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A hermenêutica jurídica de Gadamer

Ana Maria D’Ávila Lopes

Sumário
1. Evolução histórica do conceito de ciên-
cia jurídica. 2. A teoria hermenêutica de Ga-
damer. 3. A hermenêutica jurídica de Gada-
mer. 4. O papel do juiz segundo a hermenêu-
tica de Gadamer.

A sujeição do juiz à lei já não é, como


no velho paradigma positivista, sujeição
à letra da lei, seja qual for o seu significado,
senão sujeição à lei enquanto válida. A
validade, por outro lado, já não é um
dogma ligado à simples existência formal
da lei, senão uma qualidade contingente
ligada à coerência de seus significados,
coerência mais ou menos discutível e
sempre remetida à valorização do juiz.
Dessa maneira, a aplicação da lei é um
juízo sobre ela, tarefa que corresponde ao
juiz junto com a responsabilidade de
escolher o único significado válido para o
caso. O juiz nunca deve ter uma opção
acrítica e incondicionada1 .
Nesse sentido, a importância do
estudo da teoria hermenêutica jurídica de
Gadamer é fundamental para a análise da
nova visão do Direito contemporâneo,
pois, como ele afirmou, a hermenêutica
jurídica permitirá uma aplicação mais
justa do Direito, “afinando la sensibilidad
jurídica que ha guiado la interpretación” 2 .
Ana Maria D’Ávila Lopes é Mestre em Hans-Georg Gadamer publicou sua
Direito Constitucional pela UFMG, Doutora em grande obra “Verdade e Método” em 1960,
Direito Constitucional pela UFMG e Professora livro que reflete, em certo modo, a influên-
de Direito Constitucional na UPF- RS. cia recebida de seu mestre Heidegger, pois
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desenvolveu “um interesse filosófico pelo 1. Evolução histórica do conceito de
diálogo com a tradição, com as línguas e ciência jurídica
as culturas distantes, e refletiu sobre as
Antonio de Osuna, no seu livro sobre a
condições históricas e filosóficas da
Hermenêutica Jurídica7, faz uma interes-
compreensão e da interpretação” 3 .
sante análise da evolução do problema
Em “Verdade e Método”, Gadamer
gnoseológico e epistemológico do Direito.
expõe uma nova teoria da experiência
A transformação da ciência ocidental
hermenêutica que vá além da tradicional
durante os séculos XVII e XVIII em uma
concepção que a equipara a uma metodo-
ciência racionalista, metodológica e siste-
logia científica. No prólogo à segunda
mática repercutiu no Direito, que até
edição do livro, refere que: “ no era mi
então tinha-se limitado a ser uma ciência
intención componer una ‘preceptiva’ del
cujo conteúdo era o estudo filológico e
comprender como intentaba la vieja herme-
gramatical de textos antigos, para trans-
néutica. No pretendia desarrollar un sistema
formar-se em uma construção racional e
de reglas para describir o incluso guiar el
abstrata, com pretensões de rigidez mate-
procedimiento metodológico de las ciencias
del espíritu” 4. Sua verdadeira pretensão era mática, provocando o surgimento, no final
filosófica: “no está en cuestión lo que do século XVIII e começos do XIX, de um
movimento codificador que pretendeu
hacemos ni lo que debiéramos hacer, sino lo
converter o vigente Direito sistemático e
que ocurre con nosotros por encima de nuestro
querer y hacer” 5. A hermenêutica deixa de racional em uma estrutura universal e de
ser um método para tornar-se uma onto- permanente valor conceptual.
logia, o modo de “ser do homem”, o modo Nesse sentido, surge, por um lado, a
de “compreender”, de “conhecer”, desva- “Escola da Exegese”, na França, que tinha
lorizando, dessa maneira, a teoria positi- como objetivo introduzir uma ordem e um
vista, derivada da rígida posição objetivista método no movimento codificador da
e absolutista da Ilustração, que eleva a época e dar continuidade às condições
razão a um status de inquestionabilidade surgidas na revolução, que indubita-
e inatingibilidade. Para Gadamer, entender velmente favoreciam à burguesia; e, por
e compreender um texto é um modo de outro lado, a “Escola Histórica de Direito”,
contribuir à cultura da humanidade e até na Alemanha, onde não existia uma
mesmo à autocompreensão do próprio burguesia interessada em reter o poder e
indivíduo. manter as condições sociais, senão que,
A teoria da hermenêutica jurídica é pelo contrário, pretendia questionar e
estudada por Gadamer porque apresenta reformar os pressupostos de um Direito
um modelo de aplicação ideal para qual- despótico, baseado num excessivo forma-
quer ciência do espírito, “cuando el juez se lismo e racionalismo.
sabe legitimado para realizar la complemen- Foi esta última visão do Direito a que
tación del derecho dentro de la función judicial trouxe novas reflexões e indagações a
y frente al sentido original de un texto legal, respeito da sua cientificidade e sobre uma
lo que hace es lo que de todos modos tiene possível relação com a realidade cultural
lugar en cualquier forma de comprensión” 6 . e filosófica na qual se desenvolvia.
