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MAPEAMENTO DOS ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS DE LAZER NA ÁREA

ITAQUI-BACANGA: Bairros do entorno da Universidade Federal do Maranhão

Raimundo Freire Palácio1


Sérgio Augusto Rosa Souza2

RESUMO

Este artigo é resultado de um projeto de pesquisa de conclusão do curso de


licenciatura em Educação Física/UFMA e teve como objetivo principal mapear
os espaços e equipamentos de lazer físicos esportivos em quatro (4) bairros do
entorno da Universidade Federal do Maranhão, área conhecida como Itaqui-
Bacanga. Procurou-se neste estudo descrever e identificar os espaços e
equipamentos, sua distribuição e respectivo estado de
manutenção/conservação dos mesmos. Caracterizou-se como estudo de
campo, de abordagem qualitativa com enfoques descritivos. Como
instrumentos de coletas de dados foram utilizados entrevistas
semiestruturadas, observação sistemática por meio de um instrumento (grelha)
de observação, diário de campo e registro fotográfico dos espaços e dos
equipamentos identificados e mapeados. Como resultados principais, foram
mapeados 46 espaços/equipamentos de lazer físico esportivo, públicos e
privados, específicos e não específicos. Os espaços e equipamentos
encontram-se descentralizados, caracterizando a falta de planejamento na
construção dos mesmos. A maioria dos espaços encontrados se resume a
campos de futebol, praças e quadras esportivas e o futebol é a atividade mais
praticada nos espaços mapeados de forma espontânea. Verificou-se ainda
que, é deficitária a preservação/manutenção dos espaços e equipamentos de
lazer da área pesquisada. Entende-se que, investimentos na manutenção e
parcerias entre as instituições supracitadas com as comunidades em relação
ao esporte e lazer poderiam colaborar no desenvolvimento social, aproximação
da comunidade, melhoria da qualidade de vida e promoção da cidadania no
acesso ao esporte e lazer aos cidadãos dessa comunidade, ou seja, um direito
constitucional.

Palavras-chave: Lazer; Espaços e Equipamentos de Lazer; Políticas públicas.

1
Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Maranhão; eudinho020@hotmail.com
2
Professor Mestre - Docente da Universidade Federal do Maranhão/Departamento de Educação Física

1
1. INTRODUÇÃO

No Brasil, devido ao aumento da densidade populacional ocasionada


pelo processo de urbanização acelerada e desordenada, muitas cidades não
contam com um numero de espaços suficientes para as práticas de lazer e, os
poucos existentes, geralmente encontram-se em péssimo estado de
manutenção e conservação. Não obstante a estes agravantes, percebe-se
também uma má distribuição destes espaços, os quais são encontrados e
disponibilizados em sua maioria nos centros urbanos (MARCELINO, 2003 apud
SILVA, 2010). Tal situação contribui e potencializa as desigualdades sociais,
dificultando o acesso ao esporte e lazer da população menos favorecida.
Nesse sentido, Reis, Lima e Gomes (2010) supõem que os espaços de lazer
não são entendidos como essenciais para a sociedade, sendo assim, menos
importantes que outras políticas, já que comumente observa-se o
sucateamento e abandono desses espaços nas periferias.
Nesse sentido, procurou-se observar a região Itaqui-Bacanga,
especificamente nos bairros do entorno da UFMA (Sá Viana, Vila Embratel, Vila
Bacanga e Anjo da Guarda), mapeando e analisando os espaços e
equipamentos de lazer, especificamente aqueles destinados às experiências e
manifestações no âmbito do lazer físico esportivo: quadras de esportes, ruas,
bosques, parques, ambientes culturais, praças, campos de terra, dentre outros.
A partir deste mapeamento, analisar a sua distribuição, identificando as
condições físicas de conservação e manutenção.
A região investigada caracteriza-se como uma região periférica do
município de São Luís. Tem sua realidade envolvida em diversos problemas
sociais, econômicos, políticos e culturais, incidindo na população dessas
comunidades dificuldades concretas para a prática de atividades de lazer,
ocasionadas pela falta de espaços e equipamento de lazer e/ou a distribuição
desigual dos mesmos.
Destarte, ressalva-se a relevância deste trabalho pela contribuição que
pode ser ofertada à gestão municipal com a possibilidade de colaborar com a
formulação de políticas públicas na área de lazer, cultura e esportes,
fornecendo dados concretos sobre a situação atual dos espaços e

