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Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

Plano Básico para o Desenvolvimento da


Silvicultura Sustentável

Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro - Plano Básico para o Desenvolvimento da Silvicultura Sustentável
Definição das Cadeias Produtivas

Definição das Cadeias Produtivas


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30.110-056 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
03 Volume 3 - Maio de 2011
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PROJETO:
Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Plano Básico para o Desenvolvimento da Silvicultura Sustentável

COORDENADORES DOS MÓDULOS

SILVICULTURA
Romeu e Silva Neto
Milton Casério

MERCADOS
Eduardo Nery

CADEIA PRODUTIVA E PROGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO

CULTURA E ETNOGRAFIA: Elisiana Alves


SISTEMA SOCIAL: Samantha Nery
INFRAESTRUTURA: Milton Casério
REGULAÇÃO INSTITUCIONAL LEGAL: Rogério Coutinho
ECONOMIA E FINANÇAS: Nildred Martins
CARTOGRAFIA E GEOPROCESSAMENTO: Miguel Felippe
SISTEMA DE INFORMAÇÃO Rosângela Milagres

AQUARELAS: Elisiana Alves


Série: A Floresta de Sofia
APRESENTAÇÃO

O Plano Básico para o Desenvolvimento da Silvicultura Sustentável nas Regiões Norte e


Noroeste do Estado do Rio de Janeiro constitui uma iniciativa da Secretaria de Estado de
Planejamento e Gestão em articulação com a Petrobrás, por meio de sua unidade de Ne-
gócio e Exploração da Produção da Bacia de Campos (UM-BC), com a participação de seu
Programa e Desenvolvimento Social de Macaé e Região, PRODESMAR, tendo contado
com a parceria da Secretaria de Estado Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e
Serviços e da Investe Rio, entre outras instituições estaduais. Como parte integrante da
Carteira de Projetos elaborada pelo Plano de Desenvolvimento Sustentável destas Regi-
ões, ele é o primeiro a ser desenvolvido em formato executivo, para implementação. Trata-
se de um trabalho que cobre, desde o cultivo das florestas plantadas, comercial e recom-
posição da nativa, no caso a Mata Atlântica, especificamente ajustadas às condições eda-
foclimáticas do Norte e Noroeste Fluminense, os mercados dos produtos florestais madei-
reiros e não madeireiros no Brasil e no mundo, cadeias produtivas contendo o modelo de
negócio abrangendo as condições sociais, ambientais, infraestrutura, de regulação e a
viabilidade econômica, e o seu plano de implementação. Para a sua divulgação e a atra-
ção de investidores, nacionais e estrangeiros, há duas apresentações específicas com as
informações que eles necessitam para despertar o seu interesse e instruir a sua decisão
inicial.

O Plano Básico, em atenção ao que dispõe o seu Termo de Referência, estabelece três
grandes cadeias produtivas no mínimo, com espécies diversificadas, assegurando a biodi-
versidade e prevenindo a monocultura, e múltiplas cadeias menores que ampliam a varie-
dade e as oportunidades produtivas para todo o território da Região N-NO. Além disso, o
Plano desenvolve cadeias e atividades acessórias, como um elenco adicional de oportuni-
dades associadas à silvicultura, e cria as condições para que as cadeias de processamen-
to da madeira se implantem na Região, multiplicando os empreendimentos de transforma-
ção e de produtos acabados que usam floresta plantada.

Um cuidado especial orientou a demarcação das áreas cultiváveis, usando sistema georre-
ferenciado, pelo qual foram usadas terras existentes sem ou com muito baixa utilização,
preservando as áreas de cultura existente, em um modelo denominado agrossilvopastoril
ou simplesmente agroflorestal, pelo qual convivem a floresta plantada e as atividades a-
gropecuárias.

Os trabalhos foram realizados em seis meses, com a participação ativa de especialistas e


instituições especializadas, particularmente representativas da Região.

A estratégia do Governo é de que a Silvicultura gere um processo de desenvolvimento


regional que se estenda a todo o seu território, atuando como motor para a inclusão social
e a multiplicação de postos de trabalho e geração de renda, em um modelo original que
lhe confira sustentabilidade como resultado de um modelo negocial inovador e congruente.
Segundo esta perspectiva, ele se estenderá, em futuro próximo das Regiões Norte e No-
roeste para as demais regiões do Estado, capitalizando e disseminando suas experiências
e o conhecimento nele produzido.

Francisco Antônio Caldas Andrade Pinto


Subsecretário de Planejamento e Gestão
Rio de Janeiro, maio de 2011

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Governo do Estado do Rio de Janeiro

Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão - SEPLAG


Sérgio Ruy Barbosa Guerra Martins
Secretário de Estado

Subsecretário Geral de Planejamento e Gestão - SUBGEP


Francisco Antonio Caldas Andrade Pinto

Av. Erasmo Braga, 118 - Centro


20.020-000 - Rio de Janeiro/RJ
Brasil

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


SUMÁRIO

1. A CULTURA DA SILVICULTURA .............................................................. 5

2. SISTEMA SOCIAL ...................................................................................... 47

3. INFRAESTRUTURA VIÁRIA ...................................................................... 133

4. ECONOMIA DA SILVICULTURA................................................................ 143

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


O desenvolvimento inevitável ocorre quando se substitui o não crescimento ou
estagnação pelo bom crescimento, saudável e inspirador.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


A CULTURA DA SILVICULTURA
CAPÍTULO 1

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


AUTORA:
ELISIANA ALVES

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9
2. REFERÊNCIAS............................................................................................. 39
ANEXO ......................................................................................................... 42
ANEXO 1 - PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA A IMPLANTAÇÃO DA
ATIVIDADE DE SILVICULTURA NAS REGIÕES NORTE NOROESTE DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO.................................................................... 43

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


LISTAS

FIGURAS
Figura 1 - Logomarca 2011- Ano Internacional das Florestas ..................................... 14
Figura 2 - Resumo Princípios Voluntários - FAO......................................................... 17
Figura 3 - Mosaico de Modelos Agrosilvipastoris ........................................................ 34

FOTOS
Foto 1 - Entardecer entre Coníferas.............................................................................. 9
Foto 2 - No Interior da Floresta ................................................................................... 10
Foto 3 - A Árvore ........................................................................................................ 11
Foto 4 - Floresta de Eucalipto em Consórcio com Floresta Nativa .............................. 13
Foto 5 – Exemplo de Área com Manejo Sustentável Integrado entre Florestas
Plantadas e Nativas .................................................................................................... 31

GRÁFICOS
Gráfico 1 - Área Florestal Certificada com Selo Cerflor no Brasil (2010) ..................... 26
Gráfico 2 - Área Florestal Certificada com Selo FSC no Brasil ( 2010) ....................... 28

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


1. INTRODUÇÃO

“A sociedade humana, desde os primórdios de sua existência, sempre teve nos produtos das
florestas, importantes fontes de materiais para sua sobrevivência, crescimento e desenvolvi-
mento. No início, esses produtos eram oferecidos pelas florestas naturais, abundantes no pla-
neta. Com a continuada exploração desses recursos florestais, tornou-se necessário plantar e
manejar florestas para suprir os produtos exigidos pelo ser humano nas quantidades e nas
qualidades requeridas. Com isso, surgiram novas ciências e novas tecnologias, desenvolvidas
pela sabedoria do homem e pelas suas pesquisas. Dentre essas ciências, destacam-se a silvi-
cultura, a ecologia e a hidrologia. Todas interagem de forma absolutamente íntima e intensa”

Celso Foelkel

Foto 1 - Entardecer entre Coníferas

Fonte: Disponível em: <http://www. michaelbaier.org> Acesso em 24/01/2011


O termo silvicultura provém do latim silva (floresta) e cultura (cultivo de árvores), e tem
sido definida de várias formas:
Ford-Robertson (1971) considera a silvicultura, como a ciência e arte de manipular um
sistema dominado por árvores e seus produtos, com base no conhecimento da história
da vida, e as características gerais das árvores e do sítio.
Lamprecht (1990) define a silvicultura, como sendo o conjunto de todas as medidas
tendentes a incrementar o rendimento econômico das árvores até se alcançar quando
menos, um nível que permita um maneio sustentável.
Segundo Oldman (1990), silvicultura, é uma arte de planificação em longo prazo, com
base em informação detalhada sobre as características da floresta com vista a alcan-
çar o estado desejado.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 9


Humbaba, Gilgamesh e a floresta protegida pelos deuses1
A história das florestas confunde-se com a própria história da civilização, começando
na antiga e hoje árida Mesopotâmia. Naquela região - Crescente Fértil - foi iniciada a
intensiva exploração das áreas florestais.
Foto 2 - No Interior da Floresta

Fonte: Disponível em: <http://www.all-free-download.com> Acesso em 24/01/2011


Conta o épico de Gilgamesh, que há 4.700 anos, Gilgamesh, o regente da cidade-
reino Uruk, desejava construir a sua cidade como forma de eternizar o seu nome. Os
ambiciosos planos de construção exigiam grande quantidade de madeira de lei, dispo-
nível na enorme floresta primeva de Uruk - tão grande que ninguém se arriscava a
determinar seu tamanho e onde "os cedros se elevavam com toda a sua exuberância".
Penetrar nessa floresta não era uma tarefa simples. Sua folhagem era tão densa que a
luz do sol mal podia passar. Até aquela data não havia notícia de qualquer pessoa que
tivesse se aventurado a penetrar naquelas matas, protegidas por ordem direta de Enlil,
a principal divindade sumeriana, que ordenou ao violento semideus Humbaba que
"preservasse a floresta de cedros". Apesar das advertências de seus conterrâneos
sobre os poderes de Humbaba, "cujo rugido é como uma tempestade, cuja boca é o
fogo e cuja respiração é a morte", Gilgamesh e seus companheiros entraram na flores-
ta com a intenção de matar Humbaba e, assim, cortar as enormes árvores. Ao entra-
rem na floresta, num primeiro momento sua majestosa beleza distraiu o grupo de Gil-
gamesh, paralisando suas intenções. Mas depois de algum tempo deleitando-se na
"moradia dos deuses" os lenhadores começaram, então, a derrubar os cedros. O baru-
lho logo acordou Humbaba que, enfurecido com a invasão do lugar proibido e a des-
truição da floresta, ordena aos invasores que se retirem. Após uma violenta luta, Hum-
baba é morto e decapitado. Quando Enlil, que tinha por missão garantir para sempre a

1
Baseado em “História das Florestas” de John Perlin. Disponível em
<http://www.alliance21.org/2003/IMG/pdf/final_forets_pt.pdf> Acesso em 20/12/2011

10 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


prosperidade da Terra, soube da destruição da floresta, lançou uma terrível maldição
sobre o reino de Uruk: "que a comida e a água de vocês sejam consumidas e tragadas
pelo fogo".
Este épico transcende o tempo, prenunciando acontecimentos que se repetiriam ao
longo da história. A guerra contra a floresta continuou em quase todo o planeta, com o
objetivo de suprir com materiais de construção e combustível o contínuo crescimento
material da civilização. Hoje, o sul da Mesopotâmia é um deserto.
Nos últimos 5000 anos, os seres humanos foram capazes de reduzir as florestas do
planeta a menos de metade da sua área original. Se antes, 50% da superfície da terra
do planeta era ocupada por florestas, hoje essa extensão corresponde a apenas 20%.
Muitas das áreas hoje consideradas campo, como as savanas africanas, os pampas
argentinos, a península ibérica e algumas pradarias da América do Norte, possuíam
grandes extensões cobertas por florestas antes que os seres humanos as destruís-
sem. Em áreas mais secas como o norte da África, Grécia, Itália e Austrália, as áreas
desmatadas foram tão consecutivamente utilizadas para agricultura, que tiveram seu
solo empobrecido a ponto de se transformarem em desertos.

“Mudar o futuro depende de como se pensa o presente.”

Herbert de Souza, 1993

A Árvore

“E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista e boa para comida: e a
árvore da vida no meio do jardim [do Éden] e a árvore da ciência do Bem e do Mal.”

Gênesis 2, 9-10

Foto 3 - A Árvore

Fonte: Disponível em: <http://outofthedepths.blogspot.com/> Acesso em 01/03/2011

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 11


A Árvore é um dos temas simbólicos mais ricos e mais generalizados de todos os
tempos e civilizações: símbolo de verticalidade estabelecendo a comunicação entre o
mundo subterrâneo (pelas suas raízes), a superfície da terra (pelo tronco) e as alturas
(através dos ramos e da copa); símbolo da vida; símbolo da transformação e evolução
(ciclos anuais, morte e regeneração); símbolo do sagrado - em certas religiões antigas,
nomeadamente nas pré-helénica e Celtas havia árvores consagradas aos deuses;
símbolo de uma família, de uma cidade, de um rei ou de um país (folha de ácer no
Canadá, o cedro no Líbano, a palmeira de Cuba); símbolo de fecundidade, da
fertilidade, da vida (no deserto não há árvores); símbolo da vida do espírito e do
conhecimento; símbolo de segurança (pela sua estabilidade) e de proteção (pela sua
sombra).

Desde a antiguidade a árvore, como imagem mítica, foi utilizada como símbolo do crescimento
espiritual do ser humano. Existe entre o ser humano e as árvores uma afinidade estrutural psí-
quica, intimamente associada ao crescimento e realização de potenciais. A árvore adulta já
está contida na semente. O ser humano também carrega em estado germinal, no fundo do
inconsciente, aquilo que poderá vir a ser

(MILANO & DALCIN, 2000).

Os Gregos e os Romanos tinham o culto de várias divindades que associaram às


árvores: a oliveira era a árvore de Minerva, o choupo de Hércules, o pinheiro de
Cibele, o loureiro de Apolo, o freixo de Marte e o carvalho de Júpiter, por exemplo. Os
Celtas acreditavam na magia das árvores e que cada uma possuía o seu próprio
poder. Dividiram o ano em 21 partes e atribuíram a cada uma delas uma árvore
sagrada.
Diferentes árvores têm diferentes simbologias associadas: o carvalho representa
solidez, potência, longevidade, força, majestade, sabedoria e hospitalidade; o
castanheiro, previdência; a cerejeira, pureza, felicidade, prosperidade; a nogueira o
dom da profecia; o cipreste, luto e longevidade, virtudes espirituais, santidade; o
loureiro, imortalidade e glória; a oliveira simboliza a paz, fecundidade, purificação; o
salgueiro chorão, morte, tristeza, imortalidade e a tília amizade e fidelidade.
O Arbor Day, dia especial dedicado à plantação de árvores, foi instituído a 10 de Abril
de 1872 no Estado do Nebraska, nos Estados Unidos da América, tendo a partir de
1885 sido consagrado como feriado estadual. Esta iniciativa rapidamente se
generalizou a outros estados americanos e mais tarde foi também adoptada noutras
partes do globo. Consistia essencialmente na plantação de árvores e ações de
propaganda sobre os benefícios da arborização, com grande mobilização de
instituições públicas, de organizações agrícolas e de particulares. Essa mesma
simbologia estendeu-se também às florestas.

“A árvore simboliza ao mesmo tempo a vida e a morte. Imensa, erguida para o céu, resistente
aos elementos e ao tempo, símbolo da vida que se prolonga e que todos os anos se renova
adquirndo forças, ela não cessou de povoar os nossos sonhos de imortalidade. Mergulha
profundamente as suas raízes no inconsiente coletivo. Eis porque todas as civilizações
veneraram a sua imagem.”

Bernard Fischesser, 1981

12 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


A floresta2
As florestas acompanharam a humanidade nas diversas etapas do seu desenvolvi-
mento: desde a caça à coleta; passando pelo fim da vida nômade e estabelecimento
da agricultura e urbanização, até a fase moderna da industrialização, iniciada há cerca
de duzentos anos na Europa e América do Norte. Em todas as épocas, as matas fo-
ram amplamente exploradas e destruídas em nome do progresso. Mas nunca em ritmo
tão avassalador como nos últimos, que representam uma pequena fração da história
humana, se comparados às eras anteriores. A história das civilizações mostra que, ao
longo do tempo, florestas foram queimadas ou destruídas pelos diversos povos em
nome da conquista e da expansão de seus domínios. Evidencia também que, apesar
de se conhecer muito os prejuízos decorrentes de sua remoção, os trabalhos de re-
composição da cobertura vegetal foram relativamente pequenos até a segunda meta-
de do século XX.
Em todo o mundo, as florestas cobrem 31% da área terrestre, ou seja, aproximada-
mente 3.952 milhões de hectares servem de casa para 300 milhões de pessoas e ga-
rantem a sobrevivência de 2,2 bilhões de pessoas.
O plantio de florestas pelo homem pode ser considerado uma resposta da sociedade
para reduzir a lacuna existente entre a demanda da madeira prevista e o suprimento
disponível no planeta. Essa atividade exigiu o desenvolvimento de novas técnicas de
produção, proporcionadas por intensas pesquisas científicas aplicadas. Elas resulta-
ram na incorporação de modernas tecnologias e possibilitaram a seleção e a multipli-
cação de espécies florestais melhoradas. Em conseqüência, as áreas plantadas apre-
sentam hoje alta produtividade.
Foto 4 - Floresta de Eucalipto em Consórcio com Floresta Nativa

Fonte: Disponível em: <http://www.ageflor.com.br/upload/biblioteca/Setor_


de_celulose_e_papel_Março_2009.pdf> Acesso em 12/01/2011

2
In A floresta e o Homem. Org. Regina Machado Leão, vencedor de o Prêmio Colar do Cen-
tenário 2000 do IHGSP - Melhor Livro de Geografia do Brasil. Disponível em
<http://www.ipef.br/publicacoes/livroipef/capitulos.asp> Acesso em 11/12/2011

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 13


Ano Internacional das Florestas - 2011
As Nações Unidas declararam 2011 como o Ano Internacional das Florestas com des-
taque para a conservação, o manejo e o desenvolvimento sustentáveis. "Florestas
para as pessoas" é o tema do Ano, que foi lançado no dia 24 de janeiro, em Nova Ior-
que (EUA), durante a 9ª Sessão do Fórum das Nações Unidas para Florestas (UNFF,
sigla em inglês).
A logomarca preparada pela ONU mostra o papel fundamental das pessoas na con-
servação e exploração sustentável das florestas, que garantem moradia para pessoas,
habitat para a diversidade biológica e estabilidade para o clima mundial, além de se-
rem fonte de alimentos, medicamentos e água potável.
Figura 1 - Logomarca 2011- Ano Internacional das Florestas

Fonte: Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Internacional_Year_of_Forests.


Acesso em 15/12/2011

A Silvicultura no Mundo

No cenário internacional, desde a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambi-
ente e Desenvolvimento, celebrada no Rio de Janeiro em 1992 (Rio-92), o debate in-
ternacional sobre florestas tem alcançado papel de crescente importância na agenda
internacional. O tratamento abrangente das questões relacionadas ao manejo susten-
tável dos recursos florestais é requisito importante nas negociações internacionais,
consagrado nos Princípios sobre Florestas, na Agenda 21, e no Fórum das Nações
Unidas sobre Florestas (UNFF), criado pela Resolução 2000/35, do Conselho Econô-
mico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), cujo mandato foi prorrogado até 2015
pela Resolução 2006/49 do ECOSOC.

14 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


O debate sobre florestas envolve, portanto, assuntos de extrema relevância, como a
conservação e uso sustentável da biodiversidade, a proteção dos recursos hídricos, a
promoção do desenvolvimento sustentável e a repartição justa e equitativa dos benefí-
cios resultantes da utilização de recursos genéticos e de conhecimentos tradicionais.

A participação brasileira junto aos principais foros multilaterais em matéria de florestas


tem por finalidade buscar expressão, no âmbito internacional, da complexidade do
tema para o Brasil

Segue lista dos principais foros multilaterais que tratam de florestas e seus objetivos
específicos:

UNFF – Foro das Nações Unidas sobre Florestas: foro multilateral dedicado à discus-
são de posições e interesses sobre o assunto. Foi criado com vistas a dar continuida-
de aos processos do Painel Intergovernamental sobre Florestas (IPF), e do Fórum
Intergovernamental sobre Florestas (IFF). Seu principal objetivo é a promoção do ma-
nejo, a conservação e o desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas.

COFO/FAO – Comitê de Floresta da FAO: principal órgão deliberativo da FAO sobre


florestas. Discussões do COFO visam consolidar temas em negociação nos demais
foros sobre florestas, em especial ao UNFF. A Comissão de Florestas para a América
Latina e Caribe (COFLAC), subsidiário ao COFO, constitui a instância de deliberação
latino-americana da FAO sobre florestas.

OIMT (ou ITTO, do acrônimo em inglês) – Organização Internacional de Madeiras Tro-


picais (OIMT): organização intergovernamental, sob os auspícios da ONU, que visa
promover o uso e o comércio sustentáveis de madeiras, bem como a conservação dos
recursos das florestas tropicais. Os Países-Membro representam cerca de 80% das
florestas tropicais do planeta e 90% do comércio mundial de madeiras tropicais. O
Brasil encontra-se em processo de adesão.

As Políticas para Florestas Plantadas da FAO

O Comitê de Silvicultura da FAO - (Food Agriculture Organization) reúne os res-


ponsáveis pelos serviços florestais nacionais e organizações internacionais, do setor
privado e da sociedade civil para examinar as questões emergentes que interessam à
silvicultura internacional e assim determinar o programa de trabalho da Organização
nesta área.

O Departamento de Silvicultura da FAO trabalha para conciliar as considerações soci-


ais e ambientais com as exigências econômicas do comércio dos produtos florestais.
Promove a silvicultura participativa e baseada na comunidade, a criação de empresas
comunitárias a fim de permitir às comunidades conciliar as suas necessidades econô-
micas e a conservação dos recursos florestais para o futuro.

Em colaboração com os estados membros, a FAO efetua periodicamente avaliações


dos recursos florestais globais, que são postas à disposição através de relatórios, pu-
blicações e a página na Web da FAO. A Avaliação dos Recursos Florestais Mundiais
constitui o repertório mais abrangente de dados sobre as florestas no mundo inteiro. A
cada dois anos, a FAO publica um relatório sobre o Estado das Florestas do Mundo;

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 15


um relatório determinante sobre as questões atuais e emergentes com que se confron-
ta o setor florestal.

Reconhecendo a importância econômica, social, cultural e ambiental das florestas


plantadas, a FAO preparou um conjunto de princípios orientadores para regulamentar
as condições técnicas que permitam a gestão de florestas plantadas em todo o mun-
do. Os princípios e as orientações devem ajudar a garantir que as dimensões culturais,
sociais, ambientais e econômicas sejam consideradas e incorporadas na gestão de
florestas plantadas de forma equilibrada. Além disso, eles devem considerar o direito
internacional existente, convenções e acordos fora do diálogo florestal específicas, a
fim de assegurar que as aspirações mais amplas de uso sustentável da terra, desen-
volvimento sustentável e os direitos humanos são abordados. O âmbito das orienta-
ções é global: eles podem ser adotados e aplicados às florestas plantadas em todas
as zonas geográficas e para países, regiões e paisagens em todas as fases do desen-
volvimento econômico. A aceitação e implementação das diretrizes voluntárias não é
juridicamente vinculativo. As diretrizes voluntárias não substituem as leis nacionais ou
internacionais, compromissos, tratados ou acordos.

As orientações são aplicáveis a florestas plantadas que desempenham funções produ-


tivas para o fornecimento da fibra de madeira e produtos florestais não-madeireiros ou
funções de proteção para a prestação de serviços ambientais e ou social. Eles abran-
gem todos os aspectos de florestas plantadas, o desenvolvimento das políticas e pla-
nejamento, através das considerações técnicas de gestão de florestas plantadas.

Os sistemas de certificação florestal podem ampliar ou complementar as orientações


através do estabelecimento de procedimentos e acompanhamento das normas técni-
cas e melhores práticas de gestão de florestas plantadas.

De acordo com a FAO estes são os princípios que devem nortear a atividade silvicultu-
ral no mundo inteiro. As diretrizes voluntárias freqüentemente se referem a "gestão de
florestas plantadas", que significa o planejamento e a implementação de todos os tipos
de regulamentos, acordos institucionais, atividades de investigação e desenvolvimen-
to, as políticas, as operações de monitoramento e florestais relacionados com a flores-
ta plantada, quer ao nível das políticas estratégicas ou no nível de campo operacional.

O valor econômico da água e do papel das atividades de uso da terra no seu uso sus-
tentável em bacias hidrográficas deve ser plenamente reconhecido. Na formulação de
políticas, planejamento e gestão é fundamental ter em mente o impacto das florestas
plantadas no abastecimento de água e na manutenção da eqüidade na distribuição de
água na paisagem. O objetivo deve ser a manutenção do conjunto completo de servi-
ços ambientais prestados pela água a níveis desejáveis. Para conseguir isso, é impor-
tante a realização de estudos científicos para esclarecer os impactos das florestas
plantadas na qualidade e quantidade da água em diferentes situações.

16 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


3
Figura 2 - Resumo Princípios Voluntários - FAO

Para a aplicação efetiva dos princípios e diretrizes, é importante considerar estas


questões de forma transversal.

A Silvicultura no Brasil
Antecedentes históricos
Durante o Brasil Colônia, desde o descobrimento, em 1500, até a independência, em
1822, surgem as primeiras ações do colonizador em relação às florestas que ocupa-
vam quase todo o território então descoberto. Àquela época, o império colonial portu-
guês encontrava-se em franca expansão, despertando o interesse da coroa portugue-
sa pelas reservas florestais da colônia, em virtude da importância estratégica da ma-
deira para a construção naval, como energético e no suprimento à confecção de mó-
veis, entre outras.
Embora a ocorrência de florestas no território descoberto tenha chamado a atenção
das autoridades portuguesas, não foram encontradas nas áreas de ocupação, madei-
ras com as especificações requeridas para a construção de embarcações navais. So-
mente o pau-brasil (Caesalpinia echinata), árvore que acabou dando nome às terras
descobertas, despertou interesse, em razão do corante avermelhado utilizado na Eu-
ropa e do seu potencial para a marcenaria.
A importância estratégica do pau-brasil naquela época levou a Coroa Portuguesa a
estabelecer o monopólio da madeira, visando resguardar os interesses comerciais
portugueses. Os primeiros conflitos entre a ocupação territorial estimulada pelos colo-

3
In Fibria. O Contexto da Sustentabilidade no Negócio Florestal, 2010.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 17


nizadores e a proteção das florestas que começavam a escassear, em áreas pontuais
do território ocupadas pela agricultura e pecuária, surgem em meados do século XVIII,
principalmente nas regiões colonizadas do litoral e às margens dos rios navegáveis,
onde as florestas cediam lugar ao cultivo da cana-de-açúcar, gerando medidas de res-
trição ao corte das florestas e à exploração de madeiras duras, que passaram a ser
conhecidas, até os dias atuais, como “madeiras de lei”.
A criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1811, constitui importante aconte-
cimento do período colonial. Embora destinado à aclimatação de plantas e ao estudo
da botânica econômica da flora brasileira, essa iniciativa representou o embrião da
administração florestal brasileira.
A partir de 1822, com a instalação do Império, até a Proclamação da República, em
1889, foram mantidas as linhas gerais da política colonial. Em 1831, o monopólio so-
bre o pau-brasil é extinto, estabelecendo-se o privilégio do Estado na sua comerciali-
zação.
Na medida em que a colonização avançava para o interior, aumentavam os conflitos
iniciados no período colonial entre a proteção das florestas e o estímulo à agricultura,
notadamente os cultivos de cana-de-açúcar e café. Em 1876, foram suspensas as
restrições impostas aos proprietários rurais de explorarem as chamadas “madeiras de
lei” em áreas de sua propriedade, permanecendo a proibição, exclusivamente, nas
florestas públicas.
Até o final da República Velha, cujo período se encerra em 1930, a questão florestal
não mereceu grande atenção por parte das autoridades republicanas, excetuando-se a
tentativa de se organizar a administração pública florestal, como ocorreu, em 1921,
com a criação do Serviço Florestal do Brasil.
Somente depois de mais de 400 (quatrocentos) anos de ocupação territorial, em 1934,
aparece a primeira iniciativa de se estabelecer, de maneira organizada e sistêmica, o
ordenamento legal das atividades florestais, através do Código Florestal instituído pelo
Decreto Federal nº 23.973, de 23 de janeiro daquele ano.
A primeira Constituição Republicana, de 1891, não trouxe orientação específica para a
questão florestal. As Constituições subsequentes de 1934, 1937 e 1946, conferiram à
União Federal competência para legislar em matéria de água, florestas, caça e pesca,
cabendo aos Estados a competência para legislar em caráter supletivo ou complemen-
tar, obedecidas as normas da legislação federal.
O esforço de organização do Estado Brasileiro, iniciado em 1921, com o surgimento
do Serviço Florestal, prosseguiu em 1938 e 1941, com a criação, respectivamente, do
Instituto Nacional do Mate e do Instituto Nacional do Pinho vinculado ao Ministério da
Indústria e Comércio.

Em 1962, o Serviço Florestal foi transformado em Departamento de Recursos Naturais


Renováveis, localizado na estrutura do Ministério da Agricultura.

A organização política do setor, fora da esfera governamental, começa a surgir em


1955, quando é fundada, a Sociedade Brasileira de Silvicultura - SBS, entidade que
reúne as associações privadas representativas das atividades florestais, incluindo pro-
dutores, transformadores e consumidores de matéria-prima florestal.
Desde a época da colonização, as atividades florestais sofreram a influência de fatores
históricos, culturais, econômicos e sociais, cuja combinação, no espaço e no tempo,

18 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


marcou a evolução das Instituições que configuram a organização política do setor
florestal.
No Brasil a preocupação com as florestas do ponto de vista de suprimento de madei-
ras e da conservação e preservação dos recursos florestais, não é recente. Vários
instrumentos e mecanismos foram desenvolvidos ao longo dos últimos 60 anos, como
o Código Florestal de 1934, de 1965 e suas regulamentações.
A preocupação com a sustentabilidade das florestas, particularmente quanto ao supri-
mento de madeira para a indústria, levou o Brasil a implantar em meados da década
de 70 um programa nacional de incentivos ao reflorestamento. Tal programa tinha co-
mo objetivo fomentar o desenvolvimento da indústria de celulose/papel e a siderurgia a
carvão vegetal, contemplando o desenvolvimento científico e tecnológico, com a alo-
cação de 1% dos investimentos e, ainda, estimulando os aspectos de preservação e
conservação dos recursos naturais.
Os incentivos à implantação de florestas podem ser considerados como um modelo de
sucesso de política para o desenvolvimento científico e tecnológico, geração de rique-
zas e também quanto aos aspectos de preservação e conservação do meio ambiente.
Os maciços florestais, oriundos de reflorestamento incentivados deste período, produ-
zem hoje madeira com condições de competir no mercado internacional, reduzem sig-
nificativamente a pressão sobre as florestas nativas e incorporam extensas áreas que
são importantes na manutenção de ecossistemas como reserva legal e outras áreas
protegidas.
Num primeiro instante, os reflorestamentos produziram um superávit na oferta de ma-
deira. Com o término dos incentivos fiscais em 1988, iniciou-se um descompasso entre
a expansão do consumo, com taxas de crescimento anual acentuadas e a expansão
de áreas plantadas com florestas. Uma das principais razões pela qual não ocorreu o
aumento das florestas plantadas nos últimos 10 anos foi exatamente a percepção pelo
investidor da existência de superávit de madeira no mercado.
A influência desta etapa de políticas de incentivos foi determinante para modificar o
cenário e o perfil do trabalho na atividade florestal do país. Deixando de ser meramen-
te um setor de empregos temporários de exploração de madeiras, para constituir-se
como empresas de serviços com força de trabalho, tecnologia e conhecimento que
valorizam a permanência, a ergonometria e a segurança no trabalho. Isto aconteceu
no setor de florestas plantadas, na indústria de maior valor agregado, no entanto não
alcançou os segmentos de florestas nativas.
Sendo o segundo país com a maior extensão florestal do planeta, atrás apenas da
Rússia, o Brasil tem 516 milhões de hectares de florestas naturais e plantadas, o que
equivale a 60,7% do território nacional, de acordo com dados do Serviço Florestal Bra-
sileiro (SFB). O Brasil possui cerca de 6,8 milhões de hectares de florestas plantadas,
principalmente com espécies dos gêneros Eucalyptus e Pinus, que representam 93%
do total. Isso corresponde a apenas 0,8% da área do país e 1,3% do total das flores-
tas. O setor florestal brasileiro de florestas plantadas vem apresentando aumento de
produtividade florestal. Além dos fatores ambientais favoráveis para a silvicultura, no-
vas tecnologias são utilizadas para aumentar a produtividade, tais como melhoramento
genético de sementes e clonagem de espécies florestais. Esse aprimoramento leva o
Brasil a se destacar na produtividade florestal tanto de coníferas como de folhosas. As
florestas brasileiras também garantem 615.947 empregos formais, segundo dados de
2009 do Ministério do Trabalho e Emprego. A maioria dos trabalhadores - 172.740 -
está na indústria moveleira, seguidos pela produção de celulose e papel (163.182),

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 19


desdobramento de madeira (83.114), produção florestal em florestas plantadas
(62.877), atividades de apoio à produção florestal (44.419), produção de estruturas e
artefatos de madeira (43.742) e produção florestal em florestas nativas (6.382).
Atualmente cerca de 110 milhões de m3 de madeira são produzidos a partir das flores-
tas plantadas, contribuindo assim com 70% do suprimento de madeira para o setor
industrial. Além disso, esses maciços florestais constituem-se na principal base de
atração de novos investimentos para o setor, mudando consideravelmente o perfil da
indústria brasileira de base florestal e, consequentemente, a demanda por novos pos-
tos de trabalho.
No passado, a exemplo do que ocorreu em praticamente todas as partes do mundo, a
exploração das florestas brasileiras ocorria de maneira não sustentável. Assim aconte-
ceu com as florestas de Araucária do Sul, Mata Atlântica e outras formações inclusive
a Caatinga. O processo de uso do recurso, aliado à ocupação do território e conse-
quente transformação do uso do solo pela agricultura e pecuária, levaram a uma e-
xaustão dessas florestas, a implantação de culturas agrícolas posteriormente substitu-
ídas por pastagens e chegando a conjunto de áreas degradadas. Em cada etapa, as
perdas sociais marcaram a trajetória de contínuo êxodo rural.
Recentemente, a pressão sobre as florestas tem se concentrado nas regiões de Cer-
rado e Floresta Amazônica. Além da pressão pelo desenvolvimento, ocorreram falhas
na concepção de mercado e nas ações governamentais, principalmente na alteração
das condições de sobrevivência das populações tradicionais. Exemplos de implanta-
ção desastrosa dessa atividade no país, na década de 80, produziram durante muito
tempo, um alto índice de rejeição à atividade. Constatou-se, portanto, a necessidade
do estabelecimento de novos critérios, consistentes com os objetivos do desenvolvi-
mento sustentável, de forma a garantir a conservação e o manejo adequado dos re-
cursos florestais e a valorização do papel da floresta para a sociedade.
As florestas plantadas assumem, cada vez mais, funções não apenas de produção,
mas também de conservação. Além de fornecerem matéria-prima para diferentes usos
industriais e não industriais, alimentos, as florestas plantadas contribuem para a provi-
são de diversos serviços ambientais e sociais. Colaboram também para evitar a a-
gressão aos recursos naturais por suprirem com suas madeiras o que estaria sendo
extraído de matas nativas. Entender e otimizar as funções dessas florestas em todas
as suas dimensões é fundamental para que se atendam as demandas presentes e
também futuras da sociedade de modo sustentável.
O alcance das dimensões econômicas, sociais e ambientais e culturais das florestas
plantadas é reconhecido em fóruns internacionais desde o Simpósio Mundial sobre o
tema realizado pela FAO na Austrália, em 1967, e reforçado nos compromissos e de-
claração de Princípios sobre Florestas da UNCED 92, nas propostas de ação de ma-
nejo florestal sustentável do Painel Intergovernamental sobre Florestas, do Fórum In-
tergovernamental sobre Florestas e do Fórum de Florestas das Nações Unidas, bem
como nos Objetivos do Milênio da ONU.
Um manejo adequado de florestas plantadas contribui consideravelmente para:
• Proteção da água e dos solos;
• Reabilitação de terras degradadas;
• Restauração de paisagens;
• Sequestro de carbono;

20 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


• Geração de emprego e renda;
• Fortalecimento de comunidades locais;
• Fortalecimento financeiro do poder público (geração de impostos);
• Desconcentração industrial;
• Ampliação da infra-estrutura viária, de comunicação e serviços; e
• Incremento do setor terciário local;
• Diminuição da pressão para a produção de madeira proveniente de florestas
primárias e ecossistemas florestais valiosos.

A Gestão das Florestas no Brasil


As florestas plantadas se distribuem entre governos e instituições públicas (50%); pe-
quenos proprietários individuais (32%); corporações (17%) e outros (1%). Em 1990,
70% pertenciam a órgãos públicos e 12% a pequenos proprietários.
A responsabilidade pela gestão florestal brasileira envolve diferentes instituições e os
três níveis do governo: federal, estadual e municipal. No âmbito do governo federal, a
responsabilidade direta pela gestão florestal fica por conta de quatro instituições:
MMA, SBF, IBAMA e ICMBio.
• Ministério do Meio Ambiente - MMA: responsável pela formulação das políti-
cas florestais, pelos direitos de concessão no setor de produção florestal susten-
tável, como é responsável pela assinatura dos contratos de concessão florestal.
• Serviço Florestal Brasileiro - SBF: órgão federal que administra florestas pú-
blicas para produção sustentável de bens e serviços. Também tem o dever de
prestar informações, capacitação profissional, bem como fomento do sector flo-
restal.
• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
- IBAMA: responsável pelo controle ambiental, fiscalização e licenciamento das
florestas brasileiras.
• Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio: res-
ponsável por propor, implementar, gerir, proteger, fiscalizar e acompanhamento
"Unidades de Conservação": áreas protegidas, instituído pelo governo federal.
A participação de Ministérios, Órgãos Públicos e Estados da Federação é regulada
pela lei que internaliza cada instrumento internacional assinado pelo Brasil. Nesse
contexto, outros órgãos podem ser envolvidos nos debates sobre florestas. É o caso,
por exemplo, da Embrapa Florestas, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa A-
gropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abasteci-
mento (MAPA). Observa-se, também, ocasional participação dos Ministérios da Ciên-
cia e Tecnologia (MCT), do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), da Saúde
(MS), da Defesa (MD) e do Desenvolvimento Agrário (MDA), além da Secretaria de
Assuntos Estratégicos (SAE), que acaba de criar Grupo de Trabalho Interministerial
para a criação de uma Política Nacional de Florestas Plantadas. Participações de ou-
tros Ministérios nos temas florestais de alcance internacional são eventuais, conforme
o assunto tratado; e a Casa Civil se faz presente em temas de maior sensibilidade.
Além das audiências públicas e consultas que ocorrem nas comunidades locais, de
acordo com as situações específicas estabelecidas por lei, existem três instituições

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 21


colegiadas que permitem a participação social no processo de gestão florestal e de
tomada de decisão: CONAMA, CONAFLOR e CGFLOP.
• CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente: órgão consultivo e delibe-
rativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, foi instituído pela Lei
6.938/81, que dispõe sobre a PNMA. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril
de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectiva-
mente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.
• CONAFLOR – Comissão Nacional de Florestas: fornece diretrizes para im-
plementar o Programa Nacional de Florestas (PNF) e coordena a participação
dos diferentes grupos envolvidos com o desenvolvimento de políticas públicas
para o setor florestal brasileiro.
• CGFLOP: Comissão de Gestão de Florestas Públicas – é o órgão de nature-
za consultiva do Serviço Florestal Brasileiro e também tem por finalidade asses-
sorar, avaliar e propor diretrizes para gestão de florestas públicas brasileiras, e
manifestar-se sobre o Plano Anual de Outorga Florestal (PAOF).
Nos âmbitos estaduais e municipais é aplicada a legislação vigente em cada Estado
ou Município.

Certificação Florestal
Muitas comunidades vivem nas florestas e muitas pessoas dependem das florestas.
Atenção especial tem sido dada à conservação de solo, água, biodiversidade e outros
valores ambientais e culturais. A preocupação universal com o futuro das florestas está
materializada nos diversos tratados e convenções internacionais. Florestas e atividade
florestal estão na agenda internacional dos governos, dos legisladores, das empresas,
da academia, dos trabalhadores, das comunidades, das organizações não governa-
mentais e dos consumidores.
O equilíbrio entre as demandas econômicas da sociedade e os aspectos ambientais,
sociais, culturais e antropológicos se faz necessário. Madeira de origem legal ou certi-
ficada é uma preocupação global e passará a ser exigida, inclusive em mercados do-
mésticos, o que já ocorre por meio de políticas de compras públicas e privadas em
vários países. Florestas plantadas, por si só, são instrumentos de controle e de deses-
tímulo à produção e comércio de madeira ilegal.
Certificação independente do manejo florestal sustentável e outros mecanismos volun-
tários de comprovação de responsabilidade corporativa (selos verdes, certificações de
gestão ambiental, de responsabilidade social, saúde e segurança do trabalhado) deve-
rão crescer como instrumentos de acesso aos mercados verdes e de qualificação das
florestas plantadas no atendimento de seus predicados sócio-econômicos e ambien-
tais. Em vários países, mais da metade das plantações florestais está certificada; em
outros, a quase totalidade está certificada. É possível estimar que em 2020 cerca de
80% da madeira industrial oriunda de plantações florestais estejam certificadas. Tam-
bém os produtos industriais das florestas certificadas (papel, celulose, painéis, etc.)
deverão encontrar novos sistemas voluntários de comprovar sua adequação ambiental
em seu ciclo de vida, entre os quais os reconhecidamente eficazes selos verdes.
No Brasil, atuam a Forest Stewardship Council - FSC, ou Conselho de Manejo Flores-
tal, que é uma organização internacional não-governamental, fundada em 1993, que

22 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


não emite certificados e sim credencia certificadoras no mundo inteiro, garantindo que
os certificados destas obedeçam a padrões de qualidade. As certificadoras desenvol-
vem um método para certificação baseado nos Princípios e Critérios do FSC, adap-
tando-os à realidade de cada região ou sistema de produção. Desde 1996, a Socieda-
de Brasileira de Silvicultura - SBS em parceria com algumas associações do setor,
instituições de ensino e pesquisa, organizações não-governamentais e com apoio de
alguns órgãos do governo, vem trabalhando com um programa voluntário denominado
Cerflor - Programa Brasileiro de Certificação Florestal, que surgiu em agosto de 2002,
para atender uma demanda do setor produtivo florestal do país. Desde 1996, a Socie-
dade Brasileira de Silvicultura - SBS estabeleceu acordo de cooperação com a ABNT
para desenvolver os princípios e critérios para o setor.
As etapas de um processo de certificação do manejo florestal podem ser assim descri-
tas:
1. Depois da decisão em se certificar, pode ser solicitada junto a uma das certifica-
doras credenciadas uma pré-avaliação do manejo da floresta, que não represen-
ta uma etapa obrigatória do processo, mas uma consulta para verificar como a
operação florestal está em relação aos padrões de certificação referentes àquele
tipo de manejo ou tipo de floresta;
2. A certificadora é contratada para fazer uma avaliação completa da área, com
objetivo de certificar a unidade de manejo. A certificadora define o escopo, a
equipe de avaliação e as fases da auditoria de campo. Antes da avaliação de
campo é realizado um processo de consulta pública para que as certificadoras
possam colher comentários das populações locais acerca do manejo praticado
pelo empreendimento. Na avaliação de campo, a equipe de auditores realiza
uma visita às áreas de manejo e escritórios em que são verificados os cumpri-
mentos dos princípios e critérios;
3. A unidade de manejo florestal para ser certificada precisa necessariamente pas-
sar por uma certificação de cadeia de custódia (CoC), na unidade de processa-
mento ou beneficiamento, o que irá garantir o rastreamento do produto desde o
campo até sua comercialização. Somente produtos explorados das unidades
certificadas poderão receber o selo;
4. Depois, são elaborados relatórios pelos auditores, em que constam as pré-
condições (pontos que precisam ser resolvidos antes do empreendimento rece-
ber a certificação) e condições (pontos que podem ser resolvidos com o tempo)
para o licenciamento, e ainda recomendações referentes a alguns pontos da o-
peração florestal que podem ser melhorados. Quando existem pré-condições, a
operação floresta tem um tempo para resolvê-las e convidar novamente a certifi-
cadora para uma checagem final. Finalmente, o relatório da certificadora é ana-
lisado por especialistas e são tomadas as decisões para liberar ou não a certifi-
cação;
5. A certificadora então elabora um resumo público sobre o processo de certifica-
ção da operação florestal e disponibiliza o documento publicamente;
6. Depois de certificada, a operação florestal recebe anualmente a visita da certifi-
cadora responsável pelo licenciamento. Em casos de denúncia de irregularida-
des, a certificadora poderá realizar visitas extras. Além disso, o certificado pre-
cisa ser renovado depois de alguns anos, quando é realizado outro processo de
avaliação completa.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 23


Em resumo, as etapas de um processo de certificação são as seguintes:
• Requerimento e proposta para certificação;
• Pré-avaliação (opcional);
• Consulta a lideranças locais/regionais - consulta pública;
• Auditoria principal;
• Relatório e revisão do processo;
• Disponibilizar aos interessados um resumo público referente à certificação;
• Monitoramento anual;
• Renovação da certificação.

Tipos de certificação

Certificação de Manejo Florestal


Todos os produtores podem obter o certificado, sejam pequenas ou grandes opera-
ções ou ainda associações comunitárias. Estas florestas podem ser naturais ou plan-
tadas, públicas ou privadas. A certificação de manejo florestal pode ser caracterizada
por tipo de produto: madeireiro, como toras ou pranchas; ou não- madeireiros, como
óleo, sementes e castanhas. O certificado é válido por 5 anos, sendo realizado pelo
menos um monitoramento a cada ano.

Certificação Cadeia de Custódia


Aplica-se aos produtores que processam a matéria-prima de floresta certificada. As
serrarias, os fabricantes e os designers que desejam utilizar o selo FSC no seu produ-
to precisam obter o certificado para garantir a rastreabilidade, que integra a cadeia
produtiva desde a floresta até o produto final.

Custos
A certificação envolve custos financeiros, pois as operações florestais precisam se
adequar a algumas normas da certificadora, variando conforme a escala do empreen-
dimento. Esses custos estão muito relacionados à forma de gestão do empreendimen-
to. Uma operação regular, que segue os procedimentos legais, utiliza técnicas de ma-
nejo adequadas, dentre outras ações que caracterizam um bom gerenciamento, estará
bem próxima de receber um certificado de origem. Por outro lado, quanto mais distan-
te a operação estiver em relação a esses aspectos, maiores serão os custos para se
adequar à uma certificação. Assim, existem dois tipos de custos previstos: os custos
diretamente relacionados com o processo de avaliação, licenciamento e monitoramen-
to do uso do selo (custos diretos); e os custos relacionados às ações necessárias para
atender às normas da certificação (custos indiretos). Exemplos:

Custos diretos da certificação:

24 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


• Os custos das auditorias de campo (pré-avaliação e avaliação completa), que
variam em relação à localização, acesso às unidades de manejo, perfil sócio-
econômico da operação florestal etc;
• Custos do monitoramento anual;
• Taxa anual de certificação, variável de acordo com o tamanho da unidade pro-
dutiva.

Custos indiretos da certificação:


• No manejo florestal, por exemplo, pode ser necessário aumentar os gastos com
pessoal, treinamento, inventários, monitoramento da floresta, planejamento ou
mudanças no método do cultivo;
• Na cadeia de custódia, pode haver gastos com a separação dos produtos certifi-
cados dos não-certificados e capacitação do pessoal da unidade de processa-
mento para se adequar às normas de cadeia de custódia.
A certificação exige o cumprimento das leis nacionais vigentes, o pagamento de im-
postos, regularização da situação funcional dos trabalhadores, dentre outros requisitos
da legislação. Assim, esses ajustes, quando inexistentes, também farão parte dos
custos indiretos da certificação.
(Fontes: FSC e Cerflor)

Cerflor
O Cerflor visa à certificação do manejo florestal e da cadeia de custódia, segundo o
atendimento aos critérios e indicadores prescritos nas normas elaboradas pela Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e integradas ao Sistema Brasileiro de
Avaliação da Conformidade e ao Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro). Até o final
de setembro de 2010, havia, no Brasil, 29 certificações de cadeia de custódia para
produtos de origem florestal e 12 certificações de manejo florestal pelo Cerflor, que
totalizavam 1.407.420,20 hectares de florestas plantadas.

Princípios de Certificação Cerflor


• Princípio 1: Cumprimento à legislação.
• Princípio 2: Racionalidade no uso dos recursos florestais a curto,médio e longo
prazo, em busca da sua sustentabilidade.
• Princípio 3: Zelo pela diversidade biológica.
• Princípio 4: Respeito às águas, ao solo e ao ar.
• Princípio 5: Desenvolvimento ambiental, econômico e social das regiões onde se
insere a atividade florestal.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 25


4
Gráfico 1 - Área Florestal Certificada com Selo Cerflor no Brasil (2010)

Fonte: INMETRO (2010)

FSC - (Forest Stewardship Council)


O FSC visa à difusão do bom manejo florestal conforme princípios e critérios que con-
ciliam as salvaguardas ecológicas com os benefícios sociais e a viabilidade econômica
e são os mesmos para o mundo inteiro. Até o final de setembro de 2010, havia, no
Brasil, 592 certificações de cadeia de custódia para produtos de origem florestal e 74
certificações combinadas de manejo florestal com cadeia de custódia pelo FSC, o que
abrange 6.247.759,73 hectares de florestas – 2.737.221,57 ha de florestas nativas e
3.510.538,16 ha de florestas plantadas.

Princípios FSC 5
• Princípio 1: Obediência às Leis e aos Princípios do FSC
O manejo florestal deve respeitar todas as leis aplicáveis ao país aonde opera, os tra-
tados internacionais e acordos assinados por este país, e obedecer a todos os Princí-
pios e Critérios do FSC.
• Princípio 2: Responsabilidades e direitos de posse e uso da terra
Os direitos de posse e uso de longo prazo relativos à terra e aos recursos florestais

Devem ser claramente definidos, documentados e legalmente estabelecidos.

4
In Florestas do Brasil, Serviço Florestal Brasileiro- Ministério do Meio Ambiente, 2010.
5
In RF03 FSC FM – Padrão de Manejo Florestal FSC adaptado para Florestas Plantadas para
o Brasil - V1.0 - Validado em Novembro 2009.

26 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


• Princípio 3: Direitos dos Povos Indígenas

Os direitos legais e consuetudinários dos povos indígenas de possuir, usar e manejar


suas terras, territórios e recursos devem ser reconhecidos e respeitados.

• Princípio 4: Relações Comunitárias e Direitos dos Trabalhadores

As atividades de manejo florestal devem manter ou ampliar o bem estar econômico e


social de longo prazo dos trabalhadores florestais e das comunidades locais.

• Princípio 5: Benefícios da Floresta

As operações de manejo florestal devem incentivar o uso eficiente dos múltiplos pro-
dutos e serviços da floresta para assegurar a viabilidade econômica e uma grande
gama de benefícios ambientais e sociais.

• Princípio 6: Impacto Ambiental

O manejo florestal deve conservar a diversidade ecológica e seus valores associados,


os recursos hídricos, os solos, e os ecossistemas e paisagens frágeis e singulares, e
ao assim atuar, manter as funções ecológicas e a integridade da floresta.

• Princípio 7: Plano de Manejo

O plano de manejo - apropriado à escala e intensidade das operações propostas -


deve ser escrito, implementado e atualizado. Os objetivos em longo prazo do manejo
florestal e os meios para atingi-los devem ser claramente definidos.

• Princípio 8: Monitoramento e Avaliação

O monitoramento deve ser conduzido - apropriado à escala e à intensidade do manejo


florestal para que sejam avaliados a condição da floresta, o rendimento dos produtos
florestais, a cadeia de custódia, as atividades de manejo e seus impactos ambientais e
sociais.

• Princípio 9: Manutenção de florestas de alto valor de conservação

As atividades em manejo de florestas de alto valor de conservação devem manter ou


ampliar os atributos que definem estas florestas. Decisões relacionadas às florestas de
alto valor de conservação devem sempre ser consideradas no contexto de uma abor-
dagem precatória.

• Princípio 10: Plantações

As plantações devem ser planejadas e manejadas de acordo com os Princípios e Cri-


térios de 1 a 9 e o Princípio 10 e seus Critérios. Considerando que as plantações po-
dem proporcionar um leque de benefícios sociais e econômicos, e contribuir para sa-
tisfazer as necessidades globais por produtos florestais, recomenda-se que elas com-
plementem o manejo, reduzam as pressões e promovam a restauração e conservação
das florestas naturais.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 27


6
Gráfico 2 - Área Florestal Certificada com Selo FSC no Brasil ( 2010)

Fonte: FSC ( 2010)

Novos conceitos foram incorporados e, agora, as perspectivas de crescimento se


fundamentam em novos critérios e valores numa nova conjuntura social, econômi-
ca e ambiental. A dimensão continental do Brasil permite afirmar que há espaço
para tudo; lavouras temporárias e permanentes, pecuária, florestas protegidas,
florestas nativas de produção e plantações florestais sem competir com a produção
de alimentos. As políticas empresariais para crescer com sustentabilidade devem
estar respaldadas por políticas públicas que permitam transformar em realidade o
imenso potencial da atividade florestal.

