Segurança em Aeroportos.
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OPINIÃO
Segurança
aeroportuária
Por sua própria natureza, um aeroporto é uma instalação que apresenta
diversos riscos de segurança. Num aeroporto, há que se prevenir — ou
em casos extremos, reprimir — ocorrências que vão desde as mais
simples, como violações, extravio ou subtração de bagagens e roubos a
mão armada, até o contrabando e o terrorismo.
n VINICIUS D. CAVALCANTE
P
or mais que possa parecer impensável, as próprias pessoas que circulam
num aeroporto podem ser alvo de um ataque a tiros, nos moldes do que
foi perpetrado um Mumbai em 2008. Quando se pensa na segurança de
uma instalação aeroportuária, há que se definir rigorosos procedimentos de
segurança perimetral, identificação de pessoal e veículos, controle de acessos,
identificação e escaneamento de passageiros e bagagens, identificação, acom-
panhamento em trânsito e guarda de cargas (prevendo-se inclusive medidas
adicionais de segurança para cargas de alto valor ou consideradas perigosas), etc.
Há que se prevenir também a perspectiva do acesso não autorizado às aerona-
ves (tanto por eventuais clandestinos quanto por ladrões, sabotadores ou ter-
roristas), estabelecendo controles rígidos nos portões de acesso ao pátio e
vigilância constante das próprias aeronaves e terminais de carga.
Embora não costumemos levar isso em consideração, o risco de ações ter-
roristas também está presente no Brasil. Com a nossa enorme extensão de fron-
teiras e os fraquíssimos controles sobre quem entra e sai do país, grupos
terroristas podem usar nosso território como uma forma de chegar às aerona-
ves estrangeiras, ou mesmo para voar daqui para seus países–alvo. Nos aero-
portos brasileiros operam grandes empresas aéreas norte-americanas, que
transportam grande quantidade de passageiros nacionais e estrangeiros. Desde
o dia 11 de setembro de 2001, tais companhias passaram à qualidade de alvos
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em potencial para ações de atentado no Acima Por suas característi-
Brasil por parte do terrorismo fundamen- cas, os aeroportos são alvos
talista islâmico e anti-americano. Os aten- convidativos e compensado-
tados às Torres Gêmeas também fizeram res para ações criminosas
com que a proteção da infra-estrutura aero- (Foto: D. Carneiro).
portuária viesse para a ordem do dia, e o pe-
ríodo que se seguiu foi muito bom para a indústria da segurança sob o ponto
de vista comercial. Contudo, a aquisição de equipamentos nem sempre poderá
remediar todas as vulnerabilidades físicas de projetos produzidos numa época
em que aas ameaças eram muito menos sérias.
Há pouco mais de trinta anos, as pessoas frequentavam terraços abertos, e
em alguns casos ficavam a poucos metros dos aviões. A área de embarque era se-
parada do saguão por um simples portão aberto, onde as pessoas ingressavam
sem passar por uma revista minuciosa. Hoje, tal cenário é apenas uma recorda-
ção do passado — mesmo nos aeroportos brasileiros, onde a segurança sempre
foi muito mais relaxada do que nos seus congêneres do exterior. A globalização
das ameaças, que tiveram seu ápice no 11 de setembro, justificou uma padroni-
zação de segurança, dispendiosa e de rigor jamais visto anteriormente.