Ainda que sua real intenção não fosse Seguindo essa linha de pensamento, a
desenvolver uma hermenêutica jurídica, Escola Histórica fundou sua nova concep-
no seu livro, encontramos várias referên- ção de ciência jurídica. Não existe nenhum
cias a ela e ao fundamental papel do juiz fato isolado nem autônomo, mas é a
na aplicação do Direito, referências que história o vínculo orgânico no qual se
analisaremos. relacionam todas as coisas. Savigny, o
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principal representante dessa corrente, convicção firme, não era o suficientemente
afirmava que compreender o presente é válida para fundar uma legislação uni-
igual a desenvolver as possibilidades do versal e, muito menos, para impor uma
passado. A criação do Direito segue uma visão em particular.
linha contínua de progresso e evolução, O tema central do problema, a justi-
sendo um erro definir o Direito como ficação do Direito vigente por meio da
absoluto e válido para sempre, como assim história, ficou sem ser esclarecido, assim
era entendido pelo antigo Direito natural. também a forma como deveria ser a
O processo histórico do Direito segue o interpretação dessa história para obter
caminho da construção da história do uma ciência correta do Direito.
povo em que se desenvolve. Dessa ma- Por último, a definição do Direito como
neira, a ciência jurídica é uma importante uma ciência dogmática e histórica originou
fonte de progresso, mas, antes, é preciso uma discussão que repercutiu em todo o
captar o seu “sentido”, para o qual era âmbito científico. Se por um lado determi-
necessário, em primeiro lugar, reproduzir nava-se que o Direito era uma ciência
em nós a “idéia original” da norma e, em dogmática, formalista e racionalista, pelo
segundo lugar, considerar os fatos his- outro, e em sentido oposto, proclamava-
tóricos e o sistema em que a norma está se a sua natureza orgânica e vital, rela-
inserida. cionada com a evolução histórica, criando
Foi, contudo, na escolha dessa metodo- uma aparente contradição. Finalmente,
logia para a análise da ciência jurídica que que tipo de ciência era a ciência jurídica?
essa Escola cometeu um grave erro, pois No fim do século XIX, Dilthey desen-
se dedicou simplesmente a investigar volveu uma nova teoria sobre as ciências
historicamente o Direito e não, como que não podiam experimentar-se ou
deveria ter sido correto, utilizar sua observar-se empiricamente (como no caso
história para compreendê-lo na atualidade. da história, da ética, da lingüística, da
O erro foi reduzir o seu objeto a uma ciência jurídica, entre outras), cujo objeto
investigação “arqueológica” do passado, era a realidade histórico-social da vida
tornando numa dogmática formalista e humana. Dilthey chamou-as ciências de
conceptualista, afastada do seu contexto “ciências do espírito” em contraposição às
atual. O espírito do povo desaparecia físico-naturais. Assim, também, intro-
como interlocutor da criação do Direito, duziu um novo termo para o conceito de
para dar lugar a evocações retóricas e entender, o “compreender”, para designar
românticas da história. A finalidade da o conhecimento próprio daquelas ciências
interpretação era reconstruir o pensamento do espírito; enquanto, para as ciências dos
contido na lei, deixando de lado qualquer fenômenos sensíveis da natureza, utilizou
fundamentação epistemológica da per- o termo “explicar”, “explicamos a naturaleza,
cepção histórica do passado em relação ao pero comprendemos (verstehen) la vida del
Direito atual ou a forma de aceder à sua espíritu” 8. Compreender seria a captação
essência, tema que seria o propriamente do profundo e, nesse sentido, a hermenêu-
científico no Direito. tica deixava de ser simplesmente explica-
A rejeição ao Direito natural racio- tiva para ser a compreensão da realidade.
nalista e abstrato obrigou Savigny, influen- Por outro lado, a distinção feita por
ciado seguramente pelo idealismo alemão, Dilthey colocava a ciência jurídica sob o
a propor um conhecimento intuitivo da paradigma próprio das “ciências do
história do Direito, privando-o do rigor e espírito”, desde que, no Direito, “subsiste
da universalidade da razão, pois, embora sin confusión lo histórico-vital y lo organi-
a intuição fosse capaz de gerar uma zativo social ” 9 . Assim, o Direito estaria
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referido a sistemas de cultura e à organi- filosofia em todos os seus aspectos. Essa
zação da sociedade, em que o axiológico “nova” ciência, chamada Dogmática
não poderia ser descartado. Jurídica, caracterizou-se por definir os
Desenvolvendo esta última idéia, e sob seus princípios desde uma realidade
a influência de Rickert e Lask, Radbruch “positiva” do Direito e dos fenômenos
definiu a ciência jurídica como a formali- jurídicos, enunciando leis válidas para a
zação dos valores existentes no Direito, e interpretação, aplicação e complemen-
não apenas como o estudo formal dos tação do Direito, entendendo este como um
valores jurídicos, provocando o fim do sistema. Os seus princípios seriam dogmas
predomínio da concepção positivista que ou verdades axiológicas com a estabilidade
deixava de lado qualquer conteúdo ético e rigidez das leis naturais, sem ter que
ou social. A ciência jurídica era interpre- fundar-se em outro saber superior, rejei-
tada como um fenômeno cultural e como tando qualquer outra consideração teórica
a ciência dos valores que dirigiam sua ou filosófica do Direito. Tratava-se de um
criação, em contraste com a anterior positivismo formalista e conceptualista
concepção dogmática do Direito. em oposição ao anterior positivismo
Já no começo deste século, desenvolve- filosófico.