Antecedentes históricos da ocupação do Estado do Rio de Janeiro7


À época do estabelecimento do sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil, o
território do atual estado do Rio de Janeiro encontrava-se compreendido em trechos
da Capitania de São Tomé e da de São Vicente.
Não tendo sido colonizado pelos portugueses, em virtude da hostilidade dos indígenas
estabelecidos neste litoral, entre 1555 e 1567, a baía de Guanabara foi ocupada por
um grupo de colonos franceses, inicialmente sob o comando de Nicolas Durand de
Villegagnon, que aqui pretendiam instalar uma colônia de povoamento, a França
Antártica.

Visando evitar esta ocupação, assegurando a posse do território para a Coroa de


Portugal, em 1º de Março de 1565, foi fundada a cidade do Rio de Janeiro, por Estácio
de Sá, vindo a constituir-se, por conquista, na Capitania Real do Rio de Janeiro.

6
In . Florestas do Brasil, Serviço Florestal Brasileiro- Ministério do Meio Ambiente, 2010.
7
Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Rio_de_Janeiro> Acesso em
18/03/2011

28 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


A prosperidade da Capitania foi definitivamente assegurado quando o porto da cidade
do Rio de Janeiro começou a exportar o ouro e os diamantes extraídos de Minas
Gerais, no século XVIII, de tal forma que, a partir de 1763, a cidade do Rio de Janeiro
tornou-se a sede do Vice-reino do Brasil e a capital da colônia.
Após a transferência da Corte portuguesa para a cidade do Rio de Janeiro, a
autonomia, que a província tanto aspirava, não foi alcançada da mesma forma que as
demais, já que ao ministro do Reino, cargo que foi praticamente um substituto para o
de Vice-Rei com relação ao Rio de Janeiro, era confiada a sua administração.
Aliado a isto, estava o fato de que a cidade do Rio era a capital do Império, o que fazia
com que o ministro administrasse a província inteira por meio de "avisos", os quais
dirigia às Câmaras Municipais de cidades que, naquela época, cresciam a passos
largos devido à ampliação e fortalecimento da lavoura cafeeira, que já sobrepujava à
força da lavoura canavieira na região Norte Fluminense.
O trabalho escravo, tornou-se a base de sustentação da sociedade cafeeira
fluminense que crescia sem parar à medida que as lavouras se ampliavam pelo Vale
do Paraíba. Nesse período, a província se tornou a mais rica e poderosa no país e sua
principal exportadora.
Essa situação perdurou até por volta de 1888. Com a abolição da escravatura, a
aristocracia fluminense se empobrece, já não tem mais sua mão-de-obra e ainda vê a
exaustão do solo e a redução das safras colhidas ano após ano.

A Modelagem Através dos Ciclos


Portador de um arcabouço histórico recheado de fatos e conjunturas que fez desse
espaço geográfico um território único com suas nuances que o definiram como ele o é
hoje. O histórico de ocupação do Rio de Janeiro está diretamente ligado à ocupação
do próprio país. Essa ligação que se configurou nos seus vários ciclos econômicos e
persiste até os dias de hoje.
O primeiro grande ciclo econômico do Estado do Rio de Janeiro aconteceu em pleno
século XVI com a extração da madeira em todo o seu litoral, transformando a grande
floresta em fragmentos de Mata Atlântica. Esse processo de exploração mal sucedido
deixou marcas na paisagem fluminense e com a exaustão das florestas costeiras,
chega o fim deste primeiro ciclo econômico.
Com o corte da floresta, uma nova paisagem se fez; grandes áreas de pastagens na-
turais principalmente no Norte fluminense foram palco de uma pecuária extensiva.
Essa atividade conviveu e atuou também como força motriz dos engenhos de cana de
açúcar dividindo com os escravos o trabalho de mover a economia dessa região e, por
conseguinte, do país. O mesmo acontece na porção, hoje denominada Noroeste flu-
minense; e então, como numa sinfonia dolorida, o gado ara a terra e o escravo planta
o café. Madeira, gado, açúcar e café à moda escrava; essa foi a receita que durante
vários séculos moveu a economia Norte Noroeste Fluminense. Embriagados na fartura
e no luxo, não criaram o hábito de poupar. Mandaram os filhos para estudarem na
Europa ou serem profissionais liberais na capital e com isso não formaram sucessores
para cuidarem dos negócios da família. O gado, a cana de açúcar, o café ainda fazem
parte da paisagem da região, mas muito longe de serem o que um dia o foram; frag-
mentos apenas, de processos que modelaram a paisagem, que mudaram o jeito de
ser, de vestir e de morar.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 29


De fato, a economia brasileira viveu vários ciclos ao longo da História. Em cada ciclo,
um setor específico foi privilegiado, provocando sucessivas mudanças sociais, popula-
cionais, políticas e culturais dentro da sociedade brasileira. As grandes fazendas flu-
minenses se instalaram pomposas; receberam em seus recitais e bailes a família real
e toda a corte; foram chamadas de “os jardins da monarquia”. Dias e dias de festanças
com louças, pinturas, móveis e tapetes vindos da Europa. Se o café esteve mais ao
Noroeste (montanhas) o açúcar ficou mais ao Norte (baixadas) e inundou aquelas por-
ções de terra com riquezas, trouxe o luxo da corte, decorou as casas e enfeitou as
donzelas, levantou suas palmeiras imperiais na entrada das fazendas; a fortaleza dos
engenhos que depois viraram usinas. E novamente se fechou o círculo. Madeira, ga-
do, café e açúcar trouxeram suas contribuições e se sucederam até o nascimento de
um novo ciclo; o petróleo.
A região enfrentou dificuldades ao migrar de um sistema inadmissível já naquela épo-
ca; o Brasil foi um dos últimos países a destituir a escravidão como mão de obra. Mui-
tas famílias tiveram dificuldade em tocar as fazendas e acabaram se mudando para as
cidades. As grandes fazendas foram divididas e vendidas, mudando consideravelmen-
te o sistema fundiário da região.
O Estado do Rio de Janeiro foi partícipe e condutor do processo de desenvolvimento
do país; foi sempre o Estado das riquezas. Como capital do país governou a distância,
como capital do Estado centralizou todos os processos de desenvolvimento, inteligên-
cia e tecnologia. À região Norte-Noroeste, coube sempre o trabalho de suprir com
seus produtos: florestas, gado, cana, café. Ciclos começam e terminam sem ter suas
cadeias produtivas internalizadas; não participam de toda a trajetória do processo, não
tiveram a governança, e com isso não aprenderam a diferença entre uma boa produ-
ção e uma má produção, não souberam conduzir, sabiam das suas conseqüências,
quando já era tarde demais. Com o sentimento de mais um fim, mais uma derrota,
prostram-se diante da lembrança do que um dia o foram.
O petróleo é o mais novo recurso natural do Estado do Rio de Janeiro e novamente a
mesma região é produtora e é exatamente nessa região que se encontram os meno-
res índices de desenvolvimento humano e os menores índices de desenvolvimento
cultural. Novamente a história se repete como numa sinfonia fúnebre, anunciando o
mesmo fim. Internalizar os processos produtivos de cada cadeia produtiva deve ser a
grande questão para o desenvolvimento dessas regiões. Internalizar os processos e
com eles todo o conhecimento de que se faz necessário em cada uma delas. Internali-
zar os processos quer dizer, dominar o processo do começo ao fim; e dominar o pro-
cesso de produção vem depois de dominar o próprio processo de desenvolvimento;
uma posição de atitudes, de dentro para fora, apoderando-se das suas funções para
um crescimento sustentável.
Define-se por Desenvolvimento Sustentável8 um modelo econômico, político, social,
cultural e ambiental equilibrado, que satisfaça as necessidades das gerações atuais,
que conhecem e decidem o que fazem sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de satisfazer suas próprias necessidades. Esta concepção começa a se formar
e difundir junto com o questionamento do estilo de desenvolvimento adotado, quando
se constata que este é ecologicamente predatório na utilização dos recursos naturais,
socialmente perverso com a aceitação da pobreza e da desigualdade social, politica-
mente injusto com concentração e abuso de poder, culturalmente alienado em relação

8
Relatório Brundtland: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMAD)
Oxford. Comuns Nosso: futuro. Oxford University Press, 1987 p. 43.

30 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


aos seus próprios valores e eticamente censurável no respeito aos direitos humanos e
aos das demais espécies.
A Silvicultura como Proposta

“Chegou-se a um ponto de evolução na pesquisa florestal em que se aprendeu a plantar flores-


tas com qualidade, eficiência e rapidez. Os estudos mais atuais mostram, no entanto, que é
preciso cada vez mais imitar a natureza – ela, sim, tem os modelos perfeitos para assegurar o
equilíbrio entre a produção sustentável de madeira, a obtenção dos bens e serviços proporcio-
nados pelas florestas e a conservação adequada do patrimônio ambiental para as gerações
futuras.”

Manoel de Freitas, presidente do IPEF

Foto 5 – Exemplo de Área com Manejo Sustentável Integrado entre Florestas Plantadas e
Nativas

Fonte: Disponível em <http://www.grupofeltre.com.br/eucalipto.htm>


Acesso em 21/01/2011
A sustentabilidade deve ser a base de todo e qualquer empreendimento. O histórico
dos ciclos econômicos da região Norte-Noroeste mostra que alguns dos pilares da
sustentabilidade não foram observados o que culminou na queda da produtividade ou
paralisação da produção e no caso da exploração da madeira nessa região a atividade
foi predadora extinguindo-a completamente.
Um novo modo de operar dentro de uma nova concepção de ocupação e manejo de-
verá fazer parte dos sistemas produtivos locais.
A iniciativa de silvicultura surge como atividade capaz de distribuir renda, na medida
em que pode ser pulverizada em todo o território dessa região. Essa atividade se des-
tina a um total de menos de 10% das terras devolutas, improdutivas ou em processos
de desertificação. Desta forma, não compete com as atividades já instaladas, ainda

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 31


que com baixos índices de produção. Ao contrário; o mercado aquecido incrementa a
atividade, atrai investidores e com isso atribui um novo fôlego às atividades locais.

Analisando um Modelo

Sistemas Agroflorestais9
Sistemas agroflorestais são formas de uso ou manejo da terra, nos quais se combinam
espécies arbóreas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou criação de
animais, de forma simultânea ou em sequência temporal e que promovem benefícios
econômicos e ecológicos. Os sistemas agroflorestais ou agroflorestas apresentam
como principais vantagens, frente à agricultura convencional, a fácil recuperação da
fertilidade dos solos, o fornecimento de adubos verdes, o controle de ervas daninhas,
entre outras coisas, a recuperação de mananciais e do ar.
A integração da floresta com as culturas agrícolas e com a pecuária oferece uma al-
ternativa para enfrentar os problemas crônicos de degradação ambiental generalizada
e ainda reduz o risco de perda de produção. Outro ponto vantajoso dos sistemas agro-
florestais é que, na maioria das vezes, as árvores podem servir como fonte de renda,
uma vez que a madeira e, por vezes, os frutos das mesmas podem ser explorados e
vendidos. A combinação desses fatores encaixa as agroflorestas no modelo de agri-
cultura sustentável.
Há quatro tipos de sistemas agroflorestais:
1. Sistemas agrossilviculturais - combinam árvores com cultivos agrícolas anuais;
2. Sistemas agrossilvipastoris - combinam árvores com cultivos agrícolas e animais;
3. Sistemas silvipastoris - combinam árvores e pastagens (animais);
4. Sistemas de enriquecimento de capoeiras com espécies de importância econô-
mica.
Nos sistemas agroflorestais, associa-se a agricultura e a pecuária com árvores. nati-
vas e exóticas, combinando produção e conservação dos recursos naturais, com a
qualidade do viver regional. Além de buscar atender às várias necessidades dos pro-
dutores rurais, como a obtenção de alimento, extração de madeira, cultivo de plantas
medicinais, os SAFs diversificam a produção proporcionando uma oferta mais estável
de produtos ao longo do ano. Segundo esta perspectiva, os sistemas agroflorestais
promovem a biodiversidade e podem auxiliar na conservação dos solos, das microba-
cias e do bioma.
A modelagem de um sistema agroflorestal exige grande conhecimento interdisciplinar
de botânica, de solos agrícolas, de microfauna e microflora de solos, de função ecofi-
siológica dos organismos que constituem os vários extratos, de sucessão ecológica e
de fitossanidade. Evidentemente que tudo isso deve vir acompanhado de um prévio
conhecimento em agronomia e silvicultura, já que é nesses dois ramos que se baseia
a agrossilvicultura.
Da mesma forma que um sistema agroflorestal pode trazer mais lucros que um siste-
ma agrícola convencional, ele também pode trazer mais custos, já que existem pelo
menos dois grupos principais de componentes que precisam ser profissionalmente

9
In < http://www.ciflorestas.com.br/texto.php?p=sistemas>

32 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


manejados e mantidos dentro de um sistema agroflorestal: o componente agrícola,
que engloba as plantas herbáceas ou arbustivas e o componente florestal, que pode
ser representado pelas árvores, palmeiras ou outras plantas lenhosas não lenhosas
perenes e de origem florestal.
Os sistemas trazem uma série de vantagens econômicas e ambientais, tais como:
• Custos de implantação e manutenção reduzidos;
• Diversificação na produção aumentando a renda familiar, assim como a melhoria
na alimentação;
• Melhoria na estrutura e fertilidade do solo devido à presença de árvores que
atuam na ciclagem de nutrientes;
• Redução da erosão laminar e em sulcos;
• Aumento da diversidade de espécies;
• Recuperação de áreas degradadas.
O modelo agroflorestal visa compatibilizar o desenvolvimento econômico da população
rural com a conservação do meio ambiente.
A produção agroflorestal é intrinsecamente conservacionista e gera um impacto positi-
vo a partir dos "serviços ambientais" prestados, de acordo com as características fun-
cionais do ecossistema.
O sistema agroflorestal com grande mistura de espécies (ocupando extratos/camadas
diferentes do ecossistema, tais como arbusto, árvores de pequeno e grande porte),
apesar de o conjunto de espécies se mostrar bem alterado em relação à floresta origi-
nal, funciona de forma bem parecida com a floresta natural, em termos de ciclos de
nutrientes, regulamentação do ciclo hídrico, interação com a atmosfera etc.
O modelo tradicional de cultivo intensivo muito simplificado, como no caso das mono-
culturas, traz grandes custos ambientais e sociais. No que se refere à questão ambien-
tal, este modelo provoca perda da biodiversidade, degradação de solos, escassez de
água e energia e contaminação tóxica - que pode afetar o meio ambiente, trabalhado-
res e consumidores. Ele deve ser evitado e proibido.
No que se refere à questão social, a monocultura está associada à grande migração
rural-urbana e à perda do meio de fomento de milhões de famílias. Sem considerar
que a viabilidade econômica do modelo intensivo da agricultura tem sérias limitações.
Finalmente, é importante ressaltar que o modelo agroflorestal não é uma solução in-
tegral para a proteção da biodiversidade. Certamente, ele reduz os impactos das
queimadas e dos agrotóxicos e visa reduzir os impactos do desmatamento. Mas, em
escala regional, é necessário um sistema integrado de reservas florestais, tanto públi-
cas (Parques e Reservas Biológicas) como particulares (em assentamentos e grandes
fazendas).

Modelo a ser Implantado


Propõe-se o sistema silvoagropastoril: manejo em consórcio da silvicultura com a agri-
cultura e pecuária, utilizando várias espécies; destinadas a grande, média e pequena
escala. Realizada com recursos próprios, de fomento e financiamento Estadual e Fe-
deral e de fontes privadas.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 33


Figura 3 - Mosaico de Modelos Agrosilvipastoris

Fonte: EMATER-MG

34 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Princípios Culturais para a Sustentabilidade da Silvicultura do Norte Noroeste
Fluminense
As florestas são elementos essenciais à existência do planeta e da vida. O seu signifi-
cado ou identidade, então, subsiste na sua contribuição para o existir e viver das pes-
soas. Assim, ao mesmo tempo em que as pessoas devem preservá-las, elas também
devem preservar as populações que vivem no seu entorno, trata-se de um pacto de
convivência mútua pelo qual se proíbe o desmatamento assim como as expropriações
de moradores rurais para substituí-los pela floresta plantada.
Este princípio se aplica igualmente entre a floresta e todas as demais formas de vida,
abrangendo a fauna e a flora, numa reciprocidade abrangente.
As florestas plantadas consomem continuamente água para o seu crescimento e sus-
tentação. Na escolha das espécies a serem plantadas num determinado território, co-
mo é o caso do Norte e Noroeste Fluminense, no ato das espécies se acoplarem mu-
tuamente com as condições ambientais (edafoclimáticas, entre outras), deve ser con-
siderado o balanço hídrico que respeite as prioridades nos usos da água que antece-
dem aos do seu consumo pela floresta que são, na sequência, os decorrentes do a-
bastecimento, saneamento e a produção de alimentos. Pode-se plantar florestas des-
de que estejam assegurados pelo balanço hídrico, prioritariamente, os atendimentos à
população destas três necessidades essenciais, sendo as duas primeiras absoluta-
mente mandatórias.
O território do Norte e Noroeste Fluminense tem condições, as mais indicadas, para
abrigar a sua população e a floresta plantada e nativa em harmonia. Os limites da flo-
resta são os limites da disponibilidade das suas condições naturais e, particularmente,
de sua oferta hídrica que viabiliza a vida de ambos.
Para que o significado do diálogo entre as pessoas e a floresta adquira um sentido
persistente, ele deve estar regido por uma relação socioeconômica que legitima a re-
lacão ambiental. Quanto mais pessoas e florestas criarem interdependências maior a
sustentabilidade de ambos.
Pelo princípio da máxima cobertura espacial do território, respeitadas os aspectos téc-
nicos, a silvicultura no Norte e Noroeste Fluminense transforma-se no mais amplo ins-
trumento de alavancagem do processo de seu desenvolvimento socioeconômico, a-
tendendo ao seu Plano de Desenvolvimento Sustentável, particularmente no que se
refere à inclusão social, oferta de trabalho e renda e elevação dos níveis de acesso da
população pela melhoria do seu grau de educação.
O principio ordenador do Plano Básico de Silvicultura desta Região é a produção da
madeira, para múltiplas finalidades, em torno da qual estão sendo criados pólos regio-
nais de sua transformação para alimentar várias cadeias produtivas, distribuídas no
território, que operam produções da pequena a larga escala. Eventualmente, poderá
existir uma grande cadeia dedicada, isto é, um empreendimento que reúna desde a
produção de mudas até o produto acabado, o que ainda persiste muito no segmento
da celulose.
Como o planeta se sustenta pela biodiversidade e como a produção de alimentos é
prioritária, o melhor modelo de desenvolvimento para o sistema agroflorestal (SAF) do
N-NO Fluminense é o agrissilvipastoril, pelo qual há mescla nas espécies plantadas
para a constituição da floresta entre exótica e nativas, a floresta ocupa parte do territó-
rio das propriedades em convivência com as atividades da agricultura e pecuária. Em
complementação a floresta traz consigo um conjunto de atividades acessórias, ou se-

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 35


ja, culturas que estão associadas à sua existência: cogumelos, fitos, flores, pássaros,
apicultura, etc., o que amplia as possibilidades de diversificação periférica. O conjunto
se enriquece e as trocas nas interações, se bem gerenciadas, promovem o desenvol-
vimento acelerado do bioma. Se este é o modelo, uma vez mais, recorre-se ao balan-
ço hídrico, que deve ser capaz de suportar esse conjunto de atividades. Para atribuir
viabilidade ao Plano da Silvicultura, adotou-se um critério muito rigoroso de se utilizar
até onze por cento das terras mais disponíveis, não utilizadas, de modo a permitir que
as propriedades abriguem a silvicultura até um máximo, da metade de sua área, per-
mitindo a coexistência da floresta, agricultura e pecuária e atividades acessórias. Dada
a configuração e topografia das bacias regionais, conseguiu-se uma dispersão viável e
abrangente que viabiliza todas elas em sinergias.
O protocolo de relacionamento entre pessoas e florestas estabelece que os elementos
de ocupação do viver humano, as áreas por ele utilizadas, representadas pelas resi-
dências e suas circunvizinhanças, aglomerações, edificações produtivas e sociais, os
caminhos, os espaços de convivência existentes ou planejados, com a emergência da
floresta plantada, mantenham a visão da paisagem, do distante remoto, dos pontos de
fuga. Esta condição deve ser respeitada, usando-se afastamentos regulados das á-
reas plantadas, fazendo uso de cinturões ou corredores externos de mata nativa que
permanecem enquanto a sua parte interna, a floresta exótica, se renova pelo corte.
Com isto, a percepção das pessoas, a sua relação de identidade se constrói sobre a
variedade de elementos faciais que perduram, cuja unidade se mantém ainda que a
sua estrutura se modifique na autoprodução ou reprodução. Os habitantes das flores-
tas passam a observar nesse seu dia a dia, o simbolismo do ciclo da vida e a sua
compreensão se transforma para uma nova condição cultural. E vale mencionar, o
atendimento a este princípio não apresenta qualquer custo incremental, é um detalhe
de planejamento simplesmente.
Como, nas origens, o território do Norte e Noroeste Fluminense era o habitat da Mata
Atlântica, o princípio de sua recomposição está associado à introdução de conexões
entre os fragmentos da mata nativa ainda existentes, os quais gradualmente se interli-
garão passando a formar novamente uma parcela da floresta original, com a maior
extensão e ocupação territorial possível. A proposição, então, transcende corredores
ecológicos. E isto se torna possível pela orientação da solução de restituição que re-
conheça e use o que há de mata nativa, tendo a aceitação prévia da solução socioe-
conômica que a suporte. Para sustentar este processo, agregou-se a implantação dos
viveiros ou unidades de produção de mudas, estrategicamente localizados no territó-
rio, numa aplicação efetiva de uma interdependência de maior valor, desde que nela
se processa o ciclo da vida de florestas e pessoas. Vale ressaltar, que este princípio
se baseia e usa o conceito pelo qual a recomposição somente terá sucesso se utilizar
matrizes de sementes de cada local em que as intervenções devem ocorrer, justifican-
do a multiplicidade e disposição distribuída das suas unidades.
Pelo princípio da sustentabilidade, podem ser plantadas quaisquer espécies que inte-
ressem aos investidores desde que elas tenham viabilidade de sobreviver e de auto-
produzir no ambiente e condições da Região. Quaisquer espécies que comprometam
a condição ambiental e socioeconômica estão proibidas. Este estudo contemplou al-
gumas delas, principalmente as lenheiras, devendo se considerar igualmente as não
lenheiras que representam nichos e oportunidades de mercado especiais, e também
aquelas que preenchem ambos os requisitos de classificação produzindo ou se pres-
tando tanto para a produção da madeira, como para outros produtos de alto valor e
significado econômico.

36 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


O princípio para a implantação da silvicultura no Norte e Noroeste Fluminense envol-
ve, em simultaneidade, alguns poucos grandes empreendimentos, ocupando grandes
áreas, com grandes grupos de investidores, e múltiplos pequenos e médios empreen-
dimentos, ocupando áreas menores. Os primeiros tem uma característica mais con-
centrada no processamento, enquanto os segundos se dispõem mais distribuídos na
geografia do território. O sucesso do Plano depende de cada um deles e da interação
entre eles e o meio ou, dos acoplamentos estruturais que construírem. Para assegu-
rar-lhes condição de sucesso, distribuíram-se as áreas atendendo ao que cada um
precisa para desenvolver-se, assegurando as viabilidades e a coexistência em simbio-
se.
Na medida em que a Região apresenta uma estrutura fundiária atomizada, com milha-
res de pequenas propriedades, na medida em que os empreendimentos podem e de-
vem incluir os proprietários de terras nos negócios, na medida em que se observa a
evolução no ambiente nacional e internacional de modelagem dos negócios em silvi-
cultura, a solução negocial proposta para os grandes empreendimentos inclui os pe-
quenos proprietários de terras como parte da viabilização do negócio. Há um elenco
de possibilidades que permitem a sua participação associativa, começando com o
chamado fomento agrícola até a conversão acionária ou cotista minoritária. As aquisi-
ções e desapropriações em massa devem ser prevenidas e evitadas, desde que vio-
lam os princípios de sustentabilidade. Os meios de apoio e incentivo do Estado devem
estimular tanto os grandes como os pequenos investidores, de modo diferenciado que
se lhes atribuam as viabilidades devidas, vinculadas ao comprometimento com os
princípios proscritivos da sustentabilidade regional.
O princípio da sustentabilidade cultural constitui-se no considerar pessoas e popula-
ções diretamente envolvidas em relação aos processos de mudança e/ou transforma-
ção que devem acontecer com a implementação da silvicultura, de modo a que eles
acolham as especificidades locais - como mecanismos de planejamento e monitora-
mento da identidade -, para desenvolver as atividades florestais, evitando e mitigando
os seus impactos negativos pelo exercitar o respeito aos valores e práticas sociais e
culturais existentes. Neste sentido, constituíram-se as ecovilas sobre aglomerações
existentes que permitem lastrear culturalmente tais processos.
A extensão do trabalho do zoneamento econômico-ecológico para os microespaços
correspondentes a áreas de florestamento ou reflorestamento, em compatibilidade
com a legislação de licenciamento ambiental existente no estado do Rio de Janeiro,
permite estabelecer uma proposição de um processo de licenciamento, coordenado
pelo INEA, que concilie rigor técnico com agilidade de resposta, viabilidade ambiental
com viabilidade negocial, licenciamento com acompanhamento, grandes e pequenas
escalas, produção de madeira e transformação da madeira produzida, ou seja, pro-
cesso que se estruture sobre soluções de compromisso de viabilização, de encontro
ou co-construção das soluções exigidas pela sociedade. Daí os princípios de susten-
tabilidade e o seu reconhecimento e atendimento para referenciar, assistir e contribuir
para a viabilização necessária.
O conhecimento regional sobre silvicultura e assuntos associados – bases depositá-
rias, pesquisa, desenvolvimento e inovação, laboratórios avançados, estações e fa-
zendas experimentais, viveiros, incubadoras de empresas de base silvicultura, educa-
ção e pós-graduação, ensino profissional, empreendedorismo, entre outras -, a rede
de operações de instituições regionais e externas, o apoio dos empreendedores e do
Governo, este coordenado pela FAPERJ, Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e
Abastecimento, SEAPPA e a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 37


Janeiro, PESAGRO, entre outras instituições estaduais, outras redes regionais, atuan-
do de forma integrada e articulada com o Plano Básico constituem instrumento funda-
mental e imprescindível para a implementação, desenvolvimento e sustentabilidade da
silvicultura no Norte e Noroeste Fluminense.

Uma Questão de Pertencimento10


A cultura está diretamente ligada aos seres humanos e às suas relações com o seu
meio.
Os lugares são vivenciados de forma imediata, sendo eles, recipientes e receptores
das práticas culturais e rotinas cotidianas numa interação diária e contínua entre indi-
víduos e seus lugares. Essa interação estabelece um relacionamento que leva a uma
construção mútua e simultânea do indivíduo e do lugar (CASEY, 2001). Os indivíduos
personalizam os lugares em todos seus aspectos e os lugares nutrem, ancoram e for-
talecem a existência e forma de ser desses indivíduos, tornando a existência de am-
bos, recíproca e indissociável. O caráter único de cada lugar e região constitui o refle-
xo da disponibilidade de recursos materiais e imateriais e da integração em sistemas e
redes, nos ambientes globais e locais, tais como, entre outros, os ciclos naturais e os
sistemas sociais, os recursos naturais e humanos, o capital físico e social, os modos
de produção, distribuição e consumo e os fluxos de informação e comunicação. A i-
dentificação territorial leva os indivíduos a desenvolverem forte apego aos lugares
vendo-se como parte integrante e atuante desse, por participar da criação de suas
geoestruturas e empregar em sua paisagem uma complexa semiografia capaz de ex-
primir e representar sua concepção de mundo, isto é, empregar os geossímbolos ne-
les presentes (BONNEMAISON, 2002).
Toda e qualquer atividade deve primeiro considerar as pessoas e seus habitats. É a
partir dessa leitura que deverá ser feito o projeto de sustentabilidade cultural. Investi-
mentos em uma nova atividade devem considerar sempre, que cada grupo reserva
suas próprias características culturais que se constituem em conformidade com seus
lugares habitados, os quais possuem sua própria fisionomia e configuração espacial
trazendo em sua paisagem símbolos que os personalizam e qualificam como perten-
centes ao território de um dado grupo social. Os lugares assumem características sin-
gulares no decorrer do processo de apropriação e personificação do espaço que en-
volve a ocupação e vivência dos lugares. Nesse processo os lugares ganham marcas
identitárias que irão refletir, reafirmar e fortalecer a identidade e forma de existir da
coletividade que o habita.
A Paisagem fornece as informações da sedimentação socioeconômica e cultural sobre
o território. Na paisagem estão as marcas da cultura e do processo vivenciado por
aqueles que dela usufruem. Podem se tornar fontes de pesquisa para se conhecer a
história de um lugar. Tanto a identidade territorial subjetiva experimentada como a
pretendida, sobretudo ancoradas nas qualidades da paisagem, são o reflexo do senti-
do de lugar e pertença territorial dos atores e agentes de desenvolvimento.
A diferenciação espacial atribui composições específicas aos territórios e possibilita a
identificação dos grupos permitindo a cada um ter consciência de sua própria identida-
de ou de sua forma de existência em comparação às outras coletividades, tornando-se
claro as delimitações de seu território. São nas redes de lugares que compõem o terri-

10
Baseado em Reflexos do movimento migratório: Diversificação do Mosaico da cidade. DAL
GALLO, Priscila Marchiori

38 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


tório nas quais podem ser encontrados seus semelhantes. Nelas os indivíduos são
capazes de se reconhecerem como um grupo e neles estão os alicerces ou fontes da
identidade, compartilhada por esse mesmo grupo. As delimitações territoriais estipu-
lam a abrangência do espaço de ação das coletividades ou os lugares com os quais
ela tem familiaridade e acessibilidade. Eles formam o universo onde ocorre a convi-
vência social e as atividades diárias, se desenvolvem as práticas culturais e sociais e
se encontram os referenciais socioespaciais.
A configuração do território é ao mesmo tempo, produto e processo social. Nele, estão
registrados os movimentos da dinâmica social. O território revela a dinâmica da socie-
dade e sua história é pontuada por ações de apropriação e uso do espaço. Para Clau-
de Raffestin, o território é fruto do processo histórico de transformação do espaço (an-
tropização), principalmente econômica e politicamente.
Sem o sentimento de pertencimento o território perde seu sentido ontológico para a-
quele grupo, desligando-o dos círculos sociais e redes de lugares que o formam. Os
círculos sociais e as redes de lugares se reúnem e compõem um território em função
das significações dadas a determinados espaços. Essas significações norteiam a pre-
ferência espacial de uma coletividade promovendo a formação de agregados socioes-
paciais ou espaço de convivência onde uma coletividade que guarda semelhanças em
seus atributos socioculturais ou socioeconômicos se agrega e se encontra (COSTA,
2005) que refletem e alimentam a identidade da coletividade possibilitando a perma-
nência do agrupamento e suas relações com seu território. Os lugares e território re-
presentam uma parte da existência do individuo e é vivendo seus lugares que ele
constrói sua existência, sua maneira de ser e garante a continuidade desse ser
(CASEY, 2001).

Não é propriamente o espaço que forma uma identidade, mas a força política e cultural dos
grupos sociais que nele se reproduzem e sua capacidade de produzir uma determinada escala
de identidade, territorialmente mediada.

Rogério Haesbaert, 1997

A paisagem, o lugar o território são elementos, são espaços onde as relações aconte-
cem. São as relações que fazem um sistema ser ou não ser vivo. Um estado de convi-
vência com a floresta fará desta atividade intrínseca ao modo de viver desta Região;
como foi o caso do açúcar e do café, por exemplo. Suas paisagens estão marcadas e
através delas é possível fazer a leitura do que foram e do vislumbramento do que se
pode ser.

2. REFERÊNCIAS

SAQUET, Marcos A. Abordagens e Concepções de Território. São Paulo: Expressão


Popular, 2007. pp.7-11.

Castells, M. O Poder da Identidade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.

HALL, Stuart.. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A,


2005.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 39


WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual.
In: SILVA, T. (Org.). Identidade e diferença, a perspectiva dos estudos culturais. Pe-
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40 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Sites de Referência - Links sobre florestas:
Fórum das Nações Unidas sobre Florestas (UNFF): <http://www.un.org/esa/forests/>
Collaborative Partnership on Forests: <http://www.fao.org/forestry/site/cpf/en/>
Comitê de Florestas da FAO (COFO): <http://www.fao.org/forestry/en/>
Ministério do Meio Ambiente:< http:// www.mma.gov.br >
Serviço Florestal Brasileiro:< http:// www.sfb.gov.br>

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 41


ANEXO

42 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


ANEXO 1 - PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA A IMPLANTAÇÃO DA ATIVIDADE
DE SILVICULTURA NAS REGIÕES NORTE NOROESTE DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO

A implantação das atividades de silvicultura nas Regiões Norte Noroeste do Estado do


Rio de Janeiro, visando o atendimento aos princípios da sustentabilidade que a orien-
tam, se consubstanciam por:

Competência do poder público


• Constituir o Organismo Estadual de Silvicultura com a função de coordenar, arti-
cular e gerenciar conduzindo esta atividade no Estado do Rio de Janeiro;
• Constituir, liderados pela Investe Rio, algumas linhas de crédito diferenciadas
destinadas ao financiamento para a viabilização de (pequenos e médios; gran-
des investidores) tanto para a produção da madeira quanto para produtos não
madeireiros, e para o seu beneficiamento/processamento nas Regiões Norte e
Noroeste Fluminense;
• Implantar o Programa Rodoviário do Norte e Noroeste, de acordo com o propos-
to neste trabalho e no Plano de Desenvolvimento Sustentável, no sentido de via-
bilizar os fluxos e a logística dos sistemas produtivos da silvicultura e associa-
das;
• Disponibilizar os serviços básicos de infraestrutura, particularmente nas ecovi-
las propostas;
• Constituir e manter linhas e programas de fomento para a pesquisa e desenvol-
vimento e inovação no conhecimento, tecnologias e gestão da silvicultura;
• Acompanhar a implementação dos empreendimentos de silvicultura, monitoran-
do continuamente os seus impactos socioeconômicos, orientando medidas de
ajuste e complementares a serem aplicadas;
• Regular as atividades da silvicultura na Região assegurando a diversificação das
cadeias produtivas, promovendo os incentivos que lhe atribuam viabilidade e
competitividade, intervindo no que se fizer necessário para a sua sustenta-
bilidade, particularmente no domínio do conhecimento especializado e dire-
cionado a resultados nas instituições regionais;
• Manter canal de comunicação aberto, com informações do setor, através de site
na internet.
• Suportar a participação ativa da PESAGRO e outras instituições estaduais na
assistência à implementação do projeto;
• Terceirizar, mediante concessão, a produção de mudas de espécies nativas,
com a implantação das unidades de produção de mudas nas ecovilas;
• Criar um sistema de licenciamento especial que assegure o cumprimento da
legislação e viabilize com agilidade os empreendimentos, mediante a constitui-
ção de um grupo de licenciamento especializado para atuar nas Regiões Norte e
Noroeste Fluminense durante a implantação dos empreendimentos da silvicultu-
ra;

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 43


• Atualizar a legislação estadual em compatibilidade com o novo Código Nacional
e aglutinando, com uniformidade, as legislações municipais da Região.

Competência da sociedade
• Participar de forma voluntária e ativa/proativa das oportunidades oferecidas pelo
Plano Básico de Silvicultura regional;
• Organizar-se para dele participar, sob a forma de associações ou cooperativas;
• Participar dos programas de capacitação para atuar em atividades das cadeias
produtivas da silvicultura;
• Fiscalizar e reivindicar o respeito às leis, à cultura e pessoas, ao meio ambiente;
• Estar aberta e participar de parcerias, particularmente no tocante aos processos
produtivos;
• Empreender aproveitando as demandas existentes e projetadas das cadeias
produtivas.
• Zelar pelo conhecimento de sua base socioeconômica em silvicultura, pelo seu
desenvolvimento e expansão.

Competência dos investidores


• Firmar parcerias com instituições de pesquisa e inovação e empreende-dorismo,
educacionais, depositárias de conhecimento, entre outras regionais;
• Estabelecer amplos programas de parcerias com os proprietários de terras a
serem usadas para o cultivo da floresta, integrando-os como parte dos proces-
sos dos empreendimentos;
• Constituir e praticar programas independentes de fomento;
• Operar sobre programas de desenvolvimento de fornecedores locais;
• Promover a capacitação e contratação do pessoal local e regional;
• Contribuir para o aprimoramento da legislação especializada;
• Incorporar a sua atuação efetiva junto às pessoas e populações como parte da
responsabilidade social dos processos decisórios corporativos, compartilhando-a
com Governo e sociedade;
• Manter a transparência e a ética na gestão dos negócios na Região;
• Aderir e operar em consonância com os programas de certificação voluntária;
• Aderir aos programas governamentais de incentivo;
• Internalizar na Região, as atividades da cadeia produtiva, a montante e a jusan-
te.
Todos os atores do processo devem buscar atingir a sustentabilidade nas suas várias
formas e ao mesmo tempo. Para que isto venha a ser alcançado devem buscar:

44 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Sustentabilidade Social - Melhoria da qualidade de vida da população, equidade na
distribuição de renda e diminuição das diferenças sociais, com participação e organi-
zação popular;
• Que tenham acesso a tecnologias, pesquisas, educação básica e técnica para
que saibam que não há limites;
• Que sejam mantidos vários canais de comunicação entre as comunidades para
que a troca de experiências possa ser feita;

Sustentabilidade Institucional e Econômica – Regularização do fluxo de investi-


mentos, compatibilidade entre padrões de produção e consumo, legislação, e financi-
amento.
• Que sejam dadas condições diferenciadas ao pequeno produtor para que possa
competir no mercado;
• Que as espécies sejam variadas para que múltiplas cadeias se formem;
• Que parcerias entre poder público, sociedade e investidores sejam pactuadas;
• Que se regule o uso mandatório parcial da terra com o sistema agroflorestal,
tendo a possibilidade de usar-se o mecanismo do terreno criado para a forma-
ção e viabilização de situações particulares que exijam continuidade e escalas
no cultivo da floresta plantada.

Sustentabilidade Cultural – Respeito aos diferentes valores entre os povos e incenti-


vo a coordenações de coordenações de mudanças, que acolham as especificidades
locais com mecanismos de planejamento e monitoramento de forma a identificar, evi-
tar e mitigar os impactos negativos das atividades florestais, garantindo o respeito aos
valores sociais e culturais tradicionais.
• Que as margens de todas as vias tenham corredores de vegetação nativa para
que seus padrões de paisagem sejam preservados;
• Que seus caminhos, vias e passagens sejam preservadas para que os vínculos
de sua trama social não sejam quebrados;
• Que nos corredores de suas margens tenham corredores de vegetação nativa
para que seus padrões de paisagem sejam preservados;
• Que após essa margem seja feita o aceiro de contenção de incêndios para que
sejam preservadas tanto as pessoas quanto a floresta;
• Que as atividades agropecuárias existentes em base contínua não sejam substi-
tuídas discricionariamente pela silvicultura para que não percam suas referên-
cias;
• Que todas as suas edificações históricas sejam preservadas mesmo que em
fazendas improdutivas como memória do que subsistiu;
• Que as participações sejam manifestações espontâneas de adesão;
• Que a diversidade biológica seja protegida, mas, sobretudo a diversidade de
pensamento para que saibam conviver com as diferenças;

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 45


• Que o novo considere a importância do velho para que se aprenda com os erros
e acertos do passado.

Sustentabilidade Espacial - Equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migra-


ções, desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes
e não agressivas à saúde humana e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e
industrialização descentralizada.
• Que as oportunidades sejam distribuídas levando em consideração, os critérios
de viabilidade, potencialidade e necessidade de cada um e de todos os municí-
pios da Região cobrindo todo o território;
• Que a infraestrutura regional cubra todo o território para que a atividade permeie
e cumpra a sua finalidade socioeconômica e ambiental;

Sustentabilidade Política - Autonomia e governança regional;


• Que a sociedade possa se manifestar e se organizar e se fazer ouvir em todo o
processo;

Sustentabilidade Ambiental - O uso dos recursos naturais deve priorizar as tecnolo-


gias limpas e evitar impactos e quaisquer efeitos prejudiciais aos sistemas de susten-
tação da vida: prevenção de quaisquer resíduos tóxicos, sem poluição, reciclagem de
materiais, uso com conservação dos recursos naturais, maior efetividade da aplicação
de regras para a adequada proteção ambiental.
• Que as regiões lindeiras se preservem com vegetação nativa no entorno, obser-
vando margem mínima de 5 vezes a largura de uma via ou uma largura mínima
de 15 metros, a que for maior.
• Que o sistema viário constituído por vias pavimentadas e de terra, caminhos e
passagens, sejam mantidas.
• Que nenhuma atividade de silvicultura possa ser iniciada quando esta colocar
em risco o abastecimento de água, consideradas as prioridades estipuladas pa-
ra seu uso.
• Que os seus rios e lagos sejam preservados para que ao banhar-se neles lem-
brem-se de que é possível crescer sem poluir;
• Que suas energias sejam menos poluentes, suas culturas produzam mais com
menos, suas instalações ecoeficientes.
• Que o controle de pragas seja feita de forma responsável biológica e organica-
mente, sempre que possível;
• Que sejam observadas as precipitações pluviométricas e capacidade dos reser-
vatórios para não colocar em risco o abastecimento de água para uso humano;

46 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


DESENVOLVIMENTO SOCIAL
CAPÍTULO 2

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


AUTORA:

SAMANTHA DE OLIVEIRA NERY

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 53

2. PERFIL DA POPULAÇÃO ............................................................................ 64

2.1 População Urbana e População Rural .......................................................... 68

2.2 População Residente Por Sexo e Por Faixa Etária ....................................... 74

2.3 População Por Distritos................................................................................. 79

3. RENDA PER CAPITA E POBREZA/VULNERABILIDADE - BOLSA FAMÍLIA81

3.1 Renda per Capita e Pobreza ......................................................................... 81

3.2 Bolsa Família - Região Norte e Noroeste Fluminense - Serviços Prestados na


Proteção Social Básica ................................................................................. 86

3.3 Trabalho e Renda nas Regiões Norte e Noroeste ......................................... 89

3.4 PEA............................................................................................................... 90

3.5 Trabalhadores Formais e Informalidade e Remuneração Média dos


Trabalhadores............................................................................................... 91

3.6 Gênero, Faixa Etária e Especialização Produtiva Municipal .......................... 96

3.7 Divisão Regional do Trabalho ....................................................................... 96

3.8 Divisão Intrarregional do Trabalho ................................................................ 97

4. PLANEJAMENTO SOCIAL DO PLANO BÁSICO DE SILVICULTURA........ 108

4.1 Realocação de Famílias/ Ecovilas - Novas Centralidades........................... 110

4.2 Projeto de Qualificação da Mão de Obra para a Silvicultura........................ 113

4.2.1 Analfabetismo ............................................................................................. 114

4.2.2 Anos de Estudo........................................................................................... 116

5. PROJETO DE APOIO À MICRO, PEQUENOS E MÉDIOS NEGÓCIOS..... 125

6. REFERÊNCIAS........................................................................................... 127

ANEXO ....................................................................................................... 130

ANEXO 1 – SÍNTESE DE ASPECTOS INSTITUCIONAIS LEGAIS ............ 131

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


LISTAS

FOTOS

Fotos 1 e 2 – Laje do Muriaé ...................................................................................... 73

Fotos 3 e 4 – Macaé, Multinacional Localizada em uma de suas Áreas Industriais e


Maquete de Plataforma de Petróleo da Petrobrás ...................................................... 96

GRÁFICOS

Gráfico 1 – Rio de Janeiro, Distribuição Percentual da População por Regiões do


Estado, 2009 .............................................................................................................. 64

Gráfico 2 – Região Norte Fluminense, Evolução da População, 1991 a 2010 ............ 65

Gráfico 3 – Região Norte Fluminense, Distribuição Percentual da População por


Município, 2010 .......................................................................................................... 66

Gráfico 4 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2010........ 67

Gráfico 5 – Região Noroeste Fluminense, Distribuição Percentual da População por


Município, 2010 .......................................................................................................... 68

Gráfico 6 – Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991,


2000 e 2010............................................................................................................... 70

Gráfico 7 – Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991,


2000 e 2010................................................................................................................ 73

Gráfico 8 – Região Norte Fluminense, Pirâmide Etária, 2009 ..................................... 76

Gráfico 9 – Região Noroeste Fluminense, Pirâmide Etária, 2009 ............................... 78

MAPAS

Mapa 1 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Divisão Político Administrativa ...... 61

Mapa 2 – Área e Distribuição das Florestas Plantadas no Brasil em 2009.................. 62

Mapa 3 – Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Distrito - 2000.... 80

Mapa 4 – Rio de Janeiro, Taxa de Pobreza ................................................................ 85

Mapa 5 – Região Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por


Municípios, 2008....................................................................................................... 100

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Mapa 6 – Região Norte Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por
Municípios, 2008....................................................................................................... 101

Mapa 7 – Áreas Preferenciais de Cultivo e Localização dos Pólos de Produção das


Regiões Norte-Noroeste Fluminense e Entorno........................................................ 103

Mapa 8 – Áreas Preferenciais de Uso e Distritos Norte-Noroeste Fluminense e Entorno


................................................................................................................................. 104

Mapa 9 – Localização Proposta para as Unidades de Produção de Mudas no Norte-


Noroeste Fluminense e Entorno ............................................................................... 105

Mapa 10 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Instituições de Ensino


Superior, 2009 .......................................................................................................... 122

Mapa 11 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Instituições de Ensino


Técnico, 2009 ........................................................................................................... 123

TABELAS

Tabela 1 – Áreas de Florestas Plantadas com Outros Grupos de Espécies no Brasil


(em hectares).............................................................................................................. 57

Tabela 2 – Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991,


2000 e 2010................................................................................................................ 69

Tabela 3 – População por Situação de Domicílio, 2010 .............................................. 71

Tabela 4 – Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991,


2000 e 2010................................................................................................................ 72

Tabela 5 – Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 2010


................................................................................................................................... 74

Tabela 6 – Região Norte Fluminense, População Residente por Sexo, 2010 ............. 75

Tabela 7 – Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária, 2009
................................................................................................................................... 76

Tabela 8 – Região Noroeste Fluminense, População Residente por Sexo, 2010........ 77

Tabela 9 – Região Noroeste Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária,


2009 ........................................................................................................................... 78

Tabela 10 – Região Norte Fluminense, Indicadores de Renda e Pobreza, 1991 e 2000


................................................................................................................................... 83

Tabela 11 – Região Noroeste Fluminense, Indicadores de Renda e Pobreza, 1991 e


2000 ........................................................................................................................... 84

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Tabela 12 – Região Norte Fluminense, Famílias Beneficiárias do Bolsa Família, 2009
................................................................................................................................... 88

Tabela 13 – Região Noroeste Fluminense, Famílias Beneficiárias do Bolsa Família,


2009 ........................................................................................................................... 88

Tabela 14 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoas de 10 Anos ou Mais de


Idade, Economicamente Ativas e População Ocupada por Sexo e Situação do
Domicílio, 2000 ........................................................................................................... 90

Tabela 15 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Formalidade Ocupacional, 2000 e


2007 ........................................................................................................................... 91

Tabela 16 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Informalidade e Precariedade e


Remuneração Média dos Setores Formal e Informal, 2000 ........................................ 93

Tabela 17 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoas de 10 Anos ou Mais de


Idade, Economicamente Ativas, com Rendimento, por Classe de Rendimento Nominal
Mensal, 2000 .............................................................................................................. 93

Tabela 18 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado no Setor Formal


(%), por Faixa de Remuneração Média, 2008............................................................. 94

Tabela 19 – Região Noroeste Fluminense, Empregos Formais Agropecuária,


Remuneração e Salário Admissão.............................................................................. 95

Tabela 20 – Região Norte Fluminense, Empregos Formais Agropecuária,


Remuneração e Salário Admissão.............................................................................. 95

Tabela 21 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores


Formais por Gênero, 1994 e 2008 .............................................................................. 98

Tabela 22 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores


Formais por Faixa Etária, 1994 e 2008 ....................................................................... 98

Tabela 23 – Dados sobre as Unidades de Produção de Mudas Propostas para o Norte


e Noroeste Fluminense em termos de Áreas, Mudas e Empregos Gerados ............. 107

Tabela 24 – Região Norte Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Adulta,


1991 e 2000.............................................................................................................. 115

Tabela 25 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População


Adulta, 1991 e 2000.................................................................................................. 116

Tabela 26 - Região Norte Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 -


2000 ......................................................................................................................... 117

Tabela 27 - Região Noroeste Fluminense, Nível Educacional da População Adulta,


1991 - 2000 .............................................................................................................. 117

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


1. INTRODUÇÃO

Objetivo deste trabalho: efetuar “estudos e avaliação do ajustamento do sistema social


regional aos projetos de silvicultura abrangendo a inclusão social, a qualificação e
formação das pessoas, as condições de habitabilidade, implantação de programas de
geração de trabalho e renda associado com o cultivo e com as cadeias de transforma-
ção, o equacionamento dos problemas de reassentamento das populações rurais, dos
impactos sociais e sua mitigação, entre outros”.

As florestas plantadas facilitam o processo produtivo e fornecem artigos com


características desejadas para a indústria. Tecnicamente, as plantações florestais tem
como vantagens as facilidades de manejo para a obtenção dos produtos de interesse
com as características requeridas de qualidade, homogeneidade e uniformidade e a
maior produção de madeira por unidade de área, em comparação com uma floresta
nativa, propiciando elevados desempenhos produtivos para as indústrias de
transformação, conforme informações do Anuário de Silvicultura (2008).

Aproximadamente 1,6 bilhões de pessoas (hoje estima-se que se aproximam de 2,2


bilhões), que representam quase 25% (ou mais) da população mundial, dependem de
recursos florestais para sua sobrevivência e a maioria destes, 1,2 bilhões utiliza as
árvores plantadas em fazendas para gerar comida, combustível para cozinha,
aquecimento e outras necessidades básicas, de acordo com o FAO (Food and
Agricultural Organization das Nações Unidas) 1. Além disto, muitos dos países em
desenvolvimento dependem da lenha para satisfazer até 90% de suas necessidades
energéticas.

Estes dados refletem a importância das florestas, resultando em benefícios


econômicos, ambientais, sociais e culturais para inúmeros habitantes, incluindo a sua
contribuição para a redução da pobreza, melhoria da segurança alimentar para
populações vulneráveis e para o desenvolvimento nacional, o que vem sendo
reconhecido crescentemente. Pesquisas científicas tem revelado como as florestas
tem contribuído para as Metas de Desenvolvimento do Milênio, das Nações Unidas2,
desafio este lançado em 2000, visando a redução da pobreza, através da geração de
emprego e renda e de outras ações.

Assim, a silvicultura tem ganhado destaque como atividade produtiva importante do


ponto de vista econômico, social e cultural, para benefício de investidores e da própria
população, desde que equacionadas questões como a empregabilidade local, a
preparação da mão de obra, o cuidado com o meio ambiente e com as matas nativas,
o manejo adequado da madeira.

1
A FAO, Food and Agriculture Organization das Nações Unidas, vem trabalhando em diversos países desde a sua
fundação, em 1945, para garantir que as pessoas tenham uma qualidade alimentícia suficiente para levarem vidas
produtivas e saudáveis. Atua como um fórum neutro, onde nações se encontram como iguais para negociar acordos e
debater políticas ao redor deste tema. A organização atua também ajudando a desenvolver áreas rurais, onde 70% da
pobreza e das pessoas sem alimento do mundo se encontram - onde, em muitas regiões, as florestas e as árvores fora
das florestas desempenham funções econômicas, ecológicas, sociais e culturais que são criticas para a saúde dos
seus habitantes e do planeta.
2
A Declaração do Milênio é um “documento que consolidou várias metas estabelecidas nas conferências mundiais
ocorridas ao longo dos anos 90, estabelecendo um conjunto de objetivos para o desenvolvimento e a erradicação da
pobreza no mundo – os chamados Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – que devem ser adotados pelos
estados membros das Nações Unidas, que envidarão esforços para alcançá-los até 2015.
(institutoatkwhh.org.br/compendio).

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 53


Isto aponta para outro possível benefício da silvicultura, que é a proteção ambiental,
resultante de uma diminuição da pressão sofrida pelas matas nativas com a utilização
da floresta plantada, além da restauração de áreas degradadas afetadas pela erosão
ou por atividades como a pecuária intensiva e a mineração. A prática se embasa
especialmente em leis de proteção que demandam o plantio de um percentual de
árvores a serem preservadas, proporcional ao tamanho de novas áreas plantadas,
garantindo tanto a preservação das pequenas áreas restantes de mata nativa –
através da redução do desmatamento - como a sua reconstituição, constituindo
espaços de preservação permanente e corredores ecológicos, protegendo-se a
biodiversidade e os ecossistemas, que possuem importância não apenas do ponto de
vista ambiental, mas também cultural e histórica.

