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COLÉGIO MAGNUM AGOSTINIANO

BELO HORIZONTE
Aluno: N°:
Ano/ Série: Turma: Data: Prof.:
Redação
“ENQUANTO EXISTIR VONTADE DE LUTAR, EXISTEM ESPERANÇAS DE VENCER!”
Sto. Agostinho

APOSTILA DE REDAÇÃO

Professor Alison Leal

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ORGANIZAÇÃO DO MATERIAL
I- CONSIDERAÇÕES INICIAIS

II - MODALIDADES TEXTUAIS

Grupo 1 – GÊNEROS OPINATIVOS:


DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA OU POLÊMICA
ARTIGO
EDITORIAL DE JORNAL
EDITORIAL DE REVISTA (CARTA AO LEITOR)

Grupo 2 – A estrutura do texto dissertativo argumentativo


INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO

Grupo 3 - Exercícios

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

São muitos os mitos que cercam a atividade de escrita: há a crença de que escrever é um
dom, privilégio de poucos, ou um ato espontâneo, fruto de uma inspiração, “graça divina” que
não exigiria aplicação, esforço. Iniciamos nosso trabalho discutindo essas crenças, tomando
como referência textos de autores, cuja relação incessante com a escrita é reveladora dos
(des)caminhos que permeiam o ato de escrever. E, reafirmando o que escreveu Graciliano
Ramos, “a palavra foi feita para dizer” e o que quer dizer diz.

TECENDO O TEXTO
Ao encararmos a folha de papel em branco, tentando processar na mente as ideias que serão
expressas, inquietam-nos algumas questões: como iniciar o texto? Como expor com clareza
nosso ponto de vista? Como argumentar de forma consistente? Como estruturar de forma lógica
o que vamos expor?
Não há uma fórmula a ser seguida, mas podemos adotar alguns procedimentos que nos
auxiliam na elaboração do texto. Rascunhar um esquema das ideias, pode ser útil, principalmente
quando elas não fluem de maneira tranquila.
Faça um esquema do seu texto. No princípio, pode parecer chato, mas, à medida que você
for treinando, o texto fluirá de forma mais eficaz.

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PLANEJAMENTO DA REDAÇAO

1. Identifique claramente o tema proposto (qual vai ser o recorte temático do seu texto) e
o objetivo com que você vai escrever (se é discutir, concordar, discordar etc.);
2. faça (para você mesmo) perguntas que problematizem a temática . Exemplo: se você
tiver que opinar sobre a liberação da pesquisa com células-tronco, pergunte-se
(mentalmente) em que consiste essa pesquisa, por que ela está sendo proposta, quais as
consequências dessa medida etc.
3. esquematize a(s) resposta(s);
4. pergunte a você mesmo o porquê dessa(s) resposta(s). Você terá, assim, a principal linha
argumentativa do seu texto;
5. acrescente, se necessário, outras informações que o levaram a defender o seu ponto de
vista;
6. exemplifique, com fatos ou dados da realidade, esse posicionamento. Trata-se de reforçar
a sua opinião e mostrar a consistência de seus argumentos. Exponha informações que você
tenha lido, ou ouvido, ou visto em jornais, revistas, tv, rádio...
7. finalize, reafirmando a sua posição e, se o texto for sobre uma situação-problema, pode
apresentar possíveis soluções práticas, que indiquem uma reflexão acerca do tema. O
“esqueleto” do seu texto está pronto.
8. faça, a partir desse esquema, a redação do texto, associando as informações,
estabelecendo entre elas a relações lógicas, por meio dos recursos sintático-semânticos
(uso de conetivos, pontuação, paragrafação...).

Adapte o esquema ao seu ritmo de escrita. Não desanime e escreva.

PRODUÇÃO DE TEXTO
PROPOSTA 1

TEXTO 1
A IGNORÂNCIA E A BURRICE
Antônio Caetano

"As constelações servem para esclarecer a noite". Bela frase, não? A mim, soa como Guimarães
Rosa, o uso ambíguo do verbo esclarecer sugerindo algo de arcaico e místico. Um astrólogo certamente
enxergaria nela vestígios simbólicos, as constelações servindo para aclarar a obscuridade de nossos
destinos. Um marinheiro, por outro lado, veria na frase a expressão de uma verdade empírica: à noite,
navegamos orientados pelas estrelas — conhecimento indispensável quando nos faltam instrumentos. Eu
fico com a ressonância lírica — me basta.
Juro: se pudesse, roubava a frase para dizê-la como um comentário displicente depois de observar
longamente o céu salpicado de estrelas numa noite de lua nova, lá no alto da serra. Sim, depois de um
longo silêncio eu sussurraria ao teu ouvido num tom grave e sorrateiro: "As constelações servem para
esclarecer a noite", e certamente mais duas estrelas se acenderiam no teu rosto, cheias de admiração pela
sabedoria que eu teria se a frase fosse minha...
E nem seria difícil me apropriar da frase, visto que ela talvez hoje envergonhe seu autor anônimo,
depois de ter sido enjeitada pelos bedéis do senso comum que julgaram as redações da galera que prestou
vestibular para UFRJ este ano. Eles não só não gostaram da frase como a incluíram em uma mensagem

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eletrônica que fizeram circular pela Internet (eu só recebi agora) reunindo o que consideraram
ironicamente como "pérolas": frases que continham erros mais ou menos crassos — fosse de informação,
sintaxe ou grafia.
Há outras frases igualmente geniais. Por exemplo: "O Brasil é um país abastardo com um futuro
promissório". Engraçadíssima síntese histórica, sociológica e econômica! E se há erro no uso do
"abastardo", salva-se o "promissório" — que, basta consultar o Aurélio, serve de sinônimo de
"promissor", sim — além de criar uma ambigüidade semântica digna dos melhores humoristas.
Outra na mesma linha: "É preciso melhorar as indiferenças sociais e promover o saneamento de
muitas pessoas". Esta é irretocável! Nossa indiferença social é mais do que visível, é chocante, e
certamente o saneamento de algumas pessoas poderia ser a solução — isto é, se crermos que certas
pessoas são mesmo saneáveis... Um jovem sustentar essa esperança me enche de genuína alegria.
Outras duas me surpreenderam positivamente por seu evidente surrealismo: "A Geografia Humana
estuda o homem em que vivemos". Ora, não sei se existe mesmo uma geografia humana, mas certamente
não faltariam acadêmicos que defenderiam a idéia de que o homem é um produto da cultura e que,
portanto, o homem antecede o homem — isto é, vivemos "em" um homem que nos é dado ou imposto sob
a forma de uma língua, costumes, preconceitos e gostos que seria mesmo importante estudar, até para
podermos saneá-lo.
A segunda diz assim: "A História se divide em 4: Antiga, Média, Moderna e Momentânea (esta, a dos
nossos dias)". O.K., era pra se dizer "contemporânea", mas na velocidade em que anda a história o rapaz
ou a moça foi talvez premonitório — ou deveria eu dizer promontório?
Finalmente, três frases que foram rejeitadas certamente apenas por seu tom coloquial, pois a verdade
delas é tão cristalina que dispensa qualquer defesa: "Com a morte de Jesus Cristo os apóstolos
continuaram a sua carreira." (E com enorme sucesso, ressalte-se). "Os pagãos não gostavam quando Deus
pregava sua dotrina e tinham a idéia de eliminá-lo." (Está certo, faltou o u de doutrina, mas a ênclise
chiquérrima compensa-a com sobras). "Entre os povos orientais os casamentos eram feitos "no escuro" e
os noivos só se conheciam na hora h."
Pois é, eis aí exposta a diferença entre a ignorância e a burrice. Ignorância é falta de conhecimento.
Burrice é preconceito travestido de conhecimento. O ignorante pode ou não ter consciência do que não
sabe. O burro tem certeza de que sabe o que, na verdade, não sabe. O burro, enfim, privilegia o mediano,
o medíocre, o conhecido e reiterado. Está condenado a repetir, cego para a "milionária contribuição de
todos os erros" de que falava Mário de Andrade — ou seria Oswald?
Bom, ficam desde já convidados os autores das frases citadas a comparecer a este jornal para receber
a Comenda Mário de Andrade (ou será Oswald?) em reconhecimento a sua modesta, mas decisiva,
contribuição ao nosso milionário acervo de erros. Pois, vítimas de um ensino dominado pelos burros,
conseguiram dar um brilho de genialidade à própria ignorância. Parabéns e obrigado — minhas melhores
esperanças repousam sobre vós.

Antônio H. Caetano é jornalista e escritor. Visite o site do autor: http://www.cafeimpresso.com.br

(FRJS) Considerando as características e objetivos do vestibular, redija uma carta ao autor,


DISCUTINDO os argumentos utilizados por ele para criticar a correção de redações dos
candidatos no vestibular. Em seu texto, POSICIONE-SE sobre a obrigatoriedade de uso registro
escrito formal como linguagem padrão das provas dos vestibulares.

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PROPOSTA 2
Leia os textos a seguir.

CARTA A UM JOVEM ESCRITOR

(de Mário de Andrade para Fernando Sabino)

”(...) É certo que o artista não deve ter pressa, é preciso saber esperar. Mas isto do sujeito que
só se põe escrevendo “quando sente disposição” é estupidez... Principalmente para o prosador.
(...) O prosador lida com inteligência lógica, está no plano do consciente, das relações de
causa e efeito. O seu discurso tem cabeça, tronco e membros, princípio-meio-e-fim, embora
pouco importe muitas vezes que o assunto exija que o fim esteja no princípio e o princípio no
meio. Não tem disposição? Não se trata de ter disposição: você é um operário como qualquer
outro: se trata de ter hora de trabalho. Então vá escrevendo, vá trabalhando sem disposição
mesmo. A coisa principal é difícil, você hesita, escreve besteira, não faz mal. De repente você
percebe que, corretamente ou penosamente (isso depende da pessoa), você está dizendo coisas
acertadas, inventando belezas, força, etc. Depois, então, no trabalho de polimento, você
cortará o que não presta, descobrirá coisas para encher vazios, etc. etc.” (...)
CLAVER, Ronald. ESCREVER COM PRAZER. OFICINA DE PRODUÇÃO DE TEXTO. Belo Horizonte:
Dimensão, 1999. p. 71

Texto 2

ESCREVER É CORTAR PALAVRAS

Armando Nogueira

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Passei alguns anos certo de que o autor dessa preciosa máxima era Carlos Drummond de
Andrade. Até que, um dia, perguntei ao poeta. Ele conhecia, mas negou que fosse dele, confesso
que fiquei desapontado. A sentença tinha a cara do mestre Drummond cuja prosa é um exemplo
de concisão.
Otto Lara Resende desconfiava que pudesse ser de um escritor mexicano a ideia da dica
preciosa. Eu, por mim, seria capaz de atribuí-la a John Ruskin, notável escritor e crítico inglês
do século passado (XIX). Se não o disse, com todas as letras, certamente foi Ruskin quem
melhor ilustrou o adágio num conto antológico. É o caso de um feirante de peixes num porto
britânico.
O homem chega à feira e lá encontra seu compadre, arrumando os peixes num imenso
tabuleiro de madeira. Cumprimentam-se. O feirante está contente com o sucesso do seu modesto
comércio. Entrou no negócio há poucos meses e já pôde comprar um quadro-negro para badalar
o seu produto.
Atrás do balcão, num quadro-negro, está a mensagem, escrita a giz, em letras caprichadas:
HOJE VENDO PEIXE FRESCO.
-Você acrescenta mais alguma coisa?
O compadre releu o anúncio. Discreto, elogiou a caligrafia. Como o outro insistisse,
resolveu questionar. Perguntou ao feirante:
- Você já notou que todo dia é sempre hoje? E acrescentou: acho dispensável. Esta palavra
está sobrando.
O feirante aceitou a ponderação: apagou o advérbio. O anúncio ficou mais enxuto:
VENDO PEIXE FRESCO.
- Se o amigo me permite – tornou o visitante – gostaria de saber, aqui nessa feira existe
alguém dando peixe de graça? Que eu saiba estamos numa feira, e feira é sinônimo de venda.
Acho desnecessário o verbo. Se a banca fosse minha, sinceramente, eu apagaria o verbo.
O anúncio encurtou ainda mais: PEIXE FRESCO.
- Me diga uma coisa: por que apregoar que o peixe é fresco? O que traz o freguês a uma
feira, no cais do porto, é a certeza de que todo peixe aqui é fresco. Não há no mundo uma feira
livre que venda peixe congelado...
E lá se foi o adjetivo. Ficou o anúncio reduzido a uma singela palavra: PEIXE.
Mas por pouco tempo. O compadre pondera que não deixa de ser menosprezo à
inteligência da clientela anunciar, em letras garrafais, que o produto aí exposto é peixe. Afinal,
está na cara. Até mesmo um cego percebe, pelo cheiro, que o assunto, aqui, é pescado...
O substantivo foi apagado. O anúncio sumiu. O quadro-negro também. O feirante vendeu
tudo. Não sobrou nem a sardinha do gato. Ainda aprendeu uma preciosa lição: escrever é cortar
palavras.
(Hoje em dia, Belo Horizonte, 07/08/1996)

(FRJS) A partir das leituras, redija um texto dissertativo, RELACIONANDO as ideias dos
autores sobre o ato de escrever e REFLETINDO sobre o seu próprio processo de escrita, a sua
relação com a produção de texto e os reflexos disso na qualidade de seus textos.

Atenção:
 O texto elaborado deve conter, no mínimo, 20 (vinte) linhas.
 Não dê título à sua redação.

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LEITURA COMPLEMENTAR

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MODALIDADES TEXTUAIS
Sempre que vamos escrever um texto sobre um tema ou acontecimento, temos que decidir
se vamos, predominantemente, convencer o leitor sobre um ou mais de um ponto de vista
(ARGUMENTAR); apresentar uma reflexão teórica sobre o assunto ou fato (EXPOR); contar
uma história ou episódio (NARRAR); caracterizar uma dada realidade (DESCREVER); ou
seja, determinar o(s) tipo(s) de organização textual a ser estruturada, tendo em vista a
constituição e o funcionamento de textos de circulação social.

Simultaneamente a esse processo, também estabelecemos


 o(s) objetivo(s);
 a perspectiva :
 Mais pessoal: uso da 1ª do singular;
 Mais coletiva: uso da 1ª do plural;
 Mais universal: uso da 3ª pessoa;
 o nível de linguagem (formal, semiformal, objetiva, subjetiva...);
 a inclusão ou não do leitor;
 outros procedimentos linguísticos que configuram a materialização do texto como
ação sociocomunicativa.

ATENÇÃO!

