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Trabaalho de Fim

F de Curso
C – EA006
E

João Gorenste
G in Dedeccca – RA 033493
0

jdedeccca@gmaail.com

O Setor Elétriico e a Enerrgia Eóólica n


no Bra
asil

O
Orientad
dor: Vivaaldo Fern a Costa – (19) 35521-3752
nando da 2
Faaculdade de
d Engenhharia Elétriica e de Computaçãão – FEEC
C/UNICAM
MP
 

Sumário
o
Introduçção.................................................................................................................................................... 4
Objetiivos ................................................................................................................................................. 4
Metoddologia ............................................................................................................................................ 4
I - A Maatriz Energétiica Mundial ................................................................................................................ 6
Substiituição do Caarvão pelo Petróleo no sééc. XX ................................................................................. 6
Tendêências no connsumo de eneergia no munndo ...................................................................................... 8
Carrvão Minerall ................................................................................................................................... 9
Petrróleo.............................................................................................................................................. 11
Gáss Natural ........................................................................................................................................ 15
Hiddroeletricidadde .............................................................................................................................. 18
II - Deseenvolvimentoo Histórico do
d Setor Eléttrico Brasileiiro .................................................................. 22
Justifiicativa para as
a limitaçõess do estudo ............................................................................................. 22
A economia brasilleira até 19733 ............................................................................................................ 23
A situuação energéttica até 19733 ............................................................................................................. 24
A crisse energética de 1973-19983 ......................................................................................................... 29
A crisse energética e a economiia brasileira ....................
. ...................................................................... 30
Desennvolvimento do setor eléttrico brasileirro a partir dee 1973 ............................................................ 31
Alteraações no setoor elétrico a partir
p de 1988 ....................................................................................... 34
Troca de Governoo e Reforma do
d Modelo ............................................................................................. 41
III - A Matriz
M Energéética Mundiaal, o Históricco do Setor Elétrico E e o Futuro
F da Eneergia Eólica no
Brasil ......................................................................................................................................................... 43
Desennvolvimento da Energia Eólica
E no Muundo .................................................................................. 43
IV - Asppectos Técniccos de Turbinnas e Parquees Eólicos .......................................................................... 47
Configgurações de Turbinas e Parques
P Eóliccos .................................................................................... 47
Métodos de Conntrole ........................................................................................................................ 47
Desennvolvimento Histórico daas Arquiteturras ...................................................................................... 49
Métoddos de previssão ............................................................................................................................. 50
Métodos para a previsão de médio e curtto-prazo ............................................................................ 51
Previsão da Eletricidade Geerada....................................................................................................... 52
Curvaa de Potênciaa ................................................................................................................................. 54
A indúústria de turbbinas eólicass de grande porte
p no Brassil ................................................................... 55
Regraas para conexxão de parquees eólicos aoo SIN ................................................................................. 56
V - O Prroinfa e a Energia Eólica no Brasil............................................................................................... 60

O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

O Programa de Inccentivo ás Foontes Alternaativas de Eneergia - Proinfa .............................................. 60


meira fase doo Proinfa ................................................................................................ 63
Situuação da prim
Avaaliação da Prrimeira Fase do Proinfa............................................................................................. 64
Novo Quadro Reggulatório paraa o Desenvollvimento dass Fontes Alteernativas .................................... 66
O 2º Leilão
L de Eneergia de Reserva ....................................................................................................... 66
Ressultado de Leeilões Anteriiores ao 2º Leilão de Eneergia de Reseerva ............................................ 67
Exppectativas paara o 2º Leilãão ........................................................................................................... 68
Referênccias Bibliogrráficas ....................................................................................................................... 71
Anexo 1 ..................................................................................................................................................... 76


O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

I
Introduçã
ão
A utilização de
d quantidaades crescenntes de enerrgia é uma dasd principaais caracteríssticas do
desenvoolvimento econômico,
e seja ele baseado em modelos capitalistas
c ou não. A energia
elétrica é atualmennte uma daas energias mais impo ortantes, e toda
t econoomia que prrocure o
crescimmento depende de um siistema elétrrico interligado eficientte, que fornneça eletricidade em
quantidaade suficiennte e de quaalidade, a baaixo custo.

Enntre as diferentes fontees de energiia para geraação de elettricidade, see pode realiizar uma
divisão entre as rennováveis e não-renováv
n veis em méédio prazo, sendo que m mundialmen nte estas
últimas predominaam, para a geração dee eletricidad de ou não. O sistema elétrico brrasileiro,
exceçãoo à regra, seendo baseaddo principalm mente na geeração hidrooelétrica, see consolidouu através
de décaadas de deseenvolvimentto, desenvoolvimento marcado
m porr etapas bemm definidas,, como a
construçção das granndes usinass ou a liberaalização do mercado. Cada
C etapa, através do processo
p
históricoo, possibiliitou a ocorrrência e geerou as neccessidades propulsoras
p da etapa seguinte.
s
Desse modo,
m a crisse financeira que se iniicia a partirr da década de 70 levouu a liberalizzação da
década de 90. Obvviamente, fatores
fa exterrnos, nacion nais como internacion
i ais, tiveram
m grande
influênccia nos rumoos tomados pelo setor elétrico.
e

Paaralelamentte ao desennvolvimentoo do setor non Brasil, a produção de eletricid dade por


aerogeraadores se desenvolveu
d u no exterioor, onde se nota
n uma maturidade
m ttecnológicaa a partir
da décaada de 80. Simultaneeamente, poolíticas de incentivo em certos países perrmitiram
demonsstrar o intereesse dessa tecnologia
t p
para a indep
pendência energética
e eexterna, reduução das
emissõees de poluuentes, estíímulo econnômico-tecn nológico e redução da depend dência a
derivadoos do petrólleo.

Poosteriormennte, no Brassil, para se enfrentar ass dificuldaddes do setorr elétrico, a geração


eletroeóólica foi eleencada com
mo uma altternativa, e então os sucessivos
s governos adotaram
a
diferenttes program
mas de incenntivo, e nestte momento o (dezembroo de 2009), um dos méttodos de
fomentoo, o leilão de
d energia dee reserva, seerá posto à prova.

O
Objetivos

Esste trabalhoo tem por objetivo


o esttudar o dessenvolvimennto históricco do setor elétrico
brasileirro, e através desse trabbalho analissar a geraçãão eólioelétrrica brasileiira, por acreeditar-se
que as necessidade
n es provenienntes da crisse do setor elétrico foram um doss motores prrincipais
para a adoção
a de prrogramas dee fomento à energia eó ólica no Brassil.

Paaralelamentte, a confecção deste estudo


e exigiiu a coleçãoo de um númmero imporrtante de
referênccias biblioggráficas, quee fornecerãoo um materrial precioso para pesqquisas posteeriores e
constituuem por si mesmas
m um dos objetivvos do trabalho.

M
Metodologia
a

O trabalho see divide em cinco etapaas:


O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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A primeira coonsiste em realizar


r um
m estudo do estado atuall da utilizaçção de quatrro fontes
energétiicas, os commbustíveis fósseis
f (carrvão, petróleo e gás naatural) e a eenergia hídrrica, por
serem essas
e quatro fontes impportantes parra a geração
o de eletriciidade, e em escala muito maior
que a ennergia eólica.

Na segunda etapa, o esstudo da hiistória do setor elétrico brasileiroo permitirá situar o


N
quadro atual do setor
s frentee ao seu deesenvolvim
mento, perm
mitindo conhhecer a razzão pela
configuuração atual do sistema..

A terceira etapa
e permite relacionnar as duaas primeirass, fornecenndo o conttexto do
desenvoolvimento da
d energia eólica
e no exxterior, sem
mpre em um
m papel secuundário e menor
m do
que o exercido
e pelos combusstíveis fósseeis, e relem mbra a impoortância dass fontes ren
nováveis
para a matriz
m enerrgética brassileira. Assiim, se permmite conheccer o quadrro atual daa energia
eólica no
n mundo.

A quarta e quuinta etapa, centrais paara o trabalh


ho, detalhamm aspectos ttécnicos e histórico-
h
econômmicos da eneergia eólicaa no Brasil,, respectivaamente. Asssim, atravéss destas, é possível
compreeender as caaracterísticas da geraçãão eletroeóliica, tanto ass técnicas ((quarta etap
pa) como
aquelas econômicaas pertinentees ao Brasill e responsááveis pelas dificuldades encontrad das pelos
program
mas federaiss de incentivvo.

A realizaçãoo deste esstudo se baseia b prin


ncipalmente na análisse de umaa ampla
documeentação bibbliográfica. Esta incluii relatórioss de órgãoss governam mentais nacionais e
internaccionais, órggãos estatístticos, impreensa, artigo
os técnicos e estudos hhistóricos, além de
bases dee dados.


O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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I - A Mattriz Energ
gética Mu
undial

ubstituiçãoo do Carvãoo pelo Petróleo no sécc. XX


Su

Ao longo doss ciclos de desenvolvim


A mento, apliccação e difuusão de novvas tecnologgias que,
como visto,
v ocorrreram desdee a Revoluução Industtrial inglesaa, diversas fontes de energia
exerceraam sucessivvamente um m papel ceentral para o crescentee consumo de energiaa que se
verificaa desde o séc. XVII . Assim, a predominân
p ncia da utilização do ccarvão min neral nos
setores industrial, de
d transporttes e residenncial, notad
damente a partir de do final do sécc. XVIII,
inicialm
mente na inddústria têxtiil e posterioormente em
m outros ram mos industriiais e nas ferrovias,
fe
foi senddo lentamennte suplanttada pela uttilização do os derivadoos de petrólleo (e pelaa energia
elétrica,, fonte seccundária dee energia). Posteriorm mente, o suurgimento dda energia nuclear
possibillitou a utiliização de uma
u nova fonte (quee, porém nãão se revellou ser a panacéia
p
energétiica em quee alguns proofetas acredditaram quee se transfoormaria), e o gás natu ural mais
outra.

Issto não signnifica que o carvão mineral


m nãoo tenha siddo mais utiilizado com mo fonte
energétiica, ou que a tendênciaa futura sejaa necessariaamente de decrescente
d participaçãão sua na
matriz energética mundial, mas m é apennas a consstatação de que o surrgimento de d novas
tecnologgias, mais conveniente
c es para deteerminadas aplicações, levou
l outrass fontes eneergéticas
a substiituírem o caarvão como principal fonte
f primárria, totalmente em alguuns setores, como o
de transsporte, ou parcialmentee, como na indústria
i (o
onde sua utillização se rrestringe atu
ualmente
a algunss poucos settores, e.g. metalurgia).
m Assim, os motores de combustãoo interna a diesel
d ea
gasolinaa, e o motoor elétrico, reduziram
r a locomotivas a vaporr a alguns ppoucos exem
as mplares,
agora em m museus ou
o transporrtando turisttas, e seria uma tarefa heróica enccontrar umaa fábrica
têxtil coom uma máqquina a vappor em operaação.

Poor outro lado, o carvãão é ainda hoje, em certos países, uma daas principaiis fontes
primáriaas para a geeração de energia
e elétrrica, uma fu
unção que elee não reallizaria até a difusão
das usinnas termoelétricas, maais de cem m anos apóss o início da d Revoluçção Industrial (mas
quando houve a necessidade
n de geraçãoo de eletriciidade o carrvão foi rappidamente utilizado
u
nessas usinas,
u o quue é apenas natural parra uma fontee energéticaa então tão onipresentee na vida
quotidiaana). Ele serria parcialm
mente (e tem
mporariamen nte) substituuído na geraação elétricaa, com o
desenvoolvimento ded um novo conversor, a usina hidrroelétrica, que q utiliza ccomo fonte primária
o que fooi então chaamado de huulha branca,, em oposição ao carvãão (hulha): a água.

Essse termo é uma boa indicação de d outra caaracterísticaa do séc. XIIX. Já foraam feitas
diversass referênciaas ao papel central
c do carvão
c mineeral no processo produttivo de entãão, mas é
preciso notar que o carvão, além de ser a principal fonte
f energéética, foi duurante a maior parte
daquelee século a únnica fonte capaz
c de foornecer enerrgia a baixoo preço, nãoo sujeita a variações
v
sazonais ou interruupções bruscas de forrnecimento,, e em granndes quantiidades. Apeesar dos
combusstíveis fósseeis não-sóliidos (petrólleo e gás) terem subsstituído o ccarvão como fontes
capazess de garantirr uma energgia de qualiidade, eles não
n viriam a exercer ppapel tão do ominante
na matrriz energética de qualqquer país, apesar
a da dependência
d a dessas fonntes de eneergia ser

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atualmeente indisccutível. Assim,


A aindda em 1900 o carvão minneral repreesentava
aproximmadamente 95% da offerta mundial de enerrgia primárria (não conntando a oferta o de
energia da biomasssa - lenha), enquanto que q em 1950 0 ele repressentava aprooximadamente 60%
dessa oferta, e suaa participaçãão diminuiuu ainda maiis desde enntão [Smil, 2006b, p.36 6]. Já os
derivadoos de pettróleo, de participaçção na offerta munddial de ennergia atualmente,
represenntavam em 2006 34,4% % dessa ofeerta [IEA KW WES, 20088, p.6]. Com m a possibilidade de
utilizaçãão das enerrgias nucleaar, hidroeléttrica e fósseeis (carvão,, petróleo e gás), é diffícil uma
dependêência tão grrande de um ma única fonnte, como occorreu até o fim do sécc. XIX, e tallvez seja
ainda mais
m indicatiivo a inexisstência atuall de uma sittuação com mo a daquelaa época, onde todos
os avannços econôômicos poddiam ser enntão imputtados (erronneamente) a algumas poucas
invençõões, quase todas
t fazenndo uso do carvão min neral, que era,
e porém o elemento o central
indiscuttível do ‘im
maginário ennergético’.

Seem dúvida essa mudannça do imaaginário mo oderno é deevida, em parte, à asceensão da


energia elétrica (foorma secunndária de ennergia) e a sua impreggnação em ttodos os seetores da
econommia. Logo, ses pode disccutir se nãoo houve apeenas a subsstituição de um imagin nário por
outro, mas
m é precisso relembraar que a elettricidade div vide o papeel de princippal fonte en
nergética
com três outras fonntes fósseis,, e freqüenttemente com
m outras fonntes em determinados países,
p e
assim o que ocorrreu foi umaa expansão do imagináário, ou seja, das fonttes que perccebemos
como oso componeentes centraais para o fornecimen nto de umaa energia dde qualidad de e em
quantidaades adequaadas.

É importantee notar ainnda que a lenha exeerceu um papel p impoortante com mo fonte
energétiica mesmo em regiões e períodos onde o uso o do carvão foi importaante, e aind
da exerce
um papeel fundamenntal em muitas regiõess do mundo,, mas esta nãon é capaz de fornecerr energia
nas quaantidades e qualidade necessárias
n ocessos econômicos m
para os pro modernos, e portanto
não exeerce no imagginário a meesma atraçãão que as ou
utras fontes mencionadaas.

OEP ‐ Mundo 
M (2006)
Derivados de 
o
petróleo
‐1%

Gás Natu
ural
20% Nuclear
N
6% Hidráu
ulica
2%
%
Petróleo e LG
GN
34% Renovváveis 
Combustívveis e Lixo
10
0%
Carvão/TTurfa
26%
Outros
1%

Figgura I.1 : Offerta de Eneergia Primárria no Mund


do (2006). Fonte:
F [IEA
A KWES, 20
008]


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Informaçãão, Estatística
a e Energia

Ao se analisar
a dados e estatísticaas da oferta e consumo de d energia no mundo, é prreciso estar atentoa à
confiabiilidade das innformações, e ter em mentee que mesmo organismos internacionaiss de reputação o podem
apresenttar resultadoss diferentes, devido a differenças meto odológicas ouu por utilizarrem fontes de d dados
diferenttes. Por exempplo, o consummo de energia mundial
m em 20 006, segundo a Agencia Intternacional dee Energia
(IEA) foi
f de 8084,55 Mtep [IEA KWES, 2008, p.37], enq quanto que seegundo a BP Statistical Review
R o
consummo chegou a 100843,0 Mtep [BP, [ 2008, p.440] uma diferrença de 26%!! E ainda a IEEA considera a energia
solar e eólica,
e e a prooveniente de combustíveis
c r
renováveis (leenha) e do lixoo, o que a BP não faz. Outrros dados
possuemm incertezas innerentes, commo as estimativvas de reservaas convencionnais de petróleeo, onde o estoque de
cada caampo pode serr estabelecidoo com alta coonfiabilidade, mas possuiráá sempre umaa margem de erro, ou
onde, seendo uma infoormação sensíível, os goverrnos ou compaanhias exploraadoras podem m não estar disspostos a
fornecerrem todas as informações
i c
corretas [WECC, 2007, p. 47]]

Além disso,
d a elabollaração de esttatísticas anuaais em energiia é um fenôm meno relativaamente recentte (assim
como ass estatísticas econômicas,
e o contas nacionais, desenv
ou volvidas a parttir da década dde 20), cuja trradição é
mais anntiga em certoos países (e ainda
a inexistennte em outross). Assim, paara o Brasil, ddados mais co ompletos
estão diisponíveis a partir
p de 1940,, e o primeiroo estudo extennso do consum mo e da ofertaa de energia non Brasil
data de 1973, quandoo foi publicadda a Matriz Ennergética Brasileira – MEB (dados de 19770) [Leite, 2007, p. 89
e p. 1944].

A IEA tem
t inclusive detectado um m queda na quaalidade das infformações dissponíveis relattivas à energiaa, devido
à diminuuição do conhhecimento dos profissionaiis que atuam na n área e à libberalização doo mercado de energia,
uma tenndência munddial desde a década de 800, e que conccorreu para multiplicar
m o número de atores
a do
mercadoo, dificultandoo a consolidaação das inforrmações e mu uitas vezes im
mpedindo o accesso a estas devido a
questões de confidenncialidade. Cooncomitantem mente, a reduçção das verbaas dos organiismos que reaalizam a
coleta e tratamento dos dados coontribui para a pior qualid dade dos dadoos energéticoos, justamentee em um
período onde a matriiz energética mundial
m podee passar por trransformações profundas, e onde inform mação de
qualidadde será cruciaal para a tomaada de decisõões por parte da sociedade e dos governnos [IEA ESM M, 2004,
p.3].

Tendências no
n consumo de energiia no mund
do

Assim, atualm
A mente a maatriz energéética mundiial se caracteriza por uuma predom
minância
das fonntes fósseis de energiaa, principalm mente dos derivados de
d petróleoo, mas sem exercer
papel tãão central coomo o carvãão até o iníccio do sec. XX.
X

A figura I.1 a composiçção da ofertaa primária de


d energia no
n mundo ppara o ano de d 2006.
A ofertaa de energiaa primária (OEP) correesponde à prrodução de energia prooveniente daas fontes
primáriaas, mais im
mportações e menos expportações e variações de d estoque. Seria de see esperar
que para uma conssolidação mundial
m da OEP
O as com mponentes correspondenntes às imp portações
e exporttações se caancelariam, mas não é o que ocorrre, devido à incerteza ddos dados co
oletados.
Mas a diferença
d é pouco signnificativa, e em 2006 totalizou
t 2,85 Mtep, oou 0,024 % da OEP
mundiall. Essa difeerença entree importaçõões e exporrtações (e as
a variaçõess de estoqu ue) causa
tambémm uma oferrta negativaa de derivaados de pettróleo, que não são ffontes prim márias de
energia,, na OEP.


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Tabela I.11 : Oferta dee Energia Primária


P – 1973 e 2006. Fonte [IEA
A KWES, 2008]
2
Derivados Renovávveis
Petróleo Gás
Mtep Carvão/Turfa
fa de Nucllear Hidráuliica Combustííveis Outros Total
e LGN Natural
N
petróleo e Lixoo
1973 1500,90 2866,25 -46,30 9
979,07 53,0
05 110,233 645,233 6,00 6114,43
2006 3053,54 4107,05 -78,39 2
2407,82 728,,42 261,144 1184,991 75,48 11739,97

Assim, enquanto que a OEP munddial de eneergia dobrouu, a particiipação das energias
A
fósseis, carvão, pettróleo (e derrivados) e gás
g natural, passou de 86,78 % paraa 80,8 %, e portanto
a depenndência munndial dessass fontes nãoo se alterou significativvamente. Esssa diferençça se deu
principaalmente graaças a difussão da enerrgia nuclearr para a gerração de ennergia elétrica, mas
esse nãoo é um fennômeno munndial, havenndo grandes diferenças entre por exemplo a França,
onde a energia nuuclear é responsável por p aproxim madamentee 80% da ggeração de energia
elétrica,, e o Brasil,, onde apesaar de existirrem centraiss eletronuclleares, elas rrepresentam
m apenas
uma peqquena parceela da energgia elétrica gerada.
g

Carvão Min
neral

O consumo mundial de d carvão mineral em m 2006 foii de 4360,0 Mtec (to oneladas
equivaleentes de caarvão), ou seja,
s 3052,00 Mtep. A China resppondeu porr mais de um u terço
(39,9%)), consuminndo 1218,2 Mtep
M de carrvão, um au umento de 10,2%
1 em rrelação a 20
005 [IEA
COAL, 2008]. O segundo
s maaior consum midor, os EUUA, consum miram 18,0% % do total mundial,
m
ou 549,6 Mtep. Am mbos os paísses utilizam
m o carvão mineral
m prinncipalmente para a prod
dução de
energia elétrica: oss EUA utiliizam 91,6% % da OEP proveniente
p do carvão para a proddução de
energia (consumindo 920,4 t de carvão-vapor em 2006), 2 e a China,
C que utiliza quaantidades
significaativas tambbém no setorr metalúrgicco, 56,8%.

O terceiro maior
m consum
midor, a Índdia, não utilizou em 20006 metadee da quantiddade que
os EUA A utilizaram
m, e o conssumo de ouutros paísess em carvãão é muito menor, gerralmente
abaixo de
d 100 Mtec, exceto paara, além doos três paísees mencionaados, Alemanha, Japão
o, Rússia
e Áfricaa do Sul.

Além do coonsumo de carvão esstar concen


A ntrado em alguns países (os 5 maiores
consum midores resppondem porr 72,3% daa demanda mundial), as reservas estão gerralmente
localizaadas nos mesmos,
m commo indica a tabela I.22, e são exxpressivas. Assim, as reservas
econom micamente reecuperáveiss dos três maiores
m prod
dutores munndiais estãoo entre as 5 maiores
do munndo (com grrandes quanntidades de carvão de boa b qualidaade e adequuado para a geração
de energgia elétrica)), e a relaçãão Reservass/Produção mundial
m é de
d 144 anoss [IEA WEO O 2008],
apesar dad produção mundial (impulsionaada pela ch hinesa) ter crescido
c suubstancialmeente nos
últimos anos. A proodução munndial em 20005 foi de 59 901,5 Mt, e as reservass recuperáveeis totais
totalizavvam 8474888,0 Mt, senddo que a maaior restriçãão é a relativva às reservvas de carvãão duro –
betuminnoso e antraacito – (75% % da produçção mundiaal), que duraariam 97 annos se a dem manda se
mantiveesse estávell, ao nível de d 2005. Loogo uma ev ventual exauustão das reeservas dessses tipos
de carvãão exigiria a adaptaçãoo a carvõess de qualidaade inferior,, mas outroos fatores reestritivos
provaveelmente atuuarão antes (como o fim f do petrróleo – ao menos o cconvencionaal – e a
necessiddade de attuação frennte às muddanças do clima), e além dissso, sendo reservas

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econommicamente reecuperáveiss, a adoção de novos métodos


m dee extração ppoderá aum
mentar as
reservass no futuro.

Observada naa década dee 90, a quedda do consu umo chinês, de 929,0 M Mtec em 19 995 para
893,8 Mtec
M em 20000 [IEA CO OAL 2008], relacionadaa com ganhhos em eficiiência energ gética, se
revelou ser uma teendência effêmera, e deesde então o consumoo praticamennte dobrou (1724,3
Mtec em m 2006). Isso levou até mesmo um m autor pou uco propennso a dar umm peso exceessivo às
suas preevisões a não
n anteverr essa rápidda retomadaa da voraciidade chineesa por carv vão, e a
conseqüüente quedaa da relaçãoo R/P (o Coonselho Mu undial de Ennergia – CM ME – estimaava uma
relação de 180 anoos em 20022) [Smil, 20006c, p. 229 9]. Assim, mesmo
m exisstindo aindaa carvão
suficiennte para umm longo peeríodo, é difícil
d realizzar uma prrevisão sobbre a tendêência do
consummo – o do China
C provvavelmente ainda cresccerá a taxaas expressivvas –, e cerrtamente
impossíível realizarr uma estimmativa infalíível, mas allguns paísess poderão eenfrentar prroblemas
de abasttecimento, devendo
d reccorrer à impportação (a relação chiinesa R/P ppara o carvãão duro é
de aprooximadamennte 30 anoss), e a tenddência dos preços futuuros dependerá dos cu ustos de
extraçãoo. Por exemmplo, a relaçção entre reecursos (as reservas
r adicionais reccuperáveis, mas não
econommicamente dados
d os preços
p preseentes) e reservas econnomicamennte recuperááveis de
carvão duro é de 5,5 [WEC C SoER, 2007], indiccando que ainda existte uma quantidade
expressiiva a ser extraída caso a tecnologia seja desen nvolvida, e os custos reeduzidos.

Tabeela I.2: Maioores reservaas recuperávveis de carvão mineral. Fonte : [W


WEC SoER, 2007]
2
Sub-
Betuminosoo + Linhit Reservas Prrovadas de Carvão
C
beetuminoso
Antracito (M
Mt) o (Mt) Minneral (Mt)
(Mt)
1. EUA 1112261 100086 30374 242721
2. Rússia 49088 97472 10450 157010
3. Chinaa 62200 33700 18600 114500
4. Austrrália 37100 2100 37400 76600
5. Índia 52240 0 4258 56498
6. Áfricaa do
48000 0 0 48000
Sul
7. Ucrânnia 15351 16577 1945 33873
8. Cazaqquistão 28170 0 3130 31300
9. Sérbiaa 6 379 13500 13885
10. Polôônia 6012 0 1490 7502

Essse exercíciio de previsão é dificulltado ainda mais


m pelas possibilidad
p des de conteenção da
demandda através dad aplicaçãoo de tecnollogias maiss eficientes,, como a combustão por p leito
fluidizaado pressuriizado ou a gaseificação
g o integradaa/ciclo combbinado. Num m contexto em que
os EUA A entram em m uma fasee de substiituição do seu s parque e a China mantém um u ritmo
aceleraddo de novass UTE, e coonsiderandoo-se que enq quanto a efiiciência méédia das UT
TE norte-
americaanas está estável em toorno de 33% % desde 196 60 - um dessempenho ppouco honro oso para
os EUA A - e as novvas usinas chinesas
c approximam-se de 40% (apesar
( da mmédia de efficiência
para suuas usinas estarem abbaixo da OCDE), O cerrtamente essses paísess poderiam utilizar
tecnologgias mais modernas
m p
para aumenntar o desem mpenho (e conseqüenttemente dim minuir a

10 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

quantidaade de gasees de efeitoo estufa, e outros polu uentes, emiitidos por kkWh) [WEC C SoER,
2007, p.
p 4]. Num contexto em e que com mpromissoss importanttes de reduução (ou ao o menos
contençção) da emisssão de GE EE devem seer tomados por todos os o grandes eemissores mundiais
m
se se deeseja mitigar os efeitoos futuros dod aquecim mento globaal, certamennte a eficiên ncia das
UTEs a carvão (se a escolha dod modelo energético
e continuar a favorecer
f esssas usinas) será um
dos fatoores cruciais para atinggir os objettivos (juntammente com a aplicaçãoo de tecnologias de
captura e estocagemm de carbonno, CEC). Porém,
P é preeciso notar que a utilizzação de usiinas com
tecnologgias de meelhor desem mpenho deppende não somente da d construçção destas, mas da
formaçãão dos operradores e da qualidadee do carvão o (que depeende não soomente do tipo t mas
tambémm da presençça de impurezas).

Peetróleo

O petróleo e seus derivaados represeentam uma fonte


f de eneergia compaacta e práticca, o que
contribuuiu para a substituiçãoo do carvãoo como priincipal fontte energéticca mundial.. Assim,
enquantto alguns países
p (com
mo o Brasiil) utilizam m pouco o carvão minneral (serviindo ele
principaalmente parra a indústrria metalúrggica), nenhu
um país quue almeje um ma industriialização
mínima pode deixaar de utilizaar o petróleeo (já o carrvão vegetaal é utilizaddo exatamennte pelas
populaçções sem acesso a fontees de energiia de boa quualidade).

Emm 2006, a oferta de petróleo crru nos Estaados Unidoos represenntou 21% da d oferta
mundiall, contra 188% para o carvão, maas a oferta interna da China, maiior consumidora de
carvão do
d mundo (quase
( 40% da demandda mundial),, representoou somente 8,8% (send
do que os
chineses compõem m 20% da poopulação muundial) [IEA
A NON/OEC CDS, 2008]][UN POP, 2008].

