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RESUMO
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Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Maranhão; eudinho020@hotmail.com
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Professor Mestre - Docente da Universidade Federal do Maranhão/Departamento de Educação Física
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1. INTRODUÇÃO
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equipamentos de lazer dos bairros investigados. Na área de ensino e pesquisa,
poderá o mapeamento contribuir para ampliação da pesquisa científica a ser
desfrutada por nossos pares da Instituição UFMA e de outras instituições
educacionais. Além disso, mapear esses espaços com suas potencialidades e
deficiências é propiciar à instituição Federal da área novos olhares com ações
gerenciais de parcerias e atuação de projetos para essas comunidades,
aproximando uns dos outros pelas práticas de lazer.
Outro fator não menos importante é possibilitar às comunidades um
processo de reflexão-ação, no qual este trabalho servirá de documento para a
participação dos bairros na reivindicação dos seus direitos pelo atendimento de
uma das necessidades fundamentais da população, espaços e equipamentos
para o esporte e o lazer. O conhecimento sobre essa realidade possibilitará
uma visão crítica da situação, colaborando com as comunidades na
consciência crítica da possibilidade e direito de planos de governo setoriais e
ações mais efetivas para essa região.
Mapa 01 - Mapa da localização da área de estudo e da amostra — Área Itaqui-Bacanga e os bairros investigados
2. MATERIAIS E MÉTODOS
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a vários riscos sociais como drogas, violência, falta de segurança, falta de
saneamento básico, etc., também caracteriza-se por ser extremamente
populosa e carente de espaços e equipamentos de lazer aos seus moradores.
O Censo Demográfico do IBGE – 2010, por meio da publicação
denominada de Aglomerados Subnormais – primeiros resultados3 reforça a
afirmação acima. Seus dados revelam que foram identificados 23 Aglomerados
Subnormais/Favelas4 em São Luís, sendo que sete desses Aglomerados
concentram-se na região do Itaqui-Bacanga e, dois deles (bairro Sá Viana e
Vila Embratel) estão inseridos neste estudo.
Este estudo caracteriza-se como um estudo de campo, de abordagem
qualitativa com enfoques descritivos. Como instrumento de coleta de dados
utilizou-se: entrevistas semiestruturadas aplicadas a três lideres comunitários,
indicados pelos presidentes das associações de moradores de cada bairro e ao
secretario adjunto do município, registros fotográficos dos locais mapeados,
juntamente com uma grelha de observação estruturada e um diário de campo,
os quais nos possibilitou estabelecer comparações e perceber contradições
acerca das informações coletadas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Censo Demográfico 2010 – Aglomerados Subnormais: Primeiros resultados. Ministério do Orçamento, Planejamento
e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demogr., Rio de Janeiro, p.1-259, 2010. ISSN
0104-3145. Disponível em <http://www.ibge.gov.br> Acesso em 19/01/2012.
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O IBGE denomina tecnicamente o termo favelas como aglomerados subnormais que são entendidos como o
“conjunto constituído por no mínimo 51 unidades habitacionais (barracos, casas etc.), ocupando — ou tendo ocupado
— até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular); dispostas, em geral, de forma
desordenada e densa; e carentes, em sua maioria, de serviços públicos e essenciais” Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br> (Glossário) Acesso em: 19/01/2012.
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moradores têm à disposição apenas três espaços/equipamentos de lazer,
fazendo com que outros espaços privados ou não, sejam apropriados, como é
o caso dos campos de futebol do aterro do Bacanga. Situação semelhante a
dos moradores do Sá Viana que pela falta de espaços também tendem a se
apropriar de outros espaços, e, neste sentido, destacamos os espaços de lazer
da UFMA como: o campo de futebol e a quadra poliesportiva do departamento
de Educação física, bem como, a quadra do COLUN – Colégio Universitário.
Tampouco diferente dos outros bairros, as comunidades da Vila Embratel e do
Anjo da Guarda, respectivamente, também se apropriam de espaços privados,
como: Clube CB450 e o espaço da Vacaria que constantemente são
apropriados pelos moradores, seja por falta de espaços, deficiência nas suas
manutenções e/ou até, predominância de somente um espaço para as
possibilidades do lazer físico-esportivo.