Redação Língua Especial - 2008

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GÊNEROS OPINATIVOS

 DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA
DEFINIÇÃO
Dissertar significa desenvolver ideias, expor uma reflexão sobre dado tema. O termo
“dissertação” designa, assim, uma modalidade textual que consiste na exposição e defesa de um
ponto de vista, fundamentado em argumentos, fatos, dados que justifiquem esse posicionamento.
Trata-se de um texto opinativo, pois, ao explanarmos sobre um tema, estamos tomando uma
posição, revelando nossas reflexões sobre a realidade ou objeto enfocado.
A diferença da dissertação para o artigo é que o primeiro configura-se como um texto formal,
dirigido a um “leitor universal”, genérico; portanto, exige uma abordagem mais padronizada,
típica de textos acadêmicos, evitando-se particularizações – como uso da 1ª pessoa do singular.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA Texto opinativo


 Objetivos: analisar, discutir, defender e desenvolver um posicionamento sobre
determinado tema.
 Perspectiva: uso da 1ª pessoa do plural ou 3ª pessoa (que confere uma abordagem mais
universal, distanciada, sobre o tema).
 Linguagem: formal, denotativa, com predomínio do uso de verbos no presente.

 Estruturação: apresenta uma estrutura padronizada, dividida em

 Introdução: apresenta a contextualização do tema e o posicionamento do autor. Ao se


posicionar, o autor formula uma tese ou a ideia principal do texto.
 Desenvolvimento: é formado pelos parágrafos que fundamentam a tese.
Normalmente, em cada parágrafo, é apresentado e desenvolvido um argumento. Cada
um deles pode estabelecer relações de causa e efeito ou comparações entre situações,
épocas e lugares diferentes; pode também se apoiar em depoimentos ou citações de
pessoas especializadas no assunto abordado, em dados estatísticos, pesquisas, alusões
históricas, entre outras estratégias argumentativas.
 Conclusão: retoma a tese, sintetizando as ideias gerais do texto ou propondo soluções
para o problema discutido.

 Título: opcional (em geral, é determinado no enunciado da proposta se o texto deve ou


não ter título).

ANÁLISE
A dissertação a seguir foi produzido por um candidato à vaga na Unicamp, no vestibular/2008.
Tradicionalmente, a Unicamp propõe três modalidades de produção de texto – a dissertação, a
carta argumentativa e a narrativa -, versando sobre um tema comum a todas as provas. Junto às

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propostas, há uma coletânea, cujas informações devem ser aproveitados pelos candidatos, não
como cópia, mas fonte de dados e ideias para a produção do texto.
Democraticamente, essa universidade publica, no próprio sítio da instituição, as redações
consideradas acima da média e os textos problemáticos, que não cumpriram a expectativa da
banca. O exemplo a seguir foi considerado acima da média, ou seja, teve nota máxima. Seguem-
se a ele a reprodução dos comentários feitos pela própria comissão avaliadora e um esquema da
redação do aluno.

UNICAMP/2008) PROPOSTA:

Trabalhe sua dissertação a partir do seguinte recorte temático:


Segundo o artigo 196 da Constituição, a saúde é direito de todos e dever do Estado, devendo ser
garantida mediante políticas públicas. Tal responsabilidade permite ao Estado intervir no
comportamento individual e coletivo com ações preventivas, que podem gerar conflitos.
Instruções:
1- Discuta os desafios que as ações preventivas lançam ao Estado na promoção da saúde pública.
2- Trabalhe seus argumentos no sentido de apontar as tensões geradas por essas ações
preventivas.
3- Explore os argumentos de modo a justificar seu ponto de vista sobre tais desafios e tensões.

 TEXTO DO CANDIDATO:

SAÚDE PÚBLICA: PREVENÇÃO E SUAS RELAÇÕES

Os homens sempre estiveram expostos a doenças. Conforme evoluiu a vida em sociedade,


modificaram-se, também, as formas de lidarmos com essas doenças. O surgimento dos Estados, na Idade
Moderna, tornou factível a verticalização do combate às doenças – ou seja, era possível a existência de
políticas vindas do Estado, na área da saúde – mesmo que isso não fosse a principal preocupação, à
época. Nos séculos XIX e XX, com a consolidação das sociedades contemporâneas, aumentou o interesse
do Estado em criar políticas públicas ligadas à saúde. Hoje, no mundo e, particularmente, no Brasil, a
promoção da saúde pública, principalmente através de ações preventivas, é um desafio que envolve tanto
o Estado quanto a sociedade e o indivíduo, incluindo as relações entre eles e as tensões que possam surgir.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, a saúde é de dever do Estado e um direito de todos.
Na elaboração de políticas públicas, notadamente aquelas ligadas à prevenção de doenças, o Estado deve
realizar um papel interventor, seja essa intervenção através de campanhas ligadas à publicidade, com
intuito de conscientizar a população, ou através de ações mais diretas, tais quais os mutirões da dengue,
que inspecionam as casas em busca de focos de desenvolvimento do agente transmissor. Em ambos os
casos, deve-se pensar sobre a interferência do Estado no âmbito individual, papel previsto na
Constituição. Esse é um dos desafios das ações preventivas: não há acordo entre aquilo que é de interesse
do Estado e o que interessa ao indivíduo. Há, inclusive, o entrave de algumas políticas pela falta de
entrosamento entre as duas partes. No caso da dengue, por exemplo, o serviço de controle muitas vezes é
impedido de entrar nas residências, o que compromete todo o trabalho.
Para entendermos a importância das ações preventivas, há que se considerar os gastos vultosos do
Estado com as conseqüências das doenças. Só o tabagismo, por exemplo, gera, para o SUS, gastos de 200
milhões de reais anuais com o tratamento dos cânceres que gera. Nesse ponto, o grande desafio do Estado
é agir conjuntamente com a sociedade, organizada no terceiro setor (as ONG’s), de modo a não carregar
sozinho o fardo de lidar com a prevenção. As ONG’s, por agirem de modo mais regional e em grande
número, ajudam na agilização da prevenção, além de terem contato direto com a população, o que lhes
possibilita a transmissão de informações úteis acerca da prevenção e de sua importância. Elas acabam
funcionando, assim, como atenuadoras das tensões entre Estado e indivíduo, além de ajudarem a cobrir as

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deficiências do Estado, explicitadas pelo próprio Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, na promoção
de suas campanhas, um outro desafio.
Importante, também, é a inserção do Brasil num contexto internacional de discussões sobre saúde. A
chamada saúde pública internacional tem como objetivo elaborar, via Organização Mundial de Saúde,
diretrizes globais na prevenção e combate a doenças. A preocupação vem da constatação do surgimento
de novas doenças e do fortalecimento de patógenos, que representam grande perigo num mundo
globalizado, em que a circulação de enfermidades, juntamente com a de informações e pessoas, tornou-se
mais expressiva. Nesse contexto de discussão internacional, surgem questões geopolíticas que podem
gerar tensões. Os Estados Unidos, por exemplo, dotado de uma mentalidade puritana e conservadora, se
recusam a considerar propostas novas na questão do uso de drogas injetáveis, cujo uso compartilhado
pode causar doenças como AIDS e hepatite. Enquanto o Brasil tenta ser mais realista, propondo a
aceitação da existência do uso de drogas e lidando de maneira mais pragmática com o usuário, através da
redução de danos, os EUA negam essa possibilidade, inclusive rejeitando-a na ONU. Outras diferenças,
algumas de origem religiosa, podem gerar conflitos desse tipo, mas não devem impedir a continuidade da
discussão. Essa é muito importante na organização das ações do Estado brasileiro, dando-lhes uma
direção.
Em suma, percebe-se que a questão da saúde envolve muitas variáveis. Mesmo tendo convivido com
doenças durante muito tempo, o homem ainda precisa aprender muito sobre elas. Principalmente no que
diz respeito à prevenção, a ação do Estado é de extrema importância, além de muito difícil, pois envolve
diversos desafios e tensões, ligados à sua relação com a sociedade e com o indivíduo, além da relação
com outras nações. O entrosamento de todos esses fatores é muito difícil, mas deve ser buscado. A saúde
é uma questão que nos importa tanto enquanto seres biológicos, desejosos de continuar vivendo
individualmente, quanto como seres sociais, desejosos de continuar vivendo juntos.

 AVALIAÇÃO DA BANCA (grifo nosso):

A redação apresenta um modo muito interessante de introduzir os desafios que as ações


preventivas lançam ao Estado brasileiro na esfera da saúde pública: aborda a questão de um
ponto de vista histórico, demonstrando de maneira eficaz que a relação doença/humanidade
sempre existiu. Essa relação sofre modificações em função da organização social. O texto mostra
assim um vínculo inexorável entre o homem que vive em sociedade (contemporânea) e as
doenças. Nessa relação há, necessariamente, uma mediação das políticas públicas.
A partir desse ponto de vista histórico, o texto consegue identificar, de modo pertinente e
bem desenvolvido, as tensões decorrentes das medidas preventivas adotadas pelo governo
brasileiro. Mostra que estas dependem de mudanças nos hábitos dos indivíduos e,
consequentemente, dependem de uma interferência direta do poder público no âmbito individual.
O texto trabalha de forma madura a dificuldade de se estabelecer um limite entre, de um lado, o
direito e dever do Estado em intervir no comportamento individual, e, de outro, a liberdade
individual a ser garantida em uma sociedade democrática. Trabalha assim a tensão entre a esfera
pública e a privada, mostrando que essa dificuldade pode ser de ordem cultural, moral ou
religiosa.
No que diz respeito a essa tensão, o texto apresenta um argumento interessante: a
inclusão das ONGs como mediadoras da relação entre o poder público e o indivíduo. Por sua
atuação regional, elas alcançariam um conhecimento aprofundado da comunidade, podendo
produzir de maneira mais efetiva os impactos necessários. Este, segundo o texto, seria um dos
grandes desafios do Estado brasileiro: conhecer melhor as comunidades, para agir de maneira
mais eficaz, evitando doenças e economizando dinheiro público. O texto toca ainda no delicado
limite entre a gestão nacional e internacional das políticas públicas e com isso mostra haver
aí tanto divergências culturais e religiosas, quanto políticas.
Nota-se a existência de um claro projeto de texto, que produz unidade na dissertação,
por meio de um trabalho consistente tanto do recorte temático, quanto da coletânea. O

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domínio do tema se revela no aprofundamento do trabalho com o recorte proposto e na sua
excelente articulação com elementos da coletânea. A dinâmica produzida pelo texto se deve
também ao domínio da modalidade escrita e à coesão, que garantem uma leitura fluida. Em
relação à coletânea, percebe-se o uso dos excertos no.1, 2, 5, 6, 7 e 9, que são bem trabalhados e
estão interligados ao conjunto do texto.
(www.unicamp.br)

COMENTÁRIO

Como exposto na avaliação da banca, o candidato produziu uma dissertação fundamentada,


bem escrita, cumprindo, assim, o projeto de texto a que ele se propunha. Observem que, ao
longo do texto, intercalam-se análises e opinião clara do autor sobre o tema proposto.
Portanto, é equivocada a ideia de que, na dissertação, não opinamos.
O candidato apresentou um recorte sobre o tema, posicionou-se e fundamentou esse ponto de
vista ao longo da redação. Isso fica evidente, ao esquematizarmos o conteúdo do texto.

ESTRUTURAÇÃO PARTES ORIENTAÇÃO ESTRATÉGIAS


ARGUMENTATIVA ARGUMENTATIVAS
 Exposição da tese:  Caracterização (sintética) do
“os homens... lidamos com essas combate às doenças ao longo
INTRODUÇÃO doenças.” dos séculos.
1ª§  Esclarecimento sobre a
tese. “o surgimento...possam
surgir.”
Desenvolvimento da tese  Exposição sobre o papel
(saúde no Brasil de hoje): constitucional do Estado na
 discussão sobre a tensão promoção da saúde;
entre o bem-estar social e os  problematização desse dever
2º§ direitos individuais (conflito institucional frente aos
entre a interferência do direitos individuais;
Estado, na adoção de  exemplificação.
medidas preventivas a
doenças, e os interesses dos
indivíduos).
Ampliação da tese:  Exposição de dados que
 defesa de ações preventivas comprovem o ponto de
por parte do Estado; vista defendido;
DESENVOLVIMENTO  fundamentação do ponto de  caracterização do
vista com a exposição de trabalho de ONGs.
3º§ dados sobre os custos no
tratamento de doenças;
 defesa da interação entre
ações governamentais e
organizações civis, como as
ONGs.

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Ampliação da tese (tensão entre  Explicação sobre
políticas públicas nacionais e diretrizes globais de
internacionais de saúde): saúde pública;
4º§  exposição sobre o desafio de  Identificação de focos
se conciliar políticas de tensão entre essas
nacionais de saúde e as diretrizes e políticas
diretrizes firmadas por nacionais de saúde
organismos internacionais, pública;
como OMS, e governos,  exemplificação dessa
como o dos EUA; tensão.
 defesa da perspectiva do  contraste entre políticas
políticas públicas de do de saúde do governo
Brasil, em relação ao EUA brasileiro e o
americano.
Reafirmação da tese:
CONCLUSÃO 5º§  retomada das ideias
defendidas na introdução.

SÍNTESE DA ESTRUTURA DE UM TEXTO DISSERTATIVO

INTRODUÇÃO:
- Exposição da tese + esclarecimentos sobre a tese

DESENVOLVIMENTO:
- Discussão sobre o tema
- Ampliação da abordagem proposta na tese

CONCLUSÃO:
- Reafirmação da tese.

Obs.: Como visto no exemplo analisado, os parágrafos devem conter mais de uma frase.
Não façam parágrafo-frasal.

Pense nesse tipo de organização das ideias, ao fazer os textos propostos.