ram-se teorias neopositivistas da ciência A insuficiência desta ciência, a Dogmá-
jurídica, as que, retomando o positivismo tica Jurídica, era clara. Construir uma
do século XIX, questionaram o caráter ciência sem fundamentos teórico-filosófi-
axiológico, não-positivista, da ciência cos é o mesmo que criar uma praxis sem
jurídica ou de qualquer outra ciência. A teoria que a sustente. Precisa-se justificar
única base correta de todo conhecimento o conteúdo e a aplicação das leis. A
seria a experiência dos dados sensíveis, e interpretação do Direito não pode limitar-
não proposições tautológicas ou meta- se a critérios formalistas ou prescindir dos
físicas; dessa maneira, o único no qual, por condicionamentos sociais, culturais ou
exemplo, a filosofia poderia “ajudar” seria éticos em que se desenvolve11 .
na análise lógica-lingüística das propo- A interpretação da lei, ou a busca do
sições, por meio da lógica formal, isto é, a seu “sentido”, como diria Savigny, não
análise da linguagem “formalmente
pode ser um problema metodológico ou de
correta”. Kelsen10 foi o mais importante
simples técnica jurídica. É um problema
representante dessa corrente, colocando o
filosófico, pois a interpretação tem muito
Direito num lugar privilegiado diante das
que ver com a historicidade e a faticidade
outras ciências morais. Assim, também,
de qualquer conhecimento, teoria que
diferenciou as ciências naturais, regidas
amplamente demonstrará Gadamer.
pelo princípio de causalidade, das norma-
tivas, regidas por uma imputação do
“dever ser”, mas deixou claro que a 2. A teoria hermenêutica de Gadamer
condição de ciência decorria da sua Em “Verdade e Método”, Gadamer,
“positividade”, ou seja, de não admitir acompanhando os ensinamentos de seu
outro conteúdo material que não fosse o mestre Heidegger, que definia a compre-
empiricamente comprovável. A ciência ensão como forma de definição do “ser”
jurídica deve limitar-se a explicar empiri- (o chamado “giro hermenêutico”), vai
camente o Direito como é, sem tentar expor uma teoria a respeito da natureza
justificá-lo ou criticá-lo. ontológica da experiência humana iden-
O positivismo construiu um novo tificando-a com a compreensão, “compren-
conceito de ciência com a intenção de ser der e interpretar textos no es sólo una
o verdadeiro e definitivo, substituindo a instancia científica, sino que pertenece con
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toda evidencia a la experiencia humana del é absoluta (aliás, não existe nada absoluto),
mundo” 12. Ainda mais, Gadamer irá além senão que só existe como real e histórica,
desses ensinamentos e afirmará a pertên- pois está referida ao contexto no qual se
cia do intérprete à compreensão histórica. exerce.
No compreender histórico, há uma auto- O novo conceito do compreender
revelação do próprio existir no mundo e repercutirá na dinâmica do conhecimento
um “como” revelar-se à própria identidade sujeito-objeto, entendidos até então como
temporal e finita. O existir é um compre- pólos opostos. O dualismo sujeito-objeto
ender e um interpretar13 . transformar-se-á em uma nova fenomeno-
Com Gadamer, a hermenêutica se logia do “estar ali”, concentrando-se numa
transformará de simples técnica de com- só referência histórica. Nesse sentido,
preensão das ciências do espírito (segundo Gadamer rejeita a pretensão de “se colocar
Dilthey) em uma ontologia do intérprete no lugar de outro” para compreender algo,
e de seus condicionamentos existenciais. pois o existir está sempre mediatizado pelo
A compreensão, a interpretação e a aplica- tempo e pelos condicionamentos próprios
ção, que eram três momentos diferentes de cada um. Eu só posso compreender
segundo a antiga hermenêutica, sob a desde meu tempo e desde minha condição
teoria de Gadamer adquiriram caráter singular. Se eu estivesse no lugar do outro,
indivisível14 . já não seria minha compreensão enquanto
Outra diferença importante entre a acontecer histórico distinto16 .
antiga hermenêutica e a nova é que aquela Assim, o espaço que separa as pessoas
considerava a interpretação dos fenô- será preenchido pela compreensão. É o que
menos históricos um verdadeiro problema se chama de “fusão de horizontes”, sendo
devido à “distância temporal” que existia que horizonte é o âmbito de visão existente
entre o passado e sua compreensão atual, desde um ponto determinado da história,
sem entender que é justamente essa ou seja, o resultado dialético do contraste
“historicidade” o que nos permite compre- do passado como o presente. Tal hori-
endê-los melhor 15 . Mas não devemos zonte, na medida em que desenvolvemos
confundir essas idéias com as da Escola nossos pessoais preconceitos e geramos
Histórica, pois Gadamer teve especial novos espaços de compreensão, nunca se
cuidado no momento de acolher alguns esgota, nem se estabiliza, pois evolui sem
dos pontos mais importantes dessa corrente fim. Dessa maneira, a compreensão que se
e descartar outros; lembre-se que a Escola realiza mediante o diálogo hermenêutico
Histórica não conseguiu liberar-se dos implica fundir o meu horizonte histórico
ideais da Ilustração, segundo os quais a com o do outro, ganhando um novo; isto é,
razão era a explicação de toda realidade não só conhecer o horizonte do pensamen-
e que não estava sujeita a nenhum pres- to do outro, senão inter-relacionar os hori-
suposto real. Assim, se num primeiro zontes próprios e os alheios para dar ori-
momento esse historicismo pareceu con- gem a uma nova expressão dos fatos.