Por meio do mapeamento realizado entendemos que a demanda de
espaços e equipamentos de lazer disponíveis às comunidade ainda é grande
diante da extensão e densidade populacional dos bairros investigados, haja
vista, que estas localidades são populosas e cresceram desordenadamente
sem um planejamento adequado. A falta ou pouca quantidade de espaços e
equipamentos dificulta o acesso às práticas de lazer por estas comunidades,
direito que lhes é adquirido. Neste sentido, Bahia et al (2008) afirma que a
criação e a manutenção de espaços e equipamentos de lazer nas cidades é
dificultada pela urbanização crescente, que para Santos e Miotto (2003 apud
Marcelino, Barbosa e Mariano 2006, p. 61) “não garantiu espaço para uma
ocupação planejada do solo urbano”. Desta forma, este processo de
concentração urbana irreversível torna-se um facilitador para uma escassez de
espaços de lazer, como também, para uma distribuição desigual dos espaços
de lazer na cidade.
A esta má distribuição de espaços e equipamentos de lazer, Marcelino
(2007) em seus estudos, ressalta que os principais meios disponibilizados se
concentram nos centros urbanos. Em nosso estudo verificamos que tal
distribuição e centralização também se configuram pelos bairros periféricos,
pois, conforme notado no mapa 02, o bairro do Sá Viana apresenta uma
concentração dos seus espaços, já que a maioria se encontra localizado
somente na região leste desta comunidade, situação semelhante à das
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comunidades da Vila Bacanga e Vila Embratel, onde apresentam
respectivamente uma concentração dos seus espaços e equipamentos, seja no
centro ou em outra localidade do bairro, caracterizando assim uma má
distribuição dos espaços destas localidades, que impossibilita ou restringi o
acesso a estes espaços e equipamentos pelos moradores das regiões mais
afastadas. Logo, no que tange à distribuição dos espaços e equipamentos de
lazer nos bairros investigados, constatamos que no geral os Bairros do Sá
Viana, Vila Embratel e Vila Bacanga não tiveram um bom planejamento na sua
distribuição, visto que se encontram mal distribuídos, concentrados,
principalmente nos centros dos bairros.
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Bairros Quantidade Distribuição dos espaços e equipamentos
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Figura 01 – Bairro do Sá Viana - 01 - Praça da Malvina: Bancos quebrados, fezes, animais e lixo; 02 - Praça João de
Deus: lixeira, Playground quebrado e animais na praça; 03 - Situação do Estádio Cardozão com alambrados
enferrujados e parcialmente destruídos, mato alto no entorno e arquibancadas destruídas; 04 – Situação de abandono
do campo do Santos; 05 – Arena de Raimundinho, onde os traves são adaptados e o mato é cortado pelos
frequentadores; 06 – Campinho da Malvina com buraco de acesso no muro da radio, cerca de proteção adaptada, lixo
em volta do campo e pedras no meio do campo.
Fonte: Autoria própria.
Figura 02 – Bairro da Vila Embratel - 01: Lixo caído e mato alto na praça do ponto final; 02: Muitas folhas no chão e
parte do calçamento destruído na praça do bacurizeiro; 03: Grama alta no campo Bom Sucesso; 04: Traves
enferrujadas e sem grama na maior parte do campo do “Piçarrinha”.
Fonte: Autoria própria.
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Em relação aos espaços da comunidade do Anjo da Guarda, os
aspectos de manutenção e conservação foram caracterizados como deficitários
haja vista, que nesta comunidade foram verificados vários problemas na
estrutura física dos espaços e equipamentos, como: buracos nas quadras,
alambrados quebrados, aros de basquete danificados, além de rampas de
acesso destruídas, dificultando assim, mais ainda o acesso ao lazer desta
comunidade.
Classificamos como irregular os aspectos de manutenção e conservação
nos espaços da Vila Bacanga, haja vista, que a Praça do Bacanga apesar de
ter sido reformada, com a implantação de arvores, bancos, posto policial e uma
quadra esportiva, não atende em relação à acessibilidade às pessoas com
deficiência. Outro espaço identificado, conhecido como Praça da Feirinha, está
em péssimas condições, com mato muito alto, bancos e calçamentos da praça
quebrados.
Destarte, percebe-se que os aspectos de manutenção e conservação
nos Bairros do Sá Viana, Vila Embratel e Anjo da Guarda encontram-se de
forma deficitária, o que evidencia um descaso e/ou descompromisso das
autoridades em relação as políticas de lazer e dentro desta a manutenção e
conservação dos seus espaços e equipamentos. Muito embora, podemos
acreditar que devido o lazer ser considerado um aspecto de menor relevância
em relação às demais políticas, ele acaba sendo tratado muitas vezes como
algo não necessário à sociedade (ARAUJO; VIANA, 2008), por isso é que
constantemente encontram-se espaços e equipamentos sucateados e
abandonados.