Além disto, as florestas plantadas tem destaque como um dos principais recursos
atuais no combate às causas das mudanças do clima, devido à sua alta capacidade de
fixar o carbono atmosférico.

Assim, soma-se aos ganhos da atividade a integração de ações pro ambientais, que
se fortalecem também com o aumento de cultura das populações locais, envolvendo o
plantio de árvores que lhes proverão sustento, o aumento de qualificações locais e a
valorização ampliada do meio ambiente, ou seja, o aumento da capacidade critica
local através da inserção de novos processos produtivos nas regiões nas quais se
insere esta nova atividade.

O manejo florestal abrange desde a manutenção de áreas com as suas características


naturais essencialmente intactas até a implantação de monoculturas de espécies
exóticas, como fonte de matéria-prima para a produção industrial. Dentro deste leque,
existe todo um gradiente de atividades e objetivos a serem alcançados. Um fator
constante é que o plano de manejo geralmente deve atender e conciliar objetivos
múltiplos, ao invés de um objetivo único, específico, podendo variar ao longo do
período previsto, devido a mudanças de ordem econômica, ambiental ou cultural
(Boyce & Haney, 1997; FAO, 1984).

Aspectos como os possíveis impactos na biodiversidade local e em espécies


ameaçadas, na ciclagem de nutrientes, nos processos erosivos dos solos e na
qualidade e quantidade de água dos ambientes aquáticos adjacentes, bem como a
criação de empregos, a diversificação do uso do solo e a oferta de produtos florestais
alternativos, para consumo local e geração de renda, vêm sendo cada vez mais
utilizados nas avaliações de alternativas de manejo florestal (Blockhus et al., 1992;
Hamilton & King, 1983; Lugo & Lowe, 1995; Wilcox, 1995).

Outro fator importante é que as florestas plantadas não competem com a agricultura
tradicional, atividade importante em uma parcela significativa dos municípios
brasileiros (BRACELPA, set. 2010), podendo-se discutir sua compatibilização e
complementaridade com outras atividades econômica como a pecuária. Ou seja,
espécies arbóreas nativas e exóticas podem ser utilizadas em sistemas
agrossilviculturais ou agroflorestais (SAFs), envolvendo uma infinidade de práticas
agrícolas e florestais e de combinações de espécies arbóreas, culturas agrícolas e
criações de animais.

Podem contribuir para a expansão da cobertura arbórea em diversas situações,


auxiliando na recuperação de áreas degradadas, assim como na diversificação e
aumento da produção rural, da oferta de empregos e da geração de renda. Concorrem

54 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


também para a ampliação da diversidade biológica, aumentando a oferta de habitats
para diversas espécies silvestres e diminuindo o risco de ocorrência de pragas e
doenças (Dubois, 1996; Galvão, 2000; Young, 1989).

Esta proposta de constituição de um sistema agroflorestal ou agrossilvicultural tem


ganhado cada vez mais força no país, especialmente porque a integração entre
culturas alimentares e madeireiras é uma alternativa de produção importante para os
pequenos e médios produtores.

Estes são “sistemas de produção consorciada envolvendo um componente arbóreo e


outro, que pode ser animal ou cultivo agrícola, de forma a maximizar a ação
compensatória e minimizar a competição entre as espécies, com o objetivo de conciliar
o aumento de produtividade e rentabilidade econômica com a proteção ambiental e a
melhoria da qualidade de vida das populações rurais, promovendo, assim, o
desenvolvimento sustentado”. (Fatos e Números do Brasil Florestal, 2008, p. 78).

Assim, como este estudo aponta, a agrossilvicultura representa um sistema racional e


eficiente de uso da terra. Consiste numa prática de manejo na qual as culturas são
cultivadas nas ruas entre as fileiras ou renques plantados com espécies arbustivas ou
arbóreas, geralmente leguminosas e na qual as espécies lenhosas são podadas
periodicamente durante a época de cultivo.

Sintetizando, entre suas vantagens estão a recuperação da fertilidade dos solos, o


fornecimento de adubos verdes e o controle de ervas daninhas. Possibilita ainda o
aumento da diversidade dos sistemas monoculturais, controle das condições
microclimáticas para os outros componentes e melhoria ou conservação das
propriedades do solo e, acima de tudo, permite definir uma programação de plantio e
colheita de forma que o agricultor possa manter um fluxo constante de renda, durante
todo o ano e também preservar boa parte da floresta natural que cobre seu terreno
(ibid, p.78).

Em termos amplos, a agrossilvicultura gera divisas para o Estado e o país, empregos


nas regiões nas quais é implementada, controle do uso e do desmatamento da floresta
e diminuição dos focos de incêndio (ibid, p.79).

Ressalta-se também que a introdução da silvicultura, seja em conjunto com outras


atividades produtivas ou sozinha, deve se fortalecer a partir de uma mudança cultural
fundamental a nível local, que é a “incorporação”da “floresta” pelas populações locais.
Na introdução de uma nova cultura, existem formas de realizar este processo de
maneira mais profícua. As decisões tomadas podem afetar a nível local a vida das
comunidades pobres que vivem em áreas próximas às florestas, se destacando a
introdução de negócios de pequena escala para o processamento da madeira e de
outros produtos florestais.

Em todo o mundo há um amplo número de atividades florestais implementadas


através de métodos e abordagens participativas (FAO)3, desenvolvidos a nível
comunitário, junto a outros atores como governo local e setor privado.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Silvicultura, a atividade tem o potencial de

3
“Participatory forestry”, “Participação Florestal” se refere ao processo e aos mecanismos que capacitam àquelas
pessoas que tem uma participação direta nos recursos florestais para tomarem decisões em todos os aspectos da
gestão florestal, desde a gestão dos recursos até a formulação e implantação de quadros de referência institucionais.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 55


gerar todos estes benefícios acima apresentados, desde um viés da sustentabilidade.
De acordo com a definição Helsinki, “manejo florestal sustentável é o processo de
administrar terras florestais permanentes, para atingir um ou mais objetivos
específicos de manejo, com respeito à produção de fluxo contínuo de
produtos/serviços florestais desejados, sem a redução indevida de seus valores
inerentes, da produtividade futura sem efetuar danos indesejáveis sobre o ambiente
físico e social” (Funcia, out. 2008).

Funcia apresenta também a definição brasileira, de acordo com o Decreto n.o 1.282,
que entende por “manejo florestal sustentável a administração da floresta de modo a
se obter benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de
sustentação do ecossistema objeto do manejo”.

Segundo o autor (2008), o fomento da silvicultura é um mecanismo estratégico para a


indústria, para a sociedade e o governo. Como resultado, pode ocorrer a redução de
pressão sobre os recursos naturais, uma maior conservação do solo e da água, mais
absorção de CO2, melhoria nas infra-estruturas locais e maior geração de emprego e
renda, com estímulo às iniciativas locais e ao associativismo – a partir também da
criação de mais oportunidades para as comunidades e do desenvolvimento de novas
empresas – dinamizando a economia local e aumento na circulação de riquezas.

Desta forma, a sustentabilidade social pode ser fomentada a partir dos múltiplos usos
da madeira, do estímulo a empreendedores locais e à formação de arranjos produtivos
regionais, APRs, aumento da arrecadação de impostos e outras contribuições,
dinamizando a economia local, incluindo produtos florestais não madeireiros e uma
utilização múltipla da floresta, para recreação e lazer, turismo, educação ambiental.
Outros programas também surgem alavancados pela atividade, na área da saúde, em
alimentação, capacitação, segurança do trabalho e outros.

Como exemplo, para a utilização da floresta, em um dos trabalhos da FAO, na África,


com famílias com AIDS, foram sugeridas comissões de população e outros
mecanismos de gestão dos recursos naturais da comunidade, estabelecidos nas
aldeias. Em uma destas áreas foi criado um fundo da floresta, que financia algumas
ações para a comunidade local, como a construção de salas de aula e transporte para
hospitais, etc. o que, em situações mais equilibradas, pode ser aplicado para
atividades de desenvolvimento da própria floresta (Programa FAO, HIV/SIDA).

As atividades econômicas relacionadas às florestas plantadas, incluindo atividades


madeireiras, e o processamento industrial resultam em uma significativa geração de
empregos no país. O sistema agroindustrial florestal, no segmento de florestas
plantadas, em 2007, gerou aproximadamente 4,6 milhões de empregos incluindo
diretos (656 mil), indiretos (1,8 milhão) e empregos resultantes do efeito-renda (2,1
milhões). Nas florestas nativas este número gerou mais 4,0 milhões de empregos,
somando-se os diretos, indiretos e efeito renda, totalizando 8,6 milhões de empregos
gerados no setor de Base Florestal. (Sociedade Brasileira de Silvicultura, dez. 2008).

Na somatória deste ano, os empregos da atividade florestal foram estimados como


sendo da ordem de 8,6 milhões de postos de trabalho, considerando tanto as
atividades de manejo florestal, como processamento, distribuição, comercialização e
as atividades derivadas em toda a cadeia produtiva de florestas nativas e plantadas
(Sociedade Brasileira de Silvicultura, 2008), o que importa sobremaneira para o

56 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


presente Plano, uma vez que a geração de trabalho e renda é uma das necessidades
mais prementes das Regiões.

Em análise do IFDM – Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal4 - realizada pela


ABRAF (Anuário Estatístico da ABRAF, 2010), foram selecionadas algumas capitais
de estados e municípios com atividades florestais associadas a florestas plantadas,
para verificar-se o efeito das atividades sobre o desenvolvimento local.

O resultado revela que nestes municípios o IFDM aumentou em todos os seus


componentes, entre 2000-2006, principalmente para o Emprego & Renda (E&R) e a
Educação apresentando, em termos relativos, crescimento superior aos das
respectivas capitais, sinalizando o impacto positivo da atividade florestal em
municípios nas quais esta apresenta posição relevante no cenário econômico.

Além disto, o comércio mundial de produtos florestais teve crescimento de 6,8% nos
últimos 20 anos, segundo Marco Tuota (Anuário Brasileiro de Silvicultura, 2008, p.24).
Entre os principais produtos estão o papel, 51% do volume total, seguido da madeira
serrada, com 18% e a celulose, com 11%. Os maiores produtores são o Canadá, com
20,5% do volume mundial; os Estados Unidos, com 11,6% e a Finlândia, com 7,6%.
Em 2007, o Brasil foi responsável por 1,5% do montante mundial, segundo
informações do Anuário Brasileiro de Silvicultura deste ano.

O crescimento contínuo das exportações, apresentado nos últimos anos, é


conseqüência, principalmente, das vantagens competitivas do setor e do aumento no
consumo mundial por produtos florestais, notadamente de celulose e compensado de
pinus (Sociedade Bras. de Silvicultura, dez. 2007), sendo que, além do pinus e do
eucalipto, outros espécies de madeira plantadas são a acácia, a seringueira, teca,
araucária, populus e paricá.

Tabela 1 – Áreas de Florestas Plantadas com Outros Grupos de Espécies no Brasil


(em hectares)

Espécie Principais Estados com Plantio 2007 2008 2009


Acácia RS, RR 189.690 181.780 174.150
Seringueira Amazônia 118.149 117.506 128.460
Paricá PA, MA 79.159 80.177 85.320
Teca MT, AM, AC 48.576 58.813 65.240
Araucária PR, SC 17.500 12.525 12.110
Populus PR, SC 2.800 4.022 4.030
Outras - 1.701 1.867 2.740
Total 457.575 456.689 472.050
Fonte: Associadas da ABRAF; Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de
Borracha (APABOR); Centro de Pesquisa do Paricá (CPP); IBGE; diversas empresas e fontes;
STCP, 2010.

4
O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro avalia o
desenvolvimento econômico, social e humano a partir de alguns indicadores considerados essenciais, como emprego
& renda, educação e saúde, organizados com base em variáveis primárias mais atuais advindas de fontes oficiais
como o IBGE, Ministério da Educação e Ministério do Trabalho e Emprego, em períodos mais curtos de tempo do que
os fornecidos pelos censos.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 57


¹As áreas de florestas plantadas com seringueira no Brasil foram revisadas em função de
dados publicados pela Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha.
²Áreas com florestas tais como ipê roxo, fava arara, jatobá, mogno, acapu, entre outras.
Este crescimento da silvicultura brasileira totalizou, em 2006, 131 mil ha em novas
áreas/ano, junto a outros 500 mil ha de reformas florestais. O aumento ocorre através
da expansão das indústrias florestais e dos investimentos em novas fábricas de
celulose, de painéis de madeira reconstituída e de MDF – Médium Density Fiberboard
– e o uso do solo para florestamento vem se constituindo como uma alternativa
econômica no país, diante da grande demanda por matéria prima (Anuário, 2007).

Metade da demanda tem sido suprida por florestas plantadas de pinus e eucalipto,
estimada em 390 milhões de m3/ano, cuja produção anual tem sido de 184 milhões
m3/ano. Assim, das florestas plantadas, 27% é madeira proveniente de pinus e 73%
de eucalipto, aponta o Anuário Estatístico de 2007.

A evolução produtiva destas duas espécies, que tiveram aumento expressivo nas duas
últimas décadas de quase 100%, de acordo com a BRACELPA, se deu devido às
questões de clima e solo, pesquisa e desenvolvimento, setor privado organizado e
mão de obra altamente qualificada que, somado aos avanços tecnológicos atingidos.
Estes avanços ocorreram em genética, biotecnologia, matéria prima de alta qualidade,
planejamento sócio-ambiental, manejo florestal e rotação de áreas plantadas.
(BRACELPA, 2008).

Este crescimento foi ainda mais impulsionado diante do risco de um “apagão florestal,
sanado devido ao plantio de 1 bilhão de árvores em 2006, ao grande aumento de
certificação de áreas de floresta natural e outras iniciativas, como a participação dos
pequenos e médios produtores em área plantada, que triplicou entre 2002 e 2006,
passando de 7,8% do plantio para 25% do total, o que promove um impacto social
muito significativo para populações de baixa renda.

Desta forma, o desenvolvimento da silvicultura no país está intimamente ligado às


pesquisas realizadas, iniciadas a partir dos anos 80 e hoje concentradas em órgãos
como o próprio Ministério do Meio Ambiente e a Embrapa Florestas. Com métodos
diferenciados e novas tecnologias pôde-se aumentar a produtividade florestal e mitigar
condições adversas, decorrentes do uso intensivo da terra, dispondo atualmente de
grande capacidade técnica e científica (Anuário Estatístico ABRAF, 2010).

No entanto, apesar de uma ampliação de 17% nas exportações dos produtos


resultantes da silvicultura entre os anos de 2007 para 2008, a crise econômica teve
impactos negativos tanto nas exportações quanto no mercado interno. Segundo o
diretor executivo da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS) houve redução na
demanda e declínio no valor dos produtos e da matéria-prima, com novos projetos
sendo postergados ou mesmo suspensos, no primeiro semestre de 2009, como a
redução nas exportações de ferro gusa, na siderurgia. (Anuário de Silvicultura, 2009).

Ao longo do ano, Garlipp enfatizou que o setor vinha se recuperando, graças à sua
condição competitiva, à retomada da demanda da China e à estagnação na produção
e no fechamento de companhias produtoras no hemisfério Norte o que fez com que
as empresas voltassem a produzir a plena capacidade.

Segundo o Anuário Estatístico da ABRAF (2010, p.45), esta possibilidade de


crescimento pós-crise, tem em vista a recuperação econômica mundial, a

58 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


desoneração tributária de importantes setores da econômica nacional, a retomada do
mercado interno, o início das obras em 12 cidades e estados sede da Copa Mundial
de Futebol de 2014, a recuperação da economia mundial, bem como a retomada do
crescimento chinês.

Com relação ao parque industrial brasileiro de base florestal, consumidor de madeira


em tora, há dois tipos principais de indústria: empresas de grande porte,
especialmente constituída por segmentos produtores de papel e de celulose e de
painéis reconstituídos, que adotam modernas tecnologias nas florestas e nos parques
industriais. O segundo tipo se constitui por empresas de porte médio e pequeno,
muitas vezes familiares, que tratam dos segmentos de produção de madeira serrada,
de compensados e móveis, com baixo grau de mecanização e poucos recursos
tecnológicos modernos.

Em 2008 (Anuário de Silvicultura), já se estimava que a partir de fortes investimentos


no setor de celulose e papel, a produção deverá aumentar quase 50% entre 2007-
2012, segundo dados da BRACELPA. O aumento na elaboração brasileira de celulose
deverá passar o país da 6a posição mundial para a 4a, em termos de maiores
fornecedores da fibra.

Desta forma, os artigos florestais estão cada vez mais valorizados e são considerados
altamente competitivos no mercado internacional, buscando destacar-se na atividade
florestal de nativas a exóticas, conforme aponta o Anuário Brasileiro da Silvicultura
(2007).

Todo este processo de crescimento da atividade vem diretamente relacionado aos


aspectos institucionais legais, que tem se desenvolvido no Brasil ao longo das últimas
décadas, na medida em que o meio ambiente tem alcançado grande protagonismo em
todos os âmbitos de poder e junto às próprias populações.

O sistema legal, portanto, tem buscado regulamentar a atividade da silvicultura através


da ampliação da proteção ambiental e encontrar meios e instrumentos para a
conciliação complexa entre rentabilidade econômica e ganhos socioambientais. (ver
Anexo 1 para uma síntese institucional legal).

Plano Básico de Desenvolvimento da Silvicultura Sustentável no Norte e


Noroeste Fluminense e Entorno

Considerando-se o panorama mundial e brasileiro favoráveis, está sendo proposto um


Plano Básico de Silvicultura para o Norte e Noroeste Fluminense, que vai de encontro
a uma tendência nacional de ampliação da atividade. Como apontou Funcia (2008), a
silvicultura é um importante vetor de desenvolvimento sustentável, estratégico para o
país, que apresenta uma cadeia produtiva extensa e diversificada com mercados tanto
interno como externo.

De acordo com o Anuário Estatístico da ABRAF (2010), em agosto de 2009, a Câmara


Setorial de Florestas Plantadas, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento – MAPA, aprovou a Agenda Estratégica do Setor de Florestas
Plantadas, para consolidar as metas e objetivos do setor, através de Planos de Ações,
fundamentados nos desafios e oportunidades das atividades de florestas plantadas no

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 59


Brasil, o que deverá incrementar muito a situação atual.

Participaram de sua elaboração, inúmeros representantes de indústrias de transforma-


ção da madeira, profissionais e executivos especializados dos segmentos produtivos
de celulose e papel, siderurgia a carvão vegetal e painéis de madeira industrializados,
além de representantes dos produtores independentes. A partir dos cenários
analisados, foram elaborados quatro planos de ação para a obtenção dos níveis de
crescimento projetados:

A) revisão do Código Florestal;

B) Ampliação dos mecanismos de financiamento atualmente disponíveis para o plantio


de florestas de eucalipto e pinus e criação de novos;

C) Criação de uma Política Nacional de apoio às florestas plantadas, fundamentada


em políticas públicas para o setor;

D) Identificação e superação dos gargalos de infraestrututra, em especial dos meios


de transporte para madeira e para os produtos industriais da cadeia de base florestal.

Nestes estudos, destacam-se alguns efeitos positivos oriundos do setor de florestas


plantadas, que além dos já citados como o potencial de criação de empregos e
geração de renda, a capacidade de geração de receita bruta do setor e as
oportunidades de mitigação dos problemas ambientais, possibilitam também a
manutenção da biodiversidade, a redução do ritmo de urbanização – que em ambas
as regiões encontra-se bastante elevado – a sustentação de pequenas propriedades e
a melhoria do IDH que, segundo o Anuário, foi comprovada nos municípios e regiões
com predominância de plantações florestais.

60 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Mapa 1 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Divisão Político Administrativa

Fonte: CIDE, 2008

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 61


No entanto, de acordo com o Anuário, o Estado com a maior extensão de florestas de
pinus e eucalipto foi Minas Gerais, seguido por São Paulo, Paraná, Santa Catarina,
Bahia e Rio Grande do Sul – incluindo-se o plantio de outras espécies para o
aproveitamento da madeira ou de outros subprodutos - ou seja, o Estado do Rio de
Janeiro ainda não ocupa um lugar de destaque na economia brasileira no que se
refere à silvicultura e nas regiões Norte e Noroeste, a silvicultura é muito pouco
significativa, praticamente inexistente.
O Mapa a seguir, com ano de referência de 2009, revela a distribuição de florestas
plantadas no Brasil, com destaque para os Estados de Minas Gerais e São Paulo, com
as maiores áreas plantadas.

Mapa 2 – Área e Distribuição das Florestas Plantadas no Brasil em 2009

Fonte: Anuário Estatístico ABRAF, 2010, p. 31.


Ressalta-se que, conforme o Relatório da Fundação CIDE (2002), apesar da
inexistência de uma indústria florestal de destaque no Estado do Rio de Janeiro, como
ocorre em outros estados da Região Sudeste, foram realizados diversos plantios,
cobrindo a maioria das regiões ecológicas do seu território (IBDF, 1982b; Golfari &
Moosmayer, 1980).
Alguns destes plantios apresentaram rendimentos baixos, devido à combinação de
inúmeros fatores, como a utilização de espécies de procedências inadequadas para as

62 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


áreas plantadas, o baixo nível tecnológico empregado ou o abandono das áreas após
o plantio. Iniciativas mais recentes, vinculadas diretamente, e em geral, a indústrias
consumidoras de matéria-prima florestal e que incorporam os avanços da ciência
florestal no país, apresentam níveis bem mais elevados de rendimento no Estado
(Mora & Garcia, 2000).

Além disto, há que se considerar que especificamente no território fluminense é visível


a perda da cobertura vegetal nativa e sua substituição por pastagens. Segundo dados
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), as diferentes formações de mata
nativa que cobriam 97% deste território em 1500, estavam reduzidas a 16%, no ano de
2000 e, apesar de ter havido recentemente uma pequena recuperação da cobertura
vegetal fluminense, os fragmentos vegetais existentes continuam sob pressão
constante da ação humana, pelo crescimento urbano descontrolado ou pela ampliação
das atividades agrícolas (Pedlowski, 2003).

No Norte e Noroeste Fluminense as perdas de áreas da Mata Atlântica são ainda mais
agudas, explica Pedlowski, uma vez que a implantação das monoculturas de cana-de-
açúcar e café, combinadas com a pecuária extensiva, tiveram um impacto dramático
sobre seus estoques de floresta nativa. Isto há provocado inúmeros problemas nas
últimas décadas, como a redução dos índices pluviométricos e a conseqüente
diminuição dos volumes hídricos em muitos de seus municípios.

Tal panorama indica que as regiões possuem características ambientais de


degradação que modificaram bastante sua condição inicial e, portanto, a introdução da
silvicultura necessita dar-se de uma maneira acima de tudo protetora com as
condições ambientais locais, com o imperativo de melhorar-se sua qualidade ao longo
dos anos, incluindo processos fundamentais de reflorestamento e condições que
garantam a fixação do homem no campo através da criação de postos de trabalho.

Neste sentido, como muito bem coloca Pedlowski (2003, p. 20), “a oposição à
monocultura do eucalipto não deve advir apenas de preocupações de cunho
ambiental, mas principalmente da necessidade de geração de um modelo de
desenvolvimento regional que incorpore, e não aliene, parcelas significativas da
população rural, que hoje enfrentam graves dificuldades para se manter na agricultura
por causa do stress ambiental em que se encontra a maior parte dos municípios do
Norte/Noroeste fluminense”.

No estudo em questão, além dos 22 municípios que compõem as Regiões, novos


foram acrescidos às áreas propostas para a silvicultura – em termos de representação
gráfica, como mapas - devido à sua proximidade geográfica e características
peculiares à atividade, que ocupa territórios contínuos.
Este grupo de municípios possivelmente receberá um mesmo conjunto de
investimentos econômicos, sociais e ambientais que atingirão seus territórios, sendo
eles Carmo, Cantagalo, São Sebastião do Alto, Santa Maria Madalena, Sumidouro,
Duas Barras, Cordeiro, Macuco, Trajano de Moraes e Bom Jardim.
Desde a perspectiva social, objeto central deste texto, deseja-se pensar os impactos
possíveis a partir da introdução desta nova atividade econômica, que pressupõe
grandes mudanças na vida das populações. Se faz mister compreender quais serão
estes possíveis impactos, positivos e negativos, as mudanças previsíveis e problemas
evitáveis, inclusive considerando-se outras experiências de processos de silvicultura já
implementados.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 63


Primeiramente será traçado um perfil macro das populações a serem atingidas pelo
Projeto, que incluem os dados das Regiões Norte e Noroeste em termos de população
urbana e rural, densidade populacional, características de gênero e faixa etária.

Outro aspecto investigado relaciona-se com questões de vulnerabilidade constatadas


nestas áreas, utilizando para tal as medidas de renda per capita, grau de pobreza e
percentual de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família.

Em um terceiro momento diagnóstico trata-se do tema Trabalho, abordando-se as


questões da PEA, características de informalidade e precariedade nas condições de
trabalho ofertadas, remunerações ofertadas e especializações produtivas municipais.

Posteriormente são sugeridas estratégias para a implantação da atividade em si, junto


com a definição das espécies e suas atividades de manejo e produção secundária,
que determinarão em grande parte o perfil produtivo para o qual a população deverá
se preparar. São discutidas estratégias para a relocação das famílias e a criação de
ecovilas-novas centralidades, além do processo de qualificação profissional,
apontando-se algumas grandes áreas de formação que deverão ser ofertadas para
seus habitantes, visando a absorção mais ampla possível da população local, para
erradicar a pobreza e o desemprego que atingem parte expressiva destes municípios.

Complementariamente, sugere-se a implantação de ações para apoio às pequenas e


médias empresas na área do desenvolvimento de atividades advindas das florestas.

2. PERFIL DA POPULAÇÃO

A Região Norte conta atualmente com uma população total de 811.089 habitantes, o
que equivale a 5% da população do Rio de Janeiro. Esta população se distribui em
uma extensão territorial de aproximadamente 9.797,4 Km, o que corresponde a 22%
da área total do Estado (dados 2007, IBGE).

Gráfico 1 – Rio de Janeiro, Distribuição Percentual da População por Regiões do Estado,


2009

Regiões do Estado do Rio de Janeiro Distribuição Populacional %, 2009

Região Centro-Sul Região da Costa Região das


Fluminense Verde Baixadas
Região Serrana 1,70% 2,10% Litorâneas
5,11%
Região Norte 5,61%
Fluminense
Região do Médio
5,01%
Paraíba
5,51%

Região Noroeste
Fluminense
2,00%

Região
Capital Metropolitana
38,88% (exceto Capital)
34,07%

Fonte: TCE - Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2009

64 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Pesquisas e prospecções do IBGE, no período de 1991 a 2009, apontam para um
aumento populacional gradativo na Região, não se diferenciando muito das tendências
estadual e nacional.

No entanto, percebe-se que a taxa de crescimento demográfico da Região, nestas


décadas, foi mais expressiva do que a do Estado e a do Brasil. Neste período, a taxa
de crescimento total estadual foi de 25%, o que corresponde a uma média de 1,39%
ao ano, enquanto o Brasil apresentou a taxa de crescimento total de 30,4%,
perfazendo a média de 1,69% ao ano.

A Região Norte, por sua vez, apresentou taxa de crescimento total de 32,6% e a
média anual de crescimento foi de 1,81%. Ou seja, seu crescimento populacional foi
7,6% maior que o crescimento estadual e 2,2% maior que o crescimento do país.

Gráfico 2 – Região Norte Fluminense, Evolução da População, 1991 a 2010

Evolução da População Total da Região Norte Fluminense


hab.

900.000 811.089 812.358


766.320
800.000 698.783
653.844
700.000 611.576

600.000

500.000

400.000

300.000

200.000
1.991 1.996 2.000 2.007 2.009* 2.010 Ano
* Estimativa

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População,


2009. Elaboração da Autora.

Dados anteriores, referentes ao ano de 2000, indicavam que a densidade demográfica


da Região foi significativamente inferior à do Estado do Rio de Janeiro,
correspondendo respectivamente a 51,75 e 328,6 hab./km².

Campos do Goytacazes e Macaé são os municípios mais populosos, ambos com mais
de 100.000 habitantes, apresentando densidade demográfica superior a 100 hab./km².
Conceição de Macabu e São João da Barra aparecem em seguida, com as taxas de
53,7 e 59,5 hab./km². O restante dos municípios apresentou densidades demográficas
relativamente baixas, contribuindo para as menores densidades demográficas do
Estado, que ocorrem no Norte e Noroeste Fluminenses, conforme os gráficos a seguir
revelam.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 65


Em 2009, dados atualizados mostram que Campos dos Gytacazes possuía a metade
da população regional, com 54,5%, seguido por Macaé, com cerca da metade deste
percentual, 23,94%, ambos os municípios totalizando 78,44%. Os outros
apresentaram percentuais populacionais pequenos, ficando 4,98% em São Fidélis,
4,51% em São Francisco de Itabapoana e 3,95% em São João da Barra, sendo que
todos os demais estavam abaixo do percentual de 3%, cada.

Gráfico 3 – Região Norte Fluminense, Distribuição Percentual da População por


Município, 2010

Região Norte Fluminense Distribuição Populacional %, 2010

Campos dos
Goytacazes
São João da Barra 54,45%
3,95%

Carapebus
1,62%

São Francisco de
Itabapoana Cardoso Moreira
4,51% 1,53%

São Fidélis Conceicao de


4,98% Quissamã Macaé
Macabu
2,42% 23,94%
2,60%

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010. Elaboração da autora.

Já a Região Noroeste possui atualmente com uma população total de 323.436


habitantes, o que equivale a 2% da população do Rio de Janeiro e é menos de 50%
que a população do Norte, com 811.089 habitantes. Esta população se distribui em
uma extensão territorial de aproximadamente 5.388 km, o que corresponde a 13% da
área total do Estado.

As pesquisas do IBGE entre 1991 a 2009 apontaram para um aumento populacional


gradativo na Região. Assim como na Região Norte, sua população vem crescendo
paulatinamente, ainda que de forma heterogenia. Todavia, este crescimento
populacional se apresenta inferior ao crescimento do Estado.

Neste período, a taxa de crescimento total estadual foi de 25%, o que corresponde a
uma média de 1,39% ao ano. O Brasil apresentou a taxa de crescimento total de
30,4%, perfazendo a média de 1,69% ao ano. A Região Noroeste, por sua vez,
apresentou taxa de crescimento total 18,45%, o que corresponde a 1,02% ao ano, ou
seja, menor que as médias estaduais e nacionais e que a média da Região Norte, de
1,81%/ano.

66 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Gráfico 4 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2010

Evolução da População Total da Região Noroeste Fluminense


hab.
900.000

800.000

700.000

600.000

500.000

400.000 273.062 283.596 297.696 307.033 323.436 307.638

300.000

200.000
1.991 1.996 2.000 2.007 2009* 2.010 Ano
* Estimativa

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População,


2009. Elaboração da autora.

Os dados referentes ao ano de 2000 indicaram que a densidade demográfica da


Região também foi significativamente inferior à do Estado do Rio de Janeiro,
correspondendo respectivamente a 52,9 e 328,6 habitantes por km², similares aos
dados do Norte Fluminense.

Os maiores índices de densidade demográfica foram encontrados nos Municípios de


Aperibé 89,4 e Miracema 89,5 habitantes/km². Em seguida figurou Itaperuna, 78,2 e
Santo Antônio de Pádua 62,9. São José de Ubá e Cambuci foram os que
apresentaram os menores índices de população por km², respectivamente, 25,6 e 26,
contribuindo para a baixa densidade demográfica regional. Destes municípios
menores, à exceção de Laje do Muriaé, todos os outros enfrentaram emancipações
recentes, provável causa para uma população ainda pequena.

Considerando-se os dados recentes de 2009, nenhum dos municípios apresentou


população superior a 100.000 habitantes, segundo dados do IBGE. A população de
Itaperuna corresponde a 29,18% do total da Região Noroeste, enquanto Santo Antônio
de Pádua abriga 12,92%. Bom Jesus de Itabapoana teve 11,42% da população total,
Miracema, 8,56% e Itaocara, 7,44%. São estes seus Municípios mais populosos; os
outros tem pequenos percentuais de população, sendo que quatro deles possuem
população menor do que 10.000 habitantes: Aperibé, Laje do Muriaé, São José de
Ubá e Varre-Sai.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 67


Gráfico 5 – Região Noroeste Fluminense, Distribuição Percentual da População por
Município, 2010

Região Noroeste Fluminense Distribuição Populacional %, 2010

Cambuci Italva
4,07% Itaocara
Bom Jesus do 4,74%
7,44% Itaperuna
Itabapoana
29,18%
11,42%

Aperibé
3,32%

Varre-Sai
2,99%

São José de Ubá


Laje do Muriaé
2,28%
2,43%
Santo Antônio de
Miracema
Pádua Porciúncula Natividade
8,56%
12,92% 5,75% 4,89%

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010. Elaboração da autora.

2.1 População Urbana e População Rural

Simultaneamente ao fluxo migratório ocorrido nas últimas décadas, o processo de


urbanização também vem crescendo em ambas as regiões, seguindo a própria
dinâmica brasileira.

Neste cenário, constata-se que o processo de urbanização local vinha ocorrendo de


forma mais acelerada no Norte do que no Estado. No período de 20 anos, a taxa de
urbanização fluminense cresceu 1,5%, passando de 95,25% em 1991 para 96,71% em
2000. No mesmo período, a taxa de urbanização da Região Norte cresceu 8,9%,
subindo de 79,20% para 88,14%, ou seja onze vezes maior do que o indicador
estadual, mas ainda foi menor do que o índice estadual, especialmente pelos
municípios com maior população rural, como Quissamã e São Francisco de
Itabapoana.

No Norte, entre 1991 e 2000, quase todos os seus municípios tiveram aumentos
consideráveis na taxa de urbanização, destacando-se São João da Barra, que em
1991 apresentou taxa de urbanização de 50,02% e em 2000, de 70,92%.

Em 1991, aqueles que apresentaram taxas mais elevadas de urbanização foram


Conceição de Macabu, 82,43%, Campos dos Goytacazes, 83,44% e Macaé 88,54%.
Em 2000, estas taxas aumentaram ainda mais, sendo que em Macaé o índice
alcançou 95,13% e os demais apresentaram urbanização superior a 60%, à exceção
de São Francisco de Itabapoana, com 46,73%.

68 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Os dados do Censo de 2010, com ano referência de 2009, revelaram continuidade na
situação. Macaé e Campos dos Goytacazes continuam sendo os municípios com taxa
mais elevada de urbanização, 98,13% e 90,30%, respectivamente, seguidos por
Conceição de Macabu, com 86,47% e São Fidélis, São João da Barra e Carapebus,
cada um com aproximadamente 80% de população urbana. As taxas de urbanização
mais baixas continuam sendo as de Quissamã, 64,3% e São Francisco do
Itabapoana,, 50,99%, sendo que este último apresenta como peculiaridade ainda
manter a metade da sua população na zona rural.

À exceção de Conceição de Macabu, que diminuiu dois pontos percentuais em sua


taxa e Carapebus, que manteve esta taxa estável, todos os outros municípios
aumentaram seu percentual de população urbana.

Tabela 2 – Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991, 2000 e
2010
População por Situação de Domicílio – 1991, 2000 e 2010

Municípios da Taxa de
População Urbana População Rural
Região Norte Urbanização %
Fluminense 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010
Campos dos
324.667 364.177 418.565 64.442 42.812 44.980 83,44 89,48 90,30
Goytacazes
Carapebus - 6.875 10.542 - 1.791 2.806 - 79,33 78,98
Cardoso
- 8.041 8.764 - 4.554 3.776 - 63,84 69,89
Moreira
Conceição de
13.982 16.542 18.332 2.981 2.240 2.868 82,43 88,07 86,47
Macabu
Macaé 89.336 126.007 202.873 11.559 6.454 3.875 88,54 95,13 98,13
Quissamã 4.410 7.699 13.016 6.057 5.975 7.228 42,13 56,3 64,30
São Fidélis 22.160 26.513 29.689 12.421 10.276 7.864 64,08 72,07 79,06
São Francisco
- 19.228 21.090 - 21.917 20.267 - 46,73 50,99
de Itabapoana
São João da
29.791 19.631 25.715 29.770 8.051 7.052 50,02 70,92 78,48
Barra
Total da
484.346 594.713 748.586 127.230 104.070 100.716 79,2 85,11 88,14
Região Norte
Total do
Estado do Rio 12.199.641 13.821.466 15.466.996 608.065 569.816 526.587 95,25 96,04 96,71
de Janeiro
-- = sem informação
5
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Censo 2010. Elaboração da autora.

Observa-se ainda que durante década de 90, houve o maior crescimento na taxa de
urbanização, de 6%, passando de 79,2% para 85,11%, enquanto na década seguinte
o aumento foi de 3%, se alcançando a taxa de 88,14% no Norte Fluminense.

No gráfico a seguir, pode-se verificar os aumentos gradativos de população urbana


enquanto a população rural foi decrescendo. Estas elevadas taxas de urbanização na
5
Os valores de população total dos municípios neste quadro diferem dos valores apresentados no tópico anterior, que
trata do perfil da população. O outro dado é mais fidedigno, porque é o resultado do Censo 2010 do IBGE, enquanto
estes valores são estimativas e os dados atualizados ainda não estão disponíveis no IBGE.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 69


maioria dos municípios apontam para a perda de população rural da Região Norte, na
década de 90, principalmente devido à substituição crescente dos meios produtivos
rurais, em detrimento dos grandes processos industriais e do mercado de trabalho
presumivelmente potencializado nos centros urbanos.

Embora a indústria açucareira e alcooleira ainda tenha importância na atividade


econômica regional, nos últimos anos a produção do petróleo e do gás natural na
Bacia de Campos foi a principal responsável pela dinamização da economia regional.
Soma-se a esse fator a maior oferta de políticas públicas e serviços nas áreas
urbanas, que não atendem, na mesma proporção, às áreas rurais.

No entanto, nesta última década, apesar do salto expressivo da população urbana de


594 mil habitantes para cerca de 750 mil habitantes, a população rural se manteve
praticamente estável, na casa de 100 mil habitantes, ou seja, neste caso não houve
perda tão expressiva de população rural, mas sim incremento do número de
habitantes nas áreas urbanas.

Gráfico 6 – Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991, 2000 e
2010

Evolução da População por Situação de Domicílio na Região Norte


Hab.

800.000 748.586

700.000 594.713

600.000 484.346

500.000

400.000

300.000

200.000 127.230 104.070 100.716

100.000

0
1991 2000 2010 1991 2000 2010 Ano

População Urbana População Rural

Fonte: IBGE - Censos Demográficos. Elaboração da autora.

Assim, destacando-se apenas o ano de 2010 com o percentual de habitantes na área


rural, tem-se 748.586 habitantes nas áreas urbanas do Norte e 100.716 habitantes nas
áreas rurais, o que representa 12,25% da população total. O percentual maior de
população rural foi encontrado em São Francisco do Itabapoana e Quissamã e os
menores percentuais são o de Campos dos Goytacazes e o de Macaé, que tem
apenas 2% de habitantes na zona rural.

70 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Tabela 3 – População por Situação de Domicílio, 2010

População Por Situação de Domicílio 2010


População População População População Rural /
Região Norte Fluminense
Urbana Rural Total População Total (%)
Campos do Goytacazes 418.565 44.980 463.545 9,70
Carapebus 10.542 2.806 13.348 21,02
Cardoso Moreira 8.764 3.776 12.540 30,11
Conceição de Macabu 18.332 2.868 21.200 13,53
Macaé 202.873 3.875 206.748 1,87
Quissamã 13.016 7.228 20.244 35,70
São Fidelis 29.689 7.864 37.553 20,94
São Francisco de Itabapoana 21.090 20.267 41.357 49,01
São João da Barra 25.715 7.052 32.767 21,52
Total da Região Norte 748.586 100.716 849.302 12,25
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. Elaboração da autora.
Na Região Noroeste, as elevadas taxas de urbanização também indicam uma perda
contínua de população rural, igualmente devido à substituição crescente dos meios
produtivos rurais, reforçado pelas limitações no processo de comercialização produtiva
local, resultando no êxodo rural.

Comparando-se a Região com o Estado, observa-se que esta vem se aproximando


dos níveis de urbanização estadual, ao longo dos anos. Em 1991 o Estado apresentou
taxa de urbanização de 95,25%, enquanto a Região Noroeste atingiu 68,33%, ou seja,
uma diferença percentual de 26,92%. No ano de 2000, essa diferença caiu para
16,88%, indicando que a urbanização regional está ocorrendo em ritmos mais
acelerados do que a estadual e em 2010 esta diferença foi de 14,1%, com a taxa de
urbanização regional de 82,62%.

Ressalta-se ainda que esta taxa é um pouco menor do que do Norte, com 88,14%,
especialmente porque os municípios do Noroeste ainda mantém mais forte a tradição
agrícola e não possuem centros urbanos de porte tão expressivo como Campos e
Macaé, os quais elevam as taxas totais de urbanização devido a seu grande
contingente populacional urbano.

No período de 1991 a 2000, todos os seus municípios tiveram aumentos expressivos


na taxa de urbanização, destacando-se Italva que apresentou aumento em seu
processo de urbanização de 20,29% de 1991 para 2000, passando de 49,76% para
70,05% e Laje do Muriaé cuja taxa de urbanização aumentou 20,15% no mesmo
período de 50,96% para 71,11%.

Em 1991, as maiores taxas de urbanização apresentadas foram em Miracema,


83,51%, Itaperuna com 79,16%, Bom Jesus do Itabapoana, 70,90% e Santo Antônio
de Pádua, 70,77%. Cambuci e Italva apresentaram os índices menores, sendo 44,56%
e 49,76%, respectivamente. Em todos os municípios dos quais se possui registro, as
taxas de urbanização em 2000, cujos valores ultrapassaram os 67%, à exceção de
São José de Ubá, 36,27% e Varre-Sai, 52,61%. Neste ano, em Itaperuna, a
urbanização alcançou 89,23%, em Miracema 88,84 e em Aperibé 85,33%.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 71


Em 2010, à exceção de Santo Antônio de Pádua que manteve a mesma taxa de
urbanização, todos os outros municípios apresentaram aumento. As maiores taxas
foram registradas em Itaperuna e Miracema, os dois municípios com taxa acima de
90%, seguidos por Aperibé e Bom Jesus de Itabapoana. A maioria dos municípios teve
uma taxa de 75%, sendo que Varre-Sai e São José de Ubá apresentaram as menores
taxas, de 61% e 44%, respectivamente.

Tabela 4 – Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991,


2000 e 2010
População por Situação de Domicílio - 1991, 2000 e 2010
Municípios da População Urbana População Rural Taxa de Urbanização %
Região
Noroeste 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010
Fluminense
Aperibé - 6.842 8.880 - 1.176 1.335 - 85,33 86,93
Bom Jesus de 21.180 27.425 29.912 8.693 6.230 5.472 70,9 81,49 84,54
Itabapoana
Cambuci 9.362 9.946 11.301 11.649 4.724 3.528 44,56 67,8 76,21
Italva 6.352 8.841 10.228 6.412 3.780 3.799 49,76 70,05 72,92
Itaocara 13.494 15.928 17.329 9.439 7.075 5.573 58,84 69,24 75,67
Itaperuna 61.742 77.378 88.408 16.258 9.342 7.468 79,16 89,23 92,21
Laje do Muriaé 3.804 5.624 5.636 3.660 2.285 1.855 50,96 71,11 75,24
Miracema 20.954 24.044 24.701 4.137 3.020 2.128 83,51 88,84 92,068
Natividade 12.136 11.741 12.041 9.629 3.384 3.036 55,76 77,63 79,863
Porciúncula 9.535 12.018 13.902 5.026 3.934 3.869 65,48 75,34 78,229
Santo Antonio
28.025 29.415 31.086 11.575 9.277 9.483 70,77 76,02 76,625
de Pádua
São José de - 2.326 3.098 - 4.087 3.905 - 36,27 44,238
Ubá
Varre-Sai - 4.132 5.805 - 3.722 3.698 - 52,61 61,086
Total da
Região 186.584 235.660 262.327 86.478 64.036 55.149 68,33 79,16 82,63
Noroeste
Total do
Estado do
12.199.641 13.821.466 15.466.996 608.065 569.816 526.587 95,25 96,04 96,71
Rio de
Janeiro
-- = sem informação
Fonte: IBGE - Censos Demográficos. Elaboração da autora.

O gráfico a seguir mostra que em 1991 a população urbana do Noroeste era de


186.584 e aumentou para 235.660, 26,30% a mais em 2000 e a população rural
decresceu de 86.478 para 64.036, isto é, 25,9% a menos em 2000. Em 2010, a
população urbana alcançou 262.327 habitantes, enquanto a população rural teve novo
decréscimo para 55.149, com perda de 36,23% nesta última década.

72 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Gráfico 7 – Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991,
2000 e 2010

Evolução da População por Situação de Domicílio da Região Noroeste


Hab.

300.000 262.327
235.660
250.000
186.584

200.000

150.000
86.478

100.000 62.036 55.149

50.000

0
1991 2000 2010 1991 2000 2010 Ano

População Urbana População Rural

Fonte: IBGE - Censos Demográficos. Elaboração da autora.

Fotos 1 e 2 – Laje do Muriaé

Fonte: Foto da autora, 2009.

Com relação à população do Noroeste e seus valores na área rural, à exceção de São
José de Ubá e Varre-Sai, os outros municípios tem percentuais de população rural
similares ao da Região Norte, sendo que Miracema e Itaperuna apresentaram os
menores valores.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 73


Tabela 5 – Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 2010
População por Situação de Domicílio 2010
Região Noroeste População População População População Rural /
Fluminense Urbana Rural Total População Total (%)
Aperibé 8.880 1.335 10.215 13,07
Bom Jesus de Itabapoana 29.912 5.472 35.384 15,46
Cambuci 11.301 3.528 14.829 23,79
Italva 10.228 3.799 14.027 27,08
Itaocara 17.329 5.573 22.902 24,33
Itaperuna 88.408 7.468 95.876 7,79
Laje do Muriaé 5.636 1.855 7.491 24,76
Miracema 24.701 2.128 26.829 7,93
Natividade 12.041 3.036 15.077 20,14
Porciúncula 13.902 3.869 17.771 21,77
Santo Antônio de Pádua 31.086 9.483 40.569 23,37
São José de Ubá 3.098 3.905 7.003 55,76
Varre-Sai 5.805 3.698 9.503 38,91
Total da Região Noroeste 262.327 55.149 317.476 17,37
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010. Elaboração da autora.
Sintetizando, isto significa que a população rural no Norte foi de 12,25%, com 100.716
habitantes e a população rural no Noroeste foi de 17,37%, com 55.149 mil hab.
totalizando 156.000 habitantes.

2.2 População Residente Por Sexo e Por Faixa Etária

As diferenças por sexo e por faixa etária também podem influenciar de diferentes
formas a implementação do Plano Básico da Silvicultura, visto que homens e mulheres
tendem a aproveitar algumas oportunidades de trabalho oferecidas por esta nova
atividade e suas cadeias produtivas, de maneira distinta. A composição dos grupos
etários locais também influencia na força de trabalho disponível e na caracterização da
formação social local.

Os grupos etários definem prioridades sociais e econômicas que devem existir nas
áreas a serem utilizadas pela silvicultura e uma parcela deste constitui a PEA, o grupo
de população economicamente ativa que estará disponível.

Com relação às diferenças de gênero, em pesquisa da FAO (www.fao.org/forestry/


enterprises/en/, 2010), em muitas culturas o acesso e o controle sobre os recursos
florestais – que são fundamentais para a sobrevivência sustentável de zonas rurais
pobres – é determinado pelas diferenças de gênero. Isto varia de país para país e
inclusive internamente, de acordo com a cultura local, suas tradições e outras circuns-
tâncias particulares das localidades.

Algumas questões fundamentais sobre a silvicultura e a subsistência de mulheres e


homens devem ser consideradas, como a falta de informação sobre os seus direitos
em relação ao acesso à floresta, a diferença que as mulheres frequentemente
enfrentam na posse e direito de acesso aos recursos naturais e diferentes

74 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


conhecimentos que homens e mulheres possuem com relação à silvicultura e que
levam a diferentes papeis no uso e manejo florestal.

Assim, observa-se o acesso limitado das mulheres à formação e participação na


tomada de decisões, ou seja, foi constatado que o sexo feminino se encontra, em
muitos casos, menos preparado para lidar com a implantação da silvicultura em iguais
condições que o sexo masculino. Neste sentido, torna-se importante conhecer as
diferenças locais para atuar de maneira equânime com relação aos habitantes e suas
características propiciando, por exemplo, iniciativas voltadas para as mulheres,
trabalhando na extração e processamento de produtos florestais não madeireiros.
(www.fao.org/forestry/enterprises/en/, 2010).

Considerando o tema em questão, as razões de sexo da Região Norte apontam para


uma pequena tendência de predomínio feminino em sua composição populacional,
salvo em Quissamã, São Francisco de Itabapoana e Carapebus, onde predomina o
sexo masculino, conforme se constata na tabela abaixo6.

Em Cardoso Moreira e São João da Barra, as razões de sexo se apresentam bem


equilibradas. Segundo o Caderno de Informações em Saúde (2009), contribui para o
aumento da população feminina no Norte a variação da mortalidade entre os homens
e as mulheres. As causas externas de morte associadas às agressões, homicídios e
acidentes de trânsito tiveram aumento significativo entre os anos de 1999 e 2005, nas
quais os homens estão mais envolvidos do que as mulheres.

Tabela 6 – Região Norte Fluminense, População Residente por Sexo, 2010


População Residente por Sexo - 2010
Municípios da Região Norte Sexo
Total
Fluminense Masculino Feminino
Campos dos Goytacazes 223.100 240.445 463.545
Carapebus 6.792 6.556 13.348
Cardoso Moreira 6.243 6.297 12.540
Conceição de Macabu 10.543 10.657 21.200
Macaé 102.471 104.227 206.748
Quissamã 10.036 10.208 20.244
São Fidélis 18.402 19.151 37.553
São Francisco de Itabapoana 20.802 20.555 41.357
São João da Barra 16.234 16.533 32.767
Total da Região Norte 414.623 434.629 849.302
Total do Estado do Rio de Janeiro 7.626.920 8.366.663 15.993.583
Total do Brasil 93.390.532 97.342.162 190.732.694
Fonte: Censo Demográfico 2010. Elaboração da autora.

Com relação à faixa etária, verifica-se que o maior percentual de população está entre
20 a 59 anos, sendo especialmente elevado nos jovens de 20 a 29 anos, 17,21%. O
grupo considerado infantil de 1 a 9 anos correspondeu a 15% da população, enquanto
os adolescentes de 10 a 19 anos somaram 16,09% do total e a população de 20 a 59
6
As discrepâncias que forem encontradas entre o número de habitantes desta tabela com os dados das tabelas
anteriores de população municipal se devem ao fato de que há duas fontes distintas, a primeira do Caderno de
Informações da Saúde e a segunda do Censo do IBGE, 2010, ambas fidedignas.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 75


anos representou 56,45%, sendo aquela considerada aptas para o trabalho – de
acordo com a definição usual - constituindo a PEA, população economicamente ativa.

Tabela 7 – Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária, 2009
Região Norte – Distribuição da População por Faixa Etária - 2009
Faixa Etária Total % em Relação a População Total
Menor 1 1.0461 1,29
1a4 48.411 5,97
5a9 67.526 8,33
10 a 14 64.903 8,00
15 a 19 65.656 8,09
20 a 29 139.595 17,21
30 a 39 119.392 14,72
40 a 49 114.558 14,12
50 a 59 85.450 10,54
60 a 69 50.843 6,27
70 a 79 29.999 3,70
80 e + 14.295 1,76
Total da Região Norte 811.089 100,00
Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATASUS. Elaboração da autora.

Na Pirâmide Etária abaixo, visualizam-se estes dados, com destaque para a sua parte
central, que indica um elevado número de residentes jovens e em sua fase produtiva,
de 20 a 59 anos. A proporção de menores de 10 anos também é grande, 15,59% e
apresenta poucas variações intra-municipais.

Gráfico 8 – Região Norte Fluminense, Pirâmide Etária, 2009

Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATASUS. Elaboração da autora.

76 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Estes valores apontam para o percentual de pessoas que demandam políticas
públicas específicas para a infância, adolescência e adultos em idade produtiva,
respectivamente, sendo que os dois primeiros grupos somam aproximadamente 32%
da população, o grupo produtivo 57% e o grupo de idosos os outros 11% do total,
demandando também cuidados particulares.

Os índices de envelhecimento, por outro lado, apontam para variações significativas


entre os municípios. Proporcionalmente à sua população total, São Fidélis concentra o
maior número de população idosa na Região, enquanto Macaé apresenta os menores
índices, o que provavelmente reflete o aumento de população economicamente ativa,
causada pelos movimentos migratórios das últimas décadas. Os idosos (acima de 60
anos) representam 11,73% da população total regional.

Assim como no Norte, as razões de sexo na Região Noroeste também apontam para
uma pequena tendência de predomínio feminino na população total, com 159.165
homens e 164.271 mulheres nos municípios, salvo Cambuci, São José de Ubá e
Varre-Sai, que tem um pequeno percentual a mais de população masculina. No geral,
as razões de sexo se apresentam bem equilibradas.