trariar os ideais da razão absoluta, acabou Esse diálogo hermenêutico, por outro
sendo “prisioneiro” de seus dogmas, lado, realiza-se dentro da própria cons-
transformando a crítica histórica em ciência da “história efetual”, ou seja,
critério supremo de verdade e assumindo dentro da constituição objetiva da cadeia
o princípio do absoluto objetivismo his- de interpretações feitas sobre o mesmo
tórico que afasta qualquer preconceito texto. A consciência da historicidade do
decorrente da tradição ou do costume. A texto que o intérprete tem forma parte, por
teoria hermenêutica de Gadamer critica sua vez, da história efetual do próprio
essa posição e argumenta que a razão não texto, porque toda compreensão é histórica
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e todo entender se incorpora ao processo compreensão que o intérprete tem do texto,
histórico, independentemente da vontade enquanto depois aquela retorna já modi-
do intérprete. A história efetual opera, ficada. Isso é o “círculo hermenêutico”.
conscientemente ou não, em toda compre- Essa idéia da circularidade da compre-
ensão, condicionando e controlando a ensão foi desenvolvida originariamente
fusão de horizontes 17 . por Schleiermacher para expressar a
A efetualidade do texto é uma me- relação recíproca entre o singular e o todo,
diação necessária entre o intérprete e o entre o particular e o geral. Um texto é
histórico como histórico. Talvez o prin- entendido na sua totalidade a partir da
cipal erro da Escola Histórica tenha sido compreensão de cada uma das suas partes,
precisamente não perceber a própria as que, por sua vez, geram uma nova visão
historicidade da compreensão. Aquela do todo, porém, são só dois momentos de
pretensão de resgatar o sentido original do um único acontecer.
texto ou a intenção do autor, além de Heidegger acompanha essa idéia do
impossível, era totalmente imprática. processo circular outorgando-lhe uma
O Historicismo pensou que a distância maior importância na sua teoria sobre a
no tempo era uma barreira que impossibi- natureza ôntica da compreensão. Nesse
litava a compreensão e que só poderia ser sentido, salientou a relevância da interpre-
superada com a ajuda de metodologias tação como o desenvolvimento das possi-
adequadas que permitissem a transfe- bilidades abertas do “estar ali”. O compre-
rência do intérprete ao passado. Mas ender é um “ver em redor”, e sua funda-
Gadamer demonstrou que, pelo contrário, mentação reside no “ter prévio”, isto é, na
essa distância no tempo era precisamente pré-compreensão do intérprete. Toda
fator que permitia a compreensão. O interpretação está prefixada no “previa-
tempo não é um obstáculo para compre- mente poseído, previamente visto y lo
ender o passado senão o autêntico âmbito previamente ideado” 20. Não existe interpre-
em que se realiza. Só quando as coisas se tação sem pressupostos ou sem precon-
captam com perspectiva e distância é que ceitos, pois são condicionamentos prévios
podem adquirir o seu verdadeiro sentido, do “estar ali”.
entanto o juízo imediato dos fatos muitas Gadamer retoma esses pensamentos e
vezes é deformado pela proximidade 18 . reconstrói o conceito de preconceito, outor-
Cada nova leitura de um texto é uma gando-lhe um caráter essencial dentro da
leitura diferente, pois cada época o enten- sua teoria hermenêutica, eliminando, as-
derá segundo o seu próprio interesse sim, a carga negativa de juízo antecipado
objetivo e suas circunstâncias. Dessa que tinha adquirido durante a Ilustração.
maneira, a interpretação de um texto A idéia de um conhecimento do passado
superará sempre a seu autor, “ por eso la com- por meio da razão pura, sem mediação da
prensión no es nunca um comportamiento re- própria tradição do intérprete, será rejeita-
productivo, sino que es a su vez siempre da claramente,
productivo” 19. “¿estar inmerso en tradiciones significa
Para a compreensão de um texto, então, real y primariamente estar sometido a
será necessário estar “aberto” à opinião do prejuicios y limitado en la propia
autor, pois o texto expressará sua opinião, libertad? ¿no es cierto más bien que
a que, embora não coincida com a minha, toda existencia humana, aún la más libre,
deverá ser “escutada” se se quer acrescen- está limitada y condicionada de muchas
tar algo à própria compreensão. maneras?.(...).Para nosotros la razón
É um processo que se carateriza por sua no es dueña de sí misma sino que está
circularidade, pois tem o seu começo na pré- referida a lo dado en lo cual se ejerce” 21.
