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Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
Departamento Acadêmico de Construção Civil

RODOVIA
Classificação Técnica
1. INTRODUÇÃO

Normas de projeto do DNER, atual DNIT:


1as normas: 1949, 1950 – “Normas para o Projeto de
Estradas de Rodagem”, com base em normas USA.
Alterações: “Manual de Projeto de Engenharia
Rodoviária, 1974”; “Normas para Projeto de Estradas
Rodagem, 1975”; “Instruções para Projeto Geométrico
de Rodovias Rurais, 1979”).
Atualmente: “Manual de Projeto Geométrico de
Rodovias Rurais, 1999”.
DEINFRA – utiliza normas alemãs.
2. PRINCÍPIOS DA CLASSIFICAÇÃO
TÉCNICA
Cada trecho de rodovia deve ter suas características
técnicas definidas de modo a atender:
o volume composição do tráfego;
a velocidade;
a natureza e frequência de acessos;
a jurisdição;
a situação hierárquica;
o tipo de relevo, etc.
Deve-se encontrar uma uniformidade nas rodovias com
funções semelhantes.
2. PRINCÍPIOS DA CLASSIFICAÇÃO
TÉCNICA
A nomenclatura permite uma noção da disposição
geográfica do traçado ao se conhecer sua sigla;

A classificação funcional permite que se tenha uma


noção da importancia da rodovia no contexto da rede e
das caracteristicas gerais de demanda;

A classificação técnica permite defnir as dimensões e


configuração espacial da rodovia da maneira que posso
atender suas funções satisfatoriamente.
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA
Os trechos da rede nacional são agrupados, para fins de
projeto, em 5 classes de rodovias, numeradas de 0 a IV,
sendo os principais critérios para definição da classe:
posição hierárquica dentro da Classificação Funcional;
volume médio diário de tráfego;
nível de serviço;
outros condicionantes (relevo, por exemplo).

A classificação técnica é feita com base em dois


parametros principais: volume de tráfego e relevo.
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA

3.1. POSIÇÃO HIERÁRQUICA DENTRO DA


CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL
Classes de projeto – desenvolvidas visando a
compatibilização com o sistema funcional:

Sistema Sistema Sistema


Local Coletor Arterial Tráfego

Projeto de Engenharia – critérios de classes


correspondentes à classe funcional  mesmo que Vtráfego
não justifique no momento.
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA

3.2. TRÁFEGO

Nível de tráfego – Fatores de correção:

Variações horárias: horários de pico (manhã e fim de


tarde).
Variações diárias e semanais – dias úteis e feriados: vias
urbanas (maior dias úteis); vias rurais (maior feriados).
Variações mensais – vias rurais (férias e colheitas).
Variações anuais – desenvolvimento econômico.
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA
Tráfego – tipos:
Existente;
Desviado;
Gerado.
Volume médio diário de tráfego – se refere ao tráfego
misto (diferente tipos de veículos) (Quadro 3.2.1 Manual PG pág 21.)
VMD Automóvel (%) Ônibus (%) Caminhão (%)
700 46 8 46
4000 49 8 45
9000 54 8 38
≥ 15000 59 8 33
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA

3.3. NÍVEL DE SERVIÇO

Definido para rodovias rurais de uma pista com 2


sentidos de tráfego (Highway Capacity Manual –
HCM, 1994).
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA

3.3. NÍVEL DE SERVIÇO

Condições ideais de fluxo contínuo:


Largura de faixa ≥ 3,60 m;
Afastamento lateral ≥ 1,80 m;
Velocidade de projeto ≥ 112 km/h (multivias) ou
≥ 96 km/h (pista simples, 2 faixas);
Somente veículos de passeio na corrente de tráfego;
Terreno plano.
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA

3.3. NÍVEL DE SERVIÇO

Com referência à natureza do terreno atravessado, o


HCM (Highway Capacity Manual , 1994) adota as
definições:

Terreno plano – qualquer combinação de


alinhamentos horizontais e verticais que permita aos
veículos pesados manter a velocidade dos carros de
passeio.
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA

3.3. NÍVEL DE SERVIÇO

Terreno ondulado – qualquer combinação de


alinhamentos que provoque a redução da velocidade dos
pesados, mas sem obrigá-los a manter velocidade de
arrasto por muito tempo.
Terreno montanhoso – qualquer combinação de
alinhamentos que os pesados operem em velocidade de
arrasto por distâncias significativas e a intervalos
frequentes.
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA
3.3. NÍVEL DE SERVIÇO
Medidas qualitativas: velocidade, tempo de viagem,
liberdade de manobras, conforto, capacidade de
escoamento do tráfego.
6 níveis:
A – ideal – fluxo livre
B – razoavelmente fluxo livre
C – volume maior de veículos
D – grande volume de veículos
E – limite da capacidade
F – filas e congestionamentos
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA

3.3. NÍVEL DE SERVIÇO

Nivel de serviço Minimos aceitáveis


3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA
3.4. OUTROS CONDICIONANTES

Fator econômico  custo da obra.

Influenciado  relevo da região: 3 categorias (AASHTO


– American Association of State Highway and
Transportation Officials, 1994):

Região plana – permite a implantação de rodovias


com grandes Dist. Visib., sem dificuldades de
construção e sem custos elevados;
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA
3.4. OUTROS CONDICIONANTES

Região ondulada – onde as inclinações naturais do


terreno exigem cortes e aterros de dimensões reduzidas
e eventualmente restrições à implantação dos
alinhamentos;

Região montanhosa – onde são abruptas as variações


longitudinais e transversais da elevação do terreno,
sendo necessários cortes e aterros para implantação.
3. CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA

3.4. OUTROS CONDICIONANTES


Relevo – considerado em termos de LMD (Linha de
Maior Declividade:
Região plana – LMD < 5,000%
Região ondulada – 5,000% < LMD < 15,000%
Região montanhosa – LMD > 15,000%
Considera-se em geral, embora não seja consenso, que
deve-se utilizar em:
Região plana – rampas de 0 a 2,000%
Região ondulada – rampas de 2,000% a 6,000%
Região montanhosa – rampas > 7,000%
4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE
PROJETO
4.1. Volume de Tráfego – nº de veículos que passa
pelo trecho em um dado intervalo de tempo  expressa a
demanda que solicita a rodovia.

Pode-se referir ao conjunto de diferentes tipos de veículos


ou cada categoria em particular, expresso em unidades.

Caso de projeto: volumes de tráfego misto, sendo os


intervalos mais utilizados: dia (v/d ou vpd) ou hora (v/h
ou vph).
4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE
PROJETO
4.2. Velocidade: para cada Classe de Projeto 
Velocidade Diretriz (maior velocidade que um trecho pode
ser percorrido com segurança dependendo apenas das
características geométricas da rodovia.)
4.3. Valores limites conforme a Classe Projeto:
Distâncias de visibilidade;
Distancias de ultrapassagem;
Raio de curvatura;
Superelevação;
Rampas;
4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE
PROJETO
4.3. Valores limites conforme a Classe Projeto:
Largura da faixa de trânsito;
Largura do acostamento;
Gabarito Vertical;
Afastamento lateral da borda do acostamento;
Largura do canteiro central.
5. CLASSES DE PROJETO
Resultou da experiência acumulada da malha implantada,
por exemplo, não existe uma regra tão fixa para definição
do tipo de relevo, é feito pelo projetista;

Consenso no país para atender de forma economicamente


viável e segura a demanda de tráfego;

Volume de tráfego + grau de dificuldade de implantação


+ relevo  fatores determinantes das classes.

Lembrando que… os níveis de serviço são determinados


para o VPH, para o 10o ano após a abertura da rodovia.
5. CLASSES DE PROJETO

Classe 0 (zero) ou Especial – corresponde ao melhor


padrão técnico, com características técnicas mais exigentes.

