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Mecânica dos Sólidos III

FADIGA
CARREGAMENTO FLUTUANTE:

Muitos elementos de máquinas e de estruturas são submetidos a um tipo de


carregamento conhecido como carregamento flutuante, sob o qual a carga é aplicada e
removida, ou sua intensidade (e freqüentemente seu sentido) é alterada, milhares de
vezes durante a vida do mesmo.

Ex: válvulas, pistões, bielas e virabrequim, etc.

TIPOS DE TENSÕES FLUTUANTES:

Período  Intervalo de tempo


Ciclo  Conjunto de todos os valores das tensões correspondentes a 1 período.

a) Tensão variada:

Tração

Compressão Mim  Tensão


Mínima.
Máx  Tensão
Máxima.
a 
b) Pulso de tensão ou tensão repetida: Amplitude de
tensão.
Med  Tensão
média .
f  Faixa de
tensão.
Pulso de Tração


Med = a = /2
a

Mim = 0
 máx

f

Máx = f = 
a

0 tempo R=0
 mim

OBS: Razão de fadiga é definida como sendo:

 Mim
R
 Máx

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Pulso de Compressão
Med = a
Mim = - 
Máx = 0
R = 

c) Tensão alternada

Med = 0

Mim = - 
a

Máx = + 

f
0 tempo
a = 
a

R = -1 (Razão de
fadiga).

d) Tensão Variável de compressão

OBS:
1 - A forma das curvas não tem importância particular.
2 - As tensões podem ser de cisalhamento.

RELAÇÕES:

Máx = Med + a (21)

Mim = Med - a
22)

 Máx   Mim
 Med  (23)
2
 Máx   Mim
a  (24)
2
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ENSAIO DE FADIGA: Realizados em máquinas de ensaios mecânicos com


mecanismo para ensaios dinâmicos. As mais conhecidas são:

MTS  Material Test System (USA)


INSTRON  (Inglesa)

Característica: submete-se a amostra a vários níveis de carga e calcula-se o número de


ciclos de ruptura. Os dados são plotados em papel semi-log com objetivo de se detectar
a inflexão da curva.

O ensaio pode ser efetuado com controle de tensão ou deformação. Os corpos de


prova são normalizados, dependendo do tipo de material.
A –B  Metais ferrosos, não possuem um nº. de ciclos de falha. S'f  Possuem um
limite de resistência à fadiga.

C - D - (SN)  Metais não ferrosos - possuem um número limitado de ciclos de falha.


Possuem Resistência à Fadiga.

OBS:

1 - O índice de resistência à deterioração estrutural, sob carregamento alternado, é


conhecido como Limite de Resistência à Fadiga (S’f) (Limite de Endurance). O
mesmo é definido como a máxima tensão alternada a qual o material é submetido,
milhões de vezes sem ruptura.

2 - No projeto de máquinas pode-se estimar a vida útil da máquina, tomando-se um


determinado número de ciclos com uma tensão mais alta que o limite de resistência à
fadiga (limite de endurance). Esta tensão geralmente é conhecida como resistência à
fadiga do material (SN).

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RELAÇÃO ENTRE O LIMITE DE RESISTÊNCIA À FADIGA (S’f) E A


RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DO MATERIAL.

Para aços

Sistema SI:
- S’f varia de 40% a 60% de SultT  S’f = 0,504 SúlT (para SúltT até 1.400MPa)

- Para SultT acima 1.400MPa  S’f = 700MPa.

Sistema Inglês
- S’f = 0,504 SultT  SultT  200Ksi

- S’f = 100Ksi  SultT > 200Ksi

Para Ferro Fundido


- S’f = 0,40 SultT

EFEITO FÍSICO SOBRE O MATERIAL: (Fratura)

Uma micro-fissura se forma numa região de alta tensão localizada, e uma


concentração de tensão muito elevada acompanha esta fenda. Como a carga flutua, a
trinca “abre e fecha” e se propaga através da seção. Em geral, esta propagação continua
até que a área da seção transversal seja insuficiente para aguentar o carregamento e a
peça se rompe, sendo denominada de ruptura por fadiga.

OBS:
1) A ruptura ocorre para tensões bem inferiores a resistência elástica do material.
2) Características da fratura (duas zonas distintas):

I) Polida  desenvolvimento progressivo da fissura.


II) Rugosa  ruptura final (característica do material frágil).

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FATORES MODIFICADORES DO LIMITE DE RESISTÊNCIA À FADIGA.

Sf < S’f

Sf  Limite de resistência à fadiga de um elemento de máquina.