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Aliás, irá mais longe ao afirmar que: “los na participação essencial do intérprete. Por
prejuicios de un individuo son, mucho más outro lado, pretender que o intérprete pos-
que sus juicios, la realidad histórica de su sa realizar uma interpretação absolutamen-
ser”22. Por outro lado, o reconhecimento da te objetiva ou pura de um texto, isto é, que
historicidade de toda compreensão per- possa reconstruir o seu sentido originário,
mitirá distinguir os “verdadeiros” dos significa não ter entendido nem percebido
“falsos” preconceitos, de modo que estes a historicidade de toda compreensão (a his-
últimos sejam descartados para permitir tória efetual do texto), nem que os precon-
um acesso objetivo ao texto, isto é, a ceitos do intérprete estão inseridos, quei-
confrontação da história efetual do texto ra-se ou não, no processo interpretativo,
com a própria tradição do intérprete “uma compreensão, por mais controlada
significará tirar toda força ao falso precon- que seja, não consegue simplesmente ul-
ceito, eliminando-o. trapassar os vínculos da tradição do intér-
Resumindo, a pré-compreensão, cons- prete” 24. Aliás, o texto é irrepetível até mes-
tituída por preconceitos, será a condição mo para o próprio autor-produtor desse
prévia para a compreensão de um texto, ou texto, porque do próprio pensamento e das
seja, o “pano de fundo” (background) que idéias, uma vez elaboradas e concluídas,
permitirá compreender. Nesse sentido, somos intérpretes 25 .
cada vez que um texto seja compreendido, A verdade de um texto não estará na
a pré-compreensão se modificará. Cada submissão incondicionada à opinião do
nova leitura de um texto será diferente, autor nem só nos preconceitos do intér-
não necessariamente melhor, senão sim- prete, senão na fusão dos horizontes de
plesmente diferente, devido não só a que ambos, partindo do ponto atual da história
a pré-compreensão se modifica a cada do intérprete que se dirige ao passado em
que o autor expressou-se. O intérprete não
leitura, senão que a própria história efetual
realiza apenas uma atividade “reprodu-
do texto é, por sua vez, modificada23.
tiva” do texto, senão que o atualiza de
Mas essa nova teoria hermenêutica não
acordo às circunstâncias do momento, por
propõe como suficiente o saber prévio do
isso fala-se do seu labor “produtivo” 26. A
sentido original do texto para a sua
importância da teoria hermenêutica de
aplicação posterior. Isso seria igual a
Gadamer é ter demonstrado que toda
esquecer a tensão existente entre o sentido
interpretação é a compreensão atual do
original e o atual. Não existe uma compre-
passado.
ensão originária e logo uma aplicação. O
O problema que surge é determinar se
intérprete incorpora sua própria situação é possível falar de uma verdadeira com-
histórica na compreensão histórica do preensão. Isto é, se a compreensão tem
texto, configurando, só nesse momento, o uma natureza ontológica e depende
“sentido originário”. Um texto não existe essencialmente da participação do intér-
autonomamente, independente de uma prete, cuja tradição faz parte da interpre-
interpretação, senão que precisa do intér- tação do texto, questiona-se como é
prete para ter “vida”. O círculo hermenêu- possível um dever ser da verdade da
tico implica um processo circular entre a hermenêutica.
tradição do intérprete e a do texto; não é Gadamer retoma o pensamento aristo-
possível falar de uma reconstrução do télico sobre o saber moral, definido como o
passado como passado, porque signifi- saber que se refere ao próprio sujeito
caria entender a compreensão como era conhecedor e o relaciona à sua atividade
entendida no século XIX, significaria não humana, para aplicá-lo às ciências do
reconhecer a sua natureza ôntica refletida espírito cujo objeto não é saber algo alheio,

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senão saber sobre “si mesmo”, sobre algo a lo que aporta sobre este texto la experiencia
próximo e comprometedor, “...las ciencias actual del mismo” 31.
del espíritu forman parte más bien del saber Por último, Gadamer ressalta o papel
moral. Son ‘ciencias morales’. Su objeto es el essencial da linguagem no âmbito da sua
hombre y lo que éste sabe de sí mismo” 27 . teoria hermenêutica, pois constitui a
O saber moral, segundo Aristóteles, é mediação total da experiência do ser, “é
uma autoconstrução da pessoa. “El hombre assim que a linguagem passa a ser –
se convierte en tal sólo através de lo que hace y historicamente – a estrutura ontológica
como se comporta” 28. O “melhor” do homem desse ser histórico que é o homem, ser
somente se manifesta na concretização da dialógico por natureza”32. A linguagem é
situação prática na que se encontra; dessa primariamente o mundo interpretado pelo
maneira, o saber moral do intérprete deve homem, é o acontecimento interpretativo
compreender o que essa situação exige da realidade. A lingüística oferece o meio
dele29. A sabedoria moral implica um “bom de universalizar nossa razão histórica,
senso” (phrónesis) que permite distinguir estética ou jurídica, isto é, o meio de aceder
o eqüitativo, ou seja, o que está de acordo a uma teoria geral da interpretação. Dessa
com a verdade. Gadamer usará essas idéias, maneira, Gadamer propõe uma hermenêu-
mas, para aplicá-las a sua teoria herme- tica universal que abrange toda relação do
nêutica, assim, o “bom senso” será o homem com o mundo, “el lenguaje es un
equivalente ao juízo compreensivo, onde centro en el que se reúnen el yo y el mundo, o
compreender é “sentir” o “alheio” como se mejor, en el que ambos aparecen en su unidad
fosse “nosso”, num caso singular. O dever originaria” 33. A linguagem não é apenas
ser da verdade numa ciência do espíri- um instrumento pelo qual compreendemos,
to será, assim, igual ao “bom senso” do senão a estrutura ontológica desse ser
saber moral. histórico, “un ser que se comprende es
Por outra parte, se a hermenêutica é lenguaje” 34. A teoria da ontologia herme-
uma experiência dialética, na qual a nêutica converte-se também numa onto-
experiência é simplesmente a manifes- logia lingüística.
