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CARACTERÍSTICAS DO TRÁFEGO

VOLUME, VELOCIDADE E DENSIDADE

As análises macroscópicas do tráfego baseiam-se na consideração de


que as correntes de tráfego são meios contínuos. Para estudar seu
comportamento a abordagem macroscópica lança mão da aplicação das Leis
da Hidrodinâmica, motivo pelo qual a abordagem é conhecida também como
Analogia Hidrodinâmica do Tráfego.

● VOLUME (FLUXO)
É o número de veículos que atravessam ou ultrapassam uma determinada
seção transversal de uma via na unidade de tempo.
Exemplo: Q = 900 veículos em 15 minutos.

VOLUME ANUAL
É o volume ou trafego registrado em um ano (365 dias consecutivos).
É utilizado para:
- determinar índices de acidentes
- estimar receitas para implantação de pedágios

VOLUME MEDIO DIARIO (VMD, VDM, TMD, TDM)


É o volume ou trafego registrado em um dia (24 horas). É utilizado para:
- avaliar a distribuição de trafego
- medir a demanda de uma via
- programação de melhorias básicas

VOLUME HORARIO (VH) ou DEMANDA HORARIA (DH)


É o volume ou trafego registrado em uma hora (em geral, refere-se a hora de
pico). É utilizado para:
- estudo de capacidade da via
- projeto geométrico
- projeto de interseções

HORA DE PICO
É o intervalo de uma hora de maior movimento numa determinada via, num
determinado dia, num determinado ponto. Ex. das 18: as 19:00

VOLUME DE PICO
É o volume registrado em uma hora na hora de pico.

PICO HORARIO (K)


Relação entre o volume de pico e o volume do dia de 24 horas.
FLUXO DE TRAFEGO (Q): é a taxa na qual os veículos passam por um ponto
da rodovia. Expressa normalmente em veiculos/hora.
Exemplo: 900 veículos em 15 minutos
Fluxo (Q) = (900/15)x60=3600 veiculos/hora

Variações do Volume:
Anual – variação de ano para ano.
Sazonal – variação de estação para estação durante o ano.
Mensal – variação de mês para mês no decorrer do ano.
Semanal – variação de semana para semana durante o mês.
Diária – variação de dia para dia no decurso de uma semana.
Horária – variação nas diferentes horas do dia.
Intervalo da hora – variação em períodos de minutos.

EXERCICIOS PARA FIXAÇÃO DE CONTEUDO

Exemplo 01: Considerando-se uma via rural para qual foi calculado que o VMD
em 10 anos atingirá 3.000 UCPs, para o tipo de rodovia e com região em
crescimento, pode-se adotar um valor de k igual a 15 %. Qual o VH?
Resolução: VH = 3.000 x 15/100 = 450 UPCs.

Taxa de Fluxo é o número de veículos que passam em uma determinada via


durante um período menor que uma hora e expandido para um volume horário,
consistindo em um volume equivalente em uma hora.

Exemplo 02: Se considerarmos que passam 1.000 veículos em uma via no


período de 15 minutos, qual será a taxa de fluxo equivalente horário?
Resolução: Taxa Máxima de Fluxo = Volume Horário de Pico/0,25 =
1.000/0,25 = 4.000 UPCs

Composição: Unidade = Carro de Passeio (UCP)


O volume pode ser expresso em veículos por hora (vph), tráfego misto ou em
unidades equivalentes (UCP) ao carro passeio.

Tabela 1 - Fator de Equivalência

Automóveis 1.00
Ônibus 2.25
Caminhão 1.75
Moto 0.33
Bicicleta 0.20
● VELOCIDADE
Limitações da velocidade, em função
- da própria via;
- do trânsito existente;
- do próprio veículo;
- do motorista;
- do clima; e
- dos equipamentos de controle e da sinalização.

Classificação

Velocidade de Projeto ou Velocidade Diretriz é a velocidade selecionada


para projeto geométrico e que condicionará todas as características de
operação da via (alinhamentos horizontais e verticais, raios de curvatura,
superlargura, superelevação, distância de visibilidade, largura das faixas de
rolamento) das quais depende a operação segura e confortável dos veículos. É
a máxima velocidade para qual a estrada está ou será projetada.

Velocidade de Operação é a mais alta velocidade de percurso que o


veículo pode realizar, em uma dada estrada, sob condições favoráveis de
tempo e de tráfego sem exceder a velocidade diretriz utilizada na definição
geométrica.

Velocidade de Operação de Fluxo Livre é a mais alta velocidade de


Operação de um carro de passageiro em uma seção de uma via durante
densidades de tráfego muito baixas.

Velocidade Instantânea é a velocidade de um veiculo ao passar em um


ponto específico da via.

Velocidade Média Instantânea é a média das velocidades instantâneas


individuais ou de componentes especificados em um dado ponto da via
durante um período de tempo. Também chamada de Velocidade Média de
Tempo.

Velocidade Geral de Viagem é a distância total percorrida dividida pelo


tempo total gasto, incluindo todas as demoras no tráfego.

