Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A metodologia da pesquisa no
Direito e Jürgen Habermas. In. PAMPLONA FILHO, Rodolfo; CERQUEIRA, Nelson.
Metodologia da pesquisa em Direito e a Filosofia. São Paulo: 2011, pp. 215-240.
Informações dos autores: Graduado em Direito pela Universidade Católica do Salvador. Mestre
em Direito pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em Direito Urbanístico e Ambiental
pela PUC-MG. Autor de diversos artigos e trabalhos, principalmente em relação aos temas de
Democracia e Hermenêutica. Atua como professor do Centro Universitário Jorge Amado e da
Universidade do Estado da Bahia.
Breve Resumo dos capítulos:
De início, realizou-se breve contextualização a respeito da bibliografia e da vida do autor,
apresentando que Jürgen Habermas iniciou sua aproximação com a filosofia desde jovem, bem
como sua jornada acadêmica foi no sentido de apresentar respostas aos impasses encontrados no
desenvolvimento da sociedade global.
Posteriormente, no subtítulo denominado “Considerações iniciais acerca do projeto teórico de
reconstrução crítica da sociedade elaborado por Jürgen Habermas”, apresentou-se que o filósofo
tem o intuito maior de proporcionar possibilidades para alcançar uma sociedade composta por
indivíduos emancipados socialmente. Isso porque, Habermas é considerado com um pensador
deveras crítico em relação à sociedade opressora.
Em seguida, analisou-se a filosofia de Habermas na teoria e na prática, restando concluído o autor
que, ainda que a filosofia deva ser instrumento basilar da racionalidade, também deve mediar uma
cooperação com outras disciplinas, haja vista que entende Habermas que a filosofia deve ser posta
a serviço do desenvolvimento da sociedade.
Após, cita-se a teoria do conhecimento desenvolvida por Habermas, na qual o filósofo denuncia os
discursos positivistas e científicos que, sob uma imagem de neutralidade, perpetuam uma
manipulação da realidade objetiva e da natureza. Ainda, apresenta que existem três interesses:
prático, técnico e emancipatório, discorrendo a respeito de cada um, bem como traz que, para
Habermas, o conhecimento decorre de um processo comunicativo e contextual.
Por fim, há a aplicação do pensamento de Habermas na metodologia da pesquisa em Direito,
compreendendo-se que o Direito passou a incorporar a função de garantir a reprodução do agir
comunicativo como uma forma de emancipação social. Destarte, que a facticidade do Direito deve
estar equilibrada com a validade jurídica das normas, através do processo legislativo democrático
guiado pela racionalidade comunicativa.
Citações literais do texto:
Pgs.: Cópia literal do texto: Palavras-
chaves:
p. 219 Nesse momento, ocorre a ruptura entre Habermas e a teoria crítica, haja Rompimento;
vista que, para ele, os representantes da escola de Frankfurt deixaram Habermas;
o esclarecimento na esquina da história, na medida em que não se escola de
propuseram a uma autorreflexão quanto aos motivos que os Frankfurt.
conduziram a um ceticismo sem limites à frente do poder
emancipatório da razão, abrindo caminho, na esteira do pensamento de
Nietzsche, para um niilismo sem direção.
p. 220 A filosofia não teria mais condições, segundo Habermas, de oferecer Filosofia; teoria;
verdades absolutas e prontas para os dilemas das vidas em prática.
coletividade, seja na forma de mandamentos morais, seja na forma dos
imperativos advindos de uma filosofia da história. À filosofia, nesse
cenário, mais do que buscar realizar-se como teoria na prática, incumbe
revestir seus enunciados normativos da capacidade de orientar a vida
dos homens em sociedade.
p. 221 A filosofia deve buscar situar-se no universo da divisão do trabalho em Filosofia;
sociedades complexas altamente funcionalizadas, mas de modo algum função.
pode assumir um papel fixo nesse plano, a não ser para transcendê-lo.
p. 221 Para Habermas, a filosofia deve ser uma guardiã da racionalidade e, ao Filosofia;
mesmo tempo, mediar uma cooperação multidisciplinar junto às racionalidade;
ciências, à arte e à moral, no resgate da modernidade que ainda não multidisciplinar-
esgotou seu potencial emancipatório. dade.
p. 221 Habermas, através dessa teoria, denuncia a falácia objetivista dos Discursos;
discursos positivistas e científicos que, sob o manto de uma positivistas;
neutralidade axiológica ou de tarefas “restritas” a especialistas, científicos;
constituem para si uma blindagem para prevalência do interesse interesses.
estritamente instrumental na manipulação da realidade objetiva e da
natureza.
p. 222 À organização do trabalho correspondia o interesse prático; à Habermas;
manipulação da realidade objetiva e da natureza correspondia o interesses.
interesse técnico; às relações comunicativas, capazes de construção de
um mundo subjetivamente compartilhado, correspondia o interesse
emancipatório.
p. 223 Vê-se, pois, que, para Habermas, o conhecimento decorre de um pro- Conhecimento;
cesso comunicativo e contextual, mediado pela linguagem comum, na racionalidade;
qual se inserem os participantes do processo comunicativo. Assim, o comunicação.
