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Projeto Geométrico de Rodovias

ELUCIDAR AS PRINCIPAIS VARIÁVEIS INTRODUTÓRIAS AO PROJETO GEOMÉTRICO DE RODOVIAS.

Projeto geométrico de rodovias


O projeto geométrico relaciona as características de operação, segurança, conforto e economia com os seus

elementos físicos de uma rodovia.

As principais atividades para elaboração do projeto de uma estrada são:

Elaboração do projeto - geométrico, terraplenagem, pavimentação, drenagem, obras de arte (correntes e


especiais), viabilidade econômica, desapropriação, interseções, retornos e acessos, sinalização e elementos
de segurança;
Orçamentos de obra e plano de execução;
Relatório de impacto ambiental.
Alguns fatores podem influenciar o traçado escolhido para a rodovia, tais como a TOPOGRAFIA DA REGIÃO,

CONDIÇÕES GEOLÓGICAS E GEOTÉCNICAS LOCAIS, HIDROLOGIA DA REGIÃO e a EXISTÊNCIA DE


BENFEITORIAS NO LOCAL ESCOLHIDO.
Cabe uma análise de benefícios e custos para a melhor decisão do traçado.

O método utilizado para a escolha do traçado envolve as seguintes fases: reconhecimento ou anteprojeto;
exploração e projeto final ou definitivo.

A representação gráfica do projeto geométrico de uma estrada é feita por um conjunto de desenhos
denominados: planta, perfil longitudinal e seções transversais.

A planta é a representação, em escala conveniente, da projeção da estrada sobre um plano horizontal

(Figura 1).

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Legenda: FIGURA 1: PLANTA. FONTE: PIMENTA E OLIVEIRA (2004).

O perfil longitudinal é a representação, em escala conveniente, da interseção da estrada com a superfície

cilíndrica vertical que contém o eixo da estrada (Figura 2).

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Legenda: FIGURA 2: PERFIL LONGITUDINAL. FONTE: PIMENTA E OLIVEIRA (2004).

Seções transversais são representações, em escala conveniente, de cortes da estradas feitos por planos
verticais, perpendiculares ao eixo da estrada. São normalmente localizadas em escalas inteiras e outros
pontos onde necessárias (Figura 3).

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Legenda: FIGURA 3: SEçõES TRANSVERSAIS. FONTE: PIMENTA E OLIVEIRA (2004).

Classificação das Rodovias


A primeira maneira de classificar as rodovias é quanto a jurisdição da via, ou seja, federais, estaduais,
municipais e vicinais (essas podem ser municipais ou privadas).
A classificação das estradas federais é estabelecida pelo DNIT, e, essas recebem o prefixo BR, acrescido de
três algarismos, sendo que o primeiro algarismo tem o seguinte significado:

0 - rodovias radiais
1 - rodovias longitudinais
2 - rodovias transversais
3 - rodovias diagonais
4 - rodovias de ligação
Maiores informações a respeito podem ser obtidas em http://www.dnit.gov.br/rodovias/rodovias-
federais/nomeclatura-das-rodovias-federais (http://www.dnit.gov.br/rodovias/rodovias-
federais/nomeclatura-das-rodovias-federais)

Todavia, é necessária uma classificação técnica relacionada à operação do tráfego (velocidade, rampas,
raios. larguras de pista e acostamento, distância de visibilidade, níveis de serviço etc.). Além do tráfego, a
importância e a função da rodovia constituem elementos para seu enquadramento em determinada classe
de projeto. As classes de projeto recomendadas encontram-se resumidas na Tabela 1.
Tabela 1 - Classes de Projeto (Áreas Rurais)

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(Fonte: DNER, 1979)

CLASSES DE
CARACTERÍSTICAS CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA
PROJETO

Via Expressa
0 Decisão Administrativa
Controle Total de
Acesso

Pista Dupla
Volumes de tráfego previstos ocasionarem níveis de serviço em rodovia
A
Controle Parcial de de pista simples inferiores a NS C ou D
Acesso
I
Pista Simples
Volume horário de projeto > 200
B
Controle Parcial de Volume Médio Diário (VDM) > 1400
Acesso

II Pista Simples VDM entre 700 e 1400

III Pista Simples VDM entre 300 e 700

A Pista Simples VDM2 entre 50 e 200


IV
B Pista Simples VDM2 < 50

1 Os volumes de tráfego bidirecionais indicados referem-se a veículos mistos e são aqueles previstos no 10º

ano após a abertura da rodovia ao tráfego.