Em tempos de paz, administramos os riscos de atentados levando em con-
sideração inúmeros fatores, e não unicamente a boa técnica de segurança. Hoje,
os protocolos e manuais de segurança são constantemente revisados em face da
audácia e da extrema gravidade dos acontecimentos que a crônica cotidiana
reporta tanto no exterior quanto no Brasil. Pela fragilidade de nossa segurança
para fazer frente a tais situações, não devem pairar dúvidas de que ações cri-
minosas espetaculares ou atentados terroristas em nosso país — ainda que, no
caso destes últimos, possam guardar dimensões menores — teriam seu êxito
praticamente assegurado e poderiam vitimar uma quantidade proporcional-
mente muito maior de vidas. Quer na segurança quer na atividade de inteli-
gência, devemos prioritariamente procurar aprender com os erros dos outros;
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e pensar assim se insere no conceito Acima e ao lado Os equipa-

de profissionalismo da segurança. mentos de escaneamento
Ninguém pode afiançar que esta ou corporal por raio-X per-
aquela ação não possa vir a acome- mitem a detecção de
ter-nos no Brasil. E riscos para aero- qualquer material proibido
portos são o que não falta! que o indivíduo esteja ten-
tando esconder por baixo
da roupa (Foto: Repiscan).
Riscos
A preocupação internacional
relativamente recente quanto ao uso terrorista de mísseis antiaé-
reos portáteis contra aeronaves comerciais faz com que também
eventualmente se deva avaliar a vulnerabilidade de um aeroporto
a ações dessa natureza. Já em 1973, a polícia italiana frustrou um
plano palestino para abater uma aeronave israelense utilizando
mísseis soviéticos SA-7, fornecidos pela Síria. Ao perceberem que
haviam sido detectados, os terroristas abandonaram os mísseis nas
cercanias da pista do aeroporto de Roma e fugiram. Em 1978, na
Rodésia, guerrilheiros operando a partir da Zâmbia, também com
o SA-7, lograram derrubar uma aeronave Viscount, matando tri-
pulantes e passageiros. Tais mísseis antiaéreos disparados do ombro
foram utilizados pela UNITA contra aeronaves da ONU em An-
gola (em 1998 e 1999), pelos rebeldes Tutsi contra um Boeing 727 no Congo, e dessas armas fabricadas desde 1970, empregadas em combates em todos os
quase derrubaram o avião que transportava o presidente do Afeganistão em continentes e eventualmente entregues a grupos irregulares, fica difícil assegu-
maio de 1992. rar que não possam ser utilizadas em atentados terroristas. Fontes do Departa-
A possibilidade de atacar aeronaves comerciais tanto no procedimento de mento de Estado dos Estados Unidos estimam que, desde a década de 70, mais
pouso quanto na decolagem, atingindo-as numa altitude que pode chegar até de 40 aeronaves civis já teriam sido atingidas por mísseis e que, dessas, pelo
6.000m, faz com que, para assegurar a proteção de aviões contra tais mísseis menos 25 foram destruídas, resultando em mais de 600 mortes.
portáteis, se devesse estabelecer um perímetro de segurança que, em certos O temor de que mísseis antiaéreos portáteis de fabricação chinesa, perten-
casos, corresponde a um retângulo de 10km x 80km. Com mais de 700.000 centes às forças armadas bolivianas, viessem a cair em mãos erradas, fez com que

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Acima “O público deve ser os americanos convencessem elementos
compreensivo e entender que do “establishment” de defesa do país an-
os inconvenientes de um dino a entregar tais engenhos aos Estados
exame cuidadoso pela segu- Unidos para desativação. Ainda que os ar-
rança são algo lamentável, roubos nacionalistas se levantem contra a
mas necessário, se queremos
entrega do único componente de defesa
sobrepujar criminosos e terro-
ristas” (Foto: US Dept. of Ho- antiaérea moderno daquele país, verda-
meland Security, Barry Bahler). deiro crime de lesa-pátria, não podemos
esquecer que arsenais militares saqueados,
da Marinha e do Exército bolivianos, são a
fonte de onde comprovadamente provém centenas de fuzis e metralhadoras
(com a respectiva munição) capturados aos traficantes de drogas, sobretudo
no Rio de Janeiro.
