“Giba” da Lótus

Pioneiro do Jiu jitsu na Zona Norte de São Paulo

O Jiu jitsu implantou-se na cidade de São Paulo atra-

vés do trabalho de três grandes mestres – que se tor-
naram a pedra fundamental da arte na capital paulista:
Pedro Hemetério (falecido), na região central; Octávio
de Almeida (falecido), na zona sul e Oswaldo
Carnivalle (ainda atuante em sua Academia
Carnivalle, no bairro do Belenzinho, junto a seus fi-
lhos Luis Roberto “Tuco” e Sônia mais netos). Esses
três grandes mestres mantinham suas academias,
aulas e alunos, cada qual em seu reduto, participan-
Foto: Selleri
do de competições entre as próprias academias, até
porque o Jiu jitsu não era uma modalidade popular-
mente conhecida.

N
o início da déca de 1980, chega a São Paulo do
interior do Estado, o jovem faixa azul Moisés Muradi,
aluno de Orlando Saraiva, e que se revela o grande
propagador do Jiujitsu na capital paulista. A seu lado, des-
de o começo, iniciador do Jiujitsu na zona norte de São
Paulo, mais precisamente no bairro de Santana, Gilberto
Carlos Cardoso – o Giba da Lotus, como é conhecido – em
seus 30 anos de trabalho nessa arte marcial, foi um grande
“alavancador” da modalidade.
Conheça uma síntese de sua trajetória, tão importante na
implantação e divulgação de nosso Jiujitsu.

Aos 46 anos, 87kg, 1m73, faixa preta 5° Dan, Giba foi aluno
e cooperador direto do fundador e presidente da Federação
Paulista de Jiujitsu, Moisés Muradi, também fundador da
Federação do Estado de São Paulo de Brazilian Jiujitsu –
FESP e da primeira academia de Jiujitsu da zona norte de
São Paulo, a Lótus Club.
Giba competiu numa carreira brilhante que lhe deu, entre
outros, títulos nacionais e internacionais: campeão euro-
peu 2010, campeão mundial, campeão do Open New Yotk
2010, 7 vezes campeão internacional, 4 vezes campeão
brasileiro, 2 vezes campeão da Liga Brasileira, 4 vezes cam-
peão do Open São Paulo e 9 vezes campeão paulista. En-
frentou atletas de renome: Demian Maia, Saulo Ribeiro e
Fábio Leopoldo, por exemplo. Todos mais jovens, segundo
Giba.