Carvão e petrróleo não exercem a mesma


m funçãão em nossaas sociedaddes, já que enquanto
e
que o prrimeiro é uttilizado prinncipalmentee nos setorees energéticoo e metalúrrgico, o segu
undo é a
fonte dee energia báásica e indisspensável do
d setor de transportes
t (rodoviárioo, aéreo, maarítimo e
em partte ferroviáriio). Assim, mesmo quue um país economicaamente deseenvolvimento possa
em teorria dispensarr o carvão de
d sua matrriz energéticca se possuiir fontes subbstitutas de energia,
principaalmente parra a geraçãoo elétrica e para
p a indússtria metalúrrgica (o quee para muito os países
não é attualmente uma
u hipótese válida) o mesmo seg guramente não
n pode serr dito dos derivados
d
de petróóleo.

Poorém, enquuanto que a maior paarte da pop pulação dee países deesenvolvidos utiliza
veículoss automotorres (mesmo que através do transpo orte coletivoo), este nãoo é o caso geeral para
todas ass populaçõees dos paísess de desenvvolvimento econômico
e médio ou bbaixo. Isso ses reflete
na diferrença de utiilização do carvão (mineral) e do petróleo enntre países da OCDE e o resto
do muundo (apessar de algguns paísees-membross da Organização dde Cooperração e
Desenvoolvimento Econômicoo não poderem ser co onsiderados plenamentte desenvollvidos –
especiallmente Méxxico, Turquuia e algunss países do Leste Europpeu – a dem manda destes não é
grande o suficiennte para im mpedir a comparação
c o). Enquantto que os países daa OCDE
demanddaram 37% do d carvão mundial
m em 2006, eles responderam m então porr 57%% da
demandda por petrólleo.

11 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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H
Hidrocarbonet
tos, Tipos de Petróleo e Derivados

O petróleo
p existee sob diversas formas : Ele não possui uma
u composiçção padrão, m mas certos tipo os são mais
valoorizados do queq outros, jáá que a demaanda por deriivados de petróleo é razooavelmente esstável (e.g.
veícculos automottores não podeem funcionar com gasolinaa ou diesel, e muitas
m UTE ffuncionam som mente com
óleoo combustível). A tendênciaa atual é de auumento da pro ocura por petrróleos mais leeves, já que oss derivados
dem
mandados atuaalmente são leves (queroosene, gasolin na) e o refinno de petróleeos mais lev ves produz
natuuralmente um ma maior propporção dessess derivados, sem necessiddade de se reealizar o craq queamento
cataalitico. Além disso existem m variações do tipo de petróleo mais adequado eentre regiões - a frota
autoomotiva europpéia é composta majoritariiamente por veículas
v movidos a diesel ((com exceçõees, como o
Reinno Unido), ennquanto que os Estados Unidos utilizam largamente a gasolina. Já nno Brasil, a demanda de
diessel é maior quue a de gasolinna, já que o trransporte rodo
oviário (princcipal meio de transporte braasileiro) de
merrcadorias utilizza majoritariaamente esse coombustível [ECL, 2007] [BE EN, 2008, p.771].

O petróleo é com mposto por fammílias de hidroocarbonetos, classificadas


c d acordo com
de m a sua estrutuura química
( ass mais comunns são as paarafinas, naftêênicos e arom máticos). Os alcanos (parafinas, na terrminologia
induustrial) são coompostos por cadeias
c linearres de carbono
o e os isoalcannos por cadeiaas ramificadass, enquanto
que as cadeias doos cicloalcanoos (naftênicos)) formam cicllos fechados. Todos os alccanos são caraacterizados
pelaas ligações simples entre átomos
á de caarbono, enquaanto que alceenos possuem m uma ou maiis ligações
duplas (covalentees). Entre estes, os mais comuns são os que posssuem ao mennos um ciclo benzênico
(chaamados de aroomáticos), exiistindo também m os alcenos em cadeia. Uma
U maior com mplexidade daa molécula
(i.e. com vários ciclos, ou raamificada) prooporciona um ma maior denssidade e tambbém maior estabilidade
mica (o compoosto se torna menos
térm m volátill), mas a denssidade energéttica dos hidroocarbonetos líq
quidos não
variia muito em fuunção das fammílias de hidroocarbonetos, oscilando
o por volta
v de 42-444 MJ/kg (senddo que uma
toneelada equivaleente de petróleeo – tep – valee 42 MJ/kg).

A densidade
d eneergética dos hidrocarboneto
h os variam emm função da quantidade de átomos de carbono e
hidrrogênio presenntes na moléccula. O metanno (CH4) e o etano (C2H6), ) muito volááteis e gases nas
n CNTP,
form
mam os gasess de petróleoo, primeiros produtos
p resu
ultantes da deestilação atmoosférica do petróleo.
p O
proppano e butanoo, também gasses nas CNTP Ps, são facilm
mente liquidificcáveis e form
mam o que com mumente é
chammado de gases liquefeitos de
d petróleo – GLP.
G Estes quuatro hidrocarbbonetos com aaté 4 átomos de
d carbono
(C1-4) compõem m normalmentee o gás naturaal, apesar desste ser composto normalmeente em grand de parte de
metano [Smil, 20008][ECL, 20007].

Os hidrocarboneetos superiorees (C5+) são líquidos ou sólidos nas CNTP. A ggasolina é no ormalmente
mposta, no Braasil, por HCs C4-12, o queerosene por HCs
com H C10-14 e o diesel C100-16. É imporrtante notar
que esses são valoores indicativos, já que os padrões
p de quualidade dos coombustíveis nnão são determminados em
funçção somente dad composiçãoo em hidrocarrbonetos, mas outros parâm metros como poonto de fulgorr, índice de
octaanagem (para a gasolina) ou o de cetano (para
( o diesell), volatilidadee e fluidez [B
BR, 2008]. Deesse modo,
cadaa refinaria podde utilizar um
m portfolio de petróleos
p paraa obter o produuto final desejjado.

Os petróleos do oriente médiio são considderados médio os, com uma densidade poor volta de 0,850-0.870
m3, enquanto que os petróleos do mar do Norte, na Europa, são mais leves (aaproximadam
g/cm mente 0,835
m3), e a denssidade do cruu da África Setentrional, ainda mais leve,
g/cm l beira 0,,805 g/cm3. O petróleo
veneezuelano é mais pesado, asssim como o brasileiro
b em geral (apesarr dos reservatóórios recém-d
descobertos
na bacia
b de Camppos apresentarrem um óleo mais
m leve) [EC CL, 2007].

12 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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De
emanda M
Mundial po
or Derivad
dos de Pettróleo (20
006)
Índia
Russsia 3,4%
Brasil 3,3
3%
2,6% Outros
RU 41,9%
%
2,1%
Japão
5,9%
China
8,6%

Alemannha EUA Can


nadá
3,2%
% 24,0% 2,6%
França
2,4%

Fiigura I.2 : Demanda


D Muundial Por Derivados
D de
d Petróleo. Fonte : [IE
EA OIL, 200
08]

A demanda mundial de d derivadoos de petró óleo é marrcada por dduas desigu ualdades
principaais, sendo a primeirra logicam mente a concentraçãão do connsumo noss países
desenvoolvidos, enqquanto que estes
e não sãão os maiorees produtorees. Dentro ddesse grupo
o, a outra
desiguaaldade é o consumo
c deesproporcioonal dos Estados Uniddos, que ressponde por 24% do
consummo final munndial.

A participaçãão dos paísses de desennvolvimento o econômicco médio e baixo no consumo


c
final veem crescenddo ininterruuptamente desde
d a décaada de 70 – sendo quee o consumo chinês
foi responsável porr 28% do crrescimento observado entre 1990 e 2006 [ IE EA NON/OE ECDS] -
enquantto que a paarticipação dos
d países europeus
e caaiu mais de 10 pontos percentuaiss (Reino
Unido, França e Alemanha
A diminuíram absolutameente seu connsumo de 11973 para 2006).
2 O
consummo dos Estaddos Unidoss só se estabbilizou a paartir do finaal da décadda de 90 (depois de
eliminarr a economiia de consumo obtida após
a os chooques de 19773 e 1979), e tem demo onstrado
recentemmente uma ligeira quedda, mas quee ainda precisa se concrretizar em uuma tendênccia firme
de diminnuição do consumo.
c

Seegundo a IEEA, a maiorr parte do crrescimento recente


r do consumo
c m
mundial de derivados
d
se deu nos
n países que ofereceem subsídioos, provocaando uma queda q dos ppreços da energia –
através de controle de preçoss, financiam mentos, dedu uções e isennções de immpostos [IEA A WEO,
2008, p.70] . Apesar disso, é importante
i notar que em
e muitos desses
d paísees, principallmente a
China, se observoou um fortte crescimeento econô ômico, com m o conseqqüente aum mento do
consummo de combuustíveis – oss subsídios podem
p inceentivar isto, mas a proggressão acelerada do
consummo chinês nãão pode ser resultado somente
s doss subsídios.. É preciso analisar a interação
entre o efeito incentivador doos subsídioss e os custo os destes naa economiaa, já que se a longo
termo uma
u maior eficiência
e ennergética no consumo de derivaddos é certam mente benéfi fica, uma
fonte dee energia barata continnua a ser um m pré-requisito para o desenvolvvimento eco onômico,
inclusivve para paísses desenvolvidos. Os subsídios, como
c intervvenção do EEstado, reprresentam

13 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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um custo (às vezees importannte) para esste, e deveem ser consseqüentemeente utilizad dos para
orientarr o desenvoolvimento econômico de certos setores, viisando-se sempre a efficiência
energétiica a longo prazo, senndo portantoo necessário
o analisar see incentivos ao aumen
nto desta
não reprresentariam
m uma despeesa mais adeequada por parte
p do Estado.

A evolução dod consumoo médio da frota


f de veícculos, por exemplo,
e é uum fator im
mportante
para a diminuição
d d consumoo de derivaddos de petró
do óleo. Por exxemplo, estee (em litros/100km)
diminuiiu em praticcamente todda a Europaa, aprox. 7,33 l/100km para
p Françaa e Reino Unido
U em
2005, além
a de jáá ser menoor que em outros paííses membrros da OC CDE, enquaanto que
aumentoou ou ficouu praticamennte estável nos
n EUA e Japão (connsumo médiio de 11,5 l/100 l km
para os EUA em 2005)
2 [IEA EUEI, 20088, p. 63], em
m acordo coom a evoluução do consumo de
derivadoos nestes paaíses.

O consumo médio
m de umma frota dee veículos, para
p um paíís já desenvvolvido, só se altera
lentameente, já que novos veícculos (em teoria
t mais eficientes),, precisam substituir os
o carros
antigos.. Enquanto que o conssumo médioo de um carrro novo naa Alemanhaa em 2004 era de 7
l/100 kmm, o consuumo da frotaa era de quuase 8, em média. Gannhos de eficiência de veículos
novos ded frotas quue aumentaam rapidam mente, como a chinesaa ou a braasileira (estaa última
cresceu em 37% no n período 1995-2004) representaam então uma u grandee oportunidaade para
conter o consumo de derivaddos de petrróleo, mais do que em m países dee motorizaçção mais
antiga [WEC
[ EEP, 2008, p. 29],
2 [Leite,, 2007, p.614]. Se, appesar dessaas vantagens, forem
introduzzidos veícullos com um
m consumo médio
m maioor do que o econômica e tecnologiicamente
possívell, estes veículos contribuirão na contenção da reduçãoo do consum mo médio da d frota,
com connseqüênciass duradouraas – sendo importante considerar que o conssumo médio o de um
veículo depende nãão somente da tecnologia empreg gada, mas taambém da cclasse de veeículo, já
que granndes carros como utilittários esporrtivos e cam
minhonetes consomem
c m
mais para uma
u dada
distânciia percorridda. Como veremos
v maais adiante, o tempo dee vida relattivamente longo
l de
cada veículo novo (9 anos e 2 meses paraa a frota braasileira em 2007
2 [Sindiipeças, 2008, p.12])
implica escolhas na n hora de introdução
i destes veícculos da meesma maneiira que o teempo de
vida da infraestrutuura de geraação de eneergia (que costuma
c serr maior, passsando de 25
2 anos)
implica realizar um ma escolhaa por uma determinad da tecnologia para um m longo perríodo de
tempo [Stern, 20066, p.222].

H um conseenso entre as
Há a diversas análises
a quee tratam da relação R/P
P para o pettróleo de
que se está
e perto do d momentoo onde a prrodução iráá começar a cair (se esste momentto já não
chegou)), o chamaddo ‘pico do petróleo’. Segundo o CME, a reelação R/P ppara o petró óleo era,
em 20005, de 41 annos, portannto menos do d que paraa o carvão. Porém é ppreciso utiliizar esta
medida com cuidaddo, já que nãon é possívvel deixar ded utilizar o petróleo ab
abruptamentte, e esta
medida simplifica demasiadaamente a reealidade, já que existeem diversoss tipos de petróleo,
p
sendo que a classsificação mais pertinnente paraa esta anállise é aquuela entre petróleo
convenccional e nãão convenciional (o pettróleo pesad do e viscosso, de extraação difícil, é mais
poluentee), sendo que
q a parte deste
d último na produção mundiaal pode vir a crescer. Ocorrem
O
reavaliaações das reeservas consstantementee, com novoos recursos (reservas addicionais poossíveis)
constanntemente senndo contabiilizados, a medida
m que novas tecnnologias e o preço crescente do
petróleoo cru permittem a explooração viáveel economiccamente de campos
c novvos ou antig
gos.
14 
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G Naturall
Gás

A utilização em larga esscala de gáss natural co


omo uma foonte energéttica é um feenômeno
relativammente recennte, e tambbém localizaado. Até a década de 70 o gás nnatural era utilizado
u
principaalmente na América doo Norte e naa ex-URSS,, onde aindaa hoje há um m grande co onsumo,
apesar de que a demanda
d poor gás natuural dos paaíses da Euuropa ocidenntal ter aummentado
consideravelmente desde entãão. Assim, desde 1973 3, ano do primeiro
p chooque do pettróleo, a
utilizaçãão do gás natural
n se difundiu
d daa América dod Norte (pprincipalmente EUA) e da ex-
URSS para
p a Europpa e em mennor escala, parap o Oriente Médio e Ásia.

É importantee notar quee para o gáss natural nãão se verifi


ficava até a década dee 2000 o
comporrtamento chhinês de auumento do consumo que q é possíível observvar no conssumo de
derivadoos de pettróleo e carvão.
c Assim, apessar do coonsumo chhinês ter crescido
consideravelmente (aproximadamente 644% entre 20 003 e 20066), ele aindaa representaa apenas
um quinnto do consumo do conntinente asiático – quoota que certaamente irá aaumentar noo futuro.
A Chinaa foi em 20006 o décimmo - segunddo maior co onsumidor mundial
m de gás naturaal, mas o
aumentoo do consuumo de 20007 para 20008 só foi menor
m (em percentual)
p do que o do
d Peru,
Azerbaiijão e Em mirados Áraabes Unidoos, e em teermos absoolutos a Chhina aumen ntou seu
consummo mais do que
q qualqueer outro paíss, inclusive os EAU [BP SRWE, 22009, p.28].

A tabela I.3 indica alguuns dos maaiores consu umidores mundiais


m dee gás naturaal, assim
como a porcentageem desse gás que é utiliizado para a geração de eletricidadde. É possív
vel notar
que estta é uma porcentagem
p m que variia, alguns países
p fazeendo largo uso do gáás como
combusstível para UTEs,
U enquuanto outroos o utilizam
m mais no aquecimennto e em processos
industriais.

Tabella I.3: Consuumo de Gáss Natural no


o Mundo. Fonte : [IEA
A NGI, 2008
8]
Consumo de gás
C g natural Utilizaçãão para a Gerração de Elettricidade
Posiçãoo Paíss
(bi m3) - 2006 2006
Munddo 29916,9 39,22%
o
1 Estados Unidos
U 6
613,1 32,3%
2o Rússsia 4
444,1 58,5%
3o Irãã 1
105,5 32,0%
4o Alemaanha 9
99,8 23,44%
5o Reino Unido
U 9
94,7 31,8%
6o Japãão 9
92,0 60,1%
7o Canaada 8
89,3 9,88%
8o Itáliia 8
84,5 39,7%
9o Ucrânnia 6
69,5 38,0%
10 o Arábia Saudita 6
65,7 52,44%
11 o Mexiico 6
62,3 50,1%
12 o Chinna 5
58,8 10,5%
31 o Brassil 2
21,0 20,1%

De 1973 parra 2006 o consumo mundial


m aum
mentou de 1212 para 2916 bi m3,m uma
variaçãoo de 140%
% [IEA NGII, 2008, p. II.8], com
m, como foii explicado,, um deslocamento
15 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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sucessivvo entre os pólos de maior


m crescimento munndial. EUA e ex-URSS S representaaram por
muito teempo o cenntro de expaansão do connsumo de gás
g natural, tendo
t posteeriormente a Europa
lideradoo esta expannsão, papel que a Chinna passa a ex
xercer atuallmente. Apeesar do cresscimento
econômmico chinês,, o crescimento mundiial médio do d consumoo tem estaddo consisten ntemente
abaixo da
d média histórica
h noss últimos annos, em parrte devido ao
a aumentoo dos preços do gás
natural em relação ao petróleoo.

Effetivamentee, desde a expansão


e d utilização
da o do gás naatural tem sido realizaada uma
arbitraggem por parrte dos conssumidores entre
e derivaados de petrróleo como óleo combu ustível e
gás natuural (princippalmente consumidorees industriaais, que são aqueles quue podem realizá-la
r
por possuírem, às vezes,
v equippamentos – turbinas e caldeiras – que podem m utilizar tan
nto o gás
natural como outrro combusttível [IEA WEO, 200 08, p.110])). O gás nnatural aind da é um
combusstível atraennte apesar das
d particuularidades que q exige a sua distribbuição, sen ndo mais
barato dod que o petróleo
p parra um níveel energéticco equivalennte em muuitos mercad dos. Por
exemploo, no mercaado europeuu ele tem esstado desdee pelo menoos 1980 connsistentemen nte mais
barato que
q o petrólleo cru, osccilando em torno
t de 80% do preçoo (para umaa mesma quantidade
de enerrgia) [IEA WEO,
W 20088, p.72], mas
m nos Estaados Unidoos altas receentes de prreço têm
incentivvado a arbiitragem enttre o gás e outras fon ntes de eneergia. Outraa vantagem m da sua
utilizaçãão é que a construção
c de uma UT TE a gás com ciclo com mbinado é m mais rápidaa e exige
um voluume menor de investim mentos do que
q uma usin na funcionaando à base de carvão. O preço
da exploração, proodução e traansporte do gás naturaal também tem t diminuuído constanntemente
em função do dessenvolvimennto de novvas tecnolog gias por paarte dos atoores da inddústria e
ganhos de escala [WEC
[ SoER R, 2007, p.146], e a difusão
d da sua
s utilizaçãão, com o aumento
a
necessáário da infraestrutura dee distribuiçãão (que redu
uzem riscoss importantees de interru
upção do
fornecimmento, desccritos abaixoo) aumentam m sua atrativ
vidade.

A expansão do consumoo do gás naatural está sujeita


s a fattores que nnão necessarriamente
influem
m a demandda por outras fontes energéticas.
e A distribuuição do gáás natural ainda
a se
realiza principalme
p ente por gassodutos, quee ainda resp
pondem peloo transportee de três quaartos das
importaações mundiiais, enquannto que o resto é transpportado com mo gás naturral liquefeitto, GNL,
sendo antes neceessária a refrigeração
r o do gás, método de d transporrte que teem sido
constanntemente exppandido. O mercado do d gás naturral é portannto, enquannto a liquefaação não
uitas vezes os preços são indexaados aos
for sufiicientementee utilizada,, pouco flexxível, e mu
contratoos de petróleo (comporrtamento quue tende a diminuir
d a medida
m que o mercado se torna
mais competitivo)
c ), e os grandes
g coonsumidorees são cattivos de sseus forneecedores,
freqüenntemente ouutros países,, grandes exportadoress, e que poodem não hhesitar em utilizar
u a
interruppção do fornnecimento como meioo de pressão o quando da d renegociaação de con ntratos –
como a Bolívia em m 2007, no período
p de seca brasileeiro [ANEE EL, 2008, p. 98] e a Rú ússia em
diversass ocasiões no
n período de d inverno que
q anteced de o vencim mento dos coontratos com m países
transmisssores (por onde passam m gasodutoos) .

Assim, o forrnecimento de gás naatural é um


A ma questão de segurannça energética que
envolvee muitas veezes a atuaação dos Esstados, incllusive atravvés do apoiio à constrrução de
terminaais portuárioos regaseificcadores e gaasodutos, in
nfraestruturaas de grandee porte e peeríodo de
retorno longo, mass que permiitem diversiificar os forrnecedores,, e portantoo de reduzirr o risco.
16 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

Grandess empresas do setor atuuam também m, às vezes, no sentido de diversifi


ficação, com
mo com a
contrataação de meetaneiros (nnavios com m a capacid dade de reggaseificar o GNL a bordo)
b e
participando dos consórcios
c construtorees de infraeestruturas. A segurançça do forneecimento
pode seer comprom metida, poréém, por innstabilidadess políticas externas, cclaro, mas também
quando há uma fallta de conceertação entrre os diverssos atores (nnacionais e privados) do d setor,
como nan Europa apósa a privvatização doos operadores históriccos [Le Moonde Diplom matique,
Dezembbro 2008, p.16]. Esta inncerteza inccentiva os consumidor
c res a optarem
m por outraas fontes
de energgia frente à insegurança do suprimmento de gáss natural.

A segurançaa energéticaa depende também daa capacidadde de armaazenamento o do gás


natural, seja presssurizado noos próprios gasodutos (o que nãão permite armazenar grandes
quantidaades), em reservatório
r os de gás naatural liqueefeito (que apresentam m normalmeente uma
perda por
p vaporizaação de 0,004 a 0,20 % do volum me por dia [Encyclopeedia of EET T, 2007,
p.1002]) ou em caampos gazífferos esgotados, aqüífferos ou cavvernas de ssal [naturalg gas.org].
Para países que utiilizam o gáss natural paara aquecim
mento durante o invernoo, a utilizaçção pode
ser connsideravelmmente superrior à capaacidade de transporte dos gasoddutos, send do então
necessáário o armazzenamento de d gás próximo dos cen ntros consuumidores duurante o perííodo que
antecedde o invernoo. Caso o sisstema elétrico dependaa de usinas termoelétric
t cas a gás, seeja como
para ajuuste do fornnecimento ouu para atendder a demannda de basee, é necessárrio armazennar o gás
para asssegurar a caapacidade dee geração.

Uma rede de distribuiçãão e armazennamento dee gás naturaal é portantoo uma infraeestrutura
U
complexxa, que se bem consttruída perm mite evitar, pelo menos em um pprimeiro insstante, a
interruppção a quee, como diversos
d caasos demon nstram, esttão sujeitoss todos oss países
dependeentes do forrnecimento estrangeiroo de gás nattural, por esste ser aindda hoje um mercado
m
pouco integradoo, com consumidoores cativ vos. No futuro a integraação e
descomp
mpartimentallização dos mercados serás feita prrincipalmennte através ddo desenvollvimento
de novoos campos gazíferos
g e da
d instalaçãão de novos gasodutos e principalm mente do trransporte
de gás natural
n liquuefeito. Outtras tecnoloogias, como gas-to-liquuids e gás nnatural commprimido
podem participar
p d transportte, mas aindda não são economicam
do e mente vantaajosas [WEC C SoER,
2007, p.154].
p É prreciso notarr ainda quee a rigidez do sistemaa não afeta somente os o países
consummidores, maas também m os fornnecedores, muitas veezes depenndentes daa renda
proporccionada pelaa exportaçãoo.

Fiinalmente, é preciso comparar,


c fr
frente ao crescimento esperado
e daa demanda por gás
natural, as reservaas economicamente reecuperáveis atuais e o consumo, para deterrminar a
relação R/P. A tabbela I.4 appresenta os países posssuidores das d maiores reservas provadas
p
(econommicamente recuperávei
r is) de gás natural,
n asso
ociado ou não.
n Como mencionado o acima,
segundoo o CME a relação Reservas/Pr
R rodução, emm 2005, parap o carvvão minerall era de
aproximmadamente 143 anos (ssendo, comoo foi dito, necessário
n cuuidado comm essa relaçãão), a do
petróleoo cru de 41 anos e a de
d gás naturral 56 anos. Portanto se poderá leevar mais teempo até
que as reservas
r dee gás naturaal, em partee pelo seu desenvolvim
d mento tardioo, sejam essgotadas,
mas nãoo é possíveel afirmar quando
q isto irá ocorrerr já que tannto as reserrvas quanto
o o nível
mundiall de produção irão certamente se alterar
a significativamennte.

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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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Tabbela I.4: Reeservas Mun


ndiais de Gáás Natural
3
Bi m WEC SoER 2007 IEAA Natural Gass Information
n 2008
Posição Paíss Finaal de 2007 % das Reserrvas Final 2005 % daas Reservas Mundiais
M
Munddo 178 640 176 462
4
1 Rússiia 5 809
53 30,1% 47 820
8 27,1%
2 Irã 2 800
27 15,6% 26 740
7 15,2%
3 Qataar 2 600
25 14,3% 25 633
6 14,5%
4 Arábia Saaudita 7 165 4,0% 6 848 3,9%
5 EAU U 6 090 3,4% 6 071 3,4%
6 EUA A 6 000 3,4% 5 866 3,3%
7 Nigérria 5 295 3,0% 5 150 2,9%
8 Argélia 4 515 2,5% 4 504 2,6%
9 Venezuuela 5 150 2,9% 4 315 2,4%
10 Iraquue 3 170 1,8% 3 170 1,8%
41 Brasiil 354 0,2% 3006 0,2%

H
Hidroeletric
cidade

A origem doos moinhos hidráulicos ainda é o objeto de muitas pesquisas para se


determinar a locallização exaata das prim meiras utilizzações (se houver um m único local), mas
certameente sua origem é asiáttica. Apesarr das centen nas de milhhares de exemplares exxistentes
no munndo antigam mente, fontee importantee de potênccia e que tivveram certaamente umaa grande
importâância para o crescim mento da produção industrial, para este trabalho importa
principaalmente a uttilização de energia hiddráulica parra a geração de eletriciddade.

A primeira usina
u hidroeelétrica modderna data de
d 1882, daata da entraada em operração de
uma UH HE em Wiscconsin, EUA A. Desde enntão o desennvolvimentoo dessas usiinas sofreu diversas
mutaçõees. Inicialmmente pequeenas unidaddes próxim mas dos cenntros de coonsumo (cid dades, e
muito freqüenteme
f ente a indústria), com uma capaccidade de geração
g baixxa para os padrões
atuais (ddezenas de KW), eram m a norma, e a iniciativaa destes projjetos era noormalmente local. A
partir da
d década de d 30 comeeça a fase de d construção de usinaas de maioor porte, com m apoio
governaamental, e a retirada de d serviço dasd usinas mais
m antigaas. Conjuntaamente, a partirp do
início do
d séc. XX começa a integração,
i em poucoss países, dos sistemas elétricos atrravés de
linhas de
d transmisssão – essa teendência, asssim como a construçãão das granddes UHE, começará
então em m momentoos diferentees segundo o país, send do comum um começoo muito maais tardio
(ou aindda inexistennte) [Enc. Of Energy, 2004, p.303]].

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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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A geração de d eletriciddade, semprre esteve, portanto,


p liigada à ennergia hidrááulica (a
difusão da eletriciddade se dá a partir da década de 1870, na mesma
m épocaa em que começa a
geraçãoo hidroelétriica [Enc. Off Energy, 2004,
2 p.178]]) e atualmeente existem m poucos paaíses em
que estaa fonte de energia não faz parte daa matriz eneergética, já que esta esttá presente em mais
de 150 países e geera mais dee 50% da elletricidade em 63 [WC CD D&D, 22000, p.14]]. Porém
tambémm são poucos os granndes consum midores em m que haviaa o potenccial hidráuliico e as
condiçõões necessáárias (atuação do Estaado, existên ncia de finnanciamentoos e conheecimento

O Desen
nvolvimento Histórico dass Grandes Baarragens

A geraação de eletriccidade não é a unica razãoo para se consstruir barrageens. Estas exisstiam muito antes
a da
nova applicação surgiir, sendo utilizzadas para conntrole de ench
hentes, irrigaçãão e fornecimento de água potável.
p
Ainda assim, o séc. XX viu uma aceleração
a na construção ded grandes barrragens (com m mais de 15 meetros de
3
altura ou
o de altura entre
e 5 e 10 metros
m e com um reservatórrio de mais de d 3 mi m seggundo a defin nição da
Comisssão Internacioonal de Granddes Barragenss), com um piico na décadaa de 70 e um declínio posteerior no
númeroo de construçõões, existindo atualmente mais
m de 45 mil grandes barraagens

Apesarr de proporcioonarem benefí fícios importanntes como aceesso à eletriciidade e água ppotável, as baarragens
também m podem provvocar grandes deslocamentoos de população, extinção de d espécies, e perda de terraas, além
desses benefícios nãon serem obbrigatoriamennte distribuíd
dos igualmentte entre os m mais afetado os pelas
construuções e o restoo da populaçãão – o contráriio sendo maiss usual -, além muitas vezes grandes
m de requerer m
financiiamentos.