Em 2002, escutas telefônicas policiais num presídio de segurança máxima
apontaram que o narcotraficante brasileiro Fernando Beira-Mar estaria nego-
ciando a compra de um míssil antiaéreo Stinger. Ainda que analistas houves-
sem apontado que se tratava de um blefe do bandido, fontes de inteligência dão
conta de que as FARC já disporiam de mísseis terra-ar portáteis e que já os te-
riam empregado com sucesso pelo menos uma vez. A circunvizinhança de um
aeroporto, com grande áreas de mata, ladeado por favelas, por mar, ou por vias
rodoviárias expressas para acesso ou fuga (como acontece no Rio de Janeiro) se
constitui num facilitador para quem pretenda intentar contra aeronaves co-
merciais, a exemplo do que foi ocorreu no Quênia (contra um avião de passa-
geiros israelense, em novembro de 2002) ou no Iraque (contra um Airbus
cargueiro em Bagdá, em novembro de 2003).
Esse tipo de área circunvizinha, difícil de guarnecer, permite que até mesmo
simples morteiros improvisados (como os que o Exército Republicano Irlandês
disparou contra o Aeroporto de Heathrow e que as FARC também usaram na
Colômbia), sejam empregados contra as aeronaves estacionadas ou contra as
instalações de passageiros, de estocagem de combustível, etc.
No Brasil, não tivemos caso de aeronaves atacadas com mísseis. Entretanto,
nossa aviação vem convivendo com o perigo dos disparos de armas de fogo, que
conceitualmente podem, dependendo da situação, levar ao mesmo resultado de
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letalidade e destruição que o disparo de um míssil antiaéreo. A criminalidade
brasileira, sobretudo no Rio de Janeiro se notabiliza pelo uso de metralhadoras
médias e pesadas nos calibres. 30 Springfield, fuzis no calibre .30 ou
7,62x51mm, 7,62x39mm, 5,56x45mm ou ainda o devastador .50, já encontra-
dos em armas capturadas em Minas Gerais, na Bahia, Rio de Janeiro e Paraná.
Algumas destas ocorrências envolvendo disparos de arma de fogo contra aero-
naves já motivaram a alteração dos procedimentos de pouso em determinados
aeroportos. Não se deve esquecer que, quando uma aeronave é atingida por
um tiro, o atrito gerado entre o revestimento do projétil e partes da estrutura da
aeronave (principalmente longarinas) poderá ocasionar uma centelha que, em
contato com combustível, pode gerar resultados catastróficos. No caso do pro-
cedimento de pouso o perigo se agrava, pois no interior dos tanques (normal-
mente posicionados no interior das asas), existirão quantidades significativas de
gases, o que facilita a ocorrência de explosão. Esse risco se agrava no caso de dis-
paros com projéteis traçantes. É importante lembrar que ainda há outros siste-
mas passíveis de incêndio ou explosão nas aeronaves (hidráulico e de oxigênio,
por exemplo), o que exige um elevado grau de atenção no tocante a essas peri-
gosas influências de agentes externos.
Além do perigo de ações terroristas contra os passageiros ou contra as aero-
naves em si, há histórico de grandes roubos em aeroportos brasileiros, perpe-
trados por grupos numerosos e bem armados. Em Brasília, em julho de 2000,
foram roubados 61 quilos de ouro na pista do aeroporto; em Congonhas, numa
mesma semana, uma joalheria foi roubada e o hangar de uma companhia aérea
foi duas vezes invadido para roubo de caixas eletrônicos. Também em Congo-
nhas, quinze homens invadiram a pista para roubar três milhões de reais; numa
ação bem coordenada, criminosos entraram no aeroporto, renderam os guar-
das de vigilância e derrubaram uma grade de proteção com uma pick-up, a fim
de alcançar a pista.
Em que pesem os esforços das autoridades, vemos freqüentemente nos jor-
nais o exemplo dos armamentos sofisticados que o dinheiro sujo das drogas
faz surgir à revelia da repressão dos órgãos de segurança. Além disso, o plane-
jamento dos criminosos pode se beneficiar do know-how técnico proporcio-
nado por maus policiais e maus militares, bem como pelo intercâmbio com
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guerrilheiros e terroristas de nacionalidade estrangeira, que podem ajudar a
reproduzir aqui o que é perpetrado no exterior.