O INÍCIO
Nascido em Santo André – SP, Giba sempre morou com a
família na zona norte de São Paulo. Menino franzino só
conseguiu cursar o 1° ano primário aos 9 anos de idade. Já
gostava muito de artes marciais e, com esforço, terminou o
primário e também o 2° grau aos 19 anos. Desde os 13
anos, jogava futebol no infanto-juvenil do São Paulo e do
26 -
Corinthians, atividade que interrompeu devido a uma lesão
no joelho. Fez então Kung Fu, concomitante à Capoeira
com mestre Carapau. Foram dois anos de treino. Mas como
conheceu o Jiu jitsu, já que é um de seus grandes
propagadores?
Quando estava na escola, aos 15 anos, conheceu a colega
Nadia Muradi, irmã de Moisés Muradi. E ela lhe contava
sobre a luta que o irmão praticava... um nome que ouvia
pela primeira vez: “Jiu jitsu”! Ao saber como era, demons-
trou certo espanto: “Homem agarrando homem numa lona
chamada tatame?”
Inevitavelmente, Giba conheceu Moisés Muradi: “Vamos lá
em casa – disse Moisés – que vou lhe mostrar o que é o
Jiujitsu”. Giba foi e viu um quarto grande só de tatame: lona
em cima e palha por baixo. “Me ataque como quiser”, con-
vidou Muradi. E Giba pensou: “Cara doido... eu sou mais
forte, faço Kung Fu e Capoeira. Vou lhe dar um soco!” Mas,
a cada ataque, Giba era dominado e arremessado ao chão.
A partir daquele dia, era Giba quem pedia
a Moisés que o levasse para treinar. Os
primeiros treinos se deram em 1982 para
1983.
Consequentemente, Giba conheceu o ir- Uma das grandes
mão mais velho de Moisés Muradi, Ali
Muradi e também passou a treinar com ele lições do Tatame é
tendo aulas na FATEC SP. Não havia gra-
duações porque o intuito era difundir o que, independente do
Jiujitsu da melhor forma possível! No mo-
mento era o mais importante! obstáculo existente,
JIUJITSU: UMA OPÇÃO DE VIDA há sempre uma ma-
Giba passou a priorizar o Jiujitsu em sua
vida. Só treinava! Mesmo assim, chegou a
neira de superá-lo!
fazer um curso de analista de sistema e
outro de técnico de Raio X, tendo também
trabalhado na parte administrativa do Hos-
pital Amico. O curso superior em admi-
nistração hospitalar foi interrompido no 4° ano. Mas o que
queria era mesmo fazer tudo que podia no Jiu jitsu. Foi
quando Moisés Muradi iniciou as competições abertas para
tornar a modalidade conhecida pelo grande público paulista
(No Rio de Janeiro o Jiu jitsu já estava consolidado).
Para isso, precisava do apoio e do reconhecimento dos
três primeiros grandes mestres – os pilares do Jiujitsu
paulista – já citados.
Só assim as competições seriam devidamente reconheci-
das. Quem dava o aval final, por não haver ainda federação
em São Paulo, era a Confederação Brasileira de Boxe. Até
que Moisés Muradi – sempre com Giba cooperando a seu
lado – fundou a primeira academia de Jiujitsu na zona nor-
te, a Lótus Club e depois a Federação Paulista de Jiu jitsu
que passou a organizar graduações, formação de professo-
res, campeonatos, regras e regulamentos, exames e todo
o mais necessário.
O NOME “LÓTUS”
Quando Moisés Muradi e seus colaboradores pensaram
em que nome dar para a academia a ser criada, após vários
esboços e sugestões, Elias Muradi sugeriu a flor de Lótus,
uma planta que vive em caverna, como nos conta Giba (que
teve o prazer de estar presente na inauguração), e que não
precisa de sol, ou seja, caracteristicamente resistente! E a
Lótus Club nasceu em 1989.
O PESSOAL DO RIO DE JANEIRO
Os lutadores, atletas e professores cariocas, com o Jiu
jitsu forte em seu Estado, interessaram-se pela expansão
em São Paulo e começaram a vir para a capital paulistana,
a fim de participar do movimento em prol da modalidade e
fazer um intercâmbio e incrementaram ainda mais o Jiu
jitsu competitivo paulista.
UMA OPÇÃO DE VIDA
Giba entrara na faculdade para completar seus estudos su-
periores, mas ficara devendo dois estágios obrigatórios (2°
e 4° anos) e os horários coincidiram com os horários das
aulas de Jiujitsu que ele ministrava... precisava fazer uma
opção e não teve dúvidas, escolheu o Jiu
jitsu! Mesmo porque dele vivia. Com duas
aulas semanais ganhava mais do que se
trabalhasse em outro setor dez horas diári-
as! Comprou sua casa, seu carro. Sentiu
grandes melhoras em seu estilo de vida,
estado de humor, amizades, autoestima e
saúde!
Vivendo exclusivamente do Jiu jitsu, Giba é
um homem plenamente realizado na vida.
Do primeiro casamento tem uma filha de
15 anos e da segunda união um menino de
1 ano e 4 meses. Dá aulas de Jiu jitsu na
academia Omini, está de agenda lotada
para personal e palestras dentro e fora do
Brasil. Desenvolve um projeto, junto à pro-
fessora de Pole Dance, Renata Wilke, de
aulas específicas para mulheres, em
Jiujitsu e Defesa Pessoal.
A OMINI
A segunda academia de Jiu jitsu criada na zona Norte de
São Paulo é a Omini Sport Center, rua Maria Amália de
Azevedo, 845, Tremembé. Também com: musculação, con-
dicionamento físico, pilates, ginástica, natação,
hidroginástica, Boxe, Muay thai, Karate, Tae-kwon-do e
Aikido. É nela que Giba ensina Jiujistu, devido ao maior
espaço disponível que a Omini oferece. É proprietário da
academia Triplo X, em Santana, rua Duarte Azevedo 521/
531.
MENSAGEM
“Jiu jitsu é filosofia de vida e jamais briga de rua! Procure ser
leal para poder exigir lealdade e nunca desista de seus
objetivos, sejam no esporte ou na vida. O Jiu jitsu mostra
que é possível amenizar e reverter situações complicadas,
tanto no Dojo como no cotidiano. Uma das grandes lições
do Tatame é que, independente do obstáculo existente, há
sempre uma maneira de superá-lo!”
contato: gibateamjiu@hotmail.com
- 27