O movvimento de coonstrução de barragens foii então acomp panhado no último


ú século por uma opo osição e
organizzação crescennte da socieddade e grupoos afetados, muitas vezess com parcerrias entre ON NGs do
hemisffério norte e populações [W WCD D&D, 2000, p.19]. Algumas oposições foram m bem-sucediidas em
evitar a construçãoo de grandes barragens, e tiveram com mo efeito tam mbém a reviisão do proceesso de
financiiamento e connstrução destaas, principalm
mente aquele dod Banco Munndial, organissmo responsáv vel pelo
financiiamente de muuitos projetos em países ecoonomicamentee menos desennvolvidos. Asssim, juntamen nte com
a ocupação dos melhhores sítios paara a construçção de barrageens (principalm mente nos paííses desenvolv vidos) e
mudanças no proceesso de finannciamento, com um aum mento da partticipação doss atores privaados, o
movimmento de resisstência às graandes barrageens foi parciaalmente respoonsável pela rredução no riitmo de
construução destas. Para
P entender esses
e movimeentos, é precisso levar em coonta que no paassado consid derações
quanto aos impactoss sobre a bioddiversidade e populações
p affetadas, factibiilidade de proojetos alternativos e a
necessiidade de trannsparência frequentemente não ocupavaam a parte neecessária no ddesenvolvimento dos
projetoos, além de muuitos projetos não terem proopiciado todoss as vantagenss esperadas.

Este deesenvolvimennto é paralelo, claro, à impoortância cresccente das quesstões ambienttais e da partiicipação
da sociiedade na disccussão de outrros grandes projetos, que eram
e frequenteemente ignoraadas ou exerciam um
papel menor.
m Obviam mente, para issto ser possíveel é preciso um
ma forma de governo
g onde eexiste a possib
bilidade
de disccussão e princcipalmente o reconhecimen
r nto de que possições contrárrias não são aapenas possíveeis, mas
inevitááveis.

O proccesso de consttrução das graandes barragenns é atualmentte portanto maais complexo,, e frequentem
mente as
objeçõees dos defensores das connstruções tratta não da op posição a elass, mas do temmpo necessárrio para
aprovaação do projetto. Porém, see projetos pottencialmente benéficos devvem ser apoiados e acelerrados, é
precisoo transparênciaa por parte doo Estado, respeeito às normass ambientais, compensação à população afetada,
envolvimento de todda a sociedadee na discussãoo, medidas qu ue frequentemmente melhoraam projetos – mesmo
porquee existe muitass vezes também m o apoio a eles

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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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técnico suficiente) para que a maior partee da eletriciddade hoje neles


n seja geerada por essta fonte.
A demaanda por energia
e eléttrica em muitos
m paísees é atualm
mente grandde demais para p seu
potenciaal hidráulicco (apesar ded ainda haaver regiões em que estee ainda nnão foi plenamente
estudaddo e explorrado, especialmente na Ásia e AméricaA doo Sul), e eeste também m não é
distribuuído igualmeente - cincoo países geraam mais da metade da hidroeletriccidade mund dial (são
Canadá, Brasil, Chhina, Estados Unidos e Rússia).
R

Assim, a hidroeletrici
A h idade exerce hoje normalment
n e um pappel secund dário no
fornecimmento de energia
e eléttrica, atuanndo em mu uitos paísess como cappacidade dee ajuste,
permitinndo que outtras fontes de
d energia, como a térrmica, possaam ser utilizzadas com um grau
de eficiiência ótim
mo. Segundoo a IEA, em e 2006 a energia hiidráulica fooi responsáável pela
geraçãoo de 16% daa produção de eletriciddade, e de apenas
a 2,2%% da oferta pprimária dee energia
mundiall. Em 1973 21% da eleetricidade e 1,8% da oferta
o primáária de energgia eram dee origem
hidráuliica. A regressão da partticipação naa produção de eletriciddade concom
mitante à proogressão
na OPEE pode ser exxplicada peelo fato de que
q a produçção de eletrricidade muundial cresceeu muito
mais raapidamente do que a OPE dessde 1973. Enquanto a última ddobrou, a primeira p
praticam
mente quintuuplicou – o que signifi fica que hou
uve na verdade um graande crescim mento da
capaciddade instaladda de geração hidroeléétrica neste período (a produção
p m
mais do que dobrou,
passanddo de 1284 TWh
T para 3028
3 TWh),, mas esta não
n conseguuiu acompannhar a demaanda por
energia elétrica [IE
EA KWES, 2008,
2 p.24].

Apesar da hiidroeletriciddade claram


A mente não poder
p atender as necesssidades eneergéticas
do futuuro, ela cerrtamente teem e terá um u papel importante
i como com mponente daa matriz
energétiica mundiall, já que sãoo grandes ass vantagens de sua utiliização, quaando bem pllanejada.
Além de d evitar a utilizaçãão de tecnnologias mais m poluenntes, comoo termoeléétricas a
combusstíveis fósseeis, ou menoos seguras, como usinaas nucleoeléétricas, o cuusto de mannutenção
é baixo, fornecenddo uma eneergia barata, e tempo de d vida da infraestrutuura longo, variando
v
segundoo a fonte enntre pelo meenos 60 e 755 anos para grandes barrragens (verr [IEA WEO O, 2008,
p.75] e [Stern, 20006, p.232]).

Tabela I.55 : Geração de Eletriciddade de Fon


nte Hídrica. Fonte [IEA
A EI, 2008]
Ano : De fonte
(TW
Wh) Eletricidade Total Gerada
G Poorcentagem do
d Total
2006 hídrica
Muundo 3119,2 19014,2 16,4%
%
China + Hong
1 435,7 2902,8 15,0%
%
Koong
2 Cannadá 355,5 612,5 58,0%
%
3 Braasil 348,8 419,3 83,2%
%
4 EUUA 317,6 4300,1 7,4%
5 Rússsia 175,2 995,8 17,6%
%
6 Noruuega 119,8 121,6 98,5%
%
7 Índdia 113,6 744,0 15,3%
%
8 Jappão 95,6 1100,3 8,7%
9 Veneezuela 79,4 110,3 72,0%
%
10 Suéécia 61,74 143,3 43,1%
%

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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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II - Desenvolv
D vimento Histórico
H do Setor Elétrico B
Brasileiro
o
Ju
ustificativaa para as lim
mitações doo estudo

Conforme deesenvolvidoo na introduução, o pro ocesso de desenvolvim


d mento tecno ológico e
econômmico que see deu duraante a épooca modern na da históória mundiial (e iniciialmente
principaalmente da européia) possui
p a am
mbigüidade de d que ao mesmo
m temppo em que uma das
suas caaracterísticas mais marrcantes é a transform mação da ecconomia (ee conjuntam mente da
sociedadde) a um rittmo inesperrado até entãão (o que ju
ustifica o terrmo de revoolução), o estudo do
tempo longo indicaa que essas transformaações não sãão tão inusitadas quantto puderam parecer,
componndo um proccesso lento, mas efetivaamente imp portante.

Assim, para o estudo doo quadro ennergético brrasileiro, é imprescindíível o estud


A do do da
história do desenvoolvimento dasd principaiis fontes, co onversores e usos energgéticos que marcam
a matriiz energéticca brasileiraa. Obviameente, para o estudo da d situação da energiia eólica
importaam mais aqqueles diretaamente relaacionados à geração de eletricidaade, mas a sorte do
setor eléétrico brasileiro estevee muitas vezzes atreladaa ao destinoo de outros setores enerrgéticos,
como o petrolíferoo e gazíferro (este últtimo estreittamente, deesde o seu desenvolv vimento),
principaalmente porr causa da política
p enerrgética dos governos, queq muitas vvezes foi ap plicada a
todos esstes setoress conjuntammente, apesaar de existirrem momenntos em quee divergiriaa. Porém
mesmo em momeentos de cooncordânciaa da políticca governaamental, como na queestão de
preferênncia a uma solução privvada ou esttatal para deeterminada necessidadee, não está excluída
a incoerrência da mesma políticca em certoo assunto, co omo nas queestões ambiiental ou social.

Além disso,, muitos atores


A a estão presentees em maiis de umaa filial energética,
principaalmente receentemente, quando da liberalizaçãão e início das
d importaçções de gáss. Assim,
a situaçção históricca sempre determina e é influeenciada pella posição desses ato ores, sua
participação no meercado e até mesmo suaa origem, coomo para ass empresas eestatais.

A situação atual
a do seetor energéttico brasileeiro possui então alguumas caractterísticas
marcanttes cujas origens
o poddem ser traaçadas ao início
i da atividade ecconômica mercantil
m
brasileirra, como a tradição
t do plantio da cana-de-açú
c úcar, sempree presente nna história brasileira
b
modernna, mas cuja incursão relevante na n esfera energética
e é comparatiivamente reecente –
porém tendo
t exercido indiretaamente outrras influênciias nesta, por ter sido e ser uma atividade
a
econômmica brasileeira importtante. Outroos eventoss, como o desenvolvvimento por atores
m tomado o rumo atual - nem a
privados e estatais da indústriia elétrica e petrolíferaa não teriam
dimensãão - sem a reorientação
r o das prioriidades dos governos
g quue ocorreu na primeiraa metade
do séc. XX.
X

Assim, o proocesso históórico se reveela ser long


A go. Já para o estudo doo assunto peertinente
não é preciso annalisar-se toda a histtória energ gética brasiileira, nem m todos os setores
extensivvamente. Mais
M especifficamente, o caráter attual do setoor energéticco como um m todo é
marcadoo pelas polííticas adotaddas a partir da década de
d 70, comoo reação à ccrise econôm mica que
sucedeuu às crises energéticas
e da época e como meio o de relançaar a econom mia, que apreesentava
sinais de
d desaceleraação após umu período de intenso crescimento
c o. Mesmo pprocurando-se evitar
qualqueer determinaação temporral definitivva, é possíveel ver tendêências gerais diferentess durante
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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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as décaddas sucessivvas, por exeemplo, a sittuação finannceira das companhias


c s elétricas durante
d a
década de 80 e a teentativa de saneamento
s o dessas (atrravés da privatização) ddurante a déécada de
90, abaandonando o controle das tarifas públicas co omo instrum mento paraa se tentar atingir
a a
contençção da inflaação. Comoo indicado acima, esttas tendênccias, emborra se influeenciando
mutuammente, devem m muitas veezes ser expplicadas atraavés de um contexto maaior.

Essta parte obbjetiva, porttanto o estuudo dos settores energééticos mais importantees para a
situaçãoo atual da inndústria da energia eléétrica e eóliica, principaalmente dessde a décad
da de 70,
embora isto impliqque também m o estudo do contexto o econômicco e social que provoccaram as
diversass políticas e desenvolviimentos quee influenciaaram estas inndústrias.

A economia brasileira até 1973

A crise polítiica (1961-19964) que o Brasil viveuu desde a reenúncia de JJânio Quad
dros até a
deposição do seu vice,
v emposssado com dificuldades
d s em 1961, João Goulart– cada um u eleito
por chappas presidennciais diferentes – é um
m exemplo de como nãão se pode aanalisar a ecconomia
indepenndentementee dos aconttecimentos que marcaam a históriia brasileiraa. Efetivam mente, as
conseqüüências do golpe
g militaar de 1964 podem
p ser vistas
v ainda hoje.
h

Com o fim do d regime democrático


d o, o impasse social em m que se enncontrava o país foi
findo coom a centraalização do poder nas mãos militares, persegguição a oppositores po olíticos e
reduçãoo das liberdaades civis. A crise pollítica que en ntão acabavva tinha sidoo acompanh hada por
uma crise econômiica importannte, em partte por causaa de dificulddades em m manter o processo de
substituuição de immportações (PSI) que havia sido até então o modelo de industriialização
brasileirra. O govverno milittar procuroou então atuar a para acelerar o desenvollvimento
econôm mico, impleementando nos seus primeiros anos um ‘conjunto de transfo ormações
instituciionais impoostas ao paaís, consubstanciadas nas reform mas bancária e tributárria e na
centralizzação (autooritária) do poder político e econô ômico’ [LAACERDA, 2006, p.114]]. Porém
estas reformas, neccessárias, nãão lidavam com a gran nde desiguaaldade de diistribuição de
d renda
caracterrística do paaís até hoje,, nem foi coorreta a avaaliação do governo
g das causas da inflação,
i
sempre uma preocuupação.

A mudança institucionnal também m tocava o comportaamento frente à aberrtura da


econommia brasileiraa, uma quesstão sempree presente non debate ecconômico bbrasileiro. Enquanto
E
que o gooverno anteerior buscouu, embora seem sucesso,, uma polítiica desenvolvimentista baseada
no PSI,, e tenha tido
t um disscurso por vezes naciionalista (oo que não nnecessariam mente se
traduziaa num isolaamento ecoonômico, jáá que a abeertura era um u processoo observáveel desde
governoos anteriorees), o novo governo militar
m procuurou apoiarr o crescim
mento econô ômico na
participação estranngeira. Restta saber se esta particcipação foi finalmente benéfica, já j que a
captaçãoo externa de d financiaamentos dim minuiu a participação
p o possível ddo setor fin
nanceiro
nacionaal no processso de conceessão de crééditos à inddústria, aum
mentou a dívvida externaa (apesar
de não ter sido essta a únicaa razão do aumento [L LACERDA A, 2006, p. 123]) e faavoreceu
despropporcionadam mente o setoor de bens de
d consumo o duráveis em
e detrimennto do setorr de bens
de capittal, o que prrovocaria poosteriormennte gargalos estruturais na econom
mia.

23 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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Apesar dissoo, o períoddo de 19688 a 1973 foi marcaddo no Brassil por um intenso
A
crescim
mento da ecoonomia, a umau taxa anuual média de
d 11,2 %, graças
g ao fiim da crise política,
as reformas do iníccio do goverrno militar, a conjunturra internacional favoráável e a partticipação
estrangeeira. Porém
m o período é marcado por p um cresscimento daa dívida extterna brasileeira, que
passou de 3,8 paraa 12,6 bilhõões de US$ entre 1968 8 e 1973 [LLACERDA, 2006, p.12 24]. Esse
aumentoo de 8,8 bi b US$ nãoo pode ser explicado pela necesssidade de financiameento das
importaações brasileeiras cresceentes (inclussive de ben
ns de capitall que viriam
m a promov ver o PSI
de bens de consum mo duráveis e posteriorrmente seriaa justamentee um dos gaargalos estrruturais),
já que o saldo do balanço dee pagamentoos é então positivo. Efetivamentee, dois terço os desse
endividaamento forram utilizaddos para a constituiçãão de reserrvas, que eembora necessárias,
seriam no final doo período muito maioores do que as necessárias paraa a sustentaação das
importaações em caaso de crisee externa [L LACERDA, 2006, p.1554]. Num qquadro internacional
favorável, com baiixos juros, o governo pode ter ju ulgado ser favorável eesta políticaa, mas o
endividaamento a juuros pós-fixxados torna o país vuln nerável a choques na taaxa de juross – o que
seria o caso.
c

O governo brasileiro
b nãão foi entãoo o único a adotar essee comportam mento – a partir
p de
1970 a dívida de muitos paííses subdessenvolvidos aumentariaa consideraavelmente, mas em
1990 ass maiores dívidas
d externas perteenciam ao Brasil,
B Méxxico e Arggentina [Ho obsbawn,
1994, p.422]. A dívvida externa brasileira cresceria após
a a consttituição de rreservas do
o período
de 19688-1973 por outras razzões, e conttinuaria a crescer
c apóós a inflexãão da taxa de juros
internaccionais a parrtir de 19799.

Até 1973 o Brasil


A B viveuu, portanto um período o de forte crescimento
c o, sendo essse ano o
ápice deste processso. A partiir de então os gargalo os estruturaiis já menciionados noss setores
industriais de benss de capitall e de matéérias-primass se fizeram
m mais pressentes, ocassionando
pressões inflacionáárias enquaanto que a dependênccia das im mportações dde bens dee capital
piorava a situaçãoo do balançço de pagam mentos braasileiros (já que, emboora este tennha sido
positivoo até 1974,, o balançoo comerciaal fosse neg gativo já a partir de 1971, mass apenas
ligeiram
mente).

A situação energética até


a 1973

O ano da primmeira crise petrolífera pode ser coonsiderado um divisor de águas no estudo
da histtória energgética brasiileira. Tantto pelos efeitos
e desssa crise e que prov vocariam
posterioormente muudanças no modelo eneergético braasileiro quaanto por serr o ano de auge do
chamaddo ‘milagree brasileirro’, quanddo já se podia disstinguir o aparecimeento de
estranguulamentos estruturais
e n economiia, principaalmente no setor de prrodução de bens de
na
capital. Efetivameente, a situuação econôômica brasiileira seria mais erráática a parttir desse
momentto, com inteerações entrre esta e a matriz
m de con
nsumo de energia
e brasiileira.

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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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Oferta Inte
erna Bruta de Energia ‐ Fontes Prrimárias ‐ 19
973 (tep)

Produtos da 
Cana
Lenha 6%
38%
Outrass Fontes
Carvãão 
0
0%
Metalúrrgico Hid
dráulica
2% 6%
Carvão
o Vapor Petróleo
1
1% 47%
Gás N
Natural
0%
0

Figuraa II.1: Ofertta Bruta de Energia Braasileira. Fonnte : [BEN, 2008]


Como se pode notar pela figurra II.1 na matriz ennergética bbrasileira de d 1973
predom
minavam duaas fontes prrimárias de energia: o petróleo
p e a lenha. É nnecessário tomar
t os
cuidadoos já indicaddos acima com as estatísticas energéticas, prinncipalmentee no caso daa década
de 70, quando
q se reealizam aindda os primeeiros estudoss energéticoos mais detaalhados da MEB.
M

A importânccia elevadaa da lenhaa na matrriz energétiica indica que uma parcela


significaativa da poopulação ainnda não tem
m acesso a fontes
f energéticas resiidenciais (o
ou para a
microinndústria) dee qualidade,, como eletricidade ou gás de cozinha,
c nem m está plenamente
inseridaa num circuuito mercanntil – ou seeja, não obttém os benns de que nnecessita atrravés do
mercadoo, por uma troca
t monettária.

Jáá a grande im
mportância do petróleoo na OIBE (38,78
( milhõões de tep), apesar de não
n ser a
principaal fonte de energia paara a geraçção elétrica (UHE reprresentavam m em 1974 75% da
capaciddade instaladda de geraçção [BEN 2008, p.122]], e entre ass UTE havia aquelas a carvão-
d produçãoo nacional), teria efeitoos relevantes no balançço de pagam
vapor, de mentos apóss 1973 (a
produçãão brasileiraa de petróleo representaava aproximmadamente apenas um quarto do consumo c
[LEITE E, 2007, p.5880]). Os prooblemas de balanço de pagamentoos se refletirriam posteriiormente
na situaação econômmica brasileiira e na saúúde financeirra das comppanhias do ssetor elétricco.

A energia hidráulica reppresentava em 1973 4,,98 milhõess de tep, appenas 6% da


d OIBE,
mas eraa responsávvel pela maaior parte da d geração de eletriciddade [BEN
N 2008]. Aiinda não
existiam
m conexões importantees com os países viziinhos, de modom que vvirtualmentee toda a
eletriciddade consum
mida no Braasil era entãão gerada no
o país.

Da aprovaçãoo do códigoo das águas,, em 1934, até


a 1973, occorre um peeríodo de mudanças
m
(não coontínuo e nem
n semprre coerentee) do parad digma de expansão
e ddo sistema elétrico

25 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

brasileirro, marcadoo por momeentos como a fundação o da CHESF F em 1945, Furnas em 1957 ou
Eletrobrrás em 19662, e que coontinuaria até
a a décad da de 80. Este processso, que sign nificou a
transferrência do empreended
e dorismo na expansão do setor das d empresaas privadass para o
Estado (tanto a nívvel federal como estaddual), repressentou tambbém a interrligação de diversos
sistemass isolados, unificação da freqüênncia em 60 Hz, H reestrutturação dass empresas do setor
inclusivve com a esttatização dee muitas deelas, criação
o dos órgãoss coordenaddores da operação e
do plaanejamento. Obviamennte, houvee resistênccia de gruupos intereessados, co omo as
concesssionárias esttrangeiras e nacionais privadas
p de energia, exxemplificadaa no longo processo
p
de criaçção da Eletroobrás, que se
s estenderiia por dez annos [FONSE ECA, 1983, p.96].

Emm 1930, a capacidadee instalada de d geração de energiaa elétrica noo Brasil eraa de 779
MW [M MELLO, 20001, p.230] , sendo 80% % desta de origem
o hidrroelétrica. C
Com a revolução de
30, ocorrre uma muudança de paradigma,
p j que com
já m o código dasd águas dde 1934 o Estado
E se
torna responsável
r pela conncessão do direito de d exploraçção de quuedas d’águ ua para
aproveittamento hiddroelétrico. Em 1933 jáá havia sido o extinta a cláusula-our
c ro, instrumeento que
até então permitia asseguraar a lucratiividade das empresass do setorr (majoritarriamente
estrangeeiras) de flutuações
f no câmbioo, estabeleccendo que as tarifass fossem ajustadasa
parcialm
mente em função
f do preço do ouro, ajusttado mensaalmente [LE EITE, 2007 7, p.58].
Segundoo o novo cóódigo das ágguas, as tariifas seriam ajustadas ded acordo coom o custo histórico
h
das com
mpanhias (em m função doos investimmentos realizzados anteriiormente), qque seria a forma
f de
cálculo adotada até a década de 90. Porrém esta fo orma de cállculo não reealizava a correção
c
monetárria dos ativos das coompanhias em função o da inflaçção, ameaçando comp prometer
seriameente a rentabbilidade desstas no casoo de inflaçãão forte. Em
m 1939 é constituído taambém o
Conselhho Nacionall de Águas e Energia Elétrica,
E CNA AEE, ligadoo ao gabineete presidenccial.

Apesar da mudança
A m do quadro leggislativo, duurante a déccada de 19330 o govern no ainda
não atuuava ativaamente no sentido de d expand dir a capaacidade insstalada, co ontrolada
principaalmente porr companhiias privadass. Assim, segundo
s Leeite, a época foi marcaada pela
mudançça do quadrro institucioonal, alta innflação (quee compromeetia as tariffas, calculad das pelo
custo hiistórico nãoo-atualizadoo) e dificulddades em se obter os eqquipamentoss necessárioos para a
expansãão do sistem ma através do parque industrial nacional ouu por impoortação, fato ores que
levaram
m a deteriooração dos serviços do d setor e a diminuuição do riitmo de ex xpansão.
Efetivammente, foraa das áreass mais dessenvolvidas (RJ e SP P), era baixxo o intereesse das
compannhias em exxpandir a oferta,
o princcipalmente diante da incerteza
i dee lucrativid
dade dos
empreenndimentos. Em 1945 a capacidaade instalad da era de 1342
1 MW ((80% comp posto de
hidroeléétricas) [MEELLO, 2001, p.232], sendos que o ritmo de expansão
e noo qüinqüêniio 1940-
1945 foora de 1,1%%. Em 1940 duas comppanhias, a Brazilian
B Traction, Lighht and Pow wer (mais
conheciida como Liight), holdinng constituíída em 1912 para agruupar empressas atuantess em São
Paulo e Rio de Jaaneiro, e a American Foreign & Power Co. (Amforp)) detinham 58% da
capaciddade, atuanddo nos estaados de Sãoo Paulo, Rio R de Janeiiro e em aalgumas cap pitais da
federaçãão.

O período dod Estado Novo foi marcado por p diversaas crises noo fornecim
mento de
eletriciddade, comoo racionameento na áreea da CPFL
L (interior de São Pauulo). Embo
ora estes
problemmas não tenhham sido posteriormennte complettamente elim
minados [LE
ESSA, 2001, p.26],
26 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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era clarra a dificulldade do seetor elétricoo em acommpanhar corrretamente a demandaa. Ainda


segundoo Leite, noo final do Estado Novo N há umma reação do governno para faccilitar o
investim
mento privaddo, medidass que não suurtiriam efeeito até o rettorno ao reggime democcrático.

Poorém a tenddência a paartir de 19445 não seriaa mais a dee expansão do sistemaa elétrica
através da atuaçãoo das compaanhias privvadas. Comeeçava um período
p de atuação do Estado,
positivoo, e que em 1973 resulttaria numa capacidade instalada de
d mais de 118 GW [BE EN 2008,
p.122].

Uma das primeiras inicciativas govvernamentaiis foi a criaação da Com


U missão Estaadual de
Energiaa Elétrica non Rio Grrande do Sul, S projeto porém que
q enfrenttou posteriiormente
dificulddades por see basear parrcialmente na utilizaçãão de pequeenas unidaddes termoelétricas a
diesel distribuídas
d pelo território do esttado. Empreendimentoo mais impportante e de d maior
conseqüüência seria a criação da
d Companhhia Hidroeléétrica do São Franciscoo.

A CHESF, cujo c decretoo-lei de criaação data de


d 1945, foi instituída com o objetivo de
construiir a UHE de d Paulo Afofonso, que foif inauguraada em 1955. Desta éppoca datam também
outras inniciativas para
p o setor elétrico, tannto do goveerno estaduaal quanto feederal. Em 1952 foi
criada pelo
p estado mineiro a CEMIG, em m 1959 a Cemat
C (no Maranhão),
M em 1960 a Coelba
(Bahia) e finalmennte em 19533 e 1955 as paulistas Uselpa
U (no riio Paranapaanema) e Ch herp (rio
Pardo, entre
e outras empresas estaduais
e [M
Mello, 2001,, p. 233].

As Centrais Elétricas
A E dee Furnas forram criadas em 1957, com
c a particcipação do governo
paulistaa e mineira, além de emmpresas priivadas, mass como emppresa controlada pelo governo
federal. Em 1962 foi
f constituída a Eletrobbrás, empreesa holding e controladora então de Furnas
e da CHHESF, além de outras companhias menores.

Não coincideentemente, havia nesssa época um


N ma disposiçção dos governos a atuar nos
setores econômicos consideraados centraiis para o deesenvolvim mento econôômico, não somente
no Brassil, como em m outros países,
p maiss desenvolv
vidos ou não (e.g. o ‘ddirigismo’ francês).
f
Apesar da vontadee política para realizarr o planejam mento, issoo não signifficou que este seria
realizaddo somente através de instrumento
i os nacionaiss, ou seja, seem a particiipação de in
nteresses
estrangeeiros na ecconomia naacional. Noo plano de metas de Juscelino Kubitschek k, ótimo
exemploo da utilizaação do plaanejamento econômico o por partee de um gooverno brassileiro, o
capital privado
p estrrangeiro exxerceu um papel
p imporrtante, ‘limiitando-se o capital naccional ao
papel dee sócio mennor desse prrocesso’ [LAACERDA, 2006,
2 p. 95]].

Poorém no settor energético, apesar do


d grande papel
p do finnanciamentoo privado, a atuação
do Estaado é visívvel. No perríodo 1951-1955 a paarticipação estatal (gooverno e empresase
estatais)) na formaçção bruta de
d capital fiixo deste seetor foi de 23,2%, tenndo sido o resto do
investimmento realizzado atravéés de finannciamentos não-estatais. Já em 1965 a partticipação
pública era de 53,77% [FONSE ECA, 1983,, p.184]. See a política econômica
e federal lanççou mão
muitas vezes doo investimento estrangeiro com mo forma de aceleeração eco onômica,
principaalmente a partir
p da poosse de JK e durante o governo militar, a iindústria en nergética
constituuiu consistenntemente um
ma das prinncipais áreass da atuaçãoo estatal.

27 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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Paaralelamentte havia outtra correntee de pensammento, que privilegiava


p a a atuação privada
como melhor
m formma de garanntir o desennvolvimentto econômicco, posiçãoo predominaante por
exemploo nos relattórios da Missão
M Abbbink (parcerria entre o governo bbrasileiro e estado-
unidensse durante o governo Dutra) e da d Comissão o Mista Brrasil-Estadoos Unidos (governo
(
Vargas)), esta últim
ma encerradda em julhoo de 63, ap pós dois annos de trabaalho e sem grandes
resultaddos. Emboraa reconhecessem a im mportância dos setoress elétrico e petrolífero o para o
desenvoolvimento econômico,, estas apooiariam principalmentte a atuaçção privadaa nestas
indústrias, com a devida reggulamentaçção estatal. É importaante ressalttar que apeesar das
empresaas privadass (principallmente estrangeiras) terem exerccido um paapel importtante no
desenvoolvimento dad indústria elétrica braasileira, um
ma das razõees para a crriação do prrojeto de
lei da Eletrobrás
E (em 1954) foi a indisposição deessas emprresas em innvestir na indústria
i
[Fausto, 2007, p. 416],
4 apesaar da evidente necessiidade. Este período ainnda é marccado por
crises e racionameentos, mostrrando a insuuficiência dod sistema para
p atendeer adequadaamente a
demandda.

O aumento da
d participaçção do Estaddo na formaação bruta de d capital fiixo do setorr elétrico
só foi possível com
m a criação de
d novos mecanismos
m de financiaamento. Em 1954, um ano a após
o envio do projetoo ao Congreesso, foi criiado o Fund do Federal de Eletrificcação, admiinistrado
pelo BNNDE (fundaado em 19522) , que com m os recurssos arrecadaados atravéss do Impostto Único
sobre a Energia Elétrica, IUEEE, visava permitir às empresas
e púúblicas inveestir na expaansão do
setor. 400% do IUEE era destinnado ao funndo federal, pertencenddo 50% aos estados e o restante
aos munnicípios. O FFE recebbia ainda reecursos da Taxa de Despacho
D A
Aduaneiro e de pelo
menos 4% do Impposto do Consumo
C (sua principaal fonte de recursos) [FONSECA A, 1983,
p.193]. Uma críticaa a esse méttodo de finaanciamento foi o fato ded o IUEE nnão ser iniciialmente
um impposto ad vaalorem (sobbre o valor cobrado) mas m uma taaxa pré-detterminada, expondoe
assim parte
p da arrrecadação do
d FFE à corrosão
c in
nflacionária.. É importaante lembraar que a
remunerração das emmpresas pello custo histtórico sofriaa então do mesmo
m probblema. O cáálculo do
IUEE seeria modificcado em 19663 para ad valorem,
v peermitindo prroteger este da inflaçãoo.