PRODUÇÃO DE TEXTO

PROPOSTA 1

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O NADISMO E A COMPRESSÃO ESPAÇO/TEMPO

Carla Rodrigues

Olho para o despertador ao lado da cama. Está na hora de levantar. Peço ao tempo e a mim
mesma mais cinco minutos de sono. Imploro por um pouco mais de descanso. O tempo, quando
eu me levantar daqui, vai começar a correr. E ele corre contra mim.
Duas horas depois de ter me levantado eu já li os jornais - são dois em papel na mesa do café
-, já fiz ginástica e coloquei em dia a correspondência que chegou por email durante a
madrugada. Gente que me escreveu tarde da noite, depois de eu ter ido dormir.
Ao meu lado, há uma lista de tarefas que começo a cumprir. Alterno mensagens de texto no
skype, no MSN e no SMS do celular. Escrevo ou respondo emails enquanto isso. Escrevo para o
site. Escrevo para o cliente que espera um texto. Escrevo para um amigo de quem sinto saudades.
Escrevo, escrevo, escrevo e, enquanto escrevo, experimento essa tal compressão espaço/tempo
de que tanto falam os livros.
Teoricamente, evito os ares nostálgicos de quem acha que no passado a vida era melhor. Lá
como cá, havia bom e ruim, e ao contrário do que quer crer a maioria, bom e ruim sempre se
misturaram. Aqui e ali, há algo de melhor ou de pior, no passado ou no presente.
Mas acabo a manhã sentindo saudades do tempo em que conseguia conversar pelo telefone
fixo sem ser interrompida.
Só em torno de meio-dia vou tirar o pijama, tomar banho, trocar de roupa. Até aqui,
naveguei, me perdi, naveguei de novo, mas ainda com a bruma da noite de sono em torno de
mim, quase como uma proteção. Não falei com ninguém, embora tenha escrito para muitos.
(...)
O dia passa, célere. O tempo continua correndo contra mim, mas agora já posso olhar
orgulhosa para uma lista de tarefas cumpridas. OK, tudo ticado.
À sensação de dever cumprido soma-se a de cansaço. Profundo cansaço. Ando na rua,
procuro um lugar para comer algo, o trabalho acabou, a ansiedade não. Telefono para uma
amiga, volto a conferir meus emails, olho no relógio.
Lembro da reportagem que li na revista do Globo sobre o nadismo, uma proposta de reunir
pessoas que querem não fazer nada, simplesmente nada. Numa rápida googada, descubro que o
nadismo já tem diretrizes!
1. STOPNJOY!
Este tempo é totalmente seu para que você desfrute o fazer nada sem pressa.
2. ENTREGUE-SE!
Abandone a intenção de fazer nada. Esqueça qualquer objetivo, o nadismo não tem nenhum
propósito.
3. SOSSEGUE!
Privilegie o silêncio e a imobilidade.
4. OBSERVE!
Evite ocupar-se mentalmente. Deixe a mente vagar como as nuvens.
É exatamente o que eu não faço. Só descanso fazendo alguma coisa: ler um livro, ouvir
música, ver um filme, passear, caminhar. Penso no nadismo, mas logo pego o carro, dirijo para
casa.
Bebo uma, duas taças de vinho. Escrevo, leio, vejo TV. Não sei ficar sem fazer nada porque
isso aumenta a minha sensação de que o tempo ainda corre contra mim.
E eu corro contra o tempo.

http://carlarodrigues.uol.com.br/index.php/page/1 - 20/07/2008

16
(FRJS)Em sua crônica, a jornalista Carla Rodrigues reflete sobre as contradições da relação do
homem contemporâneo com o tempo. Com base na leitura, redija um texto dissertativo sobre
esse tema. Em seu texto, APRESENTE uma possível causa e uma consequência da realidade
abordada.
Atenção:
 O texto elaborado deve conter, no mínimo, 20 (vinte) linhas.
 Não dê título à sua redação

PROPOSTA 2
Texto 1

17
Texto 2

(FRJS) Redija um texto dissertativo, ANALISANDO os dados do texto 1 e REFLETINDO


sobre como combater o preconceito de gênero na sociedade.

18
Atenção:
 O texto elaborado deve conter, no mínimo, 20 (vinte) linhas.
 Não dê título à sua redação

PROPOSTA 3
A NOVA ERA E A NOVA ORDEM MUNDIAL

19
Intimidade vigiada: Mapa online que exibe fotos tiradas nas ruas gera polêmica sobre
privacidade

O Google conseguiu mais uma vez. O mais famoso serviço de busca na internet, referência
de dez entre dez usuários, está de novo nos holofotes. O motivo da polêmica é um serviço
lançado recentemente chamado Google Street View.
Trata-se de uma versão do sistema de mapas criado pela companhia com a diferença de que
o zoom sobre as cidades inclui fotografias tiradas nas ruas por vans equipadas com câmeras
especiais. Com alguns cliques, o usuário pode mergulhar nas minúcias das cinco metrópoles
americanas que dispõem da ferramenta – Nova York, Las Vegas, Denver, Miami e San Francisco.
O problema é que há “minúcias” demais.
A californiana Mary Kalin-Casey experimentava o Street View quando decidiu conferir a
rua onde mora. Deu o primeiro zoom, o segundo, e foi assim até que percebeu um gato. Era
Monty, seu próprio bicho de estimação, sentado na janela da sala de seu apartamento. Ela enviou
um e-mail ao Google pedindo para que a foto fosse retirada. E em um blog registrou sua
indignação. “Sou a favor dos mapas, mas isso me causou estremecimentos. Senti que agora terei
de fechar todas as cortinas”, escreveu ela.
O susto de Mary já virou piada entre alguns internautas americanos. Mesmo no blog em
que estampou sua história, ela é ironizada. Já foi chamada de “a maluca do gato”. Mary se
queixa, alegando que a questão não é Monty, e sim saber o limite entre tirar fotos em espaços
públicos e invadir a intimidade dos indivíduos. Para algumas pessoas, a preocupação é válida – e
essa discussão está em fóruns da internet, principalmente nos EUA, ainda mais porque muitos
sites estão republicando fotografias do Street View. E aí vale qualquer legenda. Uma imagem
retirada do novo sistema de mapas do Google, por exemplo, mostra um homem saltando o portão
de uma casa. Uma mensagem brinca: terá esquecido as chaves ou é um ladrão? Fora isso, há
enquetes para selecionar as melhores fotos urbanas. Duas mulheres de biquíni em um campus da
Universidade de Stanford é uma das opções mais votadas.
Em um comunicado, o Google avisa que o Street View captura apenas o que poderia ser
visto por alguém caminhando nas ruas. De fato, não há consenso se o recurso configura invasão
de privacidade. Na Inglaterra, um artigo publicado no jornal The Times chama atenção para
possível ilegalidade. “No Reino Unido, nós temos o direito de evitar a exposição de uma imagem
que pode causar significativa angústia”, ressalta o texto. A companhia pretende expandir o
serviço nos EUA e em outros países, o que depende da legislação sobre o direito à privacidade
em cada nação. (fim)
Reportagem da revista ISTOÉ, junho 2007

(FRJS) Redija um texto dissertativo sobre a relação entre avanço tecnológico e direito à privacidade.
UTILIZE como uma das estratégias argumentativas a exemplificação.

Atenção:
 O texto elaborado deve conter, no mínimo, 20 (vinte) linhas.
 Não dê título à sua redação

20
 ARTIGO
DEFINIÇÃO
O artigo é um gênero textual opinativo autoral, ou seja, expressa explicitamente o
posicionamento do autor sobre tema, situação, acontecimento. Geralmente, é escrito por pessoas
com notório saber e publicado na mídia impressa. Nesse gênero, predomina o discurso teórico da
exposição, com sequências explicativas e argumentativas.
Diferentemente da dissertação argumentativa, o artigo associa-se a uma situação
sociocomunicativa especificada: autoria e assinatura explícitas (o artigo reflete o estilo, a
perspectiva social, política, ideológica do autor, além de ser assinado); suporte (local em que
será veiculado); público-leitor dessa mídia; entre outros fatores que conferem especificidade,
particularidade ao esse gênero de texto opinativo.

IMPORTANTE!

Ao escrevermos um artigo, construímos uma imagem tanto do enunciador-autor (ponto de


vista predominante) quanto do leitor do texto (enunciatário), isto é, o que dizemos, o modo como
expressamos a nossa opinião, os argumentos utilizados permitem identificar de que segmento
social, político somos porta-vozes. É comum lermos um texto em jornal e inferirmos o perfil
ideológico do autor: se é economista, político, religioso, esquerdista, direitista etc., pelas ideias e
posicionamento assumidos.
Portanto, é necessário que as escolhas dos argumentos permitam-nos perceber de que lugar
social emitimos nossa opinião. Ao contrário da carta, em que explicitamente nos caracterizamos,
no artigo, é a argumentação que define o nosso perfil social.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ARTIGO

 Texto opinativo autoral;


 Objetivo: expor um posicionamento sobre um dado tema ou situação, conduzindo o leitor
ao raciocínio crítico que o autor desenvolve. O propósito do artigo é, assim, levar o leitor,
por meio dos argumentos, a chegar às mesmas conclusões (opinião) do autor.
 Perspectiva: depende do propósito do autor:
 1ª p. singular: inscreve explicitamente a marca do autor no texto, particularizando a
opinião defendida;
 1ª p. plural: marca não só a perspectiva do autor, mas inclui discursivamente outras
pessoas que com ele partilham a opinião defendida. Ao usarmos “nós”, estamos
dizendo “eu + você” ou “eu + outros”;
 3ª p.: marca um distanciamento crítico, numa tentativa de se apagar a pessoalidade
do texto; dar-lhe universalidade. É mais comum em artigos científicos ou de análise
política.
 Linguagem modalizada pelo estilo do autor e da publicação. O artigo permite o recurso à
semiformalidade, à ironia, à metáfora, entre outros recursos estilísticos que caracterizam a
autoria do texto.
 Interlocução com o leitor: opcional. Dependendo do tema, o autor pode fazer
questionamentos, referência direta ao leitor, como estratégia argumentativa. Mas se trata de
um recurso que deve ser usado de modo eficiente e com cuidado, para não se converter
numa mera conversa, descaracterizando o propósito argumentativo do artigo.
 Estruturação: não apresenta uma estrutura padronizada. Mas comumente é organizado em

21
 Introdução: expõe a contextualização do tema e o posicionamento do autor. Ao se
posicionar, deve-se formula uma tese ou a ideia principal do texto.
 Desenvolvimento: é formado pelos parágrafos que fundamentam a tese.
Normalmente, em cada parágrafo, é apresentado e desenvolvido um argumento.
Cada um deles pode estabelecer relações de causa e efeito ou comparações entre
situações, épocas e lugares diferentes; pode também se apoiar em depoimentos ou
citações de pessoas especializadas no assunto abordado, em dados estatísticos,
pesquisas, alusões históricas, entre outras estratégias argumentativas.
 Conclusão: retoma a tese, sintetizando as ideias gerais do texto ou propondo
soluções para o problema discutido.

 Título: obrigatório
 Assinatura: obrigatória na mídia impressa. Em geral, proibida, nas provas de
vestibular, para evitar a identificação do candidato.

ANÁLISE
O artigo usado como exemplo foi retirado do sítio www.observatoriodaimprensa.com.br e
publicado em fevereiro de 2009.

MÍDIA & EDUCAÇÃO


A responsabilidade de cada um
Por Gabriel Perissé

Quando se trata de educação, todos têm uma parcela de responsabilidade. Todos


podem ajudar ou prejudicar. Os professores não são os únicos responsáveis, embora tenham
graves tarefas a cumprir. As famílias desempenham papel importantíssimo, mas sozinhas não
conseguem resolver todos os problemas. Os alunos, obviamente, têm seu lugar garantido
nesse contexto – a eles cabe o compromisso de estudar. Os políticos deveriam falar menos e
fazer mais. Os empresários também. E a mídia também.
No caso da mídia, muito sensato o puxão de orelha que o ombudsman da Folha de
S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, deu no jornal, na edição do último domingo. O jornal
sempre recomenda que o governo e a sociedade tenham ações vigorosas a favor de um
ensino melhor, mas o que a Folha, ela própria, faz de real e concreto, pergunta Carlos
Eduardo? Onde estão as "reportagens de fôlego" sobre o tema? E que tipo de projetos tem
desenvolvido para incentivar a leitura nas escolas?
Sempre mais fácil culpar os outros. Ficar parado, mandando os outros se mexerem, é o
cúmulo do comodismo – e da incompetência. Por outro lado, a mídia é lugar privilegiado de
discussão qualificada das ações e das omissões, dos problemas e dos dilemas na educação.
Neste início de ano letivo, seria o caso de refletir sobre a medida que o governador de
São Paulo, José Serra, acaba de aprovar, criando um sistema on-line antiviolência nas escolas
estaduais. O sistema permite acionar a Secretaria da Educação... e a de Segurança Pública.
Ora, a função da Segurança Pública seria justamente evitar que a violência se instalasse
sequer nas imediações das escolas!
A intenção de Serra é coibir as gangues, as agressões contra alunos, professores e
diretores, a venda de drogas, as depredações. Serão instaladas 3,5 mil câmeras. Haverá
reforço da ronda policial. Estamos falando de colégios ou presídios? De alunos ou bandidos?
Estará a caminho a "febemização" das escolas?

22
Deveríamos esperar de José Serra (candidato a presidente do país!) uma resposta
inteligente para a decadência da escola pública em São Paulo. Investir em atos de vigilância
e repressão é reconhecer a incapacidade de administrar pedagogicamente os conflitos sociais
que invadiram o espaço educativo.
Uma responsabilidade educacional da mídia é ser lugar de liberdade, no qual possamos
ler, pensar e escrever sobre questões como esta.

Gabriel Perissé é Doutor em Educação pela USP e escritor e colunista do sítio


www.observatóriodaimprensa.com.br (02/02/2009)

COMENTÁRIO
Ao abordar o assunto educação, o professor Gabriel Perissé defende a responsabilidade da
mídia, em particular o jornal Folha de S.Paulo, na discussão sobre os problemas do setor. A
linguagem, a estratégia argumentativa de questionamento, entre outras fatores, contribuem para
evidenciar a característica opinativa e autoral do texto.

ESTRUTURAÇÃO PARTES ORIENTAÇÃO ESTRATÉGIAS


ARGUMENTATIVA ARGUMENTATIVAS
 Exposição da tese:  Enumeração (O autor expõe
“Quando se trata... os segmentos sociais
INTRODUÇÃO 1ª§ cumprir.” envolvidos na discussão
 Esclarecimento sobre a sobre educação.)
tese. “As famílias ...
também.”
Desenvolvimento da tese:  Demonstração da tese, por
 defesa do questionamento meio da referência a um
sobre o desempenho da discurso abalizado
2º§ mídia na cobertura do tema (“ombusdman” da Folha de
educação. S.Paulo);
 uso do discurso indireto e
direto (trecho com aspas).
Ampliação da tese:  Exemplificação (O autor
 afirmação da necessidade cita a medida do governo
de a mídia cumprir o papel de José Serra, como ação
de discutir de modo mais que mereceria melhor
3º ao 5º§
sistemático e constante cobertura da mídia.);
sobre o tema educação;  problematização (O autor
 reafirmação da idéia de faz perguntas que
DESENVOLVIMENTO que a mídia deve evidenciam a crítica à
fiscalizar as ações medida do governo
governamentais na área de paulista.).
educação, como exemplo
medida adotada pelo
governador José Serra.
Retomada da tese:
CONCLUSÃO 6º e 7º§  Reafirmação das críticas
feitas ao governador e à
mídia impressa;
 exposição de expectativa

23
(qual deveria ser o papel
do governador e da mídia).
PRODUÇÃO DE TEXTO

PROPOSTA 1
Leia o artigo do jornalista e escritor Georges Bourdoukan, publicado na revista Caros Amigos,
julho de 2008.

VERBETE – TERRORISMO *

O que é o terrorismo?
Há quatro tipos de denominação:

1-O terrorismo, propriamente dito;


2 -O terrorismo de Estado;
3-O terrorismo patriótico, ou libertário.
4-O terrorismo midiático

1-O terrorismo, propriamente dito, é produto de mentes insanas, que nada reivindica e não
escolhe seus alvos.

