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O xadrez não é só um jogo, não é só uma arte e nem é só uma ciência. O xadrez é
a mistura de todos estes elementos com um pouco de tempero, aliás,
com BASTANTE tempero.
E é por esse e por muitos outros motivos que o xadrez é considerado uma ótima
matéria para ser aplicada na escola.
Ao chegar ao período das operações concretas (por volta dos 7 anos de idade) a
criança, pelas aquisições que fez, pode jogar atendo-se a normas. Surgem então os jogos
de regras, e ela terá que abandonar a arbitrariedade que governava seus jogos para
adaptar-se a um código comum, podendo ser criado por iniciativa própria ou por outras
pessoas, mas que deverá acatar limites porque a violação das regras traz consigo uma
consequência.
Isso ajudará as crianças a aceitar o ponto de vista das demais, a limitar sua própria
liberdade em favor dos outros, a ceder, a discutir e a compreender.
Quando a criança joga compromete toda sua personalidade, não o faz para passar
o tempo.
O erro que muitos professores cometem é não valorizar em toda sua extensão essa
atividade, extraindo o que ela contém de educativo.
Podemos sentir na criança que seu ingresso na escola é algo muito diferente de
tudo que ela fez até então, que terá obrigações a cumprir, que sua vida dedicada ao jogo
terá uma mudança brusca.
Temos que aprender a diferenciar o que significa o jogo para o adulto e para a
criança. Para nós adultos, porque assim nos educaram, o jogo é o que fazemos quando
não se tem alguma coisa mais importante e desejamos preencher horas vazias com
algum lazer. Para as crianças é todo um compromisso no qual lutam e se esforçam se
algo não sai como querem.
Educar o raciocínio
E além disso, aprender que as peças no Xadrez não têm valores absolutos, que se
deve controlar a posição das demais peças, tanto as próprias quanto as do adversário,
para armar uma estratégia. Ter a percepção de flexibilidade e reversibilidade do
pensamento que ordena o jogo.
Deve-se conseguir que as crianças encontrem seu próprio sistema de ação e, para
isso, tem-se que evitar, sempre que possível, as soluções mecanizadas.
Esta atividade proporciona não apenas mais uma opção de lazer, mas a
possibilidade de valorizar o raciocínio através de um exercício lúdico. Segundo Charles
Partos, mestre internacional suíço, o aprendizado e a prática do xadrez desenvolvem as
seguintes habilidades:
a. a atenção e a concentração;
b. o julgamento e o planejamento;
c. a imaginação e a antecipação;
d. a memória;
e. a vontade de vencer, a paciência e o autocontrole;
f.o espírito de decisão e a coragem;
g. a lógica matemática, o raciocínio analítico e sintético;
h. a criatividade;
i. a inteligência;
j. a organização metódica do estudo;
k. o interesse pelas línguas estrangeiras.
Deve-se ter em mente que o Xadrez reproduz uma situação de guerra, mas num
contexto lúdico. Cada jogador funciona como um general na condução de um exército.
Suas decisões são fundamentais para ganhar ou perder a partida, reproduzindo em
escala diminuta o que poderia acontecer em uma batalha.
Características do xadrez:
A idéia básica de se levar o xadrez até as escolas reside no fato de ele ser
um esporte pedagógico, auxiliando no desenvolvimento das demais disciplinas
curriculares. Quem não precisa, por exemplo, adquirir uma boa memória para guardar
acontecimentos e datas quando está em uma aula de história? Qual de nós não tem
necessidade de ter precisão nos cálculos matemáticos? Sem contar que o xadrez oferece
um ambiente ímpar para desenvolvermos nossa criatividade, sendo ainda um excelente
meio de recreação e de formação do caráter dos jovens.
Esses fatores, aliados a outros tantos, têm contribuído para que grande parte das
escolas do sul do Brasil, além de inúmeras no estado de São Paulo e também em
diversas regiões do país, adotem o xadrez como disciplina obrigatória ou opcional.
Enfim, numa época onde o sonho confesso de uma revolução pedagógica é aquele
de eliminar a barreira professor-aluno, é preciso reconhecer no xadrez esta virtude: ele
não aceita nem o respeito da idade nem aquele da notoriedade. O ensino enxadrístico
pode inverter a relação professor-aluno, colocando em xeque as hierarquias
instituídas na sala de aula.
Além disso, quando ele é introduzido nas classes de baixo rendimento escolar,
auxilia ao desenvolvimento do sentimento de autoconfiança visto que apresenta uma
situação na qual os alunos têm a oportunidade de descobrir uma atividade onde podem
se destacar e paralelamente progredir em outras disciplinas acadêmicas.