Adoção feita por critérios de ordem administrativa.

Projeto de rodovia em pista dupla, com separação física


entre as pistas, interseções em níveis distintos e controle
total de acessos, com características de Via Expressa.
5. CLASSES DE PROJETO
Classe I (um) – subdividida nas classes IA e IB.

Classe IA – projeto de rodovia com pista dupla, admitindo


interseções no mesmo nível e com controle parcial de
acessos. Definição com base em estudos de capacidade de
rodovias.
Classe IB – projeto de rodovia em pista simples,
sendo indicada para os casos em que a demanda a atender é
superior a 200 vph ou superior a 1400 vpd, mas não
suficiente para justificar a adoção de classes de projeto
superiores.
5. CLASSES DE PROJETO

Classe II (dois) – corresponde a projeto de rodovia em


pista simples, cuja adoção é recomendada quando a
demanda a atender é de 700 vpd a 1400 vpd.

Classe III (três) – corresponde a projeto de rodovia


em pista simples, sendo recomendada para o projeto de
rodovias com demanda entre 300 vpd e 700 vpd.
5. CLASSES DE PROJETO
Classe IV (quatro) – é a classe de projeto mais pobre,
correspondendo a projeto de rodovia em pista simples,
sendo subdividida nas classes IVA e IVB.

Classe IVA – adoção recomendada para os casos em que a


demanda, na data de abertura da rodovia ao tráfego, situa-se
entre 50 vpd e 200 vpd.

Classe IVB – reservada aos casos em que essa demanda


resulte inferior a 50 vpd.
5. CLASSES DE PROJETO
Critérios de classificação técnica, vd recomendadas para o
projeto de rodovias novas, para as diferentes condições de
relevo da região atravessada.
5. CLASSES DE PROJETO

Os principais critérios para definição da classificação


técnica de acordo DNIT:

- Respeitar a posição hierarquica da rodovia dentro da


classificação;
- Atender adequadamente aos volumes de tráfego
previstos ou projetados;
- Verificar os niveis de serviço com a demanda que será
atendida;
- Observar outras condicionantes, tais como fatores de
ordem economica, decisões a niveis nacional e
regional.
5. CLASSES DE PROJETO

Considerando o critério de observar a classificação


funcional de rodovias, o DNER/DNIT sugere a
correspondência com as classes de projeto:

rodovias do Sist. Arterial Principal: Classes 0 e I;


rodovias do Sist. Arterial Primário: Classe I;
rodovias do Sist. Arterial Secundário: Classes I e II;
rodovias do Sist. Coletor Primário: Classes II e III;
rodovias do Sist. Coletor Secundário: Classes III e IV.
rodovias do Sist. Local: Classes III e IV.
Quadro 1. Classes de projeto
Quadro 1. Classes de projeto
Quadro 1. Classes de projeto
6. CASO DE MELHORAMENTOS

As normas admissíveis para os casos de melhoramentos


em rodovias já existentes, são, em princípio, um pouco
menos restritivas que as anteriores.

Foram introduzidas novas classes de projeto, aplicáveis


aos casos de melhoramentos de rodovias existentes,
denominadas M-0, M-I, M-II, M-III e M-IV, que
correspondem, respectivamente, às classes de
Melhoramentos para as rodovias de Classe 0, Classe I,
Classe II, Classe III e Classe IV.
7. OBSERVAÇÕES

1. O Manual de Projeto Geométrico de rodovias rurais


(DNIT) DNER considera que as rodovias vicinais
integram as classes funcionais correspondentes ao
Sistema Coletor Secundário ou ao Sistema Local 
projetos desenvolvidos de acordo com as Normas
para o projeto de rodovias vicinais (BNDES, 1976).
7. OBSERVAÇÕES

2. O critério de atendimento aos volumes de tráfego é


observado quando se estabelece a classe de projeto.