tação da finitude do “estar ali”, e o diálogo,
entre a tradição do intérprete e história 3. A hermenêutica jurídica de Gadamer
efetual do texto, é conseqüência de seu No seu livro “Verdade e Método”,
caráter de fenômeno moral, a verdade Gadamer desenvolve, também, uma her-
“acontecerá”, então, no encontro entre menêutica jurídica, pois nela encontra o
“sujeito” e “objeto”, na mediação entre o modelo de relação entre o passado e o
presente e o passado, cuja distância não é presente que procurava para as ciências
um vazio, mas a presença dos efeitos, isto do espírito35.
é, da tradição. A função normativa do Direito é
O diálogo com o passado é uma atitude regular os comportamentos dos cidadãos
de “abertura” ao outro, é a disponibilidade e das instituições da vida social, sendo
de aceitar sua “verdade”, porém não é indispensável a compreensão interpreta-
uma relação de domínio, senão um “mutuo tiva da norma, “interpretar normas es
escuchar” 30. A estrutura dessa abertura é regular comportamentos”36 . Mas a com-
de uma lógica de perguntas, em que o preensão do Direito só será possível por
intérprete interroga ao texto, o qual, por meio da aplicação da norma a uma situação
sua vez, oferece diversas respostas. Dessa jurídica concreta, “comprender es, entonces,
maneira, pode-se afirmar que: “lo que autor un caso especial de la aplicación de algo
pretendia decir en el texto (la mens auctoris) general a una situación concreta y determi-
es um sector muy pequeño y de inferior valor nada” 37. Isso devido a que as situações que
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acontecem na vida social e que requerem a pergunta daquele. Esse movimento circu-
sua regulamentação pelo Direito são lar faz com que a norma “fale” mais,
muitas e diferentes; assim, cada nova enquanto mais clara seja a pergunta, e, por
situação irá requerer uma nova aplicação outro lado, permite que o intérprete
da norma, pois a sua generalidade e sua acrescente cada vez mais sua pré-compre-
historicidade impedem uma aplicação ensão à interpretação, enquanto maior
imediata. No Direito, não existe um seja o significado que a norma “revele”.
processo interpretativo independente da Isso implica que nenhum intérprete pode
aplicação da norma, já que só nesse pretender reconstruir a intenção do
momento é possível compreender todo o legislador sem assumir que sua própria
seu sentido, é ali que se fundamenta sua pré-compreensão faz, por sua vez, parte
validade38. Compreensão, interpretação e desse processo interpretativo, produzindo
aplicação não são três momentos autôno- a cada nova leitura um novo sentido,
mos, mas interdependentes. A autonomia “nunca se resaltará suficientemente que la
interpretativa só existiria se se entendesse interpretación es una nueva lectura de las
a aplicação jurídica como uma simples sub- normas jurídicas y que cada caso será una
sunção da norma ao caso concreto, afasta- nueva aplicación, algo como si el derecho
da da sua historicidade. reverdeciera cada vez que es aplicado o
Gadamer resgata a importância da com- cumplido” 42; por outra parte, também não
preensão histórica, mas adverte que é ape- poderá esquecer-se da história efetual da
nas um meio39. norma, isto é, da sua tradição. Dessa
A compreensão histórica da norma maneira, não se pode falar de uma “ver-
pretende renovar a sua efetividade histó- dade” na interpretação, como se fosse um
rica em relação a uma nova situação, e não conhecimento fixo ou pré-existente à
simplesmente reconstruir a intenção compreensão, mas se trata de uma “ver-
original do legislador, atitude que seria dade” construída dialógica, consensual e
igual a tentar reduzir os acontecimentos procedimentalmente. Segundo Gadamer,
históricos à intenção dos protagonistas. A a verdade, “se desplaza insensiblemente al
historicidade da norma, igual a em qual- ámbito de la situación del sujeto investigador
quer outro texto, não é uma restrição a seu y de las finalidades de la misma ciencia” 43. A
horizonte, senão que, pelo contrário, a pretensão reguladora de uma norma deve
condição que permite sua compreensão. ser entendida como o início de todo um
No Direito, essa condição se manifesta por processo interpretativo e aplicativo.
meio do vínculo que existe entre a pessoa
obrigada e a norma, vínculo que afeta a 4. O papel do juiz segundo a
todos por igual, e não faz da lei uma hermenêutica de Gadamer
propriedade pessoal do legislador40. A aplicação do Direito é sem dúvida
A real finalidade da hermenêutica um dos temas mais discutíveis no mundo
jurídica é “encontrar o Direito” (seu jurídico, pois surge diante de nós o cons-
sentido) na aplicação “produtiva” da tante conflito entre a justiça e a segurança
norma, pois a compreensão não é um jurídica. Por um lado, a justiça que obriga
simples ato reprodutivo do sentido origi- o juiz a encontrar a solução correta do caso
nal do texto, senão, também, produtivo41 . concreto e, por outro lado, a segurança do
O processo hermenêutico, cuja estrutura ordenamento que o sujeita à lei positiva.