No Paraguai, em 2000, homens armados utilizando uniformes militares
roubaram doze milhões de dólares de uma remessa que seria enviada a Nova
Iorque. Em Hearthrow, aeroporto de Londres, em 2002, as medidas rígidas de
segurança impostas após 11 de setembro não foram suficientes para evitar que
um furgão com três milhões de dólares fosse roubado por homens armados ,
no interior de uma área restrita do aeroporto.
Ainda que a presente política de segurança pública lhes venha minando o
poderio, a verdade é que, dispondo de um suprimento aparentemente inesgo-
tável de armamento pesado e variado — incluindo até lançadores de foguete an-
ticarro, capazes de perfurar espessas blindagens de aço —, os criminosos
brasileiros podem realmente atacar qualquer local que lhes pareça atrativo ou
que, em determinado momento, abrigue algo de que lhes valha a pena apro-
priar-se.
Proteção perimetral
Uma das primeiras providências na organização de um bom sistema de
segurança para uma instalação é protegê-la de violações ou acessos não auto-
rizados, o que deve ser feito através de um eficiente sistema de proteção peri-
metral. A colocação de uma cerca tem por função proteger o local contra
acessos não autorizados, canalizando o fluxo de pessoas para que ingressem na
instalação por locais determinados. No caso de um aeroporto, essa proteção
deve ser forte e resistente o suficiente para impedir ou dificultar sua violação por
vândalos, delinquentes ou terroristas. Também estão envolvidos aspectos como
a iluminação da área, o sensoreamento e a detecção de ocorrências, a vigilân-
cia por circuito fechado de televisão, assim como um serviço de guarda, etc.
Cercar a área de um aeroporto é sempre trabalhoso e caro, e via de regra
envolve a adoção de muros, gradeamentos ou alambrados. Independentemente
de sua constituição, a cerca deve ser suficientemente alta para impedir sua fácil
transposição, sendo recomendada a altura mínima de 3,00m. Complemen-
tando a proteção, são empregadas concertinas de arame perfuro-cortante, de-
vendo também ser utilizados sensores que indiquem uma tentativa de intrusão.
Esses recursos de segurança eletrônica, em- Acima O acesso de veículos ao
bora de instalação dispendiosa, permitem Aeroporto Ben Gurion, em Tel
uma grande economia de efetivos de Aviv, é fortemente controlado
guarda, possibilitando que, em caso de (Foto: Hi-Tech Solutions).
qualquer tentativa de entrada não autori-
zada (por escalada, corte ou transposição de área sensorizada), se possa enviar
rapidamente para o local um grupo de pronta resposta.
Vários tipos de sensores perimetrais podem ser empregados para cobrir
grandes áreas lineares. Sensores ativos de raios infravermelhos que podem ser
instalados aos pares, no topo dos muros e grades, criam uma barreira invisível
capaz de detectar intrusões. Sistemas de detecção por microondas operam
como pequenos radares e são muito utilizados no interior das cercas duplas de
instalações prisionais. Cabos microfônicos são normalmente acoplados a cer-
cas e indicam o local onde a mesma sofra qualquer vibração atípica. Outro re-
curso que acompanha toda extensão de uma área murada ou cercada e permite
a detecção de qualquer intrusão é o sistema de detecção por cabo magnético en-
terrado (na realidade dois cabos, em paralelo). Os cabos são enterrados no solo
e criam um campo invisível que permite identificar quando e em que ponto se
passa sobre ele. Esse sistema, que em algumas instalações até prescinde de uma
cerca física, normalmente surpreende os intrusos desavisados, que, sem detec-
tar a presença de guardas ou de câmeras, jamais imaginam que terão sua pre-
sença notada.
