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Guyton – capítulo 76
A tireoide é uma das maiores glândulas endócrinas. Está localizada imediatamente abaixo da
laringe e ocupando as regiões laterais e anterior da traqueia.
Secreta dois hormônios principais que são responsáveis por aumentar intensamente o
metabolismo do organismo: - tiroxina (T4) – 93%
- tri-iodotironina (T3) – 7%
Apesar de a tiroxina ser secretada em maior quantidade que o tri-iodotironina, nos tecidos
toda tiroxina é convertida em tri-iodotironina.
As funções desses dois hormônios são qualitativamente iguais, mas diferem na velocidade e
na intensidade de ação – o T3 é cerca de 4x mais potente que o T 4, mas está presente em menor
quantidade no sangue e persiste por tempo muito menor.
A tireoide decreta também calcitonina por meio das células parafoliculares. Esse hormônio é
bastante importante para o metabolismo do cálcio.
- Aumento da Frequência Cardíaca: é um dos sinais físicos que o médico utiliza para
determinar o excesso ou redução de produção do hormônio tireoidiano já que ele exerce efeito direto
sobre a excitabilidade cardíaca. O hormônio tireoidiano tem um efeito maior sobre o aumento da
frequência cardíaca do que sobre o aumento do débito cardíaco.
Outros Sistemas:
- Aumento da Respiração: ocorre um aumento da frequência e da profundidade da
respiração porque o aumento do metabolismo provoca aumento da utilização de O 2 e aumento de
formação de CO2.
- Efeito sobre a Função Muscular: leve aumento do hormônio tireoidiano faz com que os
músculos reajam com vigor, mas quando a quantidade fica excessiva, os músculos são
enfraquecidos por causa do aumento do catabolismo proteico. A falta de hormônio tireoidiano torna
os músculos vagarosos.
***Tremor Muscular é um dos sinais mais característicos do hipertireoidismo é o tremor
muscular leve que é causado pela atividade aumentada das sinapses neuronais nas áreas da medula
espinhal que controlam o tônus muscular.
- Efeito sobre a Função Sexual: não é possível definir uma função específica do hormônio
tireoidiano sobre as gônadas. Sua função resulta da combinação de efeitos metabólicos diretos sobre
as gônadas e de efeitos excitatórios e inibitórios por feedback pelos hormônios da hipófise anterior
que controlam as funções sexuais.
o No homem...
A falta de hormônio causa perda de libido e o grande excesso pode causar impotência.
o Na mulher...
A falta de hormônio pode causar menorragia (sangramento menstrual excessivo) e
polimenorragia (sangramento menstrual frequente) ou ciclos menstruais irregulares e ocasionalmente
amenorreia (ausência de menstruação). Ocorre também diminuição da libido.
No hipertireoidismo pode acontecer também redução do sangramento menstrual que pode
levar a amenorreia.
Drogas Antitireoidianas:
Tiocianato, propiltiouracil e altas concentrações de iodetos inorgânicos - esses fármacos
bloqueiam a secreção tireoidiana por diferentes mecanismos.
Íon Tiocianato: reduz a captação de iodeto por inibição competitiva do transporte de iodeto
para a célula (inibição do mecanismo de captação do iodeto) porque a mesma bomba que
transporta iodeto para dentro da célula irá transportar o tiocianato. A menor disponibilidade de
iodeto vai impedir a iodização da tireoglobulina formada e, dessa forma, impede a formação
dos hormônios tireoidianos. Essa droga pode provocar bócio (tireoide muito aumentada)
porque a deficiência de hormônio provoca maior secreção de TSH pela adeno-hipófise que
leva ao supercrescimento da tireoide que continua incapaz de produzir hormônio.
DOENÇAS DA TIREOIDE:
HIPERTIREOIDISMO:
Bócio Tóxico, Tireotoxicose, Doença de Graves
O tamanho da tireoide aumenta ocorrendo uma enorme hiperplasia e pregueamento do
revestimento celular folicular para o interior dos folículos fazendo com que aumente muito o número
de células. Além disso, cada célula aumenta muito a sua secreção.
A doença de Graves é uma doença autoimune e a forma mais comum de hipertireoidismo.
Será formado imunoglobulinas estimulantes da tireoide (TSIs) contra o receptor de TSH na tireoide.
Os pacientes com essa patologia irá apresentar TSH diminuído porque o TSI estimula a
secreção excessiva dos hormônios tireoidianos que acaba suprimindo a formação de TSH pela
hipófise anterior.
O hipertireoidismo, ocasionalmente, resulta de adenoma tireoidiano localizado, que se
desenvolve no tecido tireoidiano e secreta grande quantidade de hormônio. O adenoma não tem
caráter autoimune e um efeito interessante é que enquanto ele continua secretando grande
quantidade de hormônios tireoidianos, a função secretória de quase todo o restante da tireoide é
quase totalmente inibida porque o hormônio tireoidiano de adenoma suprime a produção de TSH pela
hipófise.
Sintomas:
Estado de alta excitabilidade, intolerância ao calor, redução da sudorese, perda de peso
ligeira e extrema, graus variáveis de diarreia, fraqueza muscular, nervosismo ou outros transtornos
psíquicos, fadiga extrema acompanhada de insônia e tremor nas mãos.