Emm 1962 o IUEE passoou para a reccém-criada Eletrobrás,, então agennte centralizzador da
política do governno federal de d expansãoo do setor elétrico.
e Coom a criaçãão do Minisstério de
Minas e Energia em m 1960, a política
p enerrgética do governo
g passou a ser cooordenada porp essas
duas insstituições. Foi
F igualmeente criado o empréstim mo compulssório ad vallorem sobree a conta
de eletrricidade, tammbém para capitalizarr a Eletrobrrás. Em 19664 se impleementou a correçãoc
monetárria dos ativvos das commpanhias doo setor de en nergia elétrrica, impediindo que a corrosão
c
inflacionária afetassse a remunneração desttas (já que a tarifa era calculada
c peelo custo hiistórico).
Em 19771 criou-se a Reserva Global de Reversão, outra taxa sobre as coompanhias do setor
para finnanciar a exxpansão do mesmo.
m Junntamente coom reformaas do emprééstimo comp pulsório,
do IUEE E, de redução do imposto de renda das companhias, isennção do impposto de imp portação
de equippamentos, estas
e mediddas represenntaram um incentivo importante
i ppara a expaansão da
geraçãoo, transmissãão e distribbuição de elletricidade. Já as trataçções para a construção o de uma
UHE em m Sete Quuedas, moviimento quee se inicia em 1962, culminariam m em 1973 3 com a
aprovaçção dos texxtos legais sobre Itaippu, cuja con nstrução coomeçaria em m 1975, daatando a
primeiraa operação de 1983 [L Leite, 20077, p. 217]. Com
C a lei de
d Itaipu fooi também criada a

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Conta de
d Consumoo de Combuustíveis, CC CC, que ob
bjetivava reppartir entre todas as geradoras
hidroeléétricas do sistema
s o custeio
c das UTE do sistema,
s necessárias pporém de utilização
somentee complemeentar às UHHE.

A partir de 1964, connjuntamentee com a estatização


e de compannhias do setor,
s se
reorgannizam os ativos
a fedeerais, passaando a fun nção de trransmissão e distribu uição às
compannhias estaduuais (algumaas criadas através
a dos fundos provvenientes ddo IUEE) e restando
r
a geraçãão na esferaa federal (appesar da cappacidade instalada de geração
g de ccompanhiass como a
CEMIG G ser importtante) [Leite, 2007, p. 578]. Por exemplo,
e a Light pauliista é estatizada em
1979, e em 1981 coonstitui a Elletropaulo, controlada pelo
p Estadoo de São Pauulo.

A crise energgética de 1973-1983

Emm outubro de d 1973 se deu


d a brevee guerra do Yom
Y Kippuur, que envoolveu Israel contra o
Egito, a Síria e o Irraque, levanndo o goverrno da Arábia Saudita, já
j então o mmaior exporrtador de
petróleoo do mundoo [IEA NOE ECDS, 20008, p.II.501]], a quadruuplicar o preeço do petrróleo em
duas etaapas e apliccar um embbargo aos EUA
E e Holaanda, como forma de ppressionar os o países
ocidentaais, grandes consumiddores de peetróleo e alliados de Israel
I [Smill, 2008, p.228]. Em
dezembbro o preço do d petróleo, que tinha ses mantido estável por toda a décaada de 60 (iinclusive
a patam
mares mais baixos
b do que
q aqueles dos anos 50),5 já foi quadruplicad
q do para maais de 11
US$ [T Touchard, 2008,
2 p.5933]. Tambémm de conseq qüência, see acelera enntão o proccesso de
nacionaalização dass companhiaas de petrólleo no Orieente Médio. Tradicionaalmente, a extração,
e
refino e distribuiçãão eram conntrolados poor companh hias ocidenttais, as chammadas ‘Setee Irmãs’,
mas a partir
p da década de 70 7 esse paddrão começa a se alteerar, com a nacionalizzação de
algumass companhias já antes da d guerra doo Yom Kipp pur. Datam de então taambém acorrdos para
aumentaar o preço do petróleoo, que, com mo dito, estaava abaixo dos preçoss verificado os para a
década de 50, acorrdos que em m parte apennas atualizavvam os preçços do petróóleo de acoordo com
a desvallorização dee facto do dólar
d [Adda,, 06/1994].

Assim, apesaar da imporrtância do choque


A c do petróleo
p de 1973, é poossível obseervar um
processoo de concerrtação dos esforços
e parra o aumento de preçoss que anteceede 1973, seendo que
a fundaação da Orgganização dos
d Países Exportadore
E es de Petrólleo, OPEP, em 1960, pode
p ser
considerada a sua primeira manifestação
m o importantee. Obviameente, esta luuta entre as grandes
compannhias ocidenntais e os governos
g dos países produtores
p s poderia ter surgido
só o após o
crescim
mento do connsumo munndial de petrróleo, já qu ue embora em
e 1973 os EUA aindaa fossem
os maioores produttores de petróleo do mundo,
m eram
m também o segundoo maior imp portador
(depois do Japão, desconsidera
d ando-se a URSS).
U

Mas uma muudança gradativa dos prreços provo


M oca efeitos diferentes
d doos de uma mudança
m
brusca e importannte daqueles, e os doiis choques do petróleeo provocarriam deseq quilíbrios
conseqüüentes e durradouros noos balanços de pagamen ntos de certtos países, pprincipalmeente para
os menoos desenvollvidos, e porrtanto semppre mais vullneráveis e com
c menos possibilidaades para
se adapttar.

O segundo choque
c do petróleo, reesultado daa Revoluçãoo Iraniana dde 1978-19
979 e da
guerra entre
e Irã e Iraque (quee começa em m 1980), prrovoca outrro aumento de preços. Entre o
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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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começoo de 1979 e 1980 o preçço pelo mennos dobra, passando


p dee 40 US$ paara alguns petróleos
p
leves, e entre 19973 e o piico de 19881 os preçços em mooeda consttante mais do que
quintuplicaram [Sm mil, 2008, p.21].
p Porémm, o segunddo choque do
d petróleo teria conseq qüências
importaantes. Coinccidindo com m um períoodo - o com meço dos anos
a 80 - dde crise eco
onômica
generaliizada e insttabilidade financeira,
f o segundo choque doo petróleo pprovoca um ma queda
importaante da deemanda, um ma diminuiição da in ntensidade energética de muitoss países
desenvoolvidos, graandes conssumidores de d petróleo o, e o desenvolvimennto de projjetos de
exploraçção em países fora da OPEP [Sm mil, 2008, p.30], compoortamentos que já tinh ham sido
incentivvados pelo primeiro chhoque. Além m disso, naa OPEP, onnde as polííticas dos membros
m
podiam ser conflitaantes, o dessrespeito às cotas de prrodução (m
movimento liiderado enttão pelos
beligeraantes Irã e Iraque)
I não permitia umm controle efetivo
e da oferta
o [Toucchard, 2008, p.594],
e em 19985 a Arábia Saudita deixa
d de soomente commplementar a produçãoo dos outross países-
membroos. Por estass causas, a partir
p de 1983, e princiipalmente desde 1985, os preços começam
a cair coonsistentem
mente, comportamento queq se mantteria até 19997.

A crise energgética e a economia


e brasileira

Emm 1979 o Brasil


B impoortava aprooximadamen nte 80% doo petróleo cconsumido no país,
recorde para o perríodo 1957--2007 [BEN N, 2008, p.3 38]. A parttir de entãoo a participaação das
importaações (em quuantidade) no n consumoo nacional cai
c continuaamente, mass entre 1973 3 e 1982
a depenndência exteerna brasileeira de petróóleo ficou sempre
s acimma de 50% %. Assim, o decênio
1973-19983 foi marrcado pela im mportação ded quantidaades relativaamente granndes de petrróleo cru
(esta, mais
m importaantes que a importaçãoo de derivad dos, nunca ficou abaixxo de 35 milhões de
tep – vaalor de 19733), que exercciam pressãão sobre o balanço
b de pagamentos
p .

De fato, o balanço
b de pagamentos
p s se torna deficitário
d a partir de 1974, e o balanço
comerciial, até 19772 estável em torno do d equilíbrio, se tornaa fortementte deficitárrio. Esse
desequilíbrio não foif causadoo apenas peelas importaações de peetróleo, já qque data daa mesma
época o II Plano Nacional
N dee Desenvolvvimento (PND), deciddido pelo gooverno miliitar para
resolverr os gargaloos econômiccos descritoos acima e que então surgiam
s devvido à insufficiência
dos setoores de proodução de matéria-prim
m ma e de beens de capiital. Além do mais, parte
p das
importaações de equuipamentoss e serviçoss visava jusstamente paaliar a depeendência externa do
país emm petróleo – o investiimento da Petrobrás, que se dessloca então para a plaataforma
continenntal brasileiira, de 558 milhões de US$ em 19 972 (dólares de 1994) passa para 1086 mi
US$ em m 1975 e see manteria acima de um u bilhão de d dólares até
a 1989 [L Leite, 2007,, p.585].
Além disso,
d pesavaam outros fatores
f com
mo a fuga dee capitais e posteriorm
mente o aum mento de
juros.

Apesar de muitos
A m autorees considerrarem que o II PND, queq personifficava a decisão do
governoo pela ‘fugaa para frentte’ [Lacerdaa, 2006, p.1
133], ter siddo uma deccisão incorrreta num
momentto de desaceleração daa economia mundial, o Plano avaliiava a crisee como duraadoura, e
procuraava fornecerr uma respoosta heteroddoxa às dificculdades ecconômicas bbrasileiras. Porém a
propostaa do governno militar nãão poderia ser
s um projeto apoiadoo socialmennte, e, lançan ndo mão
extensivvamente doo endividam mento exterrno, colocarria as emprresas estataais em dificculdades
financeiiras quandoo do aumennto dos juroos internacionais que se s verifica a partir do final de
30 
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1979, com a mudaança da pollítica do Baanco Centraal americano – os juroos nominaiss passam
então dee pouco menos de 10% % para 16% ao ano (apeesar do pataamar de 19770 já represeentar um
aumentoo destes frennte ao inícioo da décadaa de 1960) [Aglietta,
[ 20008, p.108]..

Paara Leite, mesmo


m com a discussãoo em torno dos resultaados do II P PND, a cond dução de
muitos grandes
g proojetos foi realizada de maneira
m inccorreta, e a avaliação
a doo autor do II
I PND é
portantoo negativa [Leite, 20007, p.197]. Outros auttores, emboora reconheecendo o attraso no
lançameento de divversos proggramas, enffatizam a importânciaa do Plano para o esttímulo à
balançaa comercial, que voltaaria ao supperávit a paartir de 19981 e demoonstraria reesultados
expressiivos a partiir de 1983 [Lacerda, 2006,
2 p.1655]. Critica-sse também a insuficiência das
políticas do governno para favoorecer um aumento
a daa eficiência energética. Apesar dos efeitos
benéficoos no proceesso de subbstituição dee importaçõ ões, o II PNND contribuuiu para aum mentar a
exposição da econoomia nacionnal e de emppresas estatais a choquues externos, que como descrito
acima, acabaram
a occorrendo.

A situação dasd empresaas estatais dod setor elétrico se alteera a partir de 1974 devido às
dificulddades da ecconomia brrasileira. A simultaneidade das crises
c econôômica e ennergética
levaria a sucessivaas alteraçõees da políticca nacional para o setoor, e finalm
mente a situ
uação do
setor eléétrico seria o principal argumento para as refo
ormas liberaais da décadda de 1990.

Desenvolvim
mento do seetor elétricoo brasileiro
o a partir de 1973

O período quue começa em e 1973, últtimo ano do o chamado ‘milagre braasileiro’, é marcado
m
tanto peela situaçãoo econômicaa mais instáável quanto
o pela maioor deterioraçção da situaação das
compannhias do seetor elétricco. Obviam mente estass duas caraacterísticas se influen nciaram,
particularmente noo que diz respeito à intervençção estatal sobre as companhiaas como
instrum
mento de políítica de conntrole inflacionário.

A partir dessse período se


s começa a notar umaa aceleraçãoo na taxa dee inflação (ffig. II.2),
que a partir de 19665 tinha esttado sob controle, abaiixo de 40% % a.a. Pela ffigura se no
ota que o
problemma ainda nãoo atingira as dimensões que tomarria na décadda de 80, m mas o princip
pal é que
já entãoo incentivouu a tomada de
d medidass por parte dod governo.. As causas para a alterração do
padrão inflacionári
i io eram váriias, como os gargalos setoriais
s quee se verificaavam então (e que o
II PND procurava corrigir),
c o aumento doo preço da energia
e deviido aos choqques do petróleo, as
desvalorizações cam mbiais (em 1979 e 19883) que torn navam os prrodutos impportados maais caros,
a desorrganização das contaas públicass após o aumento dos d juros internacionnais e a
financeiirização e inndexação daa economia,, entre outro
os.

Assim, não se
A s pode deteerminar um ma causa úniica para a inflação.
i Muuitos desses fatores
favoreceeram o aummento da innflação, enqquanto que a economiaa, se adaptanndo a um ambiente
a
de preçços crescenntes, criou mecanismoos que ao mesmo teempo em qque permittiam um
crescim
mento econôômico num ambiente desfavorável (é notávvel que a eeconomia brasileira b
tenha suuportado peeríodo inflaccionário tãoo longo) tam
mbém favorreciam a esttabilização em altos
patamarres [Lacerda, 2006, p.175]. São os o chamado os fatores acceleradores e mantened dores da
econommia, parte daa teoria da inflação
i ineercial desen
nvolvida enttão. Segunddo esta, a ad
daptação
dos ageentes econômicos instiituía mecannismos que permitiam a convivênncia com a inflação
31 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

alta (coomo a inddexação dee salários e títulos públicos),


p enquanto que outrass causas
aumentaavam o patamar
p infflacionário, que depois não regredia,
r ddevido aos fatores
manteneedores.

Figg. II.2: Inflaação Anual no período 1970-1995. Fonte: [Ipeeadata – FG


GV/Conjunttura
Econômicaa]

Ennquanto quue certos attores foramm favorecid dos pela altta inflação do período o, como
grandess empresas, outros, commo as empreesas de servviço públicoo, viram suaa situação financeira
se degraadar, já que não podiam
m ajustar livvremente su
uas tarifas.

Em m 1975 a política do governo


g paraa o setor eléétrico se alttera, e a tariifa desse an
no seria a
mais altta do decênnio 75-85 [LLeite, 20077, p.207]. O reajuste daas tarifas fiicou então sujeito
s à
aprovaçção dos minnistérios da área econôômico, e foii controladoo como form ma de conteenção da
inflaçãoo. Apesar de
d a tarifa residencial
r e
estar, em 1973, excesssivamente aalta, a dimeensão da
contençção tarifáriaa e sua exttensão (engglobando nãon só tariffas residencciais, mas também
industriais) indica que
q a políticca do goverrno foi muitto além de somente
s alivviar o peso da tarifa
residenccial.

Quase simulltaneamentee, em 19744, foi institu uída a equaalização tarrifária no território


t
nacionaal, através do
d desvio dee parte dos recursos
r da RGR para a então-criada Reservaa Global
de Garaantia, RGG, que objetiivava, atravvés do aporrte de recurrsos financeeiros para empresas
e
menos rentáveis, equalizar
e os preços daa energia elétrica
e em todo o terrritório naciional. O
grande beneficiárioo desta meddida foi a região
r Nortee, para ondde se direcioonaram pelo
o menos
metade desses recuursos, enquuanto que empresas
e mais
m rentáveeis viram suua receita reduzida,
r
dificultaando mais innvestimentoos [Leite, 20007, p.211].

32 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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G Deedecca
 

Até 1974, oss recursos financeiros


A f das empreesas de enerrgia elétricaa proviam em pelo
menos 50%5 aproxiimadamentee de meios próprios
p (reeceitas, imppostos comoo o IUEE, e aportes
do goveerno e da Eletrobrás)
E [Fonseca, 1983,
1 p.1977]. A partirr dessa dataa, com a coontenção
tarifáriaa, a quota prroveniente das
d receitass cai continu uamente, paassando de 24,1% dos recursos
em 1973 para 16,55% em 19777 (sem conntar a Eletro obrás). Estaa queda nass fontes pró
óprias se
reflete num
n aumennto da impoortância doss financiammentos para a manutençção e expan nsão das
concesssionárias. A participaçãão destes, quue era de 500,2% em 19973 passa paara 64,1% em e 1977,
sendo que
q o aumennto do voluume destes financiameentos é realiizado graçaas a Eletrob brás (que
então finnanciava o setor) e atores privados nacionais e estrangeiros.

Seegundo Fonnseca et al, a Eletrobráás exerce até 1975 um papel impoortante de aporte
a de
recursoss ao setor, mas
m somente apenas a partir
p desta data a sua função
f de fi
financiadoraa adquire
proporçções mais relevantes.. Sua parrticipação no n aporte de recurssos em fo orma de
financiaamentos passsa de 26,2% % em 19733 para 33,3% % em 1977 [Fonseca, 1983, p.197 7]. Além
disso, esses
e financiamentos, apoiados
a iniicialmente por
p uma caaptação de rrecursos com m atores
nacionaais privadoss por partee da Eletrobrás, passaam a ser apoiados
a maajoritariameente por
recursoss externos. Isto é condizente com m a conjun ntura internaacional (a ttaxa de juro
os ainda
estava relativamen
r nte baixa, e os chamaddos ‘petrod dólares’ abuundavam) e com a política do
governoo, que via non aporte dee recursos estrangeiros
e s tanto uma forma de eequilibrar o balanço
de pagaamentos coomo uma forma f de sustentar
s o desenvolvvimento ecoonômico. Assim,
A a
participação de empréstimos
e s de instittuição finaanceiras esstrangeiras (e crescen ntemente
privadas) no aportee de recursoos à Eletrobrás passa dee 3,3% em 1973 para 221,8% em 1978, um
ano antees do início do períodoo de aumento dos juros internacionnais.

Assim, quando do aumento de jurros as emprresas conceessionárias dde energia estavam


A
muito expostas à mudança da conjunntura interrnacional, agravandoa o pagameento dos
financiaamentos conntraídos, e a contençãoo tarifária, responsável
r l em parte ppor essa ex
xposição,
continuaava a ser a política
p do governo,
g aggravando a situação
s na década de 880.

Década marccada por um m crescimennto econôm mico instáveel e por divversas tentaativas de
controlee inflacionáário, por vezzes através do congelaamento de preços,
p o ‘choque heterrodoxo’,
nela a situação daas empresass do setor elétrico dee deteriorouu ainda maais. Por exeemplo, a
rentabilidade efetivva das comppanhias do setor passo ou de 8,6% para 4,2% de 1978 paara 1986,
podendoo haver loggicamente grandes
g differenças enttre diferenttes empresaas e regiõess [Leite,
2007, p.590]. É interessante leembrar que por décadass a remunerração do settor havia se baseado
em umaa rentabilidaade entre 100 e 12% doo custo histó órico, o quee indica quee mesmo emm 1978 a
rentabilidade médiaa estava abaaixo dos paddrões considerados sauudáveis. Na década de 80 ainda
existiramm outros prroblemas que
q dificultaaram a reallização de novos n projeetos, como a maior
dificulddade em contrair emprréstimos internacionais a condiçõões aceitáveis (princip palmente
depois da moratórria brasileirra de 1987)) e impassees de ordem m ecológicaa e social, como a
resistênncia das communidades ribeirinhas afetadas pela criação de reservaatórios. Parra Lessa,
mesmo o efeito daa corrosão das d tarifas pelap inflaçãão não podee ser compaarado ao effeito que
teve a innclusão, peelo FMI, doos empréstim mos estataiss como form ma de finannciamento público
p e
portantoo passíveis de controlee para a reduução da dív vida do govverno [Lessaa, 2001, p.2 29], fator

33 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
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que teriia reduzido significativvamente a capacidadee de investim


mento das empresas do
d setor,
então em
m sua maiorria públicass.

A
Alterações n setor eléttrico a parttir de 1988
no

Apesar da crrise do setoor elétrico, que toma forma,


A f com
mo visto, connjuntamentee com o
início da
d crise econômica e inflacionárria, aproxim madamente em 1974, o crescim mento da
capaciddade instaladda de geraçção de enerrgia elétricaa não foi nulo
n em moomento algum (fig.
II.3), mas
m o períoodo foi marcadom porr um baixo o crescimeento da cappacidade in nstalada,
principaalmente a década
d de 90.
9 A fig. III.4 indica queq ao longo dessa déccada a expaansão da
oferta de
d eletricidaade (que innclui as im mportações, majoritariaamente de IItaipu, e peerdas no
sistema)) permanecce consistenntemente abbaixo da ex xpansão da capacidadee instalada. Mesmo
argumenntando-se que q a partee paraguaia de Itaipu pode ser considerada
c como ‘cap pacidade
instaladda brasileiraa’ em função da prioriddade do Braasil na comp
mpra dessa eenergia geraada (pelo
menos até recentem mente), o nível
n médioo de expansão da capacidade e ddo consumo o fica, a
partir dee 1986, abaixo da média da épocaa anterior (ex xceto para o consumo em 79-82, época
é de
crise, e da primeiraa recessão da
d economiaa brasileira desde 19422 [IBGE/SC CN, 2000]). A maior
integraçção do sistem ma nacionaal, apesar dee diminuir a necessidadde da instalaação de con
nversores
de energgia, também m não pode justificar
j a queda no ritmo de cresscimento.

A expansão do sistem ma alcança o consumo o justamennte na épocca que anttecede o


racionammento, mass este períoodo será annalisado na parte seguuinte, emborra seja inteeressante
notar quue a variaçãão anual daa capacidadee instalada (e do consuumo) não attinge atualm
mente os
patamarres da décadda de 70.

Cap
pacidade Instalada ‐ Brrasil 1974‐2
2007
1
120

1
100
Capacidade Instalada (GW)

80

60

40

20

0
74 75 76 77 78 79 80 811 82 83 84 85 86
8 87 88 89 90 91
9 92 93 94 95 96 97 98 99 00
0 01 02 03 04 05
0 06 07

TOTAL Total SP / P
PIE APE TERMO   H
HIDRO

34 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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Fig. II.3: Capacidaade Instaladda para a Geeração de Elletricidade (PIE


( – Proddutor Indepeendente,
APE – Autoproddutor) – Fon nte: [BEN, 2008]
2

A década de 90 é marcaada então poor um cresciimento baixxo da ofertaa de energia elétrica,


e esse efeito
e ma conseqüüência direta da quedaa no ritmo de investim
é um mentos do setor na
década de 80, prinncipalmente a partir da segunda metade
m destaa. A queda na possibiliidade de
autofinaanciamento do setor, quue acarretouu o aumento o da tomadaa de empréstimos, foi seguida a
partir de 1986 pelaa diminuiçãão de todos os investim mentos, auto-financiaddos ou apoiaados por
emprésttimos. O creescimento que
q se verifi fica então é, em sua maaior parte, frruto da motorização
de projetos existenntes (comoo Itaipu e Tucuruí)
T e da retomaada da consstrução de projetos
paralisaados [Mello, 2001, p.2660]. Porém a demandaa verificadaa também ficou abaixo daquela
previstaa pelo Grupo Coordenaador do Planejamento do Sistema Elétrico (pparte da Eletrobrás),
e assim
m não se verrificam granndes crises de abasteccimento. Poor sorte, já que o prog grama de
construçção de usinnas nucleoeelétricas braasileiro apreesentava grrandes atrassos – a maiioria das
usinas planejadas
p n está connstruída aindda hoje.
não

Paara o quadrro negativo do setor coontribuiu tammbém a dessvinculaçãoo dos imposstos e da


balecido pela constituição de 1988, e que
aplicaçãão dos recuursos provennientes, prinncípio estab
significoou o fim do
d IUEE, im mposto quee destinavaa recursos para
p a aplicação teoriicamente
exclusivva no setor elétrico.
e

Crescim
mento Anuall de Variáve
eis no Setorr Elétrico
2
20,0%

1
15,0%
Crescimento Anual (% a.a.)

1
10,0%

5,0%

0,0%
75 76
6 77 78 79 80 81
1 82 83 84 85 86
8 87 88 89 90 91
9 92 93 94 95
5 96 97 98 99 00
0 01 02 03 04 05
0 06 07
‐5,0%

‐1
10,0%

Transfo
ormação paraa EE Capacidade In
nstalada Oferta de Eletricidade
e

Fig. II.4:
I Crescim
mento anuaal da geraçãoo de energiaa elétrica e capacidade instalada (ccom a
particcipação braasileira de Ittaipu) 1974--2007 – Fonnte: [BEN, 22008]

O fim da déccada de 80, num períoddo em que a inflação se s agravou e a crise do setor se
tornou mais patennte, coincidde com umaa mudança nos pensaamentos político e eco onômico
brasileirros dominanntes. Definee-se mais precisament
p e então o projeto
p de reeforma do Estado
E e
da econnomia, com m uma maior participaação da iniciativa priivada. Apessar da partticipação
privada (e principalmente esttrangeira) não
n ser um ma novidadee no planejamento eco onômico
brasileirro – vide o plano de metas
m de JK ou o períod
do ditatoriall pós-64, o que se sisteematizou
35 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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então foi
f o recuoo da interfeerência estaatal de seto ores econômicos – atté então a política
econôm
mica brasileiira tinha siddo normalm mente desennvolvimentiista, com foorte interveenção do
Estado, aliada muittas vezes aoo apoio estraangeiro.

Apesar de coonsiderar ainnda que muitas indústriias (no term


A mo amplo) eeram essenciais para
o desenvvolvimentoo econômicoo, a nova poolítica elaboorada argum mentava que a iniciativaa privada
era a mais
m adequaada para a expansão
e d
desses setorees, entre oss quais estaava o energgético. É
logicam
mente possívvel argumenntar que a liberalizaçã
l ão de qualquuer indústriia configuraa apenas
mais umma forma dee intervençãão estatal, dessa vez emm favor de outra
o política, não send
do menos
necessáária a regulaamentação e pró-atividaade do goveerno para manter
m o funncionamento o correto
do setoor, além daa participação produtivva da iniciiativa privaada. Historiicamente, o Estado
Brasileiiro tem atuaado como ‘eempreendeddor schumpeteriano’ em m muitas inndústrias jusstamente
por não existir o innteresse da iniciativa
i privada (por vezes justiificadamente). Este, po orém não
era o caaso do setoor elétrico, que na déccada de 90 já estava suficientem mente desennvolvido,
apesar de
d ser necesssária sua contínua
c exppansão e dee não estar garantido o interesse ded atores
privados. Um pontto importantte deste debbate é portaanto consideerar se e quaando o Estaado deve
exercer um papel maior
m do quue o de simmples empreeendedor iniicial, e mannter uma paarte ativa
no setorr, mesmo com este já desenvolvido e com empresas
e coom a estrutuura e conheecimento
para maanter a expaansão.

A reforma liberal do setor constituiu a respostar doos governos a um problema


p
efetivammente existtente. Comoo se verá, infelizmen nte, a soluçção implemmentada não o logrou
atingir os
o objetivoss almejadoss, por diverrsos fatores.. Cabe tambbém ressaltaar que esta reforma
servia então
e outross objetivos do governo, tendo, por exemploo, representtado um im mportante
aporte de recursoos para as contas púúblicas, e tendo tambbém contriibuído de maneira
conseqüüente para o balanço de pagam mentos brassileiro – o que não ssignifica qu ue estes
resultaddos não puddessem ter sido obtidoos de outraa forma. Nãão seria a pprimeira veez que a
política de expansãão energéticca seria connduzida de forma a atrrair fundos estrangeiro os para o
país (o que na épooca estatizannte foi realiizado através da contrração de em
mpréstimos externos
em detrimento de métodos
m de financiamento interno)).

Emm 1990 foi criado o Prrograma Nacional de Desestatizaçã


D ão, adminisstrado pelo BNDES.
B
Inicialm
mente no quuadro do Proograma foraam estatizad das empresaas de setorees produtivo
os, como
o siderúúrgico e o petroquímiico, sendo vedada a participação
p o de estranggeiros. Foi na fase
inicial também
t quue predominnou a utilizzação, paraa a compra de empressas, das mo oedas de
privatização, títuloos públicos aceitos parra honrar os
o contratoss de transfeerência, cheegando a
represenntar mais dee 90% dos valores paggos no PND D nos primeeiros três annos [Lacerdda, 2006,
p.221].

A fase pertiinente ao setor


s elétricco começa a partir dee 1995, dee quando datamd as
primeiraas privatizaações de conncessionáriaas de serviçços públicoss, já no govverno FHC. Já tinha
então siido retirada a proibiçãoo da particippação de ato
ores estranggeiros no PNND, e estes viriam a
exercer um papel importante na privatizzação parciial do setorr elétrico – juntamentee com o
próprio BNDES.