2 Volumes previstos no ano de abertura ao tráfego.
 

Elementos Básicos para o Projeto Geométrico


Velocidade
É preciso diferenciar velocidade de projeto de operacional, primeiramente.
a) Velocidade de Projeto (Vp): ou velocidade diretriz, segundo a American Association of State Highway and
Transportation Officials (AASHTO), é a máxima velocidade que um veículo pode manter, em um trecho da
estrada, em condições normais, com segurança. A Vp é fator decisivo na definição do padrão da estrada e

deve ser coerente com a topografia da região e classe de rodovia.


b) Velocidade de Operação (Vo):é a média de velocidade para todo o tráfego ou parte dele, obtida pela soma
das distâncias percorridas dividida pelo tempo de percurso.
Tabela 2: Valores de velocidade de projeto recomendados pelo DNER

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VELOCIDADE DO PROJETO (km/h)


CLASSES DE PROJETO
PLANA ONDULADA MONTANHOSA

0 100 100 80

A 100 80 60
I
B 100 80 60

II 80 70 50

III 70 60 40

A 60 40 30
IV
B 60 40 30

 
Distância de Visibilidade
A estrada tem que oferecer condições de visibilidade suficientes para que o motorista possa desviar ou parar
diante de qualquer obstáculo que possa surgir no seu percurso, ou seja, a segurança da estrada está
diretamente relacionada às condições de visibilidade. Alguns valores devem ser respeitados para atender
essas condições: distância de frenagem (Df) e distância de ultrapassagem (Du).
a) Distância de Frenagem (Df):  É a distância mínima para que um veículo que percorre a estrada, na Vp,
possa parar, com segurança, antes de atingir um obstáculo em sua trajetória. Para se determinar a distância
de frenagem deve-se considerar o tempo de percepção e o tempo de reação do motorista.

Tempo de percepção é o intervalo de tempo entre o instante em que um motorista percebe um obstáculo a
sua frente e o em que decide iniciar a frenagem (~ 0,7s). Recomenda-se adotar 1,5s.
Tempo de reação é o intervalo de tempo entre o instante em que o motorista decide frenar e o instante em
que efetivamente inicia a frenagem (~ 0,5 s). Recomenda-se adotar 1s.
Df = D1 + D2
D1 = 0,7v, onde V = velocidade de projeto (km/h)
A energia cinética do veículo no início do processo de frenagem deve ser anulada pelo trabalho da força de
atrito ao longo da distância de frenagem.

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Efeito das rampas sobre a distância de frenagem: 

onde:
D1 = distância percorrida pelo veículo no intervalo de tempo entre o instante em que o motorista vê o
obstáculo e o instante em que inicia a frenagem (m)
D2 = distância percorrida pelo veículo durante a frenagem (m)
i = a inclinação longitudinal do trecho (rampa). A porcentagem de inclinação das rampas será (+) nos
trechos de subida, (-) nos trechos de descida.
O coeficiente de atrito (f ) não é o mesmo para todas as velocidades, diminuindo a medida que a velocidade
aumenta.
b) Distância de Visibilidade para Ultrapassagem (Du): Consiste no comprimento de estrada necessário para
que um veículo possa executar a manobra de ultrapassagem de outro veículo com segurança. O valor
mínimo para Du indica a condição mínima de visibilidade a ser respeitada em alguns trechos da estrada.x

Obs: trechos com mais de 2 km sem visibilidade mínima para ultrapassagem reduzem a segurança e a
capacidade de tráfego.
Expressões:
[Du = d1 + d2 + d3 + d4]
onde:
d1 = 0,278 . t 1 (V1 - m + (a . t 1 / 2)
d2 = 0,278 . V 1 . t 2
d3 = tabelado de acordo com a AASHTO.

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d4 = (2 . d2) / 3
A tabela 3 traz valores para distância de visibilidade.

 
Tabela 3. Valores adotados para cálculo de Du pela AASHTO (1994)

Grupo de velocidades (km/h) 50-65 66-80 81-95 96-110


Vel. média de ultrapassagem (km/h) 56 70 84 99

Manobra inicial 0,88 0,89 0,92 0,94


a (km/h/s)        
t1 (s) 3,6 4,0 4,3 4,5
d1(m) 45 65 90 110

Ocupação da faixa da esquerda 9,6 10,0 10,7 11,3


t2 (s)        
d2 (m) 145 195 205 315

Espaço de segurança d3 (m) 30 55 75 90

Veículo que trafega no sentido oposto d4 (m) 95 130 165 210

Du = d1 + d2 + d3 + d4 (m) 315 445 580 275

 
Para maiores informações, cabe a leitura das referencias bibliográficas utilizadas para redação desse texto.

ATIVIDADE FINAL

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Todas as curvas horizontais de um traçado devem necessariamente

assegurar a visibilidade a uma distância não inferior à distância de


frenagem (Df). Distância de frenagem (Df) é a mínima distância
necessária para que um veículo que percorra a estrada na velocidade de
projeto possa parar, com segurança, antes de atingir um obstáculo na
sua trajetória. Devem ser considerados no cálculo da distância de
frenagem:
I - velocidade de projeto da via;

II - coeficiente de atrito longitudinal pneu x pavimento


III - inclinação longitudinal do trecho (rampa)
São verdadeiros os itens apresentados em:

A. Somente I
B. Somente I e II 

C. Somente I e  III
D. Somente II e III 
E. somente I , III  e II 

REFERÊNCIA
Pimenta, Carlos R. T. Oliveira, Márcio P. Projeto geométrico de rodovias. 2. ed. São Carlos, SP : Rima,  2004. 
Pontes Filho, Glauco. Estradas de rodagem : projeto geométrico. São Carlos : Instituto Panamericano de
Carretas,  1998
Shu, Han Lee. Introdução ao projeto geométrico de rodovias. 2. ed., rev. e amp. Florianópolis : Ed. da UFSC,
 2005.

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