interesse pela emancipação – sempre possível pela via da autorreflexão
– norteará a construção racional do conhecimento.
p. 224 Na concepção pragmática da filosofia, a verdade do conhecimento não Conhecimento;
é algo a ser revelado pelo sujeito cognoscente, tal qual a filosofia da comunicação;
consciência sustentou ser possível durante muito tempo, mas tão discurso.
somente um caminho possível, cujo êxito dependerá do resultado da
praxe comunicativa entre os participantes do discurso, em regra
democrático, como defende Habermas.
p. 226 Com a elaboração da teoria da ação comunicativa, Habermas Conceito;
desenvolve o conceito de racionalidade comunicativa, que se exprime racionalidade
na força unificadora do ato de fala orientada ao entendimento mútuo. comunicativa.
p. 227 O conceito de ação normativa refere-se àquela espécie de ação na qual Conceito; ação
o sujeito age orientado por normas, de modo que a condição de normativa.
validade para que essa ação possa ser justificada é o critério de
correção, consistente na fundamentação da norma sob a qual se funda
a ação normativa.
p. 229 Parte-se do fato de que toda comunicação passível de possibilitar Comunicação;
entendimento entre os participantes deve trazer consigo a suposição de linguagem;
que eles comungam determinadas regras semânticas da linguagem, pontos comuns.
consistentes no compartilhamento dos significados utilizados nos
diversos enunciados linguísticos e na aceitação recíproca quanto ao
dever de observância às condições de validade universal das
proposições assertóricas (pretensões de verdade, correção normativa,
veracidade expressiva e de inteligibilidade).
p. 233 O direito passa a incorporar essa importante função de garantir a Direito; garantia;
reprodução do agir comunicativo como forma de emancipação social emancipação
à frente da racionalidade instrumental, ao tempo que permite a social.
integração social da sociedade após a derrocada da eticidade
tradicional que marcava as sociedades tradicionais.
p. 233 A facticidade do direto, garantida pela força coercitiva de suas normas, Equilíbrio;
que o monopólio do aparato judicial por parte do Estado propicia, deve coerção;
equilibrar-se com a dimensão da validade jurídica dessas mesmas validade
normas, consistente no processo de legislação do direito guiado pela jurídica;
racionalidade comunicativa, que em última instância deverá tornar racionalidade
essas normas racionalmente aceitáveis; comunicativa.
p. 235 No que toca à construção da ordem jurídica, que Habermas denomina Fundamentação
discurso de fundamentação do direito, ele sustenta que esse processo do Direito;
deve ocorrer sobre a base da racionalidade comunicativa, responsável racionalidade
pela condução de um processo legislativo democrático, ancorado comunicativa;
profundamente na participação direta dos indivíduos, que passam de processo
meros telespectadores de uma democracia representativa a sujeitos democrático.
ativos da comunidade de parceiros de direito, acumulando uma dupla
função de destinatários e autores desse direito.
p. 236 Habermas entende que um modelo hermenêutico, estruturado sobre a Hermenêutica;
base monolítica do poder oficial do juiz, não atende à demanda de insuficiência;
legitimidade das decisões judiciais, que no seu modelo teórico fundado participação.
no princípio do discurso só é possível mediante a participação de todos
os envolvidos em uma contenda judicial, desde que presentes as
condições ideais do discurso.
p. 238 Pode-se afirmar que a racionalidade comunicativa é a viga mestra da Racionalidade
arquitetura da teoria discursiva do direito, ao que se junta outra comunicativa;
importante pilastra da referida teoria: a necessária concepção de uma teoria discursiva
sociedade democrática fundada sobre um estado de direito, sem a qual do direito; razão.
não seria possível desenvolver uma razão comunicativa que tem no
diálogo, no discurso e nos argumentos seus principais elementos.
Comentários pessoais: Achei o texto muito interessante, ao passo que proporciona uma importante
reflexão a respeito da necessidade da comunicação para resolver as questões atinentes ao Direito,
visando-se uma racionalidade. Inclusive, utilizar-se da comunicação proporciona um
enriquecimento aos debates, ao passo que é necessário utilizar-se de melhores argumentos para
defender cada posicionamento.
Destarte, achei muito importante a questão trazida no que tange a necessidade de haver uma efetiva
participação popular para haver um processo legislativo democrático, no qual os sujeitos passam
de meros espectadores a ativos.
Porto Alegre, 23 de março de 2021.
Nome do aluno: Bárbara Barbieri Erig
Informações dos autores: Graduado em Direito pela Universidade Federal da Bahia. Mestre em
Direito pela mesma instituição. Atualmente é advogado na J.C.L. Telles Advocacia, localizada em
Salvador-BA. Atuou como professor substituto do Departamento de Direito Privado da Faculdade
de Direito da UFBA, tendo lecionado as disciplinas de Teoria Geral do Direito Civil e Direito dos
Contratos, nos anos de 2003 a 2005.