2- O de Estado se subdivide em dois:


a- Terrorismo interno
b- Terrorismo externo.

O terrorismo interno é aquele que não permite nenhum tipo de manifestação de seus cidadãos e
onde não existem as garantias individuais. Como exemplo podemos citar as ditaduras;

O terrorismo externo é aquele em que uma nação invade e ocupa outra. Se formos citar um
exemplo diríamos que a História da humanidade é uma sucessão de terrorismos de Estado. Raro
é o século em que nações não invadiram e colonizaram outras nações. Em pleno século 21 temos
alguns exemplos, os mais notórios são Estados Unidos e Israel.

3-O patriótico, ou libertário, representa a luta pela independência e contra o jugo estrangeiro.

Temos vários exemplos. O Hamas, na Palestina; o Hizbollah no Líbano; as várias organizações


revolucionárias iraquianas, todos eles movimentos anticolonialistas, para nos atermos apenas
àqueles que a mídia denomina de terroristas.

4-O terrorismo midiático


O mais letal de todos. Age globalmente moldando mentes e corações. Sua matriz fica nos
Estados Unidos, responsável por 85 por cento de todas as informações que cobrem o planeta.

( G eorges B ourdoukan é jornalis ta e es critor - P ublicado em C aros A migos ,


julho 2008.)

24
(F R JS )A partir da leitura e com bas e em s eus conhecimen tos s obre o ass unto,
redija um artigo, A R GU MEN TA N D O favoravelmen te ou con trariamen te às
ideias de G eorges Bourdoukan. Fu n d amen te com argumentos cons is tentes o
s eu pos icionamento e u tilize a exemp lificação como uma das es tratégi as
argumen tat ivas . O s eu texto será publicado no s ítio da revis ta Caros A migos .

Atenção: O texto elaborado deve conter, no mínimo, 20 (vinte) linhas

25
PROPOSTA 2

Leia os textos a seguir.

Texto 1

SÍMBOLO DO DIREITO - "A justiça tem numa das mãos a balança


em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para
o defender. A espada sem a balança é a força brutal, a balança
sem a espada é a impotência do direito" - Rudolf Von Ihering.
Na Grécia, a mulher era a deusa Diké, filha de Zeus e de
Thémis, que, de olhos abertos, segurava, com a mão direita, a
espada e, com a esquerda, uma balança de dois pratos. A
balança (representa a igualdade buscada pelo Direito) e a
espada (representa a força, elemento inseparável do Direito).
A faixa cobrindo-lhe os olhos significava imparcialidade:
ela não via diferença entre as partes em litígio, fossem ricos ou
pobres, poderosos ou humildes, grandes ou pequenos. Suas
decisões, justas e prudentes, não eram fundamentadas na
personalidade, nas qualidades ou no poder das pessoas, mas na
sabedoria das leis. Hoje, mantida ainda a venda, pretende-se
conferir à estátua de Diké a imagem de uma Justiça que, cega,
concede a cada um o que é seu sem conhecer o litigante.
Imparcial, não distingue o sábio do analfabeto; o detentor do
poder do desamparado; o forte do fraco; o maltrapilho do
abastado. A todos, aplica o reto Direito

Texto 2

UM XAMPU DE R$ 24. E UM TRAUMA PARA A VIDA INTEIRA

Em junho de 2004, a doméstica Maria Aparecida de Matos, 24 anos, entrou numa farmácia de São Paulo, deu uma
voltinha, conferiu as prateleiras e não se segurou. Um golpe rápido e – vupt! – um frasco de xampu e outro de
condicionador estavam na bolsa. Valor da operação: R$ 24. Saiu sem pagar, foi monitorada e grampeada pelos
seguranças. No Brasil onde ainda prevalece um mínimo de sensibilidade, questões como essa costumam ser
resolvidas com uma conversa firme e a retomada do produto. Não foi o caso. Levada a uma delegacia, Maria foi
presa, processada e depois condenada a uma pena que poderia chegar a dois anos. “Fui agredida por presas várias

26
vezes na cadeia. Numa dessas surras, jogaram uma água com uma coisa misturada no meu rosto. Queimou muito e
me fez perder o olho direito”, conta. Maria faz tratamento psiquiátrico desde a infância. Em agosto passado, teve
surtos e foi transferida para um manicômio judiciário. No total, cumpriu um ano e sete dias de cadeia. Só foi solta,
no final de junho passado, por uma decisão liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Antes disso,
teve um pedido para esperar o julgamento em liberdade negado e uma solicitação de habeas-corpus rejeitada.
(Revista IstoÉ – 11/09/2005)

Texto 3

PIZZA

Pizza? Sempre houve. Mesmo nos grandes


acontecimentos históricos, ou até pré-históricos, e
mesmo primevais, quando aconteceram punições
exemplares, também são exemplares os que
escaparam. Lembram do Primeiro Crime? O crime
dos crimes? O de Adão e Eva? Na verdade a própria
invenção do crime? Crime cometido na cara da autoridade suprema, do Supremo Criador,
Primeiro e Único, que lhes tinha dado o próprio Paraíso. E proibido apenas, a esses protótipos,
que comessem os frutos da Árvore da Ciência do Bem e do Mal?
Pois bem, sei que não estou contando nenhuma novidade; Adão e Eva – oh, a ambição
humana! –, apenas o Todo virou as costas, se locupletaram, mandaram ver (claro, tudo é
metáfora, a maçã, não vão dizer que não sabem, era apenas uma boa transa). Os dois foram
punidos de maneira definitiva. O TodoPoderoso apontou-lhes a porta da rua (outra metáfora),
proibindo para sempre sua volta. Com vergonha – foi aí que surgiu esse sentimento – se
cobriram com folhas de parreira, e foram viver a Leste do Éden, onde, seus descendentes,
estamos até hoje.
Até aí tudo bem. Corruptos, pelo malfeito, foram condenados.
Mas a grande corruptora, a Serpente, vocês ouviram falar de alguma punição sobre ela?
Continua por aí, em seu Paraíso.

(Revista Veja – 14/9/2005)

.(FRJS)Redija um texto dissertativo, DESENVOLVENDO o tema comum aos textos de


referência. Fundamente com argumentos consistentes o seu posicionamento.

27
PROPOSTA 3

ESCOLAS REPROVAM ATUAÇÃO DOS PAIS, DIZ PESQUISA

O retrato da educação no país cada vez mais mostra a falta de sintonia entre as famílias e as
escolas para garantir o aprendizado dos estudantes. Pesquisa da Organização dos Estados Ibero-
Americanos (OIA), em parceria com a Fundação Santa Maria (SM), que vai ser divulgada hoje,
entrevistou 10 mil professores, de 19 Estados, e constatou que as famílias brasileiras delegam à
escola parte de suas responsabilidades e dedicam pouco tempo aos estudos de seus filhos.
Na avaliação de 90% dos docentes que participaram do estudo "Qualidade da Educação sob o
olhar dos professores", os pais transferem responsabilidades para as instituições de ensino. Mais
de 80% acreditam que as famílias não dedicam atenção suficiente para as atividades escolares do
filhos. Os entrevistados que mais concordam com essa opinião são os das regiões Sudeste e Sul:
93%. "A responsabilização da família pelas dificuldades de aprendizagem dos alunos é uma
concepção generalizada entre os professores brasileiros", diz a pesquisa.
(...)

PIOR E MELHOR

Mais de um quarto dos professores entrevistados acreditam que o sistema escolar brasileiro é
pior que o do resto dos países latino-americanos. Apenas 6,5% acreditam que é melhor. Os
professores com menos experiência são os que consideram o sistema educativo brasileiro pior.
Os mais experientes acham que são sistemas incompatíveis (37,1%). Os professores de escolas
particulares são mais otimistas que os das públicas, uma vez que 11,2% deles consideram a
educação brasileira melhor que de outros países latino-americanos.
Quase metade dos professores (49,4%) acredita que a educação no Brasil piorou, enquanto
14% acreditam que não mudou e 36,6% acreditam que melhorou. Os professores mais
experientes são os mais pessimistas. "O pessimismo dos mais antigos veio com a reforma
educacional de 1990, que obrigou todas as crianças de 7 a 14 anos a estarem matriculadas em
escolas", explica Igor Mauro, diretor geral da SM. "Nem a estrutura, nem esses professores
estavam preparados para esses milhões de novos alunos."
Futuro
Quando o assunto é o futuro da educação, o número de profissionais otimistas cresce: 60,5%
acreditam que a situação vai melhorar. Nesse quesito, não há diferença significativa na opinião
de professores do ensino público e privado. 73,1% dos docentes da rede privada acreditam num
futuro promissor, frente a 57,9% dos que atuam na rede pública. Segundo Mauro, um dos
problemas levantados pela pesquisa está no fato dos profissionais da educação não acreditarem
que a escola de hoje possa realmente atender as demandas dos estudantes no futuro. Essa é a
opinião de 53,2% dos entrevistados.
(...) A satisfação do professor com a escola onde trabalha também foi estudada. Somente
37,7% dos docentes se declararam satisfeitos ou muito satisfeitos com o desempenho dos alunos.

28
O estudo mostra uma contradição entre a boa avaliação que os entrevistados realizam sobre a
maneira de ensinar dos professores e sua opinião negativa sobre o desempenho acadêmico dos
alunos.

CARREIRA

A reforma do plano de carreira para os profissionais da educação, a ampliação da educação


infantil em instituições públicas e a criação de um único exame vestibular em cada Estado, cuja
nota possa servir para o acesso a todos os estudos são apontados pelos professores como
mudanças necessárias para a melhoria da educação. Além de estarem pessimistas em relação à
educação brasileira, os professores não estão satisfeitos com o tratamento que recebem.
Três em cada quatro consideram que a administração da escola em que atuam não valoriza
suficientemente seu trabalho. A percentagem é ainda maior em relação à sociedade: 80,6%
acreditam que não são valorizados pela sociedade. Ainda assim, 67,3% dos docentes dizem que
não mudariam de profissão. O estudo mostrou que trabalhar com educação no Brasil ainda
depende da vocação argumenta Mauro. Com tantas crises nesse setor, muitos jovens ainda
querem ser professores.
JB Online – 25/09/2008

(FRJS) Com base nos dados da matéria, redija um artigo sobre o tema:

EDUCAÇÃO: DESAFIOS E SOLUÇÕES

Para produzir o seu texto, adote uma das seguintes perspectivas:


a) representante do Sindicato dos Professores de Minas Gerais
b) representante da Associação de Pais e Alunos de Escolas Públicas e Particulares de Minas
Gerais
c) representante do União Nacional dos Estudantes (UNE)

O seu artigo será publicado no jornal Estado de Minas.

A t e n ç ã o : O t e xt o e l a b o r a d o d e v e c o n t e r, n o m í ni m o , 2 0 ( v i n t e ) l i n h a s

29
EDITORIAL
DEFINIÇÃO
Texto de opinião ins tituciona l, o editorial revela o pos icionamento da
empres a jornalís tica ou da direção do veículo de comunicação sobre
determin ado tema ou s ituação. Ele revela a linha editoria l da publicação, ou
s eja, expõe o tipo de ades ão político- ideológica da ins tituiç ão: s e é mais
cons ervadora, opos icionis ta, s ens acionalis ta etc.
Es s e gênero de texto apres enta as caracterís t icas de um texto opinativo,
com as marcas do es tilo da mídia a que s e refere. Nos ed itoriais d e jorn ais
imp res s os , predomina a expos ição de informações /dados sobre a notícia ou
fato motivador do texto, acompanhada da anális e e pos icionamento da
publicação. J á nos ed itoriais d e revis tas , há um comentário crítico s obre o
tema da matéria principal e, em alguns cas os , breves referências a outros
textos que compõem a publicação.
A mbos ocupam es paços pré-determinados : nos jornais , 2ª ou 3ª página; nas
revis tas , 1ª ou 2ª página, res pectivam ente identifi cados como “Editorial ” e
“C arta ao leitor”.

IMPORTANTE

O editorial vincula-se sempre a um fato, notícia de interesse local ou nacional, dependendo do


alcance da publicação. Também deve articular informação (exposição de dados sobre o fato/notícia
motivador(es) do texto) e opinião. Por isso, é fundamental se expor dados que caracterizem o editorial
como texto informativo, diferentemente do artigo que não apresenta essa limitação do tema a um
fato/notícia.

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DE EDITORIAIS


O rganiza mos as informações em uma tabela para efeito comparativo das
duas modalidades de editoral, enfocadas nes te material.

AS PE C TOS ED I TOR I A L D E JORN A L ED I TOR I A L DE R EVI S TA


Tip o d e texto  O pinião ins tituciona l  O pinião ins tituciona l
Ob jetivo  Expor um fato ou  Expor pos icionam ento

30
notícia relevante s obre o tema da matéria
 Expor o de capa da publicação.
pos icionamen to da Em algumas revis tas , há
publicação, comentár ios s obre
principal mente, por outros textos que
meio da anális e do fato s eriam de interes s e do
motivador do editorial. leitor.
Pers p ectiva  3ª p. (predominant e)  1ª p. plural ou 3ª p.
L in gu agem  M odalizada pelo es tilo  M odalizada pelo es tilo
da publicação. N os da revis ta e perfil do
grandes jornais de público- leitor. P ode
circulaç ão nacional, a apres entar uma
linguagem é mais linguagem mais formal
formal. ou informal.
E s tru tu ra  I n trod u ção :  I n trod u ção:
 expos ição do fato  contextua liza ção do
ou s ituação motivadores tema ou expos ição do
do editoria l; fato /matéria
 expos ição do motivador(a) do
pos icionamen to do editoria l.
jornal.
 D es en volvimen to :  D es en volvi
 relato do men to:
fato/notí cia (expos ição  expos ição de dados
de dados , informações s obre o tema/ matér ia;
s obre o fato);  anális e/pos ic ionam ento
 anális e crític a da publicação
(explici tação do ponto OU
de vis ta do jornal).  apres entação do
propós ito da matéria,
relevânci a do texto etc.
Ob s .: Em algumas revis tas , há
um breve comentário s obre
outras matérias cons ideradas
interes s antes ao leitor.
 C on clu s ão:  Con clu s ão :
 reafirmaç ão do  reafirmaç ão do
pos icionamen to do pos icionamen to da
jornal. publicação ou dos
propós itos da
reportagem principal –
tema do editoria l.
T ítu lo  Ob rigatório  Ob rigatório. P ode s er
um título s obre o tema
ou vir somente a
identifi cação “Carta ao
Leitor”.
A ss in atu ra  Em geral, n ão é ass in ad o.  A ss in ad o p elo ed itor ou

31
d ireto r d e red ação.

