter: 2mg de estriol / 0,25mg de estrona e
0,25mg de estradiol.

Procedimento:
Passo 1: Calcule a quantidade requerida na prescrição de cada ingrediente.
Passo 2: Pese precisamente cada componente.
Passo 3: Utilizando diluição geométrica, misture os pós.
Passo 4: Utilizando baixo calor em torno de 65C, em uma placa de aquecimento, funda os
polietilenoglicóis.
Passo 5: Aos poucos acrescente os pós, misturando-os completamente na massa fundida.
Preencha o tabuleiro de com 100 cápsula N1, removendo suas tampas.
Passo 6: O volume total obtido da massa fundida + os pós deve ser dividido por 100, este
será o volume a ser preenchido individualmente em cada cápsula. Para preencher o as
cápsulas aspire o volume da individual a ser encapsulado da mistura fundida com auxílio de
uma seringa ou micropipeta .
Passo 7: Acrescente o volume requerido em cada cápsula. Permita que a mistura endureça
e então recoloque a tampa sobre as cápsulas.

Passo 8: Verifique o peso de cerca de 10 cápsulas para constatar a uniformidade e precisão.


Passo 9: Embale e rotule.

Cápsulas com Nifedipina 20mg /cápsula: (composição para 100 cápsulas)


Nifedipina........................................2,0g
Polietilenoglicol 1500......................20g
Polietinoglicol 4000........................20g

Procedimento:
Passo 1: Calcule a quantidade requerida na prescrição de cada ingrediente.
Passo 2: Pese precisamente cada componente.
Passo 3: Utilizando baixo calor em torno de 65C, em uma placa de aquecimento, funda os
polietilenoglicóis.
Passo 4: Aos poucos acrescente a nifedipina, misturando-a completamente na massa
fundida. Passo 5. Preencha o tabuleiro de com 100 cápsula N1, removendo suas tampas.
Passo 6: O volume total obtido da massa fundida + os pós deve ser dividido por 100, este
será o volume a ser preenchido individualmente em cada cápsula. Para preencher o as
cápsulas aspire o volume da individual a ser encapsulado da mistura fundida com auxílio de
uma seringa ou micropipeta .
Passo 7: Acrescente o volume requerido em cada cápsula. Permita que a mistura endureça
e então recoloque a tampa sobre as cápsulas.

Passo 8: Verifique o peso de cerca de 10 cápsulas para constatar a uniformidade e precisão.


Passo 9: Embale e rotule.
12. EXCIPIENTES PARA CÁPSULAS COM SISTEMAS DE MATRIZES HIDROFÍLICAS
(CÁPSULAS DE LIBERAÇÃO LENTA)

Caso seja desejado a liberação lenta do fármaco, este poderá ser misturado com
alguns excipientes formadores de matriz hidrofílica como, a
hidroxipropilmetilcelulose(HPMC) ou o alginato de sódio no preparo de cápsulas (USP
Pharmacists’ Pharmacopeia, 2005). Cápsulas e comprimidos com matriz hidrofílica têm sido
usados por mais de 20 anos e são eficientes na redução de inconsistências devido a rápida
liberação e em grande quantidade de um determinado fármaco. A redução da velocidade de
liberação do fármaco promovida pela matriz hidrofílica minimiza os efeitos adversos
associados aos altos picos de concentração plasmática promovidos por alguns fármacos,
bem como estes passam a ser mais lentamente liberados e absorvidos (IJPC, 1999).
Cápsulas de liberação lenta são relativamente fáceis de se formular e produzem resultados
clínicos consistentes (IJPC, 1999). De um modo geral, a velocidade de liberação é retardada
conforme a proporção do polímero ou do alginato é aumentada em relação aos ingredientes
hidrossolúveis que podem estar presentes, como a lactose (USP Pharmacists’
Pharmacopeia, 2005). Contudo, é difícil predizer o exato perfil de liberação para um fármaco
à partir destas cápsula de liberação modificada. É importante padronizar cada passo
envolvido no preparo destas cápsulas e monitorar continuamente o paciente (USP
Pharmacists’ Pharmacopeia, 2005).

a. Hidroxipropilmetilcelulose (HPMC, Methocel, Hipromelose)

Descrição: A hidroxipropilmetilcelulose é um pó fibroso ou granular de cor branca ou creme ,


inodoro e insípido.

Fórmula estrutural:

Fórmula estrutural do HPMC


Propriedades:
pH (suspensão a 1% p/v):5,5 a 8,0.
Densidade aparente: 0,557g/cm3
Ponto de fusão: carboniza a 225-230o C.
Solubilidade: solúvel em água fria, formando uma solução viscosa coloidal, praticamente
insolúvel clorofórmio, etanol e éter; porém foi solúvel em mistura de água e etanol, etanol e
diclorometano.
Emprego: Polímero não-iônico controlador da liberação do fármaco, agente suspensor,
agente estabilizante, agente espessante, agente de revestimento, aglutinante de
comprimidos. O HPMC nos graus de maior viscosidade são utilizados para retardar a
liberação de fármacos à partir da formação de uma matriz hidrofílica em concentrações de
10 a 80% p/p em comprimidos e cápsulas.
Estabilidade e condições de estocagem: O HPMC é uma susbtância estável, embora seja
higroscópica. As soluções de HPMC são estáveis na faixa de pH entre 3,0-11,0. Deve ser
acondicionado em recipiente bem fechado e armazenado em local fresco e seco.
Incompatibilidades: É incompatível com alguns agentes oxidantes.
Segurança: É considerada uma substância não-tóxica e não-irritante. Está incluído no Guia
de Ingredientes Inativos do FDA para uso em preparações oftálmicas, cápsulas,
comprimidos, suspensões, xaropes e preparações tópicas e de uso vaginal.