Tabela 8 – Região Noroeste Fluminense, População Residente por Sexo, 2010

População Residente por Sexo - 2010


Municípios da Região Sexo
Total
Noroeste Fluminense Masculino Feminino
Aperibé 5.023 5.192 10.215
Bom Jesus de Itabapoana 17.179 18.205 35.384
Cambuci 7.402 7.427 14.829
Italva 6.834 7.193 14.027
Itaocara 11.193 11.709 22.902
Itaperuna 46.541 49.335 95.876
Laje do Muriaé 3.754 3.737 7.491
Miracema 13.015 13.814 26.829
Natividade 7.441 7.636 15.077
Porciúncula 8.873 8.898 17.771
Santo Antônio de Pádua 19.946 20.623 40.569
São José de Ubá 3.498 3.505 7.003
Varre-Sai 4.778 4.725 9.503
Total da Região Noroeste 155.477 161.999 317.476
Total do Estado do Rio de Janeiro 7.626.920 8.366.663 15.993.583
Total do Brasil 93.390.532 97.342.162 190.732.694
Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATASUS. Elaboração da autora.

Da mesma maneira, com relação à faixa etária, o maior percentual de população


também foi contabilizado no grupo dos 20 aos 59 anos, sendo especialmente elevado
nos jovens de 20 a 29 anos, 16,49%. O grupo infantil, de 1 a 9 anos correspondeu a
14,23% da população, enquanto os adolescentes de 10 a 19 anos somaram 14,75%
do total e a população de 20 a 59 anos representou 56,71% da população total da
Região, o grupo considerado economicamente ativo para o trabalho.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 77


Tabela 9 – Região Noroeste Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária,
2009
Região Noroeste – Distribuição da População por Faixa Etária - 2009
Faixa Etária Total % em Relação à População Total
Menor 1 3.676 1,14
1a4 17.410 5,38
5a9 24.938 7,71
10 a 14 23.703 7,33
15 a 19 24.006 7,42
20 a 29 53.324 16,49
30 a 39 47.271 14,62
40 a 49 46.626 14,42
50 a 59 36.170 11,18
60 a 69 23.454 7,25
70 a 79 14.853 4,59
80 e + 8.005 2,47
Total da Região Noroeste 323.436 100,00
Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATASUS. Elaboração da autora.

Assim, o grupo infantil/adolescente soma aproximadamente 28,98% da população, o


grupo produtivo 57% e o grupo de idosos os outros 14,31% do total, cada qual
possuindo suas demandas particulares.

Na Pirâmide Etária é possível uma melhor visualização destes dados, com destaque
para seu centro, reforçando que a maior proporção da população se encontra em
idade produtiva.

Gráfico 9 – Região Noroeste Fluminense, Pirâmide Etária, 2009

Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATASUS. Elaboração da autora.

78 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Proporcionalmente à sua população total, a Região Noroeste foi a que concentrou o
maior percentual de idosos no Estado, correspondendo à aproximadamente 14% do
total da população residente na Região. Portanto, o índice de envelhecimento regional
é elevado, destacando Cardoso Moreira, Cambuci, Italva e Itaocara.
Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (2009), não houve nestes municípios
uma aumento na expectativa de vida da população, de maneira geral, supondo-se que
o número mais elevado da população idosa se deve, principalmente, a um evasão
significativa de jovens e não necessariamente à melhoria na qualidade e aumento da
expectativa de vida.
Observando-se todos estes dados, constata-se que há um pequeno predomínio do
sexo feminino em ambas as regiões, ainda que este valor não seja tão expressivo. Já
a PEA registrada foi de aproximadamente 56% no Norte e no Noroeste Fluminenses,
representando mais da metade de suas populações totais, além de que, nos tempos
atuais, há um grande contingente de pessoas fora da idade considerada constituinte
da PEA, de 20 a 59 anos, que trabalham, o que provavelmente representa, na prática,
um número ainda mais elevado de habitantes atuando no mercado de trabalho.
Outro levantamento importante que foi considerado diz respeito à possível existência
de comunidades indígenas ou quilombolas nas Regiões.
Nestas localidades não há registros de comunidades indígenas remanescentes,
segundo informações da FUNAI, Fundação Nacional do Índio. Em 2010, havia três
terras indígenas regularizadas no Estado, mas nenhuma no Norte e Noroeste.
Referente às comunidades quilombolas, há pelos menos 15 delas no Estado do Rio de
Janeiro, sendo que aproximadamente a metade está localizada na região litorânea do
Estado. As demais comunidades se encontram no interior, nos municípios de
Quissamã, Vassouras, Valença, Quatis e Rio Claro, sendo que do total apenas duas
tiveram suas terras tituladas junto ao INCRA e nas instâncias estaduais, em 2006
(Comunidades Quilombolas no Brasil, 2010).
No entanto, conforme informações da população local, além de Quissamã, também há
comunidades quilombolas localizadas em São Francisco do Itabapoana e Campos dos
Goytacazes.

2.3 População Por Distritos

Complementando a análise demográfica, os dados da distribuição da população por


distrito do Censo 20007 das mesorregiões Norte e Noroeste demonstram uma maior
concentração populacional nas sedes municipais e menores concentrações na medida
em que os distritos se afastam das sedes, para cada município, conforme
representado no Mapa a seguir.
Esta situação comum é explicada em grande parte pelas centralidades das sedes e
sua concentração de recursos físicos e financeiros, como centro produtivo e comercial,
criando hierarquias entre estas e os distritos e influenciando nas distribuições
populacionais, o que é uma tendência mundialmente constatada.

7
Ainda não foram disponibilizados os dados do Censo de 2010, do IBGE, relativos ao tamanho dos distritos municipais

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 79


Mapa 3 – Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Distrito - 2000

Fonte: IBGE Censo Demográfico 2000. Elaboração: Consórcio Rionor.

80 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


A partir desta caracterização da população, o público a ser considerado
primordialmente no presente trabalho foi estimado com base nos percentuais de área
rural a serem utilizados pela silvicultura.

Há um grande volume de terras passíveis de serem transformadas em florestas


plantadas no Norte e Noroeste Fluminense, baseado em informações técnicas,
desenvolvidas no Capitulo 1.

Deste volume total, cerca de 1.000.000 ha, definiu-se que serão consideradas
aproximadamente até 11% para a atividade da silvicultura e, conquanto não se
disponha de dados precisos sobre as áreas que serão efetivamente usadas, era
necessário seguir um critério para calcular-se, ainda que por estimativa, o número de
habitantes diretamente atingidos pela implantação da silvicultura.

Este cálculo foi feito, então, considerando-se o mesmo percentual utilizado para o uso
das terras, o que representa aproximadamente 10% a 15% da população rural total
das Regiões. De tal modo, em 2009, foram contabilizados 100.716 habitantes na área
rural dos municípios do Norte e 55.149 habitantes/rural do Noroeste, o que perfazem
156.000 habitantes/área rural, ou seja, calcula-se que entre 15 e 20 mil habitantes
serão diretamente atingidos pela silvicultura, no momento em que todas as áreas
eleitas como prioritárias estiverem ocupadas pelas florestas plantadas, possibilitando
compreender a dimensão da influência direta que este empreendimento poderá atingir
em termos de população. Ou seja, foram calculados que 15.000 a 20.000 habitantes
tem a probabilidade de serem mais atingidos pelo projeto, considerando-se as
populações rurais dos 22 municípios, nos territórios sugeridos para o plantio dos
maciços florestais.

A partir destes dados, tem-se uma visão macro do perfil das populações afetadas, o
que será complementado em seguida com a apresentação de algumas
vulnerabilidades que atingem uma grande parcela da população brasileira, mais
frequentemente nas áreas rurais do país. Isto se reflete em questões como o
desemprego e a pobreza, baixas condições infraestruturais, etc., fazendo com que
esta população recorra, por fim, a programas de auxílio subsidiados pelo Governo.
Estas “fragilidades” justificam, em parte, a implantação da silvicultura no Norte e
Noroeste Fluminenses, buscando-se a minimização significativa destes problemas.

Neste caso, serão abordados os tema da renda per capita e índices de pobreza, além
de discutir-se questões relativas ao tema “trabalho e renda” nas regiões.

3. RENDA PER CAPITA E POBREZA/VULNERABILIDADE - BOLSA FAMÍLIA

3.1 Renda per Capita e Pobreza

Os valores do PIB municipal não tratam com fidedignidade as realidades econômicas


da população, especialmente no caso de municípios que recebem receitas
expressivas e experimentam desigualdades sociais igualmente acentuadas, como é o
caso de vários municípios do Noroeste Fluminense e mesmo de alguns municípios do
Norte, que em sua maioria recebem “royalties” provenientes da exploração petrolífera
e gás.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 81


Como o cálculo do PIB considera todas as receitas municipais e se divide o valor pelo
número de habitantes, municípios que recebem grandes quantias a serem divididas
numericamente para populações relativamente pequenas resultam em um PIB per
Capita discrepante com a realidade, uma vez que os ganhos não são distribuídos para
a população de maneira equitativa, ao contrário, concentram-se para um grupo
restrito.

As próximas tabelas apresentam outro cálculo da renda per capita, baseado na renda
da população por amostragem, realizado pelo PNUD. Elas revelam valores
inexpressivos de renda per capita quando comparados ao PIB per capita municipal de
todos os municípios estudados, reafirmando a desigualdade social, pois enquanto
receitas expressivas são geradas, a população, de maneira geral, recebe valores
próximos a um salário mínimo e a proporção de pobres apresentada foi muito elevada.

Foram consideradas pobres as famílias com renda domiciliar per capita inferior a meio
salário mínimo. Nestas tabelas não se distinguiram a pobreza da situação de extrema
pobreza, ou indigência, que representam as famílias com renda mensal per capita de
até ¼ do salário mínimo/família. (Rezende e Tafner, 2005).

Ressalta-se que o ano final de referência das tabelas a seguir foi 20008, enquanto
para os cálculos de PIB municipal e PIB per capita o ano final foi 2006. Ainda assim,
os seis anos de diferença entre os dados não são a causa de tamanha desigualdade
encontrada.

Como contexto, as elevadas taxas de pobreza e indigência que o Estado apresentava,


em 2005, respectivamente de 22% e 7% de sua população praticamente se
mantiveram iguais ao longo dos últimos dez anos. O Norte e o Noroeste também
apresentaram índices muito elevados de pobreza e um pouco menores de indigência.

Como agravante, o Rio apresenta um padrão de elevada desigualdade de renda,


frequentemente a maior entre os estados mais desenvolvidos do Brasil, valor que
também se manteve quase constante nos últimos 30 anos, conforme descrito no Plano
Estratégico do Rio (2007).

No Norte, em 2000, a renda per capita média variou entre R$ 156,00 em São
Francisco de Itabapoana a R$ 392,94 em Macaé, a melhor renda regional e próxima à
renda per capita estadual, de R$ 413,90. Os municípios com renda per capita inferior a
R$ 200,00 foram Cardoso Moreira, Quissamã e São João da Barra e um pouco acima
deste valor, Campos, Carapebus, Conceição de Macabu e São Fidélis.

Apesar de todos haverem melhorado sua renda per capita média entre 1991-2000, a
proporção de pobres ainda era em torno de 40%, sendo que em Conceição de
Macabu e Macaé aumentou-se o número de pobres, ambos os municípios
apresentando mais do que o dobro da proporção de pobres do Estado do Rio em
2000, que era de 19,20% da população.

8
Este foi o último ano em que estes dados foram disponibilizados pelo IBGE, sendo que há expectativas de que, em
breve, o Censo 2010 apresente dados atualizados.

82 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Tabela 10 – Região Norte Fluminense, Indicadores de Renda e Pobreza, 1991 e 2000

Indicadores de Renda e Pobreza - 1991 e 2000


Renda per Capita Média Proporção de Pobres
Municípios da Região
(R$ de 2000) (%)
Norte Fluminense
1.991 2.000 1.991 2.000
Campos dos Goytacazes 190,56 247,20 43,15 38,29
Carapebus 125,93 203,22 37,75 40,01
Cardoso Moreira 81,86 166,05 53,08 36,71
Conceição de Macabu 143,74 213,91 40,07 43,07
Macaé 295,34 392,94 39,28 40,58
Quissamã 115,84 181,91 44,70 37,48
São Fidélis 151,89 212,84 47,08 37,80
São Francisco de Itabapoana 76,60 156,00 47,76 43,66
São João da Barra 140,93 177,33 40,33 38,32
Estado do Rio de Janeiro 312,00 413,90 25,50 19,20

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003. Elaboração da autora.

Nos municípios do Noroeste também houve melhorias expressivas na renda per capita
média entre 1991-2000, mas seus valores ainda foram extremamente baixos.

O melhor valor foi verificado em Itaocara, R$ 287,50, seguido por Itaperuna, R$


261,87 (bem menor do que R$ 392,00 em Macaé) e por quatro municípios com renda
per capita próxima a R$ 240,00, quais são Aperibé, Bom Jesus de Itabapoana,
Miracema, Natividade e Pádua. A pior renda per capita foi encontrada em Laje d35%,
bem maior do que os índices estaduais de 2000, com 19%, todavia um pouco menor
do percentual médio encontrado na Região Norte.

Referente aos percentuais de pobres mais baixos do Noroeste, estes foram


encontrados em Miracema, 41, 65% e em Itaperuna, Laje do Muriaé, Porciúncula, São
José de Ubá e Varre-Sai todos apresentando aproximadamente 38% de pobres, muito
acima da média estadual.

Os menores índices foram os de Santo Antônio de Pádua e Itaocara, 31%, em 2000.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 83


Tabela 11 – Região Noroeste Fluminense, Indicadores de Renda e Pobreza, 1991 e 2000

Indicadores de Renda e Pobreza – 1991 e 2000


Renda per Capita Média Proporção de Pobres
Municípios da Região (R$ de 2000) (%)
Noroeste Fluminense
1.991 2.000 1.991 2.000
Aperibé 120,72 240,16 45,16 34,89
Bom Jesus do Itabapoana 142,12 242,49 44,21 35,33
Cambuci 139,08 199,09 52,26 33,46
Italva 142,01 212,05 43,01 36,35
Itaocara 146,93 287,50 44,38 31,82
Itaperuna 211,86 261,87 39,94 38,47
Laje do Muriaé 102,97 166,94 48,68 38,30
Miracema 151,34 236,98 42,76 41,65
Natividade 148,35 242,38 45,52 34,73
Porciúncula 153,95 180,80 42,22 38,99
Santo Antônio de Pádua 163,72 242,03 40,99 30,71
São José de Ubá 148,40 199,51 48,27 38,39
Varre-Sai 115,04 176,02 49,60 38,50
Estado do Rio de Janeiro 312,00 413,90 25,50 19,20

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD. Elaboração da autora.

No geral, a proporção de pobres no Norte e no Noroeste Fluminense atingiu cerca de


40% das populações de cada um de seus municípios, em 2000, sendo um pouco mais
elevada no Norte, com a maior proporção de pobres, encontrada em São Francisco de
Itabapoana e em Conceição de Macabu, 43% e os menores índices encontrados em
Pádua e Itaocara, 31%, o que aparece como uma disparidade, tendo em vista as
elevadas receitas geradas no Norte, apontando novamente para a alta iniquidade
interna enfrentada nesta Região.

No mapa seguinte, com dados atualizados de 2009, fica visível que a proporção de
pobres mais elevada continuava predominando no Norte e no Noroeste Fluminense
em comparação com as outras Regiões do Estado, sendo que o Noroeste apresentou
uma situação de pobreza ainda mais acentuada, a pior de todo o Estado.

84 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Mapa 4 – Rio de Janeiro, Taxa de Pobreza

Fonte: Plano Estratégico do Rio, 2007, p.58, 59.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 85


De acordo com estes dados, no Noroeste, Pádua, Aperibé e Itaperuna apresentaram
os menores índices de pobreza, de 21,44 a 26,43%. Seguiram-se Itaocara, Bom Jesus
de Itabapoana e Italva, com índices de 26,95% a 31,3%. O grupo mais empobrecido,
de 31,33% a 50,19% foi formado por Varre-Sai, Porciúncula, Natividade, Laje de
Muriaé, Miracema, São José de Ubá e Cambuci, ou seja, a maioria dos municípios
desta Região está classificada no nível de pobreza mais acentuado de todo o Estado,
uma situação efetivamente alarmante.

Nos municípios do Norte a situação é um pouco melhor, mas não menos preocupante.
Macaé apresentou o menor índice de pobreza de ambas as regiões, situando-se na
faixa de 0,01% a 14,17%, seguido por Carapebus, com o nível de pobreza de 14,18%
para 21,43%. No outro grupo, com percentuais entre 21,44% e 26,94% estavam
Campos dos Goytacazes e São Fidélis. Os demais municípios se encontraram no
grupo com maior índice de pobreza, de 31,33% a 50,19%: Cardoso Moreira, São
Francisco de Itabapoana, São João da Barra e Quissamã, o que reflete as
disparidades econômicas internas enfrentadas pela Região Norte.

Outro indicador utilizado na compreensão da situação econômica das populações foi a


distributividade do Bolsa Família, programa do Governo Federal que auxilia o grupo de
população mais necessitado.

3.2 Bolsa Família - Região Norte e Noroeste Fluminense - Serviços


Prestados na Proteção Social Básica

A Proteção Social Básica (PSB), do Sistema Único de Assistência Social Brasileiro


(SUAS) tem como objetivo a prevenção de situações de risco – por intermédio do
desenvolvimento de potencialidades e aquisições – e o fortalecimento de vínculos
familiares, comunitários e sociais. Esse nível de proteção é destinado à população que
vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência
de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e/ ou
fragilização de vínculos afetivos − relacionais e de pertencimento social
(discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).

A PSB prevê o desenvolvimento de serviços, programas e projetos locais de


acolhimento, convivência e socialização de famílias e indivíduos, conforme
identificação da situação de vulnerabilidade apresentada. O trabalho deve ser
organizado em rede e incluir as pessoas com deficiência de modo a inseri−las nas
diversas ações ofertadas. Os benefícios, tanto de prestação continuada (BPC) como
os eventuais, compõem a Proteção Social Básica, dada a natureza de sua realização.

Apresenta-se em seguida um dos programas primordiais da Rede de Proteção Social


Básica de Atendimento, o Bolsa Família, complementado pela Rede de Atenção
Especial de média e alta complexidade do Norte e Noroeste Fluminense, atendendo à
população que se encontra em situação de vulnerabilidade, através da prestação de
serviços continuados de proteção, orientação e encaminhamento das pessoas para a
rede de serviços disponíveis nos seus municípios.

O Programa Bolsa Família (PBF) objetiva a transferência direta de renda, com


condicionalidades do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que
beneficia famílias pobres (com renda mensal por pessoa de R$ 60,01 a R$120,00) e

86 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


extremamente pobres (com renda mensal por pessoa de até R$ 60,00). As famílias
beneficiárias recebem do Programa o valor de R$ 18 a R$ 112/mês, de acordo com a
renda mensal/membro da família e proporcional ao número de crianças, gestantes e
nutrizes.

O PBF integra o Programa FOME ZERO do Governo Federal, que visa assegurar o
direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e
nutricional e contribuindo para a erradicação da extrema pobreza e para a conquista
da cidadania, pela parcela da população mais vulnerável à situações de fome.

Para tal, pauta-se na articulação de três dimensões essenciais à superação da fome e


da pobreza:

• Promoção do alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de


renda à família;

• Reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e


Educação, por meio do cumprimento de condicionalidades9, o que contribui para
que as famílias consigam romper o ciclo da pobreza entre gerações;

• Coordenação de programas complementares, que objetivam o desenvolvimento


das famílias, de modo que os beneficiários do Bolsa Família superarem a
situação de vulnerabilidade e pobreza. São exemplos de Programas
complementares: programas de geração de trabalho e renda, de alfabetização
de adultos, de fornecimento de registro civil.

No Norte Fluminense, um total de 38.756 famílias era beneficiado com o Programa em


2009, aproximadamente 13,2% do total. Deste percentual, 49,1% residia em Campos
dos Goytacazes, totalizando 19.030 famílias e outras 15,6% em Macaé, num total de
7.614 famílias, ou seja, a maioria dos beneficiários do Programa no Norte, 69%,
residiam nestes dois municípios. Por outro lado, considerando a população total e o
número de famílias residente em cada município, destacaram-se São Francisco do
Itabapoana e Cardoso Moreira com a maior proporção de famílias beneficiárias do
PBF, 31%.

Em ordem decrescente seguiram São Fidelis, com 28,8%, São João da Barra, com
25,7%, Conceição do Macabu, com 24,6%, Quissamã, com 21,4%, Carapebus com
18,5 %, Campos, com 17,53% e Macaé, com 15,6% de famílias contempladas pelo
Programa.

No mais, Campos dos Goytacazes criou um benefício adicional ao Bolsa Família


oferecido pela Prefeitura Municipal, para combater a indigência local, que atende a

9
A participação de uma família neste Programa depende do cumprimento de condicionalidades
relacionadas aos cuidados com a saúde e educação das crianças e adolescentes. Esta contrapartida da
família obedece à orientação de garantir os direitos básicos das crianças no que se refere ao acesso à
educação e à saúde, buscando diminuir sua situação de vulnerabilidade e contribuir para o rompimento
geracional da pobreza. Caso estas condicionalidades não sejam cumpridas, o benefício pode ser
suspenso ou cortado. Ressalta-se ainda que este benefício possui, na sua concepção, caráter provisório,
ou seja, o objetivo maior é que a transferência realizada contribua com a renda familiar até que a família
não “precise” mais do benefício, uma vez que ocorra o aumento da renda per capita.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 87


aproximadamente 25 mil famílias, através do repasse de R$ 100,00/mês, segundo
informações de Vidigal (2009, no site municipal).

Tabela 12 – Região Norte Fluminense, Famílias Beneficiárias do Bolsa Família, 2009


Proporção de
Média
Municípios da Região População Famílias Famílias
Total Aproximada Beneficiárias
Norte Fluminense Beneficiárias
de Famílias *
(%)
Campos dos Goytacases 434.008 108.502 19.030 17,53
Carapebus 11.939 2.984 552 18,5
Cardoso Moreira 12.481 3.120 981 31,4
Conceição de Macabu 20.687 5.171 1.275 24,6
Macaé 194.413 48.603 7.614 15,6
Quissamã 19.878 4.969 1.065 21,4
São Fidelis 39.256 8.814 2.541 28,8
São Francisco de Itabapoana 47.832 11.958 3.729 31,1
São João da Barra 30.595 7.648 1,969 25,7
Total da Região Norte 811.089 292.772 38.756 13,2
Nota: * O cálculo do número de famílias residentes nos municípios no ano de 2009 foi realizado
a partir da população total, considerando a composição familiar com uma média de 4 membros
por família.

Fonte: Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009.

Neste mesmo ano, no Noroeste Fluminense havia um total de 17.785 famílias


beneficiadas pelo Programa, o que corresponde a aproximadamente 21,8% do total
(bem acima de 13,2% do total no Norte). Destas, 28% residiam em Itaperuna, 4.996
famílias e outras 10,7% em Bom Jesus do Itabapoana, num total de 1.916.

Considerando a população total e o número de famílias de cada município, Itaocara e


Laje do Muriaé apresentaram a maior proporção de famílias beneficiárias, cerca de
30%, cada. Em ordem decrescente seguiram Varre-Sai, com 28,1%, Cambuci, com
27%, Porciúncula e São José de Ubá, com 26% cada, Miracema com 24,7, Natividade
e Italva, com 23% e Bom Jesus do Itabapoana, com 21,7%.

Os percentuais de Aperibé e Santo Antônio de Pádua foram de 19,3% e 12,4% sendo,


portanto, os municípios cuja menor fração da população residente foi beneficiária do
Bolsa Família.

Tabela 13 – Região Noroeste Fluminense, Famílias Beneficiárias do Bolsa Família, 2009


Proporção de
Média
Municípios da Região População Famílias Famílias
Aproximada
Noroeste Fluminense Total Beneficiárias Beneficiárias
de Famílias *
(%)
Aperibé 9.556 2.389 462 19,3
Bom Jesus do Itabapoana 35.303 8.825 1.916 21,7
Cambuci 14.770 3.692 999 27,0
Italva 14.676 3.669 870 23,7
Itaocara 22.452 5.613 1.768 31,4
Itaperuna 99.454 24.863 4.996 20,0

88 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


(continuação)
Proporção de
Média
Municípios da Região População Famílias Famílias
Aproximada
Noroeste Fluminense Total Beneficiárias Beneficiárias
de Famílias *
(%)
Laje do Muriaé 7.997 1.999 601 30,0
Miracema 26.824 6.706 1.660 24,7
Natividade 15.406 3.851 888 23,0
Porciúncula 18.444 4.611 1.208 26,1
Santo Antônio de Pádua 42.405 10.601 1.317 12,4
São José de Ubá 7.297 1.824 476 26,0
Varre-Sai 8.852 2.213 624 28,1
Total da Região Noroeste 323.436 80.859 17.785 21,8
Nota: * O cálculo do número de famílias residentes nos municípios no ano de 2009 foi realizado
a partir da população total, considerando a composição familiar com uma média de 4 membros
por família.

Fonte: Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009.

Verifica-se, portanto, que em ambas Regiões uma parcela bastante elevada de cerca
de 20 a 30% da população total depende do Benefício Bolsa Família para sua
sobrevivência, pressupondo-se ausência de trabalho e condições indesejáveis de
desigualdade e acessos, caracterizando-se um processo de exclusão social.

Os dados são, contudo, insuficientes para concluir-se que os municípios que


apresentavam menores proporções de famílias beneficiárias são aqueles que
possuíam uma renda per capita superior, o que significaria uma situação de pobreza e
vulnerabilidade menor que em outros municípios, apesar de esta ser a hipótese mais
provável. Assim, os municípios que provavelmente possuem famílias mais vulneráveis
– com maior percentual de recebimento de Bolsa Família foram Cardoso Moreira e
São Francisco de Itabapoana, no Norte e Itaocara e Laje do Muriaé, no Noroeste.

Estes valores da renda per capita junto ao percentual de famílias beneficiadas pelo
Bolsa Família revelam um grau de pobreza acentuado, supondo-se que outros
problemas sociais daí decorrem, o que justifica a busca dos governos locais e
estaduais por novas alternativas econômicas para as regiões. A análise se finaliza
com os dados das condições de trabalho locais.

3.3 Trabalho e Renda nas Regiões Norte e Noroeste

O próximo tópico descreve, através de diferentes perspectivas, a dinâmica do mercado


de trabalho das regiões Noroeste e Norte do Estado Fluminense, tendo como base de
comparação, sempre que possível, o desempenho brasileiro, regional e estadual das
variáveis analisadas.

Parte-se de uma caracterização geral da população economicamente ativa – PEA e


das condições de inserção desta no mercado de trabalho. Para tanto, são analisados
os níveis de informalidade e precariedade deste mercado, mais o grau de
remuneração média dos habitantes. Em seguida analisa-se o mercado de trabalho,
onde são observadas as variáveis como gênero, faixa etária e especialização
produtiva municipal.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 89


3.4 PEA10

Ao se analisar os dados da População Economicamente Ativa – PEA e da população


ocupada das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, conforme a tabela seguinte,
percebe-se claramente que o percentual de população ocupada é relativamente maior
entre os homens e na zona rural.

Na Região Noroeste, de acordo com os levantamentos censitários de 2000, aproxi-


madamente 89% da PEA encontravam-se efetivamente ocupadas. A população
masculina ocupada equivalia a 92% da PEA masculina, enquanto a feminina equivalia
a 85% da PEA feminina. Já na zona rural 93% da PEA encontravam-se ocupada,
enquanto na área urbana esta porcentagem equivalia a 88%.

A mesma tendência de ocupação foi observada na Região Norte, apesar desta


apresentar percentuais inferiores aos apresentados pelo Noroeste. 85% da PEA
estavam ocupadas e a taxa de ocupação entre os homens foi de 89%, mostrando-se
superior à das mulheres, 79% e a zona rural, 89% também apresentaram nível de
ocupação superior à urbana, 85%.

Tabela 14 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoas de 10 Anos ou Mais de


Idade, Economicamente Ativas e População Ocupada por Sexo e Situação do Domicílio,
2000

População Ocupada
PEA
Mesorregião Situação do (PO)
Sexo
Geográfica Domicílio Percentual
Pessoas Percentual Pessoas
(PO/PEA)
Total 138.860 100 123.812 0,89
Total Urbana 111.484 80,29 98.450 0,88
Rural 27.376 19,71 25.362 0,93
Total 85.124 61,3 78.036 0,92
Noroeste
Homens Urbana 64.620 46,54 58.431 0,90
Fluminense
Rural 20.504 14,77 19.606 0,96
Total 53.735 38,7 45.776 0,85
Mulheres Urbana 46.863 33,75 40.020 0,85
Rural 6.872 4,95 5.756 0,84
Total 310.036 100 264.744 0,85
Total Urbana 270.502 87,25 229.594 0,85
Rural 39.534 12,75 35.150 0,89
Total 189.472 61,11 168.927 0,89
Norte
Homens Urbana 160.325 51,71 141.659 0,88
Fluminense
Rural 29.147 9,4 27.268 0,94
Total 120.564 38,89 95.817 0,79
Mulheres Urbana 110.177 35,54 87.935 0,80
Rural 10.387 3,35 7.882 0,76
Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000. Elaboração da autora.

10
Este tópico foi desenvolvido Nildred Martins e Leandro Alves Silva, com algumas atualizações da autora, 2010/2011.

90 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Comparando-se os dados de ocupação, ou analogamente, os de desemprego das
Regiões Norte e Noroeste com outras localidades, caracteriza-se um bom
desempenho destas. De acordo com o Censo Demográfico de 2000, estas
apresentaram desempenho melhor em relação à taxa de desemprego, quando
comparados com o Estado do Rio de Janeiro, com a Região Sudeste Brasileira e com
o Brasil.

Apesar do Estado do Rio de Janeiro apresentar uma taxa de desemprego de 17,1%


superior à brasileira, de 15,4% e a da Região Sudeste brasileira de 16,4%, o Noroeste
Fluminense apresentou melhor desempenho, com uma taxa de desemprego de 10,8%
em 2000. Já o Norte mostrou uma taxa superior ao Noroeste, ainda que aquém das
demais, de 14,6%.

Seguindo a tendência de crescimento da população, em 2007, a PEA equivaleria a


143.215 pessoas no Noroeste, das quais 42.213 encontravam-se empregadas no
mercado de trabalho formal, de acordo com os dados publicados na RAIS para este
mesmo ano. Considerando que o percentual de ocupação permaneça o mesmo (89%),
infere-se que aproximadamente 33% dos trabalhadores estariam ocupados no
mercado de trabalho formal e 67% no mercado informal.

Fazendo o mesmo exercício para o Norte Fluminense, chegou-se a uma PEA de


339.968 pessoas, das quais 211.573 encontravam-se empregadas no mercado de
trabalho formal (RAIS). Considerando a taxa de ocupação de 85%, calcula-se a uma
porcentagem aproximada de 73% dos trabalhadores atuando no mercado formal e
27% no mercado informal de trabalho.

Estes números, quando comparados com os resultados de 2000, apontam para uma
expressiva melhora de desempenho do mercado de trabalho de ambas as Regiões, se
considerado o grau de formalidade. De acordo com os indicadores estimados, no
período 2000-2007, a taxa de informalidade passou de aproximadamente 75% no
Noroeste, para 67%. Já o Norte apresentou uma expressiva redução da informalidade,
passando de 62,74% em 2000, para 26,78%, em 2007.

3.5 Trabalhadores Formais e Informalidade e Remuneração Média dos


Trabalhadores

Tabela 15 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Formalidade Ocupacional, 2000 e


2007

Noroeste Norte
Indicadores
2000 2007 2000 2007
População ocupada* 123.812 127461 264.744 288973
Número trabalhadores formais 30760 42213 98640 211573
Taxa de formalidade 24,84 33,12 37,26 73,22
Número trabalhadores informais** 93.052 85248 166.104 77400
Taxa de informalidade 75,16 66,88 62,74 26,78
*Para 2007, estimativa de população ocupada com base nos dados de 2000 e taxa de
crescimento da população no período 2000/2007.
**Obtido pela diferença entre a população ocupada e o emprego formal.
Fonte: Elaboração de Nildred Martins a partir de dados do Censo 2000, RAIS 2000 e 2008

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 91


As análises tradicionais do mercado de trabalho consideram o grau de formalidade11
como indicador da qualidade do emprego e do bem estar do trabalhador. De uma
forma geral, as atividades que não respeitam as regras institucionais, especialmente
as legislações fiscais e trabalhistas, são consideradas de baixa qualidade.

No entanto, devem-se considerar as mudanças estruturais pelas quais o setor


produtivo vem passando e os impactos destas mudanças nas relações de trabalho.
Um exemplo é o processo de reorganização da estrutura produtiva do setor industrial,
com a terceirização de atividades antes realizadas dentro das empresas. Este
fenômeno tem causado o deslocamento de trabalhadores mais qualificados para o
setor informal, na condição de trabalhadores por conta própria, com níveis mais
elevados de remuneração.

Deste modo, classificar a qualidade do posto de trabalho com base apenas na questão
da formalidade ou não deste torna-se insuficiente, diante das mudanças atuais nas
relações trabalhistas.

Assim, para melhor caracterizar o perfil do mercado de trabalho optou-se por analisar,
juntamente com o indicador de informalidade, um indicador de precariedade, com base
no rendimento dos trabalhadores.

Na tabela a seguir foi calculado o grau de informalidade e de precariedade com base


nos dados censitários de 2000. Para o cálculo destes indicadores, o setor informal da
economia foi considerado como compreendendo o emprego assalariado sem carteira
assinada e o trabalho por conta própria. Já o indicador de precariedade foi medido
pelo número de trabalhadores no trabalho informal que recebem menos de dois
salários mínimos.

Quando comparados com os indicadores do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro,


nota-se que ambas as Regiões apresentaram graus de informalidade e precariedade
superiores. Ressalta-se que o Estado do Rio apresenta menor grau de informalidade,
45%, do que o Brasil, 47,9%, e, na média, não apresentou trabalho precário.

O Noroeste, confirmando tendência revelada anteriormente, apresentou maiores


índices de informalidade e de precariedade nas relações de trabalho. De acordo com
os dados de 2000, 56,4% dos trabalhadores do Noroeste estavam ocupados no
mercado informal e 61,5% destes recebiam menos de dois salários mínimos. No
mesmo ano, o Norte mostrou melhor desempenho, com 52,3% dos trabalhadores
ocupados no mercado informal, dos quais 55,5% recebiam menos de dois salários
mínimos.

11
Numa concepção mais abrangente, o setor informal compreende o emprego assalariado sem carteira
assinada e o trabalho por conta própria. Neste caso, devido à indisponibilidade de dados recentes, foi
usado como indicador de informalidade a diferença entre a população ocupada, estimada com base na
taxa de crescimento da população entre 2000 e 2007 e o número de trabalhadores formais, publicados
pela RAIS para estes anos.

92 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Tabela 16 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Informalidade e Precariedade e
Remuneração Média dos Setores Formal e Informal, 2000

Índices Remuneração Média


Localidades
Informalidade Precariedade Formal Informal Precário Não Precário
Brasil 47,9 50,5 1.535 460,67 291,45 629,88
Rio de Janeiro 45,0 - 1.671 561,03 - 561,03
Noroeste Fluminense 56,4 61,5 1.113 333,74 207,66 459,82
Norte Fluminense 52,3 55,5 1.255 384,63 253,13 516,12
Fonte: Elaboração de Nildred Martins a partir de dados do Censo Demográfico, 2000

Os dados da Tabela seguinte confirmam esta realidade: Na Região Noroeste, 64,33%


das pessoas de 10 anos ou mais, ocupadas na semana de referência e com
rendimento de trabalho, recebiam até dois salários mínimos. Esta proporção se
mostrou maior que a apresentada pelo Brasil, 51,36%, pelo Estado do Rio de Janeiro,
40,72% e pela Região Norte, 56,05%.

Tabela 17 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoas de 10 Anos ou Mais de


Idade, Economicamente Ativas, com Rendimento, por Classe de Rendimento Nominal
Mensal, 2000
Brasil, Unidade da Federação e Mesorregião Geográfica
Classes de Rendimento (%)
Nominal Mensal Rio de Noroeste Norte
Brasil
Janeiro Fluminense Fluminense
Até 1/4 de salário mínimo 1,55 0,38 1,18 0,58
Mais de 1/4 a 1/2 salário mínimo 4,09 1,48 4,33 3,15
Mais de 1/2 a 1 salário mínimo 18,8 12,44 29,28 22,28
Mais de 1 a 2 salários mínimos 26,92 26,42 29,54 30,04
Mais de 2 a 3 salários mínimos 13,82 15,55 12,15 14
Mais de 3 a 5 salários mínimos 14,03 16,84 10,5 13,18
Mais de 5 a 10 salários mínimos 12,3 15,6 8,44 10,41
Mais de 10 a 15 salários mínimos 3,33 4,34 2,01 2,65
Mais de 15 a 20 salários mínimos 2,05 2,73 1,03 1,67
Mais de 20 a 30 salários mínimos 1,36 1,89 0,63 1,02
Mais de 30 salários mínimos 1,76 2,31 0,91 1,04
Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000.

Dados mais recentes de 2008, da RAIS, referentes ao mercado formal de trabalho


mostram que, com exceção da Região Norte, há uma proporção maior de pessoal
ocupado nas faixas de remuneração até dois salários mínimos.
Na Região Noroeste, 73,01% dos trabalhadores receberam em média até dois salários
mínimos, dos quais 51,18% recebiam em média entre 1,01 e 1,50 salários mínimos.
Na Região Norte, estes percentuais foram de 43,02% e 26,46%, respectivamente, os
quais se mostraram inferiores aos apresentados pelo Estado, 50,33% e 31,27% e pelo
Brasil, 52,90% e 29,17%.
À medida que aumentava a faixa de remuneração média, se reduzia a quantidade de
trabalhadores por faixa de remuneração. No entanto, ao se comparar os diferentes

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 93


percentuais de pessoal ocupado por faixa de remuneração média entre as localidades,
nota-se uma expressiva diferença no desempenho das Regiões Noroeste e Norte
Fluminense, quando comparadas aos percentuais apresentados pelo Rio de Janeiro e
pelo Brasil.
Nas faixas entre 0,51 e 2 salários mínimos, a Região Noroeste apresentou percentuais
de pessoal ocupado superiores às demais localidades, enquanto os apresentados pelo
Norte foram inferiores.
No entanto, esta situação se inverteu nas faixas de remuneração média superior a 2
salários mínimos, quando o Norte apresentou percentuais superiores às demais
localidades, caracterizando um melhor desempenho regional, quando considerados os
indicadores de remuneração média do trabalho formal.
Tabela 18 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado no Setor Formal
(%), por Faixa de Remuneração Média, 2008
Faixa de Remuneração Média Brasil Rio de Janeiro Noroeste Norte
Até 0,5 salário mínimo 0,36 0,22 0,18 0,12
De 0,51 a 1,00 salário mínimo 4,55 2,03 2,94 1,88
De 1,01 a 1,50 salários mínimos 29,17 31,27 51,18 26,46
De 1,51 a 2,00 salários mínimos 18,82 16,82 18,71 14,96
De 2,01 a 3,00 salários mínimos 17,70 15,99 14,41 15,23
De 3,01 a 4,00 salários mínimos 8,58 8,92 5,10 9,31
De 4,01 a 5,00 salários mínimos 5,03 5,38 2,11 5,66
De 5,01 a 7,00 salários mínimos 5,59 6,22 2,00 6,38
De 7,01 a 10,00 salários mínimos 3,78 4,52 1,03 5,78
De 10,01 a 15,00 salários mínimos 2,47 3,18 0,59 4,65
De 15,01 a 20,00 salários mínimos 1,13 1,55 0,25 2,63
Mais de 20,00 salários mínimos 1,51 2,31 0,10 5,16
Ignorado 1,32 1,59 1,40 1,77
Fonte: MTE – RAIS, 2008.
Estes dados explicam porque, apesar de mais de 80% da PEA de ambas as regiões
estar ocupada, é tão elevado o índice de pobreza encontrada, como visto a partir da
renda per capita, porque a ocupação não garante condições de trabalho adequadas,
com elevados índices de informalidade de cerca de 50% em ambas as regiões, em
2000, e ganhos que não ultrapassam 2 salários mínimos para 73% da população do
Noroeste e 43% no Norte, em 2008.
Considerando os dados específicos para o setor agropecuário, esta tendência se
repete em ambas as Regiões. No Noroeste, o número de empregos formais por
município, na atividade, é muito pequeno, 2.492, especialmente considerando que há
cidades nas quais a agropecuária prevalece como atividade central para a população,
em termos de geração de trabalho e renda.
A remuneração média de dezembro de 2009 foi de R$ 542,00, sofrendo um pequeno
aumento no salário médio de admissão em 2010, que foi de R$ 599,00, um pouco
acima do valor do salário mínimo nesta data, de R$ 510,00, confirmando os dados da
tabela anterior, da RAIS de 2008, no qual a maioria da população apresentou
remuneração média entre um a um e meio salário mínimo.

94 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Tabela 19 – Região Noroeste Fluminense, Empregos Formais Agropecuária,
Remuneração e Salário Admissão
Agropecuária
Número Empregos Remuneração Salário Médio
Municípios
Formais em dez 2009 Média dez 2009 Admissão 2010
Aperibé 26 544.97 554
Bom Jesus do Itabapoana 291 559.86 575.33
Cambuci 141 554.81 580.08
Italva 60 647.08 599.22
Itaocara 159 561.87 639.5
Itaperuna 685 537.62 595.88
Laje do Muriaé 101 529.47 552
Miracema 225 521.22 570.4
Natividade 231 533.62 576.14
Porciúncula 123 548.65 617.27
Santo Antônio de Padua 302 538.18 664.9
Sao Jose de Uba 78 517.68 655.5
Varre-Sai 70 540.77 607.31
Região Noroeste 2.492 548.91 599.04
Fonte: CAGED, MTE, elaboração de Nildred Martins.
No Norte a situação é similar, pois apesar de o número de empregos formais haver
sido maior, em 2009, proporcionalmente sua população total é muito maior, revelando
que não há grandes variações no nível de formalidade de empregos no setor
agropecuário, entre as Regiões. A remuneração média no final de 2009, R$ 611,90,
estava um pouco acima da oferecida na Região Noroeste, enquanto o salário médio
de admissão em 2010 foi idêntico, de R$ 599,04, perfilando no mesmo grupo de
população que recebe entre um a um e meio salários mínimos.

Tabela 20 – Região Norte Fluminense, Empregos Formais Agropecuária, Remuneração e


Salário Admissão
Agropecuária
Número Empregos Remuneração Salário Médio
Municípios
Formais em dez 2009 Média dez 2009 Admissão 2010
Campos dos Goytacases 2132 715.49 580.66
Carapebus 39 589.96 542
Cardoso Moreira 154 560.65 761.41
Conceição de Macabu 264 555.8 604.12
Macaé 471 811.69 668.68
Quissamã 169 592.32 604.01
São Fidélis 296 579.59 576.05
São Francisco de Itabapoana 365 574.88 485.62
São João da Barra 192 526.74 575.11
Região Norte 4.082 611.90 599.74
Fonte: CAGED, MTE, elaboração de Nildred Martins.
Por fim, enquanto não foram constatadas grandes diferenças intermunicipais nos
salários médios de admissão em 2010 no Norte, nos municípios do Noroeste percebe-

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 95


se uma diferença significativa entre o maior valor, de R$ 761,41 em Cardoso Moreira
para o menor, de R$ 485,62 em São Francisco de Itabapoana, com uma diferença
muito expressiva de 63,78%.

3.6 Gênero, Faixa Etária e Especialização Produtiva Municipal

A seguir é analisada a divisão do trabalho das Regiões Noroeste e Norte Fluminense


com base em duas perspectivas: a divisão regional do trabalho e a especialização
produtiva de cada uma delas; e a divisão intra-regional do trabalho, tendo como
variáveis básicas de análise o gênero, a faixa etária e a especialização produtiva
municipal.

A divisão do trabalho é tradicionalmente definida como a distribuição de tarefas entre


os indivíduos ou agrupamentos sociais, de acordo com a posição que cada um deles
ocupa na estrutura social e nas relações de propriedade. Esta distribuição de tarefas
leva a uma especialização do trabalho cooperativo em papéis específicos e delimi-
tados, com o objetivo de aumentar a eficiência da produção.

3.7 Divisão Regional do Trabalho

O papel de uma região dentro da divisão do trabalho é caracterizado pela


especialização produtiva desta, a qual é resultante da combinação de sua base de
recursos disponíveis (população, reservas naturais e disponibilidade de capital) e da
sua base social (inter-relações do macrossistema social).

A interação destes fatores, juntamente com o nível de riqueza e de inovação


tecnológica, determina a alocação dos fatores produtivos e o conseqüente nível de
desenvolvimento econômico, caracterizando a divisão do trabalho desta sociedade.
(Anita Kon, 1992)

Fotos 3 e 4 – Macaé, Multinacional Localizada em uma de suas Áreas Industriais e


Maquete de Plataforma de Petróleo da Petrobrás

Fonte: Foto da autora, 2009.

Partindo desta perspectiva, analisa-se sinteticamente o papel desempenhado pelas


Regiões Noroeste e Norte Fluminense na divisão regional do trabalho.

96 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


A Região Noroeste, considerada a menos desenvolvida economicamente do Estado, é
historicamente caracterizada pela sua especialização na produção agropecuária.
Inicialmente produtora de café, atividade que ainda hoje permanece em alguns
municípios situados em sua parte mais alta, destaca-se atualmente na produção
pecuária, especificamente a bovinocultura leiteira, na prática da fruticultura irrigada e
no plantio da lavoura de tomates.

Tais atividades são desenvolvidas, predominantemente, em pequenos estabeleci-


mentos e por agricultores familiares. Estes são, em sua maioria, proprietários dos
estabelecimentos, homens, com idade acima de 35 anos e com baixa escolaridade.

Então, o Noroeste se caracteriza pela especialização em uma atividade intensiva em


mão-de-obra, apesar de não ser a principal geradora de trabalho e renda para a sua
população. Este fato, somado ao baixo nível de riqueza regional leva a uma atual
alocação de recursos produtivos incapaz de garantir um nível satisfatório de
desenvolvimento regional.

Já a Região Norte tem seu nível de desenvolvimento caracterizado historicamente


pelo desempenho do setor agropecuário, com a plantação de cana-de-açúcar e sua
destinação para a indústria sucroalcooleira e, de modo recente, pela indústria
extrativa, com a exploração de petróleo e gás. Tais atividades determinaram um
dinamismo maior à Região, levando ao desenvolvimento do setor terciário,
especialmente através do fornecimento de serviços de Educação e Saúde e também
do comércio.

As atividades nas quais a Região Norte possui especialidades demandam força de


trabalho mais especializada, o que a caracteriza como um pólo regional para a atração
de trabalhadores altamente qualificados em áreas correlatas a estas especialidades,
como as engenharias e os serviços especializados, incluindo os de saúde, em virtude
da maior densidade de trabalhadores com mais anos de estudo e maiores salários.
Além disto, a Região Norte apresenta uma concentração maior de emprego público,
dado o tamanho de sua economia, em comparação à Região Noroeste.

Isto significa que em ambas as Regiões há tradições agropecuárias, que culturalmente


são parte das representações sociais das populações, especialmente forte para os
habitantes rurais, o que deve ser aproveitado e integrado à silvicultura, desde que
possível, pela aproximação existente entre as atividades produtivas.

3.8 Divisão Intrarregional do Trabalho

Além disto, considerando como o trabalho se divide e se caracteriza


intrarregionalmente, tanto do ponto de vista econômico, como demográfico e social,
analisa-se a divisão do trabalho por gênero, faixa etária, subsetores de atividade,
estrutura ocupacional e espacialização produtiva municipal, sendo que cada uma
destas variáveis é apresentada em seguida.

Gênero

Tradicionalmente o mercado de trabalho é caracterizado pelo predomínio dos


trabalhadores homens em relação às mulheres. Os dados mostram que esta tendência

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 97


vem sendo seguida pelas Regiões Noroeste e Norte Fluminense, ao longo dos anos,
como aponta a próxima Tabela.

No Noroeste, entre 1994 e 2008, a porcentagem de homens no trabalho formal


diminuiu, passando de 65% para 59%, e analogamente, a feminina aumentou,
passando de 35% para 41% - seguindo uma tendência mundial de aumento da
participação da força de trabalho feminina no mercado de trabalho.

O Norte também seguiu esta tendência, porém de uma maneira mais tímida. A
mudança relativa da participação masculina e feminina no mercado de trabalho foi de
3%, a masculina passou de 70% para 67% e a feminina passou de 30% para 33%.

Tabela 21 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais


por Gênero, 1994 e 2008
Noroeste (% de trabalhadores) Norte (% de trabalhadores)
Gênero
1994 2008 1994 2008
Masculino 0,65 0,59 0,70 0,67
Feminino 0,35 0,41 0,30 0,33
Fonte: MTE RAIS, 1994 e 2008.

Faixa Etária

Com relação à idade, entre 1994-2008, a Região Noroeste apresentou redução na


participação relativa dos trabalhadores formais com idade até 39 anos, passando de
68,3% para 56,7% do total. Ainda que haja uma maior concentração de trabalhadores
com idade entre 18 e 39 anos, revela-se uma tendência de aumento da participação
de trabalhadores com idade acima de 40 anos, especialmente na faixa etária de 50 a
64 anos, que apresentou um aumento de participação de 6,6 %, ficando com 16,5%,
em 2008.

Já a Região Norte apresentou um aumento da população com idade entre 18 e 29


anos e entre 40 e 49 anos, e redução da participação dos trabalhadores nas demais
faixas etárias.

Em 2008, todavia, os percentuais de participação dos trabalhadores estavam similares


entre as Regiões, sendo maior no grupo de 25 a 29 anos no Norte e de 50 a 64 anos
no Noroeste.

Tabela 22 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais


por Faixa Etária, 1994 e 2008
Noroeste Norte
Faixa Etária
1994 2008 1994 2008
até 17 anos 1,1 0,5 1,0 0,5
18 a 24 anos 15,1 12,9 13,8 14,7
25 a 29 anos 18,0 15,6 16,3 18,4
30 a 39 anos 34,1 27,7 35,5 28,2
40 a 49 anos 20,6 25,9 21,4 23,5
50 a 64 anos 9,9 16,5 10,4 13,8
65 ou mais 0,6 1,0 0,9 0,8
Fonte: MTE RAIS, 1994 e 2008.

98 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Especialização Produtiva Municipal

De acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em


2008, o município da Mesorregião Noroeste Fluminense que apresentava o maior
número de trabalhadores formais era Itaperuna. Na classe intermediária, encontram-se
os municípios de Bom Jesus do Itabapoana e Santo Antônio de Pádua. Todos os
demais municípios possuem menos de 3.000 trabalhadores formais.
No Norte a situação foi um pouco diferente. Os municípios de Campos dos
Goytacazes e Macaé apresentavam, cada um, mais de 16.000 trabalhadores formais,
o que coloca ambos na classe mais alta. São Fidélis e São João da Barra apareceram
na classe de 2.989 a 6.572 trabalhadores. Os demais municípios não alcançaram o
limiar de 2.989 trabalhadores formais, em 2008, conforme os Mapas abaixo
demonstram.
Esta informalidade torna-se ainda mais acentuada nas áreas rurais, pois a formalidade
tem sido uma característica comum apenas nas áreas urbanas. Consequentemente,
os trabalhadores rurais, em sua maioria, não possuem carteira assinada e outros
benefícios sociais e, na prática, escolhem negociar pagamentos mais elevados do que
regularizarem sua situação junto aos empregadores12, que tem tido também como
prática continuada a terceirização de inúmeras tarefas.
Em alguns casos, habitantes locais declararam que ainda existe a prática do chamado
“trabalho de semiescravidão”, utilizado nas lavouras da cana-de-açúcar. São
habitantes trazidos especialmente do estado do Alagoas, para receberem valores
muito menores do que o salário mínimo e se estabelecerem na Região Norte durante a
colheita, a partir de condições de vida insalubres.

12
Ressalta-se que quase todos os municípios possuem sindicatos rurais de produtores e sindicatos de trabalhadores rurais.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 99


Mapa 5 – Região Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por Municípios, 2008

Fonte: IBGE, 2005 e RAIS 2008. Elaboração: Consórcio Rionor.

100 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Mapa 6 – Região Norte Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por Municípios, 2008

Fonte: IBGE, 2005 e RAIS 2008. Elaboração: Consórcio Rionor.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 101


Considerando-se então o perfil da população já apresentado e as principais atividades
econômicas regionais, a nível amplo isto significa que municípios que possuem nas
atividades agropecuárias sua principal ocupação, ou seja, nos quais a maioria da
população se encontra ocupada neste setor, provavelmente sofrerão os maiores
impactos porque mais famílias serão afetadas pela introdução da silvicultura, não
significando que estes sejam positivos ou negativos.

No caso dos impactos positivos há possibilidades de uma ampliação produtiva para


diversos municípios, especialmente os baseados em atividades agropecuárias de
pequeno porte, com baixa rentabilidade e empregabilidade e que já vem demandando,
há muito, uma mudança e ampliação de suas oportunidades de trabalho, fato este que
ocorre em vários municípios do Noroeste Fluminense.

