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DANIEL BENTO / FÁBIO BRUNHEROTO FORNER / PLÁCIDO ANTÔNIO BRUNHEROTO / RAFAEL MORGADO BATISTA
E-book 4
Estudo de caso
1
REDES DE MÉDIA TENSÃO EM
USINAS EÓLICAS E SOLARES
Projeto e gestão de redes subterrâneas para fontes renováveis
DANIEL BENTO
E-book 4
Estudo de caso
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Introdução 4
1 - Levantamento de dados 5
4.1 - Cenário 1 18
4.2 - Cenário 2 19
4.3 - Cenário 3 20
4.4 - Cenário 4 21
4.5 - Cenário 5 21
4.6 - Cenário 6 22
4.7 - Consolidação dos cenários de dimensionamento 23
3
Introdução
Na última edição desta série de publicações técnicas, aprendemos com exemplos práticos
as variáveis que devem ser consideradas na hora de otimizar os projetos de redes de média
tensão subterrâneas em parques eólicos e solares, considerando os princípios que garantem a
confiabilidade, a disponibilidade e a segurança dos circuitos.
Agora, vamos colocar em prática todos os conceitos e procedimentos descritos na última
publicação, considerando um projeto real de uma rede de média tensão subterrânea de um
parque de geração eólica.
Nas seções a seguir, apresentaremos o levantamento de dados relativos ao local da
usina e o dimensionamento dos cabos utilizados nos circuitos, bem como seus respectivos
procedimentos de otimização técnica e econômica. Com estes dados em mãos, vamos analisar
seis cenários alternativos a fim de obtermos a melhor relação custo-benefício para o arranjo.
Tenha uma ótima leitura!
4
1 - Levantamento de dados
5
a temperatura do solo apresenta maior dispersão para a profundidade de 30 cm devido à maior
influência da temperatura externa e da incidência de sol. Porém, para as profundidades de 60 cm
e 90 cm, observa-se que 82,3% das medições estão abaixo de 25 °C. Assim, neste estudo de caso, a
temperatura do solo foi considerada 25 °C.
Similarmente às medições de temperaturas, a resistividade térmica do solo foi medida nos
mesmos pontos e nas mesmas profundidades das medições de temperatura, conforme descrito na
Tabela 2. Nota-se que, ao longo dos pontos de medição, a resistividade térmica do solo apresenta
grande variação, conforme mostra a Figura 4.
Profundidade de 30 cm
10
9
8
7
Frequência
6
5
4
3
2
1
0
[10,9, 14,42] (14,42, 17,94] (17,94, 21,46] (21,46, 24,98] (24,98, 28,5] (28,5, 32,02]
Temperatura (ºC)
Figura 1 - Histograma de temperaturas do solo na profundidade de 30 cm.
Profundidade de 60 cm
14
12
10
Frequência
8
6
4
2
0
[16,2, 18,6] (18,6, 21] (21, 23,4] (23,4, 25,8] (25,8, 28,2] (28,2, 30,6]
Temperatura (ºC)
Figura 2 - Histograma de temperaturas do solo na profundidade de 60 cm.
Profundidade de 90 cm
16
14
12
10
Frequência
8
6
4
2
0
[16,5, 19,1] (19,1, 21,7] (21,7, 24,3] (24,3, 26,9] (26,9, 29,5] (29,5, 32,1]
Temperatura (ºC)
Figura 3 - Histograma de temperaturas do solo na profundidade de 90 cm.
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Tabela 2 – Medições da resistividade térmica do solo nas profundidades de 30 cm, 60 cm e 90 cm
Profundidade (cm) Profundidade (cm)
30 60 90 30 60 90
Local Resistividade térmica (K.m/W) Local Resistividade térmica (K.m/W)
7
Em face dos resultados obtidos de característica do solo, neste estudo de caso, a resistividade
térmica foi considerada 2,5 K.m/W. Nas regiões em que foi identificada uma sequência de medições
de valores superiores a 2,5 K.m/W, foi considerada a utilização de material de empréstimo no
preenchimento das valas, com solo de melhores valores de resistividade térmica.