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equipamentos de lazer dos bairros investigados. Na área de ensino e pesquisa,
poderá o mapeamento contribuir para ampliação da pesquisa científica a ser
desfrutada por nossos pares da Instituição UFMA e de outras instituições
educacionais. Além disso, mapear esses espaços com suas potencialidades e
deficiências é propiciar à instituição Federal da área novos olhares com ações
gerenciais de parcerias e atuação de projetos para essas comunidades,
aproximando uns dos outros pelas práticas de lazer.
Outro fator não menos importante é possibilitar às comunidades um
processo de reflexão-ação, no qual este trabalho servirá de documento para a
participação dos bairros na reivindicação dos seus direitos pelo atendimento de
uma das necessidades fundamentais da população, espaços e equipamentos
para o esporte e o lazer. O conhecimento sobre essa realidade possibilitará
uma visão crítica da situação, colaborando com as comunidades na
consciência crítica da possibilidade e direito de planos de governo setoriais e
ações mais efetivas para essa região.

Mapa 01 - Mapa da localização da área de estudo e da amostra — Área Itaqui-Bacanga e os bairros investigados

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A área mapeada para esse estudo caracteriza-se em quatro bairros


populosos da cidade de São Luís que circundam a Universidade Federal do
Maranhão/UFMA (Mapa 01). Optou-se por investigar esses bairros tendo em
vista que, além de ser uma área com baixos índices socioeconômicos, exposta

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a vários riscos sociais como drogas, violência, falta de segurança, falta de
saneamento básico, etc., também caracteriza-se por ser extremamente
populosa e carente de espaços e equipamentos de lazer aos seus moradores.
O Censo Demográfico do IBGE – 2010, por meio da publicação
denominada de Aglomerados Subnormais – primeiros resultados3 reforça a
afirmação acima. Seus dados revelam que foram identificados 23 Aglomerados
Subnormais/Favelas4 em São Luís, sendo que sete desses Aglomerados
concentram-se na região do Itaqui-Bacanga e, dois deles (bairro Sá Viana e
Vila Embratel) estão inseridos neste estudo.
Este estudo caracteriza-se como um estudo de campo, de abordagem
qualitativa com enfoques descritivos. Como instrumento de coleta de dados
utilizou-se: entrevistas semiestruturadas aplicadas a três lideres comunitários,
indicados pelos presidentes das associações de moradores de cada bairro e ao
secretario adjunto do município, registros fotográficos dos locais mapeados,
juntamente com uma grelha de observação estruturada e um diário de campo,
os quais nos possibilitou estabelecer comparações e perceber contradições
acerca das informações coletadas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 - QUANTIDADE E TIPOS DE ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS

Em nosso mapeamento verificamos que as comunidades delimitadas


neste estudo, dispõem de 46 espaços e equipamentos de lazer físico esportivo,
sendo, alguns de cunho não específico e outros, em sua maioria, de cunho
específico, criados com a finalidade para as práticas deste fenômeno, o que
denota um planejamento na sua distribuição.
O quadro – I demonstra a quantidade de espaços e equipamentos de
lazer mapeados em nosso estudo. A comunidade da Vila Bacanga é uma
região que necessita de mais espaços para tais vivências, já que seus

3
Censo Demográfico 2010 – Aglomerados Subnormais: Primeiros resultados. Ministério do Orçamento, Planejamento
e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demogr., Rio de Janeiro, p.1-259, 2010. ISSN
0104-3145. Disponível em <http://www.ibge.gov.br> Acesso em 19/01/2012.
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O IBGE denomina tecnicamente o termo favelas como aglomerados subnormais que são entendidos como o
“conjunto constituído por no mínimo 51 unidades habitacionais (barracos, casas etc.), ocupando — ou tendo ocupado
— até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular); dispostas, em geral, de forma
desordenada e densa; e carentes, em sua maioria, de serviços públicos e essenciais” Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br> (Glossário) Acesso em: 19/01/2012.