S’f  Limite de resistência à fadiga do corpo de prova no ensaio mecânico.

FATORES DE CORREÇÃO PARA EFEITOS SEPARADOS.

Sf = Ka · Kb · Kc · Kd · Ke · Kf · S’f (24)

Onde:

Ka = Fator de superfície

Kb= Fator de tamanho

Kc = Fator de carga

Kd = Fator de temperatura

Ke = Fator de concentração de tensão

K’f = Fator de efeitos diversos

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DESCRIÇÃO DOS FATORES

 Ka  Fator de Superfície (Acabamento Superficial)

OBS:
1- Superfície do Corpo de Prova é polida.
2- A maioria das peças não tem um bom acabamento superficial (redução da
resistência).

Ka = a · SUT b

a e b  Determinados em tabelas.
SUT  Resistência última à tração.

OBS: Para os metais ferrosos como as ligas de alumínio (Sn já inclui o acabamento
superficial.)

 Kb  Fator tamanho (Dimensão da Peça)

Kd  (d / 0,3) –0,1133 para 0,11  d  2 in

Kd  (d / 7,62) –0,1133 para 2,79  d  51mm

OBS:
1- O fator tamanho é considerado para cargas envolvendo flexão e torção.

2- Para grandes dimensões Kb varia de 0,60 à 0,75 (flexão e torção)

3- Para carregamento axial: Kb = 1

 Kc  Fator de carga

Kc = 0,923  carga axial, SUT  220Kpsi (1520Mpa)

Kc = 1  carga axial, SUT > 220Kpsi

Kc = 1  flexão
Kc = 0,577  Torção e cisalhamento

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OBS: Outros valores já foram encontrados para os carregamentos de torção e flexão


como Kc = 0,565 ou Kc = 0,585.

 Kd  Temperatura. (Condição de serviço).

Baixa temperatura (Provoca fratura frágil)  fratura quebradiça.


Alta temperatura (baixa fluência)  escoamento “precoce”.

ST
Kd 
S RT

ST  Resistência à tração na temperatura de operação.


SRT  Resistência à tração na temperatura ambiente.

OBS: Recomenda-se a realização de ensaios experimentais.

 Ke  Fator de concentração de tensão.

OBS: Duas formas de ser considerado.

1- Influência nas propriedades do material  S’n.

Ke = 1/Kf

Sendo:

Kf  Coeficiente prático de concentração de tensão

Kf = 1+ q(Kt – 1)

Onde:
Kt é determinado graficamente, em função da geometria da peça.
q é denominado índice de sensibilidade ao entalhe (determinado graficamente).

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2- Atuante no cálculo da carga.

Uso direto de KF no calculo da amplitude de tensão, tensão media, tensão


máxima, etc. ( Ke =1).

OBS: A concentração de tensão pode ser desprezada na fadiga de baixo ciclo. (N 103
ciclos).

OBS: Pode-se reduzir Kf para valores entre N = 103 e N = 106 ciclos; Kf ’= Kf em:

Kf ’ = a(N)b  103  N  106 Ciclos.


Kf ’ =1 N = 103 Ciclos.

Onde: a = 1/Kf e b = 1/3log (1/Kf) .

 K’f  Efeitos diversos

OBS: não existe valor concreto.

1- TENSÕES RESIDUAIS: Afetam a resistência à fadiga do material.


Compressão na superfície  Aumenta o Sn. Tração na superfície  diminui
Sn.
2- ENDURECIMENTO SUPERFICIAL

3- CORROSÃO - Diminui a resistência à fadiga tendo em vista que a


superfície se torna áspera e com descontinuidade. A corrosão e as tensões
ocorrem simultaneamente dificultando o problema (Fator de segurança).

4- REVESTIMENTO:

Revestimentos metálicos como: Cromagem, niquelagem, revestimento de


cádmio (reduzem o Sn até 35%).

OBS: O único metal que não reduz o Sn é o zinco.

DIAGRAMAS DE FALHA

Em função dos parâmetros Med e a estuda-se a resistência à fadiga de uma


peça.

DIAGRAMA MODIFICADO DE GOODMAN, DIAGRAMA DE GOODMAN +


ESCOAMENTO, DIAGRAMA DE SODERBERG:

DIAGRAMA PARA FINS DE PROJETO: (SIMPLES).

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- Linhas cheias como critério de falha.


- Falha por escoamento à tração e compressão.

Diagrama mostrando como se determina os valores limites de Med e a, quando


se conhece a razão entre estas tensões.
Os pontos de interseções em cada quadrante definem os pontos de transição
entre falha por fadiga ou por escoamento.

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