Tendo em vista a grande área ocupada pelo empreendimento, as medições realizadas estão
afastadas entre si algumas centenas de metros. Tal condição causa a possibilidade de não identificar
trechos com solo de característica diferenciada. O conhecimento do solo da região pode auxiliar
na identificação das regiões com maior variação, permitindo direcionar medições específicas para
esses trechos.
Após o levantamento de todos os dados relevantes para o projeto da rede de média tensão,
é feito o dimensionamento dos circuitos, que consiste em especificar todos os componentes
elétricos que compõem a rede. Porém, este estudo de caso dará ênfase à especificação dos cabos,
que, financeiramente, são os componentes mais críticos em termos de aquisição, manutenção e
gerenciamento.
A estratégia de dimensionamento é denominada Dimensionamento Otimizado dos Circuitos
e consiste em avaliar diversas combinações possíveis para os parâmetros da rede elétrica,
considerando fixos os seguintes parâmetros: a temperatura ambiente (30°C), a temperatura máxima
do solo (25°C) e a resistividade térmica do solo de 2,5 K.m/W. Cada combinação de parâmetros
variáveis é avaliada quanto às implicações operativas e econômicas, sendo comparadas entre si.
Gradualmente, eliminam-se as combinações de parâmetros que trazem implicações indesejadas
ou fora de critérios aceitáveis.
Nas próximas subseções, será apresentado o dimensionamento dos cabos dos circuitos relativos
à metade dos aerogeradores do parque eólico em questão.
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• IAD: Corrente admissível do cabo, em Ampères;
• NUG: Número de unidades geradoras por circuito;
• NMV: Número mínimo de valas;
• NCIRC: Número total de circuitos.
Tabela 3 – Correntes admissíveis para cabos isolados (XLPE) de média tensão com condutor de alumínio
Correntes admissíveis (A)
Seção
Dutos envelopados com concreto
(mm²) Diretamente enterrados 1 fase por duto 3 fases por duto (**)
95 221 210 179
120 252 240 205
150 281 267 231
185 317 303 262
240 367 351 305
300 414 397 346
400 470 451 398
500 541(*) 515(*) -
630 616(*) 584(*) -
800 675 A (***) 640 A (***) 564 A (***)
(*) Obtido do catálogo de um fabricante (Prysmian);
(**) Valores fornecidos pela norma referentes a cabos tripolares;
(***) Simulações efetuadas pelo SISCAB (sistema computacional de autoria do Prof. Dr. Ernesto João Robba, destinado à
determinação de constantes quilométricas e da corrente admissível em redes aéreas ou subterrâneas).
Fonte: IEC 60502-2.
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Dentre todas as combinações iniciais de parâmetros, nota-se que as combinações com apenas 1
circuito por vala são inviáveis, pois requerem a construção de muitas valas – 18 valas para cabo de
500 mm² e 14 valas para cabos de 630 mm² e 800 mm² –, o que pode gerar dificuldades com espaço
físico nas laterais das vias de acesso e na entrada da subestação.
Também são consideradas inviáveis as alternativas com cabos de seção de 800 mm². Além do
alto custo de aquisição, os cabos de elevada seção transversal geram dificuldades de manuseio,
maior rigidez e maiores raios de curvatura, além de ser necessário utilizar nova linha de acessórios
desconectáveis, terminais internos, emendas, dentre outros.
Dispor de uma nova linha de acessórios não representa exatamente uma inviabilidade técnica,
contudo, essa condição deve ser considerada, pois aumentará o custo de manutenção devido à
necessidade de haver uma diversidade maior de peças de reposição.
Após eliminar as combinações inviáveis citadas, restam as combinações listadas na Tabela 5.
Dentre as combinações com cabos de 500 mm², seleciona-se apenas a primeira (NCV = 2), pois
requer 18 circuitos, ao passo que as demais requerem 24 circuitos. Dentre as combinações com
cabos de 630 mm², selecionam-se apenas as duas últimas (NCV = 4 e NCV = 5), pois requerem
poucas valas (NMV = 5). As possíveis combinações selecionadas são listadas na Tabela 6.