36 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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A privatizaçãão do setor fazia partee de um proojeto de reoorganização completa dod setor,


que segguia as recomendações do Estudo de Reestru uturação do Setor Elétrrico Brasileiro (RE-
SEB), elaborado
e p
pela consulltoria inglesa Cooperss & Lybrannd, em connsórcio com m outras
empresaas (algumass brasileiras), durante 1996 e 1997
7. Segundo o relatório ssumário do estágio I
[RE-SEEBa, 1996, p.2]
p os princcipais objetiivos eram:

- “Assegurar a continuiddade do forrnecimento tanto em cuurto prazo, durante o processo


p
dee transição, e em longoo prazo, asseegurando qu
ue os investtimentos sejjam atraentees para o
seetor privadoo para que o sistema sejja ampliado
o e estendidoo para novaas áreas;

- Manter e aprimorar a eficiênciaa com quee recursos são empreggados pelo setor e
inncentivar o emprego
e otiimizado da eletricidadee pela econoomia como um todo; e

- «Reduzir as despesas públicas atraindo capital privado parra financiarr novos


innvestimentos e re-pagarr a dívida púública com os resultadoos da alienaação»

Os próprios objetivos indicam


i quue a reform
ma do setor estava parrcialmente sujeita
s à
necessiddade públicca de reduçção da dívvida. Apesaar de se incluir em uum plano maior m de
reestrutuuração, a desestatizaçã
d ão foi iniciada antes da
d existênciia das instittuições e leegislação
necessáárias ao funccionamento do sistema elétrico naccional.

A nível fedeeral, o objjetivo era realizar


r a privatizaçãoo dos ativoos de geraação das
empresaas constituiintes da Eletrobrás,
E t
todos os ativos
a da Eletronorte,
E a particippação da
Eletrobrrás em emppresas menoores ou estaaduais [RE-SEBb, 19977, p.11] e ooutras emprresas sob
controlee federal. As
A distribuiddoras capixaaba Escelsaa e a carioca Light foraam privatizzadas em
1995 e 1996 respeectivamentee, esta últim ma não sem m dificuldadees [Leite, 22007, p.300 0], o que
aliás recconhece o relatório
r summário do prrojeto RE-S SEB [RE-SE EBa, 1996, p.4], mas o decreto
que deteermina a veenda data jáá de 1992 [D Da Silva, 20 006, p.61]. Devido à reesistência política
p e
de diveersos atores, inclusive profissionaais e acadêêmicos do setors [ROSA, 2001, p.116],
p a
privatização a níveel federal das
d geradorras teve pou ucas conseqqüências, teendo sido vendidos
v
apenas oso ativos dee geração daa Eletrosul, que totalizaavam 3.719 MW e connstituíram a empresa
Gerasull, hoje Tracttebel Energia [Tractebeel].

A nível estaddual o moviimento de privatização


p o foi mais extenso.
e Coomo descritoo acima,
desde a reorganiização estrrutural doss anos 60 0-70 as empresas
e eestaduais exerciam
e
principaalmente um papel de diistribuidoraas de energiaa (exceto grrandes emprresas como CEMIG
e CESP P, cuja histórria antecedee o período subseqüentte à criação do FFE). SSegundo Leiite, entre
1997 e 2000 vinte distribuidooras estaduaais foram deesestatizadaas, totalizanndo 32,2 bi US$ em
receitas e transferênncia de díviidas [Leite, 2007, p.301].

37 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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Q
Quadro II.1: O Processoo de Privatizzação do Seetor Elétricoo no Estado de São Pau
ulo

Enntre as granndes compaanhias estadduais CESP P, CEMIG e COPEL, possuidoraas de um


grande parque de geração, appenas a priimeira foi completame
c ente privatiizada, tendo
o sido a
privatização da COPEL susppensa em 2002. 2 Apessar de ambbas COPEL L e CEMIG G serem
controlaadas pelos governos
g m a maioria absoluta
doos respectivvos estados,, já que estees possuem
das ações ordináriaas, grupos privados
p tam
mbém possu uem quantiaas importanntes de ações destas,
assim coomo o BND DES, que fooi um grandde financiaddor do proceesso de privvatização brrasileiro,
por vezes com resuultados negativos para a instituiçãão (ver por exemplo [O OESP, 3/12/2003] e
[FOLHA A, 23/03/20004]), sendoo assunto ainda
a muito controverso, já que a instituição exerceu
ao mesm mo tempo asa funções de administrador do Programa
P dee Desestatizzação e finaanciador
deste, muitas
m vezess para grupoos estrangeiros.

O quadro II.1 esquemattiza o proceesso de priv vatização daas empresass de energiaa elétrica
no estaddo de São Paulo,
P que reverte
r a teendência de estatizaçãoo em vigor até então. Como
C se
pode veer, a maioriaa das empreesas derivaddas da Eletrropaulo e da
d CESP sãoo privatizad das entre
1997 e 1999, mas a CTEEP é privatizada
p apenas em 2006, aconntecimento pportanto reccente.

38 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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G Deedecca
 

Assim, a prrivatização do setor elétrico


A e se deu principalmente na distribu uição de
eletriciddade, segmeento que apresenta
a caaracterísticaas de um monopólio
m nnatural, jun
ntamente
com a transmissão
t o (o que recconhece o RE-SEB).
R O setor da distribuiçãoo, principallmente a
partir daa reestruturração do settor nas décaadas de 60 e 70, estavaa distribuídoo entre com mpanhias
estaduaiis, enquantoo que a trannsmissão, e ainda
a mais a geração, estavam
e maais concentrradas nas
empresaas federais. Como nãoo se deu o processo de d privatizaação da Eletrobrás segundo a
propostaa original, a capaciddade de geeração foi menos privvatizada quue o segm mento da
distribuuição. O próóprio relatórrio RE-SEB B indica quee a geração é o único ssegmento ap pto a ser
desreguulamentado, enquanto que a disttribuição e transmissãão necessittam de um ma maior
fiscalizaação por paarte do Estaado. Por essa razão, na legislação que compôôs a reformaa liberal,
descritaa abaixo, o planejamen
p nto da transmmissão de eletricidade
e e continuou determinattivo para
empreenndimentos considerado
c os centrais, enquanto queq o planeejamento daa geração se tornou
indicativvo.

Resta analisaar o restantte dos instrrumentos e instituiçõees que comp mpuseram a reforma
liberal do
d setor elétrico dos annos 90. Um
m dos primeiiros passos foi a supresssão da equ ualização
tarifáriaa em 1993, sendo a paartir de entãão as tarifaas ajustadass por empreesa [ANEEL L, 2008,
p.26], ato
a acompaanhado da supressão do critério o do custoo histórico para avaliiação da
remunerração das concessionárrias. Este crritério tinhaa sido a basee para o cállculo das tarrifas por
mais dee meio sécullo, tendo sua origem noo código das águas de 1934.
1

Além disso procurou-sse reorganizar as dívidas das companhias


A c estaduais com as
compannhias federaais, princippalmente coom Itaipu e Furnas, dívidas ressultantes do o calote
estaduall aos contrratos de forrnecimento de energiaa firmados com essas companhiaas. Parte
dessa reecusa em honrar
h os compromis
c sos advinha da longaa disputa entre os esttados da
federaçãão, principalmente aqqueles com m concessio onárias forttes, e a poolítica fedeeral, que
procuroou apoiar prrojetos maiiores e centtralizadoress, como Itaaipu. Data ttambém de então a
reformaa da CCC, com a criaçção de connta em favor exclusivaamente de ssistemas iso olados, a
CCC-Isol [Leite, 2007,
2 p.2522]. Logicam mente a grrande favorecida por eesta mudança era a
região Norte,
N o quue é curioso já que, como
c visto, posteriorm
mente a úniica grande empresa
federal que o relatório RE-SE EB propunhha privatizarr totalmentee era justam mente a Elettronorte.
Clarameente, o RE--SEB avanççava esta prroposta não o para buscaar uma maiior concorrêência no
mercadoo de energiaa elétrica daa região Norte, a menoos interligadda (e por issoo menos addaptada a
tal situuação), mass justamente para reetirar da allçada da Eletrobrás
E a companh hia, que
apresenntava margenns brutas opperacionais altamente negativas
n [RRE-SEBb, 1997, p.8].

Esssas são enntão as granndes alteraçções que anntecederam as grandes mudanças no setor
elétrico a partir de 1995, de quando
q dataa a criação das
d novas innstituições que estruturrariam o
o
funcionnamento da indústria. Com
C a lei n 8.987 (sob bre os serviiços públicoos) e a lei no 9.074,
de 19955, foram esttabelecidas as primeiraas bases da reforma. Determinou-sse a necessiidade da
realizaçção de licitaação para a outorga daas concessõees de geração, transmiissão e distrribuição,
‘defininndo novos critérios de d concessãão; criando o a figura do produttor indepen ndente e
consum midores livrees e garantiindo o livree acesso aos sistemas de transmisssão e distrribuição’
[Da Silvva, 2006, p.61].
p A seggunda lei veersa princippalmente a abertura maaior do merrcado de
energia elétrica e sobre a reggulamentaçção das con ncessões, allém de estaabelecer as normas
39 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

gerais que
q autorizaam a desesttatização daas empresaas estatais do
d setor eléétrico, proceesso que
como visto só tomma forma a partir
p daqueele ano (apeesar do decrreto de privvatização daa Light e
Escelsa ser anteriorres).

Esstabelecida a legislaçãão básica paara as conccessões e para o PND, os projeto os de lei


seguintees trataram de criar os atores de regulamenta
r ação, planejjamento e ssupervisão. A lei no
9.427 de 1996 criaa a Agência Nacional de d Energia Elétrica,
E ANNEEL, que “tem por finalidade
regular e fiscalizaar a produução, transm missão, disstribuição e comerciallização de energia
elétrica,, em confformidade com as políticas
p e diretrizes do governno federal””, órgão
responsável pelas licitações
l d geração, transmissão
de o e distribuuição, pelo rreajuste de tarifas e
pela meediação enttre atores do d setor, suucessor do DNAEE.
D A lei no 9.6648 de 1998 cria o
Mercaddo Atacadistta de Energiia, MAE, o Operador Nacional
N doo Sistema (ssucessor do GCOI e
do CCO ON, operaddores até enntão do sisttema) e reeestrutura a Eletrobrás
E ppara a priv
vatização
parcial (sendo
( finallmente privvatizados sommente os attivos de geraação da Eleetrosul, com
mo visto).
Além diisso permitee a participaação da Eleetrobrás commo sócia miinoritária em m consórcio os para a
disputa de concesssões e deteermina a exxtinção grad dual da CC CC para o sistema intterligado
(permannecendo a CCC-Isol).
C

A reforma libberal do seetor elétricoo determinou


u ainda a desverticaliz
d zação das empresas
e
do setorr, ou seja, estas
e tiveram
m de se sepparar em em
mpresas atuuantes nos serviços de geração,
transmisssão e distriibuição.

Esstas empressas passaramm então a participar


p daa expansão do sistemaa elétrico attravés da
concorrrência em leeilões de em
mpreendimeentos hidroeelétricos e de
d transmisssão, freqüenntemente
com a participação
p o de grupos industriais grandes connsumidores de energia.. Entre 1996 6 e 2005
foram licitados
l peela ANEEL L/DNAEE 12,9 GW de potênccia em UH HE (o DNA AEE foi
responsável por liccitações no período
p 19996-1997) [A
ANEEL, 20007], e a agêência indicava ainda
que até 2005 poucoo mais de 3 GW em UT TE haviam sido
s licitadoos [ANEEL
L, 2006, p.40 0].

Seegundo o noovo modeloo, a comerccialização daa energia erra realizadaa através de acordos
bilateraiis (para connsumidores cativos), seendo as difeerenças com
mercializadaas através do
d MAE,
o chammado mercaddo spot (e cujos preços estavam m mais sujeeitos a oscillações). Ho ouve um
período de adaptaçção para a fixação
f do preço
p margginal da eneergia até 20001, quando o MAE
passou a funcionar efetivamennte, em plenna crise enerrgética. Naa verdade o MAE, em seu s curto
período de vida, appresentou reesultados muuito aquém do se poderria desejar.

A ausência de d um planej ejamento determinativo o da geraçãoo, em conjuunção com a criação


dos Cerrtificados ded Energia Assegurada
A a, que garan ntiam à usinna a possibbilidade de turbinar
certa pootência a quualquer mom mento, indeppendentemeente do riscoo hidrológicco, foram esssenciais
para a ocorrência da crise de energia elétrica
e de 2001. Os CEAs parra a região Sudeste
estavamm acima da energia firm me da mesm ma, permitiindo que see pudesse, legalmente, turbinar
consisteentemente uma
u potênciia maior doo que aquelaa que seria recomendáv
r vel. Desse modo
m de
desestimmulava o reecurso a ussinas termooelétricas co omo forma de manuteenção do nível n dos
reservattórios. Aliaddos a atrasoos na constrrução de usiinas e falta de investim
mentos no setor (em
parte deevido às resstrições imppostas à Eleetrobrás com
mo forma de d contençãoo do déficitt público

40 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
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após a crise de 1998/1999), esses fatores provocaram uma queda conntínua do nível n dos
reservattórios da reegião SE/CO O no final da década de 90 [Leeite, 2007, 3320], maiorr parque
geradorr hidroelétriico do paíss, e a crise só foi evittada em 20000 graças ao bom regime de
chuvas daquele anno. Clarameente, os prooblemas esstruturais doo setor eléttrico que datamd da
década de 80 tam mbém foramm cruciais para
p a crisee de energiia – os rellatórios RE-SEB já
indicavaam em 96 queq era grannde o riscoo de que um ma se vivencciasse uma crise energ gética no
final daa década. Já que uma reeestruturaçãão do setor era
e necessárria, resta saaber se uma reforma
liberal – onde se prrocurava accentuar a cooncorrência - deveria seer implemenntada num contexto
c
de dificculdades naa oferta – apesar
a de que
q então uma u situaçãão de confoforto da cappacidade
instaladda provavelmmente apenaas postergarria os probleemas que see verificaramm mais tard
de.

Jáá no início de
d 2001 as chuvas nãoo foram satiisfatórias (aa Energia N
Natural Aflu
uente nos
reservattórios da região SE nãoo foi superiior a 70% da
d média dee longo term mo, nos 4 primeiros
p
meses), e gargaloss no SIN nãon permitiiram a tran nsmissão dee energia dde reservatóórios em
melhorees condiçõees, como os do Sul, para a região Sudeste. Em janeiro dde 2001 o nível
n dos
reservattórios da reggião SE/CO gião NE 38,1% [ONS, 22001, p.26].
O era de 29,55% e da reg

A necessidadde de açõess urgentes levou à criiação da Câmara de G Gestão da Crise


C de
Energiaa Elétrica, CGCE,
C e da Curva de Aversão
A ao Risco, que determinavva um nível mínimo
para os reservatóriios e obrigava a busca pela recoonstituição destes
d indeependentemente das
indicaçõões do modelo Newavee, utilizado para a operação do sisttema.

Além disso adotou-se


A a o racionameento de enerrgia, medidda eficaz, jáá que o conssumo de
eletriciddade na reggião sudestte diminui considerav velmente [LLeite, 20077, p.324], mas
m que
represenntou um enttrave imporrtante à ecoonomia brassileira. A redução do coonsumo de energia,
aliada à explosão dos
d preços da energia spot no MA AE, levou empresas
e doo setor a ap
presentar
dificulddades financceiras, exiggindo a inteervenção dod governo,, que instittuiu a Recu uperação
Tarifária Extraordinária – RTE E – e suportte financeiro
o do BNDEES.

Troca de Gooverno e Reeforma do Modelo


M

Emm 2003, o novo govverno federaal iniciou o processo de elaboraação de mais m uma
reformaa do setor elétrico, claramente motivado
m peelas deficiêências do m
modelo libeeral, que
tinham se tornadas patentes. Após
A um período de disscussão com m atores do setor, o mo
odelo foi
enviadoo ao congressso e as diveersas leis quue o compõem aprovaddas em 20044.

Além da parralisação doo movimentto de privaatização a nível


A n federaal (que já não
n mais
avançavva), foram criados noovos agenttes instituciionais e suuprimiu-se o MAE. Este E foi
substituuído pela Cââmara de Comercializa
C ação de Eneergia Elétricca, CCEE, sendo a ou utra nova
instituiçção a Emprresa de Pessquisa Enerrgética, EPE E, responsáável pela attuação na “área
“ de
estudos e pesquisaas destinadaas a subsidiaar o planejaamento do setor
s energéético”, inclu
usive do
o
setor eléétrico [Lei n 10.847/20004].

Manteve-se a divisão entre consuumidores liivres (conssumidores ccom uma potência


M p
demanddada superioor a 0,5 MWW) e consum midores cativos (distribbuidoras de energia). Apesar
A do
planejam
mento da geração
g conntinuar a seer indicativo
o (embora o poder púúblico possaa indicar
41 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

projetoss prioritárioos a seremm licitados), a nova obrigação


o d consum
dos midores cattivos de
contrataarem obrigaatoriamente 100% de sua s demand da futura preevista efetivvamente forrtalece o
planejam mento e exppansão do seetor. Assim
m, embora o planejamennto seja não seja determ minativo,
sua reallização por parte da EP PE se tornouu novamentte obrigatórrio, e existeem mecanism mos que
favoreceem sua apliicação. A coontratação dad demandaa prevista é realizada aatravés de leeilões no
Ambiennte de Contrratação Reggulada da CCEE,
C ondee as geradorras se juntaam em pooll, grupos
para ofeertar contraatos de enerrgia – esta medida senndo durameente criticadda, já que empresas
e
‘verticaalizadas’ (ddistribuidoraas detentorras de ativ
vos de gerração) ficarram imped didas de
contrataar sua próprria oferta, por
p vezes mais
m barataa do que a média
m do m mercado. A energia
ofertadaa está dividiida em enerrgia velha (empreendim
( mentos já exxistentes) e energia no ova (para
empreenndimentos que q entrarãão em operaação em 3 ou o 5 anos). Finalmentee, a organizzação do
ONS foi modificadda para reduuzir a influênncia dos ato
ores corporaativos do seetor elétrico..

42 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
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III - A Matriz
M Eneergética Mundial,
M o Históricco do Setoor Elétricco e o
Futuuro da Ennergia Eó
ólica no Brasil
Como procurra deixar claaro a introddução sobre as principaais fontes ennergéticas mundiais,
m
a matrizz energéticaa mundial hoje
h em dia se baseiaa principalm mente em coombustíveiss fósseis
não-rennováveis (noo prazo quee nos intereessa). Nestee quesito o Brasil é um ma exceção, já que,
apesar de
d lançar mão
m continuuamente dos combustív veis fósseiss, 45,9 % dda oferta in
nterna de
energia vem de fonntes renovávveis [BEN, 2008].
2

Ainda assim,, a análise da


A d história do setor eléétrico brasileiro demonnstra que o período
recente tem sido exxtremamentte conturbaado, levando o o governoo a adotar ppolíticas eneergéticas
divergenntes da traddição de approveitamennto de fontees renováveeis na geraçção de eletrricidade.
Claro que
q historiccamente estas fontes se restring giram, até recentemen
r nte, apenas à fonte
hídrica, mas num contexto
c de busca da inndependênccia energéticca é sensatoo o objetivo o de uma
maior participação
p o das fontess renováveiis (convenccionais e allternativas) na OIE, ap pesar da
indepenndência alcaançada em relação
r ao petróleo
p e seeus derivaddos. Na partticipação daa energia
eólica, o atraso braasileiro frentte a outros países,
p com
mo alguns euuropeus, EU UA e mesmo o Índia é
patente.. Assim, esta seção e as seguintees procuram m realizar um estudo ddo desenvollvimento
históricoo da energiia eólica no mundo e no n Brasil, reecapitular allgumas caraacterísticas técnicas
da geração eletroeólica e finaalmente utillizar estes dados
d para se analisar os mecanismos de
fomentoo desta fontte no Brasiil, principallmente o prrograma Prooinfa e o leeilão de en nergia de
reserva de 2009.

mento da En
Desenvolvim nergia Eóliica no Mun
ndo

Apesar de a energia
A e eóliica ser utilizzada há muiito tempo coomo força mmotriz para diversos
processoos industriaais e para a navegação – conform me indicado na introduçção – sua utilização
para a geração dee eletricidadde é relativvamente reccente, datanndo a prim meira turbinna eólica
construíída para essse fim de 1891
1 [Ackerrmann, 200 05, p.9]. O período
p de crise energ
gética da
década de 70, aliaado à cresccente imporrtância das questões ambientais
a em muitoss países,
renovouu o interessse pelo dessenvolvimennto de fon ntes alternattivas de ennergia, inclu
usive na
geraçãoo de energiaa e nos métoodos de utiliização (no Brasil,
B por exemplo,
e prrocurou-se diminuir
d
a utilizaação de deerivados de petróleo através
a da substituição
s o de processsos industrriais por
outros que
q utilizasssem eletriciddade).

As medidas de fomentoo da energgia eólica im


A mplementaddas então, principalmeente nos
Estadoss Unidos, reesultaram naa década de 80 num ráp pido desenvvolvimento do parque eólica
e na
Dinamaarca e no estado
e nortee-americanoo da Califó
órnia. Nestee estado, a conjunção de uma
adminisstração estaadual, quee era favorável ao desenvolvim
d mento de fontes eneergéticas
alternatiivas, ao atoo PURPA doo congressoo americanoo, forneceram m reduçõess fiscais e a garantia
de acessso à rede de distribuiçção e de vennda da enerrgia gerada [Righter, 1996, p.2], ded modo
que no final da décadad o estado
e conttava com quase
q 1,5 GW de caapacidade instalada
i
[Ackermmann, 2005, p.11]. Porrém o fôlegoo desta primmeira fase de
d desenvolvvimento se acabaria
com a década, apesar da capacitaçãão técnicaa, experiênncia e dessenvolvimen nto que
proporccionou certaamente ter contribuído para o posterior
p foomento do aproveitam mento da
43 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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energia eólica. Nesta


N primeeira fase a maioria das turbinaas instaladdas era de origem
dinamarrquesa, da empresa pioneira Vestas. Atualm mente, comm a retomaada da indú ústria da
energia eólica nos Estados Unidos, essta compan nhia ainda tem uma parte de mercadom
importaante, mas esstá atrás daa americanaa GE Wind – dos maiis de 8500 MW instalaados em
2008 noos EUA, 433% (3657 MW) M eram turbinas
t fab
bricadas porr esta últim
ma – e além disso, o
estado da Califórnnia hoje esttá longe dee possuir a maior cappacidade innstalada (25 571 MW
contra 7118
7 MW no
n Texas no final de 2008) [AWEA A IR, 2009].

Na Dinamarcca, que tam


N mbém preseenciou um surtos eólicoo no final dda década ded 80, o
começoo da décadda de 90 taambém reppresentaria uma reduçção no ritm mo de insttalações.
Enquannto que em 19801 o paíss apresentavva uma capaacidade insttalada de 5 MW, em 1991 esta
era de 413 MW W, mas em m 94 tinhaa atingido somente 538 MW (uma cap pacidade
impresssionante, maas cujo cresscimento tinnha se reduzzido), o quee motivou a implemen ntação de
novas políticas
p púúblicas [Fraandsen, 19996, p.848], aumentanddo a particippação de pequenos
p
investiddores. No fiinal de 20002, a país tiinha uma capacidade instalada
i dee aproximadamente
M concenttrada na áreea oeste de Jutland–Fu
3000 MW, unen (2315 MW M instalaados). Na árrea oeste
em 20022 a geração foi de 38255 GWh – um m fator de capacidade
c d , a penetrração da geeração de
de
eletriciddade (produução / conssumo) por fonte eólicca era de 18,3%,1 conntra 4% em m toda a
Dinamaarca em 19995 [Ackerm mann, 2005, p.201]. O fator de capacidade
c médio das turbinas
dinamarrquesas em 2002 era dee 19,29%, e é atualmen nte de 26,211% [IEA RE EI, 2004 e 2009].
2

Conjuntamennte, a partir de 1994 see nota uma decolagem m da indústriia da energiia eólica
alemã, ano em quue se instaloou pouco menos
m de 400MW.
4 Effetivamente,, depois dee 1995 a
capaciddade instaladda anualmente tem se mantido accima de 5000 MW, e a ppartir de 20 00 acima
de 15000 MW – seendo que a tendência futura nesse país é, seegundo o Innstituto Aleemão da
Energiaa Eólica, DEWI,
D de desenvolvim
d mento princcipalmente dos parquees eólicos offshore
[DEWI WESC, 2008].2 Outrra caracteríística importante do desenvolvim
d mento do mercado
m
alemão foi o surgim mento de novos fabriccantes de turrbinas (Eneercon e Siem mens Wind Power),
inclusivve com a inntrodução de
d novas teccnologias como
c a utiliização de ggeradores sííncronos
sem caixxa de engreenagens [EWWEA WE, 2009,
2 p.74].

O rápido dessenvolvimennto da geraçção de eletrricidade atraavés da eneergia eólica,, a partir


de meaddos da décaada de 90, apesar
a de ser impensáv vel sem as tecnologiass e escala inndustrial
desenvoolvidas anteeriormente, significa quue o quadro da indústriia se altera cconstantemente, em
todas suuas caracterrísticas, com
mo tecnologgia de turbin
na dominantte, tamanhaa e altura dee turbina,
método de transm missão, métoodos de prrevisão da produção, desenvolvim mento dos parques
offshoree, requisitoss para coneexão à redee e de conttrole da quualidade da energia, prrincipais
mercadoos e fabricaantes.

Essse desenvoolvimento permitiu


p o posterior
p fom
mento em outras
o regiões, como no os EUA,
que apóós o surto dos
d anos 800 veriam naa década de 2000 um novo n crescim
mento do mercado,
m
certameente dessa vez
v mais suustentado. Assim,
A em 2008
2 os EU
UA ultrapasssaram a Alemanhã
em capaacidade insttalada, conttando no finnal de 2008 8 com 251770,0 MW – os EUA instalaram
nesse ano
a 8351,2 MW, umaa capacidadde impressiionante. Mas caso a China man ntenha a
tendênccia atual, elaa logo possuuirá o maioor parque eó
ólico mundial – a capaccidade instaalada em
44 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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G Deedecca
 

2008 naa China foi de 6298,0 MW, e este país tem dobrado a capacidade instalada total t nos
últimos três anos [W
WWEA WE ER, 2008]. Assim,
A o qu
ue se nota é que o cresccimento mu
undial do
mercadoo da enerrgia eólicaa (29% em m 2008) não n mais se deve principalmente ao
desenvoolvimento deste
d na Europa,
E apeesar dessa região ainnda represeentar um mercado
m
importaante – no futturo especiaalmente para tecnologiaas offshore – mas sim aaos EUA e à China.

Poortanto, o desenvolviimento do mercado se s deu, naas últimas duas décadas, em


diferenttes quadros,, com interaações imporrtantes entree estes. Iniciialmente, a preocupaçãão com a
indepenndência ennergética e o desennvolvimento o de fonntes renovááveis, aliaadas ao
desenvoolvimento teecnológico realizado na n Dinamarcca permitiraam a instalaação de capaacidades
significaativas nos EUA
E e Dinnamarca, graaças ao apo oio governaamental, atraavés de sub bsídios e
reduçõees fiscais, além
a da im mportante garantia
g de acesso à rede. Além m disso con ntribuiu,
logicammente, a exxistência dee locais favvoráveis a sítios eóliccos nestas regiões. Qu uando o
mercadoo encontrouu dificuldaddes, como a queda do os preços dosd derivaddos de petróleo em
meados de 1980, o desenvolviimento da energia
e eólicca foi prejuddicado. Porrém a partir de 1994
começa o desenvollvimento doo mercado na n Alemanh ha, e sua reetomada na Dinamarca, através
da inteervenção esstatal. Ao longo de todo esse processo, se nota uuma transfo formação
significaativa das tecnologias utilizadas,
u coom um cresscimento siggnificativo ddo diâmetroo e altura
das turbbinas, fatorres contribuutivos para a viabilidaade econôm mica da elettricidade dee origem
eólica.

Inndiscutivelm
mente, a paartir de enttão começaa uma fasee particular, caracterizzada por
escalas industriais mais imporrtantes e altterações no paradigmaa tecnológicco, e que see estende
até hojee, porém coom uma muutação dos principais atores
a do mercado.
m Oss grandes mercados
m
nacionaais atuais sãão, em ordeem de importância, EU UA, Alemannha, Espanhha, China e Índia, o
que indiica uma trannsformaçãoo importantee desde o finnal da décadda de 90. Seegundo pesquisa do
DEWI, para comppanhias doo setor novvos mercad dos como China,
C Índiia, Itália e França
ganharãão importânncia na receiita dessas coompanhias [DEWI WE ESC, 2008].. Além dos atores já
mencionnados, existte atualmennte um grannde interessee pelo deseenvolvimentto da energiia eólica
em muiitos outros países
p – doos 76 paísess monitorad
dos pela WW WEA em 22008, 26 instalaram
nesse anno mais dee 50 MW. É importannte ressaltarr que as prrincipais forrmas indicaadas por
compannhias do setoor para a coonquista de novos merrcados são joint-ventur
j res e a instaalação de
subsidiáárias locais – a exportaação de equipamentos não
n é uma forma
f eficieente, segunddo estas.
Isso podde se expliccar pelo fatoo de o desennvolvimento
o da energiaa eólica em
m muitos loccais ser o
fruto de políticas públicas ativas
a – quue freqüentemente exxigem, com mo no Brassil, uma
participação da inddústria nacional, com por p exemplo índices de d nacionaliização mínimos dos
equipammentos utiliizados. Exisstem tambéém claras vantagens
v emm se optar por uma produção
p
nacionaal, quando esta
e é tecniica-economicamente possível, e desvantagen
d ns em se su uprir um
mercadoo em crescim mento atravvés somentee da importaação de equuipamentos.

