A lírica galaico-portuguesa é a primeira manifestação da nossa literatura. A sua
produção ocorreu entre finais do século XII e meados do século XIV. Os textos dividem-se, basicamente, em três grandes categorias: cantigas de amigo, de amor e de escárnio e maldizer. Os autores destas formas poéticas designavam-se trovadores e criavam-nas para serem cantadas. As cantigas de amigo são composições poéticas de temática amorosa. O sujeito poético é uma jovem apaixonada que exprime o sentimento amoroso, os afetos e as emoções, que tem uma forte relação com a Natureza, sua confidente, no mesmo plano da mãe ou das amigas. As cantigas de amor, também de temática amorosa, diferem das anteriores, já que o sujeito lírico é agora um homem que presta homenagem à beleza da amada através do elogio cortês e sofre a coita de amor com a indiferença desta. Se nas cantigas de amigo encontramos, por vezes, o amor realizado e a alegria de amar, nestas deparamo-nos com um amor idealizado e impossível. As cantigas de escárnio e maldizer são de natureza satírica. A crítica pode recair sobre inúmeros aspetos da vida social; desde a própria literatura e os seus agentes até traições políticas, infidelidades, modos de vestir, miséria de certos cavaleiros presunçosos. A linguagem é, por vezes, insultuosa e o alvo dos ataques pode ou não ser mencionado. Estas composições poéticas, de temática amorosa ou satírica, continuam a atrair o leitor de hoje. <