No âmbito do funcionamento da instalação aeroportuária, também é im-
portante a disposição de acessos e os círculos de segurança. Talvez o exemplo
mais bem sucedido e rigoroso seja o do Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv. A
3km do aeroporto, em cada estrada de acesso, existem postos de controle com
seguranças armados, que monitoram e inspecionam o tráfego de veículos que
demandam o aeroporto. Considerando que, em Israel, no momento que uma
passagem de avião é vendida a informação do agente de viagens é comparti-
lhada para uma verificação de segurança junto aos arquivos da polícia, dos ser-
viços de inteligência e da Interpol, a polícia (e consequentemente a segurança
aeroportuária) saberá sobre a provável ameaça antes mesmo da pessoa chegar
ao aeroporto ou em quaisquer dos círculos externos de segurança. Alguém
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Acima Detalhe dos sobre quem paire alguma suspeita dificilmente
cabos magnéticos en- chegará à área interna do terminal. Os estaciona-
terrados no solo, con- mentos são segregados, e veículos não inspecio-
forme descrito no texto nados não podem se aproximar dos terminais. Há
(Foto: autor). guardas armados nos acessos e as bagagens sus-
peitas podem ser inspecionadas antes mesmo de
adentrar o prédio. No interior do saguão, agentes de segurança uniformizados e
à paisana circulam entre os passageiros. No check-in, as bagagens são novamente
inspecionadas nos raios–X e, em caso de quaisquer dúvidas, são abertas e sub-
metidas a testes específicos para a detecção de explosivos. Não se pode descuidar,
principalmente quando consideramos que, da forma que muitos aeroportos do
mundo inteiro estão configurados, os passageiros que desembarcam ou que estão
em uma conexão podem facilmente passar materiais para os que vão embarcar
e que já passaram por uma triagem.
A cobertura por circuito fechado de televisão é indispensável para prover
toda a segurança física da instalação aeroportuária, e possibilita acompanhar toda
a movimentação de pessoas e veículos em áreas públicas e restritas, o embarque
e o desembarque de passageiros e cargas, o trânsito de bagagem entre as esteiras,
os carrinhos de transporte e as aeronaves, permitindo também às autoridades
aduaneiras combater o contrabando e a evasão tributária. A adoção de um mo-
derno sistema de circuito fechado de TV, com ampla cobertura de câmeras fixas
e móveis, tanto em áreas internas quanto externas, permite exercer grande con-
trole sobre as áreas observadas, registrando em vídeo digital toda movimentação
nos setores e pontos monitorados, detectando possíveis situações de risco, além
de permitir uma identificação de modus-operandi e de autoria, no caso da cons-
tatação posterior de alguma irregularidade ou ato ilícito.
Num aeroporto, o sistema de circuito fechado de televisão deverá prover
ampla visualização das áreas de pista, cabeceiras, parqueamento de aeronaves
(tudo sem ângulos cegos) assim como permitir acompanhar o trânsito de veícu-
los auxiliares e comboios de carga durante toda a sua circulação (detectando even-
tuais paradas indevidas, manuseio irregular de cargas, etc). Como todos os
sistemas vitais de segurança da instalação aeroportuária, também o circuito fe-
chado de televisão deve contar com suprimento de energia de emergência por
gerador autônomo, do tipo No-Break. A vantagem na adoção de um sistema de
circuito fechado de televisão permanentemente monitorado consiste em pro-
porcionar informação em tempo real à chefia da segurança, facultando a possi-
bilidade de se tomar decisões que intervenham na minimização de um evento
indesejável de fraude, furto, roubo ou mesmo em casos de terrorismo.
Detecção de armas e explosivos
Num aeroporto, é importante investir na capacidade de detectar um passa-
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geiro mal intencionado. O pessoal de segurança não
pode se prender a estereótipos. É importante buscar
os alvos num ambiente de pessoas normais, bem tra-
jadas, mas cujo comportamento possa traduzir
algum indício de anormalidade. Não se trata apenas
de se fixar em semblantes fechados, indumentária
destoante ou volumes mal disfarçados sob a roupa; é
necessário perceber aqueles cuja linguagem corpo-
ral suscite desconfiança ou detalhes que passariam
despercebidos a observadores desatentos.