Para os municípios que possuem uma diversificação produtiva maior e apresentam


forças motrizes em outros setores, o impacto da silvicultura deverá ser, logicamente,
menor, apesar de que poderá criar emprego e renda para a parcela de população
desocupada e/ou em empregos temporários.

Este é caso dos grandes centros regionais, Macaé e Campos, que possuem uma
situação diferenciada como pólos econômicos regionais e que, considerando-se a
movimentação econômica de porte mais expressivo que os outros municípios, deverão
sofrer um impacto proporcionalmente menor em termos de incremento de receita,
apesar de que podem ser positivamente afetadas em termos de geração de novos
postos de trabalho, especialmente para a população menos qualificada.

Dentro da distribuição territorial desta nova atividade econômica nas Regiões em


questão, foi de vital importância a premissa em se manter uma dispersão que permita
atingir ao maior número de populações possíveis, com destaque para os municípios
mais pobres do Noroeste Fluminense, considerando-se a silvicultura como geradora
de emprego e renda, junto às novas oportunidades de qualificação profissional, na
solução de graves deficiências municipais já mencionadas.

No mapa abaixo, tem-se como sugestão a instalação de dois entrepostos produtivos


de silvicultura, distribuídas cada qual em uma Região, com o objetivo de fomentarem
emprego, renda e outros benefícios para ambas as Regiões, um deles no entorno das
cidades de Itaperuna, Laje do Muriaé e Natividade e o outro no entorno das cidades de
Campos e Cardoso Moreira, de acordo a proposta de sustentabilidade econômico-
social do Plano.

Estas localizações aproximadas pretendem ser centralidades, elegidas tanto para


benefício das populações como por serem centrais em termos geográficos, além do
entreposto “B” estar localizado próximo ao pólo ceramista já em funcionamento, que
poderá encadear-se com a atividade florestal à medida em que as desramas geram
madeira para os fornos da cerâmica que existe em Campos, com aproximadamente
150 empresas de cerâmica vermelha. Esta localidade também se encontra próxima ao
Porto de Açu, que é positivo tanto para a sua produção de carvão vegetal quanto
também torna-se um grande diferencial para o escoamento da produção.

102 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Mapa 7 – Áreas Preferenciais de Cultivo e Localização dos Pólos de Produção das Regiões Norte-Noroeste Fluminense e Entorno

Fonte: Bases Cartográficas IBGE E CPRM. Elaboração Consórcio Rionor.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 103


Mapa 8 – Áreas Preferenciais de Uso e Distritos Norte-Noroeste Fluminense e Entorno

Fonte: Bases Cartográficas IBGE E CPRM. Elaboração Consórcio Rionor.

104 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Mapa 9 – Localização Proposta para as Unidades de Produção de Mudas no Norte-
Noroeste Fluminense e Entorno

Fonte: Bases Cartográficas IBGE E CPRM. Elaboração Consórcio Rionor


Da mesma forma, visando a distributividade das atividades econômicas pelo território,
foram selecionadas algumas localidades, como sugestão de áreas preferenciais para a
unidade de produção de mudas, de maneira a abranger inúmeros municípios,
igualmente buscando-se beneficiar as populações locais e ampliar o espaço de
influência positivo da atividade. As áreas sugeridas para as Unidades de Produção
ocupam 12 dos 22 municípios de ambas as Regiões - ilustradas no mapa anterior e
descrito na tabela 23 - e deverão fazer parte das ecovilas, discutidas mais adiante. Isto
não significa que cada Unidade corresponda a uma ecovila, mas aponta-se para
algumas localidades possíveis destas.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 105


No entanto, sabe-se também que frequentemente o plantio das árvores se faz em
maciços florestais contínuos, promovendo grandes manchas verdes de florestas que
conectarão diferentes áreas municipais, não se criando espaços isolados, como está
desenhado no mapa anterior, a título de ilustração.
Além disto, estão sendo sugeridas cadeias produtivas de grande porte, das quais a
madeira e outras matérias primas podem ser aproveitadas em cadeias menores, além
de outras espécies voltadas também para pequenas plantações e indústrias de
transformação já existentes.
Esta busca resultou na escolha de quatro grandes cadeias produtivas: Celulose e
Papel, Construção Civil, Mobiliário e Energia, detalhados nos outros Capítulos.
Biologicamente, esta diversificação de espécies ajuda a preservar a fauna, a flora e os
recursos hídricos e auxilia no controle de pragas. Socialmente, considerando-se as
espécies sugeridas, foi uma preocupação constante observar-se os impactos sociais
causados pela introdução de novas atividades econômicas e a busca por introduzir
atividades geradores de emprego e renda, auxiliando na inclusão social, com
agregação de valor ambiental para as áreas já degradadas.
Consequentemente, pode-se ampliar as possibilidades dos habitantes em se adaptar
às diferentes demandas de mão de obra, para diferentes idades, sexo e capacidades
pessoais, para atingir à grande parcela das populações.
Como defendeu o diretor da ABRAF, César A. dos Reis, “a tendência é de que o
crescimento das florestas plantadas, obtido nos últimos anos, continue em áreas de
pequenos e médios produtores rurais, através de programas de fomento e de
arrendamento florestal, que promovam a economia dos municípios. Deste modo, a
atividade vai injetar recursos nas comunidades, fixar a população no campo e
aumentar o índice de desenvolvimento humano nessas regiões”. (Anuário Estatístico
2008, p.27).
Desta forma, buscou-se uma mescla entre espécies de grande porte, que demandam
tecnologia elevada e uma menor quantidade de mão de obra, junto à espécies que podem
gerar um número expressivo de empregos com diversidade de atividades como, por
exemplo, nos segmentos de celulose e papel, da indústria moveleira ou do artesanato, na
produção de placas de madeira, bambu, orquídeas, cogumelos, no plantio de mudas de
árvores nativas e mesmo em atividades de maior valor agregado, etc.
No caso já detalhado do viveiro de mudas das espécies de árvores nativas13, que tem
como característica empregar um número elevado de pessoas durante períodos
contínuos, diferente de uma atividade sazonal, se forem implantados
aproximadamente 12.000 ha de área para produção de mudas/ano, a geração de
emprego deverá atingir a aproximadamente 1.000 empregos/ano, o que representam
cerca de 4.000 mil pessoas beneficiadas pelo Projeto, considerando-se que cada
habitante pertence a uma família de quatro pessoas, uma média eleita para a situação,
conforme visto na tabela abaixo. Uma vez que o número de pessoas diretamente
beneficiada pela atividade em ambas as Regiões, com todas as cadeias produtivas
funcionando juntas, no espaço geográfico dos 22 municípios foi estimado de 15.000 a
20.000 habitantes, se o plantio de espécies nativas beneficiar 4.000 habitantes estará
atingindo a cerca de 20% a 25% do total populacional estimado.
13
Esta atividade de plantio também possui um alto valor agregado ambiental, porque auxilia a recuperar a biodiversidade dos locais onde se instala.

106 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Tabela 23 – Dados sobre as Unidades de Produção de Mudas Propostas para o Norte e Noroeste Fluminense em termos de Áreas, Mudas e
Empregos Gerados
Área
Área a Necessidade
Unidade Necessidade necessária
Área Total Área do Área a Recompor de Produção Número de
de Nome do de Produção de para
Município / Região Recomposta Remanescente Recompor por Unidade de Mudas Empregos
Produção fragmento Mudas com produção de
(ha) (ha) (ha) Produtiva de com por ano****
de Mudas Reposição/ano mudas/ano***
Mudas (ha) Reposição (*)
(ha)
Retiro do Lage Muriaé,
4.372 906 3.466
Muriaé Porciúncula / NO
1 Serra da Varre Sai, 6.844 9.581.600 1.916.320 2,874 128
Sapucaia Porciúncula e 4.209 831 3.378
Natividade / NO
Venda das Miracema, Lage
Murié / NO
6.138 1.203 4.935
Flores
2 10.143 14.200.200 2.840.040 4,260 189
Paraíso do Miracema, SJ Ubá,
6.146 938 5.208
Tobias St. A. Padua / NO
Serra do Mato
3 Cambuci / NO 17.340 3.018 14.322 14.322 20.050.800 4.010.160 6,015 267
Verde
São Joaquim Cardoso Moreira / N 2.564 367 2.197
4 Sapucaia Campos / N 4.042 857 3.185 6.835 9.569.000 1.913.800 2,871 128
Ibitioca Campos / N 1.865 412 1.453
5 Pedra Lisa Campos / N 9.114 1.025 8.089 8.089 11.324.600 2.264.920 3,397 151
Serrinha Campos, Quissamã
/N
2.030 495 1.535
6 3.349 4.688.600 937.720 1,407 63
Macabuzinho Quissamã, C.
2.409 595 1.814
Macabú / N
Total 60.229 10.647 49.582 49.582 69.414.800 13.882.960 20,824 926
(*) 1.000 mudas/ha e 40% de Recomposição, totalizando 1.400 mudas/ha - Fonte: Lopes et al. (2009)
(**) Preço de R$ 3,00/muda - Fonte: Jardim Botânico do Rio de Janeiro (2011)
(***) Necessidade de 1,5 ha para 1.000.000 de mudas - Fonte: Ducampo (2010)
(****) 1 trabalhador para 15.000 mudas por ano - Fonte: Ducampo (2010)
Fonte: Dados das tabelas 1, 2 e 3 do Relatório Volume 1 – Capítulo 3. Consórcio Rionor

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 107


Para as outras cadeias produtivas, o número de empregos gerados difere de acordo
com a espécie, que promovem diferentes atividades ao longo da cadeia, mas em
termos ideais espera-se que toda a população atingida diretamente pela silvicultura
tenha possibilidades de melhorar sua situação econômica com novas possibilidades
de trabalho e renda, sejam equiparadas com as anteriores à silvicultura ou melhores
ainda que àquelas atuais.

4. PLANEJAMENTO SOCIAL DO PLANO BÁSICO DE SILVICULTURA

O comportamento das organizações no momento atual tem sido continuamente


marcado por atuações de responsabilidade social e ambiental perante a sociedade e o
mercado, destacando-se seu valor estratégico e diferencial. As empresas florestais,
neste sentido, também procuram se adequar a estas práticas, gerando produtos em
ambientes socialmente justos, economicamente viáveis e ecologicamente corretos, ou
seja, sustentáveis, desde uma perspectiva ampliada.

Espera-se que a implantação do Plano Básico de Silvicultura no Norte e Noroeste


Fluminense reflita este paradigma sustentável, criando-se alternativas locais de
desenvolvimento a partir da participação de todos os setores da sociedade, através de
iniciativas que sejam proporcionadas pelos novos empreendimentos em florestas
plantadas. São comuns programas que enfatizem as melhorias educacionais, o
incentivo aos valores culturais das comunidades, benefícios para a saúde dos
trabalhadores, programas de proteção ambiental, em parceria com instituições das
comunidades onde atuam.

Em publicação da Associação Mineira de Silvicultura (2006), estado onde a atividade


tem um dos maiores volumes produtivos no Brasil, são descritas as diversas ações de
responsabilidade social das empresas que atuam direta ou indiretamente na cadeia
silvícola.

Destacam-se trabalhos como a melhoria da infra-estrutura educacional local, a


preservação de nascentes, projetos de apicultura, de piscicultura, melhoria da
escolarização de funcionários, programas culturais itinerantes, alfabetização de
adultos, parcerias agrícolas disponibilizando áreas de cultivo para os pequenos
produtores, reflorestamento de áreas pequenas e médias nas propriedades com as
quais tem sistema de fomento, oficinas de esportes e artes para a comunidade, apoio
às creches, escolas e hospitais, dentre outros.

Dentro do escopo do Plano, o desenvolvimento social possui importância vital, uma


vez que espera-se incrementar as condições de vida das populações do Norte e
Noroeste Fluminense, contribuindo para amenizar e mesmo solucionar algumas
lacunas históricas, como o alto índice de pobreza local e a baixa qualificação dos
habitantes.

Como já mencionado, considerando que entre 15.000 a 20.000 habitantes poderão ser
diretamente atingidos pela introdução da silvicultura no Norte e Noroeste Fluminense,
serão traçadas algumas estratégias que tem como base este desenvolvimento de suas
populações, contando complementariamente com as ações de responsabilidade social
dos diferentes atores envolvidos.

108 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Não foi incluída neste número, a população indiretamente atingida, que pode ser bem
mais expressiva, pois os impactos econômicos, sociais e ambientais atingem, em
maior ou menor grau, a todos. As realocações de população esperadas, a implantação
de uma nova atividade (ou de novas atividades advindas da floresta), a expansão local
de novas infra-estruturas físicas de diversas naturezas e mesmo a mudança na cultura
local, todos estes fatores afetam à população destes municípios e do entorno.

Há também outro fenômeno que influencia as condições locais, que é o efeito


multiplicador da renda, através do qual o aumento de renda dos habitantes, em
especial aqueles de baixa renda, se reverte em um maior fluxo monetário,
demandando mais serviços como escolas, maior consumo nos comércios, novas
ofertas de lazer/cultura – o que também cria novos empregos em virtude do aumento
da renda gerada pela expansão da produção e pelos próprios empregos diretos e
indiretos. Isto ocorre, portanto, quando os habitantes passam a ter um renda que
garante mais consumo, acima daqueles efetivados à nível de sobrevivência –
representado pelas necessidades básicas como alimentação, moradia, saúde –
podendo almejar demandas inéditas e realizar mais gastos, dinamizando o sistema
econômico local.

As mudanças sociais esperadas são complexas e, dentro do possível, devem ser


muito bem planejadas, na prevenção de possíveis impactos negativos e otimização
dos ganhos, objetivando a sustentabilidade socioeconômica e ambiental do processo.

Isto inclui uma mudança cultural fundamental nas localidades onde a silvicultura será
implementada, pois as populações necessitam entender a “nova paisagem”, entender
as possibilidades que lhe serão ofertadas a partir do plantio e industrialização de
produtos da floresta, os impactos de oferta e demanda destes produtos e as
mudanças positivas que devem ser incorporadas ao seu cotidiano, dependendo então
de uma atividade com a qual não tem ou tem pouca familiaridade.

Em alguns casos as mudanças serão menos impactantes, quando o plantio de


florestas for praticado junto com a agricultura e/ou pecuária, no sistema
agrossilvopastoril, que necessita ser bem equacionado e acompanhado, no caso a
caso, para obter êxito.

Assim, quando as condições de solo, hidrografia, etc. forem adequadas, poder-se-á


optar por este sistema integrado de atividades, que tem como uma das grandes
vantagens o aproveitamento máximo da terra e sua rotatividade em múltiplas
atividades. Do ponto de vista da população, a manutenção do setor agropecuário que
já lhe é familiar e culturalmente introjetado em suas práticas, pode facilitar a introdução
das florestas plantadas, visto que a adaptação será apenas parcial e não total às suas
formas tradicionais de subsistência.

No caso da atividade ser implementada sem os lastros produtivos já praticados,


deverá haver uma preparação maior da população, com um processo de mobilização
que inclua encontros da rede social envolvida no processo.

Em todos os casos, um dos diferenciais propostos é a implementação cuidadosa de


um amplo projeto de qualificação de mão-de-obra local, preparando os habitantes para
as novas oportunidades de trabalho e renda, propiciando-lhes a compreensão desta
mudança de paradigma, desde a chegada dos primeiros empreendimentos em
silvicultura, de maneira que o processo aconteça gradativamente e a população não

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 109


migre para as cidades, ao contrário, que vislumbre uma grande possibilidade de
desenvolvimento socioeconômico a partir das florestas.

Ressalta-se ainda a proposta de criação de uma Unidade Gestora da Silvicultura no


Norte e Noroeste Fluminense, conforme detalhado no Relatório Institucional Legal, que
poderá auxiliar na implementação das etapas de cunho social do Plano.

A proposta social global do Plano inclui três etapas, que não são cronologicamente
independentes, ao revés, deverão ser realizadas de forma simultânea.

Processos Sociais Propostos

1. Realocação de famílias/ Criação das ecovilas - Novas Centralidades;

2. Projeto de qualificação da mão de obra para as atividades de silvicultura e


promoção de ações de Educação Ambiental junto às populações locais;

3. Projeto de Apoio à Implantação de Micro, Pequenos e Médios negócios.

4.1 Realocação de Famílias/ Ecovilas - Novas Centralidades

Após a leitura de diversas experiências de silvicultura em diferentes países do mundo,


acredita-se que a realocação das famílias e a aquisição das terras dos proprietários
locais para o plantio das florestas não seja a melhor opção para o processo.

Mais ainda, as visitas de campo em ambas as Regiões apontam para a existência de


propriedades rurais bastante fragmentadas territorialmente, com grandes áreas
dedicadas à pastagem, muitas delas improdutivas e/ou sem uso, indicando que o
número de famílias atingidas pode não ser muito expressivo.

Este dado indica que também foi constatada no Norte e Noroeste uma componente
fundiária importante, pois a maioria das propriedades possui menos de 50 mil ha, com
96% de todas estas possuindo menos do que 200 mil ha, com a participação de um
número reduzido de mão de obra e de famílias no campo, resultante especialmente do
massivo êxodo rural que ocorreu ali nas últimas décadas.

Portanto, a equipe sugere que seja implementado como princípio norteador do Plano a
gestão de terras compartidas – ou fomento florestal - através de parcerias com as
empresas, especialmente para fixar a população rural. Nesta proposta, os proprietários
mantém a posse da terra e se tornam partícipes da atividade silvícola, como acionistas
do negócio, o que se torna uma oportunidade de renda, principal ou adicional, com a
garantia de compra da madeira através de contratos com as empresas promotoras do
programa de fomento, de boa rentabilidade e baixo risco, já que na maioria dos casos
a empresa absorve parte dos custos iniciais (Anuário Estatístico da ABRAF, 2010), o
que será melhor especificado no Relatório específico.

Este tipo de iniciativa, além disto, “tem como objetivo desde o abastecimento de
pequenas e médias empresas até os programas voltados ao fornecimento estratégico
de determinada matéria-prima para o setor industrial (AMS, 2006, p.10).

110 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Portanto, do ponto de vista social o fomento atua como fator de fixação do homem no
campo, gerando empregos de caráter permanente e melhorando a distribuição de
renda, além de injetar recursos nas economias dos municípios envolvidos.

Se esta for a opção prioritária escolhida pelos investidores, os impactos sócio-culturais


serão menores e se formará um conjunto de proprietários rurais com interesses
pessoais no êxito do processo, revertido sob a forma de partilha de lucros alcançados
pela produção. O próprio aculturamento à nova atividade e seus desdobramentos
produtivos será realizado de maneira muito distinta caso os habitantes locais sejam
envolvidos no processo desde seu início, minimizando-se atitudes de rechaço que são
comuns no caso de mudanças de direção.

No entanto, no caso em que for necessário o remanejamento de habitantes, há duas


opções básicas:

1) Sua realocação para distritos próximos;

2) A construção de uma nova “vila”, ou “ecovila”, para agrupamentos das diversas


famílias realocadas (dados detalhados se encontram no Relatório específico)

Em ambos os casos sugere-se o planejamento de encontros de mobilização


participativa, nos quais os envolvidos sejam consultados e se pactue as melhores
formas de realocação, compatibilizando as demandas com as possibilidades
existentes. O processo deverá ser conduzido por profissionais capacitados que
escutem as famílias, em reuniões conjuntas municipais para discutirem os locais de
realocação, as demandas gerais dos habitantes, buscando compreender os principais
valores intangíveis a serem mantidos e as questões práticas fundamentais para o bem
estar de todos.

Estes grupos de população deverão, por sua vez, ter seus representantes e poderão
constituir grupos dos “novos moradores” a serem realocados, inicialmente em distritos
geograficamente próximos às suas propriedades, com a construção de moradias
adequadas e estabelecimento de infraestruturas igualmente de qualidade, incluindo
saneamento, água tratada, luz e outros serviços, como educação, saúde,
complementando esta mudança com uma busca contínua da manutenção do emprego
e aumento da renda familiar local.

No caso das realocações – e ou criações das ecovilas - a mudança deverá ocorrer em


parcerias duradouras com a municipalidade, com a participação do Estado e dos
investidores interessados, responsáveis tanto pelo processo de realocação como pelo
financiamento de uma etapa paralela ao processo, fundamental, que é a formação de
uma cultura local da floresta. Esta opção revela algumas vantagens significativas com
relação à transformação de aglomerações existentes em ecovilas. Economicamente, o
custo da construção de uma nova área residencial, dotada das infraestruturas básicas
é bastante elevado. Os distritos já existentes, por sua vez, podem ser transformados
em ecovilas, aproveitando-se e ampliando-se as infraestruturas atuais, de maneira a
representarem espaços complementares no desenvolvimento das florestas.

As ecovilas devem ser uma referência para as atividades educativas voltadas para a
qualificação/capacitação profissional da silvicultura, incluindo em seu território espaços
de convivência social e cultural.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 111


Economicamente, as ecovilas também são propostas como referência: devem se
tornar paulatinamente entrepostos comerciais, base dos viveiros de mudas, local de
armazenamento de produção e espaço para possíveis unidades de processamento
dos produtos florestais (como para o desrama de eucalipto e outras madeiras para
utilização primordial dos galhos nas cerâmicas), seja em pequena, média ou grande
escala.

Serão utilizadas, portanto, no desenvolvimento de atividades complementares das


florestas, que propiciem e facilitem seu fomento econômico, em atividades como a
apicultura, a floricultura, a produção de cogumelos, essências e resinas, etc.

Este espaço poderá ser ainda uma unidade de apoio para a certificação e
rastreabilidade da madeira, o que inclui uma série de indicadores de responsabilidade
social a serem alcançados, como graus elevados de freqüência escolar para as
crianças, a saúde da população bem cuidada, condições de trabalho adequadas e
outras.

Há também um segundo vetor econômico a ser atendido na ecovila, que é melhorar


e/ou apoiar o sistema de operações de atividades agropecuárias já existentes, que em
alguns casos vem funcionando de forma precária ou com rendimentos muito baixos.

Do ponto de vista social, acredita-se que as ecovilas tem como papel central a
minimização dos impactos sociais, ambientais e econômicos da mudança. Os
habitantes poderão se reportar a locais já próximos de suas atuais residências,
diminuindo as perdas simbólicas de reconhecimento e pertinência ao entorno, de
identidade social conectada a área na qual vivem e, acima de tudo, das redes sociais
constituídas à partir da proximidade física e laços com os vizinhos. Todas estas
questões são de fundamental importância para o bem estar dos cidadãos, que se
reconhecem enquanto pertencentes a determinado lugar, que já tem estabelecidos no
seu cotidiano tarefas, facilidades, infra-estruturas que lhes propiciam segurança e
comodidade em seu mundo, constituindo sua identidade social.

É patente que as pessoas se mudam de residência e se adaptam novamente a novos


lugares, vizinhos e facilidades, mas no caso, como esta mudança é exógena, ou seja,
não parte do desejo dos moradores, tem neste fator uma condição de esforço extra
para a promoção de uma nova adaptação.

Portanto, a utilização de distritos próximos como novo espaço de moradia e ou como


espaços de referência pretende que as redes sociais significativas de cada indivíduo e
famílias sejam mantidas, ou pouco modificadas, visto que a quebra de redes sociais é
uma das questões mais graves dentro de um processo de realocação, conforme
apontam diversos autores.

Esta ruptura pode aumentar problemas sociais, incluindo o aumento da demanda por
serviços públicos como saúde, diminuição da segurança local e também do grau de
satisfação dos indivíduos com seu espaço de viver. Consequentemente, é
fundamental que as mudanças sejam planejadas com extremo cuidado ao conforto
das famílias, em termos das redes sociais, moradia, infra-estrutura e serviços básicos
disponíveis e, muito importante, de ocupação, seja na forma de trabalho formal ou
temporário.

112 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Dentro desta perspectiva, à medida em que as famílias forem sendo escutadas e as
decisões práticas tomadas, será constituído o desenho de cada uma das ecovilas, que
devem se adequar para a recepção dos novos habitantes e/ou mesmo mantendo-se
os habitantes em suas moradias, mas indicando-lhes as ecovilas como referências da
nova atividade a ser instalada.

Se, no caso, não forem necessárias realocações em grande escala, também se


propõe a criação das “ecovilas” – justificada anteriormente - instaladas em distritos
escolhidos e dotados de funções particulares. Estas escolhas devem ser realizadas
através de estudos de viabilidade e necessitam ser compartilhadas socialmente, tendo
como base a busca por locais geograficamente centrais, com algum grau de infra-
estrutura para atenderem às suas novas funções e reconhecidos simbolicamente com
importantes, de maneira que possam apoiar o processo de implantação e manutenção
das florestas plantadas.

As ecovilas são, portanto, espaços de moradia, de convivência e de trabalho, tendo


como papel fundamental o acolhimento e a criação de uma nova referência positiva
voltada para a existência da floresta, incluindo sua importância ambiental e
econômica, que deverá ser democrática, ou seja, deverá distribuir seus benefícios
para todos.

É nesta concepção de equanimidade e valores positivos que os moradores deverão se


inserir, construindo uma representação social positiva do processo e da própria
floresta. E como se baseiam tanto em questões simbólicas, como econômicas e
culturais, precisarão de uma organização local visível para se estabelecerem, desde o
processo de compra de propriedades, ou estabelecimento de parcerias, até uma
realocação definitiva.

Em um estágio mais avançado do processo de criação das ecovilas, é desejável a


constituição da Rede das Ecovilas, onde elas estarão conectadas para o estudo de
demandas e soluções coletivas, a aquisição conjunta de maquinário, etc.

4.2 Projeto de Qualificação da Mão de Obra para a Silvicultura

Tendo em vista as demandas projetadas, a partir da eleição dos tipos de árvores mais
apropriadas para as regiões em estudo e as suas principais cadeias produtivas, faz-se
clara a necessidade de preparação das populações locais para atuarem no novo
mercado que se iniciará, buscando-se a máxima absorção da mão de obra local. Para
isto é importante traçar uma visão geral do contexto educativo das Regiões.

No seu sentido mais abrangente, a Educação constitui a atividade primordial e


permanente para o desenvolvimento dos indivíduos no que se refere à constituição do
sistema de relações entre eles e deles com o meio ambiente em que vivem; à
formação de regras de convivência e de respeito às diferenças individuais; ao
desenvolvimento de sua cidadania e internalização dos seus direitos e deveres na
sociedade; à sua qualificação para o trabalho e ainda, à conquista de sua liberdade,
na medida em que vão desenvolvendo sua capacidade de discernir, avaliar, criticar e
decidir sobre suas posições no mundo.

Entende-se que a Educação afeta as condições de vida dos indivíduos em inúmeros


aspectos, quiçá em todas as dimensões do comportamento, como um caminho para

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 113


todas as oportunidades essenciais ao desenvolvimento e ao reconhecimento social
dos seres humanos.

Cabe mencionar que a Educação também é um elemento diferenciador e estratégico


de um Município, um Estado e/ou de uma Nação, repercutindo diretamente no
desempenho individual e no desempenho coletivo das organizações as quais pertence
e, em decorrência, no desempenho do próprio Estado. De tal forma, os processos de
reconhecimento e produção do conhecimento, de empreendedorismo e inovação,
devem atuar como decisivos em processos de desenvolvimento, imprescindíveis para
a noção de sustentabilidade.

Desde uma perspectiva complementar, situações de miséria e pobreza trazem


degradação ambiental e quanto mais capacitada for a população mais chances há de
que ela aprenda e pratique ações protetoras ao meio ambiente.

No Norte e Noroeste Fluminense, na área educacional, foram identificadas algumas


deficiências graves, que são parte de demandas não atendidas dos habitantes,
repercutindo negativamente nas várias etapas de suas vidas, com destaque para a
baixa qualificação profissional e a incapacidade de grande parcela da População
Economicamente Ativa, em disputar com igualdade as oportunidades, em uma
sociedade que é e se faz crescentemente competitiva.

Para abordar o tema nas Regiões, dois indicadores foram escolhidos: o número de
anos de estudo e o grau de analfabetismo dos habitantes, com o objetivo de
compreender, ainda que parcialmente, qual o perfil educacional do público para o qual
as novas políticas educacionais de capacitação deverão se dirigir e qual o grau de
defasagem educacional encontrado em seus municípios.

4.2.1 Analfabetismo

Aspectos fundamentais da análise educacional referem-se ao índice de analfabetismo


e, analogamente, aos níveis de escolaridade alcançados em uma sociedade, que
sugerem a capacidade dos habitantes em concorrerem às condições de trabalho,
serviços básicos e outros aspectos conectados a uma vida com qualidade.

De maneira geral, as taxas de analfabetismo se reduziram consideravelmente em


todas as faixas etárias de população jovem, no período de 1991 a 2000, tanto no
Estado quanto em todos os municípios da Região Norte e Noroeste, apesar de ainda
serem mais elevadas que as estaduais.

No Norte, os indicadores de analfabetismo da população adulta, de 25 anos para cima,


vem diminuindo consideravelmente, mas ainda se encontrava em proporções alarman-
tes, como apontado na próxima tabela.

Como agravante, destaca-se que a partir desta idade se torna mais difícil o retorno das
pessoas aos estudos, devido a uma série de questões: ocorre uma participação no
mercado de trabalho de forma mais consolidada e efetiva, as relações conjugais se
estabelecem e frequentemente “dificultam” a retomada dos estudos, principalmente
para as mulheres, que se tornam mães e assumem responsabilidades domésticas; há

114 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


o próprio desinteresse e conformismo referente à situação educacional; o receio e a
“vergonha de voltar para a escola em idade mais avançada e ainda a insuficiência de
políticas públicas que sejam capazes de atender a toda a demanda existente e
reprimida, de forma acessível, motivadora e eficaz.

No Estado do Rio, em 1991 10,9% da população adulta era analfabeta, enquanto em


2000 este valor abaixou para 7,6%. Os índices de analfabetismo do Norte, entretanto,
são piores. Macaé apresentou os menores índices, 15% em 1991 e 9% em 2000,
seguido de Campos, 17,5% em 1991 e 11,6% em 2000.

Os municípios que ficaram em posições mais desprivilegiadas foram: Cardoso Moreira


com 41,7% de analfabetos em 1991 e 23,5% em 2000 e São Francisco de Itabapoana,
com 29,6% em 2000. São Fidélis também apresentou a taxa elevada de 27,5 % em
1991 e 17,1% em 2000, assim como São João da Barra, 21,4% em 1991 e 16,1% de
analfabetos em 2000.

Tabela 24 – Região Norte Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Adulta, 1991


e 2000

Taxa de Analfabetismo da População Adulta (25 anos ou mais) - 1991 e 2000


Taxa de Analfabetismo (%)
Municípios da Região Norte Fluminense
1991 2000
Campos do Goytacazes 17,5 11,6
Carapebus - 15,9
Cardoso Moreira 41,7 23,5
Conceição de Macabu 23,2 14,4
Macaé 15,0 9,0
Quissamã 26,8 19,9
São Fidélis 27,5 17,1
São Francisco de Itabapoana - 29,6
São João da Barra 21,4 16,1
Total do Estado do Rio de Janeiro 10,9 7,6

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003. Elaboração da Autora.

Os índices de analfabetismo do Noroeste são ainda mais alarmantes. Itaperuna


apresentou os menores índices, 21,8% em 1991 e 14,5% em 2000, seguido de Bom
Jesus do Itabapoana, com 22,1% em 1991 e 16,1% em 2000.

Os municípios que aparecem em posições mais desprivilegiadas também são os


mesmos: Cambuci e Laje do Muriaé, com aproximadamente 31% de analfabetos cada,
em 1991, diminuindo para 21% e 22,4% em 2000, respectivamente.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 115


Tabela 25 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Adulta,
1991 e 2000

Taxa de Analfabetismo da População Adulta (25 Anos ou Mais) – 1991, 2000


Taxa de Analfabetismo (%)
Municípios da Região Noroeste Fluminense
1991 2000
Aperibé - 17,2
Bom Jesus de Itabapoana 22,1 16,1
Cambuci 31,1 21
Italva 26,6 21,3
Itaocara 25,8 16,1
Itaperuna 21,8 14,5
Laje do Muriaé 31,8 22,4
Miracema 24,8 17,5
Natividade 25,4 17,4
Porciúncula 25,9 19,6
Santo Antônio de Pádua 23,3 17
São José de Ubá - 24,3
Varre-Sai - 24,3
Total do Estado do Rio de Janeiro 10,9 7,6

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003. Elaboração da autora.

4.2.2 Anos de Estudo

Comparando-se os índices municipais de ambas as Regiões com os alcançados pelo


Estado, verificou-se que inter-regionalmente ocorreram grandes desigualdades entre o
nível educacional da população, indicando diferentes níveis de vulnerabilidade.

Com relação ao nível escolar da população adulta, Campos e Macaé apresentaram os


melhores valores mas, mesmo assim, está longe do que poderia ser chamado de
“ideal”. Em 2000, Campos possuía 60,9% de seus habitantes com menos de 8 anos
de estudo e Macaé possuía 54,3%. A média de anos de estudo da população nestes
municípios foi de 6,2 e 6,9. São as maiores médias comparadas aos demais
municípios do Norte, ainda inferiores às observadas no Estado que possuía, em 2000,
50,8% da população com menos de 8 anos de estudo, 21,1% com menos de 4 anos e
uma média de 7,2 anos de estudo.

São Francisco de Itabapoana e Cardoso Moreira tiveram os índices mais elevados de


população com menos de 8 anos de estudo em 2000, 87,2% e 82,2% e também de
população com menos de 4 anos de estudo, 59%, e 51,7%, cada.

Claramente, percebe-se que o nível de escolaridade da população estadual e da


Região Norte são bastante baixos, à exceção da educação infantil, sendo que quase a
metade da população de 18 a 24 anos e mais da metade da população adulta não
completaram o Ensino Fundamental.

116 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Tabela 26 - Região Norte Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 -
2000
Nível Educacional da População Adulta (25 anos ou mais)- 1991, 2000
% Com Menos % Com Menos
Média de Anos
Municípios da Região Norte de 4 Anos de de 8 Anos de
de Estudo
Fluminense Estudo Estudo
1991 2000 1991 2000 1991 2000
Campos do Goytacazes 38,2 29,5 68,8 60,9 5,3 6,2
Carapebus - 39,1 - 74,5 - 4,8
Cardoso Moreira 63,9 51,7 88,9 82,2 2,8 3,9
Conceição de Macabu 46,5 33,5 75,6 64,6 4,5 5,7
Macaé 33,0 23,3 61,8 54,3 6,0 6,9
Quissamã 56,5 41,4 87,5 77,7 3,2 4,6
São Fidélis 55,5 41,2 79,5 71,2 3,8 5,0
São Francisco de Itabapoana - 59,0 - 87,2 - 3,3
São João da Barra 48,8 43,7 78,7 76,2 4,2 4,6
Total da Região Norte NA NA NA NA 3,3 5,0
Total do Estado do Rio de Janeiro 26,3 21,1 57,5 50,8 6,5 7,2
= sem informação
NA = Não se aplica
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003. Elaboração da autora.
Neste mesmo sentido, no Noroeste, os melhores indicadores se apresentaram em
Miracema, com 58,1% de pessoas adultas com menos de 8 anos de estudo e 30,2%
com menos de 4 anos. A média de anos de estudo também foi a mais elevada nesta
localidade, correspondendo a 6,2 anos. Mesmo apresentando os melhores índices de
desempenho regional, o nível educacional foi inferior ao observado no Estado que
possuía, em 2000, 50,8% da população com menos de 8 anos de estudo, 21,1% com
menos de 4 anos e uma média de 7,2 anos de estudo.

São José de Ubá, Italva e Varre-Sai apresentaram os índices mais elevados de


população adulta com menos de 8 e 4 anos de estudo em 2000, todos com mais de
70%. As médias de anos estudados nestas cidades foram as piores, regionalmente,
variando de 3,8, em São José de Ubá a 4,5 em Italva.

Tabela 27 - Região Noroeste Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 -


2000

Nível Educacional da População Adulta (25 anos ou mais) - 1991, 2000

% Com Menos % Com Menos


Média de Anos
Municípios da Região de 4 Anos de de 8 Anos de
de Estudo
Noroeste Fluminense Estudo Estudo
1991 2000 1991 2000 1991 2000
Aperibé - 37,4 - 69,8 - 5,2
Bom Jesus de Itabapoana 41,9 34,5 71,8 62,8 4,8 5,7
Cambuci 54,9 41,5 78,7 70,6 3,9 4,9
Italva 52,2 44,9 84 76,5 3,6 4,5

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 117


(continuação)
% Com Menos % Com Menos
Média de Anos
Municípios da Região de 4 Anos de de 8 Anos de
de Estudo
Noroeste Fluminense Estudo Estudo
1991 2000 1991 2000 1991 2000
Itaocara 49,2 36,7 74,2 67,3 4,5 5,4
Itaperuna 43 32,7 72 65,1 4,8 5,8
Laje do Muriaé 53,1 41,2 80,2 72,9 3,9 4,8
Miracema 41,8 30,2 65,8 58,1 5,1 6,2
Natividade 49,8 32,7 77,1 65,2 4,3 5,6
Porciúncula 45,9 39,4 78,6 73,4 4,3 4,8
Santo Antonio de Pádua 49,4 37,9 77,1 70,5 4,3 5,2
São José de Ubá - 49,6 - 83,9 - 3,8
Varre-Sai - 44 - 79,4 - 4,3
Total da Região Noroeste NA NA NA NA 3,3 5,1
Total do Estado do Rio de Janeiro 26,3 21,1 57,5 50,8 6,5 7,2
= sem informação
NA = Não se aplica
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003. Elaboração da autora.

Assim, os níveis de escolaridade da Região Noroeste também são bastante


indesejados, pois igual à Região Norte, quase a metade da população de 18 a 24 anos
e praticamente mais da metade da população adulta não completaram o Ensino
Fundamental.

Este cenário indica que em ambas as Regiões grande parte da população abandona
os estudos muito antes de sua conclusão e quanto mais “velha” ela se torna, maiores
são as taxas de analfabetismo e a baixa escolaridade, sendo necessária a
implementação de políticas específicas, objetivando a reversão do problema.

O déficit educacional constatado é um dos grandes entraves para o desenvolvimento


socioeconômico. As demandas do mercado exigem competências e habilidades
específicas, cuja base educacional é essencial, e sem a qual se torna inviável seu
desenvolvimento e inclusão social. Mesmo para funções de trabalho menos
sofisticadas, cada vez mais são necessárias capacidades elaboradas de articulação,
postura, manuseio de maquinários, computadores, tecnologias de informação, dentre
outras. A concorrência aumenta continuamente e as oportunidades privilegiam aqueles
mais capacitados e com condições mais criativas, dinâmicas e multifuncionais.

Nesta perspectiva, a deficiência no nível de escolaridade da população, agravada pelo


analfabetismo funcional, se reflete em sérios problemas enfrentados nestes
municípios, como a escassez de mão de obra qualificada que, por sua vez, contribui
com a proliferação das desigualdades econômicas.

A melhora nos indicadores de analfabetismo da população adulta e o aumento no


número de anos de estudo dos habitantes são, todavia, insuficientes para fazer jus às
demandas do mercado, necessitando de programas de qualificação voltados para

118 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


diferentes tarefas e diferentes grupos de população, com destaque para o incentivo ao
aprendizado dos grupos mais pobres de população, incluindo-se a erradicação do
analfabetismo.

Sugere-se a organização de um amplo processo de qualificação, distribuído


territorialmente, a partir das áreas aproveitadas para as atividades silviculturais, que
poderá ser implantado prioritariamente nas ecovilas, sejam estas novas ou em distritos
já existentes, em parcerias com as municipalidades e com o Estado.

Já definidas especificamente as cadeias produtivas, sugere-se cursos como técnicas


de plantio, colheita, manuseio de espécies e outras conectadas às cadeias produtivas,
como design de móveis, marcenaria, etc. junto aos cursos de alfabetização de adultos.

Como cursos de curta duração, a FAO (2010) sugere também gestão de bacias
hidrográficas, áreas protegidas e gestão da vida selvagem e ecoturismo.

Em todos os níveis, os currículos de ensino locais podem ser atualizados para incluir
tópicos como o papel das árvores fora das florestas, gestão colaborativa, equidade de
gêneros, partilha de benefícios e acessos à floresta, impacto de esquemas de
certificação e aprendizagem participativa, conforme conclusões do trabalho
desenvolvido pela FAO em diversos países do mundo.

Da mesma forma, defende a Associação, deve ser dada aos moradores a


oportunidade de adquirirem habilidades fora da esfera tradicional da floresta, em áreas
como comunicação, administração de negócios e ciências de gestão, juntamente com
o acompanhamento da habilidade que as instituições locais possuem para responder
às demandas que surgirem ao longo do processo.

Como já apontado, a formação/capacitação das populações devem iniciar-se tão logo


sejam definidas efetivamente as atividades produtivas a serem implantadas, pois
pretende-se que a capacitação da população seja protagonista do Plano e que a
constituição de um grupo de população mais qualificado seja responsável pela
aceitação da atividade silvícola desde o seu início, favorecendo a fixação do homem
no campo, a abertura de novas perspectivas econômicas para os habitantes locais e
uma compreensão crescente da nova cultura que estará se constituindo no Norte e
Noroeste Fluminenses.

Uma proposta contemplada no Relatório Jurídico Institucional que é complementar ao


Projeto de Qualificação da Mão de Obra é a melhoria do desenvolvimento tecnológico
local, para apoio do processo de desenvolvimento florestal, adotando tecnologias
avançadas na implantação e manejo de plantios florestais e no processamento da
madeira.

Este Programa de Desenvolvimento Tecnológico prevê três projetos integrados:


Pesquisa e Desenvolvimento; Assistência Técnica e Proteção Florestal, que também
demandam pessoas qualificadas para trabalharem em melhorias tecnológicas,
adaptação de espécies e outras atividades afins, para prestarem assistência técnica
aos produtores florestais, no manejo das florestas e em atividades ambientais
protetivas, como controle de incêndios, ampliando ainda mais a necessidade de mão
de obra local qualificada.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 119


Neste ínterim, devem ser contatadas as diversas instituições habilitadas para
efetuarem as formações técnicas e profissionais locais, considerando-se
preferencialmente àquelas já existentes nas Regiões.

Dentre estas instituições de ensino local, a Região Norte conta com 15 ofertas de
curso técnico e 24 de curso superior, incluindo as universidades e faculdades14. Em
termos quantitativos é um pouco mais privilegiada que a Região Noroeste Fluminense,
que conta com 9 cursos de nível técnico e 23 de nível Superior. No entanto, estas
ofertas não estão distribuídas de forma homogenia em todos os Municípios.

Campos dos Goytacazes possui a maior concentração de estabelecimentos de ensino


e cursos oferecidos, fazendo com que seja a principal referência regional na área de
educação superior e técnica, representando o segundo maior pólo de educação
superior do Estado, com 13 instituições de ensino superior e a oferta de 176 cursos,
polarizando a demanda por este nível de ensino não apenas para as localidades
próximas, como também para o Sul do Espírito Santo e dos municípios fronteiriços de
Minas Gerais. A atividade exerce um efeito multiplicador em outros setores da
economia local, tais como alojamento, alimentação, serviços médicos e odontológicos.

O Município abriga instituições de importância significativa em produção de


conhecimento em inúmeras áreas, como a UENF - Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro; a UFF - Universidade Federal Fluminense; a UCAM -
Universidade Cândido Mendes – Campos; IFF- Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia Fluminense (antigo Cefet-Campos), a Faculdade de Medicina de
Campos; Faculdade de Direito de Campos; Faculdade Batista Fluminense; ESANNF –
Escola Superior de Administração e Negócios Norte Fluminense; UNIVERSO –
Universidade Salgado de Oliveira; ISECENSA – Institutos Superiores de Ensino do
CENSA; a Universidade Estácio de Sá.

A maior concentração e ofertas de formação técnica também se encontra em Campos


dos Goytacazes, com 11 instituições que dispõe de diversificados cursos nas áreas de
saúde, tecnologia, meio ambiente segurança do trabalho, design, administração,
agropecuária, petróleo e gás, dentre outros.

Macaé se apresenta como o segundo pólo regional na área do Ensino Superior e


profissionalizante, abrigando 8 instituições de nível superior, com 56 ofertas de cursos
e mais 06 instituições de nível técnico. No município estão a Universidade Federal do
Rio de Janeiro – UFRJ e a UFF, porém com o número de cursos reduzidos em relação
a Campos dos Goytacazes. A UENF já teve sua expansão aprovada para Macaé, com
a possibilidade de ter unidades ainda em Itaperuna e Italva, no Noroeste.

14
Para conhecimento das instituições de ensino que compõe o sistema de Educação Superior
e Técnico da Região Norte buscou-se informações do MEC – Ministério da Educação, 2009.
No entanto, ressalta-se que muitos estabelecimentos de ensino existentes na Região e que
prestam serviços ativamente na área da formação acadêmica, técnica e profissional não estão
registradas ou não passaram pelo processo de reconhecimento do MEC. Assim, outras fontes
de pesquisa como os sites das prefeituras municipais, o SiedSup – Sistema Integrado de
Informação da Educação Superior e os próprios “sites” de divulgação e apresentação
institucional foram utilizados para complementação da pesquisa, sendo possível que ainda não
tenham se esgotado todos os dados existentes.

120 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


A UFF também tem unidades em Quissamã, que possui 3 instituições de Ensino
Superior, com 7 cursos disponíveis. Nos demais municípios do Norte, não há cursos
superiores.

Em Conceição de Macabu há 1 escola com curso técnico em Agropecuária. Quissamã


possui 1 escola de nível técnico com cursos de Eletrotécnica e Segurança do Trabalho
e São Fidelis possui 3 escolas técnicas, ofertando Enfermagem, Administração e
outros cursos. São João da Barra possui 2 escolas, a FAETEC e a IFF.

No Noroeste, Itaperuna pode ser considerado como o pólo educacional. Abriga a FSJ -
Faculdade São José; Faculdade Redentor; UFF - Universidade Federal Fluminense;
UNIG - Universidade Iguaçu; UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro e o
Instituto Superior de Educação da FAETEC. De acordo com a Prefeitura Municipal
oferece quase 30 cursos de graduação, além de cursos de pós-graduação em
Psicopedagogia e Direito.

Santo Antônio de Pádua possui mais de 3.000 alunos nos cursos técnicos da
FAETEC, que oferece Informática, Normal Superior, Mineração de Rochas, Inglês e
Espanhol. A UFF - Universidade Federal Fluminense oferece curso superior de
Matemática e a FASAP, Faculdade de Santo Antônio de Pádua possui os cursos de
Direito, Administração e Fisioterapia.

Italva e Itaocara possuem 2 instituições de nível técnico cada. Italva tem se destacado
regionalmente em pesquisas técnicas e de incentivo à agropecuária, com a presença
de instituições governamentais tais como a SIAGRO-Rio, a EMATER-Rio e uma
Fazenda Experimental. Itaocara não possui instituições de Ensino Superior, apesar da
possibilidade de que a Escola de Engenharia Agrícola seja implantada em seu
território, através da UENF, segundo informações da Prefeitura Municipal.

No Mapa a seguir, fica visível a predominância de Instituições de Ensino Superior em


Campos, seguido pelo maior número de instituições em Macaé e em Itaperuna. Na
série abaixo, de 2 a 3 instituições estavam os municípios de Bom Jesus do
Itabapoana, Santo Antônio de Pádua e Quissamã e a maioria dos municípios possui
uma ou nenhuma instituição de Ensino Superior.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 121


Mapa 10 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Instituições de Ensino Superior, 2009

Fonte: Ministério da Educação e Sistema Integrado de Informação da Educação Superior, 2009, Relatório de Avaliação da Relação Situacional dos
Mercados. Consórcio Rionor, 2010.

122 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Mapa 11 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Instituições de Ensino Técnico, 2009

Fonte: Ministério da Educação e Sistema Integrado de Informação da Educação Superior, 2009, Relatório de Avaliação da Relação Situacional dos
Mercados. Consórcio Rionor, 2010

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 123


A formação de nível técnico das Regiões também se distribui de forma desigual entre
os Municípios, conforme verificado no mapa anterior. Campos e Itaperuna foram os
municípios com maior oferta de cursos, de 8 a 11, seguido por Santo Antônio de
Pádua e Macaé, que possuíam de 4 a 7 unidades de Ensino Técnico, cada. O outro
grupo de municípios composto por Italva, Miracema, São Fidelis e Itaocara ficaram na
série de 2 a 3 instituições e os demais possuíam uma ou nenhuma.
Dentre algumas instituições que já atuam especificamente no setor agricultura,
pecuária e/ou silvicultura em ambas as Regiões há o IFF Campos – com o curso de
técnico em meio ambiente e mestrado em engenharia ambiental, além de uma
Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental, PEA e também o Campus Macaé,
com o curso de Engenharia Ambiental. Há mais dois Campi que ofertam cursos nestas
áreas, em Bom Jesus do Itabapoana, com um Colégio Agrícola e outro em Cambuci.
Conceição do Macabú e Campos também possuem Colégio Agrícola. Também no
Norte do Rio funcionam os núcleos avançados do IFF em Quissamã e São João da
Barra, que possui uma Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental, que atende a
pequenos produtores rurais.

A UENF/Campos dos Goytacazes tem realizado diversos trabalhos de pesquisa


ambiental, como o estudo de variedades de espécies para reflorestamento e a
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFFRJ Campus Leonel Miranda
também possui um centro de pesquisa em Campos, com enfoque em especialização.
A FENORTE - Fundação Estadual Norte Fluminense, localizada neste mesmo
município, tem como uma de suas iniciativas a Biofábrica, responsável pela produção,
controle e alta produtividade de mudas de qualidade. Em Macaé, a UNIGRARIO
oferece o curso de graduação em Gestão Ambiental.

Existem ainda diversas instituições locais que podem oferecer ensinos técnicos e
profissionalizantes para os habitantes, como as integrantes do Sistema “S” – a
exemplo do SEBRAE, do SENAC, do SENAR, Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural, RJ; a EMATER-RJ, com sede em todos os municípios do Norte e Noroeste e a
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que vem trabalhando nas
Regiões através da realização de convênios, junto à outras entidades independentes e
qualificadas para a realização destes cursos.

Cita-se também o trabalho desenvolvido pela PESAGRO, Empresa de Pesquisa


Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro, que nas Regiões possuem o Centro
Estadual de Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Leiteira, em Itaocara, o Centro
de Pesquisa em Agroenergia e Aproveitamento de Resíduos, em Campos dos
Goytacazes e o Centro Estadual de Pesquisa das Baixadas Litorâneas, em Macaé.

Assim, ambas as Regiões possuem instituições que oferecem cursos de ensino


superior e cursos técnicos/profissionalizantes que devem ser incorporadas ao
processo produtivo local da silvicultura como parceiras, instalando-se territorialmente
espaços de qualificação profissional que possam atender a todos os municípios que
receberão a nova atividade. Complementariamente, estas instituições devem incluir no
seu trabalho Centros de Desenvolvimento e Inovação da Silvicultura e da indústria de
processamento da madeira.

Como já sugerido, os centros de qualificação profissional poderão estar


prioritariamente nas ecovilas, o que inclui a formulação de estratégias de mobilidade
que possibilitem às populações vizinhas o deslocamento gratuito até estes centros

124 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


educacionais, havendo a possibilidade de que sejam realizados cursos de qualificação
itinerantes, para atenderem a um número de população expressivo fora das ecovilas,
mas que se reportem ao centro, funcionando através de parcerias, oferecendo os
cursos temporariamente em outras localidades, sempre que necessário.

5. PROJETO DE APOIO À MICRO, PEQUENOS E MÉDIOS NEGÓCIOS

Complementando às ações anteriores de processos de realocação-criação de novas


centralidades e a qualificação da mão-de-obra local, se integra e é proposto o Projeto
de Apoio aos Micro, Pequenos e Médios Negócios, com vistas à diversificação da
base produtiva regional e de suas cadeias produtivas, ampliando consequentemente a
economia regional.

Esta proposta inclui tanto o apoio a novos negócios como aqueles que já existem, mas
que ainda não prosperaram como desejado, de forma que os habitantes tenham
acesso à moradia, à educação necessária para o trabalho e, se necessário, o apoio
para a criação e/ou manutenção do seu próprio negócio, constituindo-se a partir
destes três âmbitos um tripé fundamental para a qualidade de vida destes habitantes:
moradia, educação e trabalho e renda.

Primeiramente, observa-se que a situação produtiva do Norte e Noroeste Fluminense


apresenta características diferenciadas, segundo a pesquisa de Martins (2010). No
Noroeste, a estrutura produtiva e industrial encontra-se bastante limitada e, apesar de
haver certa diversificação, predominam os pequenos estabelecimentos e a baixa
conexão com as cadeias produtivas do Estado, além de se constatar sua baixa
participação na geração da riqueza regional. Neste caso, Martins sugere o fomento de
atividades científicas voltadas para a agrícola, agronegócios e afins, como é o caso da
silvicultura, objetivando agregar valor aos processos produtivos e a seus produtos
finais.

No Norte Fluminense a situação é distinta, pois há uma estrutura produtiva fortemente


especializada, com predomínio de estabelecimentos maiores, prevendo-se a
continuidade deste perfil através da implantação recente de grandes
empreendimentos, o que não tem impedido que fortes lacunas socioeconômicas
também sejam reconhecidas em seu território.

