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CLASSIFICAÇÃO DO SOLO

John Kennedy Fonsêca Silva(1); Lorrane Caroline Sousa(2);Marlon Mendes de


Oliveira(1);Nancy Tiemi Isewaki(3); Paula Gabrielle Campos(1); Wiara Juliana de Souza(1)
(1)
Graduando em Engenharia Civil do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM.
(2)
Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM.
(3)
Professora do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM.

INTRODUÇÃO

Na Engenharia Civil, considera-se solo como todo material natural da crosta terrestre
que não oferece resistência intransponível à escavação mecânica (MOURA, 2009). Para o
reconhecimento dos grãos de um solo, realiza-se a análise granulométrica. O peso do material
que passa em cada peneira, referido ao peso seco da amostra, é considerado como a
porcentagem que passa, e representado graficamente em função da abertura da peneira, em
escala logarítmica. A abertura nominal da peneira é considerada como o diâmetro das
partículas (PINTO, 2006).
A fração fina dos solos tem uma importância muito grande no comportamento dos
solos. Para identificar a influência das partículas argilosas empregam-se ensaios e índices
propostos pelo engenheiro químico Atterberg, adaptados e padronizados pelo professor de
Mecânica dos Solos, Arthur Casagrande. Os limites baseiam-se na constatação de que um solo
argiloso ocorre com aspectos bem distintos conforme o teor de umidade. Quando muito
úmido, ele se comporta como um líquido; quando perde água, fica plástico; e quando mais
seco, torna-se quebradiço (PINTO, 2006).
O limite de liquidez (LL) é definido com o teor de umidade do solo com o qual uma
ranhura nele feita requer 25 golpes para se fechar numa concha. O limite de plasticidade (LP)
é definido como o menor teor de umidade com o qual se consegue moldar um cilindro com
3mm de diâmetro, rolando-se o solo com a palma da mão (PINTO, 2006). O índice de
plasticidade (IP) é a diferença entre o limite de liquidez e o limite de plasticidade de um solo,
ou seja, 𝐼𝑃 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃 (DAS, 2011).
O Sistema de Classificação de Solos da AASHTO foi desenvolvido em 1929 como
sistema de classificação para administração de vias públicas. Passou por diversas revisões e a
presente versão foi proposta pelo Committee on Classification of Materials for Subgrades na
Granular Type Roads da Highway Research Board em 1945. Para classificar um solo é
necessário consultar uma tabela aplicando os dados de ensaios da esquerda para a direita.
(DAS, 2011). A classificação da AASHTO é mostrada na Tabela 1.
Tabela 1 – Sistema de Classificação de Solos da AASHTO

Fonte: Das (2011, p. 87).

Para avaliar a qualidade de um solo como material de subleito de rodovias, é


necessário também incorporar um número chamado índice de grupo (IG) com os grupos e
subgrupos do solo. Esse índice é escrito entre parênteses depois da definição do grupo ou
subgrupo. O índice de grupo é determinado pela Equação 01, onde F200 é a porcentagem que
passa pela peneira de 2,0mm (DAS, 2011).

𝐼𝐺 = (𝐹200 − 35)[0,2 + 0,005(𝐿𝐿 − 40)] + 0,01(𝐹200 − 15)(𝐼𝑃 − 10) (01)

O Sistema Unificado de Classificação de Solos foi proposto por Casagrande em 1942


para ser utilizado em trabalhos de construção em campos de aviação realizados pelo Corpo de
Engenheiros do Exército durante a Segunda Guerra Mundial. Em conjunto com o Bureau de
Reclamações dos Estados Unidos, esse sistema foi revisado em 1952. Atualmente, é
amplamente usado pelos engenheiros (Das, 2011). O Sistema Unificado de Classificação é
apresentado na Tabela 2 e no Gráfico 1.
Tabela 2 – Sistema Unificado de Classificação de Solos

Fonte: Das (2007, p. 74)

Gráfico 1 – Sistema Unificado de Classificação de Solos

Fonte: Dados do Trabalho (2007, p. 75)

O objetivo do trabalho é classificar uma amostra de solo no Sistema de Classificação


da AASHTO no Sistema de Classificação Unificado. A amostra foi coletada em um terreno
situado em Patos de Minas – MG, onde se encontra localizada uma quadra esportiva cuja
cobertura está sendo construída.

