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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS

LETRAS – PORTUGUÊS
CAMPUS I

ROSINÉA DAMACENO

AS MÁXIMAS CONVERSACIONAIS

Arapiraca – AL

2014
ROSINÉA DAMACENO

AS MÁXIMAS CONVERSACIONAIS

Trabalho solicitado pela professora Janecleide


dos Santos Bezerra ao 8° período do curso de
letras, como requisito de avaliação na disciplina
Pragmática.

Arapiraca – AL

2014
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................3
2. PRAGMATICA CONVERSACIONAL ...................................3
3. O PRINCÍPIO DE COOPERAÇÃO E AS MÁXIMAS
CONVERSACIONAIS.............................................................4
4. CONCLUSÃO........................................................................10
5. REFERÊNCIA........................................................................11
AS MÁXIMAS CONVERSACIONAIS

INTRODUÇÃO

Para fundamentar este estudo foi feito uma pesquisa teórica sobre as
Teorias das Implicaturas, do Princípio de Cooperação (PC) e das Máximas
Conversacionais postuladas por Herbert Paul Grice (1967/75). A violação das
máximas conversacionais foi observada em alguns gêneros textuais, tornado-se o
foco do presente trabalho. Portanto, foi analisada a violação dessas máximas
conversacionais (qualidade, quantidade, modo, relação) em falas de famosos,
diálogos jornalísticos e tirinhas, nas quais é possível perceber como o humor pode
ser construído a partir de uma perspectiva pragmática.

Foi analisado como essa construção se dá através de implicaturas e


violações das máximas conversacionais, elementos esses da Pragmática
Conversacional de Grice (1957; 1975). Assim sendo, seus textos fazem uso de
conteúdos implícitos, que podem ser alcançados tanto pelos interlocutores fictícios
– as personagens – quanto os reais – os leitores – através do princípio cooperativo
e suas respectivas máximas conversacionais (GRICE, 1957; 1975). E,
principalmente, muitas vezes, o humor será produzido justamente pela quebra das
expectativas que esse princípio e suas máximas trazem – quebra essa conhecida
como violação das máximas conversacionais.

PRAGMÁTICA CONVERSACIONAL

A Pragmática estuda as condições que determinam tanto o emprego de um


enunciado concreto em situação comunicativa concreta, como sua interpretação
por parte do destinatário. Estuda a língua pelo ponto de vista dos usuários,
observando tanto as escolhas feitas pelo autor, quanto o que ocorre quando se usa
a língua em intenção social, além dos efeitos do uso sobre outros participantes em
um ato de comunicação.
Na Pragmática conversacional o foco do estudo é evidenciar as regras de
conduta para uma conversação. Para Grice, numa situação de diálogo, os
interlocutores de maneira implícita assumem um conjunto de normas que regem a
conversação, um Princípio Cooperativo e máximas de qualidade, quantidade,
relevância e modo. Sustenta que o sucesso da comunicação é garantido porque os
interlocutores partilham das mesmas estratégias de preservação e violação das
máximas, o que ele denomina como Princípio de Cooperação.

O PRINCÍPIO DE COOPERAÇÃO E AS MÁXIMAS CONVERSACIONAIS

Ao lermos textos reproduzidos em jornais ou revistas, percebemos que os


mesmos procuram ativar o conhecimento armazenado na memória do leitor,
antecipando informações e permitindo um levantamento de hipóteses,
especialmente tentando nos fazer crer nestes proferimentos. Grice garante que as
conversas são apenas “esforços cooperativos, em que as pessoas seguem
convencionalmente um princípio geral de cooperação quando se comunicam”.

Podemos formular, então, um princípio muito geral que se esperaria


(ceteris paribus) que os participantes observassem: Faça sua
contribuição conversacional tal como é requerida, no momento em
que ocorre, pelo propósito ou direção do intercâmbio
conversacional em que você está engajado. Pode-se denominar
este princípio de Princípio da Cooperação. (GRICE 1982 [1975]: p.
86).

A pesquisa de Grice está voltada para a capacidade que um enunciado tem


de transmitir mais informações do que aquilo que está sendo veiculado. Tendo
conhecimento de que uma informação pode ser entendida pelos falantes mesmo
que efetivamente não tenha sido dita. Grice introduz o termo implicatura. De acordo
com o filósofo, a implicatura é uma informação inserida pelo locutor, de maneira
proposital, que tem como propósito transmitir um dado extra ao interlocutor.

A significação total de uma elocução envolve tanto o que é dito como as


eventuais implicaturas, ou seja, as informações que são dadas pelo locutor de
maneira implícita. Assim, e tendo em conta o papel das intenções na significação e
na comunicação, conclui-se que as implicaturas são intencionais, assim como “o
que é dito”.

É necessário, portanto, que se compreenda tanto o que o enunciador diz


de maneira explícita quanto o que ele quer dizer de maneira implícita.

Observe no exemplo abaixo:

Na tirinha criada por Lucio Oliveira, onde aparece o personagem Edibar,


percebe-se que por trás da fala do marido “Pra onde? Matar o Batman?”, para que
o leitor compreenda o conteúdo implícito, é necessário fazer inferências, com base
no que é dito por Edibar e o contexto que envolve o diálogo: Ele está à espera de
sua mulher para saírem juntos e de repente ela aparece com uma maquiagem que
lembra o Coringa, vilão na história de Batman, que está sempre tentando matar o
herói. Por isso a fala dele sugere que sua esposa está tão horrorosa quanto o
Coringa.