ANÁLISE
EDITORIAL DE JORNAL (“O TEMPO”)

DIREITOS HUMANOS
Uma das primeiras decisões do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi
suspender, por 120 dias, o julgamento de todos os acusados de terrorismo presos na base naval
de Guantánamo, em Cuba. Começou a cumprir, assim, uma promessa de campanha, que é o
fechamento daquela prisão no prazo de um ano.
O fato é auspicioso e mostra, junto com outras atitudes que tomou, em seu primeiro dia na
Casa Branca, a disposição de enfrentar as questões internacionais. Os primeiros telefonemas
feitos foram para alguns líderes políticos do Oriente Médio, a quem manifestou o compromisso
de buscar a paz entre árabes e israelenses.
De fato, se internamente o governo Bush pouco se diferenciou de seus antecessores,
externamente ele produziu um passivo que vai demorar tempo para ser reduzido ou anulado.
Bush ressuscitou a velha política do big stick, de polícia do mundo, e um símbolo disso foi, sem
dúvida, a prisão de Guantánamo.
Criada logo depois do 11 de Setembro, a prisão chegou a deter milhares de prisioneiros
provenientes do Afeganistão, Iraque e outras partes do mundo. Hoje, guarda 245 presos, que
esperavam julgamento por tribunais de exceção. Entre esses presos estão acusados de terem
participado do atentado de 11 de setembro de 2001.
Urge restabelecer o respeito aos direitos humanos desses presos, que não são considerados
nem prisioneiros de guerra, sujeitos, portanto, a todas as violações, inclusive à tortura. Na
impossibilidade deles retornarem a seus lugares de origem, os EUA teriam de os abrigar, mas
nações como a Suíça já se ofereceram para fazer isso.
Resquício do imperialismo e da Guerra Fria, Guantánamo é questionada também como base
militar dos EUA na América Latina. Cedida aos norte-americanos ad aeternum, mediante o
pagamento de uma quantia insignificante - que Castro, desde que assumiu o poder, recusa-se a
receber -, a base deveria ser devolvida aos cubanos. Hoje, Guantánamo representa uma
excrescência física e moral.

Jornal O Tempo, 23/01/2009

COMENTÁRIO

32
Sendo um jornal de notícias locais e nacionais, a publicação adotou uma estrutura tradicional
de texto: abordagem objetiva, padrão formal de linguagem, exposição sóbria do posicionamento.
O tema do texto é o fato de o recém-eleito presidente dos EUA, Barack Obama, assinar decreto
de suspensão dos julgamentos na prisão em Guantánamo, uma das principais e mais controversas
criações da política antiterror do ex-presidente George W. Bush.
A publicação posiciona-se favoravelmente à ação de Obama e centraliza a abordagem na
crítica à prisão de Guantánamo.

- Estrutura:

 Introdução: 1§ e 2§
 exposição do fato motivador do editorial – decisão de Barack Obama em suspender
os julgamentos em Guantánamo
 exposição do posicionamento do jornal – apoio às ações do recém-eleito presidente
dos EUA.

 Desenvolvimento: 3§ e 4§
 ampliação da tese – análise crítica da política externa do governo Bush, responsável
pela criação da prisão de Guantánamo.
 exposição de dados sobre Guantánamo

 Conclusão: 5§ e 6§
 reafirmação do posicionamento do jornal, com crítica às violações aos direitos
humanos, cometidas contra presos em Guantánamo.

O editorial apresenta, assim, uma típica estrutura de texto dissertativo: objetivo, linguagem
formal, perspectiva universal (3ª p.), título e sem assinatura.

 EDITORIAL D E REVISTA (“VEJA”)

CARTA AO LEITOR

QUANDO A RAZÃO É DESRAZÃO


O conflito entre Israel e palestinos entrou para a
categoria dos fenômenos crônicos, para os quais
ou não existe solução ou a solução é árdua
demais para ser viabilizada – o que, na prática,
dá na mesma. No caso em questão, os nós
górdios são a retirada de todos os colonos
israelenses dos territórios ocupados em 1967,
durante a Guerra dos Seis Dias, a repartição de
Jerusalém entre os dois lados, o reconhecimento,
por parte dos palestinos, da legitimidade do
Estado de Israel e, como corolário desse último
item, o fim dos atos terroristas perpetrados
contra cidadãos judeus. Um acúmulo de
animosidades e ressentimentos históricos

33
impede, no entanto, que tais nós sejam desatados pela lógica da diplomacia. Para piorar a
situação, os palestinos dividiram-se entre aqueles que apoiam a Autoridade Palestina, que
negocia com Israel, e o Hamas, o grupo terrorista que prega a destruição do estado israelense,
fundado em 1948 na esteira do holocausto. É o Hamas o alvo da operação das Forças Armadas
de Israel na Faixa de Gaza. O grupo vinha utilizando o território, dominado por seus militantes,
para lançar foguetes contra alvos do outro lado da fronteira. Do ponto de vista estritamente
militar, a operação é movida por uma causa razoável? Aparentemente, sim. Do ponto de vista
humano, ela é desproporcional? Absolutamente, sim.

Eis a essência do problema quando o assunto é Israel e palestinos: ambos os lados conseguem ter
razão não tendo, muitas vezes, razão nenhuma. Nesse universo em que reina a falta da
racionalidade cartesiana mais comezinha, é provável que tenha entrado no cálculo israelense
criar uma situação que inviabilize ao novo presidente americano, Barack Obama, concretizar
uma das suas promessas de candidato: a abertura de um canal de conversação com arqui-
inimigos de Israel, entre eles o Irã. É outra mostra de como o mundo é um lugar complicado, não
raro sem vasos comunicantes com campanhas eleitorais

Edição 2094 -. 7 de janeiro de 2009

COMENTÁRIO
A revista Veja também mantém o foco em um fato – o ataque das forças militares israelenses
aos palestinos em Gaza -, matéria de capa da revista. O editoral é uma análise crítica sobre o
histórico conflito entre Israel e Palestina.
Cabe ressaltar como a linha editorial da revista, notadamente direitista, conservadora, revela-
se nas caracterizações dos lados em conflito. Segundo a publicação, Israel agiria de forma
legítima militarmente, pois movido pela necessidade de combater o “terrorismo” do Hamas, que
quer “destruir o estado de Israel”.
É feita também a relação entre os atos do grupo palestino e o Holocausto, reconhecidamente
uma das maiores tragédias humanas da história. Nas entrelinhas dessas caracterizações, infere-se
a linha ideológica e editorial da revista, pró-Israel, apesar do posicionamento geral de crítica ao
conflito e pessimismo quanto à possibilidade de saída diplomática para tão delicada questão.
O editorial é estruturado em dois parágrafos pouco equilibrados em termos de organização
das ideias. *Aglutinou-se introdução e desenvolvimento em um só bloco. (*Evite fazer isso em
sua redação, pois você será avaliado pelo modo como organiza seu texto; o que não é o caso da
revista Veja.).

 Introdução e Desenvolvimento: 1§:


 exposição da tese: defesa da quase impossibilidade de solução diplomática para o
conflito entre israelense e palestinos na faixa de Gaza;
 fundamentação da tese: exposição das razões de a revista afirmar a quase
impossibilidade de resolução dos conflitos em Gaza.

 Conclusão: 2§
 reafirmação do posicionamento da revista: exposição de mais uma razão para o
ataque israelense à Palestina (impossibilitar o movimento de aproximação, por parte
do governo de Barack Obama, dos ferrenhos opositores de Israel).

34
PRODUÇÃO DE TEXTO
PROPOSTA 1
O TREMA VAI-SE TRANQUILAMENTE

Sérgio Rodrigues

Fique tranquilo: não são tão frequentes assim as palavras que têm sua grafia alterada pelo
novo acordo da língua portuguesa, que estreia oficialmente na virada do ano. Se a ideia o deixa
paranoico, temendo uma sequência de erros que acabe em quiproquó, recomenda-se aguentar
firme. Um parágrafo como este, com seus oito exemplos de alteração em poucas linhas, seria um
acidente raro se não fosse deliberado.
Dos exemplos acima, a maioria tem a ver com a morte do trema. Abolido em Portugal
desde 1946, esse sinal diacrítico tem seus simpatizantes, mas representa o menor dos problemas
que aguardam os brasileiros nessa fase de transição ortográfica. Isso porque se trata de uma regra
cristalina e, sobretudo, sem exceção: cinquenta, linguiça, delinquente, equidade, sequestrador…
Basta abolir os dois pontinhos horizontais de tudo (menos, claro, de vocábulos estrangeiros, que
estão sujeitos a outras regras) que não há como errar. Vale lembrar que a pronúncia dessas
palavras permanece a que sempre foi. A reforma é ortográfica, ou seja, limita-se à forma de
escrever.
Os demais exemplos do parágrafo de abertura se referem a outra mudança de impacto, no
sentido de afetar um grande número de palavras, mas também de fácil assimilação por sua
clareza. Em termos técnicos, estamos falando da queda do acento dos ditongos abertos ei e oi em
palavras paroxítonas. Trata-se da regra que cria as grafias heroico, geleia, tipoia, patuleia – como
sempre, mantendo-se a pronúncia. Essa mudança só é mais traiçoeira que a do trema por não
afetar palavras oxítonas, isto é, cuja sílaba tônica seja a última. Os heróis e seus troféus
permanecem acentuados.
A poda de acentos vai mais longe. Os circunflexos desaparecem de vocábulos como enjoo,
voo, veem (do verbo ver) e leem (do verbo ler). Somem também os acentos que diferenciavam,
por exemplo, pára (do verbo parar) de para (preposição) e pêlo (substantivo) de pelo (contração
prepositiva). Isso cria a possibilidade de construir frases curiosas: “Ele para para comprar pão”
ou “A água escorria pelos pelos do animal”. Nada que o contexto não esclareça.
O verdadeiro problema, no caso do extermínio dos acentos diferenciais, está nas exceções
que comporta. Os circunflexos continuam vivos para distinguir pode de pôde, pôr (verbo) de por
(preposição), tem (singular) de têm (plural). Quanto ao que discrimina fôrma de forma, passa a

35
ser facultativo. E antes de dizer que isso parece confuso, convém dar uma espiada no capítulo do
hífen.
As regras absurdamente tortuosas que regiam o uso do famigerado tracinho, a maioria com
suas exceções, eram um dos pilares a sustentar o velho chavão de que “o português é uma língua
muito difícil”. Nesse caso era mesmo, a tal ponto que até profissionais experientes tinham que
recorrer ao dicionário com frequência. A má notícia é que, apesar dos esforços – tímidos – de
simplificação, o hífen continua sendo um pesadelo. Sim, o pára-quedas agora é paraquedas e a
auto-escola, autoescola. Em compensação, o microondas virou micro-ondas e o antiinflamatório,
anti-inflamatório.
É pena, mas o mesmo acordo ortográfico que acabou com a hipocrisia de fingir que não
existiam em nossa língua as letras k, w e y capitulou diante do hífen. Melhor conservar sempre à
mão um bom dicionário. Pelo menos até a próxima reforma.

Sérgio Rodrigues - sergio@todoprosa.com.br – Texto publicado na Revista da Semana,- 26 de dezembro de 2008.

(FRJS) Você é editor-chefe da revista Língua Portuguesa, dirigida a alunos do ensino médio e professores. Para
a próxima edição, a reportagem de capa é o atual Acordo Ortográfico. A partir da leitura e de seus
conhecimentos sobre o assunto, redija o editorial, ANALISANDO a alteração das regras na grafia das
palavras e EXPONDO o posicionamento da revista sobre o Acordo.

Atenção: O texto elaborado deve conter, no mínimo, 20 (vinte) linhas

36
PR OPOS TA 2

L eia os textos a s egu ir.

Texto 1

COPA DE 2014. A pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada pelo jornal "Folha de São
Paulo" nesta segunda-feira, mostrou que 79% dos brasileiros aprovam a realização da Copa do
Mundo de 2014 no país. 5% dos entrevistados disseram ser indiferentes, 6% não souberam ou se
negaram a responder; e 10% se mostraram contra. A pesquisa foi realizada entre os dias 25 e 28
de novembro, e ouviu 3.486 pessoas em todo o país. A margem de erro é dois pontos percentuais,
para mais ou para menos.
A aprovação superou os 70% em todas as faixas de idade, escolaridade e renda familiar. Este
patamar também foi superado em todas as regiões do país, tanto entre os homens quanto entre as
mulheres. Os jovens, entre 16 e 18 anos, foram os que mais se mostraram receptivos: 86% de
aprovação. O menor índice foi observado entre os que já tem mais de 60 anos: 71%.
Os moradores da região nordeste foram os que mais se mostraram favoráveis ao Mundial de
2014 no Brasil: 86% contra apenas 5% de contrários. Os sulistas se mostraram os menos
entusiasmados: 72% aprovaram e 11% reprovaram.
Na cidade de São Paulo, favorita para realizar a abertura da competição, a aprovação é de
72%, mas a rejeição é uma dos mais altas: 17%.

( http://www.rtprosport.com.br)

Texto 2
A COPA DA LEVIANDADE
Janio de Freitas

Se o custo fosse R$ 35 bilhões, equivaleria a mais de duas vezes o Orçamento da Educação

PREFEITOS de capitais e respectivos governadores estão empenhados em uma competição


nunca ocorrida por aqui.
Para todos os ouvidos públicos, dizem tratar-se da disputa pela inclusão de sua capital
entre as 12 que sediarão jogos da Copa do Mundo no Brasil, em 2014.
(...)
A Copa do Mundo é precedida pela Copa da Leviandade, promovida pelo governo Lula.

37
A estimativa de custo da Copa entregue a Lula no meio da semana, por suas eminências
Joseph Blatter e Ricardo Teixeira, duas riquezas do peleguismo futebolístico que presidem a Fifa
e a CBF, refere-se a R$ 35 bilhões calculados pela Fundação Getúlio Vargas.
Se o custo fosse aquele, equivaleria a duas vezes e mais 30% de todo o Orçamento para a
Educação como será apresentado, amanhã, na reunião ministerial. Ou quase nove vezes o
Orçamento para Ciência e Tecnologia.
Sabe-se, porém, que estimativas de custo de obras, no Brasil, são o que há de mais
consagrado na ficção brasileira.
Bem, saber, não se sabe: vê-se.
Uma das batalhas de Juca Kfouri, a um só tempo inglórias e gloriosas, é a cobrança do
relatório do Tribunal de Contas da União sobre o custo, e as mágicas que o fizeram, do Pan no
Rio em 2006.
Dinheiro do Ministério do Esporte, da Prefeitura do Rio e do governo fluminense.
Pois nem o TCU cumpre o mínimo dever legal e público de divulgar suas constatações,
quanto mais os que torraram, entre aplicações e divisões, o dinheiro público em que estimativas
de R$ 50 milhões chegaram, na realidade, a dez vezes o estimado.
(...).
Uma cidade como Natal, cujo encanto não se traduz em dinheiro sequer em proporção
aproximada, diz o noticiário que está gastando R$ 3,5 milhões só para engambelar a
apresentação de sua candidatura.
Propõe-se a construir um estádio, com projeto encomendado na Inglaterra, de custo
estimado em R$ 300 milhões.
Digamos, contra tudo, que a estimativa seja exata.
A cidade e a população de Natal não têm carências inatendidas até hoje por falta de R$
300 milhões?
Na concepção eleitoreira e rentável, a continuidade, pelo tempo afora, das carências de
Natal e das outras capitais de menor riqueza é compensada por três ou quatro jogos das oitavas
da Copa.
(...)
O desprezo pelas cidades e suas populações, presentes e futuras, é o mesmo.
Expresso na Copa das Leviandades.