A combinação com cabo de 500 mm² pode ser descartada, pois implicaria a instalação de 9
valas, ao passo que as duas combinações com cabo de 630 mm² requerem apenas 5 valas. Se a
combinação de 630 mm² com NCV = 5 for recalculada para considerar espaçamento de 50 cm entre
os circuitos, obtém-se F2 = 0,7544, aumentando a corrente admissível (IAD = 367 A). Com isso, os
demais parâmetros são: NUG = 4 (4 unidades geradoras por circuito), NMV = 4 valas e NCIRC = 18
circuitos. A composição das valas é detalhada na Tabela 7.
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Tabela 7 – Detalhamento da composição das valas
Vala Distância entre os Seção dos Circuitos Total de UGs
Circuitos (cm) condutores (mm²)
1 50 630 5 Circuitos com 4 UGs 20
2 50 630 5 Circuitos com 4 UGs 20
3 40 630 3 Circuitos com 4 UGs 15
1 Circuito com 3 UGs
4 40 630 3 Circuitos com 4 UGs 15
1 Circuito com 3 UGs
A condição citada anteriormente (9 valas) poderia ser acomodada ao longo das vias de acesso.
Contudo, haveria um ponto crítico da instalação, localizado na entrada da subestação. Mesmo que
fosse possível manter o afastamento das 9 valas na lateral das vias, na chegada da subestação elas
seriam necessariamente aproximadas entre si e o efeito térmico do aquecimento induzido entre
elas causaria nessa região um ponto crítico de aquecimento.
• Cabos com condutor de alumínio, isolação XLPE, classe 18/30 (36) kV;
• Temperatura do condutor: 90°C;
• Temperatura do solo: 25°C;
• Resistividades térmica do solo: 2, 2,5 e 3 K.m/W;
• Resistividade térmica do concreto: 1,2 K.m/W;
• NCV: número de circuitos por vala;
• Profundidade de instalação dos cabos: 60 cm;
• Distância entre os circuitos: 40 cm.
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Tabela 9 – Correntes admissíveis (IAD) de cabos subterrâneos instalados em dutos
Com base nas correntes admissíveis (IAD) listadas na Tabela 9, verifica-se que elas são inferiores
às correntes admissíveis para cabos diretamente enterrados:
• Condutor de 630 mm², 4 circuitos por vala, resistividade térmica do solo de 2,5 K.m/W:
- Diretamente enterrado: IAD = 364 A;
- Cabos instalados em bancos de dutos: IAD = 326 A.
• Condutor de 630 mm², 5 circuitos por vala, resistividade térmica do solo de 2,5 K.m/W:
- Diretamente enterrado: IAD = 350 A;
- Cabos instalados em bancos de dutos: IAD = 313 A.
O dimensionamento obtido no item 2.1 considera valas com 4 e 5 circuitos, sendo que cada
circuito agrega 3 ou 4 aerogeradores. Os circuitos que agregam 3 aerogeradores conduzem corrente
de 271,2 A, enquanto os circuitos que agregam 4 aerogeradores conduzem 361,6 A. No caso de
circuitos com 4 aerogeradores, cabos instalados em bancos de dutos operariam com correntes
acima das admissíveis, resultando em redução de sua vida útil.
Uma providência para correção do problema seria utilizar condutores com seções maiores
apenas nos trechos em que são instalados em bancos de dutos. Porém, a utilização de cabos com
seções diferentes prejudica a manutenção preventiva, pois implica maiores custos de manutenção
devido à maior quantidade de materiais em estoque. Cabos com seções diferentes também trazem
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dificuldades de manutenção corretiva, pois há maior possibilidade de erros nas escolhas e utilização
de acessórios.
Para evitar a utilização de condutores com seções diferentes, adota-se um procedimento
usual em redes de transmissão de alta tensão que consiste em preencher os bancos de dutos
com bentonita. Esse procedimento aumenta a condutividade térmica do conjunto formado por
bentonita, concreto e solo, permitindo considerar a mesma seção de condutores utilizada para os
cabos diretamente enterrados.