A outra maneira pela qual as inferências são geradas, acontece quando o


autor, propositalmente, desobedece às máximas. O Princípio Cooperativo indica
que o locutor “dê a sua contribuição conversacional tal como requerida, na altura
em que ocorre, pelo propósito ou direção aceitos da troca verbal na qual você está
envolvido” (GRICE, 1957, apud YULE , 1996, p. 37).

Esse princípio divide-se em quatro subprincípios, apresentados como


Máximas Conversacionais, são elas:
a) Máxima da qualidade: a sua contribuição deve ser verdadeira; “não diga o que
você pensa que seja falso”.

b) Máxima da quantidade: a sua contribuição deve conter somente o necessário;


“não diga nem mais nem menos do que o exigido”.

c) Máxima da relevância: a sua contribuição deve ser relevante; “não diga o que
não for importante”.

d) Máxima de modo: a sua contribuição deve ser clara o suficiente para ser
entendida; “fale de maneira ordenada e sem obscuridades”.

Entende-se que as máximas são guias de conversação para que


comunicação entre os interlocutores aconteçam de maneira eficiente e cooperativa,
mas os interlocutores podem obedecer a essas máximas ou não. A não obediência
acarreta a violação da máxima.

Exemplo:

Nesta tira, percebe-se que o autor violou a máxima da quantidade


propositalmente para causar humor no texto, pois ao ser parado por um guarda que
apenas informa sobre um incidente na estrada, Edibar acaba dando informações
demais, que poderiam talvez passar despercebidas, situação que é complicada
ainda mais por seu companheiro que acrescenta que Edibar está “completamente
bêbado”.

Outro exemplo de violação da máxima de quantidade aconteceu em um


caso que repercutiu na mídia, no jornal Globo News, conforme texto transcrito
abaixo:
ÂNCORA: Boa Noite Fernanda! Fernanda, o que é que os candidatos fizeram hoje?

REPÓRTER: Olá, boa noite a todos. A candidata do PSB, Marina Silva passou o
dia em São Paulo. O único compromisso foi uma entrevista coletiva no comitê de
campanha. Marina voltou a defender uma reforma política no país. Disse que as
mudanças não podem ocorrer de forma pontual, ou visando prejudicar este ou
aquele projeto ou partido, mas que a reforma precisa recuperar a ligação entre a
sociedade e a classe política.

ÂNCORA: Brigada e uma boa noite (...) E os outros candidatos o que fizeram hoje,
ah... Por favor, Fernanda.

REPÓRTER: Você não me avisou amor.

ÂNCORA: Nós tivemos um problema... Tivemos um problema infelizmente ...

A âncora pergunta a repórter usando o plural, no entanto esta responde no


singular, não fornecendo as informações necessárias e assim descumpre o
princípio da máxima de quantidade, visto que não dá as informações suficientes,
falando menos do que o que se espera.

Além disso, ao mesmo tempo foi violada a máxima de modo e relevância,


quando a repórter diz: “Você não me avisou amor”, pois essa colocação não foi
clara, nem coerente.

Abaixo temos um exemplo da violação da máxima de relevância. No caso


em questão, na fala da sogra de Edibar é apresentado um fator que não é
pertinente ao objetivo da conversa da filha, quando lê o título de um artigo na
revista. Mais uma vez o autor utiliza a ironia, o que é muito comum em tirinhas de
humor.
Foi analisado também falas de algumas celebridades que dão exemplos de
situações de uso espontâneo da língua e demonstram as consequências que
acarretam a eficácia do ato comunicativo, no caso de violação das máximas.

EXEMPLO 1

"Fumar mata. E se você morre, perde uma parte importante de sua vida" –

Brooke Shields.

Aqui, além da violação da máxima de qualidade, pois a afirmação não é


verdadeira, porque quando alguém morre perde sua vida inteira e não parte dela,
foi também violada a máxima de modo, pois o diálogo torna-se obscuro, já que o
alocutário não irá entender qual foi a intenção e a mensagem transmitida e isso
comprometerá a eficácia da comunicação.

EXEMPLO 2

"Espero que meu filho seja um bom católico como eu" - Madonna.

A declaração pode ser considerada um tanto quanto contraditória, já que a


cantora fez muito sucesso após lançar o clipe da música "Like a Prayer", em que
beijava um santo negro, e hoje é seguidora fiel da Cabala. Portanto, caracteriza-se
uma violação da máxima da qualidade, pois a cantora afirmou algo que não é
verdadeiro.
CONCLUSÃO

Verificamos que, no processo de interação e cooperação, muitas vezes é


preciso violar algumas máximas conversacionais para que se possa produzir um
determinado efeito de sentido no interlocutor. Outras vezes, para que a
comunicação seja efetiva é necessário atentar a essas máximas. E pode ocorrer
tanto consciente quanto inconscientemente.

Através da análise dessas violações, podemos constatar que, para um


diálogo bem sucedido, é preciso que o sujeito falante obedeça às máximas
conversacionais propostas por Grice.
REFERÊNCIA

GRICE, H. P.Lógica e conversação”. In Dascal, M. (Org.) Fundamentos


metodológicos da linguística, vol. IV. Campinas, 1982.

https://www.youtube.com/watch?v=s1PPUfkhsYQ

https://www.youtube.com/watch?v=KQTew8qN5Hk

https://www.youtube.com/watch?v=fRdpG6DNyqc

https://www.youtube.com/watch?v=JiwnySwySMw

www.youtube.com/watch?v=cO9PGExInDA

https://www.youtube.com/watch?v=z9G1e0_x46Y

https://www.youtube.com/watch?v=z9G1e0_x46Y

http://extremohumor.blogspot.com.br/2010/02/tirinhas-do-edibar.html

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