(J ânio de F reitas – J ornal Folha de S .P aulo –01/02/2009)

A partir das leituras e de s eus conhecimentos s obre o tema, redija u m texto


op in ativo de um jornal de circulação nacional, AVA LI A ND O a relevância de
o país sediar a Copa 2014. Jus tifique es s e pos icionamento.

38
PROPOSTA 3

PEDÓFILOS AMEAÇAM MENINA DE 12 ANOS NO ORKUT

Simone Lima - Estado de Minas

Filha e pai chegam à delegacia de Pará de Minas para prestar


queixa

Facilitar o acesso a informação e contribuir efetivamente para o processo de globalização. A


internet, sem dúvida, trouxe muitos avanços. Entretanto, há o outro lado da moeda. Pedófilos de
diversas partes do mundo encontraram na rede mundial de computadores um campo promissor e
praticamente impune para atuar. Por meio de um site de relacionamento, por exemplo, eles
podem assumir qualquer personalidade e usar uma linguagem que atraia crianças e adolescentes.
Em Pará de Minas, na Região Centro-Oeste de Minas, a 86 quilômetros de Belo Horizonte, uma
menina de 12 anos chegou a ser ameaçada por criminosos que queriam obrigá-la a colocar fotos
nuas em sua página no Orkut. A garota contou para o pai o que estava ocorrendo e ele deu queixa
terça-feira, na delegacia da cidade.
Indignado, A.C.M., de 36 anos, disse que nunca autorizou a filha a divulgar um perfil no
Orkut. Entretanto, a menina preferiu arriscar. Alguns meses depois, ela teve a página clonada e

39
começou a receber mensagens pornográficas e de ameaças. No texto, os criminosos afirmam
que, para ter a página de volta, a garota deveria divulgar fotos dela sem roupas, caso contrário,
usaria o perfil para divulgar cenas de pedofilia. Preocupado com a integridade da filha, A.C.M.
não pensou duas vezes antes de procurar as autoridades. “Não gosto desses sites e não
acompanho isso. Acho que essa foi minha falha, a de não acompanhar o que ela acessava”,
declara.
Apesar da situação, A.C.M., sente-se orgulhoso da filha. “Ela não foi ingênua para cair na
onda dos criminosos. Ela confiou na família e se abriu conosco. Dessa forma, pudemos ajudá-la
e, quem sabe, podemos servir de exemplo para outras pessoas. Não pode haver medo de
denunciar ou achar que não vai haver solução”, acrescenta.
Segundo a delegada de Pará de Minas, Rebeca Luiza Soares, será instaurado inquérito para
investigar o caso. O computador da menina passará por perícia e o Orkut deverá ser acionado
judicialmente.
De acordo com o promotor de Justiça e curador da Infância e da Juventude de Divinópolis,
Carlos José Silva Fortes, que faz parte da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra a
pedofilia, casos como o de Pará de Minas são cada vez mais comuns em todo o país. “A melhor
arma é a precaução. É essencial que os pais saibam o que os filhos estão fazendo na internet,
quais páginas acessam, com quem se relacionam. Mas, no caso de ameaças ou abusos, é
necessário que as autoridades sejam acionadas. Há, hoje, uma facilidade maior em localizar esses
criminosos e precisamos montar um cerco contra a prática da pedofilia”, diz.

CPI em abril
O promotor afirma que, apesar de as leis no Brasil ainda serem consideradas atrasadas em
relação a crimes realizados pela rede, em novembro o país deu um passo importante com a
aprovação da Lei 11.829, que aprimora o combate à produção, venda e distribuição de
pornografia infantil na internet. “Existe uma cartilha em que informamos a população sobre a
prática desses crimes e como é preciso agir. A CPI teve início em abril do ano passado e retomará
os trabalhos em abril deste ano. Já demos o primeiro passo e temos uma longa caminhada pela
frente. Já temos novos projetos de lei em andamento e ainda há muito trabalho a ser feito”,
acrescenta.
A empresa Google, responsável pelo Orkut, foi procurada pelo Estado de Minas e seu
assessor de imprensa no Brasil, Eduardo Vieira, respondeu que a empresa lamenta o mau uso da
internet, prática que tem sido observada pelo provedor. Vieira informou que, quando a Google é
notificada judicialmente, retira do ar conteúdos falsos e inadequados. A empresa tem acordo com
o Ministério Público Federal e outras autoridades brasileiras e criou, no ano passado, uma
ferramenta de reporte de abusos, uma arma contra a pedofilia. Segundo ele, quando a Google é
acionada judicialmente, tem 48 horas para comprovar se o conteúdo é ilícito ou não e, em caso
positivo, ele é retirado imediatamente do ar.
(J ornal Es tado de M inas – 02/2009)

(F R JS ) A partir da leitura, redija um ed itorial , a ser publicado no s ítio da


P romotoria P ública do Es tado de M inas G erais , sobre o combate à pedofilia
na rede e os cuidados no us o da internet. F undamente com argumentos
cons is tentes o pos icionamento da empres a.

A t e n ç ã o : O t e xt o e l a b o r a d o d e v e c o n t e r, n o m í ni m o , 2 0 ( v i n t e ) l i n h a s

40
Grupo 2

Texto Argumentativo

Quando usamos a argumentação?

- quando queremos defender um ponto de vista;


- quando apresentamos a nossa opinião;
-quando propomos uma solução;
- quando queremos convencer os outros a ceder a um pedido nosso.
 Como se constrói um texto argumentativo?

1. Estrutura do texto/Progressão temática

Introdução: Parágrafo inicial no qual se apresenta a proposição (tese,


opinião, declaração). Deve ser apresentada de modo afirmativo, claro e bem
definido, sem referir quaisquer razões ou provas.

Desenvolvimento: Análise/explicitação da proposição apresentada;


apresentação dos argumentos que provam a verdade da proposição: fatos,
exemplos, citações, testemunhos, dados estatísticos.

Conclusão: Parágrafo final, no qual se conclui com uma síntese da


demonstração feita no desenvolvimento.

2. Escolha e ordenação dos argumentos

Deve-se: encontrar argumentos adequados; recorrer, sempre que possível e


desejável, à exemplificação, à citação, à analogia, às relações causa-efeito;
organizar os argumentos por ordem crescente de importância.

41
3. Articulação e progressão do discurso:

Estabelecer uma rede de relações lógicas entre as palavras, as frases, os


períodos e os parágrafos;

 Construir um raciocínio que se vai desenvolvendo através de:


 Correta estruturação e ordenação das frases;
 Uso correto dos conectores;
 Respeito pelas regras de concordância;
 Uso adequado dos pronomes que evitam as repetições do nome;
 Utilização de um vocabulário variado, com recurso de sinônimos,
antônimos...

ESTRUTURA

TESE ARGUMENTAÇÃO CONCLUSÃO

A Tese (ideia que se pretende defender) de uma dissertação deve ser clara,
objetiva e concisa, preferencialmente.
 MODELOS DE TESE

1 – Cena descritiva:
Exemplo:
O som invade a cidade. Buzinas estridentes atordoam os passantes.
Edifícios altíssimos cobrem os céus cinzentos da metrópole. Uma
fumaça densa e ameaçadora empresta a São Paulo o aspecto de
fotografias antigas sombreadas pela cor do tempo. É a paisagem
tristonha da poluição.

2 – Uma frase declarativa ou afirmação:


Exemplo:
O artista contemporâneo, diante de um mundo complexo e agitado, tem
por missão traduzir o mais fielmente possível essa realidade.

3 – Frases ou expressões nominais:

42
Exemplo:
Baixos salários. Médicos descontentes. Enfermagem pouco qualificada.
Falta de medicamentos. Desvio de verbas. Hospitais insuficientes e mal
aparelhados. Atendimento precário. Esse é o retrato da saúde pública
brasileira.

4 – Resgate histórico ou dados retrospectivos:


Exemplo:
As primeiras manifestações de comunicação humana nas eras mais
primitivas foram traduzidas por sons que expressavam sentimentos de
dor, alegria ou espanto. Mais tarde, as pinturas rupestres surgiram
como primeiros vestígios de tentativa de preservação de uma era...

5 – Citação: textual e comentada.


Exemplo:
Textual: "O escravo brasileiro, literalmente falando, só tem uma coisa:
a morte”.Joaquim Nabuco, grande teórico do movimento abolicionista
brasileiro. Nabuco revela uma das características que o pensamento
antiescravista apresenta: a nota de comiseração pelo escravo.
Comentada: O teórico Joaquim Nabuco, em sua comiseração pelo
escravo brasileiro, disse que este só tem a própria morte. O movimento
brasileiro antiescravista, quando já fortalecido, deixou bem clara essa
pungente acusação nas palavras dos abolicionistas.

6 – Pergunta ou uma sequência de perguntas:


Exemplo:
Os pensadores do século XIX propuseram nos termos da época as
questões que, apesar de toda a posterior realidade, continuam a
intrigar os críticos sociais: como funciona a mente de um político?
Quais são os fatores imponderáveis que o levam a agir desta ou
daquela maneira?

7 – Definição:
Exemplo
O envelhecimento é um processo evolutivo que depende dos fatores
hereditários, do ambiente e da idade, embora ainda não tenham sido
descobertas as causa precisas que o determine em toda a sua
amplitude e diversidade.

8 – Narração:
Exemplo:
O ano de 1997 foi marcado pela expansão da informática no país:
realizaram-se as mais importantes feiras do mundo, apresentando
novidades que deslumbraram os brasileiros. Os mais ávidos de
atualizar-se se transformaram em presas definitivas de um dos

43
mercados mais lucrativos do planeta.

9 – Comparação:
Exemplo:
A era da informática veio aprofundar os abismos do país: de um lado,
assistimos ao avanço tecnológico desfrutado por cerca de 2% da
população; de outro, assistimos à crescente marginalização da maioria
que sequer consegue alfabetizar-se minimamente.

10 – Declaração surpreendente:
Exemplo:
Jamais houve cinema silencioso. A projeção das fitas mudas era
acompanhada por música de piano ou pequena orquestra. No Japão e
outras partes do mundo, popularizou-se a figura do narrador ou
comentador de imagens, que explicava a história ao público. Muitos
filmes, desde os primórdios do cinema, comportavam música e ruídos
especialmente compostos.

A ARGUMENTAÇÃO

O desenvolvimento é a parte mais extensa do texto. Compreende os


argumentos (evidências, exemplos, justificativas etc.) que dão sustentação
à tese – ideia central apresentada no primeiro parágrafo. O conteúdo dos
parágrafos de desenvolvimento deve obedecer a uma progressão: repetir
ideias mudando apenas as palavras resulta em redundância. Deve-se
também evitar a reprodução de clichês, fórmulas prontas e frases feitas –
recursos que enfraqueçam a argumentação.
Cabe lembrar, ainda, que a adequada utilização de seu repertório
cultural será determinante para diversificar e enriquecer seus argumentos.
Observe alguns exemplos de argumentação:

Tema: Televisão

Argumentação por exemplificação


Já foi criada até uma campanha – "Quem financia a baixaria é contra a
cidadania" – para que sejam divulgados os nomes das empresas que
anunciam nos programas que mais recebem denúncias de desrespeito aos
direitos humanos. O mais importante nessa iniciativa é a participação da
sociedade, que pode abandonar a passividade e interferir na qualidade da
programação que chega às casas dos brasileiros.

Argumentação histórica

44
Quem assiste à TV hoje talvez nem imagine que seu compromisso
inicial, quando chegou ao país, há pouco mais de meio século, fosse com
educação, informação e entretenimento. Não se pode negar que ela evoluiu –
transformou-se na maior representante da mídia, mas em contrapartida
esqueceu-se de educar, informa relativamente e entretém de maneira
discutível.

Argumentação por constatação


Para além daquilo que a televisão exibe, deve-se levar em conta
também seu papel social. Quem já não renunciou a um encontro com
amigou ou a um passeio com a família para não perder a novela ou a
participação de algum artista num programa de auditório? Ao que tudo
indica, muitos têm elegido a tevê como companhia favorita.

Argumentação por comparação


Enquanto países como Inglaterra e Canadá têm leis que protegem as
crianças da exposição ao sexo e à violência na televisão, no Brasil não há
nenhum controle efetivo sobre a programação. Não é de surpreender que
muitos brasileiros estejam defendendo alguma forma de censura sobre a TV
aberta.

Argumentação por testemunho


Conforme citado pelo jornalista Nelson Hoineff, "o que a televisão tem
de mais fascinante para quem a faz é justamente o que ela tem de mais
nocivo para quem a vê: sua capacidade aparentemente infinita de
massificação". De fato, mais de 80% da população brasileira tem esse
veículo como principal fonte de informação e referência.

A CONCLUSÃO DO TEXTO DISSERTATIVO

Temos sempre um objetivo definido: defender uma ideia, um ponto de


vista. Para tanto, formulamos uma tese interessante, que será desenvolvida
com eficientes argumentos, até atingir a última etapa: a conclusão. Não há
um modelo único de conclusão. Cada texto pede um determinado tipo de
fechamento, a depender do tema, bem como do enfoque escolhido pelo
autor. Em textos com teor informativo, por exemplo, caberá a conclusão que
condense as ideias consideradas.
Observe alguns dos procedimentos adequados para se concluir um
texto:
Retomada da tese – é a confirmação da ideia central. Reforça a
posição apresentada no início do texto. Deve-se, contudo, evitar a
redundância ou mera repetição da tese.
Proposta(s) de solução – partindo de questões levantadas na
argumentação, consiste na sugestão de possíveis soluções para os

45
problemas discutidos.

Grupo 3
Exercício 1

Texto 1

Versão original

O referendo sobre o desarmamento revelou, além da intensidade do sentimento negativo do eleitorado


em relação à atuação do poder público, a vitalidade da chamada sociedade global, fenômeno que
caracteriza as sociedades modernas que, com os meios tecnológicos de que dispõem hoje, pode existir
independentemente das instituições políticas e do sistema de comunicação de massa, segundo análise
do sociólogo Manuel Castells, da Universidade Southern California, nos Estados Unidos, um dos seus
principais teóricos.

Passo a passo da reestruturação textual

Primeiro problema: o texto constrói-se sobre um único período. Os pontos finais apareceram e
originaram as frases mais curtas.

