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Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Faculdade de Medicina
Aluna: Gabrielly Gomes dos Santos
Subturma: 02

SEMANA 02
Capítulo 7: A contribuição de Balint à relação entre o clínico geral e seu paciente
Biografia de Michael Balint
Michael Balint foi responsável pela mudança revolucionária na relação médico-paciente,
redimensionando o encontro médico ao mostrar o significado da paciente como um todo, de
forma holística. Essa mudança influenciou tanto a Medicina, quanto a Psicanálise e a Psicologia.
Nascido em Budapeste em 1896, chamava-se Mihaldy Bergsmann, era filho de um médico
judeu com sua esposa.
Cursou Medicina, apesar do seu interesse em Engenharia. Enquanto estudante, aproximou-
se da Psicanálise ao participar do curso fornecido pelo professor Sandor Ferenczi, o primeiro
psicanalista que reconhecia a importância real do analista, em uma forma de psicanalise ativa.
Em sua carreira, Balint apresentou interesse pela Psiquiatria e, em 1920, começou a atender
como analista em Berlim. Sua característica dialética se fazia presente, unindo o ser analista e o
ser médico, entendendo a pessoa de forma completa.
Alguns conceitos que influenciaram Balint foram o de Ferenczi, que descreveu a
contratransferência e considerava a personalidade do analista uma ferramenta de cura. Assim,
segundo Balint, o médico na relação médico-paciente é uma “droga” e desse saber as doses certas
de usar-se, sendo a transferência e a contratransferência presente em várias situações de
atendimento.
Após a II Guerra Mundial, morou em Londres, onde iniciou o que ficou conhecido como
os grupos Balint. O objetivo era unir a Psicanálise e a Medicina no sentido de proporcionar uma
reflexão clínica sobre a dinâmica da relação médico-paciente, instrumentalizando os clínicos a
desenvolver a psicoterapia médica ao obter um olhar diferenciado no sentido de perceber as
emoções que estão presentes nesse encontro com o paciente.
Em 1957 lançou o livro “O médico, o paciente e a doença”, que repercutiu o mundo com a
ideia de medicina da pessoa e não da doença.
Aos 65 anos, trabalhou como professor em uma Universidade, o que o permitiu perceber
que embora o ensino médico em hospitais universitários fosse adequado para o aprendizado das
técnicas, havia grande diferença entre o ensino centrado nos hospitais e a prática da medicina
geral, resultando no conflito entre tratar a doença e atender o paciente como um todo. Assim, ele
implantou seus seminários na escola médica.
Morreu em 1970 e Enid (sua discípula e esposa) deu continuidade aos seus trabalhos.
Teoria Balint e suas principais categorias
Categorias que cercam sua teoria sobre a relação médico-paciente:

• O MÉDICO COMO DROGA


A droga mais frequentemente usada na clínica médica é o próprio médico, o qual podia ou
não ampliar o efeito do remédio por ele receitado.
Mas, por não saber como usar-se, o médico enquanto droga pode ser benéfico ou maléfico
ao paciente (desencadeando o que chamou de alergias).

• ORGANIZAÇÃO E OFERTA DA DOENÇA PELO PRÓPRIO PACIENTE


O paciente carente tem uma tendência não-intencional de desenvolver estados patológicos,
unindo sua historicidade, sua inserção no meio social e suas emoções, que o leva a se queixar
com o médico, o qual deve agir como uma droga, conforme evidenciado na categoria anterior.

• CONCLUIO DO ANONIMATO
Os especialistas se comportam como surdos aos clamores da pessoa doente, a qual passa a
ser um objeto a ser distribuído aos responsáveis por cada parte do corpo humano, sem conhecer
as profundezas psíquicas do processo de adoecimento do paciente

• A FUNÇÃO APOSTÓLICA
O médico por si só tem uma função de aconselhamento para/com o paciente, por desejar-
lhe o bem. Mas, muitas vezes, esses conselhos partem do senso comum do próprio médico, sem
bases teóricas.

A técnica dos grupos Balint permite a construção de um novo profissional médico,


aguçando a capacidade de escuta por parte do médico e de entendimento por parte do paciente.
Capítulo 31: Grupos de reflexão com profissionais e com alunos

Vários são os fatores que influenciam e evidenciam a necessidade de mudanças no


aprendizado médico, deixando de lado o modelo flexneriano. Eles são:

1. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, há uma tentativa de resgatar


o médico humanista, capaz de atender a população de maneira sistêmica, relacionando-se de
forma correta com o paciente e atuando como ator de uma reforma sócio-histórica com
contribuição para a promoção da saúde.

2. A política pública conhecida como Programa de Saúde da Família garante sua


estabilidade e desenvolvimento dentro do SUS, necessitando de um médico integrado em uma
equipe de saúde que promove a saúde de uma comunidade, previne epidemias e endemias, bem
como trata doenças sob uma perspectiva humanística, desenvolvendo uma relação afetiva e
duradoura com os pacientes.

3. Mídia e aumento de denúncias sobre condutas médicas.


Essas questões ampliam a necessidade de uma formação que possibilite o estudante de
medicina a aquisição de competências para efetivar uma adequada relação médico-paciente.
DEMANDA: médico com conhecimento humanístico e competência para lidar com
grupos e mediar tensões emocionais  ressignificação do trabalho em grupo.
Os espaços grupais, principalmente os de reflexão sobre a própria prática e sobre emoções
e afetos, como os grupos Balint, são possibilidades reais de mudanças na metodologia que
propiciam uma formação mais ampla.

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