Em dezembro de 2001, o inglês Richard Reid,
que tentou explodir um avião com um sapato
bomba, aparentava sinais de nervosismo e embarcou
em Paris num vôo transatlântico para Miami sem
bagagem de mão! No Natal de 2009, Umar Farouk
Abdulmutallab, um nigeriano sobre o qual já havia
suspeição quanto a atividades terroristas, comprou
sua passagem em dinheiro e viajou de Amsterdam
para Detroit sem bagagem. O artefato explosivo, que
ele não conseguiu ativar, estava costurado em suas roupas de baixo e calças. Ainda
não existia equipamento para escaneamento corporal no aeroporto e seus ex-
plosivos, sem acionadores metálicos típicos, não poderiam ser detectados por
um arco detector de metais.
Hoje são comuns aparelhos de raios-X que, ao inspecionar bagagens, proje-
tam para o operador imagens coloridas do interior dos objetos inspecionados.
Diante da necessidade de agilizar os processos de busca pessoal em aeroportos, é
cada vez maior a quantidade de instalações que dispõem de caríssimos pórticos
escaneadores, capazes de revistar o corpo dos passageiros e verificar se os mesmos
transportam qualquer tipo de equipamento ou material proibido. Operando por
meio de raios-X ou por ondas milimétricas, tais equipamentos projetam uma
imagem da silhueta ressaltando metais, cerâmicas, vidros, líquidos, gelatinosos e
compostos orgânicos, permitindo rapidamente ao computador identificar ma-
teriais proibidos e revelá-los ao operador.
Espectômetros de mobilidade de íons, como o ITEMISTER, são equipa-
mentos que, a partir da emanação de micro-partículas dos diversos tipos de ex-
plosivos e de drogas, podem indicar a presença de tais substâncias nos volumes
mais insuspeitos. Normalmente, o inspetor, ao desconfiar de algum objeto, esfrega
nele um tipo de feltro indicador estéril para coletar sua mostra e depois deposita
o material no equipamento analisador. Em menos de 10 segundos se pode obter
uma resposta. Uma opção barata aos espectômetros, capaz de ser operada prati-
camente me qualquer local, é o kitde Sprays Detectores de Explosivos, fabricado
em Israel. Ele consiste num conjunto de três latas de aerosol, podendo detectar
tanto TNT e TNB como também explosivos como SEMTEX H, RDX, C4 e ou-
tros compostos contendo nitratos. Trata-se de um recurso com uma relação
custo/benefício altamente compensadora, podendo ser usado tanto na busca
como na investigação pós-explosão.
Coibir a sabotagem com bombas em aeronaves é difícil, mas não impossível!
O rádio-gravador com explosivos responsável pela destruição do Boeing 747 da
Pan Am em Lockerbie (Escócia, dezembro de 1988) não havia passado sequer
pelos raios-X, e estava no interior de uma bagagem desacompanhada. De qual-
quer forma, ainda que mecanismos explosivos possam ser revelados por raios-X,
um suicida não precisará de um cinturão bomba se puder dispor de um pequeno
frasquinho de nitroglicerina. Tal explosivo, que pode ser mantido estável numa
temperatura baixa e dissimulado de diversas formas, só com muita sorte vai ser
detectado. Hoje, informes de inteligência dão conta que terroristas estariam bus-
cando desenvolver implantes-bomba para dificultar ainda mais a detecção de tais
artefatos.