Considerando este contexto, as estratégias gerais para o desenvolvimento econômico


local propostas por Martins (2010) que poderão ser aplicadas ao Plano de Silvicultura
incluem:

• Capacitar os produtores para lidarem com as tecnologias de produção propostas


para a nova atividade, tema já discutido no Projeto anterior;

• Fomentar a competitividade das micro, pequenas e médias empresas, através


de um programa de qualificação e capacitação de empresários;

• Incentivar a implantação de cooperativas empresariais para a aquisição de


novos conhecimentos, inclusive de viés tecnológico;

• Incentivar a implantação e disseminação de incubadores de empresas de


conhecimento/tecnologia ligadas à silvicultura;

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 125


• Inserir o conteúdo de cooperativismo e empreendedorismo nas escolas locais,
bem como capacitação nestes tópicos para a população interessada;

• Ampliar a presença regional dos bancos – sobretudo públicos - e agentes de


crédito para os investimentos na área silvícola;

• Fomentar a ampliação dos fornecedores em silvicultura;

• Incentivar o fortalecimento e adensamento das cadeias produtivas relacionadas


à silvicultura, já existentes nas Regiões, como a produção de mobiliário e a
produção de cerâmica vermelha em Campos, e outras afins – a partir da
articulação entre atores relevantes;

• Instrumentalizar as cadeias produtivas primárias no processo de agregação de


valor;

• Buscar a qualidade dos produtos, incluindo sua adequação às normas técnicas,


inclusive com as especificações exigidas por eventuais grandes clientes
nacionais ou internacionais, disseminando e incentivando a adoção das
melhores práticas de qualidade e a certificação de produtos e processos;

• Desenvolver políticas e implantar programas de incentivo à exportação da


matéria prima e produtos de valor agregado, para mercados diversos;

• Desenvolver mecanismos para a criação de um ambiente social estável, com


uma identidade coletiva, de forma a promover a cooperação entre os agentes
envolvidos em atividades comuns, ainda que dispersos territorialmente, como já
foi sugerido através da criação das ecovilas;

• Priorizar políticas voltadas para o processo produtivo, buscando-se melhorias


estruturais através da progressão tecnológica implantada nos diferentes pólos
produtivos;

• Atuar junto aos agentes financiadores para que sejam abertas linhas de crédito
específicas à atividade, através de financiamento subsidiado às micro e
pequenas empresas, vinculadas à indicadores de desempenho produtivo
mercadológico e inovador;

Portanto, a partir destas propostas que abarcam o apoio aos negócios e empresas de
diferentes portes, as Regiões em questão devem ter como diretriz central o incentivo à
constituição de APRs – Arranjos Produtivos Regionais – com forte governança, apoio
e estabelecimento de parcerias com instituições de pesquisa e desenvolvimento –
como com as escolas técnicas e universidades locais (Martins, 2010), integrando o
Plano Básico da Silvicultura que é, em si mesmo, uma diversificação produtiva,
trazendo a estas localidades maior estabilidade econômica e integração com a
economia regional e nacional (e em alguns casos internacional).

Assim, o Projeto de Apoio aos Micro, Pequenos e Médios Negócios engloba todas as
novas atividades advindas da floresta, incluindo o apoio jurídico-institucional,
educacional e econômico, que conta com o aproveitamento de atividades locais que já

126 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


estejam se desenvolvendo nesta área, como a produção de móveis, de cerâmica e as
pequenas empresas locais de papel.

Considerando-se o viés econômico, há diversas fontes de financiamento para as


atividades florestais que englobam o apoio aos negócios a elas relacionados. Como
apontado neste último, deve ser facilitado o acesso às linhas de financiamento
disponíveis (FCO, PRONAF, PROPFLORA e outras), elaborando-se material de
divulgação para que os empreendedores acessem os financiamentos e inclusive
realizando-se cursos para divulgação e orientação sobre a obtenção da documentação
necessária e a elaboração de projetos padrão.

Dentre um dos órgãos importantes a ser contatado para este Projeto específico está o
SEBRAE, que é uma das maiores e mais qualificadas instituições responsáveis pelo
apoio às micro e pequenas empresas no país. O SEBRAE pode ser a instituição
parceira no planejamento deste trabalho, analisando as demandas das Regiões a
partir de suas fragilidades e das próprias cadeias produtivas a serem implantadas.

No Norte e Noroeste Fluminense, também há, em funcionamento, diversos programas


de apoio às atividades agrícolas, pecuárias e de preservação ambiental, como os
Programas Estaduais Frutificar, de Floricultura, Prosperar, Rio Leite, Rio Carne e o Rio
Rural e Programas do Governo Federal, como o PRONAF, Programa Nacional de
Agricultura Familiar, além do trabalho realizado pelo Comitê Gestor de Bacias.

6. REFERÊNCIAS

AMS, Associação Mineira de Silvicultura. Florestas Plantadas. Um compromisso


com o desenvolvimento social. 2006.

Anuário Brasileiro da Silvicultura 2007. Ângela Vencato et al. Santa Cruz do Sul:
Editora Gazeta Santa Cruz. 128p. ISSN 1808 222X.

Anuário Brasileiro da Silvicultura, 2008.

Anuário Brasileiro da Silvicultura, 2009.

Anuário Estatístico da ABRAF 2010, ano base 2009. Brasília, 2010.

Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, PNUD, 2003.

BOHRER, C. B. A. O Manejo de Florestas Tropicais e o Desenvolvimento Sustentável


no Brasil. In: Território, Territórios.1 Niterói : PPGeo-UFF / AGB, 2002

BRACELPA, Resultados 2009, Perspectivas 2010, Industria Brasileira de Celulose e


Papel.

BRACELPA, Setor de Celulose e Papel, set. 2010.

BRACELPA Workshop “Brasil 2008-2010” Setor de Celulose e Papel, Agosto de 2009.


Estatísticas BRACELPA, Relatório Anual 2008/2009.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 127


Fatos e Números do Brasil Florestal, Sociedade Brasileira de Silvicultura, dez. 2008

FUNDAÇÃO CIDE - CENTRO DE INFORMAÇÕES E DADOS DO RIO DE JANEIRO.


Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Índice de
Qualidade dos Municípios – Potencial para o Desenvolvimento II, Rio de Janeiro,
CIDE, 2006. FUNDAÇÃO CIDE, Coordenadoria de Estudos e Pesquisas COEP.
Regiões de Governo. Secretaria de Planejamento e Gestão. Governo do Rio de
Janeiro, 2009.

FUNDAÇÃO CIDE, Coordenadoria de Estudos e Pesquisas COEP. Regiões de


Governo. Secretaria de Planejamento e Gestão. Governo do Rio de Janeiro, 2009.

Geografia, Conhecimento Prático. As Reservas Florestais pedem Socorro. no 30,


ISSN 1984-0101, Ed. Escala.

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Plano Estratégico do Governo do


Rio de Janeiro 2007-2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, IBGE. Censo


Demográfico de 1991 a 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2008 - Censos Demográficos,
Contagem da População, Estimativas da População, Pesquisa de Orçamentos
Familiares - POF 2002/2003.

KON, Anita (1992). A divisão Internacional do Trabalho: Condicionantes


socioeconômicos. São Paulo, Revista de Economia Política, vol. 12, n.03 (47), julho-
setembro.

MARTINS, N. (2010) Relatório de Desenvolvimento Econômico do Norte e Noroeste


Fluminense, Projeto Rionor.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Informações em Saúde. Site disponível em:


http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/mg.htm. Acesso novembro a fevereiro
de 2009.

MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Política


Nacional de Assistência Social. Brasília, 2004. Site disponível em
http://www.mds.gov.br - Acesso novembro a fevereiro de 2009.

Pedlowski, M. A. O Espectro do Deserto Verde no Norte/Noroeste Fluminense.


Revista Tempo e Presença, no 392, Maio/junho 2003, p.16-20.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO – PNUD. Atlas


do Desenvolvimento Humano no Brasil (2003). Brasília, DF.

PREFEITURAS MUNICIPAIS DAS REGIÕES NORTE E NOROESTE. Sites


disponíveis em http://www.governodorio. Acesso novembro 2010 a abril de 2011.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO – PNUD. Atlas


do Desenvolvimento Humano no Brasil (2003). Brasília, DF.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de
Janeiro – Avaliação da Relação Situacional dos Mercados. Consórcio Rionor, 2010.

128 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Síntese de Indicadores Sociais. Uma Análise das Condições de Vida da População
Brasileira, 2010, Estudos e Pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica, n.
27. IBGE. Rio de Janeiro.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO. Estudos Socioeconômicos dos Municípios


da Região Norte e Noroeste Fluminense, 2004 a 2008.

Sites:

Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em:


http://www.investerio.com.br/

Agricultura Rio de Janeiro: www.agricultura.rj.gov.br

Anuário ABRAF: http://www.abraflor.org.br/estatisticas/ABRAF10-BR.pdf

Anuário Estatístico do Brasil, IBGE, 1999

Associação Brasileira de Celulose e Papel: http:// www.BRACELPA.org.br

Comunidades Quilombolas no Brasil: http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/i_


brasil_rj.html

FUNAI: www.funai.gov.br/mapas

Fundação CIDE - Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro. Disponível em:


http://www.cide.rj.gov.br/cide/index.php

Governo do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.governo.rj.gov.br


/municipios.asp

IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1

IETS - Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade. Disponível em:


http://www.iets.org.br/

LA FAO: http://www.fao.org/forestry/gender/en/, http://www.fao.org/forestry/livelihoods


/en/ e Atividades Florestais e Agro-Silvicutura nos Programas Multisectorais de
Compate a VIH/SIDA, em Programa FAO VIH/SIDA, consulta em fev. 2011.

PESAGRO: www.pesagro.rj.gov.br

Programa Rio Rural: www.microbacias.rj.gov.br

Sociedade Brasileira de Silvicultura: http://www.sbs.org.br/index.php

Apresentações:
Sociedade Brasileira de Silvicultura Seminário Fluminense de Produção Florestal
Sustentável, Silvicultura, Uma atividade do bem. Carlos Alberto da Fonseca Funcia.
Rio de Janeiro, out. 2008

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 129


ANEXO

130 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


ANEXO 1 – SÍNTESE DE ASPECTOS INSTITUCIONAIS LEGAIS

O marco legal é fundamental no estabelecimento da atividade florestal, seus


contornos, limites e possibilidade de expansão e se integra aos outros aspectos da
atividade, como o vetor socioeconômico, ambiental e cultural. Sendo assim, segue-se
uma síntese histórica recente do vetor institucional no Brasil.

No início da década de 80 foi criado no Brasil o Sistema Nacional do Meio Ambiente -


SISNAMA, para acompanhar a defesa do meio ambiente e a definição de novas
políticas para o setor. Em 1992 criou- se o Ministério do Meio Ambiente – MMA, que
tem a responsabilidade de elaborar as políticas em nível federal; a implementação
dessas políticas e a fiscalização do cumprimento das leis são atribuições do IBAMA e
dos órgãos ambientais competentes estaduais e municipais.

A Constituição Federal de 1988, ao estabelecer a legislação concorrente, delegou


autonomia para que os Estados da Federação tenham suas próprias leis ambientais
ou florestais, desde que não sejam mais permissivas do que a lei federal. Dezessete
estados promulgaram suas leis ambientais, porém, na prática, a descentralização do
comando e controle da atividade florestal não ocorreu totalmente.

Em 1999 se resgatou o reconhecimento da importância das florestas na estrutura


organizacional da administração direta do Governo Federal, o que levou à criação da
Secretaria de Biodiversidade e Florestas no MMA, a quem cabe a proposição de
políticas, instrumentos e normas ambientais e a definição de estratégias para
promover a gestão compartilhada do uso sustentável dos recursos florestais.

O Programa Nacional de Florestas - PNF foi instituído pelo Decreto No 3.420, de 20 de


abril de 2000, e lançado pelo Governo Federal em 21 de setembro do mesmo ano.
Seu objetivo geral é "a promoção do desenvolvimento sustentável, conciliando a
exploração com a proteção dos ecossistemas e a compatibilização da política florestal
com os demais setores de modo a promover a ampliação do mercado interno e
externo e o desenvolvimento institucional do setor".

Dentre as várias ações realizadas pelo Programa Nacional de Florestas está Portal da
Gestão Florestal está vinculado ao Sistema Nacional de Informações sobre o Meio
Ambiente - SINIMA e ao Sistema Nacional de Informações Florestais, criado pela Lei
11.284/06, com o objetivo de integrar e unificar informações, para garantir
transparência e publicidade sobre a gestão florestal no país, assim como permitir o
acompanhamento dos programas e ações desenvolvidas por instituições públicas
responsáveis pela gestão de florestas. Além disso, o Portal vai servir de subsídio ao
planejamento, monitoramento, controle e gerenciamento florestal por parte dos órgãos
do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA.

Este Portal busca atender às diretrizes da Resolução do Conselho Nacional do Meio


Ambiente - CONAMA no 379, de 19 de outubro de 2006, e ao Decreto no 5.975, de 30
de novembro de 2006, que tratam da integração, padronização, transparência,
divulgação de informações e controle dos produtos e subprodutos florestais. No âmbito
do MMA, a concepção do Portal Florestal foi feita por um grupo de trabalho composto
por representantes do MMA e do IBAMA, criado com a finalidade de propor formas e
procedimentos para articulação e integração de informações sobre a gestão florestal.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 131


O Portal Florestal compartilha informações de Planos de Manejo, Participação Social,
Legislação Florestal, Transporte de Produtos Florestais, Gestão de Florestas Públicas,
Autorizações de Supressão de Vegetação Nativa, Fiscalização (Autos de Infração,
Materiais Apreendidos), Focos de Calor, Desmatamento e as Instituições que atuam
na gestão florestal.

Em fevereiro de 2004, o Governo Federal instalou a Comissão Coordenadora do


Programa Nacional de Florestas – CONAFLOR, criada pelo Decreto Presidencial Nº.
4.864/2003 e composta por representantes de diversos ministérios e organismos
governamentais, além de representantes de entidades civis e dos segmentos que
compõem o setor de produção de base florestal.

O principal objetivo é propor e avaliar medidas para que sejam cumpridos os princípios
e diretrizes das políticas públicas para o Setor Florestal, de acordo com a Política
Nacional do Meio Ambiente e com o Código Florestal. A criação da CONAFLOR reflete
uma das recomendações do 8º Congresso Florestal Brasileiro, promovido pela
Sociedade Brasileira de Silvicultura - SBS e pela Sociedade Brasileira de Engenheiros
Florestais - SBEF em agosto de 2003, no sentido de promover a efetiva articulação
das ações dos diferentes segmentos que compõem a atividade florestal para a
otimização dos esforços e alcance de resultados concretos e duradouros.

Em dois de março de 2006 foi promulgada a Lei No 11.284 que dispõe sobre a gestão
de florestas públicas para produção sustentável, institui no âmbito do Ministério do
Meio Ambiente – MMA, o Serviço Florestal Brasileiro – SFB, cria o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Florestal - FNDF; e delega aos órgãos estaduais competentes do
Sisnama, a prévia aprovação da exploração de florestas públicas e privadas.

A assinatura do Contrato de Gestão e Desempenho do Serviço Florestal Brasileiro tem


o objetivo de assegurar ao novo órgão autonomia administrativa e financeira que
garantam maior eficiência à execução das políticas nacionais de gestão de florestas
públicas. Possibilita também que o Serviço Florestal tenha competência para elaborar
editais e organizar licitações de concessões em áreas de florestas públicas federais.

O início do processo de concessões florestais só foi possível graças à aprovação


dessa lei. O objetivo da nova lei é, entre outros, impedir o processo de desmatamento
e grilagem de terras públicas. Essas medidas fazem parte de uma agenda do Governo
Federal que inclui também o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da
Amazônia (PPCDA), que congrega 13 ministérios.

A primeira área a receber concessão florestal mediante licitação pública e pagamento


pelo uso dos recursos florestais está localizada dentro da Floresta Nacional do Jamari
em Rondônia - unidade de conservação federal de uso sustentável com 220 mil
hectares. Desse total, foram licitados 97.000 ha, divididos em três unidades de manejo
florestal, com 17 mil ha, 32 mil ha e 48 mil ha, ficando o restante como área de
preservação ambiental ou destinada a populações locais. Os critérios usados para
definir o processo foram técnicos, avaliando indicadores socioambientais como maior
benefício social, menor impacto ambiental e maior agregação de valor local, além de
preço.

Fonte: Fatos e Números do Brasil Florestal, Sociedade Brasileira de Silvicultura, Dez.


2008.

132 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


INFRAESTRUTURA VIÁRIA
CAPÍTULO 3

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


AUTORES:

ANDREA F. MACHADO
CRISTIANO PEIXOTO MACIEL
HERALDO PESSANHA MEIRELES
LAERT GUERRA WERNECK
MIGUEL FERNANDES FELIPPE
MILTON CASERIO FILHO
PAULO EDUARDO BORGES
PAULO SARAIVA NETO
RENATO AGUIAR DA SILVA
ROGÉRIO DA SILVA BURLA
ROMEU E SILVA NETO
SANDER ELIAS RODRIGUES
TÚLIO AMARAL PEREIRA

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


SUMÁRIO

1. INFRAESTRUTURA VIARIA DE ESCOAMENTO DE PRODUÇÃO............ 137


2. REFERÊNCIAS........................................................................................... 142

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


LISTAS

DIAGRAMA
Diagrama 1 – Norte e Noroeste Fluminense - Proposta para Sistema Viário de
Escoamento de Produção (Silvicultura) .................................................................... 141

FIGURAS
Figura 1 – Campos dos Goytacazes – Açu, Local de Implantação do Corredor
Logístico Projetado ................................................................................................... 139
Figura 2 – Campos dos Goytacazes – Porto do Açu, Visão do Lançamento do
Corredor Logístico em Planta ................................................................................... 139
Figura 3 - Corredor Logístico – Seção Transversal Proposta.................................... 140

MAPA
Mapa 1 - Área do Projeto da Estrutura Viária............................................................ 138

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


1. INFRAESTRUTURA VIARIA DE ESCOAMENTO DE PRODUÇÃO
Nas áreas definidas como as mais propícias para implantação de projetos de
silvicultura e da criação de arranjos produtivos de celulose, MDF e madeira para
construção civil, há uma rede rodovias principais e secundárias existentes, capazes de
promover o escoamento de produção.
As Regiões Norte e Noroeste proposta para implantação do projeto são atendidas
principalmente pela malhas dos sistemas rodoviários federal e estadual, bem como por
malha ferroviária linear sem penetração. O sistema troncal é constituído por três
rodovias federais, BR101, BR356 e BR393/RJ186, que são entrecortadas por rodovias
estaduais que propiciam a ligação das áreas de interesse para implantação do projeto
de silvicultura.
Considerando os projetos de melhoramentos e ampliação além de programas de
manutenção já praticados pelo DNIT e DER RJ, sugere-se a classificação das vias por
importância e por tipologia de intervenção qual seja:
Quanto à importância:
• Importância normal: Rodovias que receberão tráfego interno das regiões de
produção
• Importância elevada: Rodovias que receberão afluxo de várias regiões de
produção
• Importância extrema (prioritária): Corredores logísticos
Quanto às intervenções:
• Manutenção: Vias que demandam manutenção convencional como manutenção
de sinalização vertical e horizontal, recapeamento, limpeza, etc.
• Melhoramentos: Vias que necessitam melhoramentos em trechos específicos
além da manutenção convencional, tais como duplicações, iluminação, obras de
arte, sistemas de drenagem, entre outros.
• Implantação: Vias propostas para implantação integral.
Ressalta-se que a BR101 é atualmente operada por concessionária privada
pertencente ao grupo OHL, a qual é responsável por sua manutenção.
O Mapa, a seguir, apresenta a rede viária que atende a área do projeto.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 137


Mapa 1 - Área do Projeto da Estrutura Viária

Fonte: Bases Cartográfica IBGE e DER-RJ. Elaboração dos Autores.

138 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


As rodovias federais operam com a função de troncos de interligação entre os centros
urbanos regionais Campos dos Goytacazes, Itaperuna e Macaé e as capitais de
estado Rio de Janeiro e Vitória, no Espírito Santo. Elas permitem as conexões com os
principais portos da região, com ênfase para o projeto Porto de Açu no município de
São João da Barra, que tem o seu acesso, atualmente, pela RJ240, a partir da BR356.
Está proposta a implantação, em futuro próximo, de autoestrada, na modalidade de
um corredor logístico, para interligar diretamente Campos dos Goytacazes e o Porto
de Açu. No projeto apresentado pela LLX, este corredor terá um traçado pelo qual
conecta-se à BR101, aproveitando parte da rodovia dos Ceramistas. Antes desta
cruzar a rodovia do Açúcar (RJ 216: Campos-Farol), passa a ter um traçado linear,
direto até o Complexo do Açu, figuras ilustrativas seguintes.
Figura 1 – Campos dos Goytacazes – Açu, Local de Implantação do Corredor Logístico
Projetado

Fonte: Blog Roberto Moraes. Google Maps (modificado)

Figura 2 – Campos dos Goytacazes – Porto do Açu, Visão do Lançamento do Corredor


Logístico em Planta

Fonte: Blog Roberto Moraes. Google Maps (modificado)

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 139


Este corredor logístico, com 45 km, constitui-se de linhas de transmissão, poliduto
para água, gás e telecomunicações, além de ferrovia e rodovia. A figura a seguir
apresenta um corte transversal de sua estruturação. Segundo previsão da LLX, a
capacidade projetada da sua rodovia é de até 100 mil veículos por dia.
Figura 3 - Corredor Logístico – Seção Transversal Proposta

Fonte: Blog Roberto Moraes. EIA/RIMA Corredor Logístico LLX


Também está proposta uma nova rodovia, Translitorânea interligando as cidades
litorâneas do Rio de Janeiro às do Espírito Santo. No Norte Fluminense, o projeto da
rodovia compreende o trecho entre Macaé - São João da Barra - Barra do Itabapoana,
na divisa. Ela possui registro no CONFEA, Conselho Federal de Engenharia e
Arquitetura. As tratativas para a sua construção passam por negociações com a
Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão que deve estruturar uma operação de
parceria público-privada (ppp). Hoje já esta interligação é feita pela RJ196,
predominantemente, complementada em pequeno trecho, junto a Macaé pela RJ179.
Ainda faltam dois trechos entre Açu e Barra do Furado e na saída de São João da
Barra para Barra do Itabapoana. Naturalmente que esta rodovia merece e deve ser
requalificada.
Ressalta-se também a possibilidade de escoamento através do futuro porto de
Kennedy, ora em fase de projeto e construção, a ser implantado no município de
Presidente Kennedy no estado do Espírito Santo, a cerca de 80 km pela BR101 da
divisa entre os dois estados.
Quanto às vias estaduais gerenciadas pelo Departamento Estadual de Estradas de
Rodagem do Rio de Janeiro (DER – RJ), dedicou-se especial atenção à recuperação e
manutenção e requalificação daquelas que cumprirão o papel de integrar as áreas de
produção à malha federal, tal como a RJ220, RJ214, RJ226 e RJ230, na região dos
municípios de Varre Sai, Natividade e Porciúncula, assim como a RJ116 que atenderá
à região dos municípios de Laje do Muriaé, Miracema, Santo Antônio de Pádua,
Aperibé e Itaocara.
A RJ158 interligará a região de São Fidélis a BR-356 e Campos dos Goytacazes.
A interligação da região de Itaocara e RJ 116 à BR 101 e litoral (Macaé) será realizada
pelo eixo proposto, a partir da recuperação e melhoria da RJ146 e RJ182 a partir da
localidade de Cambiasca. Tal ligação também atenderá à região de produção proposta
para Conceição de Macabu.
As áreas de produção situadas na região de Cardoso Moreira e São Francisco do
Itabapoana serão atendidas pela BR356.
O Diagrama apresentado a seguir sistematiza a rede viária proposta para escoamento
da produção das área de produção.

140 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Diagrama 1 – Norte e Noroeste Fluminense - Proposta para Sistema Viário de Escoamento de Produção (Silvicultura)

Fonte: Elaboração dos Autores

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 141


2. REFERÊNCIAS

DER/RJ: www.der.rj.gov.br, acesso em março de 2011;

Rionor, fev/2010;

SEPLAG RJ, 2010, Site: www.http://www.rj.gov.br/web/seplag, acesso em março de


2011;

142 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


ECONOMIA DA SILVICULTURA
CAPÍTULO 4

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


AUTORA:
NILDRED STAEL FERNANDES MARTINS

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 149


2. PERFIL ECONÔMICO DAS REGIÕES NORTE E NOROESTE
FLUMINENSE ............................................................................................. 149
3. CADEIAS PRODUTIVAS ............................................................................ 153
2.1 Descrição da Cadeia Produtiva Florestal .................................................... 154
2.2 Celulose e Papel ......................................................................................... 157
2.3 Cadeia Produtiva da Madeira para a Indústria Moveleira e Construção Civil158
2.3.1 Maderia Serrada ......................................................................................... 160
2.3.2 Laminas de Madeira e Compensados ......................................................... 160
2.3.3 Painéis ........................................................................................................ 160
2.3.4 Produtos de Maior Valor Agregado (PMVA) ................................................ 161
2.3.5 Indústria Moveleira...................................................................................... 161
2.3.6 Construção Civil .......................................................................................... 162
2.3.7 Constituição do Arranjo Produtivo Regional, APR, da Madeira para Indústria
Moveleira e Construção Civil....................................................................... 162
2.4 Energética (lenha e carvão) ........................................................................ 163
3. CADEIAS COMPLEMENTARES OU ACESSÓRIAS .................................. 164
3.1 Apicultura .................................................................................................... 164
3.2 Cultivo de Cogumelo................................................................................... 165
3.3 Produção de Essências............................................................................... 166
3.4 Sistema Agroflorestal .................................................................................. 166
4. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA ................................................. 167
4.1 Estrutura de Custos .................................................................................... 168
4.2 Estrutura de Receitas.................................................................................. 169
4.3 Análise Econômico Financeira do Cultivo da Floresta Comercial de Eucalipto
com Ciclo de 6 anos.................................................................................... 169
4.3.1 Caso da Cadeia Produtiva de Madeira para Produção de Celulose ............ 170
4.3.1.1 Resultados da Análise Financeira com a Aplicação dos Critérios VPL e TIR170
4.3.1.2 Análise dos Resultados............................................................................... 172
4.3.2 Caso da Cadeia Produtiva de Madeira para Construção Civil e Produção de
Energia ....................................................................................................... 173
4.3.2.1 Resultados da Análise Financeira com a Aplicação dos Critérios VPL e TIR173
4.3.2.2 Análise dos Resultados............................................................................... 175

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


4.4 Análise Econômico Financeira do Cultivo da Floresta Comercial de Eucalipto
com Ciclo de 15 anos.................................................................................. 176
4.4.1 Resultados da Análise Financeira com a Aplicação dos Critérios VPL e TIR176
4.4.2 Análise dos Resultados............................................................................... 177
4.5 Análise Econômico Financeira do Cultivo da Floresta Comercial de Nim com
Ciclo de 13 anos ......................................................................................... 178
4.5.1 Resultados da Análise Financeira com a Aplicação dos Critérios VPL e TIR178
4.5.2 Análise dos Resultados............................................................................... 179
5. CONCLUSÃO ............................................................................................. 180
6. REFERÊNCIAS........................................................................................... 181
ANEXOS..................................................................................................... 183
ANEXO 1 - RELAÇÃO DOS PROGRAMAS DE APOIO À ATVIDADE
AGROPECUÁRIA DA SECRETARIA DE AGRICULTURA E PECUÁRIA DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ................................................................. 184
ANEXO 2 - ESTRUTURA SINDICAL AGRÁRIA REGIONAL NORTE E
NOROESTE FLUMINENSE ........................................................................ 187
ANEXO 3 - MECANISMOS DE FINANCIAMENTO DISPONÍVEIS PARA O
SETOR DE FLORESTAS PLANTADAS NO BRASIL.................................. 192
ANEXO 4 - FLUXOS DE CAIXA DOS PLANTIOS DE EUCALIPTO 6 ANOS,
EUCALIPTO 15 ANOS E NIM 13 ANOS ..................................................... 196

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


LISTAS

FIGURAS
Figura 1 - Fluxo da Cadeia Produtiva dos Produtos Florestais.................................. 155
Figura 2 - Cadeia Produtiva Celulose e Papel .......................................................... 157
Figura 3 - Cadeia Produtiva Madeira para Indústria Moveleira e Construção Civil .... 159
Figura 4 - Cadeia Produtiva da Madeira para Produção de Energia ......................... 163

GRÁFICOS
Gráfico 1 - Valor Adicionado Bruto por Setores Econômicos, Norte Fluminense, 2008,
preços correntes, MR$.............................................................................................. 150
Gráfico 2 - Valor Adicionado Bruto por Setores Econômicos, Noroeste Fluminense,
2008, preços correntes, MR$.................................................................................... 151

QUADROS
Quadro 1 - Caso 1: Produtividade de 40 m3/ha/ano e Valor da Terra Desconsiderado
................................................................................................................................. 170
Quadro 2 - Caso 2: Produtividade de 40 m3/ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao
Aluguel Calculado Sobre o Preço da Terra de R$2.000,00/ha .................................. 170
Quadro 3 - Caso 3: Produtividade de 40 m3/ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao
Aluguel Calculado Sobre o Preço da Terra de R$5.491,00/ha .................................. 170
Quadro 4 - Caso 4: Produtividade de 40 m3/ha/ano e Compra do Terreno com Valor da
Terra Equivalente a R$2.000/ha ............................................................................... 171
Quadro 5 - Caso 5: Produtividade de 50 m3/ha/ano e Valor da Terra Desconsiderado
................................................................................................................................. 171
Quadro 6 - Caso 6: Produtividade de 50 m3/ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao
Aluguel Calculado sobre o Preço da Terra de R$2.000,00/ha................................... 171
Quadro 7 – Caso 7: Produtividade de 50 m3/ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao
Aluguel Calculado Sobre o Preço da Terra de R$5.491,00/ha .................................. 172
Quadro 8 - Caso 8: Produtividade de 50 m3/ha/ano e Compra do Terreno com Valor da
Terra Equivalente a R$2.000/ha ............................................................................... 172
Quadro 9 - Resultados e classificação da Análise Financeira: Floresta Plantada de
Eucalipto com Ciclo Produtivo 6 anos – Cadeia Produtiva Celulose e Papel ............ 172
Quadro 10 - Caso 1: Produtividade de 40 m3/ha/ano e Valor da Terra Desconsiderado
................................................................................................................................. 173
Quadro 11 - Caso 2: Produtividade de 40 m3/ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao
Aluguel Calculado sobre o Preço da Terra de R$2.000,00/ha................................... 173
Quadro 12 - Caso 3: Produtividade de 40 m3/ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao
Aluguel Calculado sobre o Preço da Terra de R$5.491,00/ha................................... 174

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Quadro 13 - Caso 4: Produtividade de 40 m3/ha/ano e Compra do Terreno com Valor
da Terra Equivalente a R$2.000/ha .......................................................................... 174
Quadro 14 - Caso 5: Produtividade de 50 m3/ha/ano e Valor da Terra Desconsiderado
................................................................................................................................. 174
Quadro 15 - Caso 6: Produtividade de 50 m3/ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao
Aluguel Calculado sobre o Preço da Terra de R$2.000,00/ha................................... 174
Quadro 16 - Caso 7: Produtividade de 50 m3/ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao
Aluguel Calculado sobre o Preço da Terra de R$5.491,00/ha................................... 175
Quadro 17 - Caso 8: Produtividade de 50 m3/ha/ano e Compra do Terreno com Valor
da Terra Equivalente a R$2.000/ha .......................................................................... 175
Quadro 18 - Resultados e Classificação da Análise Financeira: Floresta Plantada de
Eucalipto com Ciclo Produtivo 6 anos – Madeira para Construção Civil.................... 175
Quadro 19 - Caso 1: Valor da Terra Desconsiderado ............................................... 176
Quadro 20 - Caso 2: Valor da Terra Equivalente ao Aluguel Calculado sobre o Preço
da Terra de R$2.000,00/ha ....................................................................................... 176
Quadro 21 - Caso 3: Valor da Terra Equivalente ao Aluguel Calculado sobre o Preço
da Terra de R$5.491,00/ha ....................................................................................... 177
Quadro 22 - Caso 4: Compra do Terreno com Valor da Terra Equivalente a
R$2.000/ha ............................................................................................................... 177
Quadro 23 - Resultados e Classificação da Análise Financeira: Floresta Plantada de
Eucalipto com Ciclo Produtivo 15 anos – Madeira para Móveis e Construção Civil .. 177
Quadro 24 - Caso 1: Valor da Terra Desconsiderado ............................................... 178
Quadro 25 - Caso 2: Valor da Terra Equivalente ao Auguel Calculado sobre o Preço da
Terra de R$2.000,00/ha............................................................................................ 178
Quadro 26 - Caso 3: Valor da Terra Equivalente ao Aluguel Calculado sobre o Preço
da Terra de R$5.491,00/ha ....................................................................................... 179
Quadro 27 - Caso 4: Compra do Terreno com Valor da Terra Equivalente a
R$2.000/ha ............................................................................................................... 179
Quadro 28 - Caso 5: Compra do Terreno com Valor da Terra Equivalente a
R$5.491,00/ha .......................................................................................................... 179
Quadro 29 - Resultados e Classificação da Análise Financeira: Floresta Plantada de
Nim com Ciclo Produtivo 13 anos – Madeira para Móveis e Construção Civil........... 179

TABELAS
Tabela 1 - Produto Interno Bruto a Preços Correntes, Mesorregiões do Estado do Rio
de Janeiro, 2008 ....................................................................................................... 149
Tabela 2 - Número e Percentual de Estabelecimentos Agropecuários por Grupos de
Área Total, Regiões Noroeste e Norte do Estado do Rio de Janeiro, 2006 ............... 152
Tabela 3 - Previsão de Receitas Ciclo do Eucalipto 15 anos .................................... 169
Tabela 4 - Previsão de Receitas Ciclo Produtivo do Nim 13 anos............................. 169

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar estudo e avaliação das cadeias
produtivas dos programas de silvicultura selecionados nas etapas anteriores e também
das cadeias colaterais de sustentação das ecovilas.
A proposta é agregar a prática da silvicultura aos demais cultivos regionais, constituindo
assim mais uma alternativa produtiva e de geração de riqueza para a Região. Esta dispõe
de grandes áreas disponíveis para a plantação de florestas, sem que ocorra prejuízo para
as demais culturas. Além da silvicultura, enquanto produção da madeira, são expostas
alternativas de desenvolvimento de cadeias produtivas ligadas e derivadas do cultivo da
floresta plantada. O desenvolvimento de tais segmentos, além de incentivar a dissemina-
ção e o fortalecimento da prática silvicultural, também se constitui em importante instru-
mento de agregação de valor à produção e sua integração regional, e para a geração de
trabalho e renda para as populações rural e urbana.
Foram escolhidas para sustentar este processo de desenvolvimento regional três ca-
deias principais: celulose e papel, madeira para indústria moveleira e construção civil e
madeira para produção de energia. Além destas, propõe-se o desenvolvimento de culturas
e atividades acessórias, visando o desenvolvimento produtivo de um sistema complemen-
tar. A prática da apicultura, o cultivo de cogumelos e a extração de essências entre
outras, dão robustez ao sistema proposto na modalidade agroflorestal.
Para a realização da análise de viabilidade econômica das florestas comerciais que
sustentarão tais cadeias, foram utilizados os critérios de Valor Presente Líquido (VPL)
e Taxa Interna de Retorno (TIR), por meio de fluxos de caixa descontados. Em com-
plementaçao foram feitas análises de sensibilidade em relação às variações da taxa
de desconto, do preço da terra e da produtividade das florestas.

2. PERFIL ECONÔMICO DAS REGIÕES NORTE E NOROESTE FLUMI-


NENSE

As Regiões Norte e Noroeste Fluminense foram responsáveis por 13,94% da produção


total da riqueza do Estado do Rio de Janeiro, de acordo com os dados do Produto Interno
Bruto – PIB a preços correntes, publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica – IBGE, para o ano de 2008. Deste percentual a Região Norte respondeu por 13,02%
da produção estadual, apresentando o segundo maior PIB, depois da Região Metropolita-
na que respondeu por 70,95% do PIB gerado em 2008 no Estado do Rio de Janeiro. Por
sua vez, o Noroeste Fluminense contribuiu com apenas 0,92% do PIB estadual em
2008, classificando-se como a região mais pobre, economicamente, do Estado.
(Tabela 1)
Tabela 1 - Produto Interno Bruto a Preços Correntes, Mesorregiões do Estado do Rio de
Janeiro, 2008
Mesorregião Geográfica PIB a preços correntes (R$) Participação (%)
Noroeste Fluminense 3.146.764.000 0,92
Norte Fluminense 44.679.033.000 13,02
Centro Fluminense 6.034.346.000 1,76
Baixadas Litorâneas 18.803.557.000 5,48
Sul Fluminense 27.022.404.000 7,87
Metropolitana do Rio de Janeiro 243.495.963.000 70,95
Rio de Janeiro 343.182.067.000 100
Nota: Dados sujeitos à revisão quando da próxima publicação.
Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e
Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 149


O bom desempenho econômico da Região Norte resulta da crescente importância da
cadeia produtiva do petróleo e gás, da diversidade e expressão do setor terciário – o
qual caracteriza em termos estaduais, a existência da economia regional mais estrutu-
rada fora da metrópole e, em menor escala da indústria sucroalcooleira (apesar da sua
perda de competitividade) e da atividade agropecuária (principal atividade produtiva
dos municipios que não estão envolvidos com a cadeia produtiva do petróleo).
Os dados referentes ao valor adicionado bruto - medida equivalente ao PIB -, para o
ano de 2008, atestam as observações acima. Decomposto por setores econômicos,
observa-se o predomínio da atividade industrial (79,2%), seguido pelo setor de servi-
ços (20,25%). A atividade agropecuária (0,54%), apesar de sua importância para a
economia da Região, com alguns municípios se destacando na produção estadual,
diante da indústria extrativa, torna-se pouco significativa quanto ao total da riqueza
produzida. (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Valor Adicionado Bruto por Setores Econômicos, Norte Fluminense, 2008,
preços correntes, MR$

Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de


Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA
A estrutura produtiva do Norte Fluminense, como reflexo da importância da atividade
industrial, baseia-se em grandes estabelecimentos, com especialização produtiva em
setores com maiores exigências de capital.
Em relação ao total de empregos formais, de acordo com dados da Relação Anual de
Informações Sociais – RAIS, para o ano de 2008, destacam-se o comércio varejista
(14,91%), administração pública (14,51%), serviços de alojamento e alimentação
(11,15%) e indústria extrativa mineral (10,82%). Os empregos do setor agropecuário
equivaleram, em 2008, a 2,17% do total de empregos formais.
Já a Região Noroeste, como se viu, é economicamente a região que menos gerou
riqueza no Estado do Rio de Janeiro. Sua estrutura produtiva está baseada em esta-
belecimentos de pequeno porte, na atividade agropecuária e em serviços e adminis-
tração pública.
Os dados referentes ao valor adicionado bruto por setores econômicos revelam uma
economia baseada no setor de serviços (83,46%), com uma indústria (10,67%) ainda
incipiente e o setor agropecuário (5,87%) pouco significativo em termos de geração de

150 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


riqueza, apesar da maior parte de sua base produtiva ser, de uma maneira geral, liga-
da a este setor. (Gráfico 2).
Gráfico 2 - Valor Adicionado Bruto por Setores Econômicos, Noroeste Fluminense, 2008,
preços correntes, MR$

Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de


Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA

De acordo com os dados da RAIS, do total do emprego formal gerado em 2008 na


Região, a administração pública respondeu por 26,46%, seguida pelo comércio vare-
jista com 21,66%. Já a atividade agropecuária respondeu por 5,92% do total de em-
pregos formais.

Ambas as Regiões possuem forte tradição na prática da atividade agropecuária, ainda


que os dados atuais mostrem outra realidade. O PIB do setor, em 2008, representou
apenas 0,58% do total do PIB da Região Norte e 5,87% do PIB da Região Noroeste.
No caso do Norte Fluminense, o predomínio, em termos de geração de riqueza, da
atividade industrial, especialmente da indústria extrativa mineral, contribui para o de-
sempenho relativamente fraco do setor agropecuário.

A importância do setor agropecuário para as Regiões é expressiva, pois constitui-se


na principal base produtiva dos municipios da região Noroeste e daqueles, que no Nor-
te Fluminense, não estão vinculados diretamente, ao complexo petróleo. Campos dos
Goytacazes e Macaé, juntamente com São Francisco de Itabapoana, aparecem como
os principais produtores da região.

De uma maneira geral, a agropecuária, em ambas as Regiões, é uma atividade produ-


tiva caracterizada pelo predomínio de pequenos estabelecimentos, onde se desenvol-
vem atividades ainda bastante artesanais, em sua maioria de caráter informal e que
utilizam a mão-de-obra familiar. Os produtores são em sua maioria homens, adultos,
com baixa escolaridade.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 151


A Tabela a seguir mostra o número de estabelecimentos por grupo de área total. Nota-
se o predomínio do número de pequenos estabelecimentos, destacando-se os estabe-
lecimentos com área entre 5 (cinco) e 50 (cinquenta) hectares.
Tabela 2 - Número e Percentual de Estabelecimentos Agropecuários por Grupos de Área
Total, Regiões Noroeste e Norte do Estado do Rio de Janeiro, 2006
Número de Estabelecimentos Agropecuários
Grupos em Faixas da Ärea Total
Noroeste Fluminense Norte Fluminense
(ha)
Unidades Percentual Unidades Percentual
Mais de 0 a menos de 0,1 78 0,76 1.496 8,51
De 0,1 a menos de 0,2 57 0,56 291 1,66
De 0,2 a menos de 0,5 83 0,81 430 2,45
De 0,5 a menos de 1 431 4,2 785 4,47
De 1 a menos de 2 735 7,16 1.605 9,13
De 2 a menos de 3 838 8,16 1.852 10,54
De 3 a menos de 4 489 4,76 711 4,05
De 4 a menos de 5 746 7,27 1.255 7,14
De 5 a menos de 10 1.722 16,77 2.844 16,19
De 10 a menos de 20 1.645 16,02 2.339 13,31
De 20 a menos de 50 1.716 16,71 1.858 10,57
De 50 a menos de 100 847 8,25 865 4,92
De 100 a menos de 200 432 4,21 519 2,95
De 200 a menos de 500 237 2,31 359 2,04
De 500 a menos de 1000 41 0,4 95 0,54
De 1000 a menos de 2500 16 0,16 38 0,22
Maior do que 2500 3 0,03 9 0,05
Produtor sem área 152 1,48 220 1,25
Total 10.268 100 17.571 100
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006
Em termos de prática agrícola, de acordo com os dados do Censo Agropecuário, reali-
zado em 2006, no Norte Fluminense, prevalece a área destinada à pecuária e criação
de outros animais (62%), seguida pelas lavouras temporárias (34%). As demais ativi-
dades representam um pequeno percentual na utilização da terra, no qual constam a
lavoura permanente (3%) e a horticultura e floricultura (1%).
Já na região Noroeste esta configuração se mostra um pouco diferente, com predomí-
nio maior da área destinada à pecuária e criação de outros animais (80%), e uma mai-
or diversidade das demais culturas, com destaque para as áreas destinadas às lavou-
ras permanente (7%) e temporária (7%), horticultura e floricultura (5%) e aquicultura
(1%). Atividades como produção florestal, pesca e cultivo de sementes, mudas e ou-
tras formas de propagação vegetal não se mostraram significativas.
A prática tradicional da atividade agropecuária, com pouco desenvolvimento tecnológi-
co, vem causando ao longo dos anos um processo crescente de degradação ambien-
tal, especialmente devido à prática da pecuária extensiva. A remoção da cobertura
vegetal para a constituição de áreas de pastagens, juntamente com a ocupação de-
sordenada e o manejo inadequado do solo desencadearam processos de degradação
que necessitam ser contidos, sob pena de se comprometer a continuidade e sustenta-
bilidade dos processos produtivos agropecuários praticados na Região.
Vários programas de incentivo à produção agropecuária vem sendo desenvolvidos na
Região, com foco na adoção de práticas mais avançadas tecnologicamente, visando o
aumento da produtividade e aplicação de técnicas compatíveis com a preservação
ambiental e sustentabilidade, entre outros objetivos.

152 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


A Secretaria de Agricultura e Pecuária, Pesca e Abastecimento do Estado do Rio de
Janeiro – SEAPPA-RJ desenvolve vários programas de apoio à prática da agropecuá-
ria, em parceria com várias instituições, como EMATER, PESAGRO, Sistema S, entre
outros. Destacam-se os programas estruturantes Rio Genética, Rio Rural, Estradas da
Produção, Sanidade Rio, Crédito Fundiário e Eletrificação Total. E os prpogramas se-
toriais Frutificar, Florescer, Prosperar, Multiplicar, Cultivar Orgânico, Rio Leite, Rio
Carne, Rio Agroenergia, Rio Café, Rio Horti e Rio Peixe. Além do Programa Social
Panela Cheia. A descrição de todos estes programas encontra-se no Anexo 1 (um)
deste trabalho.
Diante deste breve perfil do desempenho econômico das Regiões Norte e Noroeste do
Estado do Rio de Janeiro, o projeto de implantação e desenvolvimento da silvicultura e
das cadeias produtivas a ela ligadas se apresenta como importante alternativa de ge-
ração de renda, trabalho e riqueza para a Região, além de contribuir para a recompo-
sição ambiental das áreas degradadas.

3. CADEIAS PRODUTIVAS

O modelo de desenvolvimento aqui proposto se baseia no fato de que o crescimento e


desenvolvimento de uma Região, associado a uma base produtiva, deve privilegiar o
estabelecimento de complexos produtivos caracterizados por fortes elos na cadeia
produtiva, em que o estabelecimento de grandes empresas no centro desta cadeia
possibilita o desenvolvimento de pequenas e médias empresas para suprir os encade-
amentos a jusante e a montante, localmente. Dessa maneira, aumentam-se as chan-
ces de internalização local dos efeitos de interdependência para frente e para trás, as
chances de se reduzirem os vazamentos de renda no fluxo de circulação de bens e
serviços, de se criarem economias externas favoráveis à atração de outras atividades
econômicas e de se obterem valores mais elevados para os multiplicadores regionais
de emprego e renda.
Partindo deste pressuposto, o estabelecimento de determinados segmentos da cadeia
produtiva florestal juntamente com o desenvolvimento da silvicultura na região consti-
tuem as vias para o estabelecimento de um conjunto de atividades produtivas com-
plementares e integradas que possam juntas, contribuir para a formação de arranjos
produtivos regionais que promovam ali o fortalecimento, crescimento, continuidade,
desenvolvimento e sustentabilidade da atividade escolhida.

De acordo com Ferreira (2008), estes arranjos se constituem em pólos de desenvolvi-


mento florestal que agregam a participação de diversas estruturas de produção. Além
de grandes geradores de empregos, esses pólos florestais tornam-se multiplicadores
de oportunidades de desenvolvimento econômico e social, fora dos grandes centros
urbanos, e disseminam os princípios de responsabilidade social e ambiental, nos quais
se sustenta a atividade dos principais agentes do setor florestal no Brasil. Como e-
xemplo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Silvicultura – SBS, citado por Carva-
lho (2005), a cada US$ 1 milhão investidos no setor de base florestal, são gerados 160
(cento e sessenta) empregos.

A idéia é a formação de uma rede de empresas e instituições que atue de forma com-
plementar e integrada, de modo a alcançar melhores condições operacionais e de
competitividade, através da colaboração. Fazem parte desta rede, as empresas indus-
triais, setores de serviços, instituições de ensino, centros de pesquisa, administração
pública, entre outros.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 153


Diante desta realidade, a atração de grandes investidores e de empresas maiores com
fortes possibilidades de encadeamento a jusante e a montante, apresenta-se como um
objetivo necessário para o estabelecimento, fortalecimento e consolidação da silvicul-
tura e da cadeia produtiva florestal na Região. Além disso, faz-se necessário a implan-
tação de uma política de incentivo para a criação e o desenvolvimento de micro e pe-
quenas empresas ligadas ou não a estes estabelecimentos maiores, para que se forta-
leça a cadeia produtiva localmente e para que os benefícios sejam internalizados. E
para dar suporte ao processo silvicultural, é essencial o desenvolvimento de rede de
serviços, especialmente das instituições de ensino e formação de mão de obra, e de
pesquisa e inovação.

2.1 Descrição da Cadeia Produtiva Florestal


A silvicultura de florestas plantadas é a atividade base da cadeia produtiva florestal, a
qual trabalha com produtos madeireiros e não-madeireiros. De acordo com o processo
a que se destinam são escolhidas as espécies a serem cultivadas, juntamente com a
tecnologia de cultivo e manejo, as mais apropriadas.
Este trabalho propõe o desenvolvimento de três cadeias produtivas principais, ligadas
à produção de produtos madeireiros: celulose e papel; indústria moveleira e constru-
ção civil; e madeira para produção de energia. Os produtos não madeireiros também
são contemplados, no entanto como cadeias alternativas e complementares às princi-
pais.
De acordo com descrição presente no Anuário Estatístico da Associação Brasileira de
Produtores de Florestas Plantadas - ABRAF (2010), os produtos madeireiros são, re-
gra geral, os que proporcionam os mairores retornos econômicos para o investidor. A
partir da produção da madeira em tora, ocorrem diferentes processamentos industriais
(primários, secundários, terciários) que resultam em uma ampla gama de produtos que
se destinam a diferentes fins.
O processamento primário, ou primeira transformação da madeira se refere ao desdo-
bro da tora, dando origem aos seguintes produtos: cavaco, madeira cerrada, madeira
laminada, madeira imunizada e carvão vegetal, além de energia.
O processamento secundário consiste no beneficiamento dos produtos resultantes da
primeira transformação em produtos finais, ou intermediários a outros processamen-
tos. Como exemplo, são produtos desta fase as vigas, caibros, ripas, compensados,
painéis reconstituídos a partir do cavaco (MDF, OSB), celulose (também produzida à
partir do cavaco), entre outros.
O beneficiamento terciário é a fase que agrega maior valor econômico ao produto ma-
deireiro. A partir da madeira sólida produzida na segunda transformação são fabrica-
dos os produtos de maior valor agregado (PMVA), quando se destacam os relaciona-
dos ao setor de móveis, além dos painéis de madeira. Também nesta fase, são produ-
zidos os derivados da celulose, como os diversos tipos de papéis.
Em todas as fases do processo produtivo são gerados resíduos que são reaproveita-
dos de diversas maneiras: queima em caldeira para a produção de vapor utilizado no
processo de secagem de madeira, ou em fornalhas para a geração de gases quentes
ou aquecimemnto de fluidos térmicos; cavaqueamento para posterior comercialização;
utilização em processos industriais na forma de péletes e briquetes, e semi-industriais
como utensílios de madeira, objetos de decoração de interiores.

154 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Já os produtos florestais não madeireiros são obtidos através da extração com a ma-
nutenção das árvores em produção. Borracha, gomas, cêras, fibras, tanantes, aromá-
ticos, medicinais e corantes, são exemplos de alguns produtos não madereiros.
A Figura 1, ilustra as fases da cadeia produtiva da madeira descrita anteriormente.
Figura 1 - Fluxo da Cadeia Produtiva dos Produtos Florestais

Fonte: STCP 2010, baseado em VIEIRA, L. Setor Florestal em Minas Gerais: caracterização e
dimensionamento. Belo Horizonte – Universidade Federal de Minas Gerais, 2004., apud
ABRAF, 2010

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 155


Cabe destacar, que também fazem parte da cadeia produtiva da madeira os estabele-
cimentos de suporte à implantação e ao desenvolvimento das atividades descritas,
assim como os ligados à comercialização e transporte. Destacam-se os fornecedores
de insumos, instituições de ensino capacitadas a formar mão-de-obra, assistência téc-
nica, rede de serviços, pesquisa, entre outros. A seguir são enumerados os principais
segmentos de suporte ao desenvolvimento de tal cadeia produtiva, juntamente com o
número de estabelecimentos, já existentes nas Regiões Norte e Noroeste. Os dados
foram pesquisados na Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, para o ano de
2009.
• Produção de sementes certificadas: 5 estabelecimentos;
• Produção de mudas e outras formas de propagação vegetal, certificadas: 3 esta-
belecimentos;
• Produção florestal, floresta plantada: 5 estabelecimentos;
• Atividades de apoio à produção florestal: 1 estabelecimento;
• Fabricação de equipamenmtos para irrigação agrícola: 1 estabelecimento;
• Fabricação de máquinas-ferramenta: 2 estabelecimentos;
• Representantes comerciais e agentes do comércio de madeira, material de cons-
trução e ferragens: 2 estabelecimentos;
• Representantes comerciais e agentes do comércio de eletrodomésticos, móveis
e artigos de uso doméstico: 1 estabelecimento;
• Comércio atacadista de matérias-primas agrícolas: 30 estabelecimentos;
• Comércio atacadista de máquinas, aparelhos e equipamentos para uso agrope-
cuário – partes e peças: 5 estabelecimentos;
• Comércio atacadista de madeira e produtos derivados: 3 estabelecimentos;
• Comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção: 768 estabe-
lecimentos.
• Representantes comerciais e agentes do comércio de madeira, material de cons-
trução e ferragens: 2 estabeleciemnto;
• Representante comercial e agente do comércio de eletrodomésticos, móveis e
artigos de uso doméstico: 1 estabelecimento;
• Pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências físicas e naturais: 4 esta-
belecimentos;
• Seleção e agenciamento de mão-de-obra: 4 estabelecimentos;
• Locação de mão-de-obra temporária: 14 estabelecimentos.
As Regiões também contam com uma importante estrutura sindical agrária, tanto de
sindicatos patronais, como de trabalhadores, conforme descrito no Anexo 2 deste tra-
balho. Em relação à estrutura de ensino e formação da mão-de-obra, ela está apre-
sentada no capítulo sobre o Desenvolvimento Social.
A seguir é apresentada uma descrição de cada uma das cadeias produtivas propostas
para a Região N-NO Fluminense.

