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INTRODUÇÃO
A geomorfologia urbana, conforme Guerra (2011), bem como Albuquerque e Cruz
(2018), subsidia a facilitação do planejamento na organização espacial urbana. A
geomorfologia antrópica, neste sentido, é colocada à serviço dos estudos dos estágios de
urbanização (JORGE, 2011). Assim, utiliza-se esse ramo da geomorfologia para
propiciar uma resolução sobre o sítio na diferenciação espacial intra-urbana.
Na espacialização da ocupação, sobretudo no meio urbano, leva-se em conta o
preço/valor da terra, podendo funcionar como fator de separação, resultando numa
segregação socioespacial (SOUZA, 2013). Esse processo pode se dar não somente sobre
a dinâmica topográfica (geométrica, sítio e etc.), mas também sob a ótica topológica
(acessibilidade, base técnica) e do espaço vivido.
Sob essa concepção, o recorte espacial desta abordagem é a comunidade Parque São
Pedro, localizada no distrito de Tarumã II, bairro Tarumã, Zona Oeste, Manaus - AM.
Apesar de se constituir como uma área periférica da metrópole, a comunidade vem
sendo valorizada pelo comércio e serviços, como farmácias, lojas e linhas de ônibus, os
quais apresentam rotas entre a comunidade e o centro (especialmente o bairro Centro, na
Zona Centro-Sul, principal centralidade da metrópole e centro histórico), além de ter
recebido um colégio militar de período integral. O que pode sinalizar, conforme
argumentação, uma mudança na instância social por meio dos aparelhos ideológicos do
Estado.
Estudos que relacionam os padrões de urbanização e a geomorfologia na comunidade
Parque São Pedro ainda são escassos, pois não se encontrou nenhum estudo que
vinculasse essas duas questões diretamente. Nesse sentido, a proposta deste trabalho é
compreender, a partir dos setores topográficos (fundo de vale, vertente e platô), as
formas de ocupação. Não obstante, relaciona-se com a dinâmica dos agentes
modeladores do espaço (CORRÊA, 1987; BERNARDINO e LIMA, 2021).
OBJETIVOS
Geral:
Compreender a relação da ocupação urbana com a geomorfologia na comunidade São
Pedro, bairro Tarumã (Manaus-AM).
Específicos:
● Caracterizar os elementos geomorfológicos da tríade topográfica na área de
estudo;
● Espacializar o esgotamento sanitário e a densidade demográfica;
● Analisar a produção espacial urbana com relação ao sítio da área de estudo.
METODOLOGIA
A partir de observação preliminar e para o desenvolvimento da pesquisa foi observada a
hipótese de que em comparação com o(s) fundo(s) de vale, o(s) platô(o) apresenta(m)
uma infraestrutura mais qualificada e que pode ser apreendida, dentre outros
indicadores, pela distribuição e acesso ao esgotamento sanitário e pelo adensamento.
Para isso, a metodologia foi dividida em trabalho em campo e levantamento de dados. A
primeira visita em campo foi realizada na comunidade para a construção de
Fonte: Trabalho em campo (2020), SEMSA (2010), Street View (2017). Elab.: Fredson
Bernardino, Gabriele Santana e Lucas Campelo (2020).
Pode-se dizer, no contexto da comunidade, que esse trecho que está situado em um platô
e se constitui como principal centralidade da área de estudo. Como é característica das
centralidades, o comércio é um forte atrativo para os moradores e visitantes do local,
neste caso, situado no platô com alto fluxo de entrada e saída de pessoas. As lojas de
maior porte, como a loja Bemol, Shopping da Maquiagem, Salmo 21, Supermercado
Nordeste e colégio IDAAM, escolhem estabelecer atendimento nessas áreas para
alcançar maior público. A lógica de atuação parte de uma seletividade espacial visando
um eixo periférico, isto é, um grupo de “socialmente excluídos” (CORRÊA, 1987 e
1992) que, especialmente do ponto de vista topológico, mora longe do centro comercial
metropolitano de Manaus, assim, constitui-se uma estratégia de vendas, de lucro e,
muitas vezes, de endividamento (SILVEIRA, 2009).