Considerações finais
É essencial antecipar-se ao perigo. Qualquer planejamento de segurança visa
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salvaguardar, contra um conjunto de ameaças pre-

visíveis, aquilo que é objeto de proteção. Via de
regra, só se pode fazer frente ao perigo ou adversi-
dade previamente identificados. Quando somos
surpreendidos pelo inesperado, há uma tendência
a improvisar soluções que nem sempre garantirão
a nossa incolumidade ou a continuidade de nossas
operações. O ideal sempre será não deixar aconte-
cer, e por isso há que se antever as possibilidades
de perigo, estabelecendo medidas para evitar que
tais adversidades aconteçam ou que, em caso ex-
tremo, permitam enfrentá-las com maiores chan-
ces de êxito.
Como em todo planejamento de segurança,
dever-se-á tentar prever e ensaiar a atuação dos
funcionários em caso de emergências, como ten-
tativas de ataque/invasão, incêndio, evacuação mé-
dica, distúrbios civis, etc. Como fazer em caso de
incêndio? Como proceder se alguém ficar aciden-
talmente preso num elevador? Como operar em segurança no caso de greve? naves, certos tipos de roubos, furtos e eventuais Acima Cabos magnéticos
Como agir se, no meio de uma “ocupação pacífica” das instalações por um grupo sabotagens, agora ele deve estar também capa- enterrados no solo criam
reivindicatório numeroso, houver uma tentativa de tomar a maior autoridade citado a dissuadir e a confrontar situações de um um campo invisível que
presente como refém? Como e por quais caminhos se pode evacuar o edifício? É risco muitíssimo mais grave, como o roubo a permite identificar quando
absolutamente imprescindível que todos (e não apenas os seguranças) saibam o partir de uma entrada forçada por numeroso e em que ponto se
passa sobre ele
que fazer nessas horas de emergência. A verdadeira segurança não é fruto de grupo armado, o sequestro de múltiplas aerona- (Foto: MicroTrack).
ações amadorísticas ou improvisadas, mas sim de um planejamento escrupuloso ves, o ataque contra o público por pistoleiros, ou
e de um trabalho contínuo, levado a cabo por profissionais disciplinados e bem mesmo um grande atentado a bomba.
treinados, em franca colaboração com o público interno consciente de seu papel. Profissionalmente, precisamos nos capacitar para lidar com ocorrências dessa
Em nosso país, ainda que procedimentos de segurança costumem ser bas- natureza. É mister mudar a maneira pela qual pensamos a nossa segurança. Cri-
tante negligenciados sob as mais diversas alegações, torna-se de grande impor- minosos ou terroristas, inteligentes e motivados, não se detêm ante um punhado
tância que possamos estar preparados para atuar em face de ações criminosas de de guardas com formação profissional precária e armados de revólveres calibre
ousadia e sofisticação crescentes. A situação em que hoje nos encontramos é ex- .38”. Portões fechados, muros altos, cercas, grades, detectores, alarmes e câmeras
tremamente benéfica para criminosos e terroristas, que descortinam grande li- de circuitos fechados de TV só se constituem em obstáculo intransponível para
berdade para suas ações. Na atual conjuntura, o êxito de qualquer atentado (ou as pessoas honestas. O reforço no policiamento ostensivo, com cães, veículos, he-
mesmo de um roubo espetacular) aqui dependerá apenas da sorte ou da mínima licópteros ou o emprego de grupos de forças especiais, policiais e militares, talvez
competência particular de seus executores. seja o aspecto mais visível da proteção contra criminosos e terroristas, porém não
Para nós, brasileiros, casos como os que hoje impressionam a opinião pú- se sobrepõe a um bom planejamento, ao emprego dos equipamentos adequa-
blica mundial podem beirar a ficção, mas não esqueçamos de que, embora a se- dos, bem como ao discernimento, treinamento e adestramento dos profissionais
gurança procure melhorar com o passar dos anos,
o problema é que de uma maneira geral existe uma
forte tendência natural (inclusive por parte das SEGURANÇA PERIMETRAL