156 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


2.2 Celulose e Papel
Considerando o fluxo da cadeia produtiva da madeira mostrado, a cadeia de celulose
e papel se desenvolve em quatro etapas do processo produtivo. A primeira etapa é
caracterizada pela plantação, cultivo e colheita da madeira em tora1. Na segunda eta-
pa, ou processamento primário, é realizada a produção de cavacos para a produção
de celulose e papel no processamento secundário (ou terceira etapa). E finalmente a
quarta etapa é caracterizada pela produção dos diversos tipos de papéis, conforme
figura a seguir. São considerados como desdobramentos desta cadeia a produção de
artefatos de papel e papelão, reciclagem de papel, produção gráfica e editorial, além
de atividades de comércio, distribuição e transporte.
Figura 2 - Cadeia Produtiva Celulose e Papel

Produção Florestal

Produtos Madeireiros

Toras de Madeiras

Cavaco

Papel Celulose

Papéis Especiais Outros Usos

Mercado Interno e Externo

Processamento Primário Processamento Secundário Processamento Terciário

Fonte: Elaboração própria a partir de STCP 2010, baseado em VIEIRA, L. Setor Florestal em
Minas Gerais: caracterização e dimensionamento. Belo Horizonte – Universidade Federal de
Minas Gerais, 2004., apud ABRAF, 2010

As fábricas de celulose constituem o centro de tal cadeia. Caracterizam-se por serem


estabelecimentos de grande porte, com número reduzido de unidades de produção,

1
Cabe destacar qua apenas uma parte da madeira em toras é destinada para a prpodução de
cavacos para celulose. As partes restantes podem ser destinadas para a produção de carvão
vegetal, insumos para o cultivo de cogumelos, entre outros usos.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 157


operam sob economias de escala, são verticalizadas (normalmente estabelecem seus
próprios plantios), requerem muita matéria-prima e possuem alto grau de profissionali-
zação. (CARVALHO, 2005).

O estabelecimento da fábrica de celulose constitui então, a força motriz desta cadeia,


a qual possibilita o desenvolvimento de pequenas e médias empresas para suprir os
encadeamentos a jusante e a montante, localmente ou regionalmente.

Já existem na Região estabelecimentos de tal cadeia produtiva, mais especificamente,


os que se destinam à produção de papel, ou seja, os que se dedicam à quarta etapa
do processo produtivo.

De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, no ano de


2009 exitiam nas Regiões Norte e Noroeste:
• 4 (quatro) estabelecimentos de fabricação de papel;
• 1 (um) estabelecimento de fabricação de embalagens de papel;
• 1 (um) estabelecimento de fabricação de chapas e embalagens de papelão on-
dulado;
• 3 (três) estabelecimentos de fabricação de produtos de papel, cartolina, papel-
cartão e papelão ondulado para uso comercial e de escritório;
• 4 (quatro) estabelecimentos de fabricação de produtos de papel para usos do-
méstico e higiênico sanitário.

Propõe-se portanto, que sejam desenvolvidas, na Região, as outras etapas do proces-


so produtivo dessa cadeia, com vistas a promover o seu maior adensamento e a inter-
nalização dos ganhos, além de promover o crescimento e fortalecimento dos segmen-
tos já existentes.

A proposta inicial é de que seja destinada uma área de cultivo da floresta plantada
mais extensa, a qual deve viabilizar a implantação de uma fábrica de celulose. Neste
sentido, propõe-se a destinação de uma gleba de aproximadamente 50.000 hectares,
na Área Preferencial 1, ver Capítulo 1, para o cultivo das florestas comerciais de eu-
calipto e/ou da acácia mangium e/ou de bambu e ou de outra espécie equivalente..

Regionalmente, o desenvolvimento desta cadeia tem como público alvo os pequenos


produtores rurais (os quais devem cultivar a floresta plantada em parceria com os
grandes investidores e grandes empreendedores para - de acordo com o modelo de
negócio proposto – para a implantação de uma fábrica de celulose e para fabricantes
de papel e derivados.

2.3 Cadeia Produtiva da Madeira para a Indústria Moveleira e Construção


Civil
A opção de agregar em uma mesma cadeia os segmentos moveleiro e de construção
civil justifica-se pelo fato de ambas apresentarem processos produtivos semelhantes e
se desenvolveren de forma complementar e integrada. Como pode se observar na
figura abaixo, ambos segmentos se desenvolvem na fase terciária de processamento

158 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


da madeira, e muitas vezes utilizam matérias primas semelhantes para confecção de
seus produtos finais, ainda que utilizando madeiras com características diferentes.
Figura 3 - Cadeia Produtiva Madeira para Indústria Moveleira e Construção Civil

Produção Florestal

Produtos Madeireiros

Toras de Madeiras
Cavaco
Madeira
Lâmina de Madeira
Serrada
Painéis de Madeira
Reconstituída
Compensado

Construção Civil MDF


Vigas

Tábuas Móveis/Partes MDP


p/ Móveis
Pranchas Chapa de
Outros Usos Fibra
Ripas
Construção Civil OSB
Sarrafos
Móveis/Partes
Outros Usos
PMFA p/ Móveis

Outros Usos Móveis/Partes


Outros p/ Móveis

Mercado Interno e Externo

Processamento Primário Processamento Secundário Processamento Terciário

Fonte: Elaboração própria a partir de STCP 2010, baseado em VIEIRA, L. Setor Florestal em
Minas Gerais: caracterização e dimensionamento. Belo Horizonte – Universidade Federal de
Minas Gerais, 2004., apud ABRAF, 2010
Destinada a micro, pequenos, médios e grandes produtores, a implantação desta ca-
deia envolve o desenvolvimento de complexo produtivo de tranformação da madeira
sólida em madeira serrada, painéis, manufaturados e artefatos de madeira para aten-
der aos segmentos moveleiro e construção civil, além do desenvolvimento da cadeia
produtiva moveleira.
Para dar suporte ao desenvolvimento desta cadeia, propõe-se o cultivo das quaisquer
espécies que mostrem boa Produtividade como resultado de sua aclimatação e rendi-
mento nas Áreas Preferenciais 2 e 3, Capítulo 4.
Para esta cadeia o ciclo de produção de tais espécies é mais longo que o das destina-
das à cadeia da celulose. Para o cinamomo, nim, acácia mangium e eucalipto o ciclo é

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 159


de aproximadamente 15 anos, já para as nativas este ciclo é de 20 anos. Com a res-
salva de que no caso da construção civil, a madeira que é utilizada de forma temporá-
ria advém de um ciclo de produção menor, prevalecendo o cultivo do eucalipto com o
ciclo de 6 (seis) anos.
2.3.1 Maderia Serrada
A madeira serrada é obtida pela transformação de toras em vários produtos com for-
matos e dimensões diferentes, atendendo às necessidades dos mercados locais de
construção civil, empresas de móveis e de artefatos de madeira.
O baixo investimento inicial gera uma estrutura de oferta formada basicamente por
pequenas e médias serrarias. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de
Madeira Processada Mecanicamente – ABIMCI, o parque industrial brasileiro voltado à
produção de serrados, dispõe de aproximadamente 100.000 unidades. Destas, apenas
1% possui capacidade de produção média grande. Praticamente 99% da força produ-
tiva correspondem a empresas de pequeno porte, em geral com custo operacional
mais alto (ABIMCI, 2003 apud CARVALHO, 2005).
São empresas que utilizam mão-de-obra intensiva, com grande geração de empregos
diretos. Em relação aos investimentos, de acordo com a ABIMCI, em 2007 a indústria
da madeira processada mecanicamente gerava para cada R$ 10 milhões investidos,
293 empregos diretos, 219 indiretos e 294 pelo efeito renda (ABIMCI, 2008).
De uma maneira geral, estas serrarias fornecem matéria prima, predominantemente,
para estabelecimentos com caracteristicas sócio-econômicas semelhantes, ou seja,
relativamente pequenas, baixos investimentos e alta geração de empregos. Possuem
baixo grau de verticalização e de profissionalização. (CARVALHO, 2005)
2.3.2 Laminas de Madeira e Compensados
O compensado foi o painel de madeira mais importante em termos de consumo e pro-
dução no Brasil. (MAPA, 2007)
Atualmente vem perdendo mercado e tornado-se pouco competitivo. De acordo com
MAPA, 2007, “...,esse segmento vem gradativamente perdendo mercado para outros
tipos de painéis, em virtude da alta relação preço/desempenho. O compensado é con-
siderado um produto maduro, com restrições de natureza ambiental, tendo em vista o
baixo grau de aproveitamento da madeira, as novas tecnologias que utilizam mais in-
tensamente os resíduos de madeira como matéria-prima e a baixa disponibilidade de
toras de qualidade para laminação e seus custos elevados. Prevêem-se, portanto,
como principais tendências, a estabilidade ou mesmo redução do tamanho do merca-
do e a redução progressiva das margens de lucro.” (MAPA, 2007)
2.3.3 Painéis
A indústria de painéis de madeira apresenta estrutura produtiva concentrada, compos-
ta por poucas empresas, especialmente devido ao maior investimento inicial. Em fun-
çao do seu maior porte, as empresas são mais profissionalizadas e capazes de esta-
belecer seu próprio cultivo.
O setor vem apresentando forte crescimento no Brasil, destacando-se em relação aos
demais segmentos do setor florestal. A indústria, seguindo a tendência mundial, vem
se modernizando rapidamente para garantir competitividade. Nos últimos anos, foram
investidos quase US$ 1 bilhão em modernização, ampliação e implantação de unida-
des industriais. E estão previstos mais investimentos para este setor. (MAPA, 2007)

160 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


O segmento de aglomerados é o mais tradicional da indústria de painéis e chapas de
fibra. Praticamente, todas as indústrias brasileiras tiveram sua origem produzindo tal
produto. Contudo, seu baixo valor agregado e a sua menor versatilidade frente aos
produtos mais recentes, vem fazendo com que ele seja considerado maduro e perca
sua competitividade. (MAPA, 2007)
O segmento de chapas de fibras também se encontra na fase madura e novos inves-
timentos nesse segmento não deverão ocorrer. A tendência que se verifica é um des-
locamento para a produção de MDF e outros produtos semelhantes, assim como PM-
VAs (produtos de maior valor agregado), tais como pisos laminados e outros produtos
engenheirados. (MAPA, 2007)
O segmento de MDF se destaca pelo maior crescimento nos últimos anos. Sua forte
aceitação pelo setor moveleiro no mercado doméstico faz com que as perspectivas de
crescimento sejam muito positivas.
2.3.4 Produtos de Maior Valor Agregado (PMVA)
Os produtos de maior valor agregado são obtidos através do reprocessamento da ma-
deira serrada. Os estabelecimentos de fabricação de PMVA são, geralmente, de mé-
dio e grande porte. Requerem investimento um pouco maior, quando comparados com
as serrarias, especilamente em tecnologia de produção.
A utilização da madeira de eucalipto para fabricação destes produtos vem se mostran-
do como uma alternativa interessante e uma tendência crescente no Brasil. Já que
tradicionalmente eles eram fabricados a partir das madeiras do Pinus e de algumas
espécies nativas, cuja oferta vem se reduzindo no mercado.
Dentre os produtos de maior valor agregado destacam-se o EGP para a indústria mo-
veleira, blocks, blanks, molduras para construção civil e segmento artístico, portas,
janelas e pisos, vistos atualmente como produtos mais competitivos e passíveis de
serem exportados.
2.3.5 Indústria Moveleira
No segmento de fabrição de móveis predominam as micro, pequenas e médias em-
presas. Tipicamente de base familiar e caracterizadas pela utilização de métodos tra-
dicionais de produção, as empresas deste segmento precisam estar sempre aprimo-
rando sua capacitação tecnológica e produtiva, para serem competitivas. Especial-
mente em termos de qualidade e design de móveis.
Já existem na Região empreendimentos ligados à cadeia moveleira. De acordo com
dados da RAIS, em 2009 existiam:
• 3 (três) estabelecimentos de desdobramento de madeira (serrarias);
• 38 (trinta e oito) estabelecimentos de fabricação de móveis com predominância
de madeira;
O municipio de Campos dos Goytacazes se destaca, apresentando uma aglomeração
produtiva no setor moveleiro. Em 2009, de acordo com a RAIS, o município possuia 14
estabelecimentos de fabricação de móveis com predominância de madeira. Em rela-
ção ao tamanho, constituem-se em micro e pequenas empresas, com tamanho médio
de 18 empregados por estabelecimento.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 161


2.3.6 Construção Civil

Em relação ao segmento da construção civil, a madeira pode ser empregada tanto de


forma temporária, como definitiva. De forma temporária, ela pode ser empregada na
instalação do canteiro de obras, nos andaimes, nos escoramentos e nas fôrmas. De
forma definitiva, é utilizada nas esquadrias, nas estruturas de cobertura, nos forros e
nos pisos, apresentando assim, maior valor agregado. No Brasil, a madeira serrada
ainda é o principal dos produtos de madeira empregados na construção civil, conforme
constatação feita pela Associação Brasileira de Produtores de Madeiras - ABPM, em
pesquisa realizada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul, junto aos setores de engenharia (construção civil) e de revenda
(construção civil e marcenaria).

Já existem na Região, segmentos produtores de madeira ligados à construção civil. De


acordo com dados da RAIS, em 2009 existiam:

• 3 (três) estabelecimentos de fabricação de artefatos de madeira, palha, cortiça,


vime e material trançado, exceto móveis;

• 23 (vinte e três) estabelecimentos de fabricação de estruturas de madeira e de


artigos de carpintaria para construção;

Cabe destacar que o setor de construção civil vem crescendo regionalmente, especi-
almente na Região Norte Fluminense, com crescente participação na geração de em-
pregos.
2.3.7 Constituição do Arranjo Produtivo Regional, APR, da Madeira para In-
dústria Moveleira e Construção Civil

O estabelecimento dos segmentos de painéis e de fabricação de produtos com maior


valor agregado, PMVAs, apresenta-se como a principail alternativa de propulsão e
dinamicidade deste APR, visto que são, caracteristicamente, desenvolvidos por mé-
dios e grandes produtores. Além de estarem no centro da cadeia produtiva, sendo
assim, importantes demandantes das serrarias e ofertantes da indústria moveleira e da
construção civil.

A indústria moveleira, por sua vez, já apresenta uma aglomeração produtiva em Cam-
pos dos Goytacazes, a qual tende a se expandir, especialmente com a maior oferta de
matéria-prima local.

E a construção civil, mostra-se como um setor em expansão e importante demandante


dessa cadeia produtiva (Copa do Mundo e Olimpíadas).

Vale destacar que estes são segmentos cada vez mais profissionalizados e cuja com-
petitividade está ligada à adoção de processo avançados tecnologicamente. Há exi-
gências quanto a se utilizar madeira de qualidade, produzida de forma ambientalmen-
te sustentável, ao que se soma a inovação de processos produtivos e de produtos
como um dos principais fatores de competitividade de mercado.

Desta forma, torna-se necessário que o incentivo e apoio ao desenvolvimento dessa


cadeia seja acompanhado da oferta de formação profissional e de centros de pesquisa
voltados para os desenvolvimentos necessários.

162 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


2.4 Energética (lenha e carvão)
A produção de madeira para produção de energia tem como principais produtos a le-
nha e o carvão. O processo produtivo apresenta menos etapas que o das cadeias
descritas anteriormente, confome pode se observar na figura a seguir.
Figura 4 - Cadeia Produtiva da Madeira para Produção de Energia

Produção Florestal

Produtos Madeireiros

Toras de Madeiras

Carvão Vegetal Energia

Consumo Industrial
Ferro Gusa

Ferro Ligas Ind. Base Florestal

Agroindústria
Aço
Cerâmicas
Tubos/Chapas
Urbano
Outros
Outros

Mercado Interno e Externo

Processamento Primário Processamento Secundário Processamento Terciário

Fonte: Elaboração própria a partir de STCP 2010, baseado em VIEIRA, L. Setor Florestal em
Minas Gerais: caracterização e dimensionamento. Belo Horizonte – Universidade Federal de
Minas Gerais, 2004., apud ABRAF, 2010
Apesar da redução do consumo, nos últimos anos, o carvão vegetal ainda possui uma
posição de grande importância na economia brasileira, especialmente no setor side-
rúrgico. O carvão vegetal também participa como substituto do óleo combustível nas
caldeiras e nos fornos de combustão da indústria de cimento e de materiais primários.
(CARVALHO, 2005).
No setor siderúrgico industrial, o ferro-gusa, aço e ferro-ligas são os principais consu-
midores do carvão vegetal (quase 85%), que funciona como redutor e energético ao
mesmo tempo.
O setor residencial ainda consome cerca de 9%, seguido pelo setor comercial com
1,5%, este representado por pizzarias, padarias e churrascarias (USP,2003 apud CAR-
VALHO, 2005).

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 163


A madeira plantada para produção de energia apresenta ciclo de produção menor que
as demais, de aproximadamente 4 (quatro) anos. As espécies indicadas para atender
a esta cadeia são a ácacia mangium e o eucalipto.
O seu desenvolvimento pode se dar de forma consorciada com as demais. No caso
da cadeia de celulose e papel, as partes da madeira que não forem utilzadas para a
produção de celulose podem ser destinadas para fabricação de lenha e carvão. Já no
caso da cadeia de produção de madeira para móveis e construção civil, as desramas
feitas ao longo do ciclo produtivo encontram mercado na produção de lenha. Neste
último caso, a destinação das desramas para produção de carvão é mais restrita, pois
a madeira deve atender a algumas especificações, especialmente de densidade e di-
âmetro, para produção de um carvão de qualidade.
Importante destacar que ela constitui uma importante alternativa de renda para os pe-
quenos produtores locais, além de poder atuar de forma complementar especialmente
como fonte de energia para o APL de Cerâmica Vermelha de Campos dos Goytaca-
zes.

3. CADEIAS COMPLEMENTARES OU ACESSÓRIAS

Cadeias complementares são aquelas que podem se desenvolver acessoriamemte


aos grandes investimentos em silvicultura, com o objetivo primordial de beneficiar as
populações rurais, através, principalmente, da diversificação produtiva e da geração
de trabalho e renda. O estímulo a apicultura; coleta e beneficiamento de sementes;
cultivo de cogumelos; turismo rural, extração de óleos essenciais; explorações diver-
sas em sistemas agroflorestais - SAFs, são alguns exemplos destas atividades.
3.1 Apicultura
A apicultura é considerada uma importante atividade complementar ao setor produtivo
de florestas plantadas. A ação das abelhas, além de promover benefícios para as flo-
restas e o meio ambiente, pode gerar adicional de renda na produção de mel, cera e
própolis. A grande vantagem direta e imediata, no entanto, é a oportunidade de renda
para o produtor rural; a atividade apícola não concorre nenhuma e subsidia o desen-
volvimento da floresta.
Para fortalecer os elos da cadeia produtiva, a madeira também estará destinada para
a confecção de caixas apícolas e melgueiras.
De acordo com estudo realizado por LIMA et. al. (2006) sobre a viabilidade financeira
da implantação de um apiário para a produção de própolis e mel, em uma área de 12
hectares, com recursos próprios e taxa mínima de atratividade de 6%, ele fornece du-
rante os 22 anos restantes, resultados operacionais de aproximadamente R$
16.000,00 por ano. De acordo com os autores, a principal atratividade deste projeto
refere-se ao montante reduzido para investimento (R$ 30.210,54), apesar do período
relativamente longo para o retorno do capital (7 anos e 3 meses).
A apicultura já é praticada na Região. Apesar da relativa falta de dados sobre número
de produtores e de colméias, dados da Pesquisa Pecuária Municipal – PPM, realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, revelam uma expressiva
queda da produção de mel na Região Noroeste, entre 2000 e 2009, a qual passou de
24.950 kg para 18.491 kg. Já a Região Norte, apresentou aumento da produção de
mel, no mesmo período, passando de 9.057 kg para 12.450 kg. Cabe destacar que
esta é uma atividade que vem sendo desenvolvida e apoiada pelas instituições gover-
namentais e também pelo SEBRAE-RJ. Existe na Região Noroeste uma cooperativa

164 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


de apicultores, com sede em Porciúncula, onde foi construído um entreposto apícola
com capacidade de produção de 126 toneladas de mel e 400 kg de própolis por mês.
No entanto, desde que foi construído, em 2000, este entreposto vem atuando com
capacidade ociosa. Na Região Norte há a Associação Apícola do Norte Fluminense,
com sede em São Fidélis, onde também foi construído um entreposto para o proces-
samento do mel.
3.2 Cultivo de Cogumelo
A cultura do cogumelo é recente no Brasil (iniciou nos anos 90) e vem se revelando
como um bom investimento, com o mercado consumidor apresentando tendência de
crescimento. O principal cogumelo cultivado no Brasil é o shiitake. Para sua produção
são necessárias toras de árvores em processo de apodrecimento conduzido, com as
toras de eucalipto se mostrando bastante favoráveis ao desenvolvimento do fungo.
O cultivo do shiitake revela-se como uma importante atividade produtiva complementar
ao cultivo de florestas plantadas, sendo uma alternativa de agregação de valor às to-
ras de menor diâmetro, especialmente às destinadas à cadeia de celulose e papel,
além de gerar renda extra ao pequeno produtor rural.
Estudos indicam que no caso da produção de shiitake com eucalipto, o ideal são árvo-
res eretas de 4 e 5 anos, devido ao menor diâmetro do cerne e à rigidez da casca.
Galhos também podem ser usados para produção, desde que atendam às dimensões
necessárias. Após o término do ciclo produtivo do shiitake, as toras podem ser quei-
madas para coleta do Extrato Pirolenhoso (fumaça em estado líquido).
De acordo com a Empresa Guirra Agrocomercial Ltda – Fungos e Cogumelos (site:
http://www.guirra.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=64&Itemid=6
4”), o ciclo total de produção do shiitake é de um ano e meio. A primeira frutificação
ocorre entre 8 (oito) e 12 (doze) meses, podendo ocorrer entre 3 (três) e 4 (quatro)
frutificações, com intervalo de 2 (dois) a 3 (três) meses durante o ciclo.
A empresa apresentou uma estimativa dos custos e receitas da produção de shiitake,
a qual é descrita a seguir:
• Área: 140 m2 de mata
• Quantidade de madeira: 4.000 toras (equivalente a 50 m3 de lenha)
• Produção: média de 2.600 kg de cogumelos shiitake frescos
• Preço médio de venda do cogumelo: R$ 15,00/kg
• Receita Bruta: R$ 39.000,00
• Custo aproximado: R$ 4.600,00
• Lucro Líquido: R$34.400,00 ou R$1.911,00/mês
• Caso madeira fose vendida como lenha: R$1.750,00 (50 m3 x R$35,00/m3)
A empresa ainda destaca que após a produção dos cogumelos, essas madeiras apo-
drecidas podem ser queimadas em fornos "tipo carvão" onde são captadas mais de
80% da fumaça para a produção do extrato pirolenhoso. 50 m3 de lenha produzem no
mínimo 800 litros de extrato de fumaça que são vendidos no mercado à R$ 6,00/litro,
gerando uma receita adicional de R$ 4.800,00. Após a queima da madeira as cinzas
podem ser recolhidas e usadas como adubação mineral em hortas.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 165


3.3 Produção de Essências
A extração e produção de essências apresenta-se como um subproduto da floresta
plantada, e pode ser considerada como mais uma alternativa de agregação de valor à
produção silvicultural e de geração de renda para o pequeno produtor.
A atividade pode se desenvolver de forma complementar às cadeias principais, sem
que haja o prejuízo destas. O eucalipto e o nim se mostram como importantes fontes
de material para produção de tais essências.
As folhas do eucalipto, por exemplo, constituem matéria-prima para extração do óleo
de eucalipto. A extração das folhas pode ser conjugada com a produção de madeira
destinada para lenha, mourões, postes e até toras para serraria. Há ainda exemplos
de integração do sistema com a criação de animais, em regime silvopastoril. As folhas,
depois de destiladas, fornecem energia para geração de vapor, bem como são usadas
como adubo orgânico nas próprias florestas. A atividade de produção de óleo essenci-
al permite a geração de renda para o proprietário rural, desde o primeiro ano da ativi-
dade florestal, antecipando receitas e fixando de forma mais perene e continua a mão-
de-obra rural. A produção brasileira de óleo essencial de eucalipto está baseada em
pequenas e médias empresas, e utiliza-se da exploração de cerca de 10 mil hectares
de florestas, gerando aproximadamente 10 mil empregos diretos e uma movimentação
financeira de cerca de US$4 milhões, com quase a metade destinada às exportações.
(SANTIN et al,2007).
Já o nim (Azadirachta indica A. Juss.), é uma árvore que apresenta galhos com muitas
folhas e frutos/sementes que são usadas em quatro grandes áreas: cosmética e higie-
ne pessoal; medicina humana; medicina veterinária e agricultura. Das sementes é ex-
traído um óleo com elevado teor de azadiractina, usado como matéria-prima para fa-
bricação de produtos inseticidas, fungicidas, veterinários e, também, de xampus, sa-
bonetes, pasta de dentes, etc. A torta, subproduto da prensagem das sementes, é
usada como adubo por floricultores e agricultores orgânicos, tendo também efeito pro-
nunciado como defensivo agrícola. As folhas tem menor valor comercial que os fru-
tos/sementes, mas também são úteis, sendo exemplos no Brasil, as folhas secas tritu-
radas empregadas como vermífugo para o gado e o extrato aquoso das folhas apre-
senta uso para o controle de muitos insetos.
3.4 Sistema Agroflorestal
Sistemas Agroflorestais podem ser definidos como a combinação de cultivos simultâ-
neos de essências florestais com culturas anuais e/ou perenes. Esses sistemas contri-
buem para o aumento da cobertura florestal e se constituem em opção para o aumen-
to da produção de madeira, de lenha e de alimentos, além de permitirem a utilização
mais eficiente de recursos naturais, a diversificação da produção, a formação de cultu-
ras alimentares, a redução dos riscos de produção e a diversificação da renda dos
produtores. (RODIGHERI & GRAÇA, 1996 apud OLIVEIRA et. al., 2000).
A associação da silvicultura com as culturas já praticadas na Região se revela de ex-
trema importância para a aceitação e sustentabilidade dos projetos, na medida que
aumenta as produtividaes em ambos. De uma maneira geral, a atividade agropecuária,
nas Regiões, se caracteriza pelo predomínio de pequenos estabelecimentos, ainda
bastante artesanais, em sua maioria de caráter informal e que utilizam mão-de-obra
familiar. Os produtores são, em sua maioria, homens, adultos, com baixa escolaridade.
Destacam-se: a pecuária, a fruticultura irrigada (projeto desenvolvido pelo Governo
Estadual com parcerias), o café, nos municípios mais altos do Noroeste Fluminense, e
a cana-de-açúcar, nas baixadas do Norte Fluminense.

166 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Principalmente por se tratarem de pequenos produtores, a integração dos componen-
tes pecuário, agrícola e florestal é de vital importância para o desenvolvimento susten-
tável. A introdução do componente florestal nos sistemas de produção deve se dar
num enfoque que possibilite o “casamento” desses componentes no meio rural, em
prol da qualidade de vida, da sustentabilidade e da estabilidade da produção.

4. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

A análise de viabilidade econômica - financeira foi realizada para o cultivo das flores-
tas comerciais que sustentam as cadeias produtivas de celulose e papel, produção de
madeira para móveis e construção civil e produção de madeira para energia. Constitu-
em objeto desta análise típica – que se aplica a quaisquer espécies -, então, a floresta
plantada de eucalipto com o ciclo de seis anos para atender a cadeia produtiva de
celulose e papel, construção civil e energia; a floresta plantada de eucalipto no período
de 15 anos, e a de nim no período de 13 anos para atender a cadeia de produção de
madeira para móveis e construção civil, como exemplo de uma ampla gama de possi-
bilidades viáveis.
Os métodos utilizados consideram: Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de
Desconto (TIR).
O valor presente líquido de um projeto de investimento representa a soma algébrica
dos valores descontados do fluxo de caixa a ele associado. Constitui a diferença entre
o valor presente das receitas e o valor presente dos custos.
A viabilidade econômica de um projeto analisado pelo VPL é indicada pela diferença
positiva entre receitas e custos, atualizados de acordo com uma dada taxa de descon-
to, calculado de acordo com a fórmula seguinte:

onde:
Rj= receitas do projeto considerado;
Cj= custos do projeto considerado;
i= taxa de desconto;
n= duração do projeto em períodos de tempo (geralmente anos)
A taxa interna de retorno representa a taxa anual de retorno do capital investido. É a
taxa que iguala o valor atual das receitas (futuras) ao valor atual dos custos (futuros)
do projeto, calculada conforme fórmula a seguir:

Um projeto será considerado viável economicamente se sua TIR for maior que uma
taxa de desconto correspondente à taxa de remuneração alternativa do capital, usual-
mente denominada taxa mínima de atratividade (TMA). (REZENDE et al, 2001)

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 167


4.1 Estrutura de Custos
A estrutura de custos se divide entre custos com operações mecanizadas, operações
manuais (mão-de-obra), insumos e assistência técnica. A tais custos foram acrescen-
tados para a realização desta análise, o custo da terra, custo do capital, impostos, cus-
to de licenciamento ambiental e custo de recomposição florestal de matas nativas.
As operações mecanizadas e manuais incluem os custos com preparo do solo, plantio,
irrigação e colheita.
Para o cálculo do custo da terra foi definido o valor do aluguel mensal como equivalen-
te a 0,8% do valor da terra. Os estudos de caso consideram quatro possibilidades em
relação ao custo da terra: desconsidera o custo da terra que, no caso, converte-se em
participação no negócio; aluguel sobre preço da terra ou da cessão do direito equiva-
lente a R$2.000,00/ha2; aluguel sobre preço da terra equivalente a R$5.491,00/ha3; e
compra da terra com valor equivalente a R$2.000,00/ha, e no caso do nim, compra da
terra com valor equivalente a R$5.491,00/ha.
O custo do capital, ou taxa de juros de financiamento do investimento, foi calculado
tendo como base a relação de 70% (setenta por cento) de capital de terceiros e 30%
(trinta por cento) de capital próprio. Sobre os 70% do capital do investimento (acresci-
do dos impostos) foi aplicada uma taxa de 6,75% a.a. Esta taxa corresponde à atual-
mente praticada pelo BNDES para financiamento do “Programa de Plantio Comercial e
Recuperação de Florestas – PROPFLORA”. O Anexo 3 traz uma descrição das princi-
pais fontes de financiamento da atividade florestal no Brasil.
Em relação aos impostos, de acordo com estudos realizado por Rezende et. al.
(2005), os tributos representam 37,78% do custo de produção da madeira de eucalipto. As
taxas participam com 3,48%, os impostos com 25,32% e as contribuições com 8,99%. Os
tributos considerados são aqueles incidentes na produção da matéria-prima florestal. São
eles: Taxa Florestal (TF), Taxa de Cadastro e Registro (TCR), Taxa de Registro de Motos-
serra (TRM), Taxa de Porte de Motosserra (TPM), Imposto Territorial Rural (ITR), Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto de Renda de Pessoas Jurí-
dicas (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro (CSL), Contribuição para Financiamento
da Seguridade Social (COFINS), Contribuição para o Instituto Nacional de Seguridade
Social (INSS), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição
Sindical Rural (CSR). Desta maneira foi aplicada a taxa de 37,78% sobre o custo do
projeto para o cálculo do imposto. Cabe ressaltar, que existem atualmente programas es-
pecíficos com isenção fiscal, que podem beneficiar os produtores e assim melhorar o
desempenho econômico-financeiro do projeto.
O custo de licenciamento ambiental considerou a média praticada pelo mercado. Para
empreendimentos até 10.000 hectares foi considerado o preço médio de R$50.000,00
para a elaboração do Relatório de Caracterização Ambiental (RCA) e do Plano de
Controle Ambiental (PCA). Já para os empreendimentos acima de 10.000 hectares foi
considerado o preço médio de R$ 200.000,00 para a elaboração do Estudo e Relatório
de Impacto Ambiental- EIA/RIMA e do Plano de Controle Ambiental (PCA)4.

2
valor correspondente à média dos valores praticados na Região para a Terra Nua, de acordo
com Decreto publicado pela SEAPPA em 07/07/2010
3
Valor correspondente ao preço médio da terra no Brasil para terras destinadas para lavoura.
Fonte: eliteles@gmail.com
4
Os valores foram calculados com base em informações da Empresa MCAS Planejamento
Ambiental e Arquitetura Ltda.

168 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Para o custo de recomposição florestal foi considerado o valor praticado pelo Progra-
ma Rio Rural equivalente a R$2.770,00/ha. Este valor foi aplicado sobre a área equi-
valente a 12% daquela destinada ao cultivo de florestas plantadas.
4.2 Estrutura de Receitas
Para determinação das receitas foi considerado o valor das toras de madeira, posto na
serraria, portanto, não está incluído o custo de transporte.
No caso do eucalipto com ciclo produtivo de seis anos, a receita foi computada no ano
6 (seis) com a realização do corte da madeira. Foi considerado o preço de venda da
madeira equivalente a R$ 65,00/m3.
Para o eucalipto com ciclo produtivo de 15 (quinze) anos foram considerados as desramas
nos anos 7 (sete) e 11 (onze), e o corte final no ano 15 (quinze). Os preços de venda da
madeira em cada desrama e a respectiva quantidade são descritos na Tabela a seguir.
Tabela 3 - Previsão de Receitas Ciclo do Eucalipto 15 anos
Quantidade Produzida Preço
Corte / Desrama 3 3 Receita (R$/ha) Ano
(m /há) (R$/m )
Primeiro 50 70,00 3.500,00 7 (sete)
Segundo 175 110,00 19.250,00 11 (onze)
Terceiro 400 200,00 80.000,00 15 (quinze)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados fornecidos pelo Viveiro DuCampo-Rio, 2010
Para o nim, além do corte no ano 13 (treze), foram consideradas as receitas obtidas
da venda das folhas e do óleo, à partir do ano 4 (quatro).
Tabela 4 - Previsão de Receitas Ciclo Produtivo do Nim 13 anos

Produto Quantidade Produzida Preço Receita Período

Folha 180 kg/ha R$6,00/kg 1.080 4º ao 13º ano


Óleo 420 l/ha R$8,00/l 3.360 4º ao 13º ano
3 3
Madeira 200m /ha R$500,00/m 100.000 13º ano
Fonte: Elaboração Própria a partir de dados fornecidos por produtor local
No caso do eucalipto 6 anos foram feitas análises considerando a produtividade de
40m3/ha/ano e de 50m3/ha/ano.
Para o eucalipto 15 anos, considerando o ciclo de desbastes, a produtividade média
assumida ao longo do ciclo produtivo foi de 41,67m3/ha/ano.
No caso do nim a análise foi feita considerando a produtividade de 200 m3/ha no ano
13 (doze), o que equivale a uma média anual de 15,38 m3/ha.
Os fluxos de caixa, contendo os custos e receitas utilizados nas análises a seguir, en-
contram-se descritos no Anexo 4.
4.3 Análise Econômico Financeira do Cultivo da Floresta Comercial de Eu-
calipto com Ciclo de 6 anos
Esta análise tem como fonte de dados o plantio florestal de eucalipto na Fazenda São
Luís, no município de São Francisco de Itabapoana (Região Norte Fluminense) os
quais foram fornecidos pela Empresa LUCAHE Agropecuária. Caracteriza-se pelo
plantio da espécie Eucalipto Urograndis Clone, com espaçamento 3mx2m e densidade
de 1.666 pés/ha.Foi considerado o fluxo de caixa contendo os custos e receitas de tal

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 169


cultivo ao longo dos seis anos do ciclo produtivo. Sobre tal base de dados foram realizadas
duas análises de viabilidade, uma considerando a cadeia produtiva de celulose e papel e
a outra considerando as cadeias produtivas da madeira para construção civil e produção
de energia. Para ambas as cadeias foram feitas análises de sensibilidade do VPL com
variações da taxa de desconto. Também foram feitos estudos de caso, considerando
variações no preço da terra e na taxa de produtividade.
4.3.1 Caso da Cadeia Produtiva de Madeira para Produção de Celulose
Neste caso foi considerada a plantação de 50.000 hectares de eucalipto, sendo 10.000
hectares plantados a cada ano. Os cortes ocorrem a partir do sexto ano, também
considerando glebas de 10.000 hectares a cada ano. O fluxo de caixa foi construído
considerando três ciclos produtivos, totalizando um horizonte de 22 anos.
4.3.1.1 Resultados da Análise Financeira com a Aplicação dos Critérios VPL e
TIR
a) Caso 1: Produtividade de 40 m3/ha/ano e valor da terra desconsiderado:
3
Quadro 1 - Caso 1: Produtividade de 40 m /ha/ano e Valor da Terra Desconsiderado
Investimento: R$ 1.609.390.187,65
Taxa Interna de Retorno (TIR): 13%
Taxa Des-
conto
6% 10% 12% 14% 17%
VPL (R$) 226.948.223,68 75.645.402,67 27.138.740,32 -9.598.535,07 -49.060.752,16

Neste caso o projeto é viável economicamente, apresentando taxa interna de retorno


de 13% e VPL de R$27.138.740,32 com a taxa de desconto de 12%.
b) Caso 2: Produtividade de 40 m3/ha/ano e valor da terra equivalente ao aluguel
calculado sobre o preço da terra de R$2.000,00/ha.
3
Quadro 2 - Caso 2: Produtividade de 40 m /ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao Alu-
guel Calculado Sobre o Preço da Terra de R$2.000,00/ha
Investimento: R$ 1.831.019.788,93
Taxa Interna de Retorno (TIR): 9%
Taxa des-
6% 10% 12% 14% 17%
conto
VPL (R$) 99.842.448,61 -18.370.526,48 -55.141.390,49 -82.348.144,15 -110.584.677,89

Com o pagamento do aluguel, considerando o valor da terra equivalente a


R$2.000,00/ha, o projeto é viável economicamente, apesar de menos atrativo que no
caso anterior, apresentando taxa interna de retorno de 9% e VPL de R$ 99.842.448,61
com a taxa de desconto de 6%.
c) Caso 3: Produtividade de 40 m3/ha/ano e valor da terra equivalente ao aluguel
calculado sobre o preço da terra de R$5.491,00/ha.
3
Quadro 3 - Caso 3: Produtividade de 40 m /ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao Alu-
guel Calculado Sobre o Preço da Terra de R$5.491,00/ha
Investimento: R$ 2.217.874.257,97
Taxa Interna de Retorno (TIR): 2%
Taxa des-
6% 10% 12% 14% 17%
conto
VPL (R$) -122.020.681,78 -182.475.330,81 -198.761.358,83 -209.332.586,79 -217.974.690,27

170 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Com o pagamento do aluguel, considerando o valor da terra equivalente a
R$5.491,00/ha, o projeto torna-se inviável economicamente, apresentando taxa interna
de retorno de 2% e VPL negativo para todas as taxas de desconto consideradas.

d) Caso 4: Produtividade de 40 m3/ha/ano e compra do terreno com valor da terra


equivalente a R$2.000/ha
3
Quadro 4 - Caso 4: Produtividade de 40 m /ha/ano e Compra do Terreno com Valor da
Terra Equivalente a R$2.000/ha
Investimento: R$ 3.918.031.867,65
Taxa Interna de Retorno (TIR): negativa
Taxa des-
6% 10% 12% 14% 17%
conto
VPL (R$) -1.097.070.266,67 -903.687.192,63 -829.945.955,65 -767.406.962,96 -689.934.978,58

A compra do terreno, com esta produtividade, considerando o valor da terra equivalen-


te a R$2.000,00/ha, torna o projeto inviável economicamente.

e) Caso 5: Produtividade de 50 m3/ha/ano e valor da terra desconsiderado


3
Quadro 5 - Caso 5: Produtividade de 50 m /ha/ano e Valor da Terra Desconsiderado
Investimento: R$ 1.609.390.187,65
Taxa Interna de Retorno (TIR): 20%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL R$) 513.478.491,65 265.796.003,01 184.681.540,97 122.245.210,44 53.602.263,34

O aumento da produtividade para 50 m3/ha torna o projeto mais atrativo. Quando não
se considera o fator terra como custo, a taxa interna de retorno é de 20% e o VPL de
R$53.602.263,34 para uma taxa de desconto de 17% (bem acima das praticadas pelo
mercado, o que reforça a viabilidade do projeto).

f) Caso 6: Produtividade de 50 m3/ha/ano e valor da terra equivalente ao aluguel


calculado sobre o preço da terra de R$2.000,00/ha
3
Quadro 6 - Caso 6: Produtividade de 50 m /ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao Alu-
guel Calculado sobre o Preço da Terra de R$2.000,00/ha
Investimento: R$ 1.831.019.788,93
Taxa Interna de Retorno (TIR): 17%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 386.372.716,58 171.780.073,86 102.401.410,15 49.495.601,36 -7.921.662,40

Considerando o custo da terra através do pagamento do aluguel calculado sobre o


preço da terra de R$2.000,00/ha, o projeto é viável economicamente, com taxa interna
de retorno de 17% e VPL de R$ 49.495.601,36 para uma taxa de desconto de até
14%.

g) Caso 7: Produtividade de 50 m3/ha/ano e valor da terra equivalente ao aluguel


calculado sobre o preço da terra de R$5.491,00/ha.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 171


3
Quadro 7 – Caso 7: Produtividade de 50 m /ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao Alu-
guel Calculado Sobre o Preço da Terra de R$5.491,00/ha
Investimento: R$ 2.217.874.257,97
Taxa Interna de Retorno (TIR): 10%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 164.509.586,19 7.675.269,54 -41.218.558,18 -77.488.841,28 -115.311.674,77

Considerando o valor do aluguel calculado sobre o preço da terra de R$5.491,00/ha, a


taxa interna de retorno passa a ser de 10% e o VPL de R$7.675.269,54 com taxa de
desconto de 10%. Ainda que menos atrativo que os casos anteriores em que a produ-
tividade considerada foi de 50m3/ha, este caso caracteriza um projeto viável, compatí-
vel com as taxas do mercado.
h) Caso 8: Produtividade de 50 m3/ha/ano e compra do terreno com valor da terra
equivalente a R$2.000/ha
3
Quadro 8 - Caso 8: Produtividade de 50 m /ha/ano e Compra do Terreno com Valor da
Terra Equivalente a R$2.000/ha
Investimento: R$ 3.918.031.867,65
Taxa Interna de Retorno (TIR): negativa
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) -810.539.998,70 -713.536.592,28 -672.403.155,01 -635.563.217,45 -587.271.963,08

Assim como no caso em que a produtividade considerada foi de 40m3/ha, a compra do


terreno com preço da terra equivalente a R$2.000,00/ha, inviabiliza o projeto, ainda
que a produtividade seja de 50 m3/ha.
4.3.1.2 Análise dos Resultados
O quadro abaixo apresenta e classifica os resultados da aplicação dos critérios de
viabilidade financeira dos 8 (oito) casos expostos.
Quadro 9 - Resultados e classificação da Análise Financeira: Floresta Plantada de Euca-
lipto com Ciclo Produtivo 6 anos – Cadeia Produtiva Celulose e Papel
VPL com taxa de
Caso TIR Classificação
desconto de 10%
3
Caso 1: 40 m /ha
13% R$75.645.402,67 3
Não considera custo da terra
3
Caso 2: 40 m /ha
9% -R$18.370.526,48 5
Aluguel sobre R$2.000,00/ha
3
Caso 3: 40 m /ha
2% -R$182.475.330,81 6
Aluguel sobre R$5.491,00/ha
3
Caso 4: 40 m /ha
- -R$903.687.192,63 8
Compra da terra por R$2.000,00/ha
3
Caso 5: 50 m /ha
20% R$265.796.003,01 1
Não considera custo da terra
3
Caso 6: 50 m /ha
17% R$171.780.073,86 2
Aluguel sobre R$2.000,00/ha
3
Caso 7: 50 m /ha
10% R$7.675.269,54 4
Aluguel sobre R$5.491,00/ha
3
Caso 8: 50 m /ha
- -R$672.403.155,01 7
Compra da terra por R$2.000,00/ha
Fonte: Elaboração própria

172 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Para a cadeia produtiva de celulose, o caso de plantação da lavoura de eucalipto mais
viável economicamente é o que apresenta produtividade de 50m3/ha e não engloba o
custo da terra (o que incentiva a adoção do regime de parcerias ou fomento com os
pequenos produtores), o qual apresentou taxa interna de retorno de 20% e VPL de
R$265.796.003,01 com taxa de desconto de 10%.
Considerando a taxa de desconto de 10% os casos 1, 5, 6 e 7 mostram-se viáveis
financeiramente. Para os demais casos, o VPL apresentou resultados negativos.
No entanto, considerando as taxas internas de retorno de 9% viável, compatível com
as praticadas no mercado, o caso 2 também pode ser considerado viável.
Já o caso 3 que considera o pagamento do aluguel calculado sobre o preço da terra
de R$5.491,00 e os casos 4 e 8, que consideram a compra da terra, ainda que com o
menor valor considerado nesta análise (R$2.000/ha), inviabilizam a implantação do
projeto.
4.3.2 Caso da Cadeia Produtiva de Madeira para Construção Civil e Produção
de Energia
Foi considerada a plantação de 15.000 hectares, sendo 5.000 hectares a cada ano,
com a colheita sendo realizada no ano 6 de cada plantio. Para constituição do fluxo de
caixa foram considerados três ciclos produtivos, totalizando 20 anos.
4.3.2.1 Resultados da Análise Financeira com a Aplicação dos Critérios VPL e
TIR
a) Caso 1: Produtividade de 40 m3/ha/ano e valor da terra desconsiderado:
3
Quadro 10 - Caso 1: Produtividade de 40 m /ha/ano e Valor da Terra Desconsiderado
Investimento: R$482.925.273,88
Taxa Interna de Retorno (TIR): 13%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 71.904.312,30 24.713.970,89 8.944.117,27 -3.340.991,81 -17.034.826,19

Neste caso o projeto é viável economicamente, apresentando taxa interna de retorno


de 13% e VPL de R$24.713.970,89 com a taxa de desconto de 10%.
b) Caso 2: Produtividade de 40 m3/ha/ano e valor da terra equivalente ao aluguel
calculado sobre o preço da terra de R$2.000,00/ha.
3
Quadro 11 - Caso 2: Produtividade de 40 m /ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao Alu-
guel Calculado sobre o Preço da Terra de R$2.000,00/ha
Investimento: R$549.414.154,26
Taxa Interna de Retorno (TIR): 9%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 31.575.974,95 -6.124.442,72 -18.467.153,20 -27.939.570,16 -38.280.157,93

Com o pagamento do aluguel, considerando o valor da terra equivalente a


R$2.000,00/ha, o projeto é viável economicamente, apesar de menos atrativo que no
caso anterior, apresentando taxa interna de retorno de 9% e VPL de R$ 31.575.974,95
com a taxa de desconto de 6%.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 173


c) Caso 3: Produtividade de 40 m3/ha/ano e valor da terra equivalente ao aluguel
calculado sobre o preço da terra de R$5.491,00/ha.
3
Quadro 12 - Caso 3: Produtividade de 40 m /ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao Alu-
guel Calculado sobre o Preço da Terra de R$5.491,00/ha
Investimento: R$665.470.494,97
Taxa Interna de Retorno (TIR): 2%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) -38.817.137,91 -59.952.893,67 -66.313.525,80 -70.876.388,67 -75.363.884,47
Com o pagamento do aluguel, considerando o valor da terra equivalente a
R$5.491,00/ha, o projeto torna-se inviável economicamente, apresentando taxa interna
de retorno de 2% e VPL negativo para todas as taxas de desconto consideradas.
d) Caso 4: Produtividade de 40 m3/ha/ano e compra do terreno com valor da terra
equivalente a R$2.000/ha.
3
Quadro 13 - Caso 4: Produtividade de 40 m /ha/ano e Compra do Terreno com Valor da
Terra Equivalente a R$2.000/ha
Investimento: R$1.175.517.777,88
Taxa Interna de Retorno (TIR): negativa
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) -348.182.535,15 -296.519.504,19 -276.589.950,13 -259.576.182,96 -238.340.365,09
A compra do terreno, considerando o valor da terra equivalente a R$2.000,00/ha, torna
o projeto inviável economicamente.
e) Caso 5: Produtividade de 50 m3/ha/ano e valor da terra desconsiderado:
3
Quadro 14 - Caso 5: Produtividade de 50 m /ha/ano e Valor da Terra Desconsiderado
Investimento: R$482.925.273,88
Taxa Interna de Retorno (TIR): 20%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 162.815.124,99 87.085.772,29 61.428.821,38 41.238.886,28 18.416.582,26
O aumento da produtividade para 50 m3/ha torna o projeto bem mais atrativo. Quando
não se considera o fator terra como custo, a taxa interna de retorno é de 20% e o VPL
de R$18.416.582,26 para uma taxa de desconto de 17% (bem acima das praticadas
pelo mercado, o que reforça a viabilidade do projeto).
f) Caso 6: Produtividade de 50 m3/ha/ano e valor da terra equivalente ao aluguel
calculado sobre o preço da terra de R$2.000,00/ha.
3
Quadro 15 - Caso 6: Produtividade de 50 m /ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao Alu-
guel Calculado sobre o Preço da Terra de R$2.000,00/ha
Investimento: R$549.414.154,26
Taxa Interna de Retorno (TIR): 16%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 122.486.787,64 56.247.358,68 34.017.550,91 16.640.307,93 -2.828.749,47
Considerando o custo da terra através do pagamento do aluguel calculado sobre o preço
da terra de R$2.000,00/ha, o projeto é viável, com taxa interna de retorno de 16% e VPL
de R$ 16.640.307,93 para uma taxa de desconto de 12%.