O CMPM III - E. E. Prof. Waldocke F. de Lyra está localizado no platô, Entrada da
Comunidade. O início das aulas do colégio militar integral na comunidade foi no ano de
2012 e teve como objetivos veiculados oferecer maior segurança para os moradores e
educação formal de qualidade.
Fonte: SRTM (2019), Trabalho em campo (2020), Google Earth (2021). Elab.: Fredson
Bernardino, Gabriele Santana e Lucas Campelo (2020).
Fonte: Trabalho em campo (2020), SEMSA (2010), Street View (2020). Elab.: Fredson
Bernardino, Gabriele Santana e Lucas Campelo (2020).
Na figura (04), uma das vertentes principais da comunidade é traçada pela rua Jardim
Primavera, paralela à rua Goiânia. A altitude dessa vertente está entre 70 e 90 metros.
Ressalta-se que, nesse trecho, somente a rua Goiânia e rua do Comércio dão acesso às
duas linhas de ônibus (324, 059) que transitam entre o platô e o fundo de vale. As
ramificações das vias principais das vertentes já citadas — rua Goiânia e rua do
Comércio — apresentam um asfalto mais precário, em alguns casos, por consequência
da falta de sistema de drenagem pluvial ou esgoto mal estruturado. Nessas vias
ramificadas, é possível observar o escoamento na parte central das ruas sendo conduzido
apenas pelo declive (sentido platô-fundo de vale). Com isso, é perceptível que, em
comparação a valorização que ocorre no platô, os trechos de vertente variam em
qualificação urbanística, especialmente na questão do arruamento e na produção de
centralidades.
As casas do setor de fundo do vale da comunidade Parque São Pedro são, em grande
maioria, mais precárias. A figura (5) mostra a descida para casa de fundo de vale,
localizada na parte oeste da comunidade, é notório a carência de asfaltos na rua e muitas
casas estão postas à venda ou para aluguel por conta da insatisfação dos moradores com
o lugar, seja por falta de saneamento, dificuldade ao acesso de veículos de serviços
essenciais como as ambulâncias e viaturas ou pela insegurança.
Figura 5: vale, Rua Santo Antônio.
Fonte: OSM (2011), Trab. em campo (2020), IBGE (2010). Elab.: Fredson Bernardino, Gabriele
Santana e Lucas Campelo (2020).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, Emanuel Lindemberg Silva; CRUZ, Maria Lúcia Brito da. A
Geomorfologia Urbana Como Subsídio Para o Planejamento Territorial do Município de
Horizonte – CE. Disponível: <http://lsie.unb.br/ugb/sinageo/7/0108.pdf>. Acesso em: 15 de
maio de 2019. Brasília: 09 de março de 2018.
BERNARDINO, Fredson A. S.; LIMA, M. C. Introdução à Geografia estruturalista e
análise urbana. In: Marcos Castro de Lima; Nelcioney Araújo; Manoel Masulo Cruz. (Org.).
Dimensões espaciais do político, do urbano e do agrário na amazônia. 1ed. Embu das
Artes-SP; Manaus-AM: Alexa Cultural; Edua, 2021, p. 1-15.
CORRÊA, Roberto L. O espaço urbano. Rio de Janeiro: Ática, 1987.
FUJIMOTO, N. S. V. M. Considerações sobre o ambiente urbano: um estudo com ênfase na
geomorfologia urbana. Revista do Departamento de Geografia, São Paulo: FFLCH/USP, n.
16, p. 76-80, 2005.
GUERRA, Antônio José T. Encostas Urbanas. In: GUERRA, A. T. (org.). Geomorfologia
Urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.
JORGE, M. do C. O. Geomorfologia Urbana: Conceitos, Metodologias e Teorias In:
GUERRA, A. T. (org.). Geomorfologia Urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.
LENCIONI, Sandra. Metropolização do Espaço: processos e dinâmicas. SP: São Paulo,
2012 (mimeo).