Contudo, para realizar esse preenchimento com bentonita, deve ser avaliada previamente a
questão de dimensionamento físico da ocupação do duto, conforme ressalva estabelecida no item
B.5.4 da IEC 60502-2, transcrito a seguir:
“The ducts are assumed to be earthenware having an inside diameter of 1,5 times the outside
diameter of the cable and a wall thickness equal to 6% of the duct inside diameter. The ratings are
based on the assumption that the ducts are air filled. If the ducts have been filled with a material
such as Bentonite, then it is usual to adopt the current ratings for cables buried direct. The tabulated
ratings may be applied to cables in ducts having an inside diameter of between 1,2 and 2 times the
outside diameter of the cables. For this range of diameters the variation in the rating is less than 2%
of the tabulated value.”
Nesse caso, a avaliação resultou no seguinte dimensionamento:
• Diâmetro de um condutor 630 mm², Al: 58,0 mm – diâmetro externo do cabo: 124,1 mm;
• Diâmetro interno do duto: 200 mm;
• Diâmetro interno do duto/diâmetro externo do cabo: 1,61.
Tendo em vista que a relação calculada ficou em 1,61 e a norma estabelece que deve ficar entre
1,2 e 2, a dimensão do duto está adequada para essa aplicação. Eventualmente, se a faixa de limite
de ocupação não fosse atingida, poderia ser necessário o redimensionamento do diâmetro dos
dutos utilizados.
A avaliação econômica da rede de média tensão deste estudo de caso deve contemplar não
apenas o custo de aquisição, mas também o custo das perdas elétricas ao longo do seu período
de operação. Esse custo se refere à energia que foi gerada, mas não foi entregue devido à sua
dissipação sob a forma de calor. Essa avaliação considera tanto o custo de aquisição dos cabos
quanto a capitalização das perdas ôhmicas ao longo do período de funcionamento da rede.
Os cálculos consideram os seguintes parâmetros:
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• FC: Fator de capitalização das perdas no período;
• j: 0,07 ao ano;
• t: 30 anos;
• CE (custo de energia): 0,035 US$/kWh;
• FP: 0,366.
Nesta análise, serão considerados os custos de cabos em US$/m e as resistências dos cabos em
Ω/km, listados na Tabela 10.
Tabela 10: Custos e resistências de cabos de alumínio XLPE 18/30 (36) kV
Seção (mm²) Preço (US$/m) Resistência (Ω/km) (III)
70 5,20 (II) 0,568
95 5,60 (II) 0,411
120 5,96 (I) 0,325
150 6,50 (II) 0,265
185 7,00 (II) 0,211
240 7,89 (I) 0,161
300 9,00 (II) 0,129
400 10,89 (I) 0,101
500 13,0 (II) 0,0778
630 15,79 (I) 0,00629
800 19,41 (II) 0,00367
Com base nas estimativas de vento no local do projeto de exemplo, os fatores de carga e de
perdas podem ser estimados com base na Tabela 11. Nessa tabela, são consideradas as seguintes
variáveis:
• V: Velocidade do vento;
• P: Potência gerada em função da velocidade do vento;
• F(%): Probabilidade de ocorrência de vento na velocidade V;
• H: Horas por ano em que o vento tem velocidade V;
• MWH: Energia gerada durante o período em que o vento tem velocidade V;
• MWH2: Quadrado de MWH multiplicada por sua respectiva probabilidade.