é circular, exigirá que o intérprete perma- O paradigma positivista de inícios
neça aberto para “escutar” a mensagem deste século caraterizou-se por seu rígido
da norma, a que, por sua vez, procederá formalismo e pela ausência de qualquer
como se estivesse respondendo a uma fundamento teórico-filosófico, exigindo,
Brasília a. 37 n. 145 jan./mar. 2000 109
assim, a sujeição do juiz a critérios estri- comportamento gerais da moral (embora
tamente formalistas na aplicação da lei, não codificadas, estão determinadas e têm
prescindindo dos condicionamentos sociais, caráter vinculante). Nesse sentido, o juiz
culturais ou éticos do seu meio. A segurança tem de usar o seu “bom senso” (phrónesis)
jurídica tinha evidentemente a primazia. para a correta aplicação da norma, o que
Já no período pós-guerra, essa posição implica abandonar o velho paradigma
foi duramente questionada, surgindo uma positivista da subsunção para assumir o
clara reação contra os dogmas da sujeição que é mais importante: a procura de um
absoluta do juiz à lei positiva, assim como Direito melhor. Assim, quem aplica a
da concepção mecânica da aplicação do norma em uma situação concreta poderá
Direito. Desde um aspecto político, foi estar obrigado, seguramente, a fazer
questionado o “culto” dos sistemas totali- concessões a respeito da lei, não porque
tários a uma legalidade positiva, que não seja possível fazer algo melhor, senão
exigiram a submissão do juiz a conteúdos porque, de outro modo, não seria justo48 .
de qualquer tipo de legislação positiva. No Aristóteles chamou isso “eqüidade”, que
aspecto teórico, questionou-se a tese que significa correção da lei; por outra parte,
propugnava a simples subsunção do mostrou que toda norma se encontra em
Direito ao caso em particular, o que só uma tensão necessária a respeito da
poderia ser aceito se se entendesse que a concretização do atuar, porque é geral e
norma tem um único significado, autêntico não pode conter em si a realidade prática
e definitivo44 . em toda sua concretude, “la ley es siempre
Esta última posição tem adquirido cada deficiente, no porque lo sea en sí misma sino
vez mais força, surgindo diversas teses que porque frente a la ordenación a la que se
resgatam o verdadeiro papel do juiz na refieren las leyes, la realidad humana es
aplicação do Direito. Entre elas, temos a
siempre deficiente y no permite una aplicación
teoria hermenêutica de Gadamer, que
simple de las mismas” 49 .
propõe o seguinte:
As situações da vida social que pre-
O juiz é, antes de mais nada, um intér-
cisam de uma regulamentação normativa
prete, pois, para aplicar o Direito, deve,
são inúmeras e, sobretudo, diferentes. Isso
em primeiro lugar, compreender a norma,
é uma realidade que todo aquele que
“la interpretación no es un acto complemen-
pretenda aplicar o Direito tem de reco-
tario y posterior al de la comprensión, sino
nhecer e ter presente. As circunstâncias
que comprender es siempre interpretar,y en
mudam e, em conseqüência disso, a função
consecuencia la interpretación es la forma
normativa da lei tem de determinar-se e
explícita de la comprensión ” 45 . Compre-
ensão, interpretação e aplicação não são adequar-se a elas. Para uma correta
três momentos independentes, senão que adequação do sentido da lei, será preciso,
formam parte de um processo unitário; a em primeiro lugar, conhecer o seu sentido
aplicação é tão essencial e integral como originário, mas apenas como um meio de
as outras duas 46 . Assim, uma norma reflexão das mudanças históricas, que
adquire todo o seu sentido apenas quando permite distinguir o sentido original da
é aplicada, pois só nesse momento é que aplicação atual50. O juiz deverá responder
sua validade pode ser avaliada, “lo que es à “idéia jurídica” (sentido originário) da
justo no se determina por entero con indepen- lei confrontado-a com o presente, procu-
dencia de la situación que me pide justicia” 47. rando o seu significado jurídico, e não o
Porém, como Gadamer refere, o justo histórico, pois o seu objeto é a criação do
também está determinado, com certo Direito, a que tem de ser entendida juridi-
sentido absoluto, nas leis ou nas regras de camente, e não historicamente51 .
110 Revista de Informação Legislativa
No ordenamento jurídico, está presente 17
GADAMER, op. cit., p. 370-377.
a idéia de que a sentença do juiz não pode
18
GADAMER, op. cit., p. 367, 368.