O desenvolvvimento da energia eóólica no Brrasil se dá num quadrro internacional de


franca expansão
e doo setor, messmo depoiss da recentee crise econnômica, que afetou maiis outros
setores do que o da
d energia eólica – cabe lembrar que q países emergentes
e como Chinna foram
menos afetados.
a Emm comunicaado a WWE EA mantevee a previsãoo de crescimmento da cap
pacidade
instaladda para 20009, e afirmoou que apesar da crisee econômicca ter afetaddo alguns projetos,
p
45 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
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muitas dificuldadees se devem m mais a ‘nnovos regu ulamentos e atrasos buurocráticos’ do que
dificulddades de finaanciamentoo [WWEA 23/06/2009]
2 . Ainda asssim, até o teerceiro quad
drimestre
de 20099, a produçãão de turbinnas nos EUA A estava atráás do ritmo verificado em 2008, apesara da
instalação de umaa capacidade adicionall de 1,649 MW nessee quadrimesstre – maio or do no
mesmo período de 2009 [AW WEA, 20/09/2009]. O mesmo m aconttece na Eurropa, onde, segundo
a EWEA A, prevê-see para o anno de 2009 a instalaçãão de uma capacidadee total pratiicamente
igual à de 2008 – com
c os efeitos da crisee sendo posttergados paara 2010 [EW WEA, 21/08/2009].
Assim, é possívell dizer que se a crisee econômicca não afettou o ritmoo de instalações, a
produçãão, que servve de termôm metro para futuras
f instalações foi afetada pelaa crise. Aléém disso,
apesar da
d crise ecoonômica signnificar umaa queda no nível n de creescimento do consumo previsto
de eletriicidade, é im
mportante lembrar
l quee a energia eólica, muitas vezes deesenvolvidaa através
de políticas de inceentivo, acabba por substiituir, parciaalmente, uniidades de geeração existtentes.

Jáá no Brasil, com vistas ao leilão dee energia eó


ólica de novvembro de 22009, a prevvisão dos
fabricanntes é de crescimento
c o das encom mendas – levando
l incclusive à innstalação de
d novas
unidadees produtivaas [ABEEolica, 30/10/22009].

46 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

IV
V - Aspecttos Técnicos de Tu
urbinas e Parques E
Eólicos
Configuraçõões de Turb
binas e Parques Eólico
os

No desenvolvvimento hisstórico da energia


N e eóliica um dos fatores cruuciais, como
o se viu,
foi a evolução das tecnologiass utilizadas, tanto na co onfiguração de turbina (e sua escalla) como
no moddo de se diispor estas. Por exempplo, a potêência médiaa de uma tuurbina instaalada na
Alemannha passou de
d 66,9 kW W em 1988 para p 370,6 kW
k em 19944 (ano conssiderado nessse texto
crucial para
p a indússtria nesse país)
p até atinngir 1650 kW
k em 20033 [Ackermaann, 2005, p.14].

Quanto à arqquitetura daas turbinas, a evolução o histórica é mais bem


m entendidaa após a
enumeraação das arquiteturas
a mais com
muns atualm mente. [Ackkermann, 20005, p.57] lista 12
métodos de controle
arquitetturas teóricaas possíveiss, combinanndo 4 tipos de geradorres com 3 m
de potêência. Mass devido a fatores econômicos, atualmente se verrifica a utilização
principaalmente de 6 arquiteturras:

1. Gerador assíncrono de gaiola de esquilo controladoo por estol (GAGE), passo


p ou
ativo de estol
e
2. Gerador assíncrono
a c
com rotor bobinado
b controlado poor passo (GAARB)
3. Gerador assíncrono
a d
duplamente e alimentadoo controladoo por passo (GADA)
4. Gerador síncrono
s controlado poor passo (GS
S)

Cada arquitettura apresennta vantageens particulaares, porém


m houve ao llongo do tempo um
deslocam
mento entree tecnologiaas preferidaas. A tabelaa IV.1 resumme as principais caractterísticas
de cada tecnologia..

Tabela IV
V.1 : Princip
pais Arquiteeturas
Velocidade
V Caixa dee Potência
Arqu
uitetura ontrole
Co Roto
or
Variável Engrenageens Reativa
1. GAGE
G Não Sim Estol/P
Passo/Ativo Consome Gaio
ola
2. GARB
G Limitada Sim Passo
P Consome Bobinaado
Controle
3. GADA
G Limitada Sim Passo
P Bobinaado
Limitado
Bobinado
o/Imãs
4. GS Sim Não Passo
P Controlável
Permaneentes

M
Métodos de Controle

Apesar de toodos os méétodos de controle


A c po
oderem ser aplicados a qualquer tipo de
geradorr eólica, usuualmente cadda configuração utilizaa um dos méétodos existtentes :

Controle por Estol – Através


A do projeto
p aero
odinâmico das
d pás das turbinas, é possível
causar a diminuiçãão da força ded sustentaçção das pás com o aum mento da vellocidade do
o vento –
que provoca uma alteração
a noo ângulo de ataque, já que
q esta connfiguração é utilizada somente
em turbbinas de velocidade fixa.f Esta diminuição o da força de sustentação provo oca uma
potênciaa menor do que a teeoricamentee possível, caracterizaando um siistema de controle
passivo. Este sisteema, apesarr de ser o mais simplles, apresennta a vantaagem de reeduzir as
flutuaçõões de torquue nas pás emm função das flutuaçõees de ventoss fortes.
47 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

Controle dee passo – Através


A da utilização de
d um sisteema hidráullico ou eléttrico [da
Silva, 2006,
2 p.172]] para cada pá é possívvel ajustar a inclinação destas, e portanto o ânngulo de
ataque do
d vento, o que perm mite um maiior controlee sobre a potência prooduzida (ver abaixo
curvas de
d potênciaa para as duuas tecnoloogias), e incclusive umaa redução ggradual da potência
p
para veentos fortess. Assim, enquanto
e tuurbinas conttroladas poor estol devvem ser deesligadas
quando o vento atinnge determiinada veloccidade (tipiccamente 25 m/s), turbinnas com con ntrole de
passo podem reduzzir gradativvamente suaa potência, como
c com a tecnologia Storm Co ontrol da
Enerconn. Porém esste método de controlee é mais suscetível às flutuações de ventos fortes,
f já
que nãoo há normalm mente estoll, e além dissso os custo
os do sistem
ma de controole das pás são
s mais
altos. Esse
E sistemaa também permite
p a reedução bruusca da potêência em caaso de emeergência,
através do posicionnamento daas pás, fornnecendo um m dispositivvo de freio suplementaar para a
turbina.

Controle de Estol Ativoo

Esste método de controlle combina o design aerodinâmic


a co das pás ppara provoccar estol
com o controle
c de passo – aprresentando assim as vaantagens doos dois métoodos, e tam
mbém um
custo mais
m elevadoo que qualquuer um destees.

C
Configuraç
ções de Turbinas

A primeira turbina,
t porr gaiola dee esquilo, é simples e portanto a mais baraata de se
fabricarr – porém apresenta inconvenienntes, princip palmente o grande connsumo de potência
p
reativa e a impossibbilidade de se realizar qualquer ajuuste de veloocidade quaando com o controle
de estoll – represenntando assimm uma perdda de energ gia. Ela podde utilizar qqualquer méétodo de
controlee da potênciia, sendo quue o controle ativo por estol tem see tornado coomum. Com mo esta é
uma connfiguração barata,
b este método de controle é economicam
e mente possível.

Turbinas dee rotor bobinado perm mitem o ajusste da resisttência dessee, e sem a utilização
de escoovas (o conttrole pode ser
s realizaddo opticameente, como com a tecnnologia Optti-slip da
Vestas), o que dim minui os cuustos de maanutenção. Assim obtéém-se um m método de controle
limitadoo da velociddade atravéés do ajustoo do escorregamento do d gerador. Além disso, como
esta connfiguração utiliza
u habittualmente um
u controle de passo obbtém-se maais outro meeio de se
regular a velocidadde e a potência fornecidda pela máqquina, já quee com o conntrole de velocidade
pode-see otimizar a potênciaa em funçção da velocidade do d vento. A Ainda assiim, esta
configuuração consome potênccia reativa,, exigindo muitas vezzes a instalaação de baancos de
capacitoores, como para a tecnnologia de GAGE.
G Com a configuraações de velocidade
mo todas as
variávell, o método de controlee utilizado é o de passoo – e como não
n há isolaação elétrica entre a
rede e o gerador isso
i significca que paraa esta conffiguração brruscas variaações de veento são
transmittidas para a rede – o quue porém lim
mita o estresse mecânicco sobre a eestrutura.

O gerador assíncrono
a duplamen nte alimenttado combina caracterrísticas do GS
G e do
GARB. Através daa utilização de conversores AC-AC C (usualmeente back-too-back [Ack
kermann,
2005, p.74])
p para a alimentaçção do rotorr bobinado (o que exigge escovas e implica custos
c de
manutennção mais elevados)
e é possível realizar um controle de velocidade
v em uma gama mais
ampla do
d que com m o GARB,, mas aindaa limitada. O conversoor de freqüência usuallmente é
48 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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projetaddo para lidaar com 25-440% da pottência nomiinal do geraador. Segunndo [Multon, 2004,

p.15], para
p uma reelação de velocidades
v s Ω , onde Ω eΩ ocidades
são as velo

máximaa e mínima possíveis, respectivam
r mente, Ω 2 exige um m conversorr de frequênncia com
25% daa potência nominal,
n e um
u Ω 3 exige
e um dee 33%. Assim, os custoos com o co onversor
em relaação à últim
ma configurração são consideravel
c lmente reduuzidos – um ma clara vaantagem.
Além disso,
d é posssível realizzar o contrrole da pottência reatiiva do sisteema. O sistema de
controlee é o mesm mo que parra o GARB B (de passso), e apressenta as mesmas vanttagens e
desvanttagens quanto às variaçções de ventto.

Poor fim, o geerador sínccrono, a arqquitetura maais complexa, realiza a isolação eléétrica do
geradorr eólico attravés de um u converrsor de freeqüência. Isso I permitte a operaação em
velocidaades menorres, o que significa quue esta con nfiguração normalmennte não aprresenta a
caixa dee engrenageem, outra fonte
f imporrtante de cu ustos de maanutenção eem turbinas eólicas.
Ela perrmite tambéém um conntrole total da velocid dade da turrbina e um m gerenciam mento da
potênciaa reativa prooduzida ou consumida. A maior desvantagem
d m desse sisteema é obviaamente o
custo prroduzido peela necessiddade de se ter
t um conv versor de freqüência caapaz de lidaar com a
potênciaa nominal da máquinna. Atualmeente, O con ntrole de passo,
p usuall nessa arqquitetura,
permite o controlee da potênncia, enquannto que o isolamentoo elétrico pproporcionaado pelo
converssor reduz a flutuação de d potênciaa fornecida à rede devvido a variaações no reegime de
ventos.

Desenvolvim
mento Históórico das Arquitetura
A s

O conceito mais
m aplicaddo pelos fabrricantes din namarquesess (principalm mente Vestas) era o
do geraador assíncrrono de gaaiola de esqquilo – e como c os suurtos eólicoos dinamarqqueses e
californnianos se baasearam, enntre 1980 e meados da d década de d 90, nesttas máquinaas, estas
foram por
p muito tempo
t o deesign dominnante, e atéé 2000 tinhaam a maiorr parte de mercado
m
[Ackerm mann, 2005, p.65]. Enttão o geraddor assíncro ono duplameente alimenntado o ultrapassou,
mas a queda
q da parrticipação de
d mercado do d GAGE era e contínuaa desde 1995 [Hansen, 2007], e
paralelaamente se verificou o abandono
a doo GARB, qu ue com a teecnologia O
Opti-slip já ocupou
o a
a
posição de 2 tecnoologia maiss utilizada (até
( 1998). A tendência clara tem m sido o dom mínio de
tecnologgias de vellocidade vaariável com m controle de d passo, taanto com G GADA quan ndo GS.
Assim, em 2004 ass partes de mercado
m desssas arquiteeturas eram de 54,8% e 18,3%. Naa época o
futuro para
p os geraadores síncrronos era inncerto [Han nsen, 2007],, mas a possterior adoçãão dessa
configuuração pelass empresas GE Wind (com ( o mod delo 2.5xl de
d 2006, dee imãs perm manentes
[WEM]) e Mitsubbishi permittia antever uma maio or participaçção. Efetivamente, seg gundo a
EWEA,, a parte de mercado em m 2007, enttre as dez maiores
m com
mpanhias do setor, era ded 30,6%
para os geradores síncronos
s coontra 56,5%
% para os GADA
G [EW
WEA WE, 20009, p.74]. Portanto
atualmeente as conffigurações queq utilizam m converso ores de freqqüência (pello menos em m parte)
responddem por mais de 80% da d produçãoo de turbinaas. A grandee parte de m mercado doss GADA
não perm mite preverr se o geraddor síncronoo pode vir a se tornar a arquiteturaa mais usuaal, mas o
aumentoo do númeero de exiggências por parte dos operadoress dos sistem mas de trannsmissão
quanto à qualidade da eletriccidade e roobustez das máquinas pode aumeentar a atraatividade
desse coonceito. Além do mais, recentem mente a Vesstas, a maioor fabricantee mundial (mais
( de
49 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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20% doo mercado),, anunciou o seu modelo V112-3 3.0MW, quee, ao contráário dos an
nteriores,
utiliza o GS com coonversor pleeno e caixa de engrenaagens.

Juuntamente com
c essa traansformaçãoo qualitativaa das turbinnas elétricass, tem havid
do, como
mencionnado, umaa alteração contínua na potência nominal destas, fator direetamente
relacionnado com o aumento doo diâmetro dasd pás. En nquanto que em 1995 o maior diâm metro era
de 50m (o modelo V44 da Veestas, de 19996, tinha 44 4m), em 20005 ele era de 126m [G GH apud
EWEA WE, 20099, p.73], allém de já existirem projetos paara protótippos com 150m de
diâmetrros. Entre as
a diferentess configurações não há nem houvve diferenças significaativas de
potênciaa média, exxceto para oso GARB, queq não pu uderam acom mpanhar a ppotência média dos
outros conceitos
c a partir
p de 20000 [Hansenn, 2007].

M
Métodos de previsão

A previsão da produçãão futura de d eletricidaade sempree foi um ffator importtante na


operaçãão de sisttemas elétrricos, incluusive antees da incllusão de geradores eólicos.
Tradicioonalmente, a atividadee de previsãão se divid diu entre o planejamennto da expaansão do
sistema e o planejjamento doo despacho deste. A primeira
p parte, mais loongo, normmalmente
envolvee análises de
d períodos longos, dee dez anos ou mais, enquanto
e quue a segun nda parte
envolvee um períoddo mais cuurto, e altam mente variáável de acoordo com ass caracteríssticas do
sistema elétrico. O sistemaa brasileiroo, por exem mplo, susccetível a ddesvios plu urianuais
importaantes da méddia do cicloo hidrológicco pode exigir o despacho de term moelétricas em vista
do riscoo de um eveento que podde ocorrer somente
s anoos depois. Obviamente
O , o planejam
mento da
expansãão deve justtamente proocurar evitarr que tais siituações ocoorram, mas o risco hiddrológico
é semprre presente, mesmo se baixo.
b

A utilização da energiaa eólica coomo fonte de d eletriciddade responnde muitas vezes a


exigênccias mais am
mbientais e econômicass do que pro opriamente técnicas – mmesmo porq
que para
grandess níveis dee penetraçãoo sua utiliização apreesenta probblemas aindda não plenamente
estudaddos. Porém na
n seleção ded projetos adequados para a geraação eólica, a realizaçãão de um
estudo do
d potenciall de geraçãoo é essenciaal para o successo do proojeto.

Esste estudo envolve avvaliar o perrfil de venttos do locaal, seja atravvés de estaações de
mediçõees in loco – a melhor solução,
s atraavés da utillização de métodos
m commputacionais para a
simulaçção dos venntos no loccal ou por meio m de daados de esttações de m medições prróximas.
Finalmeente, podem m estar dispooníveis atlaas eólicos daas regiões de
d interessee, mas as ressoluções
destes atlas
a não peermitem quee sejam o únnico meio de d avaliar se um local é adequado o. Para o
Brasil, estão dispooníveis o Atlas
A do Pootencial Eó ólico Brasileiro de 2001, elaboraado pelo
CRESE ESB, e o relaatório “Solaar and Windd Energy Reessource Asssessment inn Brazil”, ellaborado
pelo INNPE no quaddro do projeto SWERA A, e publicado em 20008. Porém eestudo da força
fo dos
ventos não
n é suficciente, já quue é precisso relacionaar estes daddos com a geração dee energia
elétrica..

Na realizaçãoo do despaccho – o aspeecto de curtto-prazo doo planejamennto – a imp


N portância
de uma previsão coorreta do regime de ventos é aindaa mais impoortante. O ooperador do o sistema
de transsmissão e o operador doo sistema ellétrico precisam a todoo momento equilibrar a oferta e
50 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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a demaanda de eneergia elétriica. Assim, estes neceessitam da melhor prrevisão posssível de


geraçãoo eólica, o que
q exige uma u previsão correta dos ventos e posteriorrmente a utilização
desses dados
d para prever
p a gerração. Um desvio
d entree a produçãão verificadaa e a previsão exige
a utilizaação de usinnas reservas no caso ded uma prod dução inferiior à previssta ou a dessativação
de geradores no caaso de um regimer de ventos
v muitto favoráveel. Essa é uuma questão o técnica
que exige uma cooordenação entre e os gerradores eóliicos e o ON NS, porém no contexto o de um
mercadoo liberalizaddo, onde a energia
e de ajuste
a é neg
gociada no mercado
m spoot (até um dia
d antes
da entreega), os cusstos econôm micos de um ma previsão o errada poddem ser alttos. Efetivam mente, a
incertezza que envoolve qualqueer contrato de d produção o de eletriciidade por ennergia eólicca é uma
das caraacterísticas mais marcaantes para a operação de um sisttema com ggeradores eó ólicos, e
pode accarretar altoss custos parra este geraddor, inclusiv
ve inviabilizzando o emmpreendimen nto.

Frreqüentemeente o mercaado spot nãoo está adequ uado às neccessidades ddesses atorees, já que
os contrratos do meercado day--ahead podeem ser firm mados com várias
v horass de anteced dência –
no ambiente Nord Pool Elspoot da rede escandinava,, os contrattos devem sser concluíd dos até o
meio-diia do dia annterior à enntrega da ennergia, apessar de haverr o ambientte Nord Pool Elbas
para negociações parap a horaa seguinte. Em
E outros países as regras
r podem m ser aindaa menos
favoráveis à energgia eólica [A Ackermannn, 2005, p.3 393]. Assimm, caso o pprodutor eóllico seja
obrigaddo legalmennte a compeensar toda diferença
d ntre a energgia contratadda e a efetivamente
en
entreguee, a necesssidade de se s manter contratos
c paara o acessso à energiaa reserva ouo de se
comprarr a energia no mercado spot podee acarretar custos
c impoortantes. Oss custos de um erro
da previisão deverãão ser pagoss por algum ator, mas importa anaalisar se o innteresse quee oferece
a energiia eólica nãão justifica que
q estes cuustos sejam socializadoos entre os aatores (commpanhias,
governoo e consumiidores) paraa viabilizar o incentivo a essa fonte. É também m interessan nte notar
que os prazos
p estabbelecidos paara a negociiação em mercados
m de eletricidadee não corresspondem
necessaariamente aoos requisitoos de operaação do sisstema : “O sistema baaseado em geração
hídrica na Escandinávia, por exemplo,
e teecnicamentee não requeer uma prevvisão de 36 horas já
que o siistema hidrooelétrico poode ajustar a geração nuuma fração de hora. Poorém, a operração do
mercadoo requer um ma previsão de 36 horass” [Ackermann, 2005, p.366].
p

O ambiente brasileiro,
b c
como se verrá mais detaalhadamentee, apesar dee regular a diferença
d
entre geeração prevista e demaanda efetivaa através de mecanismoos de mercaado (com a geração
semanall dos preçoss de liquidaação de diferrenças, PLD D), desenvoolveu soluçõões alternatiivas para
a produução de eletrricidade porr fonte eólica que efetiivamente coontornam esssa questão o – o que
não signnifica que não
n haja inteeresse em melhores
m méétodos de prrevisão da ggeração eólicca.

M
Métodos parra a previsãão de médiio e curto-p
prazo

A previsão ded médio e curto-prazzo da geraçção eólica se s divide eem duas paartes : A
previsãoo do regimee de ventos e a utilizaçãão desses daados para prrever a eletrricidade gerrada.

Leei et al [Leii, 2008] classsifica os métodos


m de previsão
p doos ventos em
m 4 tipos :

- Modelos
M físsicos – Essee método uttiliza variáv
veis físicas e meteorolóógicas (tempperatura,
pressão, relevo geeral e outras previsõess) para, atraavés de um m modelo fí físico da atm
mosfera,
determinar a veloccidade e direeção do vennto em pon ntos represenntativos. A mesoescalaa (acima
51 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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de centeenas de quiilômetros) desses


d moddelos freqüeentemente é maiores ddo que a neecessária
para reaalizar a prevvisão em um
m determinaado local, allém de não considerare
c em as caractterísticas
específiicas do terreeno [Martinns, 2008]. Assim,
A é preeciso uma segunda
s etaapa para determinar
as conddições locaiis do ventoo, o refinam mento. Estee pode ser realizado aatravés de métodos
estatísticos ou novamente com m modelos físicos,
f quee utilizando as informações de meesoescala
procuraam determinnar as condiições locais com modelos do relevvo e da dispposição das turbinas
(utilizanndo programmas como o WAsP, porr exemplo).

- Modelos estatísticos
e – Através da utilização de sériees históricass das condiições do
vento no
n local dee interesse,, esse métoodo procurra prever a condição futura atrravés do
tratamennto dessas informaçõe
i s, seja atravvés de méto odos auto-reegressivos ((possivelmeente com
média móvel) – AR(MA), filtros dee Kalman ou outross métodos estatístico os. Esse
procedimmento já fornece
f umma previsão das condiições locaiss de vento, não neceessitando
portantoo de refinam
mento. O modelo
m estattístico maiss simples é o de persisstência, quee assume
que a coondição futuura será iguual à atual.

- Métodos
M por correlaçção – Esse método utiliza previsõões das condições de ventov em
outros locais
l representativos para
p determ
minar as con
ndições locaais futuras ddo vento, uttilizando
séries históricas
h paara determinar a correelação entree essas infoormações. AAssim, o traatamento
estatístico desse método
m podee ser mais complexo do que parra modelos estatísticoss de um
único síítio, e a escoolha dos loccais tem umma grande in
nfluência noos resultado..

- Métodos Avançados
A – Esta classsificação in
nclui a utiliização de m
métodos com mo redes
neurais artificiais e lógica fuzzzy para reallizar a previisão, normalmente atravvés da utilizzação de
grandess bases de daados para reealizar o treeinamento dos
d modeloss (otimizaçãão dos parâm metros).

Normalmentee, modelos físicos são melhores que modeloss estatísticoss para a preevisão de
N
médio-pprazo (a parrtir de algum
mas horas) enquanto métodos
m esttatísticos têm
m boa perfo
formance
para o curto-prazoo (poucas horas ou menos),
m deevido à inéércia do sistema atmo osférico.
Obviam
mente, métoodos estatístticos são particularmeente vulnerááveis a muddanças bruscas das
n caso de tempestadees rápidas – que, poddendo diminnuir bruscaamente a
condiçõões, como no
produçãão eólica, devem serr corretameente previstas. Os métodos
m avaançados, aiinda em
desenvoolvimento, têm
t reveladdo serem cappazes de sup perar os méétodos mais tradicionaiss.

O refinamentto de modeelos físicos por método os estatísticos já indicaa uma possiibilidade


que é, de
d fato, o método
m usuall de realizaçção da prev
visão : O méétodo híbriddo. Muitas vezes
v os
melhorees resultadoos são obtidos atravéés da utilizzação de dados
d de m
modelos físicos em
conjunçção com sééries históriicas (correllacionadas ou não) paara se otim mizar o resuultado –
procedimmento de model
m outputt statistics (MOS)-,
( ou também com m métodos avançados..

Prrevisão da Eletricidad
de Gerada

Em
m mãos doos resultadoos da simuulação dos ventos (freeqüentemennte provenieentes de
modeloss físicos doos modelos numéricos dos serviçços de previisão meteorrológica, nu umerical
weatherr program – NWP) e daas séries hisstóricas, o próximo
p passso é prever a potência que será
entreguee pelos parqques eólicoss para cada período de interesse.
52 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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É necessário portanto um u método para se relaacionar as característic


c cas do ventto com a
potênciaa fornecidaa. Este proccesso é teorricamente simples,
s já que cada fa
fabricante foornece a
curva dee potência de
d sua turbiina. Portantoo, possuindo os dados meteorológgicos para o local de
cada turrbina, bastaaria aplicar a curva de potência a estes, e quuaisquer errros entre a potência
efetivam
mente entreegue e aqueela previstaa seriam im mputáveis a erros no m modelo de previsão
meteoroológica. Porrém se verrificam na prática quee as curvass de potênccia de cadaa turbina
podem variar
v signiificativamennte de acorddo com outrros fatores como mecaanismos de controle
(que podem variar para modellos iguais dee turbinas).

Assim, Sáncchez, difereenciando oss métodos de


A d previsãoo que conssideram a curva
c de
potênciaa constantee daqueles que
q admiteem sua variiabilidade, estima
e que “a relação o entre a
velocidaade do vennto e a potêência forneccida deve seer tratada como
c não-liinear e estoocástica”
[Sáncheez, 2006]. AoA se anallisar curvass de potênccia reais, baaseadas em
m medições in situ,
efetivam
mente se notta que a distribuição nãão permite obter
o uma função
fu deterrminística.

Outra dificulldade em see prever a potência


p fornnecida por determinaddo parque eó ólico é a
relação extremameente não-lineear entre esta e a veloccidade do veento. A potêência de um
ma massa
de ar see deslocandoo por uma área
á A é dadda por , e desta
d potênccia 16/27 po
odem ser
teoricam
mente captaados pela turbina,
t seggundo a leii de Betz. Porém, devvido ao proojeto da
turbina, a curva de
d potência é consideraavelmente mais
m compleexa. A figuura IV.1 aprresenta a
curva dee potência do
d modelo E70
E da Enerrcon, com presença
p impportante noo Brasil.

2500 0
0,6

0
0,5
2000

0
0,4
Potência (kW)

1500

Eficiência
0
0,3
1000
0
0,2

500
0
0,1

0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 131 14 15 16 6 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Velocidade d
do Vento (m/ss)

Fiigura IV.1 : Curva de Potência


P do Modelo En
nercon E70 e Eficiênciaa. Fonte : [E
Enercon,
2009]

Nota-se a nãão-linearidadde da curvaa, e também


N m que a eficciência estáá sempre abbaixo do
máximoo teórico dee 59%, apessar da eficiêência máxim
ma de 50% se aproximar desse valor. Mas
devido à limitaçãoo de potênncia da turbbina a parttir de ventoos de 15 m m/s, esse valor
v cai
posterioormente. Obbviamente, esta curva de potênciia não é exxatamente a mesma para todo
geradorr construídoo, mas além
m disso a nãão-linearidaade da curvva serve commo amplificcador de
quaisquuer erros da previsão meteorológic
m ca. Erros parra ventos accima de 15 m/s não acaarretarão
53 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

diferençças (para um
ma turbina com
c controlle de passo), mas aquelles entre 0 – 15 m/s pro
ovocarão
desvios importantees entre a pootência entreegue e a preevista.

Os métodos de
d previsão da geração são os segu
uintes :

Modelos Físsicos – Atraavés da currva de potêência das máquinas


M m e ddados de veentos no
local, esste método modeliza
m o parque eóliico e assim obtém a pootência forneecida.

Modelos Estatísticos – Abrindo mão da utiilização de curvas de potência, modelos


M
estatísticos forneceem uma preevisão da geeração de eletricidade
e através de séries histó
óricas da
potênciaa gerada e também
t doss ventos. Poode-se realizzar um trataamento estaatístico sobrre a série
históricaa da potênccia para obtter uma previsão de cu urto-prazo, num
n proceddimento semmelhante
aos moodelos estaatísticos paara previsãão meteoro ológica, ouu então uttilizar estas séries
conjuntaamente com m as sériess meteorolóógicas para obter umaa função dee transferên ncia dos
parquess eólicos, e então
e utilizaar dados de NWP para prever a geeração.

Métodos por Correlaçção - É posssível deterrminar a prrodução de eletricidadee de um


M
conjuntoo de parquees eólicos através
a da utilização daas previsõess para um ggrupo repressentativo
(e supoostamente reeduzido) dee parques. Dado que as condições meteoroológicas aprresentam
correlaçções entre parques espaçados (ccorrelação que q diminuui com a ddistância) e que os
desvios--padrão da geração paara um gruupo de parq ques são meenores do qque para um m único
parque (ou turbina), tendo aceesso a previisões para parques
p deteerminados ppode-se esccalonar a
geraçãoo para um grrupo maior.