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Tabela 11 – Estimativas de fatores de carga e de perdas
V (m/s) P (kW) F(%) H MWH MWH²
0 0 0,2789 24,4 0 0
1 0 4,9053 429,7 0 0
2 0 7,7365 677,7 0 0
3 72 8,2258 720,6 52 4
4 257 7,4405 651,8 168 43
5 544 7,0275 615,6 335 182
6 964 6,6707 584,4 563 543
7 1.523 6,9434 608,2 926 1.411
8 2.164 7,7552 679,4 1.470 3.181
9 2.813 7,5122 658,1 1.851 5.207
10 3.459 6,6614 583,5 2.018 6.982
11 4.056 6,1752 540,9 2.194 8.899
12 4.489 5,6080 491,3 2.205 9.899
13 4.597 4,9489 433,5 1.993 9.161
14 4.600 3,8955 341,2 1.570 7.221
15 4.600 3,2442 284,2 1.307 6.014
16 4.600 2,0646 180,9 832 3.827
17 4.600 1,3790 120,8 556 2.556
18 4.600 0,8508 74,5 343 1.577
19 4.600 0,3584 31,4 144 664
20 4.600 0,1137 10,0 46 211
21 4.600 0,0623 5,5 25 115
22 4.600 0,0530 4,6 21 98
23 0,0358 3,1 0 0
24 0,0436 3,8 0 0
25 0,0093 0,8 0 0
TOT 100,0 8760,0 18.620 67.797
Os valores de custo total dos cabos, para o local do projeto, para diferentes correntes de carga e
diferentes seções de cabo, podem ser consultados na Tabela 12.
Tabela 12 – Custo total dos cabos (material + perdas), em 1000 x US$
I(A) Seção do condutor de alumínio (mm²)
70 95 120 150 185 240 300 400 500 630 800
25 156,3 167,9 179,6 194,0 210,7 237,1 270,9 327,0 390,8 473,7 582,4
35 157,7 168,9 180,5 194,6 211,3 237,6 271,3 327,2 391,0 473,9 582,5
50 160,7 171,1 182,2 196,1 212,4 238,4 271,9 327,8 391,4 474,2 582,7
60 163,3 173,0 183,7 197,3 213,3 239,1 272,5 328,2 391,8 474,5 582,9
70 166,4 175,2 185,4 198,7 214,5 240,0 273,2 328,8 392,2 474,9 583,0
80 169,9 177,8 187,5 200,4 215,8 241,0 274,0 329,4 392,7 475,3 583,3
90 174,0 180,7 189,8 202,2 217,3 242,2 275,0 330,1 393,2 475,7 583,5
100 178,5 183,9 192,3 204,3 219,0 243,4 276,0 330,9 393,8 476,2 583,8
15
I(A) Seção do condutor de alumínio (mm²)
70 95 120 150 185 240 300 400 500 630 800
110 183,4 187,5 195,2 206,6 220,8 244,8 277,1 331,8 394,5 476,8 584,2
120 188,9 191,5 198,3 209,2 222,8 246,4 278,3 332,8 395,3 477,4 584,5
130 194,8 195,7 201,7 211,9 225,0 248,1 279,7 333,8 396,1 478,0 584,9
140 201,2 200,4 205,3 214,9 227,4 249,9 281,1 334,9 397,0 478,7 585,3
150 208,0 205,3 209,3 218,1 230,0 251,8 282,7 336,2 397,9 479,5 585,7
160 215,4 210,6 213,5 221,6 232,7 253,9 284,4 337,5 398,9 480,3 586,2
170 223,2 216,3 217,9 225,2 235,6 256,1 286,1 338,9 400,0 481,2 586,7
180 231,5 222,3 222,7 229,1 238,7 258,5 288,0 340,3 401,1 482,1 587,3
190 240,2 228,6 227,7 233,1 241,9 260,9 290,0 341,9 402,3 483,0 587,8
200 249,5 235,3 233,0 237,5 245,3 263,6 292,1 343,5 403,6 484,1 588,4
220 249,7 244,3 246,7 252,7 269,2 296,6 347,1 406,3 486,3 589,7
240 265,4 256,8 256,9 260,8 275,4 301,6 350,9 409,3 488,7 591,1
260 270,3 267,9 269,6 282,1 306,9 355,1 412,5 491,3 592,6
270 277,5 273,8 274,3 285,6 309,8 357,4 414,2 492,7 593,4
280 285,0 279,8 279,1 289,3 312,7 359,7 416,0 494,1 594,3
300 292,7 289,3 297,1 319,0 364,6 419,8 497,2 596,1
320 306,3 300,2 305,4 325,6 369,8 423,8 500,4 598,0
340 320,9 311,8 314,3 332,7 375,3 428,1 503,9 600,0
360 324,1 323,7 340,2 381,2 432,6 507,5 602,1
380 337,1 333,6 348,2 387,5 437,4 511,4 604,4
400 350,8 344,0 356,6 394,0 442,5 515,5 606,8
