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LSD- DIETILAMINA DO ÁCIDO LISÉRGICO

A dietilamida do ácido lisérgico é uma droga alucinógena potente que


por muitos anos foi utilizada na terapêutica clínica e que devido seu uso de
forma indiscriminada, logo foi considerada uma droga ilícita. Estabelecimento
de leis dificultaram o acesso à droga reduziram substancialmente as pesquisas
acerca de seus efeitos terapêuticos. Após décadas de controvérsias, a
dietilamida do ácido lisérgico está sendo reconsiderada pela comunidade
científica, mostrando perspectivas dessa droga para terapia de diversas
patologias. Últimos estudos mostraram que se administrada em doses corretas
e sob supervisão médica a dietilamida do ácido lisérgico pode ser eficaz no
tratamento de desordens psiquiátricas, de tumores e do alcoolismo, apesar do
grande número de efeitos adversos causados por essa droga.

O LSD é a dietilamina do ácido lisérgico, um alcaloide de síntese


extraída do esporão do centeio (derivados do ácido lisérgico). É considerado
um potente alucinógeno, onde consiste em alterações do pensamento,
sensações e percepções que se tornam mais intensas devido ao seu uso
prolongado. É também um composto quiral com dois estereocentros nos
átomos de carbono 5 e 8, portanto possui quatro isômeros diferentes do LSD.
O sal do LSD totalmente puro emite pequenos flashes de luz branca quando
sacudidos no escuro. O LSD é muito fluorescente e fica levemente azulado na
luz ultravioleta (SHULGIN; SHULGIN, 1999).

FORMA MOLECULAR
CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA

O LSD (dietilamida do ácido lisérgico) pertence à classe de alucinógenos


indolalquilaminas junto com a psilocina, a psilocibina, o dimetiltriptamina (DMT)
e o 5- metoxi-DMT. Existe também a classe das fenilalquilaminas, que inclui o
2-5-dimetoxi-4- metilanfetamina (DOM) e a mescalina (CAZENAVE, 1996).
Existe uma semelhança estrutural entre a classe dos indolalquilaminas com a
serotonina (5-HT) (figura 3). Esses alucinógenos apresentam um núcleo
indoletilamina, semelhante ao da 5-HT. A classe das fenilalquilaminas
apresenta um núcleo feniletilamina, semelhante à noradrenalina. A mescalina
(figura 3), apesar das diferenças estruturais, apresenta tolerância cruzada com
o LSD em humanos (AGHAJANIAN; MAREK, 1999; CAZENAVE, 1996).
MECANISMO DE AÇÃO

O LSD atua produzindo uma série de distorções no funcionamento do


cérebro, trazendo como consequência uma variada gama de alterações
psíquicas. A experiência subjetiva com o LSD e outros alucinógenos depende
da personalidade do usuário, de suas expectativas quanto ao uso da droga e
do ambiente onde é ingerida. Enquanto alguns indivíduos experimentam um
estado de excitação e atividade, outros se tornam quietos e passivos.
Sentimentos de euforia e excitação (“boa viagem”) alternam-se com episódios
de depressão, ilusões assustadoras e sensação de pânico (“má viagem”).

O LSD é capaz de produzir distorções na percepção do ambiente –


cores, formas e contornos alterados –, além de sinestesias, ou seja, estímulos
olfativos e táteis parecem visíveis e cores podem ser ouvidas. Outro aspecto
que caracteriza a ação do LSD no cérebro refere-se aos delírios. Estes são o
que chamamos “falsos juízos da realidade”, isto é, há uma realidade, mas a
pessoa delirante não é capaz de avaliá-la corretamente. Os delírios causados
pelo LSD geralmente são de natureza persecutória ou de grandiosidade.

DOSES EFORMAS DE USO

Os alucinógenos são geralmente considerados fisiologicamente seguros,


sendo seus principais efeitos no sistema nervoso central (SNC). Eles produzem
estados alterados de consciência, mas em doses não tóxicas. Não há
evidências de que algum alucinógeno, mesmo a poderosa dietilamida do ácido
lisérgico (LSD), tenha causado dano a algum órgão humano. A morte causada
diretamente pela toxicidade do LSD nunca foi confirmada. Em geral, o LSD não
causa ameaça às funções cardiovasculares, renais e hepáticas, pois apresenta
baixa ou nenhuma afinidade por receptores ou alvos que mediam funções
vegetativas vitais (NICHOLS, 2004). As doses orais do LSD são conhecidas,
mas a letal é apenas uma estimativa. Existem casos de mortes acidentais,
suicídios e homicídios envolvendo o uso do LSD, mas não relacionadas com
seus efeitos tóxicos.