próprias autoridades) de se menosprezar aquilo
que não se vê e "só muito raramente acontece", ou RECURSO MATERIAL VANTAGENS DESVANTAGENS
"só ocorre em outros países"; e são justamente essas
falhas as maiores responsáveis pelos êxitos dos cri- - Maior resistência contra - Alto custo por metro
minosos e terroristas quando do cometimento de uma entrada forçada (princi- - Dificultam a visibilidade in-
Muros palmente no caso dos muros terna ou externa
suas ações. O lado preocupante da “globalização”
de concreto)
para a segurança reza que aquilo de adverso que - Violação mais difícil
hoje acontece no exterior, poderá ser repetido
amanhã (ainda que com menor grau de sofistica- - Resistência - Alto custo
ção), contra "alvos" que estejamos protegendo no - Permitem visualização nos - Passíveis de corrosão pela
Brasil. Grades dois sentidos (interno e ex- exposição no ambiente
O ataque às Torres Gêmeas e todo o histórico terno)
de atentados que o sucedeu, bem como todas as - Violação mais difícil
informações e a crônica delitiva do nosso crime
organizado, alteraram radicalmente os parâmetros - Opção de mais baixo custo - Pouca resistência
- Fácil instalação - Violação mais fácil
que norteiam a segurança das instalações aero- Alambrados - Permitem visualização nos
portuárias. Se antes todo o plano de segurança dois sentidos (interno e ex-
existente (isso quando ele de fato existia aqui) es- terno)
tava voltado para prevenir o apresamento de aero-

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Acima Exemplo de que estivermos empregando no Brasil, a fim de ver- Acima Kit EXPRAY, com muito bem suas ações, observando vulnerabili-
sensor infravermelho dadeiramente nos garantir num mundo muito mais três latas de spray, para dades e anotando os erros, tanto daqueles que
ativo (Foto: autor). inseguro do que aquele com que sonhávamos para o identificação de explosi- são encarregados de proteger quanto daqueles
século XXI. vos (Foto: Plexus Scientific que desfrutam dos esquemas de proteção. Como
Na busca incessante por maior segurança, todo auxílio é bem-vindo. Um Corporation). os responsáveis pelas ações adversas também se
bom exemplo é o fato de que em 2004 as autoridades e policiais britânicos en- aperfeiçoam, o público deve ser compreensivo e
carregados da segurança do aeroporto de Heathrow engajaram o apoio da co- entender que os inconvenientes de um exame cuidadoso pela segurança são algo
munidade dos “spotters”, entusiastas da aviação que assiduamente lamentável, mas necessário, se queremos sobrepujar criminosos e terroristas.
frequentam aeroportos para tomar fotos e anotar matrículas e movimentos. Hoje, de maneira geral, nós apenas tendemos a fingir que temos a se-
Pela sua atividade, conhecem a rotina do funcionamento e portanto estão gurança que nos serve, mas essa tranquilidade ilusória só durará até mo-
habilitados a detectar sem dificuldades algo que seja “fora do comum”. Assim, mento que o destino nos proporcione um revés suficientemente grande
foram cadastrados e convidados a colaborar com a segurança, comunicando para não permitir que se ludibrie
às autoridades qualquer atividade suspeita ou incomum. a todos os que, na mídia e na opi-
Abaixo A presença nos aeroportos
Em todo modal aeronáutico é importante que as pessoas se sintam seguras, nião pública, certa ou errada- brasileiros de grandes empresas aé-
mas tal sensação, indispensável para a execução das rotinas de deslocamentos e mente sempre continuarão a reas norte-americanas pode se
mesmo do trabalho de pessoas em aeronaves e aeroportos, apenas perdurará até cobrar as cabeças de quem quer constituir num chamariz para o ter-
a primeira ocorrência adversa, que demonstrará a inadequação da segurança em que detenha responsabilidade rorismo fundamentalista islâmico e
si. Terroristas e criminosos não costumam deixar-se enganar, até por planejarem pela segurança. n anti-americano (Foto: D. Carneiro).

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