Velocidade Média Geral de Viagem é a soma das distâncias percorridas


por todos os veículos ou de uma classe especificada de veículos em uma
dada seção da via durante um período de tempo determinado, dividida pela
soma de todos os tempos gerais de viagem.
● DENSIDADE (CONCENTRAÇÃO) (K)
É o número de veículos que, em certo momento ocupam uma dada extensão
de uma via. É expressa em veículos por quilômetros, mas pode estar baseada
em comprimentos menores de rodovia. Pode ser para toda a via ou por faixa.

Exemplo: Dado 1 Km de via, com 3 faixas em uma direção, foram observados


20 veículos por faixa num determinado instante.
K faixa = 20 veiculos / 1 km = ( 20 veiculos / km ) / faixa^-1
K via = [( 20 veiculos / km ) / faixa^-1]x 03 faixas
K via = 60 veiculos / km

Classificação

Densidade Média é a média do número de veículos por unidade de


comprimento da via, em um período especificado de tempo.

Densidade Crítica é densidade de tráfego na via quando esta operando


em plena capacidade.

RELAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS

F=VxD

Fluxo (Volume) = velocidade x Densidade


(Veículos/hora) = km/hora x kmxveículos

Os teóricos que trabalharam modelos de relação entre as variáveis


macroscópicas do tráfego determinaram, a partir de experimentos e
observações em campo, os seguintes valores:

 vf é a velocidade de fluxo livre, corresponde à média das velocidades


desejadas pelos motoristas dos veículos numa corrente de tráfego;
 kJ é a concentração máxima, correspondente à situação de completo
congestionamento (jam, em inglês);
 qmáx é o máximo fluxo que pode ser atendido por uma via ou trecho de
via;
 vo é a velocidade ‘ótima’, correspondente ao ponto em que se alcança
qmáx e
 ko é a concentração ‘ótima’, correspondente ao ponto em que se
alcança qmáx.
DIAGRAMAS

vf
Não Congestionado

v0
Congestionado

k
0
K0 kj

Figura 1 – Representação gráfica do modelo linear da velocidade-


concentração

qmáx

Não Congestionado Congestionado

0
K0 Kj K

Figura 2 – Representação gráfica da relação parabólica entre fluxo-


concentração
V

Não Congestionado

V0
Congestionado

0
qmáx q

Figura 3 – Representação gráfica da relação parabólica entre velocidade-fluxo


● ESPAÇAMENTO
Distância entre as respectivas partes dianteira de dois veículos consecutivos
(numa mesma faixa).

D (veículos/km) = 1.000 (m/km) / E (m/veículos).

D = Densidade
E = Espaçamento

● HEADWAY (Intervalo)
Intervalo de tempo transcorrido entre a passagem de dois veículos sucessivos
na mesma faixa em um determinado ponto de via, medido entre a frente do
primeiro veículo e a frente do segundo veículo.

H (segundos) = 1/F (veículos/segundos)

H = Headway
F = Fluxo

Relação entre Espaçamento e Headway

H (segundos) = E (m/veículos) / V (m/segundos)

H = Headway
E = Espaçamento
V = Velocidade

● CAPACIDADE
É o máximo de veículos que podem atravessar uma seção de uma via, durante
um período de tempo, sob condições prevalecentes de tráfego e da via. A
capacidade nunca poderá ser excedida sem que se modifiquem as condições
da via considerada.

Condições Ideais ou de Fluxo Livre

Condições Geométricas ou Físicas


 Alinhamento geométrico vertical e horizontal para velocidades médias de
operação de 96km/h, sem restrições á ultrapassagem em vias com no mínimo
duas ou três faixas de tráfego no mesmo sentido.
 Largura de faixas de tráfego com um mínimo de 3,50m, com
acostamentos adequados (2,5m), e desobstruídos lateralmente no mínimo de
1,80m.
 Gabaritos verticais adequados (mínimos 5,50m)
 Pavimento em bom estado.
Condições de Operação
 Fluxo livre sem interferências laterais com veículos ou pedestres.
 Somente carros de passeio na corrente tráfego.

Condições Ambientais
 Condições de tempo (dia claro, sem chuva, sem vento etc.).
 Condições de Visibilidade ambiental (sem neblina, fumaça etc.).
 Localização urbana (centro, subúrbio etc.).

Condições Prevalecentes
São as condições existentes na via que diferem das Condições de Fluxo Livre
ou Condições Ideais. A alteração de qualquer das condições ideais causa
restrições á capacidade básica resultando na capacidade prática individual da
via.

CAPACIDADE

O HCM define a capacidade de uma facilidade (serviço: via, calçada) de


transporte como a “taxa horária máxima de pessoas ou veículos que pode ser
razoavelmente esperado atravessar um ponto ou segmento uniforme de uma
faixa ou via durante um determinado período de tempo sob condições
prevalecentes referentes ao tráfego, à via e ao controle”.