Em linhas gerais, fica evidente a falta de investimentos e conservação
dos espaços e equipamentos de lazer dos bairros investigados pelo poder
público, visto que seus espaços necessitam urgentemente de reformas. Tal
situação corrobora com o que foi averiguado no estudo da cidade de Porto
Alegre/RS, por Oliveira (2007, apud Silva 2010) onde afirma que, o centro
urbano possui vantagens maiores do que a zona periférica, no que se refere à
qualidade das estruturas físicas e na variedade dos equipamentos
disponibilizados. As regiões mais periféricas, além da escassez ou da
inexistência dos equipamentos, os que existem geralmente estão destruídos
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e/ou danificados, faltam pintura, manutenção do piso, dentre outros obstáculos
que dificultam o acesso dos moradores. No entanto, é importante destacar que
apesar da situação precária de muitos dos espaços mapeados, as
comunidades ainda assim utiliza-os, já que não possuem alternativas, não
possuem escolhas de lugares apropriados com segurança, iluminação e bem
conservados.
Nesse sentido, a falta e manutenção dos espaços e equipamentos de
lazer tornam-se obstáculos para se vivenciar o lazer, situação que estimula a
reivindicação das comunidades pela construção de novos espaços (Melo,
2002). Entretanto, muito mais importante que a procura pela criação de novos
espaços e equipamentos de lazer seria a manutenção e a conservação dos
antigos, já que “muitas vezes, a solução não está na construção de novos
equipamentos, mas na sua recuperação e revitalização” (MARCELLINO;
BARBOSA; MARIANO; 2006 p. 62), e neste processo, readaptando-os
conforme as necessidades da comunidade.
4- CONCLUSÃO.
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violência, a falta de saneamento básico, problemas relacionados à saúde,
transporte deficiente, exposição a drogas, entre outros.
Além deste contexto, verifica-se, que a demanda dos bairros
investigados é grande em relação aos espaços e equipamentos para as
regiões mapeadas e que não houve um planejamento adequado que
distribuísse de maneira equitativa os espaços dentro das comunidades.
No que se refere ao estado de manutenção e conservação, o estudo
constatou que estes aspectos se encontram de forma deficitária na maioria dos
espaços investigados, não proporcionando uma boa apropriação de uso dos
moradores, restringindo e/ou impossibilitando as possibilidades de acesso aos
espaços das comunidades. Entretanto, seja pela insuficiência de espaços para
o lazer, insegurança dos poucos existentes ou pela condição financeira que
impossibilita os moradores de usufruir outros tipos de espaços e equipamentos,
a população acaba utilizando espaços sem uma estrutura digna para as
práticas como as ruas, datas que se transformam em campos de terra, praças
e qualquer outro espaço que possibilite as práticas de lazer, mesmo que sejam
espaços não adequados para tal.
Conclusivamente, é possível inferir que há um descaso e/ou uma
lentidão das autoridades nas formulações de políticas públicas de esporte e
lazer para uma boa parte da população, principalmente para a menos
favorecida – a periferia.
Entretanto, este contexto poderia ser evitado se as políticas de lazer
fossem de fato efetivadas, por uma co-gestão entre as autoridades junto com
as comunidades, já que estas estão dia a dia tentando suprir carências e
direitos que apesar de garantidos na constituição, constantemente lhes são
tirados. Destarte, através dos dados e informações obtidos através deste
estudo, acredita-se que o conhecimento da realidade da área mapeada pode
ser de grande importância e utilidade para a elaboração de políticas públicas
mais efetivas, além de oferecer às comunidades armas para reivindicações do
direito básico e que é abordado como algo não necessário à população.
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5- REFERÊNCIAS.
REIS, Nilza Cleide Gama dos; LIMA, Rarielle Rodrigues; GOMES, Sylvianne
Dias. Espaço urbano como aspecto constituinte da política de esporte e lazer
em São Luís-MA. In: ARAÚJO, Silvana Martins de; VIANA, Raimundo Nonato
Assunção (Org.). Esporte e lazer na cidade de São Luís: Elementos para a
construção de uma política pública. São Luís: Edufma, 2008. p. 95-106.
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