19
GADAMER, op. cit., p. 366.
obedecer a arbitrariedades, mas tem de ter 20
Apud OSUNA, op. cit., p. 61.
em consideração a justiça do conjunto; aliás, 21
GADAMER, op. cit., p. 343.
qualquer pessoa está capacitada para pon- 22
GADAMER, op. cit., p. 344.
derar o justo no caso concreto. Nisso con- 23
GADAMER, op. cit., p. 367.
siste a segurança jurídica de um estado de
24
HABERMAS, op. cit., p. 15.
25
BIAGIONI, João. A ontologia hermenêutica de H. G.
Direito. Todos podem prever corretamente Gadamer : reflexões e perspectivas sobre a 3a. parte de
qual será a decisão do juiz sobre a base das “Verdade e Método”. Uberlândia : Universidade
leis vigentes, porém também será necessá- Federal de Uberlândia, 1983. p. 35.
rio conhecer o judiciário e todos o que o 26
GADAMER, op. cit., p. 366.
determina52 .
27
GADAMER, op. cit., p. 386.
28
GADAMER, op. cit., p. 384.
No atual estado de Direito, pode-se 29
Ibidem.
concluir, então, que o juiz não está mais 30
OSUNA, op. cit., p. 81.
submetido à literalidade da lei, mas, 31
OSUNA, op. cit., p. 82.
também, não pode atuar à margem de 32
BIAGIONI, op. cit., p. 16.
qualquer vínculo, porque, na medida em
33
GADAMER, op. cit., p. 567.
34
GADAMER, H. op., cit. p. 18.
que cria Direito, deve permanecer dentro 35
GADAMER, op. cit., p. 400.
dos limites que a correta compreensão e 36
OSUNA, op. cit., p. 86.
interpretação da norma, na sua aplicação 37
GADAMER, op. cit., p. 383.
em um caso concreto, impõe-lhe. 38
GADAMER, op. cit., p. 380.
39
GADAMER, op. cit., p. 398.
40
OSUNA, op. cit., p. 92.
41
GADAMER, op. cit., p. 366.
Notas 42
OSUNA, op. cit., p. 93.
43
Apud OSUNA, op. cit., p. 102.
1
FERRAJOLI, Luigi. El derecho como sistema de 44
PEREZ LUÑO, Antonio Enrique. La seguridad
garantías. 2. época. Lima : Themis, n. 29, 1994. p. 120. jurídica. Barcelona : Ariel, 1991. p. 99 e ss.
2
GADAMER, Hans-George. Verdad y Método. 45
GADAMER, op. cit., p. 378.
tradução por Ana Agud Aparicio y Rafael de Agapito. 46
GADAMER, op. cit., p. 379.
Salamnca : Sígueme, 1977. p. 10. 47
GADAMER, op. cit., p. 389.
3
HABERMAS, Jürgen. Diáletica e hermenêutica. 48
GADAMER, op. cit., p. 389.
Tradução por Álvaro Valls. Porto Alegre : L&PM, 49
Apud GADAMER, op. cit., p. 390.
1987. p. 7. 50
GADAMER, op. cit., p. 398.
4
GADAMER, Hans-George. Verdad y Método. 51
GADAMER, op. cit., p. 400.
Tradução por Ana Agud Aparicio y Rafael de 52
GADAMER. op. cit. p. 402.
Agapino. Salamanca : Sígueme, 1977. p. 10.
5
GADAMER, op. cit., p. 10.
6
GADAMER, op. cit., 414.
7
OSUNA, Antonio Hernandez-Largo. Hermenéu- Bibliografia
tica jurídica: en torno a la hermenéutica jurídica de
Hans-Georg Gadamer. Valladolid : Universidad de BIAGIONI, João. A ontologia hermenêutica de H.G.
Valladolid, 1992. p. 30. Gadamer : reflexões e perspectivas sobre a 3a. parte
8
Apud OSUNA, op. cit., p. 48. de Verdade e Método. Uberlândia : Universidade
9
OSUNA, op. cit., p. 30. Federal de Uberlândia, 1983.
10
KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. São Paulo FERRAJOLI, Luigi. El derecho como sistema de garan-
: Martins Fontes, 1996. p. 87-100. tías. 2. época. Lima : Themis, n. 29, 1994. p. 120.
11
Cfr. OSUNA, op. cit., p. 35. GADAMER, Hans-Georg. Verdad y Método: funda-
12
GADAMER, op. cit., p. 23. mentos de una hermenéutica filosófica. Tradução
13
OSUNA, op. cit., p. 46. por Ana Agud Aparicio e Rafael de Agapito. 4. ed.
14
GADAMER, op. cit., p. 379. Salamanca : Sígueme, 1991.
15
GADAMER, op. cit., p. 367-368-369. HABERMAS, Jürgen. Dialética e hermenêutica . Tradução
16
OSUNA, op. cit., p. 55. por Álvaro Valls. Porto Alegre : L&PM, 1987.

Brasília a. 37 n. 145 jan./mar. 2000 111


KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. São Paulo : Georg Gadamer. Valladolid : Universidad de
Martins Fontes, 1996. Valladolid, 1992.
OSUNA, Antonio Hernandez-Largo. Hermenéutica PEREZ LUÑO, Antonio Enrique. La seguridad jurídi-
jurídica: en torno a la hermenéutica de Hans- ca. Barcelona : Ariel, 1991.

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