CONDIÇÔES IDEAIS

 Da Via
- Largura da faixa >= 3,6m
- Largura do acostamento >= 1,8m
- Visibilidade > 450m
- Greide <= 2%
-
 Do Tráfego
- Presença só de carros de passeio
- Velocidade >= 96 km/h
- Usuários Regulares (motoristas habituados)
-
 De Controle
- Limite de Velocidade (não deve haver)
- Semáforo (não deve haver)
- Placa de Pare (não deve haver)
- Controle no uso de faixa (não deve haver)
FÓRMULA DA CAPACIDADE

C = Cj x f1 x f2 x f3 x..............fn (veic/h)

Cj - Capacidade básica para as condições ideais (veic/h);


f1, f2, f3 ... fn – fatores de ajustamento para condições existentes da via, tráfego
etc.
Tabela 3 - CAPACIDADE BÁSICA PARA CONDIÇÕES IDEAIS
Tipo de Facilidade Capacidade Básica
Rodovias com múltiplas faixas
96 km/h (60 mi/h) – velocidade de fluxo livre 2.200 ucp/h/faixa
88 km/h (55 mi/h) – velocidade de fluxo livre 2.100 ucp/h/faixa
80 km/h (50 mi/h) – velocidade de fluxo livre 2.000 ucp/h/faixa
72 km/h (45 mi/h) – velocidade de fluxo livre 1.900 ucp/h/faixa

Rodovias com duas faixas (mão dupla) 2.800 ucp/h/faixa

Fluxo Interrompido (Semáforo) 1.900 ucp/h/faixa


Fonte: Mc Shane, 1998

NÍVEL DE SERVIÇO

É uma medida qualitativa do desempenho do tráfego e é resultante de um


número de fatores que incluem velocidade e tempo de viagem tais como:
1. Interrupções do tráfego;
2. Liberdade de manobra;
3. Conforto e conveniência do motorista;
4. Segurança
5. Custos operacionais.

Reflete as condições operacionais do tráfego:


Velocidade e tempo de viagem, Densidade e Atrasos

São estabelecidos seis níveis de serviço, caracterizados para as condições


operacionais de uma via de fluxo ininterrupto (ver fotos 1 a 6, reproduzidas do
HCM 2000); os níveis de serviço de outras facilidades são definidos de forma
análoga:

 Níveis de Serviço: A,B,C,D,E,F

A  Melhor;
E  Capacidade;
F  Pior (congestionamento)
 A: Fluxo livre, liberdade de manobra e de seleção de velocidade;

 B: A presença de outros usuários já se faz notar, mas ainda está dentro


do fluxo estável; a seleção de velocidade é praticamente livre, mas a
liberdade de manobra é menor que no nível de serviço A;

 C: A seleção de velocidade já é afetada pela presença de outros


veículos e as manobras requerem perícia por parte dos motoristas;
 D: Registra-se fluxo de alta densidade, mas ainda estável; a seleção de
velocidade e as manobras são muito restritas;

 E: As condições operacionais se encontram na capacidade ou próximas


dela; as velocidades são reduzidas, porém relativamente uniformes; estas
condições operacionais são instáveis;

 F: O fluxo é forçado ou congestionado.


Foto 1 - Nível de serviço A Foto 4 - Nível de serviço D

Foto 2 - Nível de serviço B Foto 5 - Nível de serviço E

Foto 3 - Nível de serviço C Foto 6 - Nível de serviço F


VOLUME E TAXA DE FLUXO DE SERVIÇO

FÓRMULA: VSi = FSi x FHP (veic/h)


VSi = Volume de Serviço para o Nível de Serviço i (veic/h);
FSi = Taxa de Fluxo de Serviço para o Nível de Serviço i (veic/h);
FHP = Fator Hora de Pico

Tabela 4 - Densidades Máximas para Fluxo Contínuo – Nível de Serviço

Densidade Máxima para vias Espaçamento médio entre


Nível de
com Múltiplas Faixas veículos (comprimento do
Serviço
(ucp/mi) carro)
A 12 23-26
B 20 18-20
C 28 9-11
D 34 7-9
E 40-45 4-6
F >40-45 <4

Indicadores de desempenho - são as variáveis usadas para valorar


quantitativamente a capacidade segundo a facilidade considerada, de acordo
com a Tabela 5.
Tabela 5 – Indicadores de Capacidade e Nível de Serviço

TIPO DE FACILIDADE INDICADOR DE UNIDADE


DESEMPENHO
“Freeways” Densidade ucp/km.faixa
Segmentos básicos Velocidade média no km/h
Áreas de entrelaçamento espaço
Junções de rampa Taxas de fluxo ucp/h
Rodovias Multi-faixas Densidade ucp/km.faixa
Velocidade de fluxo km/h
livre
Rodovias de duas faixas Atraso percentual %
Interseções Semaforizadas Atraso médio de s/veic
parada
Interseções com regra de Atraso médio total s/veic
prioridade
Artérias Velocidade média no Km/h
espaço
Transporte Coletivo Fator de carga Passageiro/km
Áreas de pedestres Espaço m2/pedestre

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