O referendo sobre o desarmamento revelou, além da intensidade do sentimento negativo


do eleitorado em relação à atuação do poder público, a vitalidade da chamada
sociedade global. Fenôô menô que caracteriza as sôciedades môdernas que, côm ôs meiôs
tecnôlôó gicôs de que dispôõ em hôje, pôde existir independentemente das instituiçôõ es pôlíóticas e dô
sistema de cômunicaçaõ ô de massa. A análise do sociólogo Manuel Castells, da
Universidade Southern California, nos Estados Unidos, um dos seus principais
teóricos.

Segundo problema: prolixidade, mais conhecida com “falação”, “encher linguiça”. Eliminamos palavras e
substituímos estruturas sintáticas confusas.

O referendo sobre o desarmamento revelou, além da intensidade do sentimento negativo do eleitorado


em relação à atuação do poder público, a vitalidade da [chamada] sociedade global. Fenômeno [que
caracteriza] das sociedades modernas que dispõe de [com os] meios tecnológicos [de que dispõem hoje,
pode existir independentemente] independe das instituições políticas e do sistema de comunicação de
massa. A análise do sociólogo Manuel Castells, da Universidade Southern California, nos Estados Unidos,
um dos seus principais teóricos.

Terceiro problema: falta de domínio dos elementos coesivos. Incluímos, então, partículas de transição.

46
O referendo sobre o desarmamento revelou, além da intensidade do sentimento negativo do eleitorado
em relação à atuação do poder público, a vitalidade da sociedade global. Moderno, o fenômeno tem
duas marcas. Uma: dispensa o sistema de comunicação de massa porque dispõe de meios tecnológicos.
A outra: independe das instituições políticas. Essa é a análise do sociólogo Manuel Castells, da
Universidade Southern California, nos Estados Unidos, um dos principais teóricos da sociedade global.

Quarto e último problema: informação desnecessária. A ideia de que o referendo revelou a descrença da
sociedade nos poderes públicos é secundária; consequentemente deve ser retirada.

Eis, enfim, a versão final, mais bem articulada, coerente e clara.

O referendo sobre o desarmamento revelou a vitalidade da sociedade global. Moderno, o


fenômeno tem duas marcas. Uma: dispensa o sistema de comunicação de massa porque dispõe
de meios tecnológicos. A outra: independe das instituições políticas. Essa é a análise do
sociólogo Manuel Castells, da Universidade Southern California, nos Estados Unidos, um dos
principais teóricos da sociedade global.

Atividades

Ler os parágrafos a seguir, identificar os problemas de articulação e reeditar o texto.

Texto 2

As mudanças pelas quais vem passando a área de gestão de pessoas têm suscitado o
desenvolvimento de novas práticas, algumas ainda não validadas pela ciência, que, há alguns
anos atrás, seria impensável o seu emprego como ferramentas em gestão empresarial.

Problemas:

______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Reescrita

______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________

Texto 3

Trata-se de um equipamento que permite ao cliente gravar e armazenar sua programação


preferida para assistir sempre que desejar, além de pausar, avançar e retroceder a programação.
Além de permitir gravar e ver programas diferentes ao mesmo tempo, o cliente nunca mais

47
deixará de assistir o final de um programa que começou a assistir e não pôde continuar naquele
momento.

Problemas:

______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Reescrita

______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Texto 04

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 60% da população
mundial não é fisicamente ativa o suficiente a fim de garantir os benefícios advindos dos
exercícios físicos.

Problemas:

______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Reescrita:

______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Texto 05

Não é dizer que o ministro Nelson Jobim não tenha razão em reclamar do espaço exíguo para
acomodar os mais nutridos e espichados nos aviões. Não é dizer também que não se deva
discutir o papel da Agência Nacional de Aviação Civil na solução da crise. Tudo isso é bom, não
faz mal a ninguém, mas há assunto mais urgente.

Problemas:

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________________________________________________________________________________

Reescrita:

48
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______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
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Texto 06

Acho perfeitamente aceitável que o Sr. José Serra se candidate à Presidência, mesmo tendo
assinado um documento dizendo que não o faria, pois não devemos esquecer que o ex-prefeito
de Ribeirão Preto, Antonio Palocci, abandonou seu cargo para tornar-se ministro da Fazenda, e
seguiram seu exemplo o ex-prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, e o ex-prefeito de Manaus,
Alfredo Nascimento, que deixaram suas cidades nas mãos de seus vices antes do fim de seus
mandatos. Ora, por que só os petistas podem deixar seus cargos para disputar eleições? Que a
regra seja igual para todos.

Problemas:

______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Reescrita:

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_________________

Exercícios 2

Leia o texto a seguir e depois redija um parágrafo que sintetize o ponto de vista do texto. Para
isso, observe bem as palavras e as ideias-chave de cada parágrafo.

Muita gente, pouco emprego

49
A população das megacidades cresce muito mais depressa do que sua capacidade de
promover empregos e fornecer serviços decentes a seus novos moradores. O fenômeno,
detectado no relatório da ONU sobre a população, é tanto mais grave porque atinge em cheio
justamente os países mais pobres. Das dez megacidades do ano 2000, sete estarão fincadas no
terceiro Mundo. As pessoas saem do campo para as cidades por uma razão tão antiga quanto a
Revolução industrial: querem melhorar de vida. Mesmo apinhadas em periferias e favelas, suas
chances de prosperar são maiores do que na área rural. As cidades, escreveu o historiador Lewis
Mumford, são “o lugar certo para multiplicar oportunidades”.
A típica explosão urbana é a registrada em várias cidades da África e da Índia, que
dobram de população a cada doze anos e não dão conta da demanda por emprego, educação e
saneamento. Karachi, no Paquistão, com 8,4 milhões de habitantes quase não investe em sua
rede de esgotos desde 1962. Mesmo as que crescem a uma taxa menos selvagem, como a
Cidade do México, têm pela frente seus megaproblemas. A poluição produzida pelos milhões de
veículos e 35000 fábricas da capital mexicana, por exemplo, pode chegar, como em fevereiro
passado, a um nível quatro vezes além do ponto em que o ar é considerado seguro em países
desenvolvidos.
Ainda que todos os prognósticos sejam pessimistas, não se deve desprezar a capacidade
de as megacidades encontrarem soluções até para seus piores desastres. A mobilização da
população da capital mexicana em 1985 para reconstruir partes da cidade arrasadas por um
violentíssimo terremoto evitou o pior – e mostrou que as mobilizações coletivas podem driblar
o apocalipse anunciado para as megalópoles.

Tirado de Arquivos de Veja, julho de 1993.

Desvendando o texto por meio de palavras e argumentos centrais

Primeiro parágrafo

A população das megacidades cresce muito mais depressa do que sua capacidade de promover
empregos e fornecer serviços decentes a seus novos moradores. O fenômeno, detectado no
relatório da ONU sobre a população, é tanto mais grave porque atinge em cheio justamente os
países mais pobres. Das dez megacidades do ano 2000, sete estarão fincadas no terceiro
Mundo. As pessoas saem do campo para as cidades por uma razão tão antiga quanto a
Revolução industrial: querem melhorar de vida. Mesmo apinhadas em periferias e favelas, suas
chances de prosperar são maiores do que na área rural. As cidades, escreveu o historiador Lewis
Mumford, são “o lugar certo para multiplicar oportunidades”.

50
Síntese:
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Segundo parágrafo

A típica explosão urbana é a registrada em várias cidades da África e da Índia, que dobram de
população a cada doze anos e não dão conta da demanda por emprego, educação e
saneamento. Karachi, no Paquistão, com 8,4 milhões de habitantes quase não investe em sua
rede de esgotos desde 1962. Mesmo as que crescem a uma taxa menos selvagem, como a
Cidade do México, têm pela frente seus megaproblemas. A poluição produzida pelos milhões de
veículos e 35000 fábricas da capital mexicana, por exemplo, pode chegar, como em fevereiro
passado, a um nível quatro vezes além do ponto em que o ar é considerado seguro em países
desenvolvidos.

Síntese:
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Terceiro parágrafo

Ainda que todos os prognósticos sejam pessimistas, não se deve desprezar a capacidade de as
megacidades encontrarem soluções até para seus piores desastres. A mobilização da população
da capital mexicana em 1985 para reconstruir partes da cidade arrasadas por um violentíssimo
terremoto evitou o pior – e mostrou que as mobilizações coletivas podem driblar o apocalipse
anunciado para as megalópoles.

Síntese:
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Formulação da síntese geral do texto:

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______________________________________________________________________________________________________
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Exercício 03

Reúna as frases agora em um breve texto. Para isso, use os articuladores textuais e faça as
alterações necessárias.

a) 1) O Festival de Cinema de Brasília é o mais antigo do país.

2) O festival teve sua origem na Semana de Cinema Brasileiro.

3) O crítico Paulo Emílio Gomes organizou a Semana em 1965.

4) Os vencedores do festival recebem o troféu Candango.

5) Os vencedores do festival recebem prêmios em dinheiro.

6) O festival é realizado anualmente.

7) O festival é o realizado em outubro ou em novembro.

8) Durante o festival, são promovidas várias atividades culturais paralelas.

9) Há seminários e há lançamentos de livros.

10) Há encontros ligados ao cinema.

b) 1) O cooperativismo entre família/ escola é o desafio do início do século.

2) A violência nas escolas tem aumentado de forma assustadora.

3) A violência nas escolas se deve, principalmente, à má estrutura familiar.

4) Um filho criado com amor, carinho e sabendo de seus limites como pessoa e cidadão,
raramente dará problemas na escola.

5) Os pais, professores e autoridades buscam medidas que inibam esse grave problema.

6) Bebidas alcoólicas, drogas e até mesmo armas são encontradas facilmente nas escolas.

52
7) Só através da união da família é que se consegue um jovem saudável e consciente de
seu verdadeiro papel na sociedade.

8) As bebidas alcoólicas e as drogas levam os adolescentes ao desequilibro emocional.

c) 1) O cinema brasileiro sempre foi sufocado pela concorrência de filmes


estrangeiros mais numerosos e tecnicamente mais bem feitos.
2) Os aparelhos de TV estão em toda parte.
3) Os aparelhos de TV estão nas praças públicas.
4) A literatura dirigiu-se sempre a um grupo restrito de pessoas.
5) As pessoas têm condições de comprar livros.
6) As pessoas têm instrução para lê-los.
7) A telenovela é a primeira forma de arte narrativa brasileira.
8) A telenovela conseguiu conquistar um grande público.
9) A telenovela atingiu analfabetos.
10) A telenovela logo impôs sua qualidade técnica e artística sobre os enlatados
estrangeiros que poderiam fazer-lhe concorrência.
11) Pela primeira vez em nossa história cultural observamos hábitos e
comportamentos do dia-a-dia serem influenciados pela telenovela.
12) A telenovela é uma forma de expressão genuinamente brasileira.
13) A TV na praça pública levou a telenovela àqueles que não têm dinheiro para
comprar seu próprio aparelho.

d) 1) O couro de cabras e ovelhas é usado como pergaminho.


2) Pergaminho é um material de escrever preparado com pele de animais.
3) O pergaminho superou o papiro como material para a confecção de manuscritos.
4) O pergaminho é flexível e durável.
5) O pergaminho é espesso o bastante para se escrever dos dois lados.
6) O couro do animal é trabalhado.
7) É necessário remover cuidadosamente quaisquer meios restos de pelo ou carne.
8) O couro é branqueado com giz.
9) O couro é alisado com pedra-pome.
10) O couro torna-se uma superfície branca.
11) O couro torna-se uma superfície lisa.
12) Nessa superfície é possível escrever.

Exercício 4

Sem alterar a ideia inicial e usando conectivos, reúna os períodos abaixo em um


único período:

1) O professor chegou atrasado e ainda “deu”prova de matemática. O tempo foi


insuficiente. Muitos alunos não puderam responder nem à metade das questões. As
notas foram muito baixas.

53
2) O Flamengo está sempre bem colocado na disputa dos campeonatos da cidade.
Este ano é um dos últimos. O Bonsucesso é um dos mais fracos. Este ano está entre
os primeiros.

3) Este candidato fala muito bem. Ele convence qualquer auditório. É um pouco
demagógico.

4) Moramos no mesmo edifício. Então nos encontramos freqüentemente. Mal nos


cumprimentarmos.

5) Esse livro foi premiado pela Academia. Chama-se Heróis na retaguarda e foi escrito
por J. S. Ribeiro. É um a história muito divertida. O estilo não é grande coisa.

6) O retrato tem vantagens. É uma vantagem do retrato poder ser examinado


minuciosamente. Não ousamos examinar o próprio retrato com insistência.

7) Um trabalhador caiu de um andaime e morreu. O trabalhador não estava registrado.


Sua família não receberá qualquer auxílio.

8) Saímos tarde da festa. Os ônibus deixam de correr à meia-noite. A solução foi


chamar um táxi.

9) Os alunos enfrentavam muitas dificuldades. O entusiasmo dos alunos era admirável.


Os alunos se dedicavam ao trabalho em equipe com entusiasmo.

10) Eles saíram sem se despedir de ninguém. Eles se sentiram marginalizados durante
a cerimônia. Nada havia de concreto quanto aos sentimentos deles.

Exercício 5

Preencha as lacunas com o conectivo adequado:

1) Telefonou-me várias vezes __________ não conseguiu comunicar-se comigo.


2) __________ me tivesse telefonado várias vezes, não conseguiu comunicar-se
comigo __________ eu estava fora, de férias.
3) Ele estudou com afinco __________ ao verificar que tinha sido reprovado, ficou
muito abatido.
4) Não foram publicados os proclamas __________ não podem ainda casar-se.
5) Estava muito preocupado __________ não podia prestar atenção ao que se
dizia.
6) Ele é muito estudioso __________ tira sempre notas baixas.
7) As dificuldades de estacionamento no centro da cidade são cada vez maiores
__________ muita gente que tem carro já prefere ir de ônibus ou táxi.
8) Nada conseguirás __________ te esforces.
9) __________ o tempo passava, mas aflitos ficávamos.
10) Aceito sua decisão __________ não me pareça justa.
11) Ele não confessará __________ o matem.
12) É aluno excelente __________ um pouco indisciplinado.