3. O critério de verificação dos Níveis de Serviço


projetados para a operação da rodovia deve ser sempre
observado. Maiores volumes de tráfego  estudos
específicos.
7. OBSERVAÇÕES

4. Nos projetos de rodovias de Classe 0 em regiões de


relevo plano ou ondulado  diminuição (desde
1979) da largura mínima das faixas de trânsito de
3,75 m para 3,60 m.

5. Os Manuais mantiveram de forma indireta a


recomendação de largura de faixa de trânsito de
3,75 m para os projetos de melhoramentos de
rodovias existentes na Classe 0.
7. OBSERVAÇÕES

6. O projetista não deve tomar rigidamente os valores


apontados nos Manuais (Normas e Instruções devem
ser seguidas), lembrando que os valores são os
mínimos (ou máximos) aplicáveis  adotar a prática
de fixar valores menos restritivos, justificáveis do
ponto de vista técnico-econômico.

7. As Normas e os Manuais do DNER estabelecem,


ainda, uma terminologia imprópria para as rodovias de
Classe Especial, ao denominá-las “Vias Expressas”.
7. OBSERVAÇÕES

8. Na terminologia internacional as rodovias desta classe,


que contam com controle total de acessos e interseções
em níveis distintos, são classificadas como Freeways.

9. O termo “Via Expressa” deveria ser reservado às


denominadas Expressways, que são rodovias de pistas
duplas, com controle parcial de acessos, admitindo
interseções no mesmo nível, correspondendo às
rodovias da Classe IA do DNIT/DNER.
8. Exercicios
1. Que siglas podem ser utilizadas para designar as seguintes
rodovias federais mostradas nos mapas abaixo.
a) A rodovia situada mais ao sul, no mapa da esquerda?
b) A rodovia situada mais ao noroeste, no mapa da direita?
c) A rodovia cuja traçado passa mais próximo de Brasilia, no mapa
do meio?
8. Exercicios
2. Qual seria, de acordo com as normas do DNIT, a classe de projeto
recomendanda, para uma rodovia rural, integrante do sistema arterial
secundário, cujo volume de tráfego misto bidirecional fosse de 700
vpd?

3. Qual seria, de acordo com as normas do DNIT, o menor raio de


curva a empregar, para uma curva horizontal, no projeto de uma
rodovia rural em pista simples, na classe I, numa região de relevo
muito acidentado, considerando uma velocidade diretriz de 60 km/h?
8. Exercicios
4. Qual seria, de acordo com as normas do DNIT, o menor raio de
curva a empregar, para uma concordancia horizontal, no projeto de
uma rodovia rural de classe IA, em região de relevo plano, caso a
velocidade diretriz adotada fosse de 120km/h?

5. Qual é, de acordo com as normas do DNIT, a menor largura a


adotar para cada faixa de transito, no projeto de melhoramento de uma
estrada, na classe M-II, em região de relevo montanhoso?

6. Qual é, de acordo com as normas para o projeto de rodovias


vicinais, a maior rampa a ser considerada para os trechos retos do
greide, no projeto em perfil de uma rodovia, na classe C, numa região
de relevo ondulado?
8. Exercicios
Respostas:
1. a) BR-470 b) BR-323 c)BR-116
2. Classe II
3. Rmin = 125m
4. Rmin = 540m
5. Lfaixa = 3,0m (pista simples)
6. I máx = 7,000%
REFERÊNCIAS
http://www1.dnit.gov.br

Thives, L.P. Notas de aula de ECV5115/UFSC, 2015.

Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais. DNER, 1999.

Albano, J.F., 2009. Rodovias, Introdução ao Projeto Geométrico,


Projeto de Terraplenagem e Sinalização. FEEng/UFRGS, Porto
Alegre/RS, Brasil. ISBN 978-85-88085-41-1.

Lee, S.H., 2008. Introdução ao Projeto Geométrico de Rodovias.


3ª ed. Editora da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), Florianópolis, S.C., Brasil. ISBN 978-85-328-0436-5.

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