174 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


g) Caso 7: Produtividade de 50 m3/ha/ano e valor da terra equivalente ao aluguel
calculado sobre o preço da terra de R$5.491,00/ha.
3
Quadro 16 - Caso 7: Produtividade de 50 m /ha/ano e Valor da Terra Equivalente ao Alu-
guel Calculado sobre o Preço da Terra de R$5.491,00/ha
Investimento: R$665.470.494,97
Taxa Interna de Retorno (TIR): 10%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 52.093.674,78 2.418.907,73 -13.828.821,70 -26.296.510,58 -39.912.476,01
Considerando o valor do aluguel calculado sobre o preço da terra de R$5.491,00/ha, a
taxa interna de retorno passa a ser de 10% e o VPL de R$2.418.907,73 com taxa de
desconto de 10%.
h) Caso 8: Produtividade de 50 m3/ha/ano e compra do terreno com valor da terra
equivalente a R$2.000/ha.
3
Quadro 17 - Caso 8: Produtividade de 50 m /ha/ano e Compra do Terreno com Valor da
Terra Equivalente a R$2.000/ha
Investimento: R$1.175.517.777,88
Taxa Interna de Retorno (TIR): negativa
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) -257.271.722,46 -234.147.702,79 -224.105.246,03 -214.996.304,87 -202.888.956,64

Assim como no caso em que a produtividade considerada foi de 40m3/ha, a compra do


terreno com preço da terra equivalente a R$2000,00/ha, inviabiliza o projeto, ainda que
a produtividade seja de 50 m3/ha.
4.3.2.2 Análise dos Resultados
O quadro abaixo apresenta e classifica os resultados da aplicação dos critérios de
viabilidade financeira dos 8 (oito) casos expostos.
Quadro 18 - Resultados e Classificação da Análise Financeira: Floresta Plantada de Eu-
calipto com Ciclo Produtivo 6 anos – Madeira para Construção Civil
VPL com Taxa de
Caso TIR Classificação
Desconto de 10%
3
Caso 1: 40 m /ha
13% R$ 24.713.970,89 3
Não considera custo da terra
3
Caso 2: 40 m /ha
9% -R$6.124.442,72 5
Aluguel sobre R$2.000,00/ha
3
Caso 3: 40 m /ha
2% -R$59.952.893,67 6
Aluguel sobre R$5.491,00/ha
3
Caso 4: 40 m /ha
- -R$296.519.504,19 8
Compra da terra por R$2.000,00/ha
3
Caso 5: 50 m /ha
20% R$87.085.772,29 1
Não considera custo da terra
3
Caso 6: 50 m /ha
16% R$56.247.358,68 2
Aluguel sobre R$2.000,00/ha
3
Caso 7: 50 m /ha
10% R$2.418.907,73 4
Aluguel sobre R$5.491,00/ha
3
Caso 8: 50 m /ha
- -R$257.271.722,46 7
Compra da terra por R$2.000,00/ha
Fonte: Elaboração própria

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 175


Para a cadeia produtiva de madeira para cosntrução civil e energia, o caso de planta-
ção da lavoura de eucalipto mais viável economicamente é o que apresenta produtivi-
dade de 50m3/ha e não engloba o custo da terra (o que incentiva a adoção do regime
de parcerias com os pequenos produtores), o qual apresentou taxa interna de retorno
de 20% e VPL de R$87.085.772,29 com taxa de desconto de 10%.
Considerando a taxa de desconto de 10%, os casos 1, 5, 6 e 7 mostram-se viáveis
fianceiramente. Para os demais casos, o VPL apresentou resultados negativos.
No entanto, considerando a taxa interna de retorno de 9% viável, compatível com as
praticadas no mercado, o caso 2 também podem ser considerado viável.
Já os casos 4 e 8, que consideram a compra da terra, ainda que com o menor valor
considerado nesta análise (R$2.000/ha), inviabilizam a implantação do projeto.
4.4 Análise Econômico Financeira do Cultivo da Floresta Comercial de Eu-
calipto com Ciclo de 15 anos
Os dados utilizados nesta análise foram fornecidos pelo Viveiro DUCAMPO – RIO.
Considera o plantio do eucalipto, com espaçamento 3mx2m e densidade de 1.667
plantas por hectare.
Para realização desta análise foi considerado o fluxo de caixa contendo os custos e
receitas de tal cultivo ao longo dos quinze anos do ciclo produtivo. Sobre tal base de
dados foram realizados estudos de caso considerando variações do preço da terra e a
análise de sensibilidade do VPL às variações da taxa de desconto.
Foi considerada a plantação de 15.000 hectares, sendo 5.000 hectares a cada ano.
4.4.1 Resultados da Análise Financeira com a Aplicação dos Critérios VPL e
TIR
a) Caso 1: Valor da terra desconsiderado:
Quadro 19 - Caso 1: Valor da Terra Desconsiderado
Investimento: R$884.591.593,02
Taxa Interna de Retorno (TIR): 11%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 156.111.436,62 15.883.451,15 -25.597.988,59 -54.890.456,62 -83.081.378,13

Neste caso o projeto é viável financeiramente, com taxa interna de retorno de 11% e
VPL de R$15.883.451,15 com taxa de desconto de 10%.
b) Caso 2: Valor da terra equivalente ao aluguel calculado sobre o preço da terra
de R$2.000,00/ha.
Quadro 20 - Caso 2: Valor da Terra Equivalente ao Aluguel Calculado sobre o Preço da
Terra de R$2.000,00/ha
Investimento: R$946.924.918,38
Taxa Interna de Retorno (TIR): 9%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 115.705.961,23 -15.819.811,00 -54.022.208,97 -80.560.852,21 -105.388.499,55

176 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Com o pagamento do aluguel, considerando o valor da terra equivalente a
R$2.000,00/ha, o projeto é viável economicamente, apesar de menos atrativo que no
caso anterior, apresentando taxa interna de retorno de 9% e VPL de
R$115.705.961,23 com a taxa de desconto de 6%.
c) Caso 3: Valor da terra equivalente ao aluguel calculado sobre o preço da terra
de R$5.491,00/ha.
Quadro 21 - Caso 3: Valor da Terra Equivalente ao Aluguel Calculado sobre o Preço da
Terra de R$5.491,00/ha
Investimento: R$1.055.727.737,80
Taxa Interna de Retorno (TIR): 7%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 45.178.203,92 -71.157.855,09 -103.636.685,65 -125.368.527,72 -144.325.579,98

Com o pagamento do aluguel, considerando o valor da terra equivalente a


R$5.491,00/ha, o projeto continua viável, apresentando taxa interna de retorno de 7%
e VPL de R$45.178.203,92 com taxa de desconto de 6%.
d) Caso 4: Compra do terreno com valor da terra equivalente a R$2.000/ha.
Quadro 22 - Caso 4: Compra do Terreno com Valor da Terra Equivalente a R$2.000/ha
Investimento: R$1.533.897.065,52
Taxa Interna de Retorno (TIR): 0%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) -264.778.932,11 -314.358.862,95 -321.683.617,59 -322.290.410,73 -315.447.226,21

A compra do terreno, com preço da terra de R$2.000,00/ha, inviabiliza a implantação


do projeto.
4.4.2 Análise dos Resultados
O quadro abaixo apresenta e classifica os resultados da aplicação dos critérios de
viabilidade financeira dos 4 (quatro) casos expostos.
Quadro 23 - Resultados e Classificação da Análise Financeira: Floresta Plantada de Eu-
calipto com Ciclo Produtivo 15 anos – Madeira para Móveis e Construção Civil
VPL com Taxa de
Caso TIR Classificação
Desconto de 10%
Caso 1: Não considera custo da terra 11% R$15.883.451,15 1
Caso 2: Aluguel sobre R$2.000,00/ha 9% -R$15.819.811,00 2
Caso 3: Aluguel sobre R$5.491,00/ha 7% -R$71.157.855,09 3
Caso 4: Compra da terra por
0% -R$314.358.862,95 4
R$2.000,00/ha
Fonte: Elaboração própria
Para a cadeia produtiva de madeira para móveis e construção civil, o caso da planta-
ção da lavoura de eucalipto mais viável economicamente é o que não engloba o custo
da terra (o que incentiva a adoção do regime de parcerias com os pequenos produto-
res), o qual apresentou taxa interna de retorno de 11% e VPL de R$15.883.451,15
com taxa de desconto de 10%. Mostrando-se este ser o único caso em que o projeto é
viável com taxa de desconto de 10%.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 177


No entanto, considerando as taxas internas de retorno de 9% e 7% viáveis, compatí-
veis com as praticadas no mercado, os casos 2 e 3 também passam a ser viáveis.
Já o caso 4, que considera a compra da terra, mesmo que com o menor valor conside-
rado nesta análise (R$2.000/ha), inviabiliza a implantação do projeto.
4.5 Análise Econômico Financeira do Cultivo da Floresta Comercial de Nim
com Ciclo de 13 anos

Para realização desta análise foi considerado o plantio de 15.000 ha de nim, sendo
5.000 ha plantados a cada ano. Com ciclo produtivo de 13 anos, a duração total do
ciclo se estende a 15 anos, devido ao plantio consecutivo de 5.000 ha durante 3 anos.

Os dados considerados nesta análise foram fornecidos por um produtor local. Além da
madeira, a colheita das folhas e a extração do óleo também foram consideradas na
estrutura de custos e receitas.
4.5.1 Resultados da Análise Financeira com a Aplicação dos Critérios VPL e
TIR
a) Caso 1: Valor da terra desconsiderado:
Quadro 24 - Caso 1: Valor da Terra Desconsiderado
Investimento: R$1.078.202.038,01
Taxa Interna de Retorno (TIR): 32%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 496.488.891,49 297.149.376,86 229.715.881,18 177.083.932,64 118.560.836,61

O cultivo da floresta plantada da espécie nim mostrou-se bastante viável, com indica-
dores consideravelmente acima das demais espécies consideradas na análise. Neste
caso, quando não se considera o custo da terra, a taxa interna de retorno alcança 32%
e o VPL R$118.560.836,61 com taxa de desconto de 17% (taxa considerada bastante
elevada em relação às praticadas no mercado).

b) Caso 2: Valor da terra equivalente ao aluguel calculado sobre o preço da terra


de R$2.000,00/ha.
Quadro 25 - Caso 2: Valor da Terra Equivalente ao Auguel Calculado sobre o Preço da
Terra de R$2.000,00/ha
Investimento: R$1.132.224.253,32
Taxa Interna de Retorno (TIR): 29%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 459.659.433,75 267.541.539,65 202.908.071,97 152.666.539,37 97.116.419,60

Considerando o valor do aluguel calculado sobre o preço da terra de R$ 2.000,00, a


taxa interna de retorno é de 29% e o VPL R$97.116.419,60 com taxa de desconto de
17%.

c) Caso 3: Valor da terra equivalente ao aluguel calculado sobre o preço da terra


de R$5.491,00/ha.

178 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Quadro 26 - Caso 3: Valor da Terra Equivalente ao Aluguel Calculado sobre o Preço da
Terra de R$5.491,00/ha
Investimento: R$1.226.520.030,15
Taxa Interna de Retorno (TIR): 23%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 395.373.615,26 215.861.059,79 156.115.040,98 110.045.979,40 59.685.189,72

Para o valor do aluguel calculado sobre o preço da terra de R$5.491,00, a taxa interna
de retorno é de 23% e o VPL de R$59.685.189,72 com taxa de desconto de 17%.
d) Caso 4: Compra do terreno com valor da terra equivalente a R$2.000/ha.
Quadro 27 - Caso 4: Compra do Terreno com Valor da Terra Equivalente a R$2.000/ha
Investimento: R$1.640.933.447,51
Taxa Interna de Retorno (TIR): 10%
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) 112.848.706,70 -11.265.594,12 -49.532.131,47 -77.263.913,98 -104.818.507,18

Neste caso, a compra do terreno não inviabiliza o investimento. Comprando o terreno


no valor de R$ 2.000,00/ha, o investidor alcança uma taxa de retorno de 10% e VPL
de R$112.848.706,70 com taxa de desconto de 6%.
e) Caso 5: Compra do terreno com valor da terra equivalente a R$5.491,00/ha.
Quadro 28 - Caso 5: Compra do Terreno com Valor da Terra Equivalente a R$5.491,00/ha

Investimento: R$2.623.181.122,79
Taxa Interna de Retorno (TIR): negativa
Taxa
6% 10% 12% 14% 17%
desconto
VPL (R$) -556.795.235,86 -549.603.925,97 -536.959.537,54 -521.228.080,26 -494.727.151,76

Já a compra do terreno com o o valor de R$5.491,00/ha inviabiliza a implantação do


projeto.
4.5.2 Análise dos Resultados
O quadro abaixo apresenta e classifica os resultados da aplicação dos critérios de
viabilidade financeira para os 5 (cinco) casos descritos.
Quadro 29 - Resultados e Classificação da Análise Financeira: Floresta Plantada de Nim
com Ciclo Produtivo 13 anos – Madeira para Móveis e Construção Civil
VPL com Taxa de
Caso TIR Classificação
Desconto de 10%
Caso 1: Não considera custo da terra 32% R$297.149.376,86 1
Caso 2: Aluguel sobre R$2.000,00/ha 29% R$267.541.539,65 2
Caso 3: Aluguel sobre R$5.491,00/ha 23% R$215.861.059,79 3
Caso 4: Compra da terra por
10% -R$11.265.594,12 4
R$2.000,00/ha
Caso 5: Compra da terra por
- -R$549.603.925,97 5
R$5.491,00/ha
Fonte: Elaboração própria

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 179


Para a cadeia produtiva de madeira para móveis e cosntrução civil, o caso da planta-
ção da lavoura de nim mais viável economicamente é o que não engloba o custo da
terra (o que incentiva a adoção do regime de parcerias com os pequenos produtores),
o qual apresentou taxa interna de retorno de 32% e VPL de R$297.149.376,86 com
taxa de desconto de 10%.
Considerando a taxa de desconto de 10%, os casos 2 e 3 mostram-se viáveis, apre-
sentando VPLs positivos.
O caso 4, apesar de apresentar taxa interna de retorno de 10%, apresentou VPL nega-
tivo para a taxa de desconto com este mesmo valor. Isso acontece porque a taxa in-
terna de retorno é calculada como um valor aproximado que iguala as receitas e os
custos no valor presente, mostrando-se bastante sensível a pequenas variações. Des-
se modo, a taxa de 10% que torna o VPL negativo, pode ser considerada como um
dos primeiros valores a torná-lo negativo, ainda bem próximo do valor que o anularia.
Já o caso 5, que considera a compra da terra no valor de R$5.491,00, inviabiliza a
implantação do projeto.

5. CONCLUSÃO

A Região apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento da cadeia produtiva da


floresta plantada, tanto para a prática silvicultural, nas extensas áreas disponíveis,
como para os segmentos de transformação da madeira em produtos com maior valor
agregado.
Em relação à prática da silvicultura, os estudos de viabilidade econômico-financeira
mostram que os plantios propostos são viáveis, com taxas de retorno atrativas em
relação ao mercado, principalmente quando não incorporam os custos com o fator
terra. Isto sinaliza para a importância de adoção de modelo negocial que se baseie em
sistema de parceria junto aos produtores locais, condição esta que já vem sendo ado-
tada por vários investidores do setor da silvicultura no Brasil.
Em relação aos segmentos de transformação da madeira em produtos de maior valor
agregado, todos os arranjos propostos mostraram-se como alternativas reais de pro-
moção da integração produtiva e de fortalecimento e sustentabilidade da silvicultura,
inclusive as cadeias complementares propostas.
Todos os segmentos já possuem estabelecimentos, de pelo menos uma das etapas da
cadeia produtiva a que pertencem. A cadeia de celulose já possui fábricas de papel
em ambas as regiões. A cadeia moveleira possui uma pequena aglomeração produtiva
no município de Campos dos Goytacazes. Já existem serrarias espalhadas nas duas
regiões. O setor de construção civil encontra-se em um momento de grande expansão.
As fábricas de cerâmica vermelha, localizadas em torno de Campos dos Goytacazes e
a previsão de instalação de uma ou mais siderúrgicas na Região Norte constituem
importantes demandas para a madeira produzida para fins de energia. Enfim, pode-se
dizer que a Região N-NO Fuminense está pronta para absorver a atividade silvicultural
e desenvolvê-la de maneira integrada e sustentável.
Destaca-se a importância da implantação de um programa de suporte ao desenvolvi-
mento da silvicultura e das cadeias produtivas a ela ligadas, especialmente em relação
à preparação da população local para receber esta nova atividade produtiva e para se
beneficiar econômica, social e culturalmente dela.

180 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Além destas, o estabelecimento de algumas medidas de caráter institucional legal pa-
ra a viabilização da implementação da silvicultura no Estado do Rio de Janeiro, a partir
da Região Norte e Noroeste, apresentam-se como necessárias neste momento inicial.
Destacam-se: implantação de um pacote de incentivos tributários para os investidores
e produtores do setor; criação de um fundo para financiar a recomposição florestal da
mata nativa, particularmente para a produção de mudas; constituição e implantação
de um organismo ambiental para viabilizar os licenciamentos dos projetos de silvicultu-
ra; e elaboração e implantação de um sistema de regulação regional aderente à legis-
lação federal e estadual.

6. REFERÊNCIAS

ABIMCI – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MADEIRA PROCESSADA


MECANICAMENTE. Relatório Setorial 2008, disponível em
http://www.abimci.com.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=28&Ite
mid=37, Acesso em 05/04/2011

ABIMCI – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MADEIRA PROCESSADA


E INDÚSTRIAL O setor de madeira sólida no Brasil & contribuições à política in-
dustrial. Disponível em: <http://www.abimci.com.br/port/06Docs/pdf/PolInd.pdf> . A-
cesso em: 15 setembro 2003. apud CARVALHO, R.M.M.A, SOARES, T.S., VALVER-
DE, S.R. Caracterização do Setor Florestal: Uma Abordagem Comparativa com Outros
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Programa Produtor Florestal da Aracruz Celulose, Ano III, No10, maio de 2006, in
http://www.produtorflorestal.com.br/revista/pdf/revista10.pdf consultado em 17/03/2011

BRASIL. Anuário RAIS. [Brasília]: Ministério do Trabalho, Secretaria Geral, 2009. Anu-
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BRITTO, Jorge. Arranjos produtivos locais: perfil das concentrações de atividades e-


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CARVALHO, R.M.M.A, SOARES, T.S., VALVERDE, S.R. Caracterização do Setor


Florestal: Uma Abordagem Comparativa com Outros Setores da Economia. Ciência
Florestal, Santa Maria, v. 15, n. 1, p. 105-118, 2005. Disponível em
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nômica no Estado do Rio de Janeiro”, In: Estudos de Desenvolvimento para o Estado
do Rio de Janeiro, N°5, DEZ 2009

FERREIRA, Hernon José. Pólos de Desenvolvimento Florestal: fator de multiplicação


das oportunidades no Brasil. Revista Opiniões, Ribeiraão Preto – SP, 12/2007 a

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 181


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tabilidade com Baixo Investimento. Disponível em <http://www.guirra.com.br/index.
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IBGE, Censo Agropecuário, Rio de Janeiro: IBGE, 2006

IBGE, Cidades, Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Disponível em: http://www.ibge.gov.br

IBGE, Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, 2008

LIMA et. al., “Estudo da Viabilidade Financeira da Implantação de um Apiário para


Produção de Própolis e Mel”, XLIV CONGRESSO DA SOBER “Questões Agrárias,
Educação no Campo e Desenvolvimento”, Sociedade Barsileira de Economia e Socio-
logia Rural, Fortaleza, 23 a 27 de julho de 2006.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Cadeia produtiva de


madeira / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política
Agrícola, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura; coordenadores
Antonio Márcio Buainain e Mário Otávio Batalha. – Brasília: IICA: MAPA/ SPA, 2007.
84 p.; 17,5 x 24 cm – (Agronegócios; v. 6)

OLIVEIRA, A.D., SCOLFORO, J.R.S., SILVEIRA, V.P., Análise Econômica de um Sis-


tema Agro-Silvo-Pastoril com Eucalipto Implantado em Região de Cerrado, Ciência
Florestal, Santa Maria, v.10, n.1, p,1-19, 2000

Rezende, José Luiz Pereira de; Oliveira, Antônio Donizette de. Análise Econômica e
Social de Projetos Florestais, 2.ed., Viçosa:UFV, 2001

REZENDE, J. L. P. de; OLIVEIRA, A. D. de; RODRIGUES, C. Efeito dos tributos no


custo de produção, na rotação e na reforma de Eucalyptus spp. Revista Cerne, La-
vras, v. 11, n. 1, p. 70-83, jan./mar. 2005.

RODIGHERI, H.R.; GRAÇA, L.R. Análise econômica comparativa de dois sistemas de


cultivo de erva-mate com o de rotação de soja-trigo no sul do Brasil. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 34., 1996, Aracaju. Anais... Bra-
sília: SOBER, 1996. p. 1494 – 1504. Apud OLIVEIRA, A.D., SCOLFORO, J.R.S., SILVEI-
RA, V.P., Análise Econômica de um Sistema Agro-Silvo-Pastoril com Eucalipto Implan-
tado em Região de Cerrado, Ciência Florestal, Santa Maria, v.10, n.1, p,1-19, 2000

SANTIN, M.F.C.L., REIS.A, A Silvicultura como veículo do Desenvolvimento Eco-


nômico e Ambientalmente Sustentável na metade Sul do Rio Grande do Sul, in
Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, 7, 2007, Fortaleza. Dispo-
nível em < http://sansconsult.com.br/Arts/Silvicultura”>, Acesso em 17/03/2011

VITAL, Marcos H.F., Florestas Independentes no Brasil, BNDES Setorial, Rio de Ja-
neiro, n. 29, p. 77-130, mar. 2009. Disponível em < http://www.bndes.gov.br/ SiteBN-
DES /bndes/bndes_pt/ Institucional/ Publicacoes/ Consulta _Expressa
/Setor/Agroindustria /200903_03.html>, Acesso em 27/01/2011

182 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


ANEXOS

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 183


ANEXO 1 - RELAÇÃO DOS PROGRAMAS DE APOIO À ATVIDADE AGROPECUÁ-
RIA DA SECRETARIA DE AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO

1) Programas Estruturantes
Programa Descrição
Rio Genética Promover o melhoramento genético dos rebanhos pecuários do Estado,
democratizando o acesso à tecnologia genética e fazendo com que a qua-
lidade e o resultado estejam ao alcance de todos. Entre os objetivos estão
o aumento da produção e produtividade das explorações, geração de ren-
da e trabalho e melhoria da qualidade de vida da população rural. Informa-
ções: tel. (21) 3601-5267 – Jorge Ronaldo Machado, (21) 3601-6433 -
Clóvis Romário.
Rio Rural Buscar alternativas sustentáveis de desenvolvimento, tendo como referên-
cia de planejamento e de intervenção as microbacias hidrográficas, inves-
tindo na recuperação da qualidade da água, conservação do solo, recom-
posição da cobertura vegetal, infra-estrutura e saneamento rural, entre
outros. O programa conta com recursos do BIRD – GEF e Governo do
Estado, e a parceria de entidades ambientais . Informações: Tel.:(21)3607-
5398 / 3607-6003 - www.microbacias.rj.gov.br.
Estradas Recuperação e manter as estradas vicinais das regiões produtoras, facili-
da Produção tando o escoamento da produção e trânsito da população rural. Informa-
ções: Emater-Rio tel. (21) 3601-5130
Sanidade Rio Promover, manter e recuperar a saúde dos animais e vegetais produzidos
no Estado ou que transitam no território fluminense, garantindo qualidade
da produção e a segurança alimentar da população. Informações: tel. (21)
3607-5440 – Flávio Tavares.
Crédito Fundiário Oferecer oportunidades para que trabalhadores rurais, arrendatários, par-
ceiros e meeiros, que têm tradição na lida rural, mas que não dispõem de
recursos, possam adquirir a própria terra para o desenvolvimento de ativi-
dades agrícolas. Informações: Unidade Técnica Estadual (UTE) tel. (21)
3607-5111.
Eletrificação Total Proporcionar condições para que a oferta de energia no meio rural seja
generalizada, com utilização de ICMS e financiamento da Eletrobrás. In-
formações: tel.: (21) 3607-5398 - Nelson Teixeira.
Fonte: http://www.seaapi.rj.gov.br/estruturantes.asp
2) Setoriais
Programa Descrição
Frutificar Programa que visa a correção das desigualdades regionais, o aumento da
produção e produtividade de frutas no Estado do Rio de Janeiro, permitindo o
acesso a novas variedades e o aporte de modernas tecnologias, através de
linha de crédito específica para financiamento de projetos de fruticultura irri-
gada. Criado no ano de 2000, o Frutificar foi responsável pela incorporação
de 5 mil hectares de lavouras de frutas irrigadas no Estado e pela geração de
cerca de 20 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Atualmente o Progra-
ma financia a implantação das seguintes culturas: Abacaxi, Banana, Caju,
Citros (Laranja, Limão e Tangerina), Coco Verde, Goiaba, Manga, Maracujá,
Pêssego e Uva.
Florescer Programa que visa o desenvolvimento da cadeia produtiva de flores, de plan-
tas ornamentais e medicinais no Estado do Rio de Janeiro, com condições
facilitadas de financiamento, voltado para a implementação de novas tecno-
logias de produção, profissionalização e capacitação do setor produtivo e
comercial, visando alcançar competitividade nos mercados interno e externo.

184 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


(continuação)
Programa Descrição
Prosperar Programa que visa incrementar a produção e a produtividade deste setor,
através da criação de facilidades para a legalização e adequação dessas
empresas às normas vigentes, bem como criar sistemas de crédito e canais
de comercialização adequados para o seu desenvolvimento e capacitação.
Programa que tem por objetivo aumentar a oferta de emprego e a renda na
área rural, por meio da abertura de linha de financiamento a projetos que
visem verticalizar de forma competitiva a produção agropecuária, mediante a
inserção de novos processos tecnológicos, agregando valor por meio da
agroindustrialização, e adequação das unidades produtivas à legislação sani-
tária e fiscal aplicável.
Multiplicar Programa que visa aumentar a oferta de pescado em qualidade e quantidade
com ênfase nas atividades de piscicultura, ranicultura e cultivo de moluscos
bivalves (mexilhão, ostra e coquille), através de linhas de crédito para inves-
timento e custeio, beneficiando prioritariamente os pequenos e médios aqüi-
cultores.
Cultivar Orgâ- Programa que tem por objetivo estimular a conversão de práticas agrícolas
nico convencionais para a agricultura orgânica e apoiar os produtores rurais que
já trabalhem nesta atividade. O Cultivar Orgânico visa aumentar a produção
orgânica estadual, concedendo financiamento através da linha de crédito
Moeda Verde - CULTIVAR ORGÂNICO, capacitação de produtores e técni-
cos e apoio ao planejamento e à organização da produção e da comerciali-
zação.
Rio Leite Aumentar a produção de leite de qualidade, estimulando produtores e contri-
buindo para a ampliação do mercado. Assistência técnica, com introdução de
tecnologias e manejos adequados, incentivos tributários e a estruturação da
cadeia de comercialização estão preparando este tradicional setor da eco-
nomia rural fluminense para avançar na produção. Informações: (21) 3601-
5267 – Jorge Ronaldo Machado.
Rio Carne Estruturar a cadeia produtiva da carne no estado, atraindo para o território
fluminense e para o segmento empresários de alto nível tecnológico, preser-
vando e capacitando os já estabelecidos, elevando a competitividade e atra-
tividade fiscal para os empreendimentos. Ordenar a estrutura de abate para a
oferta ao consumidor de alimento com qualidade e garantia de procedência.
Rio Agroener- Adequar e modernizar a estrutura do setor sucroalcooleiro no Estado do Rio
gia de Janeiro para se adequar às demandas e à disponibilidade de áreas de
produção. Focar o segmento na produtividade e produção diferenciada e de
qualidade. O açúcar orgânico e o etanol para uso industrial estão incluídos
nesta proposta.
Rio Café Preparar o setor cafeeiro para atender as demandas de um mercado cada
vez mais exigente, focado na qualidade e produção de cafés especiais, que
geram melhor remuneração para o produtor. A estruturação de toda a cadeia
e os incentivos fiscais, estão fazendo o diferencial na cafeicultura do Rio de
Janeiro, pioneiro na atividade no país.
Rio Horti Fornecer à população fluminense cada vez mais legumes e verduras produ-
zidas em lavouras do próprio Estado. O setor caminha para a auto-
suficência, impulsionado pela oferta de crédito para financiar a produção.
Rio Peixe Promover a estruturação da atividade pesqueira, que se estende de Norte a
Sul do litoral fluminense, com predominância da pesca artesanal, através da
assistência técnica, pesquisa, capacitação de pescadores e viabilização do
escoamento da produção e sua comercialização. Informações: Fiperj tel. (21)
3601-5646
Fonte: http://www.seaapi.rj.gov.br/setoriais.asp

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 185


3) Programas Sociais

Panela Cheia
É um programa voltado para o aproveitamento das sobras de comercialização de hor-
tigranjeiros. Tem como objetivo aproveitar o que seria jogado fora pelos comerciantes
e produtores da CEASA/RJ por não ter mais padrão comercial. São recolhidas estas
frutas e legumes, levados a uma central de processamento, colocado em sacolas, pa-
ra distribuição a famílias carentes e entidades sociais cadastrados no programa, enri-
quecendo o padrão alimentar destas famílias assistidas. Atualmente o PROGRAMA
PANELA CHEIA atende a 2100 famílias por semana, distribuindo em média 11 tonela-
das de alimentos. (Fonte: http://www.seaapi.rj.gov.br/sociais.asp)

186 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


ANEXO 2 - ESTRUTURA SINDICAL AGRÁRIA REGIONAL NORTE E NOROESTE
FLUMINENSE

(Fonte: http://www.faerj.com.br/index.asp)
(http://sis.dieese.org.br/consulta_simples.php?sede)

1. Sistema Sindical Rural - Patronal


Constituído por uma estrutura piramidal, o sistema Sindical Rural tem a CNA-Brasil
como sua representante máxima.
Em um plano intermediário estão as Federações que atuam em seus Estados, desen-
volvendo ações para o fortalecimento do sindicalismo rural.
Na base da estrutura estão os Sindicatos Rurais e extensões de base que desenvol-
vem ações diretas de apoio ao produtor rural, buscando soluções para os problemas
locais de forma associativa.
Essa estrutura garante a presença do sistema sindical rural em qualquer ponto do pa-
ís.
Quem são as entidades que fazem parte da pirâmide:
- CNA - A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil está sediada em Brasília,
lidera o sistema sindical rural que envolve toda a produção do setor. A entidade tem,
junto aos setores públicos e privado, amplo reconhecimento como interlocutora da
classe rural nas discussões e decisões que afetam a agropecuária brasileira e desem-
penha, de forma crescente, sua função de foro de debates e decisões dos produtos
rurais desde a sua criação, em 1964.
- Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Rio de Janeiro -FAERJ é uma
instituição que tem por finalidade a coordenação, defesa, proteção e representação
legal da categoria econômica dos ramos da agricultura, pecuária, extrativismo rural,
pesca, silvicultura e agroindústria, no que se refere às atividades primárias destes
segmentos.
Desde que foi criada, em 1951, a FAERJ busca amparar e defender o Produtor Rural
junto a sociedade civil e perante os poderes públicos federal, estadual e municipais,
colaborando com a solução de conflitos e permanente adequação das legislações e
políticas públicas à realidade, visando a expansão da economia nacional e do estado
do Rio de Janeiro.
Em sua base estão os Sindicatos Rurais Patronais, formados por produtores rurais dos
setores da agricultura, pecuária, pesca, extrativismo, florestal e da agroindústria ligada
as atividades primárias.
- SENAR-RJ - O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Rio de Janeiro tem sua
administração regional subordinada à FAERJ. Trabalha em parceria com os sindicatos
e com a administração pública (em todas as esferas), além da iniciativa privada. Tem
como metas promover a formação profissional e a promoção social dos trabalhadores
rurais e seus familiares. Propicia o ingresso e permanência no mercado de trabalho, o
aumento da produtividade, além de oportunizar o aumento da renda, a qualidade de
vida e a cidadania do homem do campo.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 187


- Sindicatos Rurais - Os Sindicatos Rurais são organizações políticas e sociais de di-
reito privado, constituídos para defender os interesses da classe rural em seus respec-
tivos municípios. O sindicato trata, principalmente, da organização do produtor, pres-
tando assistência a sua atividade. O Estado do Rio de Janeiro conta, atualmente, com
50 Sindicatos Rurais, distribuidos entre os principais municípios vocacionados à agri-
cultura.

1.1. Municípios do Noroeste com Sindicatos Rurais:

Bom Jesus do Itabapoana


Sindicato Rural de Bom Jesus do Itabapoana
Presidente: Theodoro Luiz de Souza Filho
Endereço: Cooperativa Agrária CAVIL – Bairro Jorge Assis de Oliveira (Asa Branca)
Telefone: (22) 3831-1102
Telefone do Responsável pelo Sindicato: (22) 9946-4091
E-mail: sindicatoruralbji@hotmail.com
cavil@cavil.coop.br

Cambuci
Sindicato Rural de Cambuci
Presidente: Ademir Werneck Mello
Endereço: Rua Jose Galdino, 55 - Centro
Telefone: (22)2767-2045
Fax: (22) 2767-2219
E-mail: não possuem

Itaocara
Sindicato Rural de Itaocara
Presidente: Agnaldo da Silva Martins
Endereço: Rua Pref. Elias de Carvalho Gama, 68 - Centro
Telefone: (22)3861-2207
Fax: (22)3861-2207
E-mail: sritaocara@hotmail.com

Itaperuna
Sindicato Rural de Itaperuna
Presidente: Moacyr Vieira Seródio
Endereço: Av. Presidente Dutra, 1099 - Cidade Nova – Anexo Acapil
Telefone: (22)3824-2105
Fax: (22)3824-2105
E-mail: sritaperuna@ig.com.br

Laje do Muriaé
Sindicato Rural de Laje do Muriae
Presidente: Ueber Moreira Poeys
Endereço: Rua Antonio Carlos Alberoni, 220 - Centro
Telefone: (22)3829-2051
Fax: (22)3829-2051
E-mail: sindicatoruralaje@gmail.com

188 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Miracema
Sindicato Rural de Miracema
Presidente: Heloisio Amorim Machado Junior
Endereço: Av. Antonio Mendes Linhares, 292 - Santa Teresa
Telefone: (22)3852-0561
Fax: (22)3852-0561
E-mail: sruralmira@ig.com.br

Natividade
Sindicato Rural de Natividade
Presidente: Jose Ferreira Pinto
Endereço: Rua Antonio de Lannes, 01 - Centro
Telefone: (22)3841-1185
Fax: não possuem
E-mail: sruralnatividade@digitalrj.com.br

Porciúncula
Sindicato Rural de Porciuncula
Presidente: Italo Balbo Lira
Endereço: Rua Pref. Sinval Augusto Ferrreira da Silva, 152 - Centro
Telefone: (22)3842-1081
Fax: (22)3842-1301
E-mail: srporciuncula@uol.com.br

Santo Antônio de Pádua


Sindicato Rural de Santo Antônio de Pádua
Presidente: José Theophilo Correa
Endereço: Rua Major Padilha, 56, Centro
Telefone: (22)3851-0690
E-mail: srpadua@hotmail.com

1.2. Municípios do Norte com Sindicatos Rurais

Campos dos Goytacazes


Sindicato Rural de Campos dos Goytacazes
Presidente: Jose do Amaral Ribeiro Gomes
Endereço: Av. Presidente Vargas, 116 - Pq. Pecuária
Telefone: (22)2732-4434
Fax: (22)2732-4434
E-mail: srcampos.rol@terra.com.br

Conceição de Macabu
Sindicato Rural de Conceicao de Macabu
Presidente: Jose Nolasco Salles Filho
Endereço: Rua Rosendo Fontes Tavares, 221 – Bocaina
Telefone: (22)2779-2246
Fax: (22)2779-2246
E-mail: srcmacabu@yahoo.com.br

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 189


São Fidélis
Sindicato Rural de São Fidelis
Presidente: Jose Carlos de Souza Pereira
Endereço: Av. Dr. Alberto Torres, 267 - Centro
Telefone: (22)2758-2065
Fax: (22)2758-2065
E-mail: srsaofidelis@yahoo.com.br

Macaé
Sindicato Rural de Macae
Presidente: Edla Bichara Benjamin
Endereço: Rua Governador Roberto Silveira, 226 - Centro
Telefone: (22)2762-1615
Fax: (22)2762-1615
E-mail: sindruralmce@veloxmail.com.br

São João da Barra


Sindicato Rural de Sao Joao da Barra
Presidente: Getulio Ribeiro de Alvarenga
Endereço: Rua dos Passos, 168 - Centro
E-mail: sindrural@hotmail.com

São Francisco de Itabapoana


Sindicato Rural de Sao Francisco de Itabapoana
Presidente: Sigmaringa Reis
Endereço: Av. Joaquim da Mota Sobrinho, 229, Centro
Telefone: (22) 2789-1142
E-mail: sindsig@yahoo.com.br

2. Sindicato de Trabalhadores Rurais


(fote:http://sis.dieese.org.br/detalhes.php? token=&cnpj=28903623000193&tipo=cnpj)
2. 1. Municípios do Noroeste Com Sindicato dos Trabalhadores Rurais
Bom Jesus do Itabapoana
Federação: FETAG/RJ – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do
Rio de Janeiro
Endereço: Praça Governador Portela 05, 104, Centro

Italva
Federação: FETAG/RJ – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do
Ro de Janeiro
Endereço: São Sebastião, 159, Saudanha da Gama
Telefone: não possuem

Porciúncula
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porciúncula
Centro Sindical: CUT – Central ünca dos Trabalhadores
Endereço: Rua Cezar Vieira, 453, sala – A, Centro
Telefone: (22) 3842-9163
Telefone do Responsável pelo Sindicato: (22) 3842-1589
E-mail: getuliomaciel@yahoo.com.br

190 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


2. 2. Municípios do Norte com Sindicato de Trabalhadores Rurais

Campos dos Goytacazes


Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campos
Federação: FETAG/RJ – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do
Ro de Janeiro
Confederação: CONTAG - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
Endereço: Avenida Treze de Maio, 102, Centro
Telefone: (22) 2722-0643
E-mail: rosarioregina@ig.com.br

Conceição de Macabu
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição de Macabu
Centro Sindical: CUT – Central ünca dos Trabalhadores
Federação: FETAG/RJ – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do
Ro de Janeiro
Confederação: CONTAG - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
Endereço: Av, Victor Sence, 1 Terminal Rodoviário – Garapa
Telefone: (22) 9201-8076
E-mail: sttrmacabu@gmail.com

São Fidélis
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Fidélis
Federação: FETAGRI - AM
Confederação: CONTAG - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
Endereço: Avenida Sete de Setembro, 436, Centro
Telefone: (22) 2758-5191
E-mail: sindicatodostr@ig.com.br

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 191


ANEXO 3 - MECANISMOS DE FINANCIAMENTO DISPONÍVEIS PARA O SETOR DE FLORESTAS PLANTADAS NO BRASIL

(Fonte: Anuário Estatístico da ABRAF 2010, páginas 100 a 103)

Existem várias fontes de fianciamento para o desenvolvimento da atividade florestal no Brasil.


De acordo com o Anuário Estatístico da ABRAF, o setor privado, através de seus investimentos diretos, nacionais ou estrangeiros, é o
grande responsável, pelos níveis atuais de investimentos em florestas plantadas no Brasil.
No entanto, o governo cumpre um papel de destaque, por meio de diferentes instituições públicas, na disponibilização de recursos para
investimentos adequados a diferentes perfis e investidores e como facilitador de crédito, inclusive para investimentos em floresta e na
indústria de projetos de grande envergadura, como aqueles do setor de celulose e papel.
Os principais mecanismos de financiamento, de fundos públicos, destinados ao setor florestal, são operacionalizados por bancos federais atra-
vés de recursos repassados pelo orçamento da União e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Ministério do De-
senvolvimento Agrário (MDA).

A seguir estão relacionados os principais programas de financiamento à atividade florestal, conforme o Anuário Estatístico da ABRAF, 2010.

Tabela 1 - Resumo dos Principais Programas de Financiamento a Atividade Florestal (BNDES e MAPA/MDA)
Descrição do Programa BNDES Florestal FINEM PROPFLORA PRONAF Florestal PRONAF ECO
Objetivo Geral • Apoiar atividades de reflo- • Apoiar projetos de inves- • Apoiar a implantação e • Estimular o exercício da • Incentivar o uso de tec-
/Finalidades restamento, conservação e timentos destinados à manutenção de florestas silvicultura; nologia de energia reno-
de recuperação florestal de implantação, expansão e destinadas ao uso in- • Apoio às práticas de- vável e ambiental;
áreas degradadas ou con- modernização de empre- dustrial, à queima no manejo florestal; • Suporte ao armazena-
vertidas, e o manejo flores- sas; processo de secagem • Incitar o desenvolvimen- mento hídrico;
tal sustentável em áreas • Amparar projeto de im- de produtos agrícolas, à to de sistemas agroflo- • Patrocinar pequenos
nativas. plantação, expansão e produção de biocom- restais; aproveitamentos hidroe-
modernização de empre- bustível e aos consór-
• Oferecer suporte técni- nergéticos;
sas. cios agroflorestais;
co. • Estimular à silvicultura e
• Aparar a recomposição as práticas conservacio-
e manutenção de áreas nistas e de correção de
de preservação e reser- acidez do solo.
va florestal legal.

192 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


(continuação)
Descrição do Programa BNDES Florestal FINEM PROPFLORA PRONAF Florestal PRONAF ECO
Modalidades • Direta com o BNDES; • Direta com o BNDES;
Operacionais • Indireta através de institui- • Indireta através de insti- - - -
ção financeira credencia- tuição financeira creden-
da. ciada.
Itens • Empreendimentos de • Obras civis, montagem e • Investimentos fixos e • Sistemas agroflorestais;
Financiáveis reflorestamento, fomento instalações; semi-fixos e custeio • Projetos de exploração
florestal e manejo florestal • Máquinas e equipamen- (35% do valor do inves- extrativista ecologica-
sustentável; tos novos e usados (so- timento); mente sustentável; e
• Aquisição de máquinas e mente a microempresas), • Viveiros de mudas flores- • Propostas silviculturais;
implementos nacionais inclusos os conjuntos e tais; • Custeio de implantação e
credenciados no BNDES; sistemas industriais pro- • Recomposição de áreas manutenção do projeto.
• Assistência e auditoria duzidos, credenciados pe- de preservação e reser-
técnica, certificação, moni- lo BNDES; va legal (atividades a-
toramento e treinamento; • Importação de máquinas gropecuárias). -
• Sementes, mudas e vivei- e equipamentos novos,
ros – coleta, aquisição, sem similar nacional;
armazenamento e produ- • Gastos com estudos e
ção; projetos de engenharia
• Condução e a manutenção relacionados ao investi-
da cultura florestal. mento; Capital de giro as-
• Outros sociado ao investimento
fixo;
• Outros.
Beneficiários • Pessoas jurídicas de direi- • Pessoas jurídicas. • Produtores rurais (pes- • Produtores rurais que se • Agricultores Familiares do
to privado com sede e ad- soas físicas ou jurídicas) enquadram nos Grupos A, PRONAF, e que apresen-
ministração no País. e suas associações e A/C, B, C e D do PRO- tem proposta ou projeto
• Empresários individuais; e cooperativas. NAF. técnico.
• Associações e fundações.
Valor Limite de • R$ 1 milhão. • R$ 10 milhões, variando • Até R$300 mil por clien- • Grupo “A”1, “A/C”2: até • Até R$ 36 mil;
Financiamento conforme a área de atua- te. R$ 4 mil; • Uma unidade familiar de
ção. • Grupo B3: até R$ 1 mil e produção pode contratar
R$ 2 mil; no máximo dois financia-
• Grupo C3: até R$ 4 mil; mentos consecutivos.
até R$ 8 mil; e
• Grupo D3: até R$ 6 mil;
até R$ 12 mil.

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 193


(continuação)
Descrição do Programa BNDES Florestal FINEM PROPFLORA PRONAF Florestal PRONAF ECO
Taxa de Juros • Taxa de Juro de Longo • Custo financeiro 5; • 6,75% a.a. • 3% a.a. • De 1 a 5% a.a., conforme o
Prazo – TJLP; • Remuneração do BNDES nº de operações e o valor
• Remuneração do BNDES de até 2,5% a.a; nominal dos financiamen-
de 0,9% a.a; • Taxa de risco de crédito tos.
• Taxa de risco de crédito de de até 3,57% a.a;
até 3,57% a.a; • Taxa de intermediação
• Taxa de intermediação financeira de 0,5% a.a;
financeira de 0,5% a.a; • A composição da taxa de
• A composição da taxa de juros é determinada de
juros é dada conforme a acordo com a modalida-
modalidade de operação. de de operação.
Prazo de • Até 180 meses, depen- • Estabelecido conforme a Até 12 anos, incluída ca- • Até 12 anos; • De 2 até 12 anos, de
Pagamento dendo do item financiado. capacidade de pagamen- rência até a data do primei- • Até 16 anos para recur- acordo com a finalidade
to do empreendimento, ro corte, acrescida de 6 so oriundo de Fundos do projeto apresentado.
empresa ou grupo eco- meses e limitada a 8 anos. Constitucionais.
nômico. ( Implantação e manuten-
ção de florestas destinadas
ao uso industrial; Produção
de madeira destinada à
produção de carvão vege-
tal. )
Órgão • BNDES ou instituição • BNDES ou instituição • Banco do Brasil; e • Banco do Brasil; • Banco do Brasil.
Financiador financeira credenciada. financeira credenciada. • Demais bancos creden- • Banco da Amazônia
ciados pelo BNDES. (BASA);
• Banco do Nordeste do
Brasil (BNB);
• Demais Bancos do
Sistema Nacional de
Crédito Rural.
Fonte: Manual de Crédito Rural, Banco Nacional do Desenvolvimento – BNDES, Banco do Brasil – BB, Ministério do Meio Ambiente – MMA .
1 - Grupo A: assentados da reforma agrária ou do Programa Nacional de Crédito Fundiário;
2 - Grupo A/C: assentados da reforma agrária ou do Programa Nacional de Crédito Fundiário;
3 - Grupo B, e AF: agricultores familiares, proprietários, posseiros, arrendatários, parceiros, quilombolas, indígenas e concessionários da reforma agrária, que se en-
quadrem nas normas de acesso ao PRONAF;
4 - Recurso oriundo de Fundos Constitucionais e exclusivamente destinados a sistemas agroflorestais.
5 - Custo financeiro, obtido pela soma da TJLP, à Taxa de Juros Medida Provisória 462 – TJ 462 (TJLP + 1,0% a.a.), à variação do dólar norte americano ou variação
da UMBNDES acrescidos dos encargos da Cesta de Moedas – Cesta e ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo acrescido de encargos – IPCA.

194 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


Tabela 2 - Resumo dos Principais Fundos Constitucionais Destinados ao Financiamento de Atividade Florestal
Item FNE VERDE FNO FLO RESTA FCO PRONATUREZA
Objetivo geral / • Estimular a proteção ao meio ambiente, no de- • Conscientizar produtores do setor florestal, da • Patrocinar projetos de recuperação e
Finalidades senvolvimento de atividades produtivas. necessidade do exercício e desenvolvimento preservação dos recursos naturais.
de atividades de menor impacto ao meio am-
biente.
Itens Financiáveis • Manejo florestal; • Manejo florestal sustentável; • Uso de espécies nativas ou exóticas na
• Reflorestamentos; • Reflorestamentos; reabilitação de áreas degradadas;
• Propostas de geração de energia alternativa; • Sistemas Agroflorestais (SAF); • Conservação e recuperação de microba-
• Sistemas de reconversão energética com ganhos • Industrialização; cias, nascentes e mananciais;
ambientais; • Promoções de mercado. • Sistemas de aproveitamento de fontes
• Consórcios agroflorestais e agrossilvopastoris; alternativas de energia;
• Recomposição de áreas degradadas; • Tratamento de efluentes de atividades
• Recuperação de áreas de reserva legal e de agropecuárias;
preservação permanente. • Produção de alimentos junto às práticas
ecologicamente sustentáveis;
• Produção de insumos orgânicos para
uso próprio;
• Despesas da transição da agricultura
convencional para a orgânica.
Beneficiários • Produtores rurais; • Produtores rurais; • Produtores rurais;
• Industrias; • Associações e cooperativas rurais; • Cooperativas de produção e associações
• Agroindústrias; • Associações, cooperativas e firmas de base dedicadas à atividade produtiva no setor
• Empresas comerciais; florestal. rural.
• Prestadores de serviços;
• Cooperativas e associações.
Limite do • De 1,5% até 2% do patrimônio líquido do FNE. • Mini produtor: R$ 80 mil; • Até R$ 4,8 milhões por grupo econômico
Financiamento • Pequeno: R$ 360 mil; e por cooperativas de produtores rurais.
• Médio: R$ 1,6 milhões;
• Grande: R$ 4,2 milhões;
• Associações e cooperativas de mini e peque-
nos produtores: R$ 2,4 milhões;
• Associações e cooperativas de médios e gran-
des produtores: R$ 4,3 milhões.
Taxa de Juros • 6, 8,75 e 10,75%, conforme o porte do produtor; • 6, 8,75 e 10,75%, conforme o porte do benefi- • 6, 8,75 e 10,75%, de acordo com o ta-
• 25% de bônus sobre encargos financeiros no ciário; manho do proponente;
semi-árido e 15% nas demais regiões do Brasil, • 15% de bônus sobre encargos financeiros aos • 15% de bônus sobre encargos financei-
aos adimplentes. adimplentes. ros aos adimplentes.
Prazo de Pagamento • Até 12 anos. • Até 20 anos, conforme o item financiado. • Até 20 anos, de acordo com o investi-
mento.
Órgão Financiador • Banco do Nordeste do Brasil (BNB) • Banco da Amazônia (BASA). • Banco do Brasil (BB).
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (MMA)

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 195


ANEXO 4 - FLUXOS DE CAIXA DOS PLANTIOS DE EUCALIPTO 6 ANOS, EUCA-
LIPTO 15 ANOS E NIM 13 ANOS

Os fluxos abaixo estão descritos conforme recebidos pelas respectivas fontes. Os cus-
tos e receitas estão apresentados por hectare. Os demais custos considerados para
realização da análise financeira (custo da terra, impostos, juros, licenciamento ambien-
tal e recomposição florestal foi incorporados na análise de acordo com os casos estu-
dados.

Tabela 1- Fluxo de Caixa Plantio Eucalipto Urograndis Clone por Hectare, Ciclo Pro-
3
dutivo 6 anos (produtividade 50m /ha)
Ano 1 Ano 2 ao 5 Ano 6
Descrição Especificação V. U.
Qtd Total Qtd Total Qtd Total
A - Operações
Mecanizadas
Calagem HM* Tp** 90 cv+dist. Calcário 70 1 70
Subsolagem HM Tp 120 cv 4x4+subsolar 120 1 120
Aplicação de Herbicida HM Tp 75 cv+pulv. 2000 l 70 2 140 1 70
Roçada na entre linha HM Tp 90 cv 4x4+rochadeira 60 2 90 2 90
Aplicação Herbicida
dirigido HM pulverizado costal 40 8 320
Aplicação Herbicida
entre linha HM Tp 75 cv+pulv. 2000 l 60
Irrigação HM TP 90 cv + tanque 3000L 70 9 630
Manutenção Aceiros,
carreadores HM Tp 75 cv+roçadeira 60 1 60 1 60 1 60
Subtotal A 14 1.020 4 220 11 470
B - Operações Manuais
Controle de Formiga –
inicial Homem-dia 30 5 135
B.2. Plantio
Aplicação de Cupinicida Homem-dia 30 0 3
Plantio/Replantio Homem-dia 30 5 150
Adubação de plantio Homem-dia 30 2 45
Adubação de Cobertura Homem-dia 30 3 90 2 45
Capina/Coroamento Homem-dia 30 4 120 1 30
Controle de Formiga –
repasse Homem-dia 30 2 60 2 60 2 60
Roçada na linha Homem-dia 30 1 30
Condução da rebrota Homem-dia 30 3 90
3
Colheita/Carregamento Empreitada (R$/m ) 12 300 3.600
Subtotal B 20 603 4 120 7 3.795
C – Insumos
Fertilizantes e Corretivo (*) R$/ha 539
Herbicida R$/ha 20 5 90 2 40 5 90
Formicida R$/ha 8 4 32 2 16 2 16
Mudas - clone R$/milheiro 380 2 631
Cupinicida R$/grama 27
Outros Insumos R$/ha 64
Subtotal C 1.382 56 106

196 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL


(continuação)
Ano 1 Ano 2 ao 5 Ano 6
Descrição Especificação V. U.
Qtd Total Qtd Total Qtd Total
D - Admistração
Assistência Técnica R$/ha 110 1 110 1 110 55 1
Impostos/taxas % Receita 2 2 1
Subtotal D 1 110 1 55 112 1
Custo Total (R$/ha/ano) 3.115 451 4.483
3
Receita (R$/m ) 65 300 19.500
Fonte: LUCAHE Agropecuária, 2010
*HM: Hora-Máquina **Tp: Trator de Pneu

Tabela 2 - Fluxo de Caixa Plantio Eucalipto por Hectare, Ciclo Produtivo 15 anos
Descrição Ano
Custo de Desembolso 1 2 3a7 8 a 11 12 a 15
Aplicação de herbicida 150,0
Adubos e calcários 666,8
Defensivos 65,0 50,0 150,0 150,0 150,0
Coveamento e plantio (mão-de-obra) 833,5
Mudas 629,0
Tratos culturais (mão-de-obra) 720,0
Adubação de cobertura (mão-de-obra) 50,0
Corte 1.000,0 4.950,0 4.950,0
Outros 720,0 450,0 1.000,0 1.000,0 1.000,0
CUSTO 3.834,3 500,0 2.150,0 6.100,0 6.100,0
Custo de oportunidade 383,4 471,8 3.171,4 7.177,6 -842,3
DESPESAS 4.217,7 971,8 5.321,4 13.277,6 5.257,7
DESPESAS ACUMULADA 5.189,5 10.510,9 20.288,5
Venda madeira do primeiro corte 3.500,0
Venda madeira do segundo corte 19.250,0
Venda madeira do terceiro corte 80.000,0
RECEITA BRUTA 3.500,0 19.250,0 80.000,0
Fonte: Viveiro Ducampo-Rio, 2010 (www.ducampo.com.br)

Tabela 3 - Fluxo Caixa do Cultivo de 1 Hecatre de Nim


Anos / Valores em R$
Descrição
1 2 3 4 5 6a7 8 9 10 a 13
Estudo de topologia 24
preparo terreno (trator) 300
Formicida 48
Cupinicida 0
Herbicida 0
Mudas 600
adubação / correção pH 200 140 140 140
Capina 60 60 60 94 284
combate formiga 10 10 10 10 29 10
controle incendio 10 24 48 24 42
Roçada 95 72 214
Inventário 10 10 10 29
mão-de-obra 200 50
limpeza cepas / desbrota 72 72
Corte/embarque 8.000
Transporte produção/outros 240 563 563 772 772 2.332 780 780 2.624
administração./assistência técnica 132 27 48 37 21 60 72 72 380
Custo final 1.744 860 855 1.172 1.003 2.990 934 924 11.004
Receita* 4.440 4.440 4.440 4.440 4.440 104.440
Fonte: Produtor Local
*Receita do ano 4 ao ano 12: venda de folhas e óleo, receita do ano 13: venda de folhas, óleo e madeira

PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL 197


Construir ecovilas representa uma nova versão da arte de erigir cidades, onde todos
somos coletivamente o artista. Este esforço combinado será uma luta que promete dor
e prazer, percalços e recompensas pelo que fizermos de melhor de nós mesmos como
uma celebração da Terra, pela graça da qual vivemos.

Richard Register.

198 PLANO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SILVICULTURA SUSTENTÁVEL

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