420 355,0 365,4 400,9 447,8 519,8 609,3
440 366,6 374,6 408,2 453,3 524,3 611,9
460 378,7 384,3 415,7 459,2 529,0 614,7
480 391,3 394,4 423,6 465,3 534,0 617,5
500 404,4 405,0 431,9 471,6 539,1 620,5
520 418,1 415,9 440,5 478,2 544,4 623,6
540 427,3 449,4 485,1 550,0 626,9
560 439,1 458,7 492,2 555,8 630,2
580 451,4 468,2 499,6 561,7 633,7
600 464,1 478,2 507,3 567,9 637,3
Tabela 13 - Custo total dos cabos (material + perdas), em 1000 x US$, para as correntes de 90 A, 180 A, 270 A e 360 A
16
As correntes correspondentes a 1, 2, 3 e 4 aerogeradores são 90 A, 180 A, 270 A e 370 A,
respectivamente. Esses valores de corrente são selecionados da Tabela 12 e listados na Tabela 13.
Com base nessa tabela, gera-se o gráfico da Figura 5.
Analisando os custos totais dos cabos, é possível verificar que as seções econômicas dos cabos
são as seguintes:
Essas seções são inferiores ao dimensionamento necessário para atendimento aos critérios
técnicos de capacidade de condução de corrente e curto-circuito, portanto, não há viabilidade
econômica em aumentar a seção dos cabos acima do mínimo necessário para atendimento aos
critérios elétricos. Isso considerando que haveria um aumento de custo de aquisição dos cabos,
sem uma correspondente redução do custo com a energia perdida que compensasse esse custo
inicial adicional.
17
4 - Avaliação de cenários de dimensionamento
Esta seção apresenta a avaliação de seis cenários de dimensionamento dos circuitos da rede
de média tensão deste estudo de caso. Os cenários consideram como base diversos parâmetros
selecionados no capítulo 2 da segunda edição desta série de e-books, que pode ser baixada através
deste link, que são:
4.1 - Cenário 1
No cenário 1, considera-se a utilização de backfill com resistividade térmica de 2 K.m/W para
todos os trechos dos circuitos. A Tabela 14 apresenta o cálculo do custo total de cabos para toda a
rede de média tensão. Em seguida, a Tabela 15 apresenta a estimativa da movimentação de terra
resultante.
18
Tabela 14 – Estimativa do custo total dos cabos para o cenário 1
S (mm²) PR-U Extensão dos cabos (m) PR-T (US$)
(US$/m) V1 V2 V3 V4 TOT
95 5,60 0 0 0 0 0 0
120 5,96 28.908 15.762 25.038 20.199 89.907 535.846
150 6,50 0 0 0 0 0 0
185 7,00 0 0 0 0 0 0
240 7,89 13.983 19.533 14.469 21.609 69.594 549.097
300 9,00 0 0 0 0 0 0
400 10,89 14.175 18.111 17.076 17.460 66.822 727.692
500 13,00 0 0 0 0 0 0
630 15,79 121.530 77.478 49.599 205.836 454.443 7.175.655
Total 680.766 m US$ 8.988.289
4.2 - Cenário 2
Verifica-se que, no cenário 1, é necessário movimentar grande quantidade de backfill
de 2 K.m/W, um volume estimado em 37.161 m³. O cenário 2 é proposto para reduzir essa
quantidade de backfill, que é realizado apenas nos trechos de valas com resistividade térmica
do solo acima de 2,5 K.m/W, exceto onde há apenas 1 circuito por vala.
No cenário 2, os custos totais com aquisição de cabos são idênticos aos do cenário 1, conforme
listado na Tabela 16. Porém, o cenário 2 promove redução de reaterro com backfill, cujo volume é
reduzido de 37.161 m³ para 27.756 m³ (redução de 25 %), conforme apresentado na Tabela 17.