Na produção de LSD, leva-se de 2 a 3 dias para se obter


aproximadamente 30 a 120 gramas. Os cristais de LSD produzidos
clandestinamente podem apresentar alta pureza, entre 95-100%. Com essa
pureza, 1 g de LSD pode chegar a produzir 20.000 doses.
FARMACOCINÉTICA

A dietilamida do ácido lisérgico (LSD) é rapidamente absorvida no trato


gastrintestinal, se liga fortemente às proteínas plasmáticas, é distribuída nos
tecidos, aparecendo em altos níveis no cérebro. Seu início de ação ocorre
dentro de 15-60 minutos, com efeitos persistindo por 8 horas ou mais. A meia-
vida do LSD é estimada em 175 minutos. O LSD foi detectado na urina por um
período de 34-120 horas, na concentração de 2-28 μg/L, em 7 indivíduos que
receberam uma dose de 300 μg por via oral. O LSD é amplamente
metabolizado pelo fígado a 2-oxo-LSD, que é inativo. Sua excreção é renal,
sendo que menos de 1% da droga inalterada é eliminada pela urina. (TRNKA;
PERRY, 2005). O nor-LSD, 2-oxo-3-hidroxi-LSD e o 13 ou 14-hidroxi-LSD
glicuronida podem ser detectados na urina em até 96 horas depois da
administração, enquanto que o LSD, normalmente somente de 12-24 horas. O
2-oxo-3-hidroxi-LSD é presente na urina humana em concentrações 16-43
vezes maiores que do LSD. A concentração ativa de LSD no sangue é muito
baixa (a concentração máxima no plasma depois da administração de 70 μg é
de 2 μg/Kg). Devido à baixa concentração de LSD no plasma, as análises são
freqüentemente feitas em amostras de urina (JOHANSEN; JENSEN, 2005). O
iso-LSD não é um metabólito do LSD, mas tem sido detectado com freqüência
em urina e outros fluidos corporais de usuários de LSD, porque esse é o
principal contaminante em muitas preparações ilícitas (REUSCHEL; EADES;
FOLTZ, 1999). Os metabólitos do LSD mantêm uma larga porção estrutural do
composto original (figura 10). A determinação do LSD é importante para
monitorização de abuso de drogas, e requer um procedimento analítico
sensível e específico, visto que o LSD é ativo em doses muito baixas. A
identificação do 2-oxo-3-hidroxi-LSD, principal metabólito, pode dar uma idéia
do momento que o LSD foi administrado. Os metabólitos do LSD, 2-oxo-LSD,
2-oxo- 3-hidroxi-LSD, nor-LSD, etilamida do ácido lisérgico (LEA), ácido etil-2-
hidróxietilamida lisérgico (LEO) e 13 ou 14-hidroxi-LSD glicuronida, são
inativos. (CANEZIN, et al. 2001).
A incubação de LSD com microssomos de fígado humano, permitiu a detecção
de pelo menos mais cinco metabólitos ainda não detectados. Outros
metabólitos tem sido identificados em animais de laboratório, mas ainda não
foram encontrados em amostras de urina e sangue humano (REUSCHEL;
EADES; FOLTZ, 1999).

EFEITOS NO ORGANISMO

O LSD-25 tem poucos efeitos sobre outras partes do corpo. Logo de


início, 10 a 20 minutos após tomá-lo, o pulso pode ficar mais rápido, as pupilas
podem ficar dilatadas, além de ocorrer sudoração, e a pessoa pode sentir-se
com certa excitação. Muito raramente, têm sido descritos casos de convulsão.
Mesmo doses muito altas de LSD não chegam a intoxicar seriamente uma
pessoa, do ponto de vista físico.
O perigo do LSD-25 não está tanto em sua toxicidade para o organismo,
mas sim no fato de que, pela perturbação psíquica, há perda da habilidade de
perceber e avaliar situações comuns de perigo. Isso ocorre, por exemplo,
quando a pessoa com delírio de grandiosidade se julga com capacidades ou
forças extraordinárias, sendo capaz de, por exemplo, voar, atirando-se de
janelas; com força mental suficiente para parar um carro em uma estrada,
ficando na sua frente; andar sobre as águas, avançando mar a dentro.
Há também descrições de casos de comportamento violento, gerado
principalmente por delírios persecutórios, como no caso de o usuário atacar
dois amigos (ou até pessoas estranhas) por julgar que ambos estão tramando
contra ele.
Ainda no campo dos efeitos tóxicos, há também descrições de pessoas
que, após tomarem o LSD-25, passaram a apresentar por longos períodos de
intensa ansiedade, depressão ou mesmo acessos psicóticos. O “flashback” é
uma variante desse efeito a longo prazo: semanas ou até meses após uma
experiência com LSD-25, a pessoa repentinamente passa a ter todos os
sintomas psíquicos daquela experiência anterior, sem ter tomado de novo a
droga.
O “flashback” é geralmente uma vivência psíquica muito dolorosa, pois a
pessoa não estava procurando ou esperando ter aqueles sintomas, e assim
eles acabam por aparecer em momentos bastante impróprios, sem que ela
saiba por que, podendo até pensar que está ficando louca.

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