Preparo de cápsulas de liberação lenta com o uso de HPMC


O HPMC é um polímero derivado da celulose com alta capacidade de molhagem e
alta velocidade de hidratação, apresentando boa eficiência na formação de matrizes
hidrofílicas retardantes da liberação de fármacos à partir de formas farmacêuticas sólidas .
O Quadro abaixo relata a especificação do HPMC e as diferentes concentrações utilizadas
no preparo de cápsulas de liberação lenta.
Especificações de HPMC e concentrações usuais para cápsulas de liberação lenta

HPMC Concentração usual do polímero

(Especificações comerciais para volume da cápsula


formaçao de matrizes hidrofílicas)
Methocel E4M – Premium  40% Correspondência em peso ao volume de 40%

(4000 mPas) Cápsula nº 1 = 100mg HPMC + Ativos +


Lactose ou Celulose micro cristalina

Cápsula nº 0 = 140mg HPMC + Ativos +


Lactose ou Celulose micro cristalina

Cápsula nº 00 = 200mg HPMC + Ativos +


Lactose ou Celulose micro cristalina

Cápsula nº 000 = 280mg HPMC + Ativos +


Lactose ou Celulose micro cristalina
Methocel K100  30%

(100.000 mPas)
Methocel é marca registrada da Dow Chemical Company

É recomendado que no preparo de cápsulas de liberação lenta, a mistura do pó


contendo o ativo, excipiente e polímero seja tamisada para obtenção de um pó muito fino
(tamis 80 mesh).

Exemplos de cápsulas de liberação lenta

Cápsulas de liberação lenta com estrogênios: (composição para 100 cápsulas)


Composição p/ cápsula: Estriol 2mg, Estrona 0,25mg e Estradiol 0,25mg
(IJPC Sept./Oct.,1999)
Estriol…………………………………………200mg
Estrona…………………………………….25mg
Estradiol……………………………………25mg
Hidroxipropilmetilcelulose*………………..10g
Lactose……………………………………..23,75g
*Methocel F4 Premium
A quantidade de lactose utilizada pode variar dependendo da especificação da lactose
utilizada.
Preparo:
1.Calcular a quantidade requerida de cada ingrediente da formulação.
2.Pesar precisamente cada ingrediente.
3.Misturar o estriol, estrona e estradiol.
4.Adicionar a hidroxipropilmetilcelulose e misturar.
5.Acicionar a lactose e misturar.
6.Encapsular em cápsulas No 1.
7.Determinar o peso médio das cápsulas, observando se as mesmas atendem ao critério
farmacopéico .
8.Envasar e rotular.

Excipientes utilizados na obtenção de cápsulas de liberação entérica

As cápsulas de liberação entérica são obtidas revestindo-se as cápsulas duras com


um filme gastroresistente ou preenchendo as cápsulas com granulados ou partículas (ex.
pellets) já recobertas de um revestimento gastroresistente. Estas cápsulas devem resistir,
sem alteração, à ação do suco gástrico. Entretanto, devem desagregar-se rapidamente no
suco intestinal, e por isso se diz que são gastroresistentes ou enterossolúveis.

Relação de alguns excipientes empregados na obtenção de formas de liberação


entérica:

a. Copolímero do ácido metacrílico/metacrilato de metila (Eudragit L-100):


Utilizado como formador de filme gastroresistente e enterossolúvel.
Insolúvel em ácidos diluídos e fluidos gástricos, solúvel em soluções tamponadas e fluidos
entéricos acima do pH 6,0.
Concentração usual para filmes gastroresistentes : 3 a 9% do peso do núcleo (peso da
massa a ser revestida).
É necessário a adição de plastificante para melhorar a flexibilidade do filme.
Solubilidade em sistemas solventes (para solução de revestimento): Acetona-Etanol (1:1),
álcool isopropílico, acetona e etanol e também, em misturas com até 40% de água.
Plastificantes compatíveis: polietilenoglicol (ex: PEG 400), triacetina e dibutilftalato.
Incompatibilidades: estearato de magnésio, podem ocorrer interações em substâncias com
grupos funcionais de natureza básica.
b. Acetoftalato de celulose (CAP):
Agente de revestimento entérico.
Solúvel em pH maior que 6,0.
Concentrações usuais para revestimento entérico: 3 a 9% do peso do núcleo (peso da
massa a ser revestida)
Para a formação de filme flexível e hidroresistente é necessário a adição de plastificantes,
em concentrações varíaveis de 1 a 20%.
Solubilidade em sistemas de solventes (para solução de revestimento): Acetona, Acetona-
Etanol (1:1) e Acetona-Água (97:3).
Plastificantes compatíveis: glicerina, propilenoglicol e dibutilftalato.
Incompatibilidades: sulfato ferroso, cloreto férrico, nitrato de prata, citrato de sódio, sulfato
de alumínio, cloreto de cálcio, cloreto de mercúrio, nitrato de bário, acetato básico de
chumbo e agentes oxidantes fortes. Potencialmente incompatível com fármacos ou
excipientes que apresentam grupos funcionais ou natureza básica.
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