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moradores têm à disposição apenas três espaços/equipamentos de lazer,
fazendo com que outros espaços privados ou não, sejam apropriados, como é
o caso dos campos de futebol do aterro do Bacanga. Situação semelhante a
dos moradores do Sá Viana que pela falta de espaços também tendem a se
apropriar de outros espaços, e, neste sentido, destacamos os espaços de lazer
da UFMA como: o campo de futebol e a quadra poliesportiva do departamento
de Educação física, bem como, a quadra do COLUN – Colégio Universitário.
Tampouco diferente dos outros bairros, as comunidades da Vila Embratel e do
Anjo da Guarda, respectivamente, também se apropriam de espaços privados,
como: Clube CB450 e o espaço da Vacaria que constantemente são
apropriados pelos moradores, seja por falta de espaços, deficiência nas suas
manutenções e/ou até, predominância de somente um espaço para as
possibilidades do lazer físico-esportivo.
Por meio do mapeamento realizado entendemos que a demanda de
espaços e equipamentos de lazer disponíveis às comunidade ainda é grande
diante da extensão e densidade populacional dos bairros investigados, haja
vista, que estas localidades são populosas e cresceram desordenadamente
sem um planejamento adequado. A falta ou pouca quantidade de espaços e
equipamentos dificulta o acesso às práticas de lazer por estas comunidades,
direito que lhes é adquirido. Neste sentido, Bahia et al (2008) afirma que a
criação e a manutenção de espaços e equipamentos de lazer nas cidades é
dificultada pela urbanização crescente, que para Santos e Miotto (2003 apud
Marcelino, Barbosa e Mariano 2006, p. 61) “não garantiu espaço para uma
ocupação planejada do solo urbano”. Desta forma, este processo de
concentração urbana irreversível torna-se um facilitador para uma escassez de
espaços de lazer, como também, para uma distribuição desigual dos espaços
de lazer na cidade.
A esta má distribuição de espaços e equipamentos de lazer, Marcelino
(2007) em seus estudos, ressalta que os principais meios disponibilizados se
concentram nos centros urbanos. Em nosso estudo verificamos que tal
distribuição e centralização também se configuram pelos bairros periféricos,
pois, conforme notado no mapa 02, o bairro do Sá Viana apresenta uma
concentração dos seus espaços, já que a maioria se encontra localizado
somente na região leste desta comunidade, situação semelhante à das

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comunidades da Vila Bacanga e Vila Embratel, onde apresentam
respectivamente uma concentração dos seus espaços e equipamentos, seja no
centro ou em outra localidade do bairro, caracterizando assim uma má
distribuição dos espaços destas localidades, que impossibilita ou restringi o
acesso a estes espaços e equipamentos pelos moradores das regiões mais
afastadas. Logo, no que tange à distribuição dos espaços e equipamentos de
lazer nos bairros investigados, constatamos que no geral os Bairros do Sá
Viana, Vila Embratel e Vila Bacanga não tiveram um bom planejamento na sua
distribuição, visto que se encontram mal distribuídos, concentrados,
principalmente nos centros dos bairros.

Mapa 2 – Bairro Sá Viana - Distribuição dos espaços e equipamentos de lazer


Fonte: Autoria própria.

Entretanto, comparando pelo quadro abaixo a situação dos bairros


investigados, verificamos que na comunidade do Anjo da Guarda os espaços e
equipamentos estão bem distribuídos facilitando a utilização de um maior
numero de pessoas desta comunidade, fato que vai à contramão daquele
processo de concentração e centralização, citado por Marcelino, (2007). Desta
forma, inferimos que para facilitar a utilização da população aos espaços de
lazer de uma comunidade, é importante que os mesmos estejam distribuídos
de maneira estratégica, de tal forma que possam atender à demanda e
promover o deslocamento dos moradores.