MATERIAL E MÉTODOS

O solo foi coletado a partir do material retirado logo após a perfuração de um dos
poços, que seriam utilizados para a realização da fundação, cuja profundidade era
aproximadamente 3m. Os poços foram perfurados com a utilização de equipamentos
mecânicos e o material foi coletado com a utilização de uma pá, sendo armazenado em um
balde de plástico. O balde de plástico foi tampado e armazenado em uma residência próxima à
quadra, em local protegido das intempéries. Foram coletados, aproximadamente, 20dm³ de
solo. O solo foi transportado para o Laboratório de Mecânica dos Solos do Centro
Universitário de Patos de Minas (UNIPAM) e os ensaios foram realizados neste mesmo local.
Os ensaios realizados foram a análise granulométrica do solo e a determinação dos
limites de liquidez e plasticidade do solo. Tais características foram utilizadas para determinar
a classificação da amostra solo utilizando-se o Sistema Unificado de Classificação dos Solos e
o Sistema Rodoviário de Classificação dos Solos.
A análise granulométrica do solo foi realizada de acordo com as orientações da NBR
7181 (ABNT, 1984c) e os ensaios para a determinação dos limites de liquidez e plasticidade
do solo foram realizados de acordo com as orientações das NBRs 6459 (ABNT, 1984a) e
NBR 7180 (ABNT, 1984b), respectivamente. Todos os ensaios seguiram, também, as
orientações da NBR 6457 (ABNT, 1986).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a realização dos procedimentos descritos na NBR 7181 (ABNT, 1984c), com o
auxílio de um aplicativo de planilha eletrônica, gerou-se a Tabela 1 e o Gráfico 1, com os
resultados obtidos.

Tabela 3 – Porcentagem que Passa


Abertura (mm) Porcentagem que passa (%)
9,5 100,0
4,75 99,0
2,00 96,9
1,18 96,0
0,600 92,6
0,425 89,5
0,300 82,7
0,150 68,8
0,075 62,8
Fonte: Dados do Trabalho

Gráfico 2 – Análise Granulométrica


100.0
95.0
90.0
85.0
80.0
75.0
70.0
65.0
60.0
0.01 0.1 1 10
Fonte: Dados do Trabalho

Após a realização dos procedimentos descritos nas NBRs 6459 (ABNT, 1984a) e 7180
(ABNT, 1984b), com o auxílio de um aplicativo de planilha eletrônica, geraram-se as Tabela
2 e 3 e o Gráfico 2, com os resultados obtidos. O valor obtido para o limite de plasticidade foi
LP = 31%. Calculou-se o valor limite de liquidez utilizando-se a equação da reta gerada por
meio do gráfico. O valor obtido foi LL = 37%. O Índice de Plasticidade foi calculado por
meio da equação 𝐼𝑃 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃, o valor obtido foi IP = 6%.

Tabela 4 – Limite de Plasticidade


Índice M1 (g) M2 (g) M3 (g) Umidade (%)
1 15,70 15,41 14,60 36
2 13,95 13,68 12,76 29
3 15,68 15,46 14,70 29
Média 15,11 14,85 14,02 31
Fonte: Dados do Trabalho

Tabela 5 – Limite de Liquidez


Índice Golpes M1 (g) M2 (g) M3 (g) Umidade (%)
1 34 31,86 27,35 14,40 34,8
2 25 23,67 21,17 14,20 35,9
3 22 25,60 22,65 14,63 36,8
4 17 22,01 20,07 15,22 40,0
5 14 22,51 20,28 14,91 41,5
Fonte: Dados do Trabalho

Gráfico 6 – Limite de Liquidez

41.0

39.0

37.0

35.0 y = -0.3412x + 45.444


R² = 0.8683
33.0
13 18 23 28 33

Fonte: Dados do Trabalho

Aplicando os resultados dos ensaios à Tabela 1, verifica-se que, de acordo com o


Sistema de Classificação da AASHTO, a amostra de solo coletada pode ser classificada como
A-4, que é um solo cuja qualidade para subleito é satisfatória a deficiente. Calculando-se o IG
por meio da Equação 1, verifica-se que seu valor é IG = 3. Aplicando os resultados dos
ensaios à Tabela 2, verifica-se que, de acordo com o Sistema Unificado de Classificação de
Solos, a amostra de solo coletada pode ser classificada como Silte de Baixa Plasticidade, cujo
símbolo de grupo é ML.

CONCLUSÕES

(i) Os ensaios possibilitaram a classificação do solo no Sistema de Classificação da AASHTO


e no Sistema Unificado de Classificação;
(ii) De acordo com o Sistema de Classificação da AASHTO, o solo pode ser classificado
como A-4-(3);
(iii) De acordo com o Sistema Unificado de Classificação, o solo pode ser classificado como
ML.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6457: amostras de solo:


preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 1986.

______. NBR 6459: solo: determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, 1984.

______. NBR 7180: solo: determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 1984.

______. NBR 7181: solo: análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984.

DAS, Braja M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 6. ed. São Paulo: Thomson


Learning, 2007.

_____. ______. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.

MOURA, Edson de. Mecânica dos Solos. São Paulo: Fatec, 2009. Apostila. Disponível em:
<http://professoredmoura.com.br/download/Origem_do_Solo.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2015.

PINTO, Carlos de Souza. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 Aulas. 3. ed. São
Paulo: Oficina de Textos, 2006.

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