- Exoftalmia: é um grau de protrusão do globo ocular desenvolvido pela maior parte das
pessoas com hipertireoidismo. As vezes, a protrusão pode se tornar tão grave que provoca o
estiramento do nervo óptico o suficiente para causar danos a visão. Mas a maior parte das lesões é
causada porque as pálpebras não se fecham completamente e as superfícies epiteliais dos olhos
ficam ressecadas, irritadas e frequentemente infectadas, resultando em ulceração da córnea. A causa
da protrusão ocular é o edema dos tecidos retro-orbitais e alterações degenerativas nos músculos
extraoculares. Ela regride acentuadamente com o tratamento do hipertireoidismo.
Exames e Diagnósticos:
O exame diagnóstico mais preciso é a medida direta da concentração de tiroxina “livre” (às
vezes, tri-iodotironina) no plasma por radioimunoensaio.
Outros exames ocasionalmente usados são avaliação da taxa de metabolismo basal,
concentração de TSH no plasma por radioimunoensaio (estará diminuído) e a concentração do TSI
por radioimunoensaio.
Tratamento:
O tratamento mais direto é a remoção cirúrgica da maior parte da tireoide – o paciente é
preparado anteriormente da realização do procedimento fazendo uso de propil-tiouracil para regular o
metabolismo basal e alta concentração de iodo para diminuir o tamanho e a irrigação da glândula.
O tratamento da tireoide hiperplásica é feito com iodo radioativo que vai destruir a maior parte
das células secretórias da tireoide.
HIPOTIREOIDISMO:
Tireoidite, bócio coloide endêmico, bócio coloide idiopático, destruição da tireoide por
radiação, remoção cirúrgica da glândula.
É provavelmente iniciado por autoimunidade contra a tireoide (doença de Hashimoto) – essa
autoimunidade irá destruir a glândula. A tireoide irá apresentar tireoidite (inflamação da tireoide) que
provoca deterioração progressiva e fibrose da glândula, resultando em diminuição ou ausência da
secreção do hormônio tireoidiano.
O bócio coloide endêmico é causado pela falta de iodo para a produção dos hormônios
tireoidianos (tiroxina e tri-iodotironina). Assim, como não há hormônio para inibir a produção de TSH
pela hipófise, grande quantidade desse hormônio será produzido estimulando a secreção de coloide
no folículos fazendo com que a glândula fique cada vez maior. Esse problema foi resolvido ao fazer a
iodação do sal de cozinha.
Já o bócio coloide atóxico idiopático pode acontecer em pessoas que não apresentam
deficiência de iodo e as glândulas aumentadas podem secretar quantidade normal de hormônios
tireoidianos. A causa desse bócio não é conhecida e os pacientes apresentam tireoidite leve. Essa
tireoidite pode provocar leve hipotireoidismo que provoca aumento da secreção de TSH que leva o
crescimento progressivo da glândula. As pessoas com esse tipo de bócio podem apresenta algumas
deficiências enzimáticas como – deficiência no mecanismo de captação de iodeto, deficiência no
sistema da peroxidase, deficiência da conjugação de tirosina isolada na molécula de tireoglobulina e
deficiência da enzima deiodinase.
Alguns alimentos como nabo e repolho possuem substâncias bociogênicas com atividade
antitireoidiana, semelhante ao propiltiouracil, levando ao aumento da tireoide estimulado pelo TSH.
Sintomas:
Fadiga e sonolência extrema, extrema lentidão muscular, redução da frequência cardíaca,
redução do débito cardíaco, redução do volume sanguíneo, aumento do peso, constipação, lentidão
mental insuficiência de muitas funções tróficas do organismo (redução do crescimento do cabelo,
descamação da pele, desenvolvimento de rouquidão e aparência e edematosa por todo o corpo –
mixedema).
O mixedema se desenvolve no paciente com ausência quase total da função do hormônio
tireoidiano. Quantidade muito aumentada de ácido hialurônico e sulfato de condroitina, ligados a
proteínas, forma excesso de gel tecidual nos espaços intersticiais aumentando a quantidade total de
líquidos intersticiais.
Muitos pacientes com hipotireoidismo desenvolvem aterosclerose porque a falta de
hormônio tireoidiano aumenta a concentração sanguínea de colesterol devido a alteração no
metabolismo lipídico e do colesterol e a redução de sua excreção hepática na bile. A aterosclerose
pode provocar doença vascular periférica, surdez e doença arterial coronariana.
Exames e Diagnóstico:
Concentração sanguínea de tiroxina livre é baixa, metabolismo basal diminuído e secreção de
TSH aumentada.
Tratamento:
Manutenção estável do nível de hormônio tireoidiano no organismo pela ingestão oral de um
ou mais comprimidos contendo tiroxina.
CRETINISMO:
É causado por hipotireoidismo extremo em fetos, bebês ou crianças.
Vai acontecer uma deficiência do crescimento corporal e retardo mental.
O cretinismo resulta da ausência congênita da tireoide (cretinismo congênito), da
incapacidade de produzir hormônio tireoidiano por causa de defeito genético ou ausência de iodo na
dieta (cretinismo endêmico).