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Bairros Quantidade Distribuição dos espaços e equipamentos

Sá Viana 10 Mal distribuídos

Vila bacanga 03 Mal distribuídos

Vila Embratel 17 Mal distribuídos

Anjo da Guarda 16 Bem distribuídos

Quadro I – Identificação da quantidade e distribuição dos espaços dos bairros pesquisados


Fonte: Autoria Propria

Por fim entende-se que a distribuição dos equipamentos nos bairros


investigados, principalmente no Sá Viana, Vila Embratel e Vila Bacanga não é
equitativa, já por vezes concentram-se em uma única região do bairro.
Diferentemente do Anjo da Guarda que possui uma boa distribuição, facilitando
a possibilidade de acesso de todos da comunidade.

3.1 ESTADO DE MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO

De acordo com as análises estabelecidas dos espaços de cada


comunidade, verificamos que os mesmos se encontram de forma deficitária em
relação a: manutenção/conservação, iluminação, segurança e aspectos
referentes à acessibilidade. Identificamos também inúmeros problemas que
variam de espaço para espaço e de uma comunidade para outra, como:
equipamentos danificados, mal conservados, enferrujados e destruídos, como
por exemplo, os espaços do Sá Viana, conforme é percebido na figura abaixo,
onde é possível verificar bancos e lixeiras das praças quebradas, bem como o
único parque da Praça João de Deus totalmente danificado, o campo de futebol
do Cardosão com arquibancadas quebradas e os alambrados enferrujados Já o
campo dos Santos está a mais de dez anos inativo por falta de manutenção,
apresentando o mato altíssimo. É fato que esta situação dificulta a apropriação
destes espaços pela população para as práticas de lazer.

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Figura 01 – Bairro do Sá Viana - 01 - Praça da Malvina: Bancos quebrados, fezes, animais e lixo; 02 - Praça João de
Deus: lixeira, Playground quebrado e animais na praça; 03 - Situação do Estádio Cardozão com alambrados
enferrujados e parcialmente destruídos, mato alto no entorno e arquibancadas destruídas; 04 – Situação de abandono
do campo do Santos; 05 – Arena de Raimundinho, onde os traves são adaptados e o mato é cortado pelos
frequentadores; 06 – Campinho da Malvina com buraco de acesso no muro da radio, cerca de proteção adaptada, lixo
em volta do campo e pedras no meio do campo.
Fonte: Autoria própria.

Em relação aos espaços e equipamentos da Vila Embratel, conforme


ilustrado abaixo, destaca-se a situação das Praças do antigo ponto final e a
praça do Bacurizeiro, onde ambas estão em péssimo estado de conservação e
manutenção, apresentando lixeiras danificadas e calçamentos quebrados. Os
Campos de futebol do Picarrinha e do Bijangão apresentam as traves e
alambrados enferrujados, além da falta de acesso a deficientes, como rampas
de acesso a cadeirantes.

Figura 02 – Bairro da Vila Embratel - 01: Lixo caído e mato alto na praça do ponto final; 02: Muitas folhas no chão e
parte do calçamento destruído na praça do bacurizeiro; 03: Grama alta no campo Bom Sucesso; 04: Traves
enferrujadas e sem grama na maior parte do campo do “Piçarrinha”.
Fonte: Autoria própria.