19
Tabela 17 - Estimativa da movimentação de terra para o cenário 2
4.3 - Cenário 3
Juntamente com a redução da quantidade de movimentação de reaterro com backfill, o cenário
3 propõe a alteração de seções de condutores em trechos de circuitos de 1 e 2 aerogeradores. Nos
casos de trechos de circuitos com apenas 1 aerogerador, as seções foram dimensionadas com base
na corrente de curto-circuito (ICC) do local, considerando o seguinte critério:
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4.4 - Cenário 4
O cenário 4 propõe melhorias com relação ao cenário 3, considerando a utilização de reaterro
com backfill e resistividades térmicas de no máximo 3,5 K.m/W para as valas com 1 circuito. Isso
possibilita a utilização de cabos com seções menores, conforme a seguir:
• Circuito com condutor de seção 240 mm² no cenário 1 à seção reduzida para 150 mm²;
• Circuito com condutor de seção 400 mm² no cenário 1 à seção reduzida para 300 mm²;
• Circuito com condutor de seção 630 mm² no cenário 1 à seção reduzida para 500 mm².
Os custos de cabos decorrentes das premissas deste cenário são listados na Tabela 20.
Relativamente ao cenário 3, os custos totais com cabos são reduzidos de US$ 8.922.336 para
US$ 8.768.674, uma redução de US$ 153.662. As estimativas de movimentação de terra são
listadas na Tabela 21.
4.5 - Cenário 5
O cenário 5 propõe a otimização de toda a rede através da utilização de backfill com resistividade
térmica de, no máximo, 2,5 K.m/W para todas as valas. Com isso, é possível utilizar condutores com
seções menores, conforme a seguir:
21
- Seção de 150 mm² em valas com 2 circuitos;
- Seção de 185 mm² em valas com 3, 4 e 5 circuitos.
• Trecho de circuito com 3 aerogeradores (seção de 400 mm² no cenário 1):
- Seção de 240 mm² em valas com 1 circuito;
- Seção de 300 mm² em valas com 2 circuitos.
• Trecho de circuito com 4 aerogeradores (seção de 630 mm² no cenário 1):
- Seção de 400 mm² em valas com 1 circuito;
- Seção de 500 mm² em valas com 2 circuitos.
Os custos de cabos decorrentes das premissas deste cenário são listados na Tabela 22.
Relativamente ao cenário 1, os custos totais com cabos são reduzidos de US$ 8.988.289 para
US$ 8.399.061, uma redução de US$ 589.228. As estimativas de movimentação de terra são
listadas na Tabela 23.
4.6 - Cenário 6
O cenário 6 propõe uma alteração baseada no cenário 5, consistindo em manter a seção do
condutor utilizado nos trechos finais (encaminhamento para a subestação) de cada circuito.
Considera-se alteração da seção do condutor apenas nos cubículos dos aerogeradores. Os
custos totais de cabos considerando essas premissas são listados na Tabela 24. As estimativas de
movimentação de terra são listadas na Tabela 25.
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Tabela 24 - Estimativa do custo total dos cabos para o cenário 6
S (mm²) PR-U Extensão dos cabos (m) PR-T (US$)
(US$/m) V1 V2 V3 V4 TOT
95 5,60 7.965 1.953 0 16.665 26.583 148.865
120 5,96 33.264 20.091 22.212 8.517 84.084 501.141
150 6,50 0 9.921 15.585 7.779 33.285 216.353
185 7,00 1.662 3.330 1.710 8.847 15.549 108.843
240 7,89 10.647 7.038 7.845 3.246 28.776 227.043
300 9,00 0 1.626 4.236 8.760 14.622 131.598
400 10,89 7.248 9.447 4.995 5.454 27.144 295.598
500 13,00 0 0 0 0 0 0
630 15,79 117.810 77.478 49.599 205.836 450.723 7.116.916
Total 680.766 m US$ 8.746.356
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No cenário 1, o dimensionamento com resistividade térmica de 2 K.m/W implica utilizar um
solo com resistividade térmica de 1,5 K.m/W devido à somatória da margem de erro em todo o
processo. Considera-se que, neste estudo de caso, existem medições de resistividade térmica com
valores menores de 1,5 K.m/W. Porém, é necessário analisar o material de backfill com base no valor
médio das medições realizadas. Dado que o menor valor médio das três medições em um mesmo
ponto foi de 1,84 K.m/W, a proposta de projeto do cenário 1 é considerada inviável.