Métodos Avvançados : Entre essess métodos, são particullarmente uttilizadas atu


M ualmente
as redess neurais arttificiais, que, com os dados
d de NWWP e acessoo à produçãão atual dos parques
eólicos, são capazees de realizaar uma prevvisão adapta ativa da proodução futuura. Uma ferrramenta
que apliica esse connceito é o Advanced
A W
Wind Poweer Predictionn Tool (AW WPT), desen nvolvida
na Alemmanha e quue se reveloou capaz de prever a produção
p dee médio-praazo (24 – 48 horas)
com umm desvio-paddrão baixo [Ackermann
[ n, 2005, p.3
372].

A aplicação de cada um m desses méétodos está sujeita à diisponibilidaade das info


ormações
de que necessitam.
n Assim, muuitos métodoos adaptativ vos ou correelacionais nnecessitam de
d dados
meteoroológicos e de potênciia em temppo real parra determinnados parquues. Outros, como
métodoss estatísticoos, necessitaam de granddes bases de
d dados, esstas necessáárias também m para o
treinam
mento das reddes neurais..

Curva de Pootência

A figura IV.1 acima apresentou


a u
uma curva característiica de umaa turbina eólica de
controlee de passo. A figura IV.2
I abaixoo apresenta uma curvaa típica paraa uma turbbina com
controlee por estol (modelo Nordex
N N60-1300 kW). Como se nota, a mááquina não mantém
uma pootência consstante para ventos acim
ma de certaa velocidadde. Essa currva ainda apresenta
a
uma queeda pouco acentuada,
a s
sendo possívvel modeloss com uma queda maiss pronunciad da.

54 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

1600
0 0,45
1400
0 0,4

1200
0 0,35
0,3
Potência (kW)

1000
0

Eficiência
0,25
800
0
0,2
600
0
0,15
400
0 0,1
200
0 0,05
0 0
4 5 6 7 8 9 10 11 12
2 13 14 15 5 16 17 18 8 19 20 21
1 22 23 24
4 25
Velocidade do V
Vento (m/s)

Fiigura IV.2: Curva de Potencia paraa Nordex N60-1300


N kW
W – Fonte: [Nordex, 20
009]

Cada curva ded potência apresenta uma u velocid dade de ventto nominal, uma de enttrada em
operaçãão e uma dee saída. Usuualmente, a velocidade nominal see situa na faaixa de 12 - 16 m/s,
enquantto que tipiccamente a velocidade
v de saída é de 25 m/s e a de enntrada 3 -5 5 m/s. É
importaante notar que
q se umaa turbina saai de operaação quanddo o vento atinge 25 m/s, ela
normalmmente voltaará a operarr somente comc uma veelocidade alguns m/s mmenor. Além m disso,
muitos fabricantes
f oferecem ou
o estão dessenvolvendo o mecanism
mos para baiixar graduallmente a
potênciaa da máquinna em fortess ventos, coomo por exeemplo a alem
mã Enerconn.

A indústria de
d turbinass eólicas dee grande po
orte no Braasil

Até a décadaa de 2000, a capacidadee de geração


A o de eletricidade por foonte eólica non Brasil
era pouco significaativa. Existeem atualmeente fabrican ntes instaladdos no Brassil que sign nificam a
possibillidade de exxpansão da capacidadee através da produção nacional.
n Esssa análise não
n lista
os fabriicantes de pequenas
p turrbinas eóliccas, nem seuus forneceddores. Além m disso, a innstalação
de um parque
p eóliico demandda mais com mponentes do que sim mplesmente turbinas eó ólicas, e
portantoo muitas emmpresas que atuam no ramo r de paiinéis elétriccos, sistemaas de transm
missão de
eletriciddade e consstrução civvil participaam de um projeto
p parra a geraçãoo eólica. Porém
P se
considera aqui quue o conheccimento neecessário paara essas etapas existe no Brasiil, sendo
portantoo necessáriio listar oss fabricantees que lidam com a fabricaçãoo de comp ponentes
direcionnados excluusivamente para o setoor eólico. OsO serviços prestados ppelos fabricantes de
turbina também inncluem a annálise dos sítios mais adequados,
a fornecimennto de softw wares de
monitorramento e previsão da produção,
p a
além de assistência técnnica.

Até recentem
A mente, era baixa a preseença dos faabricantes de
d turbinas eeólicas no Brasil.
B A
Wobben Windpow wer, subsiddiária da aleemã Enercoon, está insttalada em S
Sorocaba, SPP, desde
meados da década de 90 e insttalou uma fábrica
fá no po orto de Pecéém em 20022. Até o moomento o
maior modelo
m fabrricado é o E-70,
E de 23300 kW. A produção é direcionaada para o mercado
m
brasileirro, mas taambém exiistem alguuns modelo os e encom mendas parra parquess latino-
americaanos, e há umma exportação significcativa de páás para a Euuropa. A Woobben pode fabricar
55 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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até 500 MW/ano em e geradorres eólicos, com a posssibilidade de


d expansão dessa cap pacidade
[Wobbeen, 2009]. OsO modeloss da Enercoon / Wobben n utilizam todos
t a arqquitetura do gerador
síncronoo sem caixaa de engrenaagens.

Emm 1995 se instalou em m Sorocabaa, SP, a Teecsis, empreesa nacionaal, especialiizada na


produçãão de pás para turbinnas eólicass e ventilaadores induustriais, com m uma exp portação
significaativa. Muitaas das pás já
j fabricadaas são para modelos coom uma pottência de 1 MW ou
mais [TTecsis, 2009].

A argentina Impsa
I Win nd inauguroou em 2008 sua fábricaa de geradorres eólicos no porto
de Suappe, PE. Prevvisto iniciallmente paraa a fabricaçãão de geraddores de 1,55 MW, a fabricação
nacionaal significouu então a innstalação noo Brasil do segundo fabbricante de turbinas eó
ólicas de
grande porte,
p com capacidade para a proddução de 20 00 geradoress anuais [CRRESESB, 12/2008].
Todos oso modeloss da empreesa se baseeiam na con nfiguração de geradorr síncrono de imãs
permaneentes, sem caixa
c de enggrenagens.

A South Am merican Wiind Energyy (S.A.W.E E), instaladaa em São Paaulo e Cubaatão, SP,
fabrica “'torres eóliicas, fundaçções, chassis e seus com p a Améérica do Sul, Europa
mponentes para
e costa leste dos Esstados Uniddos”, e possuui projeto para
p uma unnidade no G Guarujá, SP [SAWE,
2009]. Sua
S capaciddade é de atéé 250 torress de aço porr ano.

Em m 2009 a GE
G Wind anunciou
a a fabricação a partir de janeiro de 2010 de geradores
eólicos através da adaptação de sua linhha de monttagem em Campinas,
C SP. Apesarr de não
divulgarr a capacidaade total de produção, o índice de nacionalizaação dos gerradores seráá de pelo
menos 60%, seguundo a emppresa [ABE EEolica, 30/10/2009]. Apesar de não revelar quais
modeloss serão fabbricados naa unidade, todos os modelos da d empresaa são baseados na
arquitettura do gerrador assínncrono dupllamente aliimentado, exceto
e o úúltimo, baseeado no
geradorr síncrono de imãs perm manentes.

R
Regras paraa conexão de
d parques eólicos ao SIN
S

Com um maiior grau de penetração


p da energia eólica na offerta internaa de energiaa elétrica
de um país,
p surgemm novos reqquisitos paraa a conexãoo dos geraddores ao sisttema elétricco. Além
disso, o aumento dad potência média doss geradores eólicos e da d potência média dos parques
eólicos significa a amplificaçã
a ão dos efeitoos da conexxão desses geradores.
g

É importantee notar que os


o efeitos da
d conexão do d parque eólico
e (ou dde turbinas isoladas)
i
à rede dependem
d d ponto de conexão, e de sua robu
do ustez. Assimm, por exemmplo, na Din namarca,
em 20004, a maioriia das turbiinas estava conectada à rede de distribuiçãoo, enquanto o que na
Espanhaa 76% da caapacidade innstalada esttava conectaada à rede acima
a de 110 kV.

Os diferentees requisitos estabeleccidos pelos operadorees do sistem ma de trannsmissão


(OST) variam
v muiito de um sistema
s paraa outro, de acordo comm o nível dde penetraçãão do da
geraçãoo eólica e com a robbustez do sistemas [Acckermann, 2005, p.1334]. Esta variedade
significaa custos exttras para os fabricantess, que são obrigados
o a se manteremm informad
dos sobre
mudançças em reggulamentoss nos mercados em que estãoo presentess. Logicam mente, o

56 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
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endureccimento do regulamennto acarreta custos exttras para o fabricante,, que é obrrigado a


respeitaar padrões mais
m rígidos.

Um sistema pouco deppendente daa energia eó


U ólica para a geração ppode suporrtar mais
facilmennte do que outros a deesconexão de
d uma cap pacidade de geração eóólica imporrtante. Já
um sisteema dependdente da geeração eólicca (seja porr escassez ou
o alto preçço de combbustíveis
como falta
f de cappacidade dee geração de
d reserva) deve exiggir dos parqques eólico os maior
robustezz frente a faalhas no sisttema.

A regulamenntação estabeelecida peloo OST podee versar sobrre os seguinntes tópicoss :

 Fornecimento de potênncia ativa

 Controle da freqüência

 Qualidade da tensão

 Robustez da
d conexão

 Participaçãão no controole primárioo e secundárrio

A regulamenntação da potência
p attiva forneciida deve visar
v o resppeito dos contratos
c
firmadoos e o atendiimento da demanda
d (taanto em quaalidade da ennergia comoo quantidadde), além
de evitaar o sobrecaarregamentoo do sistemaa de transmmissão. Na verdade,
v o ccontrole da potência
p
ativa inj
njetada é umm dos métoodos centraiis para asseegurar a quaalidade da ttensão e o controle
freqüênncial. A mannutenção daa qualidadee da tensão passa tambbém pelo coontrole da potência
reativa fornecida
f ouu consumidda pelo geraador, além do
d controle das
d harmônnicas.

Jáá a robusteez da conexxão se refe fere ao com mportamentoo do geraddor eólico frente a
instabiliidades na reede, como por exempllo o tempo máximo peermitido paara a reconeexão dos
geradorres quando ocorre
o uma falha, e o riitmo de reto
omada do foornecimentoo de potênciia.

O operador alemão
a E.O
On Netz pubblicou em 2006
2 o seu novo códiggo para con nexão ao
sistema de transm missão [E.O On Netz, 2006]. Para determinaar a regulam mentação extra
e de
conexãoo para os geradores
g d energia (que se sobrepõe aoss requisitos gerais quee devem
de
respeitaar todas as unidades conectadas)
c ), o operador separa os o geradorees entre “geradores
síncronoo conectadoo diretamennte à rede”” (tipo 1) e todos os outros (tippo 2). Obviamente,
qualqueer turbina eóólica (indeppendentemente de sua arquitetura)) é classificada como tipo
t 2, já
que messmos geradoores eólicoss síncronos são isolados da rede peelo conversoor AC/AC.

Uma demandda do operaddor alemão (nem semp


U pre estabeleccida por outtros operadores) é a
resistênncia da coneexão a falhaas na rede, abaixo
a de certa
c duraçãão – ride-thrrough capaability. A
figura IV.3
I exempplifica essa regra. Exceeto no caso de acordo especial enntre o operaador e o
agente gerador,
g a unidade
u geraadora deve suportar quualquer quedda de tensãoo de duraçãão menor
do que 150 ms, meesmo no caso de curto-ccircuito no ponto
p de coonexão.

57 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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Figurra IV.3 : Reegras para desconexão


d no caso de falhas na reede E.On Neetz. Adaptaado de
[E.O
On Netz, 20
006]

Além disso, os geradorres devem ser capazess de forneccer potênciaa ativa paraa a rede
A
mesmo no caso de queda da freqüência
f p
para 49 Hz (o sistema europeu fuunciona com
m 50 Hz)
durante períodos menores
m que 60 s [E.Onn Netz, 2006
6, p.11].

No Brasil, as
N a regras para
p conexxão de gerradores ao sistema dde transmisssão são
estabeleecidas peloss procedimeentos de redde, elaborad NS. Geradores elétricos devem
dos pelo ON
respeitaar todas as regras estabelecidas para unidaades conecttadas ao siistema (módulo 2).
Devido à sua impoortância, o quadro 6 do d módulo 3 dos proceedimentos dde rede (Reequisitos
Técnicoos Mínimos para Conexxão à Redee Básica) é fornecido
f n anexo 1, e algumas critérios
no
de descoonexão resuumidos na figura
f IV.4.

58 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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Figuura IV.4 : Requisitos


R Técnicos Mínnimos para Operação em
e Regime de Freqüên
ncia e
Tensãão Não-Nomminais

No Brasil, em
N e novembbro de 2009, a maio or capacidade instalaada de gerração de
eletriciddade por fonnte eólica está
e concenntrada nos estados
e do Rio
R Grandee do Sul e do d Ceará
(150 e 255,030
2 MWW de potênncia outorgaada em proojetos já em
m operação [SIGEL, 20 009]. Os
150 MW W de potênccia do RS corresponde
c em aos três parques eólicos de Sanngradouro, Índios e
Osório, instalados no municíípio de Osóório, maiorr complexoo eólico braasileiro. Segundo a
Ventos do Sul Eneergia, operaddora dos paarques, a en
nergia geradda pelas turbbinas em 34
4,5 kV é
elevadaa através dee uma subeestação inteerna para 230
2 kV e entãoe transmmitida ao ponto
p de
conexãoo com o cirrcuito 230 kV k da CEE
EE, numa subestação distante
d de 8,5 km, atrravés de
uma linhha de transmmissão de 200
2 MVA dee capacidad de [VSE, 20009].

O segundo maior
m parquue eólico brasileiro,
b o de Praia Formosa, em Camoccim, CE,
entrou em
e operaçãoo em agostoo de 2009. Com
C 50 gerradores Suzzlon S-88 dee 2,1 MW, tem
t uma
capaciddade contrattada de 1044,4 MW noo âmbito daa primeira fase do Prroinfa. O co omplexo
também k da rede básica por uma
m é conectaddo ao circuiito de 230 kV u linha dde 120 MVA [SIIF,
2009][OONSb, 20099].

Ainda segunndo o mapaa da rede de


A d operação o da ONS de d junho dee 2009, os parques
eólicos de Icaraiziinho, Canoaa Quebradaa, Enacel e Bons Venntos (CE), ttotalizando mais de
151,6 MW
M de potênncia outorggada, são ouu serão todoss conectadoos à rede bássica em 230
0 kV.

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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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V - O Proinfa e a Energ
gia Eólicaa no Brasiil
Comparativamente a ouutros paísess com grand des sistemaas elétricos interligadoos, como
Estadoss Unidos e Alemanha,
A a história da geração de
d eletricidaade por fontte eólica no Brasil é
recente.. Como desccrito anterioormente, poor muito tem mpo a expannsão do setoor elétrico brasileiro
b
se baseoou principaalmente na exploração dos recurssos hídricoss, com o coontínuo aum mento da
escala dos
d projetoss de geraçãoo, e com a crescente
c paarticipação empreended
e dora do Estado, que
substituuiu a iniciativa privadaa a partir dee 1930 e priincipalmentte a partir dda Repúblicca Nova.
Este moodelo de dessenvolvimeento foi um fator determ minante parra o crescimmento da cap pacidade
instaladda que se verifica entãoo [Da Silva, 2006, p.88]]. A utilizaçção dos sítioos mais adeq
quados e
da resisstência de movimentos
m s sociais ceertamente contribuiu para
p a exaustão do parradigma,
mas, como demonsstrado, foi principalmen
p nte a situaçãão econômiica do Estaddo, principaal ator do
segmento, que provvocou as dificuldades que q levariam m à reformaa do setor elétrico dos anos 90.
Até entãão, a presennça da energgia eólica noo Brasil era pouco signnificante.

Emm 2002, a capacidade


c eólica instaalada total era
e de 21,2 MW, senddo o maior parquep o
da Eólica de Prainnha, no Ceaará, com 100 MW – co orrespondenndo portantto a praticaamente a
metade do total ded então. Coom a crise do setor elétricoe de 2001, se toornou neceessário o
aumentoo urgente dad capacidaade instaladda para a geração
g de energia. CConjuntamen nte com
medidass como o racionamen
r nto de energgia e o Pro ograma Priioritário de Termoelétrricas, se
instituiuu o Program
ma Emergeencial de ennergia eólicca, que tinnha o objetiivo de prom mover a
instalação de uma capacidadee instalada de 1050 MW, M exploraando a compplementarid dade dos
regimess de ventos e hídricos, através
a da compra
c de eletricidade
e de fonte eóólica pela Elletrobrás
por no mínimo
m 15 anos. O preeço de comppra seria estabelecido pela p Aneel, mas este era muito
baixo para
p permittir o desennvolvimentoo da energiia eólica [W Wachsmannn, 2003]. Assim,
A o
Próeolicca não apressentou os reesultados deesejados.

O Programaa de Incentiivo ás Fonttes Alternativas de En


nergia - Prooinfa

Em m 2002 o governo FHC F lançoou um programa com m caracteríssticas simillares ao


Proeolicca, mas dessta vez direecionado nãão somentee para o fomento da eenergia eóliica, mas
também
m para pequuenas centraais hidroeléttricas (PCHHs) e usinass termoelétrrica de biommassa. O
Program
ma de Incenntivo às Foontes Alternnativas de Energia
E Eléétrica – Prooinfa, e a Conta
C de
Desenvoolvimento Energético
E – CDE, foraam instituíd
dos pela lei nº
n 10.438/2002.

O Proinfa obbjetivava, em
e sua prim meira fase,, promover a instalaçãão de 3300 MW de
capaciddade instaladda divididoss igualmentte entre as três
t fontes energéticas
e prioritárias. Assim,
cabia à energia eóólica 1100 MW, mas a legislação o incluía dispositivos
d para perm mitir uma
maior flexibilidad
f de na contrratação doss projetos, dispositivoos que com mo se veráá foram
utilizadoos em favorr da energiaa eólica e em
m detrimento das UTE a biomassa.

Innicialmente também nãão se previaa uma limittação da cappacidade innstalada porr Estado.
Ainda hoje,
h existe uma grandde concentraação de parq ques eólicoos no Brasil, principalm
mente no
Ceará e Rio Grandde do Sul. Certamente,
C estas regiõees possuem
m alguns doss maiores po otenciais
eólicos do país, o que
q justificaa essa conceentração, já que outros estados do Nordeste e também
Santa Catarina
C aprresentam aggora projetoos de explorração do pootencial eóllico em um ma escala
60 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

muito maior
m que outros
o estaddos. É lógicco estes prrojetos se concentraram m nas regiõ ões mais
promisssoras, onde médias maiis altas de vento
v permiitem a viabiilidade econnômica do projeto
p –
mas inffluem no deesenvolvimeento da energia eólica também fattores políticco-econômiicos, que
podem sers tão impoortante quannto os fatorres exclusivamente técnnicos. Assim m, Wachsmann et al
indica que
q até 20022 o foco da pesquisa em m sítios eóliicos no Braasil era o Ceeará, princip
palmente
porque este foi o primeiro a realizar uma coletaa precisa e confiávell de dados eólicos
[Wachsm mann, 20033]. Apesar disso, com a lei nº 10 0.762/2003 foi determiinado um limite de
20% daa capacidadee instalada total
t contraatada por esttado, o que poderia serr ignorado caso
c não
existisseem projetoss suficientes para atender esse criitério na prrimeira cham mada. O critério de
seleção dos projeetos seria o prazo reemanescentee da Licennça Ambienntal de Insstalação,
posterioormente modificado pela L10.762 para a antig guidade desta.

O Proinfa visava
v o desenvolvim
d mento iguall das três fontes alteernativas, sendo a
participação de produtores
p independeentes não-aautônomos (aquele ccuja socied dade “é
controlaada ou coliggada de conncessionáriaa de geraçãão, transmisssão ou disttribuição dee energia
elétrica””, L10.438//2002) limiitada a até 50% de cada projetoo, o que nãão deixou de d atrair
críticas de grupos interessadoos no prograama (ver [F FOLHA, 211/04/2002]).. Esta resollução foi
posterioormente relaxada pela L 10.762, que a resttringe à prrimeira etappa do programa. A
L10.4388 exigia um ma nacionaalização míínima de 50% 5 para os equipam mentos no caso de
participação de fabbricantes no
n projeto, outra mediida criticadaa mas que foi posteriiormente
endureccida pela L110.762, que exigiu paraa a primeiraa fase um ínndice de 60% e para a segunda
90% parra todos os projetos beneficiados.

Os contratoss seriam ceelebrados por p quinze anos entree o produttor e a Eleetrobrás,


responsável pela administraçã
a ão também m da CDE. Os valoress pagos serriam calculaados em
função do
d valor ecoonômico coorrespondennte à tecnolo ogia específfica de cadaa fonte, mas que não
poderia ser menor do que 80% % da tarifa média
m nacio
onal de fornnecimento aao consumid dor final,
patamarr posteriorm mente modifficado pela L10.762. Toda
T diferennça entre essse valor “ee o valor
econômmico corresppondente a energia com mpetitiva, quando
q a coompra e veenda se fizeer com o
consummidor final”” deveria ser s compennsada atrav vés dos fuundos da C CDE (que também
subsidiaava UTE a carvão naccional), no limite
l de 300% do recoolhimento aanual da con nta, para
cada foonte. Os cuustos dos contratos
c fiirmados enntre a Eletrrobrás e oss geradoress seriam
divididoos entre toddos os consuumidores (sendo os con nsumidores da subclasse residenciial baixa
renda deesonerados no governoo Lula).

O decreto nº 541/2002 regulamentoou a L10.438, determinnando que o MME, resp ponsável


pela adm ministraçãoo do Proinfaa, submeteriia relatórioss ao CNPE. Segundo L Leite, “continuava a
reduçãoo das funçõões da Eleetrobrás noo planejameento e conntrole do ssistema eléétrico” e
“ampliaavam-se as suas atribuuições com mo gestora de d program
mas de goveerno” [Leite, 2007,
p.421]. O decreto marcava a data limite para início o da operaçção dos emppreendimen ntos para
30/12/2006, mas devido
d aos atrasos
a conttínuos esta data foi rem marcada paara 30/12/20008 pela
lei nº 111.075/2004. Além dissoo, o prazo dos
d contratoss, de quinzee anos, foi aalterado paraa vinte.

O financiammento dos empreendiimentos co ontou com o apoio do BNDE ES, que


desenvoolveu o Proograma de Apoio Finaanceiro a Investimento
I os em Fonntes Alternaativas de
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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

Energiaa Elétrica noo Âmbito doo Proinfa, disponibiliza


d ando até 5,55 bi R$, com
m uma partticipação
em até 70%
7 do vallor do projeeto, juros prreferenciais e um períoodo de amortização de 10 anos
[BNDES, 2004]. Posteriormen
P nte a participação máx xima foi aummentada paara 80% e o período
de amorrtização parra 12 anos. Finalmente,
F , a carteira de
d empréstiimos do BN NDES totalizzou 3,46
bi R$, mas
m houve também
t um
ma grande paarticipação do Banco do d Brasil, B Banco do No
ordeste e
da CEF (1,03, 0,71 e 0,46 bi R$
R respectivvamente) [E Eletrobrása, 2009].

Apesar das alterações


A a reealizadas noo governo Lula,
L a prim
meira etapa ddo Proinfa manteve
suas caaracterísticaas essenciaiis, sendo as
a mudançaas realizadaas (por exeemplo aum mento do
patamarr mínimo da d remuneraação para a fonte eólica de 80% % da tarifa média nacional de
fornecimmento ao coonsumidor final
f para 90%
9 e a extensão da duuração dos contratos) eme geral
favoráveis aos emppreendedorees (mas um m exemplo contrário
c é o parágrafoo segunda do
d artigo
14 do D4541 “N Não deve haver vanntagem ou prejuízo financeiross à Eletrob brás ou
concesssionárias”, de
d onde foraam excluídaas as concesssionárias). Há ainda a garantia dee 70% da
receita contratual para o prrodutor, appesar de po osteriormennte a Aneeel ter inclu uído um
disposittivo de reevisão da energia dee referênciia no casoo de uma produção efetiva
correspoondente a menos
m de 70%
7 da eneergia contraatada (Resoolução Norm mativa da Aneel
A nº
62/20044).

O valor econnômico da teecnologia esspecífica daa fonte (VET TEF) para ddeterminadoos para a
fonte eóólica no Prooinfa foi deefinido pela portaria nº 45/2004 doo MME e eestá especifi
ficado na
tabela V.1.
V

Taabela V.1 : Valor Econnômico da Tecnologia


T Específica
E d Fonte Eóólica (Março/2004).
de
Adaptaddo de [MME E, 2004]

FCR
R Vetef (R
R$/MWh) Piso (R$/MW
Wh)
FCR ≤ 0,324041 204,35

FCR
Rmin < FCR
R < FCRmax Equaçãão 150,45

FCR ≥ 0,4419347 180,18

A equação doo Vetef paraa energia eólica no trech


ho linear é :

Seegundo a mesma
m portarria, o facor de capacidaade de referrência deve ser calculad
do por:

1
100
87
760
Onde ER é a energiaa de referêência para a central geradora eeólioelétricaa (valor
contratuual), p as peerdas até o ponto
p de connexão, CP mo energétiico próprio da usina
C o consum
(excluíddas as perdaas), e P a pootência instaalada da CG
GEE [MME,, 2004].
62 
O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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A segunda fase objetiivava alcannçar em viinte anos uma u particiipação de 10% no


consummo anual dee energia elétrica atravvés de um m crescimennto de 15% % anuais daas fontes
alternatiivas. Esta fase
f foi maiis profundam mente alteraada pela refforma do gooverno Lulaa, já que
anteriorrmente o fomento
f seeria realizaado atravéss de tarifas feed-in, em contab bilização
semelhaante à utilizada na prim
meira fase doo programaa. A opção no n governo L Lula pela utilização
de leilõões de energgia de reseerva para o fomento da d energia eólica
e no ppaís represeenta uma
mudançça importannte, e por istto será anallisada no momento
m do estudo do lleilão de ennergia de
reserva de dezembrro de 2009.

Siituação da primeira fase


fa do Proiinfa

A primeira chhamada púbblica do Prooinfa para apresentação


a o dos docum mentos à Elletrobrás
durou até
a 10 de maio
m de 20044. Na primeira chamad da foram coontratados 447 parques eólicos,
totalizanndo praticaamente 11000 MW dee potência contratadaa. Como, aapesar da segunda
chamadda, não foi possível coontratar 11000 MW de capacidadee para a biiomassa, ho ouve um
remanejjamento quue favoreceuu a energiaa eólica e PCHs. P Assimm, no remaanejamento, 323,53
MW addicionais de capacidadee instalada de fonte eó ólica foram contratadoos, totalizan ndo 1423
MW paara a primeeira fase doo Proinfa [E Eletrobrása]]. Desses, 49,1%
4 (6899,86 MW), ou seja,
praticammente o limmite legal, fooram classifficados commo produtorees não-autôônomos, atestando o
potenciaal de grandes grupos em e participaar do processso de deseenvolvimentto da energiia eólica
no Brassil. A regra de limitaçãão da particiipação dos Estados
E a 20%
2 poderiaa ter prejud
dicado os
estados do Ceará e Rio Graande do Norte, cujos empreendiimentos eóólicos habillitados a
participar represenntavam 23,11% e 27,0% % do total da capaciddade instalaada candidaata (3,43
GW). Apesar
A dissoo, graças aoo remanejam mento, os co ontratos firm
mados para parques eó ólicos no
Ceará representaraam 35,2% da d capacidade instaladaa contratada – já o Riio Grande do d Norte
ficou coom 14,1%. Também é importantee destacar outra o razão para o limmite de potência por
estado : Segundo Kissel
K et al, a grande cooncentração do potencial eólico brrasileiro no nordeste
significaa que sem essa
e limitaçção a maioriia dos projeetos se encoontraria nesssa região (o
o que em
parte nãão deixou dee ocorrer), provocando
p o gargalos no
n sistema de d transmisssão, já que o grande
centro consumidor
c r é a regiãoo sudeste [K Kissel, 20006]. Assim, apesar de se poder criticar
c o
critério de escolhaa (a antiguiddade da liceença ambien ntal de insttalação), o nnúmero de projetos
habilitaddos indicouu que a gerração de ennergia elétrrica por fonnte eólica eera uma altternativa
possívell para o sistema brasilleiro [Dutraa, 2007], sen ndo talvez possível a ccontratação o de uma
capaciddade ainda maior
m no âmmbito do Prooinfa.

Seegundo a leegislação orriginal do Proinfa,


P a daata limite paara a entradda em operaação dos
projetoss era 30 de dezembro de 2006 – mas em 20 006 apenas cinco parqques eólicoss haviam
entrado em operaçãão, totalizanndo 208,3 MW,
M entre elese o compplexo eólicoo de Osório (Osório,
Sangraddouro e Índiios) [Aneel,, 2009]. Estte atraso mo otivou a alteeração pela lei nº 11.07
75/2004,
que esteendeu o praazo para 300/12/2008. Em E 2007 houve
h o iníccio de operração de apenas um
parque eólico, o ded Millenniuum, na Paraaíba. O cro onograma dosd parques eólicos do o Proinfa
está inddicado na tabbela V.2. Atté outubro de
d 2009 hav viam sido innstalados 5774,7 MW no o âmbito
do Proiinfa, aproxximadamentte 40% dee um total de 1423 MW contrratados, um m atraso
significaativo para um proggrama cujoo fim da primeira fase f havia sido prog gramado

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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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originallmente paraa 2006. Doss 54 geradores contrataados, 28 enttraram em operação (iinclusive


os 2 maaiores complexos eólicoos).