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Em relação aos espaços da comunidade do Anjo da Guarda, os
aspectos de manutenção e conservação foram caracterizados como deficitários
haja vista, que nesta comunidade foram verificados vários problemas na
estrutura física dos espaços e equipamentos, como: buracos nas quadras,
alambrados quebrados, aros de basquete danificados, além de rampas de
acesso destruídas, dificultando assim, mais ainda o acesso ao lazer desta
comunidade.
Classificamos como irregular os aspectos de manutenção e conservação
nos espaços da Vila Bacanga, haja vista, que a Praça do Bacanga apesar de
ter sido reformada, com a implantação de arvores, bancos, posto policial e uma
quadra esportiva, não atende em relação à acessibilidade às pessoas com
deficiência. Outro espaço identificado, conhecido como Praça da Feirinha, está
em péssimas condições, com mato muito alto, bancos e calçamentos da praça
quebrados.
Destarte, percebe-se que os aspectos de manutenção e conservação
nos Bairros do Sá Viana, Vila Embratel e Anjo da Guarda encontram-se de
forma deficitária, o que evidencia um descaso e/ou descompromisso das
autoridades em relação as políticas de lazer e dentro desta a manutenção e
conservação dos seus espaços e equipamentos. Muito embora, podemos
acreditar que devido o lazer ser considerado um aspecto de menor relevância
em relação às demais políticas, ele acaba sendo tratado muitas vezes como
algo não necessário à sociedade (ARAUJO; VIANA, 2008), por isso é que
constantemente encontram-se espaços e equipamentos sucateados e
abandonados.
Em linhas gerais, fica evidente a falta de investimentos e conservação
dos espaços e equipamentos de lazer dos bairros investigados pelo poder
público, visto que seus espaços necessitam urgentemente de reformas. Tal
situação corrobora com o que foi averiguado no estudo da cidade de Porto
Alegre/RS, por Oliveira (2007, apud Silva 2010) onde afirma que, o centro
urbano possui vantagens maiores do que a zona periférica, no que se refere à
qualidade das estruturas físicas e na variedade dos equipamentos
disponibilizados. As regiões mais periféricas, além da escassez ou da
inexistência dos equipamentos, os que existem geralmente estão destruídos

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e/ou danificados, faltam pintura, manutenção do piso, dentre outros obstáculos
que dificultam o acesso dos moradores. No entanto, é importante destacar que
apesar da situação precária de muitos dos espaços mapeados, as
comunidades ainda assim utiliza-os, já que não possuem alternativas, não
possuem escolhas de lugares apropriados com segurança, iluminação e bem
conservados.
Nesse sentido, a falta e manutenção dos espaços e equipamentos de
lazer tornam-se obstáculos para se vivenciar o lazer, situação que estimula a
reivindicação das comunidades pela construção de novos espaços (Melo,
2002). Entretanto, muito mais importante que a procura pela criação de novos
espaços e equipamentos de lazer seria a manutenção e a conservação dos
antigos, já que “muitas vezes, a solução não está na construção de novos
equipamentos, mas na sua recuperação e revitalização” (MARCELLINO;
BARBOSA; MARIANO; 2006 p. 62), e neste processo, readaptando-os
conforme as necessidades da comunidade.

4- CONCLUSÃO.

Os espaços de lazer, na atual conjuntura da sociedade devem contribuir


na construção e no desenvolvimento do sentimento de cidadania e democracia
na população. Entretanto, percebe-se o quanto a urbanização descontrolada
influencia nos espaços e equipamentos de lazer, pois, devido ao crescimento
acelerado das cidades brasileiras, os espaços para tais vivências estão cada
vez mais extintos e os poucos existentes estão mal distribuídos e muitos, mal
conservados.
Para visualizar melhor a situação de abandono em que se encontram
algumas áreas destinadas ao lazer, basta observar as cidades, principalmente
nos bairros periféricos, aqui especificamente as comunidades investigadas em
nosso estudo, onde foi possível visualizar diversos espaços públicos, praças,
centros comunitários, dentre outros, mal utilizados, seja por falta de
investimentos do setor público ou organização da própria comunidade que
deveria usufruir desses espaços. Além destes percalços, estas comunidades
que se configuram como localidades carentes que tem uma concentração
populacional muito grande, ainda possuem diversos riscos sociais, como:

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violência, a falta de saneamento básico, problemas relacionados à saúde,
transporte deficiente, exposição a drogas, entre outros.
Além deste contexto, verifica-se, que a demanda dos bairros
investigados é grande em relação aos espaços e equipamentos para as
regiões mapeadas e que não houve um planejamento adequado que
distribuísse de maneira equitativa os espaços dentro das comunidades.
No que se refere ao estado de manutenção e conservação, o estudo
constatou que estes aspectos se encontram de forma deficitária na maioria dos
espaços investigados, não proporcionando uma boa apropriação de uso dos
moradores, restringindo e/ou impossibilitando as possibilidades de acesso aos
espaços das comunidades. Entretanto, seja pela insuficiência de espaços para
o lazer, insegurança dos poucos existentes ou pela condição financeira que
impossibilita os moradores de usufruir outros tipos de espaços e equipamentos,
a população acaba utilizando espaços sem uma estrutura digna para as
práticas como as ruas, datas que se transformam em campos de terra, praças
e qualquer outro espaço que possibilite as práticas de lazer, mesmo que sejam
espaços não adequados para tal.
Conclusivamente, é possível inferir que há um descaso e/ou uma
lentidão das autoridades nas formulações de políticas públicas de esporte e
lazer para uma boa parte da população, principalmente para a menos
favorecida – a periferia.
Entretanto, este contexto poderia ser evitado se as políticas de lazer
fossem de fato efetivadas, por uma co-gestão entre as autoridades junto com
as comunidades, já que estas estão dia a dia tentando suprir carências e
direitos que apesar de garantidos na constituição, constantemente lhes são
tirados. Destarte, através dos dados e informações obtidos através deste
estudo, acredita-se que o conhecimento da realidade da área mapeada pode
ser de grande importância e utilidade para a elaboração de políticas públicas
mais efetivas, além de oferecer às comunidades armas para reivindicações do
direito básico e que é abordado como algo não necessário à população.

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5- REFERÊNCIAS.

ARAÚJO, Silvana Martins de; VIANA, Raimundo Nonato Assunção (Orgs.).


Esporte e lazer na cidade de São Luís - MA: Elementos para a construção de
uma política pública. São Luís: EDUFMA, 2008.

BAHIA, Mirleide Chaar et al. Os equipamentos de lazer das cidades: o caso de


Belém-PA. In: FIGUEIREDO, Silvio Lima. Turismo, Lazer e Planejamento
Urbano e Regional. Belém: NAEA - ANPUR, 2008.

SILVA, Darlan Pacheco. Espaços e equipamentos de lazer na cidade de


ilhéus – BA. 2010. 73 f. Monografia - Universidade Estadual de Santa Cruz,
Ilhéus – Bahia, 2010. Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAABfKMAE/monografia-espacos-
equipamentos-lazer-na-cidade-ilheus-bahia> Acesso em: 21 de fev. 2012.

MARCELINO, Nelson Carvalho; BARBOSA, Felipe Soligo; MARIANO,


Stéphanie Helena. As cidades e o acesso aos espaços e equipamentos de
lazer. Piracicaba: Impulso, 2006.

MARCELINO, Nelson Carvalho. Espaços e equipamentos de lazer em


região metropolitana: O caso da RMC - Região Metropolitana de Campinas.
Curitiba: Opus Print, 2007.

MELO, Victor Andrade de. Manual para otimização da utilização de


equipamentos de lazer. 2002, Disponível em:
<http://www.lazer.eefd.ufrj.br/sesc/docs/manual_sesc_quadras_esportivas.pdf>
Acesso em: 21 fev. 2012.

REIS, Nilza Cleide Gama dos; LIMA, Rarielle Rodrigues; GOMES, Sylvianne
Dias. Espaço urbano como aspecto constituinte da política de esporte e lazer
em São Luís-MA. In: ARAÚJO, Silvana Martins de; VIANA, Raimundo Nonato
Assunção (Org.). Esporte e lazer na cidade de São Luís: Elementos para a
construção de uma política pública. São Luís: Edufma, 2008. p. 95-106.

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