O cenário 2 deriva do cenário 1, e consiste em utilizar reaterro de resistividade térmica de
2,5 K.m/W para trechos com 2 circuitos ou mais. Com essa premissa, foi possível manter as
poucas seções de condutores definidas no cenário 1. Apesar de não promover redução dos
custos com aquisição de cabos, foi possível reduzir o volume de backfill necessário. A proposta
de projeto do cenário 2 é considerada viável.
As premissas do cenário 3 derivam dos cenários 1 e 2 e consistem em otimizar as seções de
condutores nos trechos com 1 e 2 aerogeradores, independentemente do número de circuitos
por vala. Como resultado, o volume de backfill é idêntico ao do cenário 2, porém, observa-se uma
pequena redução no custo total de cabos. O cenário 3 apresenta um aspecto negativo, que é o
aumento do número de seções de condutores, aumentando também a quantidade de itens que
devem ser estocados para manutenções preventiva e corretiva.
O cenário 4 é um aperfeiçoamento do cenário 3, pois considera a redução de seções de
condutores em trechos com apenas 1 circuito por vala, o que é conseguido a partir da utilização de
backfill com resistividade térmica de, no máximo, 3,5 K.m/W. Com isso, o cenário 4 permite redução
do custo total de cabos (redução de US$ 153.662), porém, relativamente ao cenário 3, o cenário 4
requer um volume maior de backfill (7.016 m3), além de um número maior de seções de cabos e de
itens de manutenção correlatos. Se o custo para aplicar o maior volume de backfill for menor que a
economia com os cabos, o cenário 4 apresenta custo total menor que o cenário 3. Por fim, pode-se
considerar que o cenário 4 é viável.
No cenário 5, considera-se a utilização de reaterro com backfill de resistividade térmica de
2,5 K.m/W em todas as valas. Uma grande vantagem desse cenário é a considerável redução do
custo total com cabos em relação aos cenários anteriores, o que gerou uma redução estimada
em US$ 523.275. Porém, é necessário utilizar maior volume de backfill relativamente aos cenários
2 e 3, o que representa um aumento de aproximadamente 7.016 m³. Além disso, as manutenções
corretiva e preventiva devem considerar um número elevado de seções de condutores e itens
correlatos, sendo 9 seções ao todo. Outra consequência das premissas desse cenário é uma maior
quantidade de emendas na rede, que devem ser evitadas, pois são pontos mais suscetíveis a
falhas. Se o custo para aplicar os 7.016 m³ a mais de backfill for menor que a economia com os
cabos (US$ 523.275), o cenário 5 apresenta menor custo total que o cenário 3. Por fim, pode-se
considerar que o cenário 5 é viável.
O cenário 6 consiste na utilização da menor seção de condutores possível, sem que houvesse
alteração na seção dos condutores que não fosse nos cubículos dos aerogeradores. Este cenário
traz benefícios práticos ao manter a seção de condutor utilizada nos trechos finais dos circuitos,
reduzindo o número de pontos de emendas e diminuindo a probabilidade de erros de instalação
24
durante as manutenções. O cenário 6 apresenta custo total de cabos menor que o do cenário 3,
uma redução estimada em US$ 175.980, menor em relação ao cenário 3. Se o custo total para
aplicar os 5.066 m³ a mais de backfill for menor do que a economia com os cabos, o cenário 6
apresenta custo total menor do que o cenário 3.
Na próxima edição desta série de publicações técnicas, vamos começar a nos aprofundar nos
procedimentos de comissionamento e de manutenção em redes subterrâneas de média tensão,
com foco em aumentar a confiabilidade, a disponibilidade e a segurança dos circuitos ao longo de
suas vidas úteis. Até a próxima!
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