Cabe ainda ressaltar quee o contratoo estabeleciddo com a Eletrobrás peermite um atraso
a de
180 dias para a entrada em opperação, e a rescisão é à discriçãoo da Eletrobbrás. Além disso, o
prazo paara entrada em operaçãão foi estenndido pela leei nº 11.4933 de 2009 paara 30 de deezembro
de 20100 [Eletrobrás, 2004].

Taabela V.2 – Início da Operação


O dee Parques Eólicos do Proinfa (MW
W) – Fonte : [Aneel,
2009]

Abbri
Ano J
Jan. Fev. Março Maio Junho Julho
o Agosto Set. Out. Nov. Dezz. Total
l
208,3
2006 - - - - - 50,0 42,1
1 7,2 59,0 - - 50,0
0
10,2
2007 - - - - - - - - - - 10,2 -
89,3
2008 - - - - - - - - 25,6 - 16,5 47,2
2
266,9
2009 2
22,4 44,4 12,3 - - - - 133,2 - 54,6 - -

Seegundo a avaliação
a d agosto de
de d 2009 do Proinfa, 12,5%
1 dos projetos ainda não
haviam iniciado a construçãoo, totalizanddo 18,1% dad potência contratadaa, e 4,9% (4
4,4% da
potênciaa) estavam sub júdice ou
o em rescissão contratu
ual.

Av
Avaliação daa Primeira Fase do Prroinfa

Ao se compaarar os objeetivos iniciaais pautadoss para a prim


A meira etapaa do Proinfaa, no que
toca os empreendim mentos eóliicos, é patennte a distân
ncia entre esstes e os ressultados alccançados
até o moomento. Ennquanto que por volta de
d 40% (574 4,7 MW) daa potência coontratada esstava em
operaçãão em outubbro de 2009, o program ma objetivav va instalaçãoo de pelo mmenos 1100 MW até
dezembbro de 2006.. Assim, apeesar da capaacidade insttalada total ser muito ssignificativaa quando
comparaada àquela existente anteriormen
a nte ao prog grama, este tem várioss anos de atraso.
a É
verdadee que os obbjetivos proopostos origginalmente eram ambiciosos, e qu que se verifficou um
avanço significatiivo na inddústria eóllica no Brasil, tantoo na capaacitação téécnica e
desenvoolvimento da
d indústria de produçãoo de gerado ores quanto na operaçãoo do SIN.

O relatório Sustentabilid
S dade Energgética do Grreenpeace fornece
f umaa boa recappitulação
dos prinncipais prooblemas quee encontrouu o Proinfaa em seu desenvolvim
d mento, e cerrtamente
esses prroblemas poodem se reppetir na seguunda fase [GGreenpeacee, 2008]. Coomo cita o relatório,
r
algumass das quesstões foram m corrigidaas, pelo meenos parciaalmente, coomo a queestão do
financiaamento do BNDES
B e daatas limites para o proccesso de selleção.

Apesar dissoo, muitos problemas


A p p
persistiram.
. Os princiipais seriam
m a dificulldade de
financiaamento quee encontrarram os peequenos e médios empreendedores, o ín ndice de
nacionaalização de 60% e o valorv estabeelecido paraa as tarifass de compraa da energiia eólica
(assim como
c a inceerteza sobree esse valor)).
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O principal desses prroblemas, a dificuldaade de se obter o financiameento, foi


parcialmmente reduzzida com o aumento da d participaçção do BND DES e aum mento do perríodo de
amortização, desccritos acim ma. Apesarr disso, o relatórioo indica a dificuldaade dos
empreenndedores paara se obter os emprésttimos, frentee a um moddelo decisórrio do BND
DES mais
adaptaddo aos granddes empreenndedores – problema queq pode esstar relacionnado à limitação da
participação de produtores
p independeentes não-aautônomos (concessioonárias e grandes
produtoores de enerrgia, que pooderiam terr condiçõess melhores para financciar os projetos). O
maior complexo
c eóólico brasileiro, de Osório, RS, com 150 MW W de potênncia, que enntrou em
operaçãão dentro doo prazo oriiginal (Junhho – Dezemmbro 2006), não é claassificado coomo um
produtoor independeente de energia, assim como o parrque do Rioo do Fogo, RN. Obviam mente, é
perfeitaamente possível um PIAA conduzir um projeto respeitandoo os prazos, mas é inteeressante
o fato de a restriçção ao proodutores nãão-autônomo os ter sido retirada dda segunda fase do
Proinfa..

O segundo problema,
p o índice de nacionalização, é maais complexxo. Certameente, um
índice de
d nacionaalização maais baixo poderia
p facilitar a insstalação de empreendiimentos,
através da importtação de aerogerador
a res, mas um u program ma que proocura incen ntivar o
desenvoolvimento da d energia eólica em longo prazzo certamennte deve aalmejar forttalecer a
indústria nacional. A produçãão de geraddores é, claaro, o princcipal setor aafetado pello índice
mínimoo, já que outtros segmenntos, como a parte do siistema de trransmissão, de painéis elétricos
e de conntrole estãoo muito mais desenvollvidos no Brasil.
B Ao see notar quee todo país com um
nível dee penetraçãoo eólico ou mercado siignificativoo possui pelo menos um m grande faabricante
de geraadores (incluusive Índiaa e China), percebe-se a importânncia destes para o fom mento da
energia eólica. Umma indústria nacional siggnifica equiipamentos mais
m baratos e de forneecimento
mais seguro, menoos vulneráveel a choquees externos,, além da existência dee um corpo o técnico
tão neceessário quaanto os equuipamentos. O problem ma foi que até recentem mente, 20008, havia
apenas umu fabricannte nacionaal de aerogeeradores, a Wobben,
W o que dificulttou a condu
ução dos
projetoss.

Apesar da modificação
A m dos limitess mínimos para o VET TEF, quanddo a fonte eólica,
e a
tecnologgicamente menos
m desennvolvida noo Brasil, corrretamente recebeu
r ommaior limite inferior,
este liimite aindda foi coonsiderado baixo pelos p proddutores [GGreenpeace,, 2008,
p.11][FOOLHA,19/006/2007]. Scchaeffer et al prevêem uma diminnuição dos ccustos de in nstalação
para parrques eólicoos e um auumento do fator
f de cappacidade paara projetos futuros [Scchaeffer,
2001], mas
m apesar de se podeer consideraar normal a exigência de preços m mais favorááveis por
parte doos empreenddedores, os atrasos veriificados no Proinfa inddicam que effetivamentee o baixo
preço coontribuiu paara a diminuuição do intteresse nos projetos.
p

Um dos probblemas freqüüentemente listados qu


U ue afetaram a implemenntação das PCHs
P do
Proinfa foi a obtennção de conttratos por attores que esstavam interressados appenas em revvender o
contratoo a outro emmpreendedoor, mas seggundo a avaaliação da Aneel
A do esstado do Prroinfa de
11/20099, ocorreu a transferênncia de tituularidade dee 23 empreeendimentoss eólicos atté então,
contra 9 PCHs [A Aneel, 20099]. É possívvel portanto o que este seja outroo empecilho o para o
d projetoss, e importaa contratar apenas aquueles efetivaamente interessados
desenvoolvimento dos
em honrrar o contraato.
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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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Ainda segunddo o mesmoo estudo, esstá prevista a entrada em


A e operaçãoo ainda em 2009 de
4 UEE,, totalizandoo 177,8 MW W, além dee mais 7 em mpreendimentos sem impedimen ntos para
entrada em operaação em 2010, adicioonando maais 82,9 MW M de pottência. Casso esses
empreenndimentos efetivamennte entrem m em operação, issoo significaará um accréscimo
importaante, alcançaando enfim o Proinfa a operação de
d mais de 50%
5 da potêência contraatada.

N
Novo Quadrro Regulatóório para o Desenvolv
vimento dass Fontes Allternativas

Originalmentte, segundoo a primeiraa versão daa lei nº 10.4438/2002, a segunda etapae do


Proinfa se daria, em
m linhas gerrais, com oss mesmos métodos
m de incentivo
i àss fontes alteernativas
(contrattação da ennergia por 15 anos seegundo o preço
p estabeelecido pello VETEF), e com
algumass restriçõess semelhanttes (limitaçção da partticipação doo produtor independen nte não-
autônommo). Mas não se pode saber se ouutras restriçções seriam m retomadass, como o ín ndice de
nacionaalização de 50%, já quue não houvve regulamentação parra a segundda etapa do o Proinfa
durante o governo FHC.

Até o momeento, não há


A h previsão do início do Proinfaa II. Apesaar das alterrações, a
segundaa etapa ainnda é regullamentada pela L1043 38/2002, seendo a Eleetrobrás a empresa
responsável pela contratação
c da geraçãão por 20 anos segunndo o VET TEF). Em lugar
l do
program
ma, o goveerno utiliza o mecanissmo da eneergia de reeserva, criaado em 200 04, para
fomentaar as fontes alternativass de energiaa elétrica no
o Brasil.

O 2º Leilão de
d Energiaa de Reserva

O § 3º do artt. 3º e o artt. 3º-A da leei nº10.848


8 de 2004 permite ao ppoder conceedente (a
União) contratar “rreserva de capacidade”
c ” de modo a “garantir a continuidaade do forneecimento
de energgia elétrica””, repartindo os custos dessa mediida entre todos os agenntes de distrribuição,
consummidores livrees e autoprodutores (“appenas na paarcela decorrrente da intterligação ao SIN”).
A modaalidade parra contrataçção dessa reserva
r de capacidade
c são os leiilões de energia de
reserva,, e a energiia comprada, segundo o decreto nº 6.353 dee 2008 quee regulamen nte a lei,
“será coontabilizadaa e liquidadaa exclusivam mente no mercado
m de Curto
C Prazoo” da CCEE E. Assim,
os leilões de energgia de reservva represenntam um meeio para o governo
g desenvolver as a fontes
alternatiivas de suaa escolha (ee caso desejje, separadaamente), atrravés da divvisão dos custos de
sua políítica entre toodos os atorres, e com uma
u maior flexibilidade
f e para o conntrole destes custos,
já que o preço da d energia contratada não está mais m vincullado ao VE ETEF e oss leilões
permitem, em teoria, obter um m menor prreço. O merrcado de cuurto prazo dda CCEE reepresenta
atualmeente pouco mais
m de 8% da energia comercializzada [CCEE E, 2009, p.338].

Como o goveerno deu seqqüência à prrimeira fasee do Proinfaa idealizadaa pela adminnistração
anteriorr, e então manteve
m a política
p de fomento das
d fontes alternativas
a com os leeilões de
reserva (primeiro com
c UTEs a biomassa e PCHs e posteriorme
p ente com U UEEs), podee haver a
impresssão de que esta
e é efetivvamente a segunda etap pa do Proinnfa. Mas o vvalor a ser pago
p aos
produtoores é determ
minado, porr lei, pelo VETEF,
V o que
q não é o caso dos leeilões de en nergia de
reserva (LER), e oso contratos, que deverriam ser cellebrados com a Eletrobbrás, o serãão com a
CCEE. O Proinfa II I ainda devve ser teoriicamente im
mplementaddo pelo governo federaal, mas a

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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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realizaçção dos LERR significa que


q provaveelmente estee não terá luugar, já que é difícil im
maginar a
existênccia de duas políticas
p sim
multâneas de
d incentivo
o às fontes alternativas.
a

Innicialmente, pela
p portaria nº 147 de 2009, o MM
ME determiinou a data de 25 de no
ovembro
de 20099 para realizzação do 2ºº leilão de energia
e de reserva (leilão 03/2009), mas essaa data foi
posterioormente modificada parra 14 de dezzembro pelaa portaria nºº 408 de 20009.

Sãão aceitos para


p o leilãão empreenndimentos novos
n que ainda
a não ttenham entrrado em
operaçãão na data deeste, e tambbém a ampliiação de em mpreendimenntos existenntes. Originalmente,
segundoo a portaria nº 211 de 2009,
2 apenaas seriam acceitos aeroggeradores im
mportados “no
“ caso
de potênncia nominal superior a 2.000 kW W”, valor po osteriormennte reduzidoo para 1.500
0 MW, o
que incllui certos modelos
m extrras como muitos
m da GEE – que adapptou sua linnha de produção em
Campinnas, SP, jusstamente paara a produução destess aerogeraddores - apeesar desta faixa f ser
menos populosa
p em
m aerogeraddores do quee por exemp plo a de 2.0000-2.500 MMW. Outro requisito
r
importaante estabeleecido pelo edital é a apresentação
a o de “histórrico de meddições contínuas da
velocidaade e da dirreção dos ventos,
v em altura
a mínim
ma de cinqüüenta metroos”, ou trintaa metros
para “teerrenos de suuperfície toopográfica contínua”.

A mesma porrtaria ainda especifica detalhes im mportantes do


d contrato dde venda dee energia
de reserrva : Este é por quanntidade de energia
e (senndo portantto o geradoor responsáável pela
entrega da energia contratada no ano) e tem uma duraçãod de 20
2 anos, como para a primeira
fase do Proinfa. O “preço da energia
e eléttrica de reseerva contrattada será o valor do reespectivo
lance vencedor
v doo Leilão, expresso
e em
m R$/MWh h”, e será reajustado segundo o IPCA.
Finalmeente, a dataa inicial de entrega é 1º de Julho de 2012 – um u prazo dde dois anoss e meio
para a entrega,
e connsideravelmmente maior do que o prazo
p original da primeeira fase do Proinfa.
Caso o empreendiimento entrre em operaação antes dessa dataa, poderá veender a eneergia no
ambientte de contraatação livre (portaria nºº16 de 2009 SPE/MME E).

4441 empreenndimentos foram inscrritos para o leilão, tootalizando 13.441 MW W, valor


acima das
d expectattivas [FOLH HA, 16/07/2009], estan ndo 72% do
d total conccentrados na
n região
nordestee. Destes 4441, 363 forram habilitaados, totalizzando 11.0443 MW (portaria nº16 de 2009
SPE/MM ME). A Anneel fixou o preço tetoo do leilão em e 189 R$,, acima do usual em relação
r a
fontes energéticas
e convencioonais (UHE Es e UTEss a gás) mas m abaixo da expectaativa de
investiddores, cuja pressão
p é loggicamente sempre
s por limites mennos restritivvos.

A
Aqueles em
mpreendimenntos que o desejasseem podiam m indicar o interesse em se
conectaarem através das Instaalações de Transmissão
T o de Intereesse Exclussivo de Cenntrais de
Geraçãoo para Coneexão Compaartilhada (IC CG), o que levaria os empreendim mentos interessados
a comppartilhar oss custos da d conexãoo à rede básica. Seggundo estuudo da EP PE, 383
empreenndimentos indicaram o interessse em se conectarem m à rede através dee ICGs,
represenntando a graande maioriia. Baseadoo na posiçãoo desses emppreendimenntos, a EPE estimou
a “posssibilidade dad implanttação de 29 2 coletoraas e 27 suubcoletoras (estas deestinadas
exclusivvamente a usinas
u de fonnte alternattiva – N.A.)”” [EPE, 20009].

R
Resultado dee Leilões Anteriores
A a 2º Leilão
ao o de Energiia de Reserrva

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Em
m 2007 se realizou o 1º leilão de d fontes allternativas, que tratou exclusivam mente da
geraçãoo por PCHs e usinas a biomassa
b (bbagaço de cana
c e biommassa de criaadouro avíccola) por
meio daa modalidadde de energgia nova (A A-3). 638,3 MW foram m comerciallizados, ou 55% do
total habbilitado, o que
q o relatóório do Instituto Acende Brasil connsiderou “decepcionantte” [AB,
2007]. O total coomercializaado, mais da d metade dos emprreendimentoos habilitad dos, não
caracterriza exatam mente um fracasso – é mais importannte a baixxa quantid dade de
empreenndimentos habilitados.
h . O IAB taambém indica que o preçop médioo (134,99 R$/MWh
R
para as PCHs e 1338 R$/MWhh para a biomassa) é baixo b e sim
milar ao verrificado parra outros
leilões de
d energia nova,
n de fonnte convencional.

O leilão de energia
e de reserva de dezembro de 2009 é o segundo LER realizzado até
hoje. O primeiro, de
d 2008, coomercializouu energia prroveniente de d biomassaa, com conttratos de
15 anoss e entrada em
e operaçãão entre 2010 e 2012, comc a contrratação a paartir de 2012
2 de 548
MW méédios (1 MW W médio = 1 lote) – os o contratoss são por diisponibilidaade de energ gia. Mas
desses, apenas 4299 MW foraam habilitaados, pois seiss empreeendimentos foram inab bilitados
devido ao
a desrespeeito de índicces financeirros mínimo
os dos balannços das emppresas respo onsáveis
[ANEEL L, 2008], o que represeenta uma paarcela imporrtante da pootência conttratada (21%
%).

Expectativass para o 2º Leilão

Apesar do esstudo dos leeilões exclussivos para fontes


A f alternnativas fornnecer uma in
ndicação
da adeqquabilidade deste formaato para o incentivo
i daa geração de eletricidade por fonte eólica,
esta últiima é no Brasil
B aindaa um segmeento a partee do setor elétrico. PC CHs e biommassa no
Brasil estão,
e em relação à UHEs,
U tecniccamente beem desenvoolvidas (esppecialmente para as
PCHs), com um mercado mais signnificativo e encontraam menos entraves ao seu
desenvoolvimento, apesar
a do pootencial eóllico brasileirro ser impoortante.

Assim, para o sucesso da


A d política ded desenvollvimento daa energia eóólica no Braasil e do
2º LERR, importa principalmen
p nte a superaação dos obbstáculos esspecíficos aao segmento o eólico.
Apesar dos leilões anteriorres terem decepcionaado em certos c ponttos, conjun ntamente
represenntaram a coontratação ded mais de 1 GW de po otência, peqqueno em reelação à cap pacidade
instaladda brasileiraa (menos quue 1%) mas ainda assim m significativo. As prinncipais dificculdades
que podderá encontrrar o 2º LER R e a implaantação dos empreendim mentos conntratados, baaseando-
se na exxperiência passada
p da primeira
p etaapa do Proin
nfa, dos resuultados doss leilões anteeriores e
das caraacterísticas do segmentto eólico sãoo :

- Dificuldad de da ind dústria de aerogerad dores em fornecer os equipa amentos


necessáários, em tempo e em custoss adequados, devidoo à monoppolização do d setor,
dificulddade de trannsporte e innstalação dos
d aerogeraadores, e falta
fa de connhecimento técnico,
conjunttamente coom a impossibilidade de d importa
ação de equuipamentos substitutos.

ade financeeira dos proojetos, deviido à dificuuldade de see obter cond


- Inviabilida
I dições de
financiaamento adeqquadas, baixxo preço daa energia con
ntratada e inncerteza nos contratos..

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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

- Comprom e de empreeendedoress, já que em


metimento insuficiente
i m leilões anteeriores se
verificouu a existência de particiipantes interressados apeenas na reveenda do conntrato de gerração por
PCHs (““sentados na cachoeira”).

- Entraves
E d caráter técnico,
de t com
mo problem
mas na obtenção da Liccença Ambiiental de
Instalaçção e Licençça de Operaação, e problemas com a conexão à rede básicca.

Toodas estas possibilidad


p des estão intterrelacionaadas, já que por exempllo um atraso o devido
a uma dificuldadee técnica pode
p acarreetar problem mas financceiros para o projeto, ou um
aumentoo nos custoos dos equippamentos innviabilizar totalmente
t este. Apesaar disso, peercebe-se
que os maiores
m obsstáculos sãoo de ordem econômica
e e financeiraa.

O problema de forneciimento de equipamen


e ntos foi um dos
d principaais fatores de
d atraso
da prim
meira etapa dod Proinfa, porém graçças a este, à capacidadee técnica daa indústria brasileira
b
(que poossibilitou innicialmente a produçãoo de compo onentes de aerogerador
a es para exp
portação)
e à exiistência de uma políttica minimaamente con nstante de incentivo à energia eólica,
e a
indústria de aerogeeradores modificou-se
m de maneirra significattiva desde o início da década,
com maais fabricanntes, maior conhecimennto técnico e um merccado mais amplo. Asssim, este
fator nãão pesa tannto quanto anteriormen
a nte, apesar de ainda seer um obsttáculo impo ortante –
somentee a dinâmica pós-leilãoo poderá inddicar se os atrasos
a resulltantes serãoo importantes.

Emm 9 de deezembro o governo anunciou a a desoneraçção permannente do IP PI sobre


“aerogeeradores utillizados na produção de d energia eólica”
e [MFF, 2009]. Segundo a taabela de
incidênccia do impoosto sobre produtos
p inndustrializad
dos (TIPI), versão 20007, a alíquo ota sobre
geradorres elétricoss de correntte alternada, é de 10%, e portantoo as desonerrações do IPI sobre
aerogeraadores e seeus componnentes (esta última já efetiva
e em 2007)
2 repreesenta um inncentivo
importaante à indústtria, e concoorre no senttido de quedda dos preçoos dos aeroggeradores.

A condição financeira
f do projetoo e o comprrometimen nto dos emp preendedorres estão
intimammente interliigados. O sucesso de um u empreen ndimento eóólico depennde em grannde parte
da realização de estudos dee viabilidadde técnica--ecônomica prévios, e os custos destes
implicamm a particcipação ativva da emppresa respo onsável. Jáá este com mprometimen nto está
diretam
mente relacioonado com a existênciia e a consstância de políticas
p púúblicas de in
ncentivo
para viaabilizar o prrojeto. A paarticipação de atores responsáveiss por projettos importan
ntes e já
implanttados, comoo SIIF Éneergies e Enerfin,
E é positiva
p parra o leilãoo. Paralelam
mente, a
exigênccia da realização das meedições a 500 metros dee altura não é simples, e pode deseencorajar
certos investidores
i s, mas porr outro laddo além dee assegurarr uma maiior solidez a este,
certameente o invvestimento inicial necessário desencorajar
d rá atores ddesinteressaados da
instalação do projeeto e que proocurem apennas revendeer o contratoo.

Um fator quue pode se tornar impportante é o preço-teeto para o leilão, qu


U ue como
mencionnado foi fixxado em 1899 R$/MWh, abaixo doss valores reeajustados dda primeira etapa do
Proinfa mas signifificativamentte acima doos preços doos leilões dee energia coonvencionall. Houve
diversass indicaçõees que estee teto estavva próximo o do limitee mínimo para a viaabilidade
financeiira considerrado pelos empreended
e dores [O Vaalor, 12/11/22009]. Porém m um dos objetivos
o
da políttica energéttica deve seer a modiciidade tarifárria e a reduução dos cuustos de gerração de
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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
João Gorenstein
G Deedecca
 

eletriciddade – e o próprio dessenvolvimeento do seto


or eólico deepende da eeventual au
utonomia
financeiira deste.

Uma alteraçãão interessaante em relaação à polítiica energétiica anterior,, e condizen


U nte, pelo
menos non curto prazo, com a modicidadde tarifária, é o índice de reajuste utilizado para p o 2º
LER. AoA contrário da primeiraa fase do Prroinfa e do período
p de privatizaçõe
p es do govern no FHC,
a tarifa será reajusstada segunndo o Índicee de Preçoss ao Consuumidor Ampplo, IPCA, e não o
IGP-M. Apesar de em certas épocas essees índices serem próxim mos, o Índiice Geral dee Preços
do Merrcado é maais sensível a variaçõees do câmb bio, devidoo à particippação de prreços do
atacado [Garcia, 2005].
2 Seguundo o estuudo elaboraado por essse autor, o IGP-M e o IPCA
apresenntaram diferenças impoortantes ao longo
l da hisstória, porémm em longoo prazo não o se pode
detectarr uma tenddência em favor de um u índice – a caractterística cenntral é apeenas seu
descasaamento. Elee alega aindda que, senndo o IGP--M o índicee base do setor elétricca até o
momentto, uma traansição parra o IPCA A provocaria um desccasamento eentre os ju uros dos
contratoos de financciamentos das
d empresaas e as suas receitas. Issto pode serr em parte verdade,
v
mas muuitos bancoss estatais, como
c o BND DES, grand de financiaddor do setorr elétrico brrasileiro,
fornecem m possibiliidades de financiameento atrelad das à TJLP P, e não aao IGP-M. Dada a
sensibilidade do IGP-M ao câmbio (que ( em parte
p permiitiu proteger os inveestidores
estrangeeiros no moomento da privatização
p o), é interesssante a passsagem ao IIPCA, apesaar de ser
efetivammente necesssário atençção às conddições finan nceiras do setor elétriico, já que estas já
enfrentaaram probleemas anteriiormente e tal situação o é extremaamente prejjudicial e de d longo
prazo. No
N caso daa energia de d fonte eóólica, devido o ao apoioo do BNDE ES e outross bancos
estatais,, os efeitos do descasam
mento dos juuros de ativ
vos e passivvos será mennos importaante.

Assim, até o momento o 2º Leilãão de Enerrgia de Reeserva apreesenta um grande


A
potenciial como mecanismo
m d desenvolvimento da
de d energia eólica
e Brasil. O nú
no B úmero de
empreenndimentos habilitados
h foi muito positivo,
p e caso
c previsões de atorres do setorr como a
Associaação Brasileeira de Eneergia Eólica se concreetize, entre 1 e 2 GW W de energ gia serão
contrataados para enntrada em opperação em m 2012. Aind da existem dificuldades à implantaação dos
futuros empreendim mentos, maas certamennte o quadro o é mais poositivo do qque para a primeira
etapa dod Proinfa. O que see pode espperar são atrasos a na implantaçãoo do projeeto, mas
provaveelmente signnificativam mente menorres do que no n Proinfa. Caso o appoio persistaa, com a
realizaçção de outros leilões de d energia de reserva como indiicou o govverno, a gerração de
eletriciddade por fonnte eólica poode vir a representar um
ma parcela mais signifficativa da produção
p
brasileirra.

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O Setor Elétricoo e a Energia Eólica no Braasil
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2

75 
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G Deedecca
 

Anexo
o1
Tabelaa A1.1 - Req
quisitos Téccnicos Mínim
mos para Geradores
G Eóólicos. Fontte : [ONSa, 2009]

D
Descrição Requisitto técnico mín
nimo Benefíccio

me de (a) Opeeração entre 56,5 e 63 Hz seem


1. Operaação em regim Evitar o ddesligamento dos

freqüênccia não nominaal atuaçãoo dos relés de subfreqüênciaa e geradores quando de déficit
d de

sobrefrreqüência instaantâneos. geração, antes que o essquema

(b) Opeeração abaixo de 58,5 Hz por até 10 de alívio de carga atuee

segunddos. completaamente ou em

(c) Opeeração entre 58,5 e 61,5 Hz sem condiçõees de sobrefreq


qüência

atuaçãoo dos relés de subfreqüênciaa e controlávveis.

sobrefrreqüência tempporizados.

(d) Opeeração acima de


d 61,5 Hz po
or até 10

segunddos.

2. Geração/absorção de
d No ponnto de conexãoo, a central geeradora Participaação efetiva no
o controle

reativos eólica deve


d propiciarr os recursos da tensãoo, aumentando
o as

necessáários para, em
m potência ativ
va margens de estabilidad
de de

nominaal e quando soolicitado pelo ONS, tensão.

operar com fator de potência


p induttivo ou

capacittivo dentro da faixa especifiicada

abaixo::

(a) mínnimo de 0,95 capacitivo;


c

(b) mínnimo de 0,95 indutivo.


i

3. Operaação em regim
me de No ponnto de conexãoo da central geeradora: Evitar o ddesligamento da usina

tensão nãão nominal (a) Opeeração entre 0,90 e 1,10 p.u


u. da quando hhá variações de
d tensão

tensão nominal sem atuação dos reelés no sistem


ma.

de subttensão e sobreetensão

temporrizados.

(b) Opeeração entre 0,85


0 e 0,90 p.u
u. da

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tensão nominal por até


a 5 segundoss.

4. Particiipação em SE
EP Possibiilidade de descconexão autom
mática ou Minimizaar conseqüênccias de

de reduução de geraçãão mediante controle perturbaçções no sistem


ma,

de passso e/ou de stalll das pás. incluindoo sobrefreqüên


ncia no

caso de ilhamento.

5. Potênccia ativa de saaída Para tennsões no pontto de conexão entre Garantir a disponibilid
dade de

0,90 e 1,10 pu, para a central geraadora potência das centrais de


d

eólica não
n será admitida redução na
n sua geração eeólica em situ
uações de

potênciia de saída, naa faixa de freq


qüências subfreqüência de modo
oa

entre 58,5 e 60,0 Hz. Para freqüên


ncias na evitar/miinimizar os co
ortes de

faixa enntre 57 e 58,5 Hz é admitid


da redução carga porr atuação do ERAC.
E

na potêência de saída de até 10%. Esses


E

requisittos aplicam-see em condiçõees de

operaçãão de regime permanente,


p quase-estáticas
q s

(gradieentes de freqüêência ≤

0,5% /m
min e de tensãão ≤ 5% /min)) .

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