54
13) O Brasil deve entrar na Alca __________ ela fará aumentar as exportações
brasileiras.
14) O Brasil deve entrar na Alca __________ sua indústria possa sofrer prejuízos.
15) O Brasil deve entrar na Alca _________ os países sul-americanos entrarem.
16) __________ o Brasil entrar na Alca, ele aumentará suas exportações.
17) __________ o Brasil entra na Alca, seus problemas não serão todos
solucionados.
18) __________ o Brasil entrasse na Alca, suas exportações poderiam aumentar
bastante.
19) __________ que a desigualdade social aumenta, cresce também a violência.
20) __________ o Brasil necessita de mais justiça social, como também de
desenvolvimento econômico.
21) __________ você vir o presidente, diga-lhe que o Brasil tem pressa.
22) Não se contentou com o resultado da prova __________ se conformou.
23) É um aluno perspicaz __________ encontrará uma alternativa para essa
questão.
24) Roberto conseguiu resolver a questão mais difícil da prova __________ tinha
estudado bastante.
25) Os estudos de Taylor resultaram em aumento da produção industrial
__________ não foram bem aceitos pelos sindicatos dos operários.
26) __________ é importante respeitar o outro __________ fazer-se respeitar.
27) __________ a reforma tributária não seja ideal, levará o país a um melhor
equilíbrio fiscal.
28) As dificuldades econômicas do Brasil são enormes.
29) O governo propôs um novo pacote econômico __________ atenuar a crise
atual.
30) __________ possamos discutir os problemas da empresa, faremos reuniões
diárias.
31) __________ que a educação da população aumenta, cresce também a
consciência pública.
32) A literatura é capaz de educar o espírito humano, __________ a leitura deve ser
sempre incentivada pelos pais.
33) A riqueza material propicia riqueza e segurança, __________ não é a única
fonte de felicidade.
34) __________ os políticos respeitassem mais a população, teríamos mais
dignidade em nosso país.
35) O trabalho em equipe pode favorecer bastante a aprendizagem, __________
que não seja a única forma eficaz de aprender.
36) A ética e a responsabilidade precisam ser mais ensinadas no Brasil,
__________ a maioria de nossos problemas decorre de desvios de caráter e de
atitude.
37) __________ o Brasil seja conhecido pela sua identidade pacífica e alegre, é
considerado hoje um dos países mais violentos do mundo.
38) __________ a desigualdade social aumenta, cresce também a violência.
39) O governo eleito implementou um programa de ajustes extremamente rígido,
__________ o povo brasileiro mais uma vez teve que fazer esforços
suplementares.
40) O cidadão brasileiro deve lutar pelos seus direitos __________ as autoridades
políticas assumam suas responsabilidades.

55
41) O cidadão brasileiro deve lutar pelos seus direitos, __________ deve também
assumir seus deveres.
Exercício 6

As frases a seguir estão fora da ordem original, exceto o tópico-frasal (em


itálico). Ordene as ideias de forma lógica, considerando o que foi colocado na
introdução e os elementos de transição que aparecem.

a) 1. Acender uma fogueira ao ar livre é mais difícil do que se pensa.


2.Devemos preparar-lhe um local especial, plano, seco e limpo de vegetação.
3. Antes de mais nada, é necessário monta-la com muita ciência e capricho.
4. Além disso, ela deve ficar ao abrigo do vento e da chuva.

b) 1. Além dos escritores tradicionais, há um grande números de pessoas que


se dedica a escrever.
2. Há ainda os autores anônimos, isto é, os que se expressam por escrito nos
muros e nas portas e paredes dos banheiros.
3. Há pessoas que escrevem contos e poemas para concursos literários.
4. Finalmente, já em extinção, há os entalhadores que gravam mensagens e
iniciais nos troncos das árvores.
5. Algumas escrevem cartas para jornais.
6. Outras, no entanto, contentam-se em mostrá-los para seus familiares ou guardá-
los na gaveta.
7. Outras fazem-no para amigos.

c) 1. Os jornais noticiaram o fato como suicídio.


2. Era sabido, por outro lado, que tinha vários inimigos que haviam jurado sua
morte.
3. Resolveu, em vista disso, investigar por conta própria.
4. Contudo, o inspetor tinha fortes razões para desconfiar de que aquilo fora
assassinato.
5. Em suma, tudo parecia apontar para um homicídio.
6. Além disso, nada havia em sua vida particular ou econômica que justificasse o
gesto.
7. Sabia, por exemplo, que a vítima sempre detestar armas de fogo.

Exercício 7

Paralelismo gramatical

1. Nas frases abaixo há erros de paralelismo sintático, reescreva-as fazendo as


correções.

a) Os ministros negaram estar o governo atacando a Assembleia e que ele tem feito
tudo para prolongar a votação do projeto.

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b) O presidente sentia-se acuado pelas constantes denúncias de corrupção em seu


governo e o crescimento na Constituinte da pressão em favor da fixação de seu
mandato em quatro anos.

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c) Quando o ditador morreu, seu porta-voz conseguiu transformar-se no


comandante das Forças de Defesa e que era o homem forte do país.

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d) Não, não se trata de defender mais intervenção do Estado na economia ou que o


Estado volte a produzir aço…

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e) Ele não só trabalha mas também é estudante.

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f) Trata-se de um argumento forte e que pode encerrar o debate.

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g) Tal método não ocupa a tela de modo escancarado, mas por meio de acúmulo de
imagens.

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h) Pedida a prisão de petista e empresário. Lula e Dantas têm duas semanas para
recorrer.

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i) Ele hesitava entre ir ao cinema ou ir ao teatro.

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j) Eu gosto de açaí, mamão e melão.

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k) Nosso casamento depende do amor entre nós e em batalharmos juntos.

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l) Fiz duas cirurgias: uma no Rio de Janeiro e outra no nariz.

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2. Adaptado do Teste de Pré-Seleção para o Instituto Rio Branco (CESPE) de 2006


(q.24-3):

No trecho “Insulado deste modo no país, que não o conhece, em luta aberta com
o meio, que lhe parece haver estampado na organização e no temperamento a
sua rudeza extraordinária, nômade ou mal fixo à terra…” observa-se perfeito
paralelismo sintático? Sim ou não?

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3. Corrija o excerto a seguir corrigindo a quebra de paralelismo.

Deputados federais acusados de crimes contra o patrimônio público –


sanguessugas, mensaleiros, vampiros, corrupção passiva, formação de quadrilha
e fraudadores de obrigações fiscais – confiam na lentidão da Justiça para se
manter na vida pública.

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Anexo

Teoria das conjunções

As conjunções são vocábulos de função estritamente gramatical utilizados para o


estabelecimento da relação entre duas orações, ou ainda a relação dois termos que se
assemelham gramaticalmente dentro da mesma oração. As conjunções podem ser de
dois tipos principais: conjunções coordenativas ou conjunções subordinativas.

CONJUNÇÕES COORDENATIVAS

Conjunções coordenativas são os vocábulos gramaticais que estabelecem relações


entre dois termos ou duas orações independentes entre si, que possuem as mesmas
funções gramaticais. As conjunções coordenativas podem ser dos seguintes tipos:
aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas, explicativas.

Conjunções Coordenativas Aditivas

As conjunções coordenativas aditivas possuem a função de adicionar um termo a outro


de mesma função gramatical, ou ainda adicionar uma oração à outra de mesma função
gramatical. As conjunções coordenativas gramaticais são: e, nem.
Exemplos: Todos aqui estão contentes e despreocupados; João apeou e deu bons-dias
a todos; O acontecimento não foi bom nem ruim.

Conjunções Coordenativas Adversativas

As conjunções coordenativas adversativas possuem a função de estabelecer uma


relação de contraste entre os sentidos de dois termos ou duas orações de mesma
função gramatical. As conjunções coordenativas adversativas são: mas, contudo, no
entanto, entretanto, porém, todavia.
Exemplos: Não negou nada, mas também não afirmou coisa nenhuma; A moça deu a
ele o dinheiro: porém, o fez receosa.

59
Conjunções Coordenativas Alternativas

Conjunções coordenativas alternativas são as conjunções coordenativas que unem


orações independentes, indicando sucessão de fatos que se negam entre si ou ainda
indicando que, com a ocorrência de um dos fatos de uma oração, a exclusão do fato da
outra oração. As conjunções coordenativas alternativas são: ou (repetido ou não), ora,
nem, quer, seja, etc.
Exemplos: Tudo para ele era vencer ou perder; Ou namoro a garota ou me vou para
longe; Ora filosofava, ora contava piadas.

Conjunções Coordenativas Conclusivas

As conjunções coordenativas conclusivas são utilizadas para unir, a uma oração


anterior, outra oração que exprime conclusão o consequência. As conjunções
coordenativas são: assim, logo, portanto, por isso etc...
Exemplos: Estudou muito, portanto irá bem no exame; O rapaz é bastante inteligente
e, logo, será um privilegiado na entrevista.

Conjunções Coordenativas Explicativas

Conjunções coordenativas explicativas são aquelas que unem duas orações, das quais
a segunda explica o conteúdo da primeira. As conjunções coordenativas explicativas
são: porque, que, pois, porquanto.
Exemplos: Não entrou no teatro porque esqueceu os bilhetes; Entre, que está muito
frio.

CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS

As conjunções subordinativas possuem a função de estabelecer uma relação entre


duas orações, relação esta que se caracteriza pela dependência do sentido de uma
oração com relação a outra. Uma das orações completa ou determina o sentido da
outra. As conjunções subordinativas são classificadas em: causais, concessivas,
condicionais, comparativas, conformativas, consecutivas, proporcionais, finais e
integrantes.

Conjunções Subordinativas Causais

Conjunções subordinativas causais são as conjunções que subordinam uma oração a


outra, iniciando uma oração que exprime causa de outra oração, a qual se subordina.
As conjunções subordinativas causais são: porque, pois, que, uma vez que, já que,
como, desde que, visto que, por isso que, etc.
Exemplo: Os balões sobem porque são mais leves que o ar.

Conjunções Subordinativas Comparativas

Conjunções subordinativas comparativas são as conjunções que, iniciando uma


oração, subordinam-na a outra por meio da comparação ou confronto de idéias de uma
oração com relação a outra. As conjunções subordinativas comparativas são: que, do
que (quando iniciadas ou antecedidas por noções comparativas como menos, mais,

60
maior, menor, melhor, pior), qual (quando iniciada ou antecedida por tal), como
(também apresentada nas formas assim como, bem como).
Exemplos: Aquilo é pior que isso; Tudo passou como as nuvens do céu; Existem
deveres mais urgentes que outros.

Conjunções Subordinativas Concessivas

Conjunções subordinativas concessivas são as conjunções que, iniciando uma oração


subordinada, se referem a uma ocorrência oposta à ocorrência da oração principal, não
implicando essa oposição em impedimento de uma das ocorrências (expressão das
oposições coexistentes). As conjunções subordinativas concessivas são: embora,
mesmo que, ainda que, posto que, por mais que, apesar de, mesmo quando, etc.
Exemplos: Acompanhou a multidão, embora o tenha feito contra sua vontade; A
harmonia do ambiente daquela sala, de súbito, rompeu-se, ainda que havia silêncio.

Conjunções Subordinativas Condicionais

Conjunções subordinativas condicionais são as conjunções que, iniciando uma oração


subordinada a outra, exprimem uma condição sem a qual o fato da oração principal se
realiza (ou exprimem hipótese com a qual o fato principal não se realiza). As
conjunções subordinativas condicionais são: se, caso, contanto que, a não ser que,
desde que, salvo se, etc.
Exemplos: Se você não vier, a reunião não se realizará; Caso ocorra um imprevisto, a
viagem será cancelada; Chegaremos a tempo, contanto que nos apressemos.

Conjunções Subordinativas Conformativas

Conjunções subordinativas conformativas são as conjunções que, iniciando uma


oração subordinada a outra, expressam sua conformidade em relação ao fato da
oração principal. As conjunções subordinativas conformativas são: conforme, segundo,
consoante, como (utilizada no mesmo sentido da conjunção conforme).
Exemplos: O debate se desenrolou conforme foi planejado; Segundo o que disseram,
não haverá aulas.

Conjunções Subordinativas Finais

Conjunções subordinativas finais são as conjunções que, iniciando uma oração


subordinada a outra, expressam a finalidade dos atos contidos na oração principal. As
conjunções subordinativas finais são: a fim de que, para que, porque (com mesmo
sentido da conjunção para que), que.
Exemplos: Tudo foi planejado para que não houvesse falhas; Cheguei cedo a fim de
adiantar o serviço; Fez sinal que todos se aproximassem em silêncio.

Conjunções Subordinativas Integrantes

Conjunções subordinativas integrantes são as conjunções que, iniciando orações


subordinadas, introduzem essas orações como termos da oração principal (sujeitos,
objetos diretos ou indiretos, complementos nominais, predicativos ou apostos). As
conjunções integrantes são que e se (empregado esta última em caso de dúvida).

61
Exemplos: João disse que não havia o que temer (a oração subordinada funciona,
neste caso, como objeto direto da oração principal); A criança perguntou ao pai se
Deus existia de verdade (a oração subordinada funciona, neste caso, como objeto
direto da oração principal).

Conjunções Subordinativas Proporcionais

Conjunções subordinativas proporcionais são as conjunções que expressam a


simultaneidade e a proporcionalidade da evolução dos fatos contidos na oração
subordinada com relação aos fatos da oração principal. As conjunções subordinativas
proporcionais são: à proporção que, à medida que, quanto mais... (tanto) mais, quanto
mais... (tanto) menos, quanto menos... (tanto) menos, quanto menos... (tanto) mais etc.
Exemplos: Seu espírito se elevava à medida que compunha o poema; Quanto mais
correres, mais cansado ficarás; Quanto menos as pessoas nos incomodam, tanto
mais realizamos nossas tarefas.

Conjunções Subordinativas Temporais

Conjunções subordinativas temporais são as conjunções que, iniciando uma oração


subordinada, tornam essa oração um índice da circunstância do tempo em que o fato
da oração principal ocorre. As conjunções subordinativas temporais são: quando,
enquanto, logo que, agora que, tão logo, apenas (com mesmo sentido da conjunção
tão logo), toda vez que, mal (equivalente a tão logo), sempre que, etc.
Exemplos: Quando chegar de viagem, me avise; Enquanto todos estavam fora, nada
fez de útil

Quadro resumo

Classificação e Função Conjunções Locuções


Completivas que
(completam)

Causais porque, pois, como, visto que, pois que, já que,


(causa) porquanto, que (= porque) dado que, uma vez que,
por isso que, por isso
mesmo que
Finais que (= para que) para que, afim de que
(finalidade)

Temporais quando, enquanto, apenas, antes que, depois que, logo


(tempo) mal que, assim que, agora que,
até que, cada vez que,
desde que, sempre que,
todas as vezes que, á
medida que

62
Concessivas embora, conquanto, que ainda que, apesar de que,
(concessão) mesmo que, mesmo se,
posto que, se bem que,
nem que, por mais que,
por menos que, por muito
que, sem que ...
Condicionais se, caso a não ser que, desde que,
(condição, hipótese) contanto que, exceto se,
salvo se, sem que, a
menos que ...
Comparativas como, que, segundo, assim como, bem como,
(comparação) conforme, consoante (mais) ... do que,
(menos) ... do que,
(tal) ... qual,
(tanto) ... quanto
Consecutivas que (antecedida de tal, tanto, tão ... na
(consequência) oração subordinante)

63

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